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REINO PROTISTA

ORGANISMOS FOTOSSINTETIZANTES EUCARIOTOS


Células procarióticas  desprovidas de envoltório nuclear e de material
genético organizado em cromossomos complexos. Provavelmente os 1os
procariotos habitavam locais com temperaturas muito elevadas (= arqueas); os
seus descendentes atuais estão dispersos em ambientes extremos, ou de muito
calor e /ou ácidos, hostis a outras formas de vida.

Células eucarióticas  têm envoltório nuclear, cromossomos complexos e


organelas como mitocôndrias e cloroplastos envolvidos por membranas. As
células individuais dos eucariotos geralmente são bem maiores do que as de
bactérias. Células eucarióticas constam do registro fóssil há ca. 2,1 bilhões de
anos, a partir de quando se estabeleceram e diversificaram.
Teoria da endossimbiose sequencial 
origem de mitocôndrias e cloroplastos

Mitocôndrias e Cloroplastos originaram-se a


partir de bactérias capturadas (=
endossimbionte, organismo que vive no
interior de outro organismo) e adotadas por
uma célula hospedeira ancestral.
A este processo se dá o nome de
endossimbiose sequencial porque os
eventos não aconteceram simultaneamente,
tendo em vista que as mitocôndrias surgiram
antes dos cloroplastos.
A. Na endossimbiose primária, uma cianobactéria
de vida livre é absorvida por uma célula
eucariótica, mas não é digerida. A cianobactéria
acaba se transformando em um cloroplasto.
B. Na endossimbiose secundária, uma célula
eucariótica que já havia adquirido um cloroplasto
por endocitose primária é capturada por uma
segunda célula eucariótica (Evert & Eichhorn 2014).
Há diversos exemplos de
endossimbiontes procarióticos
(bacterianos) e eucarióticos
(protistas), assim como nas
células de cerca de 150 gêneros
de animais invertebrados de água
doce e salgada.

A Vorticella, um protozoário ciliado, de coloração verde, é um exemplo de


protista moderno que estabelece endossimbiose com algumas espécies da
alga verde Chlorella. As células da alga permanecem intactas no interior das
células da Vorticella como endossimbiontes, fornecendo-lhe produtos da
fotossíntese úteis ao hospedeiro heterotrófico. Em troca, a alga recebe do
hospedeiro nutrientes minerais essenciais (Evert & Eichhorn 2014).
Os domínios Bacteria (bactérias) e Archaea (arqueas) são procariotos,
enquanto o domínio Eukarya engloba todos os eucariotos.

O diagrama mostra que todos os seres vivos compartilham um


ancestral procariótico muito antigo e os domínios Archaea e
Eukarya compartilham um ancestral mais recente entre si, e não
com o domínio Bacteria (Evert & Eichhorn 2014).
PROTISTA – inclue os eucariotos que não apresentam as características dos
organismos pertencentes aos reinos Plantae, Fungi ou Animalia.

Os protistas fotossintetizantes são conhecidos como algas e são estudados


pelos ficologistas. Além de espécies autótrofas, esses grupos também incluem
espécies heterótrofas, parasitas e simbiontes.

As algas apresentam coloração variável devido a presença e a proporção de


diversos tipos de pigmentos: Clorofilas (a-d), Ficobilinas (ficoeritrina,
ficocianina); Carotenoides e Xantofilas.

Apresentam tipos estruturais bastante diversos, incluindo células isoladas –


com ou sem parede celular, flageladas ou não; células ameboides;
filamentosos ramificados ou não; coloniais, células multinucleadas de
protoplasma com ou sem parede celular, pluricelulares, inclusive, alguns
formando pseudoparênquimas ou parênquimas, com tecidos que se
assemelham a alguns tecidos de plantas ou animais.

O tamanho das algas varia de microscópico até ca. 60 m de compr. (kelps).


MICROALGAS
Principais linhagens: Dinófitas, Euglenófitas e Bacilariofíceas

A vida surgiu há cerca de 3,5 bilhões de ano, com o surgimento dos primeiros
procariotos em ambientes aquáticos. Os fósseis mais antigos, interpretados
como algas eucarióticas, são os de Grypania, há cerca de 2,1 bilhões de anos.

Grypania spiralis é o organismo eucariótico


(multicelular) mais antigo conhecido.
(Evert & Eichhorn 2014)

Fósseis que mostram organismos encaracolados


de até 0,5 m de compr. e 2 mm de diâm.
Reprodução Assexuada: divisão celular ou bipartição, fragmentação, esporos
(aplanósporos ou zoósporos) formados em esporângios uni ou multicelulares.

Reprodução assexuada por


meio de zoósporos da alga
filamentosa Ulothrix.
Reprodução Sexuada: gametas; iso-, aniso ou oogamia; com ciclos de
vida zigótico, espórico e gamético e alternância de gerações iso ou
heteromórfica.
Ciclos de vida com alternância de
gerações, iso- e heteromórfica.
Euglenoides (Euglenophyta)

CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 900 espécies
Pigmentos fotossintetizantes: clorofilas a
e b, carotenoides e xantofilas
Reserva: paramido
Formas de vida: unicelulares ou coloniais;
heterótrofas
Flagelo: 2 flagelos
Parede celular: ausente; membrana
plasmática internamente com estrias
proteicas
Reprodução: divisão longitudinal; sexuada desconhecida; formam cistos de
resistência.
Habitat: água doce ou salobra, raramente solo e água salgada; 
ambientes eutrofizados.

Euglena
Tem cutícula
flexível e
grande
capacidade de
se deformar.

Trachelomonas
membrana celular
rígida, impregnada
por sais minerais
(FE, Mn).
Phacus longicaudaprotist.i.hosei.ac.jp
Floração de Euglena sanguinea
Criptófitas ou criptomônadas (Cryptophyta)

CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 200 espécies
Pigmentos clorofilas a e c, e carotenoides;
ficobilinas em algumas espécies
Reserva: amido
Formas de vida: unicelulares,
 heterótrofas;
Criptófita unicelular com 2 flagelos
Flagelo: 2 flagelos desiguais, que emergem da extremidade
Parede celular: ausente; membrana anterior da célula.
- Micrografia eletrônica de varredura
plasmática internamente com estrias colorida para diferenciar os flagelos das
proteicas placas retangulares do periplasto,
observadas na superfície das células. Essas
Reprodução pouco conhecida placas se localizam imediatamente abaixo
da membrana plasmática.
Habitat: dulcícolas e marinhas (Evert & Eichhorn 2014).
Estrutura de uma criptófita. Micrografia eletrônica de transmissão
evidenciando o núcleo e o nucleomorfo, este mergulhado em uma
fenda do cloroplasto. O nucleomorfo é considerado o núcleo vestigial do
endossimbionte (uma célula de alga vermelha) englobado por um
hospedeiro heterotrófico. (Evert & Eichhorn 2014).
Haptófitas (Haptophyta)

CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 300 espécies
Pigmentos fotossintetizantes: clorofilas a e
c, carotenoides e xantofilas
Reserva: crisolaminarina
Formas de vida: unicelulares ou coloniais;
heterótrofas
Flagelo: 2 flagelos ou sem flagelo

Parede celular: escamas de


celulose, ou calcificadas (= cocolitos)
Reprodução: sexuada; alguns históricos de vida desconhecidos

Habitat:  marinhas,  dulcícolas e terrestres

Muitas espécies de haptófitas apresentam junto aos 2 flagelos uma


estrutura filamentosa, que permite a captura de alimento, ou auxilia na
detecção de obstáculos  haptonema. (Evert & Eichhorn 2014)
A parede celular externa de muitas haptófitas apresenta pequenas escamas
achatadas de celulose, às vezes calcificadas (= cocolitos). Os cocolitos formam
a base de um registro fóssil contínuo desde o seu aparecimento no Triássico
(ca. 230 milhões de anos). (Evert & Eichhorn 2014).
Floração de Prymnesium parvum causando
mortandade de peixes, Lago Hanna, Florida.
Esta haptófita libera uma neurotoxina.

Floração de Emiliania huxleyi no sudoeste da


Inglaterra (adaptado de Liu et al. 2009).
Phaeocystis sp.

Embora não produza toxina, a floração desta


alga pode causar mortandade animal por
anoxia, provocada pela sedimentação de suas
colônias gelatinosas e por degradação
bacteriana. Também pode obstruir rede de
pescadores e canalizações.

Photo: J. van Iperen / Source: NIOZ Koninklijk


Nederlands Instituut voor Zeeonderzoek
Dinoflagelados (Dinophyta)

CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 4.000 espécies
Pigmentos clorofilas a e c, e carotenoides e
xantofilas
Reserva: amido
Formas de vida:  unicelulares, raras filamentosas e
coloniais;
ca. ½ heterótrofas, geralmente fagotróficas
Flagelo: 2 flagelos
Parede celular: ausente ou celulósica
Reprodução divisão longitudinal ou perpendicular,
e sexuada; produzem cistos de repouso
Habitat:  marinhas e  dulcícolas
Os 2 flagelos inserem-se em sulcos:

1 longitudinal, impulsor e
Esquema do movimento
1 equatorial, que dá movimento de rotação
de rotação de um
dinoflagelado.
Obs.: algumas espécies são desprovidas de flagelos
(imóveis).
Muitas espécies de dinoflagelados (= zooxantelas) são simbiontes de animais marinhos
(corais, esponjas, polvos, anêmonas, medusas, anêmonas-do-mar, tunicados, caramujos,
etc.). As zooxantelas são responsáveis pela atividade fotossintetizadora que possibilita o
crescimento de recifes de coral em águas tropicais, que têm poucos nutrientes. Os
aminoácidos produzidos pelos pólipos estimulam os dinoflagelados a produzir glicerol ao
invés de amido. O glicerol é utilizado diretamente na respiração do coral. Como os
dinoflagelados necessitam de luz para a fotossíntese, os corais que os contêm crescem
principalmente em águas oceânicas superficiais (0-60 m de prof.) (Evert & Eichhorn 2014).
As zooxantelas vivem no protoplasma celular ou em espaços intercelulares.
Fornecem produtos da fotossíntese ao coral, e recebem CO 2 e nutrientes).

As Zooxantelas se apresentam como esferas douradas


nos tentáculos do coral e são responsáveis por grande
parte da produtividade dos recifes de coral.
Branqueamento dos Corais

Os tecidos dos
corais podem
conter cerca de
30.000
dinoflagelados
simbiontes por
mm3,
principalmente
dentro das células
de revestimento
do tubo digestivo
dos corais.
(Evert & Eichhorn
2014).
Branqueamento dos Corais

Recife de coral saudável (à esquerda) e recife mostrando os


efeitos do “branqueamento” (à direita) (Evert & Eichhorn 2014).
Florações de Dinoflagelados

Muitas espécies de dinoflagelados p. ex.: Karlodinium veneficum,


Alexandrium minutum , Gymnodinium spp., Gonyaulax spp., etc.
produzem florações tóxicas que podem levar morte a animais.
Espécies de Noctiluca podem Floração causada por Noctiluca
produzir bioluminescência. scintillans na Baia Sagami, Japão.
Diatomáceas (Bacillariophyceae)
CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 12.000 espécies
Pigmentos clorofilas a e c, e carotenoides e xantofilas
Reserva: crisolaminarina
Formas de vida: unicelulares ou coloniais; heterótrofas, raros simbiontes
Flagelo: 1 flagelos
Parede celular: celulose com sílica opalina polimerizada
Parede celular (= frústula)  sílica opalina polimerizada (SiO2.nH2O)
e têm duas valvas (epiteca e hipoteca), que se encaixam.

Centrales
simetria radial;
geralmente marinhas.
Pennales
simetria bilateral,
geralmente dulcícolas.
Reprodução divisão celular; sexuada; podem formar cistos de resistência

Reprodução  divisão celular - o protoplasma aumenta de tamanho, cada célula


filha recebe metade da frústula da mãe e reconstrói uma nova metade (hipoteca).
Quando atinge um tamanho mínimo ocorre a reprodução sexuada.

Habitat: marinhas ou dulcícolas; terrestres, epífitas, epilíticas, epizoicas,


cavernícolas, neve, em sedimentos, etc.
Diatomito: rocha sedimentar muito porosa,
formada pelo acúmulo das frústulas de diatomáceas
ao longo de milhões de anos. Utiliza-se como
abrasivo para polir prata, filtro isolante, em tintas,
vernizes, além de indicadores estratigráficos em
exploração de petróleo, etc.
No Brasil o diatomito é conhecido desde a
colonização portuguesa. Atualmente é registrado
para todos os estados, com reservas de maior
importância no Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia,
Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amazonas,
Maranhão, Piauí, Pernambuco e Paraná.
A diatomácea Pseudonitzschia pungens – pode produzir o ácido
domoico, uma neurotoxina, que causa amnésia em animais,
inclusive no homem. Photo: Regina Hansen
Algas douradas (Chrysophyceae)

CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 1.000 espécies
Pigmentos clorofilas a e c, e carotenoides e xantofilas
Reserva: crisolaminarina
Formas de vida: unicelulares ou coloniais; heterótrofas, raros
simbiontes
Flagelo: 1 ou 2 flagelos ou imóvel
Parede celular: celulose, ou com escamas de sílica, ou sem parede
Reprodução  assexuada por divisão longitudinal, por zoósporos,
e sexuada
Habitat: dulcícolas ou marinhas
Crisofíceas

Diversas crisofíceas ingerirem bactérias e outras


partículas orgânicas, podendo consumir ca. 36
bactérias/ h, e tendo capacidade de expandir o
seu volume celular até 30 vezes para acomodar o
alimento ingerido.

Micrografia eletrônica de varredura de um cisto


de resistência maduro de Dinobryon cylindricum
(Evert & Eichhorn 2014).
Photo: Jan Krokowski

Micrografia eletrônica de varredura de escamas de


sílica das células de colônias de Synura.
(Foto: Davy Falkner)
As escamas sobrepostas estão organizadas em fileiras
espiraladas, em um padrão regular. (Evert & Eichhorn 2014)
Algas verde-amarelas (Xanthophyceae)
CARACTERIZAÇÃO
Diversidade: ca. 1.000 espécies
Pigmentos clorofilas a e c, e carotenoides
Reserva: crisolaminarina (?)
Formas de vida: cocoides, ameboides,
palmeloides, sifonadas ou filamentosas
Flagelo: /  organismos sem mobilidade, mas
gametas e zoósporos bi- ou multiflagelados
Parede celular: celulose, eventualmente com
sílica
Reprodução assexuada por zoósporos e
sexuada
Habitat: água doce, salobra e salgada;  em
lama ou água estagnada
Vaucheria = xantofícea filamentosa e pouco ramificada, cenocítica
(= múltiplos núcleos não separados por paredes celulares).
MICROALGAS
Grupo/ no de Pigmentos Formas de vida/ Flagelo Parede celular Reprodução Habitat
spp. fotossintetizantes/ reserva

Euglenoides clorofilas a e b, unicelulares ou ausente; divisão água doce ou


(Euglenophyta) carotenoides e coloniais; membrana longitudinal; salobra,
ca. 900 xantofilas /paramido heterótrofas / 2 plasmática sexuada raramente solo
flagelos internamente com desconhecida; e água salgada;
estrias proteicas formam cistos  ambientes
de resistência eutrofizados
Criptófitas ou clorofilas a e c, e unicelulares, ausente;
criptomônadas carotenoides;  heterótrofas; membrana pouco dulcícolas e
(Cryptophyta) ficobilinas em /2 flagelos plasmática conhecida marinhas
ca. 200 algumas espécies / internamente com
amido estrias proteicas
Haptófitas clorofilas a e c, unicelulares ou escamas de sexuada; alguns marinhas,
(Haptophyta) carotenoides e coloniais; celulose, ou históricos de  dulcícolas e
ca. 300 xantofilas / /2 flagelos ou sem calcificadas (= vida terrestres
crisolaminarina flagelo cocolitos) desconhecidos
Dinoflagelados clorofilas a e c,  unicelulares, raras ausente ou divisão
(Dinophyta) carotenoides e filamentosas e celulósica longitudinal ou marinhas
ca 4.000 xantofilas; / coloniais; perpendicular, e e  dulcícolas
amido ca. ½ heterótrofas, sexuada;
geralmente produzem cistos
fagotróficas /2 de repouso
flagelos
Diatomáceas clorofilas a e c, unicelulares ou celulose com divisão celular; marinhas ou
(Bacillariophyceae) carotenoides e coloniais; heterótrofas, sílica opalina sexuada; dulcícolas;
ca. 12.000 xantofilas / raros simbiontes / 1 polimerizada podem formar terrestres,
crisolaminarina flagelo cistos de epífitas,
resistência epilíticas,
epizoicas,
cavernícolas,
neve, em
sedimentos, etc.
Algas douradas clorofilas a e c, unicelulares ou celulose, ou com  assexuada dulcícolas ou
(Chrysophyceae) carotenoides e coloniais; escamas de por divisão marinhas
ca. 1.000 xantofilas / heterótrofas / 1 ou 2 sílica, ou sem longitudinal,
crisolaminarina flagelos ou imóvel parede por zoósporos,
e sexuada;
podem formar
cistos de
resistência
Algas verde- clorofilas a e c, e cocoides, ameboides, celulose, assexuada por água doce,
amarelas carotenoides, / palmeloides, sifonadas eventualmente zoósporos e salobra e
(Xanthophyceae) crisolaminarina ou filamentosas /  com sílica sexuada salgada;  em
ca. 600 (?) organismos sem lama ou água
mobilidade, mas estagnada
gametas e zoósporos bi-
ou multiflagelados

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