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Introdução
Capítulo I – CARACTERIZAÇÃO GERAL DA CIDADE DA PRAIA
I.1 – Organização Espacial da Cidade da Praia
I.2 – Algumas Considerações Teóricas
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
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Introdução
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Resultados publicados recentemente mostram-nos que hoje cerca de 36% dos agregados
familiares residentes em Cabo Verde são pobres e destes 20% são muito pobres.
Nota-se que a percentagem de pobres aumentou (de 30% para 36%), e também a
gravidade da pobreza, pois o número dos muito pobres aumentou em número de 6 por
cada 100 indivíduos, embora seja lógico considerar que houve alteração de parâmetros
considerados no inquérito de 1993.
O cenário acima tem fortes repercussões na ilha de Santiago, a maior e mais
populosa ilha de Cabo Verde, com 28% da superfície do arquipélago e mais de 50% da
população do país. O nível da pobreza em Santiago está dentro da média nacional, quer
pelo indicador geral (37%), quer pelo indicador dos muito pobres (20%) ou ainda pela
gravidade da pobreza. Devido à sua expressão populacional Santiago alberga perto de
45% dos pobres cabo-verdianos e 41,5% dos muito pobres.
A cidade da Praia, capital de Cabo Verde e principal núcleo populacional da ilha,
com cerca de 94161 habitantes (área urbana) tem visto a sua população aumentar
significativamente, pois continua sendo o lugar de maior preferência migratória do país.
Estima-se hoje que mais de metade das migrações internas em Cabo Verde são feitas em
direcção à cidade da Praia. Trata-se na maior parte dos casos de migrações de
populações camponesas, que procuram uma saída para a situação da pobreza. Na
realidade assiste-se à transferência da pobreza para esta cidade aumentando assim a sua
quota-parte na formação nacional.
Assim, a cidade conheceu um ritmo de crescimento demográfico explosivo, o qual
terá induzido a um crescimento urbanístico igualmente explosivo mas também
desordenado, de tal forma que o planeamento urbano tem sido ultrapassado e os
serviços essenciais de água, saneamento do meio, energia eléctrica e outros são
permanentemente saturados. Crescem bairros espontâneos na periferia da cidade que
constituem as principais zonas de concentração da pobreza.
Nestes bairros predominam situações de grave carência social, como por exemplo:
desemprego, a promiscuidade, a falta de condições habitacionais, a carência do
abastecimento de água, a insalubridade do meio ambiente, que por si só acarretam
outros problemas como abandono escolar, delinquência juvenil, prostituição, droga e
outros caminhos obscuros que podem levar mesmo à morte.
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É no contexto acima descrito que nos propomos realizar este trabalho que
pretende ser uma ferramenta de luta contra a pobreza na cidade da Praia, cooperando
assim para se alcançar o objectivo proposto no Plano Nacional de Luta contra a
Pobreza, que é o de promover a redução sustentada e durável da pobreza no país.
Assim sendo para sua realização traçamos os seguintes objectivos:
Analisar o impacto da pobreza na vida das populações desta cidade;
Relacionar o fluxo migratório em direcção à cidade com o actual nível de
pobreza que apresenta;
Verificar o reflexo da pobreza no ordenamento do território;
Analisar a distribuição espacial da pobreza na cidade da Praia;
Identificar os bairros mais afectados pela pobreza;
Propor acções que poderão integrar um plano de combate à pobreza;
Metodologia
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deste modo socorremo-nos da cartografia para visualizar a distribuição do fenómeno no
espaço.
Por fim procedeu-se à redacção do trabalho, que se estrutura em quatro partes
fundamentais:
O primeiro capítulo debruça sobre a caracterização da cidade da Praia, pois
julgamos necessário, para analisar a distribuição espacial da pobreza, conhecer a
organização espacial da cidade e as principais características dos bairros. Ainda neste
capítulo tecemos algumas considerações sobre o conceito pobreza.
No segundo capítulo fez-se uma abordagem da problemática da pobreza na
cidade da Praia. Tentou-se descrever a realidade da pobreza observada e foram
identificados os grupos em situação de pobreza. Dedicamos algum tempo à análise das
causas e manifestações da pobreza na cidade da Praia.
O terceiro capítulo abarca a análise da distribuição espacial da pobreza na cidade
da Praia. Neste capítulo identificamos e caracterizamos os bairros definidos como os
mais pobres da cidade com base em duas cartas temáticas: uma sobre o nível de
conforto das famílias e outra sobre a taxa de desemprego por bairros. No final deste
assunto aparece a abordagem das consequências da distribuição espacial da pobreza.
No quarto capítulo apresentamos uma proposta de estratégias ou acções que
poderão integrar um Plano de Acção de Luta contra a pobreza para a cidade da Praia.
Neste plano apresentamos como estratégias actividades que podem ser desenvolvidas
com vista a reduzir os níveis da pobreza urbana. Finalmente deixamos as principiais
conclusões e recomendações que julgamos serem oportunas para se combater a pobreza
na cidade da Praia.
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CAPÍTULO I
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I.1 Caracterização Geral da Cidade da Praia
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A fraca capacidade de intervenção do Município em matéria de saneamento
básico, aliado ao problema de atitudes e comportamentos negativos face à questão do
lixo urbano, nomeadamente e sobretudo nos bairros degradados, fazem com que haja
ainda problemas sérios relacionados com a protecção ambiental, de onde se destacam:
insuficiência de redes de saneamento de águas residuais e de drenagem de águas
pluviais; insuficiência de infra-estruturas de preservação do ambiente em matéria de
águas usadas e resíduos sólidos; mais de metade da população da cidade vive em
habitações sem condições higiénico-sanitárias; e limitada capacidade de resposta dos
serviços de produção e distribuição de água e gestão dos sistemas de saneamento. Estas
preocupações constituem hoje uma das prioridades essenciais das autoridades públicas e
não só.
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designações mais tradicionais, evitando as subdivisões dentro do mesmo bairro e
combinando-os com as informações disponíveis no último censo. Deste modo, a partir
do centro urbano histórico do Plateau pode-se descrever a cidade por zonas urbanas
distintas com características geográficas e demográficas próprias.
1-Plateau
Criado a partir de um traçado ortogonal, com função de capital em diversos
períodos históricos, o Plateau da cidade da Praia é uma área de concentração de
actividades as mais diversas tais como: Governamentais, Serviços Públicos, Militares,
Comerciais e de Serviços e ainda de Habitação.
Apresenta uma população residente de 1 216 habitantes, maioritariamente
adulta.
O nível de alfabetização é satisfatório, atendendo a que dos residentes com mais
de 15 anos 881 são alfabetizados.
Os indivíduos em idade activa são em número de 569, apresenta uma taxa de
desemprego de 11.2%, pois 505 dos seus efectivos activos se encontram ocupados.
Por se tratar de um bairro central as habitações mostram um aspecto conservado,
o nível de vida das populações é considerável.
2- Fazenda
Deixando o Plateau pela rampa norte chegamos à Fazenda. Este bairro
desenvolveu-se ao longo de vários eixos de ligação com o interior da ilha de
Santiago. É predominantemente residencial.
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do bairro. Todavia este bairro acolhe algumas actividades comerciais e estruturas de
prestação de serviços e ainda pequenas oficinas mecânicas.
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Ultimamente, no âmbito do PDSS (Projecto de Desenvolvimento do Sector
Social), o Alto Safende foi dotado de um espaço infantil de lazer e um jardim infantil
enquanto que Vila Nova viu a conclusão do Centro Social «Armindo Lálá».
4- Monte Agarro
Prosseguindo para norte passa-se primeiro por Monte Agarro chegando-se
depois a Achada S. Filipe.
Monte Agarro é um bairro recente e de acordo com o censo de 2000 a população
residente é de 1 054 habitantes distribuídos por 242 agregados familiares.
Devido ao seu aparecimento recente carece de infra-estruturas e equipamentos
básicos, contudo beneficia das que servem o bairro de Achada S. Filipe.
Este assentamento continua a crescer, principalmente com população imigrante
apresentando uma taxa de desemprego de 17,9%. O nível de conforto das famílias se
distribui entre muito baixo para um total de 106 agregados familiares e alto para 27 dos
agregados familiares residentes neste bairro.
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6- Ponta d`Água/Achadinha Pires
Ainda na parte norte da cidade encontramos o bairro de Ponta d‘Água. Este foi
inicialmente de ocupação espontânea e tem como continuidade o núcleo denominado de
Achadinha Pires.
Ponta d´Água desenvolveu-se posteriormente ao longo de uma via estruturada
após as primeiras ocupações e paralelamente desenvolveram-se duas situações: uma
ocupação planificada e outra espontânea que leva mais tarde ao aparecimento de
Achadinha Pires.
É servido por alguns equipamentos, nomeadamente um Centro Comunitário e
escolas. Encontram-se as edificações de médio a bom nível, sobretudo ao longo da via
estruturante e de baixo nível no restante da área.
A sua população, incluindo Achadinha Pires, é de 6 661 habitantes, tendo a
maioria um nível de conforto muito baixo o que demonstra dificuldades relativas às
condições de habitabilidade e não só.
Do total da sua população activa (2436) mais de metade se encontra
desenvolvendo alguma actividade (considerado pela INE como ocupados). O número de
idosos é considerável.
Ultimamente este bairro tem sofrido algumas melhorias, no concernente à
pavimentação e melhoramento das vias e construções de novos edifícios altos à entrada
do bairro.
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Coqueiro, espontaneamente ao longo do leito da ribeira e pelas encostas sem se
considerar o risco de cheias ou deslizamentos.
A população deste conjunto é de 6 590 habitantes sendo 3 260 para Coqueiro/
Castelão, 2 083 para Lém Cachorro e 1 247 para Paiol. Os efectivos com menos de 15
anos são em número de 2 641 o que representa 40% da população residente do conjunto.
Portanto, uma população bastante jovem e provavelmente inactiva e que requer
investimentos em termos de equipamentos sociais sobretudo para a formação e
ocupação dos tempos livres.
Deste conjunto Lém Cachorro é o bairro que apresenta maior taxa de
desemprego, 20.4%, pois dos seus 828 indivíduos activos, 169 encontram-se sem
emprego. Segue-se depois Paiol com 19.7% e Coqueiro/ Castelão com 13.1%. Convém
realçar que grande parte dos agregados familiares é chefiada por mulheres.
Estes bairros apresentam um índice de deterioração ambiental acentuado e
condições de higiene precárias, pois o lixo é deitado a céu aberto ao longo do leito da
ribeira de S. Filipe onde ficam Castelão e Coqueiro e ao longo do canal de drenagem
onde se localizam Paiol e Lém Cachorro, representando um alto grau de perigo para a
saúde pública, isto pode estar relacionado com o aumento das construções que surgem
espontaneamente sem que os serviços de saneamento possam responder, embora
ultimamente tenha melhorado com o aumento do número de contentores e maior
frequência na recolha do lixo.
Este planalto ainda com espaços disponíveis foi recentemente loteado, mas
carece de infra-estruturas e equipamentos básicos. Todavia sofreu durante o ano
transacto uma extensão e melhoramento da sua rede viária principal. As habitações,
na sua maioria surgiram espontaneamente, são moradias de um único
compartimento, sem acabamento.
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sanitária de base e o complexo Nova Apostólica, que se ocupa de educação pré-
escolar das crianças do bairro.
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Nestes bairros dominam aspectos eminentemente rurais (criação de animais nas
habitações) e ainda convém realçar que no assentamento de Achada Grande Trás grande
parte dos chefes de família tem como principal actividade a pesca. O desemprego tem
afectado particularmente este conjunto, pois é o que apresenta as taxas mais elevadas
comparando com outros bairros da cidade, sendo de 24.4% e 28.6% para Achada
Grande Frente e Achada Grande Trás respectivamente.
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11- Chã de Areia
Deixando Lém Ferreira pela Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria
em direcção à parte oeste da cidade, chegamos primeiramente a Chã de Areia. Este
pequeno bairro de 36 agregados familiares com 149 habitantes, desenvolveu-se ao longo
do eixo viário então existente e que veio a ser alargado e melhorado para facilitar o
acesso ao Plateau e demais bairros, concebendo grande acessibilidade ao mesmo.
Actualmente a sua ocupação prossegue pela encosta do planalto de Achada de
Santo António. Domina ainda neste bairro edifícios antigos, alguns em mau estado de
conservação, que anteriormente estavam ligados as antigas instalações portuárias que ali
funcionavam.
Devido à exiguidade populacional a sua taxa de desemprego é reduzida (7,8%)
relativamente aos outros bairros e o nível de conforto da população situa-se entre alto e
muito alto para a maioria dos agregados familiares.
12 – Prainha / Quebra-Canela
Prosseguindo pela orla costeira, na parte sudoeste da cidade sobressai o bairro de
Prainha.
Este bairro ocupa uma orla marítima limitada, densificada a partir dos anos
oitenta com algum prejuízo ambiental para a localidade. Actualmente a disponibilidade
de áreas de habitação está esgotada.
Possui uma população de 238 habitantes distribuídos por 78 agregados
familiares com nível de conforto entre alto e muito alto, o que revela condições de vida
satisfatórias.
A taxa de desemprego é a menor de entre os bairros que compõem a cidade da
Praia.
Quebra Canela fica um pouco mais a Oeste, possuindo algumas habitações
individuais e um total de 8 residentes, segundo os dados de 2000.
O desemprego é nulo portanto se se associar a pobreza ao desemprego pode-se
afirmar que ali a pobreza é inexistente.
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13- Achada de Santo António
Até 1975, a ocupação da Achada de Santo António se definia entre o limite
superior da encosta de Sudeste e a área da Marconi, com edificações de baixo padrão.
Posteriormente a sua ocupação baseou-se num plano elaborado em 1970/80 e que
previa, na zona interior, um sub-centro como alternativa às actividades terciárias
concentradas no Plateau.
No momento, este bairro ocupa uma posição central entre as zonas de ocupação
anterior (Plateau, Fazenda, etc.) e as zonas de expansão a norte e noroeste (Palmarejo e
áreas contíguas). Tem sido alvo de variadas intervenções, sobretudo na área de
ocupação inicial com a finalidade de dotar o bairro de infra-estruturas básicas e
equipamentos necessários ao bem-estar da população residente, o que tem reflectido na
melhoria do padrão das edificações e no aumento da densificação.
É um bairro muito grande, densamente povoado, apresenta subdivisões
notoriamente demarcadas pelo nível (padrão) das construções: referimo-nos à secção do
Brasil, Quelém e «Cobom» que se distinguem claramente de Meio de Achada.
É o mais populoso bairro da cidade, quando consideramos os bairros
individualmente, sem as associações que temos estado a fazer. A sua população é de 12
496 habitantes para um total de 2 893 agregados familiares, são maioritariamente
adultos (7 593), embora a percentagem de indivíduos com menos de 15 anos seja
significativa, isto é, de 34.6%. Curiosamente é o bairro que a seguir à Achadinha maior
número de idosos apresenta. A taxa de alfabetização é razoável.
O nível de conforto das famílias está entre médio e alto (1699 agregados),
embora tenha uma taxa de desemprego de 15.6%.
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residencial com fábricas e oficinas que pensamos poderem ser transferidas para a zona
industrial de Achada Grande Trás. Enfrenta ainda problemas relacionados com o
saneamento do meio, principalmente nas áreas de Fontom e Casa Lata, onde apesar da
existência de contentores os moradores persistem em deitar o lixo nas ruas. Nota-se que
geralmente é neste bairro que aparecem os primeiros casos de doenças ligadas ao
problema de saneamento, nomeadamente cólera e paludismo.
O bairro de Tira Chapéu, segundo dados da INE, apresenta uma taxa de
desemprego de 19%. Do total dos agregados familiares, 358 apresentam um nível de
conforto muito baixo, 322 baixo e 254 médio. Apenas 137 apresentam um nível alto e
21 muito alto.
15-Palmarejo
Do lado Oeste da cidade da Praia destaca-se o bairro de Palmarejo. Este bairro
começou a ser ocupado na década de 80 e o seu assentamento actual resulta de dois
momentos distintos de ocupação: uma área inicialmente espontânea e, posteriormente,
um bairro habitacional infra estruturado contíguo, que neste momento está a ser
ampliado com novos espaços habitacionais numa área sobranceira ao mar.
As duas áreas albergam populações com nível de renda diferentes, o que se
traduz em padrões idílicos diferentes. A zona de ocupação recente dispõe de todas as
infra-estruturas e serviços urbanísticos enquanto a área antiga carece dos mesmos.
Ultimamente este bairro tem recebido alguns equipamentos como por exemplo
escolas de Ensino Secundário e Superior.
O bairro tem um total de 4 375 habitantes. Os efectivos com 15 anos e mais
alfabetizados é considerável (2 182) e a sua taxa de desemprego é de 14%.
Apresenta um nível de vida, sobretudo na área planificada, elevado para a
realidade praiense, reflectindo-se nos tipos de habitação desta área. O nível de conforto
dos agregados familiares distribui-se da seguinte forma: dos 1 079 agregados 362
apresentam um nível muito baixo, 164 baixo, 162 médio e 389 de nível alto.
Por último gostaríamos de referir que, à entrada deste bairro, concretamente no
vale de entrada desenvolvem-se construções clandestinas com nível de vida diferente da
população da área planificada, que merece a atenção das autoridades competentes.
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16- Terra Branca
Deixando Palmarejo na direcção Este encontramos o bairro de Terra Branca.
Predominantemente residencial, surgiu da necessidade de alojar uma população recém
chegada à Praia, logo após a independência. Continua com a mesma função, mas tem
crescido em direcção ao sopé de elevação ao fundo do bairro.
Com edificações de bom padrão construtivo alberga uma população de 2 386
residentes em 593 agregados. Destes, 214 apresenta um nível de conforto muito alto e
286 alto. Os restantes se distribuem entre médio e muito baixo.
O desemprego também afecta este bairro, embora em menor escala, se
comparado com os outros bairros, pois apresenta uma taxa de 6.2%.
Terra Branca apresenta alguns problemas, como por exemplo a necessidade de
funções complementares e maior acessibilidade tendo em conta que possui uma única
entrada/saída veicular. Relativamente ao saneamento o bairro não enfrenta muitas
dificuldades, pois possui recolha periódica de lixo e a maioria das habitações se
encontra ligada à rede de esgotos.
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do nível de vida da população. Todavia considera-se que é um bairro com alguns
problemas sociais graves.
18-Achadinha
Deixando o bairro da Várzea da Companhia na direcção Este, deparamo-nos
com o bairro de Achadinha, o segundo mais populoso da cidade, de acordo com o censo
de 2000.
Este bairro desenvolveu-se na encosta apresentando alguma organização na zona
central, designado de Bairro Craveiro Lopes e também no limite da zona baixa ao longo
da Avenida Cidade de Lisboa. É densamente ocupado, assistindo-se pontualmente uma
densificação em altura.
A ligação com as demais zonas urbanas é feita por duas vias estruturadas com
acesso à Avenida Cidade de Lisboa. As vias de circulação interna são um pouco
desestruturadas, mas vêm sendo melhoradas paulatinamente.
A nível populacional apresenta um conjunto de 10 134 habitantes distribuídos
por 2 374 agregados familiares e uma taxa de desemprego de 18.1%. As famílias deste
bairro apresentam um nível de conforto distribuído da seguinte forma: 271 dos
agregados tem nível muito baixo, 357 baixo, 559 médio, 870 alto e 287 muito alto.
O bairro possui alguns equipamentos básicos, nomeadamente um centro de
saúde que presta serviços elementares à população do local e de arredores, mas enfrenta
alguns problemas como por exemplo o abastecimento de água e do saneamento do
meio.
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Achada Eugénio Lima é composta por 1 617 agregados familiares que albergam
uma população de 6 810 habitantes. A sua população activa ronda 3 510 efectivos que
são afectados por uma taxa de desemprego de 17.8%. Os residentes deste bairro
usufruem de alguns equipamentos (escolas, posto de polícia, mercado) que contribuem
para uma melhoria do seu nível de vida.
O nível de conforto das famílias concentra-se principalmente entre muito baixo
(692) e baixo (428), os restantes 355 são do nível médio e alto.
Deve-se realçar a necessidade que se faz sentir da complementaridade de
equipamentos comunitários e quem sabe a transferência do Quartel para outro espaço
devido à incompatibilidade das funções militares e residenciais.
20- Pensamento
Ao longo da via de acesso à Trindade desenvolveu-se o bairro de Pensamento,
limitado de um lado pela encosta de Eugénio Lima e de outro lado pela Ribeira de
Pensamento.
Percorrendo o bairro pela via que a atravessa tem-se a sensação de alguma
organização ao longo da mesma, mas no interior, que se estende pela encosta, nota-se
claramente um adensamento desordenado.
O bairro possui um centro comunitário onde funciona um jardim infantil e um
centro da assistência a idosos. Possui ainda uma escola do EBI e um campo de futebol.
Um número reduzido de habitações possui água canalizada (ao longo da via) e o
resto se abastece como pode. Este bairro enfrenta alguns problemas de saneamento,
nomeadamente o lixo que é depositado no leito da ribeira apesar da existência de
contentores colocados pela via e espalhados entre as casa onde o acesso permite.
Pensamento tem um total de 2 059 habitantes que formam 501 agregados
familiares. O nível de conforto destas famílias se distribui entre muito baixo 247,
baixo119 e médio 80. Apenas 53 agregados possuem um nível alto e nenhum o nível
muito alto. O desemprego afecta este bairro na ordem dos 17.4% da população em idade
activa.
21- São Pedro/ Latada
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Este conjunto surge na década de oitenta e cresceu ao longo da ribeira e da
estrada de acesso à Trindade, encontrando-se neste momento em franco processo de
densificação com construções inacabadas dominando a paisagem.
A população local, um total de 1 676 residentes, enfrenta algumas dificuldades
de abastecimento de água e de saneamento. O acesso ao bairro que anteriormente
constituía um problema foi melhorado recentemente com a construção de um passadeira
submersível.
O bairro carece de equipamentos básicos como escolas, unidade sanitária de base
entre outros.
O desemprego atinge uma taxa de 15.2%, pois dos 624 efectivos activos 95
encontram-se sem ocupação.
Acredita-se que os agregados familiares carecem de algum conforto, atendendo a
que mais de metade dos mesmos (252) tem um nível de conforto muito baixo e 71
baixo. Apenas 39 apresentam um nível médio, 14 alto e 1 muito alto perfazendo um
total de 377 agregados familiares.
Acreditamos que com este conhecimento dos bairros fica facilitada, em certa
medida, a tarefa de analisar a distribuição da pobreza nesta cidade, embora enfrentando
a grande dificuldade da não existência de estudos concretos da pobreza a nível dos
bairros da cidade da Praia.
Apresentamos a seguir um quadro síntese com as principais características dos
bairros que acabamos de descrever, também um mapa possibilitando uma visão
conjunta dos bairros e que permite estabelecer relações espaciais entre eles.
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Bairros População Taxa de Nível de conforto por agregado População
residente desemprego familiar alfabetizada
(%) Muito Baixo Médio Alto Muito (%)
Baixo Alto
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I.2 Algumas considerações teóricas
No sentido geral o conceito de pobreza restringe-se à capacidade de apropriação e
24
Perspectiva das necessidades básicas
«Pobreza é privação das condições materiais para uma satisfação minimamente
aceitável das necessidades humanas, incluindo a alimentação» PNUD 1997. Este
conceito vai então muito além da falta de rendimento privado, inclui nesta óptica as
necessidades de saúde e educação básicas, do emprego, etc.
Perspectiva das necessidades
«Pobreza representa ausência de algumas capacidades básicas para funcionar»
PNUD 1997. Pobre seria uma pessoa que tivesse falta de oportunidades para realizar
alguns níveis mínimos aceitáveis desses funcionamentos. Refere-se às funções
relevantes, desde físicas como estar bem alimentado, estar vestido adequadamente, estar
abrigado da morbilidade prevenível, até realizações sociais mais complexas como sendo
a participação na vida da comunidade.
Estas três perspectivas integram-se para representar a pobreza vivida por um
indivíduo.
Como foi referido anteriormente, a pobreza ultrapassa a simples privação de
rendimento e toca as próprias realizações do indivíduo enquanto ser social. Neste
sentido para realização deste trabalho adoptamos o conceito de pobreza apresentado no
Relatório do Desenvolvimento Humano de 1997, que a seguir transcrevemos:
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Referimo-nos, algumas vezes, à linha de pobreza ou de privação de rendimento,
por isso julgamos conveniente esclarecer o significado destas expressões. Existem duas
linhas de pobreza aceites pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e
geralmente usadas pelos países:
Linhas de pobreza para comparação internacional
Utilizada pelo Banco Mundial para comparações internacionais e assumida por
vários países, a linha de pobreza para comparação internacional é de um dólar por dia,
embora para a América Latina e Caraíbas esta linha seja de dois dólares diários e para
os países industrializados se usa a linha correspondente à linha de pobreza dos Estados
Unidos, que é de 14.4 dólares dia.
Linhas de pobreza nacionais
São linhas adoptadas pelos países em desenvolvimento. Estabelecem linhas de
pobreza utilizando, na sua generalidade, o método da pobreza quanto à alimentação.
Estas linhas indicam a insuficiência de recursos económicos para satisfazer as
necessidades básicas mínimas em alimentação.
De acordo com o que acabamos de referir, um indivíduo que numa dada
conjuntura socio-económica seja considerado pobre, noutra pode não se enquadrar na
definição de pobre.
Ultimamente temos assistido a um aumento do número absoluto de pobres,
inclusive nos países industrializados. Dados revelam que nesses países cerca de 100
milhões de pessoas vivem abaixo do limiar de pobreza. É caso para perguntar: Os
critérios utilizados para definir um pobre num desses países são os mesmos usados para
um país subdesenvolvido? Provavelmente não.
Em Cabo Verde é considerado pobre aquele que dispõe de menos de um dólar
USD por dia para viver. É pertinente realçar que há um número considerável de pessoas
que vive com cerca de 0.5 dólar americano por dia.
Para o caso concreto da cidade da Praia, mais do que uma definição baseada no
critério financeiro, pensamos ser de todo conveniente falar-se de uma caracterização
qualitativa que defina o perfil do fenómeno pobreza, com vista a visualizar a
propagação de pobres no contexto global da cidade da Praia. Seguindo esta óptica de
raciocínio e de análise, um praiense pobre é aquele que depende do Estado ou de outrem
para a sua subsistência, isto é, sem emprego ou trabalho remunerado.
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No concernente às famílias, a aplicação deste conceito é um pouco mais
complexo, pois não existe um estudo sério que determine, com rigor necessário, o que é
uma família pobre no meio urbano. Todavia pensamos não estar muito longe da
realidade ao afirmarmos que uma família pobre é aquela em que o somatório dos
proventos do agregado familiar é sempre inferior ao custo das necessidades básicas que
ela tem para sobreviver.
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Capítulo II
28
A problemática da pobreza na Cidade da Praia
29
Quadro - II: Saldo migratório entre Praia e os outros concelhos
30
A busca da qualidade urbana e melhoria das condições de vida da classe mais
desfavorecida deveria caracterizar as grandes transformações com as quais a cidade é
obrigada a confrontar-se em coerência com as mudanças económicas em curso.
Considera-se que as construções clandestinas e os bairros degradados
representam cerca de 60% do tecido urbano da cidade e é onde vive a maioria dos
pobres e muito pobres urbanos, segundo o estudo de 1993.
Até algum tempo atrás existiam dois tipos de pobres na cidade da Praia: aqueles
que nasceram e sempre viveram na cidade e os migrantes de outros concelhos que
procuram na capital do país melhores oportunidades de promoção social e condições de
vida que não têm nos seus locais de origem. De entre estes últimos, uma percentagem
grande é composta por camponeses que abandonaram o campo, vítimas da seca crónica
que assola o país e que constitui um entrave ao desenvolvimento da agricultura, do
emprego e rendimento rurais. A seca constitui um factor preponderante no agravamento
da pobreza. Ultimamente com a criação da zona franca da comunidade da África
Ocidental assistimos uma imigração de indivíduos deste continente que na sua grande
maioria passam a integrar também o lote dos pobres residentes na cidade da Praia.
Os pobres constituem o grupo social mais desfavorecido da cidade e estão
localizados essencialmente nos bairros degradados, assim designados por causa da
ausência de planos de urbanização ou de loteamento e de infra-estruturas sociais
básicas. Podemos afirmar que a concentração da pobreza nestes bairros periféricos
espontâneos é particularmente gritante. Com efeito as construções clandestinas,
residências construídas em locais não adequados, com um número elevado de famílias
em relação ao número de cómodos, sem acesso à água, energia, saneamento e outros
serviços mínimos são características dessas populações pobres, cujos hábitos e costumes
são eminentemente rurais agravando os problemas de gestão urbana com consequências
nas suas próprias condições de vida.
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mais elevadas taxas de analfabetismo, estão sobrecarregadas com os trabalhos
domésticos e com a educação das crianças, sofrem com os preconceitos mais diversos e
são as mais pobres.
Todas as análises da pobreza em Cabo Verde parecem concordar sobre o facto de a
pobreza atingir de forma particular as mulheres, na verdade há mais probabilidade de se
ser pobre quando se é mulher e muito mais ainda quando se é mulher-chefe de família.
Dados do inquérito às despesas das famílias de 2000/2001 mostram que a pobreza
continua acentuada entre as famílias chefiadas por mulheres. De cada 100 agregados
familiares chefiados por mulheres 32 são pobres e 16 muito pobres.
A pobreza na Praia, como no resto do país, atinge particularmente as mulheres,
nomeadamente as chefes de família. As famílias chefiadas por mulheres são geralmente
numerosas e as mais pobres.
Quadro – III: Incidência da pobreza nos agregados familiares por sexo do chefe
Sexo do Chefe Total dos pobres Muito pobres Peso dos muito Não pobres
(%) (%) pobres (%) (%)
Masculino 26.0 14.2 54.5 74.0
Feminino 31.9 16.1 50.5 68.1
Masculino e 28.6 15.0 52.5 71.4
Feminino
Fonte: INE Cabo Verde – IDRF 2001-2002
b) Vulnerabilidade social
Para além das mulheres, a pobreza está particularmente circunscrita a
determinados grupos: os designados vulneráveis
O grupo dos vulneráveis é integrado por idosos, portadores de deficiência
inactivos, doentes acamados permanentes, crianças de e na rua e crianças mal nutridas.
São grupos sociais mais pobres e desfavorecidos da população.
São indivíduos que comprovadamente não podem por si só, assegurar a sua
subsistência. Por esta razão integram o grupo dos pobres.
Actualmente este grupo representa mais de 20 000 pessoas com rendimento
inferior a 50$00/dia, ou seja, aproximadamente 0.5 dólar US/dia. A subsistência deste
32
grupo social é muitas vezes assegurada pelo Estado, Municípios, ONG‘s e Associações
Comunitárias através de atribuição de subsídios pecuniários e/ou géneros alimentícios.
c) Desemprego
Tudo leva a crer que o desemprego continua sendo uma determinante da
pobreza. Segundo o Instituto Nacional de Estatística pelo menos 46% dos agregados
familiares chefiados por desempregados são pobres e destes 26% são muito pobres.
O desemprego constitui uma das grandes consequências de um sistema
produtivo estruturalmente incapaz de atender à demanda crescente de mão-de-obra,
sobretudo numa conjuntura de crescimento demográfico significativo e de refracção da
emigração, como é caso da cidade da Praia. Os desempregados, que são geralmente
indivíduos sem qualquer qualificação profissional, são maioritariamente jovens em
busca do primeiro emprego e mulheres. Constituem principais integrantes da pobreza
em Cabo Verde.
O concelho da Praia regista uma taxa de desemprego de 18% (ver documento em
anexo). Este grupo é constituído, como se disse anteriormente, por jovens e mulheres.
Sendo particularmente directa a relação desemprego/pobreza, compreende-se facilmente
que a pobreza tenha uma grande incidência nessa franja da população.
33
Os factores supra mencionados constituem constrangimentos de peso ao
desenvolvimento do país e induzem a uma economia caracterizadamente
desequilibrada: desequilíbrio entre a produção e consumo, desequilíbrio entre a
importação e exportação, desequilíbrio entre a oferta e a procura de trabalho.
O alto índice de desemprego aparece como causa principal da pobreza. Situação
agravada pela elevada taxa de fecundidade, aliada a uma baixa taxa de escolarização, de
formação profissional e uma taxa de analfabetismo considerável, pois quanto mais baixo
for o nível de instrução mais difícil será encontrar um emprego, sendo deste modo
maior a probabilidade do indivíduo integrar o lote dos pobres. Basta ver que 46 de cada
100 agregados familiares de chefes desempregados são pobres sendo que quase a 60%
destes últimos são muito pobres. Segundo o INE o nível de incidência da pobreza é
menor entre os agregados de chefes com trabalho ou reformado.
O retrato atrás feito reflecte em grande parte a situação da cidade da Praia como
maior pólo de atracção e concentração populacional de Cabo Verde.
Considera-se que a pobreza na cidade da Praia é também de natureza
fundamentalmente estrutural encontrando-se ligada à fraqueza da base produtiva e às
próprias características da economia. A estrutura produtiva não consegue gerar
empregos suficientes para absorver a mão-de-obra disponível. Elevada taxa de
fecundidade conjugada com a mortalidade em queda acentuada traduz-se num ritmo de
crescimento populacional acima das reais possibilidades da cidade, com consequências
graves nas condições de vida das populações.
Na cidade da Praia o fluxo e refluxo dos níveis da pobreza estão, por um lado,
ligados à dinâmica económica e, por outro lado, à situação do mundo rural tanto na sua
dimensão regional (ilha de Santiago) como nacional. A falta e a precariedade do
emprego levam à privação da principal fonte de rendimento das famílias urbanas.
Acresce que, se no campo a solidariedade familiar e social pode suprir determinadas
carências familiares, funcionando como uma rede de protecção social, na cidade ou no
meio urbano este tipo de solidariedade tende a desvanecer-se devido às mudanças de
valores e padrões de vida e de relacionamento social, consequência de profundas
transformações ocorridas nos últimos tempos na nossa sociedade.
Uma outra causa principal da pobreza na cidade da Praia reside no baixo nível de
escolaridade/instrução. Já se disse que quanto mais baixo for o nível de instrução maior
34
probabilidade a pessoa terá de integrar o lote dos pobres. Neste particular o
analfabetismo constitui um importante factor de pobreza. O baixo nível de instrução e
escolaridade, a ausência de qualificação profissional adequada às exigências do
mercado de trabalho condicionam sobremaneira o acesso ao emprego e ao auto
emprego. Para além do mais, o nível de instrução influencia fortemente o
comportamento e as atitudes, podendo ter um impacto negativo na saída da pobreza. Por
exemplo as mulheres com mais filhos são as que apresentam mais baixo nível de
escolaridade e são também, em geral, as mais pobres.
Pelo que ficou dito atrás, podemos afirmar ainda que, apesar da pobreza na Praia
ser de natureza estrutural encontrando-se ligada à fraqueza da base produtiva local e às
próprias características da economia urbana, ela é agravada por fenómenos conjunturais
como as secas que periodicamente assolam o país e que alteram grandemente a
configuração, a extensão e a profundidade da pobreza, promovendo a transferências dos
pobres afectados para a periferia da cidade da Praia.
É na privação das condições de vida que as pessoas podem ter que a pobreza se
manifesta. Ela pode envolver não só a ausência das condições para o bem-estar material,
mas também a negação de oportunidades para uma vida aceitável.
Ser pobre não é apenas um problema de falta de rendimentos, embora a questão
financeira assuma uma importância particular. A pobreza manifesta-se nas diversas
esferas da vida de um indivíduo. Ser pobre significa viver numa situação de privação
permanente de satisfação das necessidades básicas tais como a alimentação, saúde,
habitação e saneamento básico, água potável, de acesso à educação, à informação e à
participação e de meios que conferem um modo de vida digno e durável.
Atendendo às várias dimensões da pobreza torna-se necessário ao investigador
aproximar-se das populações para se aperceber da dura realidade que a pobreza acarreta.
35
Pode-se afirmar que a pobreza na cidade da Praia manifesta-se nas suas diversas
dimensões: nas condições de habitabilidade, na saúde, na educação, entre outras formas.
A pobreza na Praia é particularmente visível nos bairros periféricos da cidade. Estes
constituem as principais zonas de concentração da pobreza. Devido às condições em
que tais bairros apareceram, encontram-se, na sua grande maioria, desprovidos de infra-
estruturas e equipamentos básicos.
Condições de habitabilidade degradantes, traduzidas em habitações sem energia,
sem água (ver gráfico1) ou sistemas de saneamento, com números de cómodos
insuficientes em relação ao número do agregado familiar (ver gráfico2), constituem
manifestações evidentes da pobreza. Os dados disponíveis em relação a este aspecto
permitiu-nos elaborar os gráficos que a seguir apresentamos dando uma visão das
condições de vida das populações:
Pode-se ver no gráfico da figura1 que apenas 24% das famílias estão ligadas à
rede pública de abastecimento de água. As restantes famílias procuram outras formas de
abastecimento, como se vê no gráfico.
36
Fig.2 Famílias em função do número de divisões no alojamento
De acordo com estes dados podemos ver que 44,6% das famílias não possuem
casa de banho no alojamento, concluindo portanto que isto acarreta consequências para
o saneamento do meio. Por outro lado a percentagem de família que não possui formas
de evacuação de águas residuais é elevada (ver gráfico 4) agravando ainda mais a
37
situação de saneamento do meio acarretando muitas vezes consequências para a saúde
das populações dos bairros da cidade.
38
Quadro – IV: Crianças de rua por centros urbanos
39
Capítulo III
CIDADE DA PRAIA
Desemprego
Pobreza
40
Análise da Distribuição Espacial da Pobreza na Cidade da Praia
41
acções de infra estruturação e dotados de alguns equipamentos; e finalmente uma Praia
periférica constituída por um lado por bairros novos e planificados, mas grande parte
por bairros de construções maioritariamente clandestinas.1
Os bairros que tem surgido clandestinamente são habitados por indivíduos que
vieram do interior da ilha de Santiago, de outras ilhas e ultimamente do continente
africano. Acederam à capital do país à procura de melhores oportunidades de promoção
social, condições de vida que não têm nos seus locais de residência.
Neste panorama resolvemos destacar os bairros que consideramos mais pobres
no conjunto dos bairros da cidade. Para se fazer esta identificação consideramos alguns
critérios, pois como atrás referimos não existe um estudo específico sobre a pobreza
nesta cidade. Consideramos critérios como o nível de conforto das famílias, que
englobas diversas variáveis como mais à frente descrevemos, a taxa de desemprego, o
tipo de construções dominante dos bairros, as condições de saneamento do meio e a
existência de infra-estruturas e equipamentos básicos observados durante as visitas aos
bairros.
Para o nível de conforto das famílias seguimos os dados da INE. Para a definição
do nível de conforto foi constituído um índice de conforto com base num conjunto de
variáveis ligados ao fenómeno da pobreza crónica como sendo:
1. Bens: a posse rádio, televisor, leitor de videocassete, frigorífico e automóvel;
2. Acesso a infra-estruturas e serviços: água para uso doméstico, fonte de
energia para iluminação e para a preparação dos alimentos;
3. Condições de alojamento: posse de casa de banho, número médio de
pessoas por quartos de dormir e dimensão das habitações.
O índice de conforto varia de 1 a 100 sendo que agregados cujo índice é inferior
ou igual a 20 foram classificados como possuindo um nível de conforto muito baixo.
Os cujo índice de conforto é superior a 20 e inferior ou igual a 40 tem um nível de
conforto baixo, sendo assim médio os cujo índice é superior a 40 e inferior ou igual a
60, alto os de índice superior a 60 e inferior ou igual a 80 e muito alto os de índice
superior a 80 e inferior ou igual a100.
Importa ainda referir que pelo custo e pela contribuição próprios para o conforto
e bem estar da família decidiu-se atribuir não o mesmo peso a todas as variáveis, por
1
Consultar doc. em anexo
42
exemplo a posse de um de televisor não deve pesar o mesmo que a posse de um
automóvel.
43
Para a elaboração da Carta da figura 2 consideramos o nível de conforto dos agregados
familiares dos bairros agrupados em três categorias:
Categoria I – Bairros com mais de 50% dos agregados familiares situados entre
os níveis de conforto muito baixo e baixo (Achada S. Filipe, Achada Mato, Achada
Grande Trás, Calabaceira, Castelão, Coqueiro, Eugénio Lima, Lém Cachorro, Monte
Agarro, Pensamento, Ponta D’Água, Safende e São Pedro\Latada). Destacamos a
situação de Achada S. Filipe que apesar de se situar neste nível possui uma franja
considerável com nível de conforto alto resultante da ocupação recente da área
planificada.
Categoria II – Bairros com mais de 50% dos agregados familiares situados
entre os níveis de conforto médio e alto (Achada S. António, Achada Grande Frente,
Achadinha, Lém Ferreira, Palmarejo, Paiol e Vila Nova). Nesta categoria gostaríamos
de observar a situação dos bairros de Palmarejo e Achada Santo António que
apresentam percentagem razoável de agregados familiares com nível de conforto alto
(36.2%) e onde a combinação do nível de conforto médio/alto supera muito pouco a
combinação alto/muito alto.
Categoria III – Bairros com mais de 50% dos agregados familiares situados
entre os níveis de conforto alto e muito alto (Plateau, Fazenda, Chã D’Areia, Prainha,
Quebra Canela e Terra Branca)
A carta seguinte (fig.3) apresenta a distribuição da taxa de desemprego por
bairros da cidade da Praia. Para cartografar estas taxas tivemos que agrupar os bairros
em quatro grupos segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística:
44
Quadro VI: Distribuição das taxas de desemprego por grupos de bairros
45
Fig. 6 – Bairros Cidade da Praia em função das taxas de desemprego
46
a) Na forma de ocupação do espaço: residências maioritariamente clandestinas,
construídas em locais inadequados, geralmente encostas ou leito das ribeiras, ausência
de arruamento, espaços de lazer ou equipamentos sociais básicos;
47
Fig.7 Bairros mais afectados pela pobreza na cidade da Praia
48
O bairro do Plateau também apresenta uma franja da pobreza, na área conhecida
por Ponta Belém, onde o aspecto das moradias e as condições de saneamento do meio
falam por si, ainda pode-se salientar a zona antiga de Achada S. Filipe e todo o vale do
Palmarejo.
49
das intervenções para melhoria do acesso dos pobres aos outros recursos: naturais,
humanos e financeiros.
Toda esta situação de precariedade afecta com maior gravidade a camada
infantil. As famílias são geralmente numerosas e em muitos casos chefiadas por
mulheres/mães cujos filhos pertencem a progenitores diferentes, que não assumem a
paternidade, pelo que as crianças são muitas vezes empurradas para a rua em busca da
própria subsistência. O trabalho infantil, a prostituição, a prática do furto e de roubo
podem desenvolver-se como forma de garantir ou de aumentar o rendimento familiar.
Este quadro é agravado pelo insucesso destas crianças nas escolas que leva ao abandono
escolar e à dedicação a uma vida na rua.
Pelo que atrás ficou dito a pobreza não afecta apenas a organização do espaço
urbano e a qualidade ambiental, mas também é um fenómeno causa-efeito na vida
socioeconómica das pessoas. Reconhecemos ainda que o factor cultural contribui
sobremaneira para o estado da pobreza e estamos conscientes de que uma mudança de
mentalidade poderia contribuir para melhorar este estado.
50
CAPÍTULO IV
REDUÇÃO DA POBREZA
IV.1 Justificação
pela Pobreza
IV.2.1 Objectivos
IV.2.3 Estratégias
Esperados
51
Proposta de Estratégias de Acção para a Redução da Pobreza
IV.1 Justificação
A pobreza e a exclusão social fazem parte das grandes preocupações actuais da
Humanidade e dos desafios do futuro, deixando de ser vistas como situações anómalas e
secundárias. Durante muito tempo tinha-se como certo que o crescimento, associado à
ideia de desenvolvimento teria como consequência inevitável e automática a redução da
pobreza, pelas maiores oportunidades de emprego, consumo e riquezas criadas, pois a
pobreza era vista apenas como ausência de riqueza.
Todavia diversos relatórios das mais variadas organizações dão conta de um
mal-estar crescente, associado à constatação de que os problemas de pobreza se têm
agravado nas últimas décadas, não só pela persistência e agravamento das formas
tradicionais, como também com novas manifestações e modalidades. Não é portanto de
se estranhar que as Nações Unidas tenham decidido considerar 1997-2007 como década
de eliminação de pobreza.
Em Cabo Verde também a situação se tem agravado, bastando comparar
resultados obtidos do IDRF de1993 com os resultados de 2001/02.
A pobreza abrangia 30% da população cabo-verdiana dos quais 14% era
considerada muito pobre. Para 2001/02 cerca de 36% da população residente em Cabo
Verde é pobre e destes 20% é muito pobre. Portanto visivelmente a pobreza aumentou e
segundo a INE as desigualdades entre as condições de vida das pessoas acentuaram-se.
Para o caso concreto da cidade da Praia, principal centro populacional do país, a
situação não difere do resto do país. Ao longo deste trabalho estivemos a analisar e
ficou comprovada a concentração da pobreza nesta cidade principalmente nas zonas
periféricas, pelo que propomos apresentar algumas acções que poderão integrar um
plano de luta contra a pobreza com a finalidade de contribuir para a diminuição
progressiva da pobreza urbana que afecta, com particular incidência, os grupos socais
mais desfavorecidos e carenciados da cidade.
As acções que ora propomos surgiram no decurso da realização deste trabalho.
As pesquisas que realizámos permitiram compreender, até certo ponto, as manifestações
e a gravidade da pobreza nos bairros da cidade e capacitou-nos no sentido de propor
52
algumas soluções que julgamos necessárias para atenuar a incidência da pobreza nesta
cidade.
IV.2.1 Objectivos
Objectivos gerais
O Plano Nacional de Desenvolvimento estabeleceu a redução da pobreza como
um dos objectivos fundamentais da política de desenvolvimento do país, reconhecendo
que esta redução deve se promover de forma sustentada e durável.
As estratégias de acção que apresentamos pretendem contribuir para a redução
da pobreza na cidade da Praia e consequentemente em Cabo Verde. Visa contribuir para
a melhoria da capacidade de resposta dos pobres face à pobreza e promover uma
inserção social dos afectados pelo fenómeno pobreza.
Objectivo específico
O objectivo específico desta proposta de acções em favor de grupos sociais mais
atingidos pela pobreza na cidade da Praia é o de identificar formas de redução
substancial da pobreza urbana através da promoção de actividades que permitam a
inserção progressiva e segura dos pobres na economia urbana e no processo de
desenvolvimento da cidade.
53
- Mulheres, sobretudo as chefes de família.
IV.2.3 Estratégias
54
Proposta de Actividades:
Capacitar os pobres e aumentar as suas possibilidades de concorrer
no mercado de trabalho
Tudo leva a crer que o desemprego ou a precariedade do emprego constitui uma
determinante da pobreza, sobretudo para o desempregado sem qualquer qualificação
profissional.
Para fazer face a este facto propomos a promoção de formações
técnicoprofissionais à semelhança das formações ministradas pela antiga Escola de
Formação de São Jorginho, permitindo aos pobres obter uma qualificação técnica e
profissional, garantindo sua inserção vantajosa no mercado de trabalho e emprego.
Esta actividade visa a promoção socioprofissional dos pobres em especial jovens
e mulheres. Pode-se priorizar a formação de jovens com o Ensino Secundário
incompleto ou completo, mas sem possibilidades de prosseguir os estudos ou ainda
indivíduos que não possuem condições de acesso a outras formações. Também
propomos a realização de vários cursos de formação profissional para mulheres sem
qualificação profissional.
Como resultado desta actividade espera-se ter indivíduos capacitados
profissionalmente e ver aumentadas as possibilidades de concorrerem no mercado de
trabalho.
55
para metade quando se passa de população analfabeta para população com nível de
instrução primária e considera-se que a relação entre educação e pobreza forma um
ciclo vicioso: as pessoas são pobres porque não puderam investir ou investiram pouco
em si próprias e por outro lado como pobres têm escassos recursos para aplicar na sua
formação.
Assim sendo propomos a criação de serviços de apoio a famílias pobres com
filhos em idade escolar ou que frequentem centros de formação. Os apoios podem ser
prestados de diversas formas: apoio financeiro para pagamento das propinas escolares,
uma vez que em conformidade com a lei vigente já não existe isenção de propinas;
apoio em material escolar diversos; apoio a alunos com problemas comportamentais,
reduzindo a possibilidade de expulsão e abandono escolar.
Este serviço de apoio faria um trabalho conjunto com o ICASE, reforçando a
luta contra a pobreza na cidade da Praia, uma vez que o ICASE actua a nível nacional.
O resultado preconizado com esta actividade é, naturalmente ter o acesso dos pobres à
educação melhorado.
56
Melhorar as condições habitacionais e os espaços urbanos envolventes
Como anteriormente foi referido o rápido crescimento da cidade da Praia teve
reflexos na forma de ocupação do espaço. Este crescimento provocou a densificação do
tecido urbano antigo e o surgimento e alastramento de construções espontâneas nas
zonas peri-urbanas formando bairros degradados densamente povoados e desprovidos
de infra-estruturas e equipamentos básicos.
Sabe-se que no âmbito do PDSS vários bairros foram dotados de alguns
equipamentos e outros foram alvo de alguma infra-estruturação. Reconhecemos aqui a
necessidade de se acelerar a infra-estruturação dos bairros como meio de combate à
pobreza, propomos também realizações de actividades que visem o melhoramento das
habitações dos mais pobres em cada bairro e sugerimos melhoramento dos espaços
urbanos dotando-os minimamente de infra-estruturas sociais ligados ao abastecimento
de água e energia eléctrica, saúde e educação e sugerimos ainda, para melhoramento do
saneamento, melhor distribuição de contentores e recolha regular do lixo.
Os resultados destas actividades serão obviamente ter pobres com condições
habitacionais melhoradas e espaços urbanos melhorados.
57
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
58
Conclusões
Ao longo da realização deste trabalho conseguimos chegar a determinadas
conclusões.
Constatámos que a pobreza é um fenómeno multifacetado, que ela é mais do que
privação de rendimentos. A pobreza reflecte-se na falta de acesso à saúde, à educação,
ao conhecimento, à informação e comunicação e manifesta a incapacidade de os
indivíduos exercerem os direitos humanos e políticos.
Verificamos que a pobreza é uma realidade na cidade da Praia, que como
principal centro migratório de Cabo Verde, vê os seus níveis de pobreza aumentados
com a transferência dos pobres do interior da ilha e das outras ilhas do arquipélago para
a cidade. Como no resto do país, a pobreza nesta cidade ataca principalmente os
desempregados, as mulheres, sobretudo as chefes de família e os incapacitados.
A transferência da pobreza para a cidade da Praia tem o seu reflexo no
ordenamento do território. Influi no crescimento desordenado da cidade originando
bairros sem qualquer condições para habitação. Estes bairros tornam-se então em focos
de reprodução de pobreza.
Durante a realização deste trabalho concluímos que a pobreza distribui-se pelos
bairros periféricos da cidade e de entre estes se destacam: Achada Mato/ Covão
Mendes, Achada Grande Trás, Safende, Castelão/ Coqueiro, Pensamento e Tira Chapéu
sobretudo na área de Casa Lata e Fonton. Estas localidades têm merecido a atenção dos
organismos que actuam na luta contra a pobreza. São bairros onde a manifestação da
pobreza é patente na forma de ocupação do espaço, no tipo de construções, no acesso
aos serviços sociais mínimos, na taxa de desemprego e no modo de vida dos seus
habitantes.
Concluímos também que a luta contra a pobreza enquanto tal é uma tarefa de
todos: poder público, organizações não governamentais, associações diversas e de cada
cidadão em particular. Neste sentido deixamos a nossa colaboração através deste
trabalho e nas estratégias de acção proposto no capítulo quatro , contribuindo ainda com
algumas recomendações que acreditamos serem válidas para combater a pobreza nesta
cidade concedendo aos pobres oportunidade de terem uma vida digna.
59
Recomendações
As principais recomendações que gostaríamos de deixar se encontram
incorporadas, em parte, na proposta de acções para a redução da pobreza na Praia
apresentadas no capítulo quatro: «Principais actividades a desenvolver e resultados
esperados», os quais passamos a indicar resumidamente:
- Capacitar os pobres e aumentar as suas possibilidades de concorrerem no
mercado de trabalho.
- Melhorar o acesso dos pobres à Educação.
- Promover o desenvolvimento do associativismo comunitário, principalmente
no seio das mulheres.
- Melhorar as condições habitacionais dos pobres e as áreas urbanas envolventes.
Além destas actividades nós gostaríamos de deixar as seguintes recomendações
que talvez possam constar no próximo Plano Municipal de Luta Contra a Pobreza:
60
Investimentos em centros de formação profissional
Esta recomendação vai no sentido de se fazerem investimentos em centros de
formação profissional municipal que poderá acolher numa primeira fase jovens do
município e posteriormente jovens de outros municípios. Esta recomendação vem a
propósito da forte relação existente entre a pobreza e o desemprego. Grande parte dos
pobres é desempregada e destes mais de 50% não possuem qualquer qualificação
profissional.
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Bibliografia
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