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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
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Esta lei da Improbidade Administrativa fala em sua Seção III dos “Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam
Contra os Princípios da Administração Pública”.
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Além disso, a CF/88 fala dos Princípios da Publicidade e Eficiência. Publicidade é
tranqüilo. É de fácil definição de conteúdo. Têm aí dois sentidos. Deve-se dar publicidade para
permitir que o maior número de pessoas tenham ciência dos atos da Administração para que elas
possam se manifestar, se candidatar eventualmente. E o outro sentido é garantir um maior
controle. Publicidade para garantir o acesso e garantir o controle . Deve ser assegurado com
esses dois objetivos. Como os demais princípios, não é absoluto. Evidentemente a publicidade
pode ceder em alguns casos. Já tive a seguinte situação: dentro de um órgão que eu trabalhava,
funcionava um órgão de pagamento de funcionários públicos e corriam processos de pagamento
de vantagens pessoais de servidores. E aí, esse órgão perguntou como se daria o acesso a esses
processos de pagamento. É possível franquear o acesso a esses processos a outras pessoas, a
qualquer um. Os processos administrativos são públicos, mas será que naqueles casos de
questões individuais dos servidores, por exemplo, um processo que seja um ofício de um juiz
implantando uma pensão alimentícia a A, B ou C. Será que a Administração deve franquear o
acesso à qualquer um? Era uma questão complicada. Ao mesmo tempo em que a sociedade pode
saber quanto ganha um servidor público, havia ali um interesse pessoal, individual, da intimidade
da vida do servidor. A gente entendeu que a gente podia restringir o acesso ao servidor, ao
procurador devidamente habilitado ou a terceiros desde que demonstrem o interesse necessário
naquele processo. Isso é só para mostrar que o Princípio da Publicidade pode sofrer alguma
restrição. Assim como o da Publicidade dos Processos Judiciais pode sofrer limitações (segredo de
justiça), o administrador pode também (restringir), desde que tenha que se preservar a intimidade
de alguém. Quando concorrem publicidade e intimidade, em determinados casos tem que se
privilegiar a intimidade. Da mesma forma, às vezes temos que restringir a intimidade por causa da
segurança nacional (por mais que isso possa ter uma conotação arbitrária) . Isso não pode ser
casuístico, arbitrário. Convém que essas hipóteses estejam regulamentadas. È o que acontece
com classificação de documentos em nível federal (documentos confidenciais, secretos etc.). É
possível que o Princípio da Publicidade possa ceder.
Como eu disse, o princípio não é absoluto e vocês já estudaram essas novas idéias de
ponderação e esses princípios também podem. Um instrumento para você tutelar esse princípio é
o habeas data. O habeas data tutela outras coisas, mas também assegura o respeito à
publicidade, para que se dê conhecimento ao menos ao interessado dos atos administrativos.
Por último, temos o novato Princípio da Eficiência. Novato porque não estava na redação
original da CF/88, e foi incluído no texto constitucional pela EC19/98. É outro princípio
problemático. O que inspirou a emenda 19, conhecida como a Emenda da Reforma Administrativa.
É justamente uma reforma, que de reforma não teve nada, pois os resultados foram tímidos e
andamos para trás. Ela foi projetada no governo passado, que tinha uma ótica de implantar um
sistema gerencial na administração e, como a gente viu, foi verticalizada, hierarquizada etc. Eles
queriam agilizar a Administração e tentaram uma emenda dentro dessa ótica gerencial e, nada
mais lógico que inserir a eficiência, que tem uma ótica gerencial. E o que é, na ótica gerencial
privada a eficiência? É aumentar os lucros e diminuir os custos. Mas isso não pode ser aplicado à
Administração Pública, pois a idéia exclusivamente econômica não se presta a Administração
Pública, até porque a Administração tem que atender a muitos interesses e objetivos e não são
lucrativos do ponto de vista econômico, e que se fosse enxergado por este ponto de vista seria um
fracasso.
Então, o conteúdo que se tem prestado ao Princípio da Eficiência é de que a
Administração deve atender à melhor relação custo/benefício, mas não no ponto de vista
econômico. Não no sentido de maiores lucros, pois não visa lucro, mas no sentido de que deve
empregar os recursos que ela dispõe, humanos econômicos etc. de forma a melhor atender o
interesse público. Um exemplo que costumo citar é o seguinte: eu tenho dois meios para combater
uma epidemia de dengue: Primeiro seria contratar 2500 agentes de combate e o outro seria
comprar três carros “fumacês”, que vão borrifar aquela região. Os carros ficariam mais baratos e o
resultado seria o mesmo. Então a Administração Pública não teria outra opção. Se com menor
dispêndio o mesmo interesse será atingido, estaria assim atingido o Princípio da Eficiência. Mal
comparando é a idéia de proporcionalidade em sentido estrito. Se eu atender ao mesmo objetivo
com um dos caminhos que a Administração Pública tem, o administrador não vai ter escolha . Vai
ter que ser aquele com melhor relação. Eu nunca vi o princípio da eficiência sendo aplicado
jurisdicionalmente. Nunca vi um juiz anular um ato administrativo porque não foi eficiente. È um dos
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princípios cuja precisão jurídica do seu conteúdo é complicada. O Maurício Azevedo fala da
importância da contratação dos agentes do ponto de vista do desemprego e a professora
concorda, reforçando a dificuldade deste princípio. Na idéia original do que é eficiência, está o que
eu estou falando, é uma ótica muito mais econômica, mas a Administração tem que pesar na
balança dela outras questões, que não a exclusivamente econômica.
Pergunta inaudível.
Resposta: A gente vê que algumas regras, princípios também, talvez mais porque tem maior
abstração, mas algumas regras de direito, uma vez aprovada a lei, a gente sabe o que o legislador
tinha na cabeça. Mas quando você vai ler a norma, vê que ela se presta àquela interpretação, mas
também se presta a outras tantas. E a norma ganha, depois que se desprende do legislador, vida
autônoma. O interessante daquela idéia de interpretação conforme a constituição é até que ponto a
interpretação conforme a constituição não é pouco democrática ou arbitrária, pois é como se o
próprio órgão de controle estivesse legislando ao afirmar qual é a interpretação válida. Qualquer
norma pode ganhar outra interpretação cabível.
Comentário inaudível.
Resposta: Eu diria que é difícil fazer controle jurídico disso. O que se advoga hoje é que não há
atuação possível da Administração fora do direito. O Princípio da Legalidade é o Princípio da
Juridicidade Administrativa. Toda atividade da Administração tem que estar conformada ao direito,
sobretudo a esses princípios constitucionais que a gente está elencando. E aí, isso é muito
importante por causa da discricionariedade da Administração, o campo de escolhas que o
legislador atribuiu ao administrador público. A gente sabe que há uma margem da atuação da
Administração Pública que está subordinada a um juízo político, um juízo de escolha, de acordo
com a oportunidade e conveniência do administrador. Isso não desaparece e nem tem como
desaparecer. Essas escolhas também estão controladas pelos princípios constitucionais. Nesses
espaços, mesmo controlados, é muito difícil precisar. Até porque as provas são muito difíceis.
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Fala-se em Administração Pública na Teoria dos Motivos Determinantes . O
administrador se vincula aos motivos revelados. Se você demonstrar que a motivação exposta
não é verdadeira, o ato é nulo. Para qualquer ato, mesmo para aqueles em que não era
necessário motivar. Se o Presidente resolve exonerar um Ministro de Estado, mas motiva por
peculato e improbidade, e na verdade ele não praticou esses atos. Se o Ministro prova que não
cometeu esses atos, a exoneração será nula. Então, ele volta ao cargo, mas nada impede o
Presidente de exonerar de novo, já que ele não é obrigado a motivar. Se entende que essa
confiança é algo subjetivo da autoridade que vai nomear. Por isso não se questionam as razões
que motivaram o fim da confiança.
Pergunta inaudível
Resposta: Há alguns anos atrás, eu recebi uma consulta sobre a Lei de Eleição que autoriza o
funcionário a ficar afastado por uns 3 meses se disputar o pleito, com licença remunerada, para
evitar usar a máquina em seu favor. A pergunta era se os funcionários ocupantes de cargo em
comissão poderiam ser exonerados nesse período. Podem, mesmo sendo gestantes. Outra
pergunta que teve era se gestante contratada por prazo determinado, a Administração deveria
pagar a licença maternidade. Não, não deve pagar. Deve pagar somente até onde o contrato dela
era previsto, o que pode até parecer cruel, mas ela não tinha expectativa nenhuma de continuar ali.
Mesma coisa licença médica. Se o servidor se acidenta, vai ter a proteção do INSS. O problema do
benefício, desde a emenda de 98, vai ser a cargo do INSS.
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ação por um tempo, que era sobre remédios, e a Administração Pública estava atrasada, e o
Estado foi em juízo para garantir o fornecimento dos remédios. Quem contrata com a
Administração Pública sabe que tem um peso, um ônus, especialmente algumas prestações que
são essenciais. É o tal custo “Administração Pública”. Por isso que o Poder Público paga mais. São
muitos os riscos para o contratante, por isso ele aumenta o preço e a Administração Pública paga
mais porque o particular está em uma situação de desvantagem.
Outro exemplo é o caso dos procuradores, que não decidem se vão ou não recorrer em
uma ação. A minha obrigação é recorrer. Se eu acho que não vale a pena recorrer, eu tenho que
pedir autorização ao chefe do meu chefe, para saber se ele me dispensa de recorrer naquele caso.
O interesse público não me é disponível.
Acidentes envolvendo ambulâncias e patrulhas são muito comuns. Às vezes eles batem,
às vezes são batidos. Se uma patrulha bate, a PM instaura inquérito policial para apurar as
responsabilidades. Se concluir que a culpa foi do particular, a gente recebe aquilo para entrar com
a ação contra o particular. Eu tenho que entrar com a ação para cobrar do particular. Se eu
novamente achar que não devo entrar com a ação, devo falar com o chefe do meu chefe pra saber
se ele me autoriza.
A professora esclarece que eles não têm uma política de recorrer obrigatoriamente,
dizendo que a decisão de recorrer ou não, não é a ela disponível. O decreto é surreal. Mandou a
gente recorrer, que é o que a lei já diz. Obrigatoriamente se recorre. Isso é um interesse público, e
não está disponível para mim. Assim como não cabe a nenhum outro servidor decidir se vai ou não
exercer a competência que lhe é atribuída. O meu chefe tem essa disponibilidade porque a lei lhe
dá. A decisão compete a alguém, mas só quando a lei lhe atribui. Todos os pedidos de dispensa
vão para o Procurador Geral. Mas ele pode delegar. Esse não delega, mas quando delega é só
para mais umas duas pessoas. Isso se questiona muito no MP hoje. Não pode uma pessoa
sozinha tomar as decisões, por causa do controle. E cada um manda com uma idéia e
encaminhando de um jeito. Isso é complicado. Precisa de instrumentos para se aferir o controle.
A lei do juizado especial não permite que o Poder Público figure como parte em processo
no juizado. Como réu é absolutamente certo, mas é por causa do processo especial de execução
dos JEC’s que são incompatíveis com o procedimento dos precatórios. Por isso a gente nunca vai
pro JEC nem como réu nem como autor.
Pra gente acabar com esse problema dos princípios. Fala-se da Autotutela
Administrativa. A autotutela administrativa é um assunto que a gente vai voltar quando eu falar de
ato administrativo. Quer dizer que a Administração tem o poder de anular os seus próprios atos
ilegais ou revogá-los por razões de conveniência e oportunidade, e é o que diz a Súmula 473 do
STF.
Súmula 473. A administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
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último, a (iii) proporcionalidade em sentido estrito, que é a efetiva ponderação entre o ônus
imposto e o objetivo que se quer alcançar. É importante sabermos que esse princípio é um
importante mecanismo de legalidade dos atos administrativos, porque quando viola a
proporcionalidade, se viola a legalidade em sentido amplo. Um ato administrativo que viola a
proporcionalidade é nulo. É incapaz de produzir efeitos válidos. A conseqüência da violação a
proporcionalidade é a nulidade, é a ilegalidade do ato, e isso é bastante relevante.
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