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camundongos mutantes e g) enriquecimento ambiental e a atividade física auxiliaram na
proliferação celular e na formação de novos neurônios no giro denteado.
De maneira geral o enriquecimento ambiental tem sido um aliado importante de
estudos, porém ainda há muitas lacunas a serem preenchidas e perguntas a serem respondidas
com a realização de estudos futuros em todas as áreas acima mencionadas.
Como complemento para o entendimento da utilização e eficácia do enriquecimento
ambiental em estudos de memória espacial, o artigo Age-Dependent Effects of Environmental
Enrichment on Spatial Reference Memory in Male Mice (Harburger, L., L. et al. 2008) teve
como objetivo avaliar os efeitos do enriquecimento ambiental a longo prazo em camundongos
de diferentes idades (jovens, adultos e idosos). Este estudo é continuação de estudos anteriores
realizados pela mesma equipe de investigadores.
Muitos estudos já foram realizados com roedores de idades e sexo diferentes para
avaliar a memória espacial em labirintos aquáticos e aprendizagem em labirintos complexos.
Porém, nenhum estudo foi realizado para comparar os efeitos do enriquecimento ambiental em
roedores de diferentes idades, pois podem haver variações fisiológicas e comportamentais ao
longo da vida dos animais, o que coloca em evidência a importância deste estudo.
Para a realização deste estudo foram utilizados 85 camundongos C57BL/6 machos de
diferentes idades (3 meses, 15 meses e 21 meses). Todos os animais foram alocados num
ambiente com ciclo claro/escuro de 12/12h com água e comida ad libitum. Os camundongos
foram mantidos em ambiente enriquecidos e controle durante o período de 6 semanas e foram
divididos em 6 grupos experimentais (3 grupos controle e 3 grupos enriquecidos, ambos com
animais jovens, adultos e idosos). Para o grupo enriquecido foram introduzidos brinquedos,
rodas de corrida e tubos de plástico.
O teste utilizado foi o labirinto aquático de Morris para avaliação da memória espacial,
em que foram realizados ensaios de modelagem primeiramente, depois ensaios específicos em
que foram contabilizados o (s) tempo (s) de natação, a distância de natação (cm) e a velocidade
de nado (cm/s). E por último, foi realizado uma tarefa não espacial para medir potenciais
contribuições não mnemônicas para o desempenho (por exemplo, habilidade de natação,
motivação e acuidade visual). Para a análise dos resultados foi utilizada a análise de variância
unidirecional (ANOVA).
De maneira geral, os resultados apresentados demonstram que o enriquecimento
ambiental de 24 horas por dia durante aproximadamente 6 semanas melhorou significativamente
a memória espacial no labirinto aquático de Morris em camundongos idosos, mas não em
camundongos jovens ou de adultos. Entre os camundongos idosos, o enriquecimento reduziu
significativamente o tempo de natação e a distância de nado, e aumentou a velocidade de
natação em relação aos camundongos idosos do grupo controle.
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Quando são discutidos os resultados, é importante destacar que neste estudo os achados
são comparados com os obtidos em estudos anteriores dos mesmos pesquisadores, onde
concluíram que para estudos posteriores é necessário que o enriquecimento ambiental precise
começar em uma idade mais jovem e / ou ocorrer por um período maior de tempo, a fim de
melhorar o desempenho em camundongos jovens. Também é possível que camundongos
enriquecidos no presente estudo não tenham recebido exercício suficiente para melhorar a
memória. Porém, vale destacar a relevância deste estudo, em que demonstram pela primeira vez
em um único trabalho que os efeitos do enriquecimento ambiental na memória de referência
espacial podem ser dependentes da idade em camundongos machos.
Como perspectiva de estudos futuros, uma questão que pode ser abordada, é a influência
do exercício físico no enriquecimento ambiental, devido à hipótese de que animais que possuem
uma aptidão física podem ter um melhor desempenho na memória espacial.
No artigo System Consolidation of Spatial Memories in Mice: Effects of Enriched
Environment (Bonaccorsi, J. et al. 2013) foi realizado um estudo com camundongos C57BL/6
machos e fêmeas com dois meses de idade, em que os pesquisadores tiveram como objetivo
testar se o enriquecimento ambiental poderia afetar o processo de consolidação da memória,
utilizando o curso do tempo de ativação hipocampal e cortical após a recordação de memórias
espaciais progressivamente mais remotas.
Para este estudo foi utilizado o teste do labirinto aquático de Morris para avaliação da
memória espacial, onde os animais foram submetidos a testes após 1, 10, 20, 30 e 50 dias. Os
animais permaneceram 40 dias no ambiente enriquecido. Os métodos utilizados para este
experimento após os testes, foram a imunohistoquímica e a contagem e análise de células
positivas para c-Fos. A análise estatística foi realizada através do software SigmaStat
(desempenho da aprendizagem, análise de variância ANOVA e fator dia de aprendizagem, com
método de Holm-Sidak).
Neste experimento os pesquisadores descobriram que a ativação do córtex pré-frontal
medial (mPFC), sugerida por ter um papel privilegiado no processamento de memórias
espaciais remotas, era evidente em intervalos de tempo mais curtos após o aprendizado em
camundongos enriquecidos. Além disso, o enriquecimento ambiental induziu a ativação
progressiva de uma rede cortical distribuída não ativada em camundongos não enriquecidos.
Isto sugere que o enriquecimento não apenas acelera o processo de recrutamento de mPFC, mas
também recruta áreas corticais adicionais para a rede, suportando memórias espaciais remotas.
Em síntese, nos três estudos abordados, fica evidente a eficácia da utilização do
enriquecimento ambiental em trabalhos que envolvem a memória espacial e a aprendizagem em
roedores, o que nos aponta uma direção para dar continuidade nas investigações científicas
utilizando este sistema de enriquecimento para variados tipos de estudos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS