Você está na página 1de 57

Unidade 1

Atelier VI: pesquisa


e levantamento
de dados sobre a
temática
Carolina Cardoso
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento
e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.

2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1
Atelier VI: pesquisa e levantamento de dados sobre a temática�������������� 7
Seção 1
Atelier VI: temática do projeto��������������������������������������������������������� 9
Seção 2
Atelier VI: metodologia de projetos de arquitetura hospitalar���24
Seção 3
Legislação vigente e normas pertinentes���������������������������������������38
Palavras do autor

O
lá!
Bem-vindo(a) à disciplina de Atelier de Projeto de Arquitetura VI.
O que seria de um arquiteto, se não soubesse como projetar?
Caminhamos ao longo de toda a trajetória acadêmica estudando sobre
formas, proporção, elementos construtivos e metodologia de projeto para
nos tornarmos aptos para exercer a profissão. No entanto, devemos consi-
derar que existem inúmeros tipos de edificações, cada qual com a sua
função e particularidade.
Conhecer as características que diferenciam os edifícios é fundamental
para criar soluções que atendam às necessidades e aos desejos de quem
usufruirá do espaço. Por isso, esta disciplina tem como objetivo respaldar o
futuro profissional nas mais variadas situações.
Desta vez, abordaremos a ampla e complexa temática da arquitetura
hospitalar. Este livro trata desde a evolução histórica dos hospitais e a
concepção do projeto de edifícios de saúde até o detalhamento e a apresen-
tação do projeto arquitetônico. Em síntese, temos como foco orientar o aluno
na compreensão da temática dos edifícios de saúde e na metodologia de
análise de projetos e fazer com que ele conheça a legislação vigente e entenda
a concepção do projeto de edifícios de saúde, que vai desde o pré-dimensio-
namento, o sistema estrutural e os detalhamentos até as técnicas de apresen-
tação do projeto arquitetônico.
A Unidade 1 tem caráter introdutório e versará sobre assuntos gerais para
que você possa compreender, de forma efetiva, como funciona um edifício
da área da saúde. Nas Unidades 2, 3 e 4, relacionaremos a temática com o
processo projetual já desenvolvido pelo(a) aluno(a) em disciplinas anteriores.
Tópicos como análise do entorno, programa de necessidades, partido arqui-
tetônico, pré-dimensionamento, desenhos técnicos e apresentação de projeto
serão abordados ao longo do material.
Este livro funciona como um guia, mas não se limite a ele! Busque
por conhecimento em outras fontes, como livros, palestras e pesquisas
científicas, a fim de vivenciar a arquitetura com olhos mais atentos.
Aprofunde-se nos conteúdos tratados neste material didático e conte
com a ajuda do(a) professor(a) neste processo de aprendizagem.
Bons estudos!
Unidade 1

Atelier VI: pesquisa e levantamento de dados


sobre a temática

Convite ao estudo
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, teremos como foco a temática da arquitetura hospitalar.
Você sabe quando surgiram os primeiros médicos e hospitais? Qual era a confi-
guração desses espaços e quais as modificações que aconteceram no decorrer
da história? Existe leis e normas que regem o funcionamento destes edifícios?
Para responder a essas questões, introduziremos o assunto e conhece-
remos a temática do projeto de arquitetura hospitalar, buscando referências
projetuais a partir de análises de projetos correlatos. Além disso, conhece-
remos as normas que regem o projeto dos edifícios de saúde. Por fim, teremos
conhecimento sobre o histórico do tema do projeto e a legislação vigente e
criaremos um repertório de referências arquitetônicas.
Imagine a situação na qual você foi contratado(a) por um escritório
de arquitetura especializado em construções da área da saúde. A prefei-
tura da sua cidade, localizada no interior do estado, está em um acelerado
processo de expansão que envolve a abertura de novos loteamentos. Dessa
forma, a prefeitura lançou um edital para um concurso municipal de projeto
arquitetônico para uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do novo bairro
recém-aprovado.
Este edital apresenta como requisitos a apresentação de um projeto arqui-
tetônico, no nível de anteprojeto, de um Estabelecimento Assistencial de
Saúde (EAS), com capacidade entre 2.400 e 4.000 pacientes e que atenda aos
critérios estabelecidos pelo Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas
de Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde.
Na Seção 1.1, você iniciará uma pesquisa sobre a temática de projeto e
analisará algumas edificações voltadas para o uso da saúde, a fim de conhecer
melhor as características dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS).
Com isso, você compreenderá a setorização e circulação entre os ambientes
necessários em uma edificação da área de saúde. Na Seção 1.2, identificará
as tipologias existentes e compreenderá o processo de concepção do projeto
arquitetônico. Nesse contexto, terá contato com o Plano Diretor Hospitalar
e qual é o processo projetual que envolve a criação de uma edificação. Para
terminar, na Seção 1.3, você se aprofundará na legislação vigente sobre
edifício de saúde, que norteará o desenvolvimento do projeto que deverá
atender a todas as normativas.
Com os conteúdos apresentados nesta disciplina, será possível entender
que a arquitetura pode influenciar no processo de cura dos doentes, atuando,
inclusive, como um tratamento auxiliar.
Está pronto(a) para descobrir os poderes do projeto arquitetônico?
Seção 1

Atelier VI: temática do projeto

Diálogo aberto
Hospitais, clínicas médicas, postos de saúde e laboratório de análises
clínicas; o projeto de edifícios voltados para a área da saúde exige atenção
especial, pois nestas construções existe a aglomeração de pessoas enfermas,
infectadas e debilitadas, o que aumenta o risco de contaminação e disseminação
de doenças. Devemos considerar ainda que os Estabelecimentos Assistenciais
de Saúde (EAS) prestam serviços de atendimento para indivíduos abatidos, e
que a maneira com que o projeto de arquitetura destas edificações for ideali-
zada impacta diretamente sobre o bem-estar da pessoa que precisa ser curada.
Pense em um cenário em que você faz parte de um escritório de arquitetura
especializado em projetos de EAS e a sua equipe trabalhará em uma Unidade
Básica de Saúde (UBS) no bairro novo da cidade onde mora. Você gostaria
de compreender mais sobre a temática para apresentar maior segurança e
melhores escolhas no momento de começar a projetar. Sendo assim, decidiu
estudar o processo histórico que moldou as edificações de atendimento à saúde
no Brasil, além de buscar por referências de projetos de arquitetura hospitalar e
analisar as soluções que foram utilizadas para atingir o resultado final.
Analise o processo histórico das construções de edifícios de saúde.
Quais foram as transformações e influências que culminaram na tipologia
construtiva que vivenciamos hoje? Quais dos elementos identificados devem
estar presentes no seu projeto arquitetônico? Que referências arquitetônicas
poderão auxiliá-lo no processo criativo, enriquecendo seu projeto?
Sua pesquisa acerca das edificações de arquitetura hospitalar executadas
no Brasil fez com que você identificasse alguns nomes que se destacaram
no projeto de edifícios de saúde, dentre eles, João Filgueiras Lima. Nesse
contexto, vcê opta por analisar uma obra completa do arquiteto para auxili-
á-lo na elaboração de um processo metodológico para EAS. Inicie observando
quais são os setores que compõem o projeto, os ambientes e suas respec-
tivas funções. Existem várias especialidades médicas atuando em conjunto?
Analise como os espaços se relacionam e os fluxos de circulação. O fluxo de
pacientes se cruza com o fluxo de médicos e funcionários? Observe também
fotografias dos ambientes internos. Este edifício é inteiramente branco ou
apresenta cores? Como são os móveis? Existe paisagismo? Estes são alguns
dos questionamentos que você deve levantar ao analisar a obra.

9
Para tanto, veremos, nesta seção, a evolução histórica dos hospitais,
contextualizando a temática da arquitetura hospitalar. Nesse sentido, desco-
briremos como eram os hospitais da antiguidade e quais acontecimentos os
transformaram nos complexos de saúde atuais. Compreender como ocorreu
a evolução destas edificações auxilia na criação de um panorama geral que
possibilitará o entendimento acerca da função e das percepções dos edifí-
cios de saúde. A análise de projetos arquitetônicos atuais lhe permitirá criar
um repertório de referências que poderão ser utilizadas futuramente, no
momento de projetar um edifício de saúde.
Está curioso(a) para descobrir como a arquitetura pode influenciar no
tratamento dos pacientes? Vamos começar nossa jornada de aprendizagem
sobre a arquitetura hospitalar!

Não pode faltar

Não se sabe com precisão a origem da medicina e dos hospitais como


conhecemos hoje. Entretanto, existem registros de locais destinados ao
tratamento de doentes que datam de épocas anteriores ao cristianismo. A
cura dos enfermos já se mostrava uma preocupação desde a antiguidade,
nas primeiras cidades da civilização (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944).
Conforme a população crescia, os indivíduos que antes se preocupavam
apenas com a sua vitalidade e de sua família passaram a atentar à saúde
coletiva das sociedades urbanas primitivas.

Saiba mais
A profissão de médico foi estabelecida na Babilônia, sendo dissemi-
nada para o Egito. Os registros encontrados nos pergaminhos egípcios
mostram uma variedade de especialidades médicas, como olhos, dentes
e distúrbios internos. A remuneração era farta e os tratamentos eram
custeados pelo governo. Imhotep, considerado o primeiro arquiteto
que já existiu e responsável pela construção da pirâmide mais antiga,
era também um excelente médico (GÓES, 2004, cap. 2).

Os médicos da Antiguidade e Idade Clássica recebiam muito prestígio,


sendo relacionados aos sacerdotes egípcios e gregos (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1944). Nestes períodos, assim como na Idade Média, o exercício da
medicina era associado à divindade e ao cristianismo. A função do hospital
não se restringia ao tratamento de doenças e se caracterizava por locais que
recebiam não só os enfermos, mas também os pobres e peregrinos

10
Vocabulário
Por esse motivo, a palavra hospital tem origem no latim hospitalis,
adjetivo derivado de hospes, que significa hóspedes. O termo como
conhecemos hoje tem a conotação de nosocomium, do grego, que signi-
fica “tratar os doentes”.

Os primeiros locais que concebiam a função da cura de doenças estavam


associados aos templos. Na Grécia, surgiram as Asclepéia, templos dedicados
ao culto de Esculápio, um ser com habilidades médicas excepcionais
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). Estes templos eram edificados em locais
propícios ao tratamento médico. As construções deveriam ser implantadas nas
colinas, abrigadas contra os ventos fortes, e próximas à floresta e a uma fonte de
água mineral. A preocupação com a higiene e alimentação já acontecia naquela
época. Antes que os enfermos adentrassem nos santuários, estes eram subme-
tidos a processos de purificação com banhos, massagens e unções.
A medicina e os médicos gregos ganharam importância e conquistaram
espaço em Roma. O prestígio era tanto que o imperador Júlio César concedeu
a cidadania romana a todos os médicos. No período governado pelo seu
sucessor Augusto, o arquiteto romano Marcus Vitruvius escreveu um livro
que ficou conhecido como Tratado de Arquitetura. No compilado, Vitruvius
(2007) apresenta como reconhecer um local saudável para implantação das
cidades e a escolha do ambiente de implantação das edificações, resgatando
os princípios utilizados pelos gregos: localidades altas, com boa ventilação,
evitando áreas pantanosas e nebulosas. Além disso, relembra a relação com
o alimento e com a água, fatores que indicam a salubridade dos locais. O
autor incorpora os conceitos de conforto térmico, indicando a orientação
solar mais adequada, evitando insolações extenuantes.

Pesquise mais
O livro De Architectura Libri Decem, de Marcus Vitruvius Pollio, intro-
duziu os princípios da arquitetura clássica que influenciaram as
construções do Renascimento e são utilizados até os dias atuais. Este
compêndio está dividido em dez volumes, que apresentam aspectos
arquitetônicos, desde a escolha do local para implantar uma cidade até
a decoração do interior das construções. O artigo escrito pela profes-
sora Giselle Luzia Dziura apresenta mais detalhadamente quais foram
as contribuições dos escritos de Vitruvius. Leia o intervalo de páginas
de 20 a 26 e saiba mais.
DZIURA, G. L. Três tratadistas da arquitetura e a ênfase no uso do
espaço. Da Vinci, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 19-36, 2006.

11
A Idade Média ficou conhecida como Idade das Trevas por diferentes
razões, por exemplo, a infestação de pestes que culminou em grandes epide-
mias, aumentando a necessidade de implantação de locais para quaren-
tena. Assim, acelerou-se o processo de construção de hospitais, localizados
próximos aos mosteiros e às igrejas, reforçando o poder do cristianismo
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). Um dos marcos da arquitetura hospitalar
está associado à construção de dois Hotéis Dieu, em Lyon e em Paris (Figura
1.1). A planta baixa destes estabelecimentos abrigava uma capela e deveria
permitir que todos os pacientes observassem os atos religiosos enquanto
repousavam em suas camas (GÓES, 2004). Porém, em meados do século XII,
surgiram diversos concílios que proibiram o exercício da medicina pelo clero,
incluindo as operações com derramamento de sangue. Apenas as doenças
da alma deveriam ser tratadas pelo clero, enquanto o exercício da medicina
ficou nas mãos de leigos.
Figura 1.1 | Catedral de Notre-Dame com o antigo Hotel Dieu à direita (Paris).

Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://fr.wikipedia.org/wiki/H%C3%B4tel-Dieu_de_Paris. Aces�-


so em: 5 jul. 2019.

O advento das universidades e da invenção do microscópio serviu de


impulso para o desenvolvimento da ciência. Durante o Renascimento, os
concílios da igreja foram abandonados, o que permitiu avanços nos proce-
dimentos cirúrgicos que foram determinantes para o melhoramento dos
hospitais. A medicina deixou de ter um caráter monástico para ser reconhe-
cida como parte da física, o que culminou na municipalidade dos hospitais
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944).

12
Após o incêndio do Hotel Dieu em Paris, no ano de 1772, ocorreram
mudanças significativas acerca da construção e do planejamento dos estabe-
lecimentos de saúde. O hospital era imenso para a época, com capacidade
de 2.500 leitos, e apresentava diversos problemas de contaminação e disse-
minação de doenças (GÓES, 2004). A Academia de Ciências de Paris ficou
encarregada pela sua reconstrução. Diversos projetos foram apresentados
e cada um deles previa atender 5.000 leitos. Contudo, a comissão se opôs
às propostas e estabeleceu novos parâmetros para a construção, incluindo,
dentre outros aspectos, a redução do número de leitos por hospital (1.200);
a disposição em pavilhões, nos quais as enfermarias ficariam isoladas e não
haveriam salas contínuas; e a utilização de, preferivelmente, apenas um
pavimento, com o máximo de dois ou três, conforme a concessão. Estes
princípios foram utilizados para direcionar a construção de vários hospitais
durante mais de um século (GÓES, 2004).

Reflita
A preocupação com a contaminação e infecção, dispersa pelos próprios
doentes, acarretou mudanças na estrutura física das edificações hospita-
lares. Quais outros aspectos podem ser influenciados pela arquitetura?

Portugal foi influenciado pelas características propostas pela Academia


de Ciências e transferiu sua cultura para a colônia, assim como o fez em
diversos outros aspectos. O Brasil recebeu edificações para assistência hospi-
talar desde o seu descobrimento. Em 1543, foi construído o primeiro hospital
nacional na cidade de Santos, sendo sucedido pela construção de instala-
ções em Olinda e São Paulo antes do final do século XVI. Desde então, não
houveram novas normas para a construção de edificações de saúde até a
Revolução de 1930.
Neste período já estavam sendo construídos, nos Estados Unidos, edifí-
cios hospitalares em um único bloco de inúmeros pavimentos, funcionando
em perfeitas condições de salubridade, que sobrepunham aos princípios da
Academia de Ciências (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). Estes parâmetros
foram utilizados pelos arquitetos brasileiros para construir as novas instala-
ções de saúde do país. Alguns exemplos são: o Hospital da Brigada Militar
em Recife (1934), projetado por Luís Nunes; a Faculdade de Medicina de
São Paulo (1944) (Figura 1.2), do arquiteto Ramos de Azevedo; e o Hospital
Israelita Albert Einstein (1954), idealizado por Rino Levi.

13
Figura 1.2 | Faculdade de Medicina de São Paulo (1978)

Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Medicina_da_Uni�-


versidade_de_S%C3%A3o_Paulo. Acesso em: 5 jul. 2018.

A partir daí, podemos traçar um repertório de referências em arquite-


tura hospitalar no Brasil. Além dos arquitetos já citados, nomes como Jarbas
Karman, João Filgueiras Lima, João Carlos Bross e Carlos Eduardo Pompeu
se destacam no projeto dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS).

Saiba mais
A denominação Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) é dada
a qualquer edifício destinado a prestar serviços de assistência à saúde
para a população. Independentemente do nível de complexidade do
projeto, todos eles devem garantir o acesso do paciente, seja em regime
de internação ou não.

As obras dos hospitais da Rede Sarah Kubitschek se destacam dentre o


acervo de projetos realizados por João Filgueiras Lima, conhecido como Lelé.
O primeiro hospital foi inaugurado em Brasília no ano de 1980, o que levou
à criação do Centro Tecnológico Sarah Kubitschek (CTRS) que originou a
Rede Sarah. Para a terceira unidade, construída em 1994 na cidade de Salvador
(Figura 1.3), o arquiteto utilizou um sistema muito particular para o conforto
térmico. A iluminação e ventilação natural foram incorporadas ao projeto por
meio do sistema de cobertura denominado shed, que permitiu a redução do
uso de aparelhos de ar condicionado e, consequentemente, o gasto energético.
Os elementos, que se assemelham a ondas, permitem a entrada da luz do sol
de forma indireta e direciona os ventos para o interior da edificação. Existem,

14
ainda, outros fatores que se unem ao elemento da cobertura para contribuírem
com a melhor eficiência do edifício, como o sistema de galerias de manutenção,
que funcionam também como dutos de ventilação natural e que canalizam os
ventos, favorecendo a circulação do ar; e o resfriamento evaporativo, que usa
a nebulização de água para diminuir a temperatura do ar. Este último também
funciona como um filtro para as partículas de poeira.
Figura 1.3 | Hospital Sarah – Unidade Salvador

Fonte: Rede Sarah. Disponível em: http://www.sarah.br/media/1368/a_redeSARAH_unid_salvadorgrande2.


jpg?anchor=center&mode=crop&rnd=130536445810000000. Acesso em: 5 jul. 2018.

Depois da capital baiana, diversas outras cidades receberam obras da


Rede Sarah que utilizavam a cobertura em sheds e seguiam os mesmos princí-
pios de conforto térmico. A última unidade foi construída em 2009 no Rio
de Janeiro (Figura 1.4). É possível notar a evolução arquitetônica de Lelé no
decorrer dos 15 anos que separam as duas obras. A cobertura da construção
carioca é mais alta e foi desassociada das paredes, permitindo mais flexibi-
lidade na organização dos ambientes, diferente da unidade de Salvador, na
qual os sheds eram limitados à largura das salas.

Assimile
Os sheds são aberturas zenitais (ou seja, posicionadas na cobertura)
com um formato característico que se assemelha aos dentes de uma
serra, muito utilizados na construção de fábricas. As obras de Lelé
popularizaram este elemento no Brasil, que se transformou e originou
uma estrutura única em cada obra na qual fora empregado. O shed
favorece o efeito chaminé, com o qual o ar quente é dissipado pela
abertura por meio da diferença de densidade do ar. Mas, cuidado! O
posicionamento da abertura deve calcular a incidência solar para que

15
ela não se transforme em um canalizador dos raios solares e prejudique
o conforto térmico do edifício.

Outra diferença é percebida na composição da cobertura, isto é, existe


uma externa, feita com telha e forro de alumínio com um vão entre eles,
da mesma forma como acontece em Salvador, e uma interna, produzida
com estrutura metálica e policarbonato alveolar translúcido, que envolve os
ambientes. Esta estrutura apresenta aberturas basculantes automatizadas que
permitem alternar entre os sistemas de ventilação natural e artificial, já que o
Hospital Sarah, do Rio de Janeiro, é o único que tem ar condicionado devido
às suas condições climáticas.
Figura 1.4 | Hospital Sarah – Unidade Rio de Janeiro

Fonte: Rede Sarah. Disponível em: http://www.sarah.br/media/1401/a_redeSARAH_unid_riogrande.jpg?an�-


chor=center&mode=crop&rnd=130537087220000000. Acesso em: 5 jul. 2018.

A partir da análise das obras de arquitetos renomados na área da saúde,


é possível identificar as características essenciais para o projeto destas edifi-
cações. Em primeiro lugar, deve-se considerar que o paciente está ali para
ser curado e, para isso, precisa de um local que lhe ofereça, além do trata-
mento médico necessário, ambientes agradáveis e humanitários que contri-
buam para o seu bem-estar. Os recursos naturais, como iluminação, venti-
lação e vegetação, tornam-se aliados no momento de compor espaços que
apresentem conforto ambiental.

Exemplificando
Os elementos vegetais apresentam influência sobre as sensações
do usuário. Estudos apontam a contribuição da vegetação para uma

16
melhor saúde mental, com menos estresse e ansiedade (BARTON;
PRETTY, 2010; LEE; JORDAN; HORSLEY, 2015; AKPINAR, 2016). Dessa
forma, o paisagismo pode ser incorporado aos espaços hospitalares
como tratamento auxiliar ao paciente.
Um exemplo é a proposta do projeto de extensão do Hospital de Helsin-
gborg na Suécia. Note que existe uma grande porção da área destinada
às localidades verdes.

Figura 1.5 | Implantação da proposta vencedora da extensão do Hospital de Helsingborg, Suécia

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-107796/proposta-vencedora-da-extensao-do-hospital�-


-de-helsingborg-slash-schmidt-hammer-lassen-architects/514b7e02b3fc4b095e0000c5-helsingborg-hospi-
tal-extension-winning-proposal-schmidt-hammer-lassen-architects-image. Acesso em: 5 jul. 2018.

O arquiteto pode – e deve! – projetar espaços confortáveis, seja ele de uma


residência, um comércio, uma indústria, entre outros. No entanto, devemos
nos lembrar de que um EAS não é como uma edificação. Existem normas e
fluxos que precisam ser respeitados para que tudo funcione corretamente e
de forma segura. Falaremos sobre a metodologia e as orientações para elabo-
ração de um projeto de arquitetura hospitalar na próxima seção.

Sem medo de errar

O escritório de arquitetura do qual você faz parte participará de um


concurso público para projetar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no
bairro novo da cidade em que você mora. Antes de iniciar o projeto, você

17
optou por buscar referências em obras desenvolvidas por outros arquitetos
que lhe auxiliarão na elaboração do anteprojeto.
A pesquisa histórica desenvolvida mostrou que a preocupação com
a saúde da população existe desde os primórdios da civilização. Nesse
contexto, você identificou características como a escolha correta do local
de implantação, o aproveitamento da insolação e ventilação natural e a
organização dos ambientes visando a funcionalidade da edificação. Neste
momento, deverá enriquecer o seu projeto com referências arquitetônicas
de projetos correlatos.
Além disso, terá como função escolher uma obra do arquiteto João
Filgueiras Lima dentro da temática apresentada na seção. Comece pesqui-
sando em revistas, livros e sites o acervo desenvolvido pelo arquiteto durante
a sua carreira e selecione uma obra da área da saúde para ser analisada. Faça
uma ficha técnica da edificação, na qual deve constar o nome da obra, local de
implantação, data do projeto e de início e fim da construção. Inclua também
dados referentes ao tamanho da edificação (em m²). Com estas informações,
você poderá procurar pelos desenhos técnicos (plantas baixas, cortes, eleva-
ções) e por fotografias da obra.
Primeiramente, analise uma escala macro, verificando como o sol incide
sobre a edificação: identifique a direção do Norte e quais as faces de maior
e menor insolação. Obtenha a informação dos ventos dominantes; por
exemplo, no Rio de Janeiro, estes são provenientes da direção leste. Observe
a existência de áreas vegetadas no terreno ou se ele é todo pavimentado.
Depois de analisar o entorno, e com a planta baixa em mãos, identi-
fique os setores que fazem parte da construção. Quais são eles? Recepção,
ambulatório, maternidade, centro cirúrgico, patologia clínica, Unidade de
Tratamento Intensivo (UTI) e administração. Consegue reconhecer algum
deles? Você pode usar lápis de cor ou canetas hidrocor para identificar os
ambientes que fazem parte de um mesmo setor. Identifique também como
são distribuídos os fluxos. Use linhas e setas com cores de acordo com cada
setor, e classifique-os como fluxo interno (dos médicos e enfermeiros) e
externo (dos pacientes e visitantes). Esses fluxos se cruzam?
Veja o exemplo a seguir (Figura 1.6), que analisa o Centro de Apoio ao
Grande Incapacitado Físico, uma das unidades da Rede Sarah em Brasília,
DF. Veja como a planta baixa colorida facilita a visualização de como foram
organizados os ambientes em setores ou unidades funcionais

18
Figura 1.6 | Exemplo de análise de obra (o Centro de Apoio ao Grande Incapacitado Físico,
Brasília, DF)

Fonte: adaptado de WESTPHAL (2007).

Utilizando os cortes e detalhamentos, verifique quais foram as soluções


construtivas empregadas ao edifício. Como é a estrutura? De que material
ela é composta? Analise os detalhes construtivos que foram desenvolvidos
para este projeto.
Por fim, identifique os ambientes internos a partir das fotografias, anali-
sando quais foram os revestimentos empregados, como é o design do mobili-
ário, além das cores utilizadas. Como a luz se comporta nesse ambiente? O
paisagismo está presente?

19
Faça uma descrição de todas as características que você achar pertinente
e organize-as em pranchas que serão anexadas ao memorial descritivo do
projeto, o qual será entregue ao final da disciplina. Por fim, vale acrescentar
que você pode colocar imagens para ilustrar o texto e facilitar a compreensão.

Avançando na prática

Hospital: do passado ao presente

As doenças que acometiam as primeiras civilizações estavam forte-


mente relacionadas com a falta de saneamento básico. Portanto, as instala-
ções hospitalares apresentavam características que auxiliavam o tratamento
dessas enfermidades, no sentido de fornecer condições sanitárias salubres,
como água potável, ventilação e iluminação adequados.
A evolução da urbanização ocasionou o desenvolvimento de redes de
abastecimento de água e sistemas de esgoto sanitário, o que reduziu deter-
minados tipos de doenças características da Idade Média. Atualmente,
os problemas de saúde enfrentados pela população são outros e requerem
recursos diferentes e mais abrangentes.
Pela vasta experiência do seu escritório em desenvolver projetos de edifi-
cações de saúde, você foi convidado a palestrar para estudantes de arquitetura
na universidade próxima à sua cidade. Neste sentido, faça uma retrospectiva
histórica e identifique quais características dos edifícios de saúde se manti-
veram ao longo dos anos, e quais foram incorporadas ou modificadas para se
adequar à nova realidade. Observe o que mudou na configuração dos hospi-
tais: onde estão localizados? Quem prestava o serviço e qual o público que ele
atende? Como era o sistema construtivo? Quais equipamentos são utilizados?
Utilize o conhecimento adquirido para relacionar a arquitetura hospitalar
com o período histórico.

Resolução da situação-problema
Faça um quadro para te ajudar a organizar as características de cada período.
Na linha de cabeçalho, escreva os períodos históricos que deseja comparar. A
primeira coluna determinará qual característica será analisada. Utilize algumas
das citadas anteriormente e crie o seu quadro. Veja um exemplo:

20
Quadro 1.1 | Modelo de quadro comparativo dos edifícios de saúde ao longo da história
Antiguidade Idade Média Renascimento Atualidade
Localização

Público

Médicos
Sistema
construtivo
Equipamentos

Fonte: elaborado pela autora.

Preencha as colunas com as informações referentes a cada período. Fique


à vontade para adicionar outros períodos e características. Ao completar o
quadro, observe se alguma das informações se repetiram em mais de um
período. Faça um texto pontuando quais foram as principais mudanças
ocorridas ao longo do tempo.

Faça a valer a pena

1. Esculápio foi um médico grego que possuía habilidades de cura excepcionais.


Segundo a história, este médico foi destruído por Zeus, que temia que ele tornasse
os homens imortais. A partir de então, surgiram templos dedicados à preservação da
memória de Esculápio e seu legado, denominados Asclepéia.

Assinale a alternativa que melhor descreve as características das Asclepéias.

a. Localizadas próximas ao mar, que facilitava o transporte dos médicos.

b. Construídas no centro da cidade, no qual todos pudessem ter acesso.

c. Localizadas sobre áreas rochosas, nas quais havia abundância de matéria-


-prima.

d. Construídas nas colinas, próximas às florestas, e abrigadas contra os ventos


fortes.

e. Localizadas próximas às montanhas, nas quais os sacerdotes invocavam o


poder curativo dos deuses.

2. No início do século XX surgiu uma tipologia construtiva das edificações hospita-


lares nos Estados Unidos. A estas construções dava-se o nome de monobloco.

As afirmativas a seguir indicam características destas construções:

21
I. Economia na construção e manutenção, a partir da concentração de instala-
ções hidráulicas, elétricas, de esgoto, etc.

II. Menor isolamento por pavimento do que em pavilhões térreos.

III. Possibilidade de serviços operatórios como raio X, laboratórios clínicos e


fisiodiagnóstico.

IV. Facilidade na administração e mais cooperação entre o setor técnico.

Com base no texto, assinale a alternativa correta.

a. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

b. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.

c. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.

d. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.

e. Todas as afirmativas estão corretas.

3. A Rede Sarah consiste em uma série de unidades hospitalares distribuídas em


várias cidades do Brasil. João Filgueiras Lima, o arquiteto que projetou os edifícios,
incorporou características muito peculiares em sua arquitetura. A figura a seguir
mostra o desenho técnico do corte da última unidade implantada na cidade do Rio
de Janeiro.

Figura 1.7 | Corte do hospital Sarah do Rio de Janeiro

Fonte: adaptado de Lukiantchuki (2010).

Observe o corte apresentado e avalie as afirmativas a seguir:

I. O arquiteto utilizou a cobertura do tipo shed em todos os hospitais da Rede


Sarah, visando aproveitar a luz e ventilação natural.

II. A cobertura em forma de ondas foi utilizada apenas para conferir ao edifício
um apelo estético com forte identidade visual.

22
III. A cobertura da unidade do Rio de Janeiro está desassociada das divisórias,
permitindo maior flexibilidade dos ambientes.

Assinale a alternativa que contém apenas as afirmativas corretas.

a. Apenas a afirmativa I está correta.

b. Apenas a afirmativa II está correta.

c. Apenas a afirmativa III está correta.

d. As afirmativas I e III estão corretas.

e. As afirmativas I, II e III estão corretas.

23
Seção 2

Atelier VI: metodologia de projetos de


arquitetura hospitalar

Diálogo aberto
Para que o arquiteto seja capaz de desenvolver um projeto arquitetônico
eficiente no setor de saúde, é necessário que se tenha conhecimento acerca
do funcionamento dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) e da
metodologia aplicada ao projeto. Neste sentido, o Plano Diretor Hospitalar
(PDH) se transforma em um documento norteador das ações e soluções
voltadas para o desenvolvimento das edificações de saúde.
Voltemos ao cenário profissional em que você trabalha em um escritório
de arquitetura especializado em projetos de EAS, e a equipe da qual faz parte
participará de um concurso público para um projeto de uma Unidade Básica
de Saúde (UBS) no bairro novo da cidade na qual você mora. Já foi criado
um repertório de referências arquitetônicas que lhe auxiliará na criação do
projeto arquitetônico do EAS. Agora, você iniciará o processo projetual a
partir do desenvolvimento de um PDH e da adoção de uma metodologia que
indicará algumas técnicas que poderão ser utilizadas no decorrer do projeto.
Para isso, será necessário que você identifique: como são classificados os EAS?
Quais informações devem constar no PDH? Quais são as etapas metodoló-
gicas a serem seguidas no processo criativo de elaboração do projeto?
Nesta seção, apresentaremos um embasamento teórico sobre a rede de
saúde no Brasil, que nos permitirá conhecer e caracterizar os tipos de edifí-
cios de saúde. Versaremos também sobre o PDH e sua importância para o
levantamento de soluções técnicas e organizacionais que influenciarão o
funcionamento do EAS. Ainda, estudaremos a metodologia de projeto que
define as etapas que envolvem a concepção de um projeto arquitetônico.
Vamos diferenciar os conceitos de “máquina de curar” e “máquina de
cuidar” a partir da utilização de recursos de humanização da arquitetura
hospitalar. Está pronto para compreender o que está por trás da elaboração
de um projeto arquitetônico?

Não pode faltar

No ano de 1978 foi realizada a Conferência Internacional sobre Cuidados


Primários de Saúde, com o objetivo de estabelecer ações para a promoção da

24
saúde. O resultado da conferência ficou registrado em um documento denomi-
nado Declaração de Alma-Ata, no qual foram determinados dez tópicos acerca
dos cuidados primários em saúde. Dentre eles, é enfatizado o caráter multifato-
rial do conceito de saúde, entendido não só pela ausência de enfermidades, mas
também pelo “estado de completo bem-estar físico, mental e social” (ALMA-
ATA, 1978). Ainda, a declaração afirma: “é direito e dever dos povos participar
individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados de
saúde” (ALMA-ATA, 1978). Neste contexto entra o papel do arquiteto: projetar
e planejar um ambiente propício para a promoção da saúde, envolvendo todos
os aspectos que ela abrange (físico, mental e social).
O Ministério da Saúde surgiu a partir da fragmentação do Ministério de
Educação e Saúde, no ano de 1953. Nas décadas seguintes, foram desenvol-
vidos planos e políticas de promoção de saúde, dentre as quais destaca-se:
• A III Conferência Nacional da Saúde (CNS), realizada em 1963 pelo
ministro Wilson Fadul, que defendia a municipalização dos serviços
de saúde.
• A criação do Plano Nacional de Saúde, instituído pelo ministro e
médico Lionel Miranda no ano de 1967 a partir das diretrizes estabe-
lecidas pela III CNS.
A Constituição Federal de 1988 incumbiu ao poder público a responsa-
bilidade da saúde da população, sendo dever do Estado a garantia da saúde.
A partir disso, o governo criou o Sistema Único de Saúde (SUS), regulamen-
tado pela Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1990).

Reflita

Dentre os assuntos abordados pela Constituição Federal, estão as


políticas públicas acerca do sistema de saúde. O Artigo 196 diz que:

a saúde é direito de todos e dever do Estado, garan-


tido mediante políticas sociais e econômicas que visem
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988, [s.p.])

Ainda, a Constituição instaura o sistema único de saúde, provido com os


recursos do governo e complementado pelas ações da iniciativa privada.
Entretanto, devemos analisar como isso funciona na prática. As insti-
tuições privadas realmente atuam como complemento ao tratamento

25
oferecido pelo SUS? Ou aqueles que tem menos recursos estão fadados
ao atendimento, muitas vezes precário, da rede de saúde pública?

A rede de saúde no Brasil pode ser classificada de três formas: esferas de


atuação, níveis de atendimento e tipos de estabelecimentos.
• A esfera de atuação diz respeito à integração dos serviços ofere-
cidos a partir da hierarquização da gestão. São identificados pela
escala nacional (regida pelo Ministério da Saúde), escala estadual
(administrada pelas Secretarias de Saúde correspondentes, consiste
no nível vertical de atuação) e escala municipal (corresponde ao
nível horizontal de atuação e está sob a responsabilidade dos órgãos
equivalentes) (BRASIL, 1990).
• Já os níveis de atendimento têm relação com as atividades realizadas
pelo EAS. São classificados em: nível primário, secundário e terciário.
O nível primário é responsável por promover os serviços de assistência
à saúde e ambulatório. Realiza atividades relacionadas ao saneamento
e de diagnóstico básico. O nível secundário, além das atividades do
nível primário, também oferece atendimento clínico nas áreas médica,
cirúrgica, ginecológica, obstétrica e pediátrica. São realizados atendi-
mentos ambulatoriais que apresentam o suporte dos laboratórios de
patologia clínica e radiodiagnóstico para determinar o diagnóstico.
Por fim, o nível terciário abrange os casos mais complexos, prestando
serviços ambulatoriais, de urgência e internação.
• Quanto ao tipo dos estabelecimentos, estes são hierarquizados de
acordo com os níveis de atendimento. O nível primário está relacio-
nado com estruturas físicas correspondentes aos postos e centros de
saúde, também chamados de Unidade Básica de Saúde (UBS). O nível
secundário corresponde às unidades mistas, ambulatórios gerais e
hospitais, enquanto o nível terciário é abrangido pelos ambulatórios,
hospitais regionais e especializados. Alguns estabelecimentos têm o
Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT) como comple-
mento ao diagnóstico, a partir da realização de exames. O Quadro 1.2
descreve os tipos de estabelecimentos.
Quadro 1.2 | Tipos de estabelecimentos de saúde
NÍVEL TIPOLOGIA DESCRIÇÃO
Unidade destinada à prestação de assistência a uma
Posto de determinada população, de forma programada ou não, por
1
saúde profissional de nível médio, com a presença intermitente, ou
não, do profissional médico.

26
Unidade para realização de atendimentos de atenção básica
Centro e integral a uma população, de forma programada ou não,
de saúde/ nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência
1 Unidade odontológica e de outros profissionais de nível superior.
Básica de A assistência deve ser permanente e prestada por médico
Saúde generalista ou especialista nestas áreas, podendo, ou não,
oferecer: SADT e pronto atendimento 24 Horas.
Unidade destinada à prestação de atendimento em atenção
básica e integral à saúde, de forma programada ou não,
nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência
odontológica e de outros profissionais, com unidade de
2 Unidade mista
internação, sob administração única. A assistência médica
deve ser permanente e prestada por médico especialista ou
generalista. Além disso, pode dispor de urgência/emergência
e SADT básico ou de rotina.
Unidade destinada à prestação de assistência a pacientes
Pronto-
2 com ou sem risco de vida, cujos agravos necessitam de
socorro
atendimento imediato, podendo ter, ou não, internação.
Hospital destinado à prestação de atendimento nas
especialidades básicas, por especialistas e/ou outras
2 Hospital geral
especialidades médicas. Além disso, pode dispor de serviço
de urgência/emergência e de SADT de média complexidade.
Unidade
Unidades isoladas nas quais são realizadas atividades que
de apoio de
2 auxiliam a determinação de diagnóstico e/ ou complementam
diagnose e
o tratamento e a reabilitação do paciente.
terapia
Hospital destinado à prestação de assistência à saúde em
uma única especialidade/área. Dispõe serviço de urgência/
Hospital
3 emergência e SADT, podendo ter, ou não, SIPAC. Por fim,
especializado
vale acrescentar que este tipo de hospital é, geralmente, de
referência regional, macro regional ou estadual.
Ambulatório Clínica destinada à assistência ambulatorial em apenas uma
3
especializado especialidade/área da assistência.

Fonte: adaptado de CNES (2008).

Para que cada um destes tipos de EAS funcionem de maneira correta e


condizente com a função a qual se propõe executar, é necessário que haja
um planejamento dos métodos e das estratégias que nortearão o desenvolvi-
mento do projeto arquitetônico. Para isso, a elaboração de um Plano Diretor
Hospitalar (PDH) é fundamental para o funcionamento do EAS. Assim como
o Plano Diretor Municipal (PDM) orienta e dá diretrizes para o desempenho
adequado das cidades, o PDH é o documento que organizará os aspectos
físicos e criará ações operacionais do edifício hospitalar (MENDES, 2007).

27
Assimile
Os hospitais são instituições complexas que abrangem, além do trata-
mento médico, diversos setores, podendo desempenhar a função de
hotel, restaurante, lavanderia, farmácia, laboratório, empresa (adminis-
tração), dentre outros. Por isso, o planejamento é imprescindível para
que todos os setores funcionem dentro da sua própria individualidade,
além de se relacionar e trabalhar em conjunto.

Considerando a multidisciplinaridade de um EAS, o planejamento pode


ser subdivido em áreas, por exemplo, o planejamento econômico, o plane-
jamento tecnológico e a área na qual o arquiteto se torna o protagonista: o
planejamento físico-espacial. O arquiteto será responsável por projetar um
edifício que permite a integração dos diversos setores que compõem o EAS,
garantindo que seu funcionamento esteja de acordo com o modelo assisten-
cial definido pela equipe.
De acordo com Fabrício (2002), existem sete etapas em um processo de
projeto de arquitetura, explanadas na Figura 1.6. Cada uma delas envolve um
aspecto arquitetônico da obra e o cumprimento e a realização de suas orien-
tações garantem a eficiência projetual do empreendimento.
Figura 1.6 | Principais serviços e atividades do processo de projeto

28
Fonte: Mendes (2007, p. 82).

No decorrer da disciplina, abordaremos de forma mais enfática o produto da


segunda etapa deste processo: o projeto arquitetônico. Este, por sua vez, é subdi-
vidido em três etapas: estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo.
• O estudo preliminar é a representação gráfica do partido arquitetô-
nico por meio de desenhos técnicos. Este estudo utilizará os aspectos
levantados no PDH como base e deverá consolidar o programa de
necessidades definido previamente. Também faz parte do estudo preli-
minar a elaboração do memorial justificativo, no qual são descritas
todas as soluções escolhidas, fundamentadas em algum aspecto que
deve ficar claro neste relatório.
• O projeto básico consiste na apresentação técnica de tudo o que foi
definido no estudo preliminar, incluindo os projetos complementares,
como elétrico, hidráulico e estrutural.
• Já o projeto executivo detalha, de forma precisa e clara, todos os
elementos construtivos sem os quais seria impossível executar a obra.

29
O conteúdo destas etapas será retomado e aprofundado nas unidades
seguintes deste material.
Você pode estar se perguntando: mas qual caminho devo seguir para
atingir o resultado, que é o projeto arquitetônico? Christopher Alexander,
arquiteto austríaco, desenvolveu o design methodis, um método que sistematiza
o processo de criação (ALEXANDER, 1964; GÓES, 2004). Quando aplicado à
arquitetura, o método é decomposto em meta-projeto e projeto (Figura 1.7).
Figura 1.7 | Sistematização da metodologia de projeto

Fonte: adaptado de Góes (2004).

O conceito surgirá das discussões acerca do empreendimento, de


pesquisas bibliográficas, análise de projetos correlatos (lembre-se do reper-
tório de referências que criamos na seção anterior) e experiências acumu-
ladas ao longo da carreira. A elaboração do PDH pode sugerir alguns dos
aspectos que serão considerados no momento de conceituação do projeto.
Com o conceito definido, o próximo passo é a geração de requisitos, isto
é, a verificação das atividades que serão realizadas no projeto e consequente
determinação do programa de necessidades. Estas atividades deverão ser
hierarquizadas de acordo com a sua prioridade. A matriz de requisitos
identificará a relação entre os requisitos definidos anteriormente com a
finalidade de resolver o problema, ou seja, eliminar os conflitos e favorecer
a conexão das partes complementares. Esta matriz corresponde às etapas de
zoneamento funcional e fluxograma que serão apresentadas em um outro
momento. A última etapa antes da concepção final do projeto consiste no
diagrama espacial, no qual o arquiteto desenvolverá desenhos esquemá-
ticos para facilitar a leitura da estrutura do problema, definido na matriz de
requisitos. Os diagramas podem estar relacionados às partes do problema
ou à estrutura como um todo. Essa sequência esquematizada fornece os
meios pelos quais será possível determinar soluções do problema e atingir
o resultado. A partir do momento em que o arquiteto internaliza as etapas

30
do processo criativo, ele poderá desenvolver as suas próprias técnicas e seus
próprios métodos para concepção de projetos.

Exemplificando
Existem exemplos nacionais de profissionais que atuam na promoção
de novos processos e normas que regem a arquitetura hospitalar,
dentre eles: Sylvia Caldas Ferreira Pinto, que participa dos trabalhos
escritos pelo Ministério da Saúde; João Carlos Bross, que estuda sobre
técnicas de gerenciamento do projeto; e João Filgueiras Lima (Lelé), que
desenvolveu processos de padronização e industrialização aplicada aos
edifícios hospitalares.
A Rede Sarah é um exemplo de aplicação dos conceitos de pré-fabri-
cação desenvolvidos por Lelé durante seus estudos na Europa. Todos
os hospitais da rede utilizam sistemas pré-fabricados, desde a superes-
trutura até os objetos hospitalares (LUKIANTCHUKI et al., 2011). A
expansão da rede permitiu o aperfeiçoamento das técnicas, garantindo
estruturas mais leves e funcionais. Um destes materiais consiste na
argamassa armada, utilizada nas lajes da estrutura do Hospital Sarah do
Rio de Janeiro (Figura 1.8).

Figura 1.8 | Hospital Sarah do Rio de Janeiro

Fonte: Arcoweb. Disponível em: https://www.arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/ecoeficien� -


cia---arquitetura-bioclimatica. Acesso em: 8 jul. 2019.Novos métodos devem ser criados a fim
de resolver os problemas enfrentados, sejam eles de ordem geográfica, física-estrutural, social
ou econômica.

Novos métodos devem ser criados a fim de resolver os problemas


enfrentados, sejam eles de ordem geográfica, física-estrutural, social
ou econômica.

31
Um dos problemas enfrentados pela grande parte dos EAS modernos
e que merece destaque é a desumanização dos ambientes hospitalares. Na
seção anterior, vimos como os princípios da Academia de Ciências de Paris
transformaram o modo de projetar os edifícios de saúde. Nesse contexto,
surgiu o modelo construtivo pavilhonar, no qual a preocupação com a conta-
minação (até então acreditava-se que esta seria contida por meio de barreiras
físicas) originou uma estrutura que utilizava a ventilação, a iluminação e a
redistribuição das unidades funcionais como fatores dificultadores da disse-
minação de doenças. Desse modo, as construções eram concebidas sob os
princípios do conforto ambiental, provendo maiores quantidades de ar por
leito e pátios ajardinados para separação dos enfermos de acordo com a
patologia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944).
A partir do século XIX, os avanços tecnológicos permitiram identificar
os microorganismos (até então desconhecidos) como a causa da dissemi-
nação de doenças, além da adoção de técnicas de assepsia que se tornaram
mais eficazes que a disposição de barreiras físicas para eliminar os fatores
de contaminação (TOLEDO, 2008). Uma vez que o confinamento do ar e
a concentração de gás carbônico deixaram de ser responsáveis pela insalu-
bridade, surgiu um novo modelo arquitetônico denominado monobloco,
que concentrou todas as funções em um único bloco construtivo com vários
pavimentos. A preocupação excessiva com o rigor funcional dos hospitais
levou a uma abdicação de qualquer fator que não fosse necessário do ponto
de vista da clínica médica, o que afastou a prática terapêutica dos hospitais
modernos (TOLEDO, 2008).
Dessa forma, a humanização se apresenta como a maneira de tratamento
do paciente a partir da qual ele é visto como ser humano, e não apenas como
um doente. O foco do atendimento à saúde não deverá ser simplesmente
curar, e sim cuidar, por meio do conforto físico e psicológico oferecido ao
indivíduo. Este aspecto deve ser incorporado em todos os EAS, indepen-
dente do nível de complexidade, visando universalizar o tratamento humani-
tário na arquitetura hospitalar.

Pesquise mais
O seguinte artigo, de Júlio Nardino, descreve algumas ações de humani-
zação da arquitetura hospitalar e aponta as características a serem
observadas no PDH.
NARDINO, J. C. dos S. Planejando o hospital do futuro: a importância
do Plano Diretor Hospitalar. In: XII Semana de Extensão, Pesquisa e
Pós-Graduação (SEPesq). 2016.

32
Dessa forma, encerramos mais uma etapa de aprendizado sobre a arqui-
tetura hospitalar. Na próxima seção, compreenderemos as normas e leis
aplicadas ao projeto arquitetônico de edifícios da área da saúde.

Sem medo de errar

O escritório de arquitetura no qual você trabalha participará de um


concurso para o projeto de um Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS)
no bairro novo que está sendo construído. Agora que você já tem um reper-
tório de referências arquitetônicas, poderá iniciar o processo projetual. Você
deverá partir da elaboração de um Plano Diretor Hospitalar (PDH) que
orientará a execução do projeto arquitetônico. O PDH deverá conter um
breve histórico da cidade na qual o EAS será implantado, relacionando com
os dados de saúde do município (você poderá obter essas informações nos
órgãos públicos como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além disso, você deverá descrever e caracterizar o tipo de EAS a ser desen-
volvido: a Unidade Básica de Saúde (UBS). Verifique quais atividades ela se
propõe a realizar, qual o público atingido e os funcionários envolvidos. O
edital do concurso público prevê a construção de uma UBS com capacidade
de atendimento para 2.400 a 4.000 pacientes, ou seja, terá uma Equipe Saúde
da Família (ESF). Esta acompanhará o paciente provindo do Sistema Único
de Saúde (SUS) desde a sua chegada ao estabelecimento e terá contato perene
com o indivíduo. O Ministério da Saúde desenvolveu o Manual de Estrutura
Física das Unidades Básicas de Saúde, que poderá ser utilizado para identificar
as atividades oferecidas pela UBS. Este estabelecimento deverá resolver 85%
dos problemas de saúde da comunidade, e o encaminhamento dos pacientes
para centros especializados só deverá ocorrer na menor parte dos casos, apenas
quando necessário. Dessa forma, a UBS deverá oferecer serviços como recepção
(registro e marcação de consultas), consultas médicas e de enfermagem, trata-
mentos odontológicos, procedimentos como imunização, inalação e curativos,
atendimento de urgência básico e, apenas em casos de maior complexidade,
o encaminhamento para centros de urgência ou especializados. Além disso, a
ESF é responsável pelo mapeamento das características da saúde da população
e pelo planejamento de ações individuais ou coletivas, visando a promoção da
saúde e recuperação de doenças.
Após descrever as atividades realizadas na UBS, você deverá realizar a
caracterização do edifício. Uma vez que não existem edificações prévias e o
projeto será concebido por completo, não é necessário fazer a descrição dos
elementos físicos existentes. Dessa forma, você poderá analisar e refletir sobre
quais ações devem nortear o funcionamento e a elaboração da UBS. Faça
uma descrição de todas as diretrizes que orientarão a elaboração do projeto.

33
Você poderá incluir princípios como humanização, economia e tecnologias
neste texto. Por fim, este relatório será anexado ao memorial descritivo do
projeto e entregue ao final da disciplina.
Desenvolvido o PDH, partiremos para a conceituação do projeto, primeira
etapa descrita no método de projeto. Relacione o seu repertório de referên-
cias, o PDH, e as discussões acerca do assunto para criar um conceito próprio
deste projeto de arquitetura hospitalar. Tenha em mente que o conceito é o
aspecto no qual a edificação se destaca e no qual será fundamentada. Deve
ser algo palpável, como elaborar um projeto sustentável com base nas certi-
ficações, ou utilizar a industrialização para facilitar o processo construtivo.
O conceito não precisa representar apenas uma face do projeto e pode ser
destrinchado em vários fatores.
Um exemplo é o Dell Children’s Medical Center (Figura 1.9), no Texas
(EUA), que usou a sustentabilidade como um dos conceitos do projeto. Este
hospital foi o primeiro a obter a certificação LEED Platinum, que consiste em
uma espécie de selo de edificação sustentável utilizado globalmente.
Figura 1.9 | Dell Children’s Medical Center, Texas, EUA

Fonte: Polkinghorn Group Architects. Disponível em: http://www.polkinghorngrouparchitects.com/work/he�-


althcare/dell_childrens_medical_center.php Acesso em: 8 jul. 2018.

O PDH deverá ser redigido em forma de relatório e a conceituação do


projeto deverá ser demonstrada em uma folha sulfite tamanho A3. Para ilustrar

34
os conceitos escolhidos, você pode utilizar imagens. Além disso, não se esqueça
de diagramar a prancha para melhorar a apresentação do projeto. Anexe estes
documentos no memorial descritivo que será entregue ao final da disciplina.

Avançando na prática

Exemplos de humanização na área da saúde

Você e a equipe do seu escritório de arquitetura trabalharão em um projeto de


uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Você reconhece a importância de um bom
atendimento ao paciente e da influência que a arquitetura tem no tratamento das
doenças e, por isso, apresenta interesse em conhecer os princípios de humani-
zação dos espaços e alguns exemplos práticos. Sendo assim, você decide fazer uma
pesquisa que enriquecerá o seu repertório de referências, permitindo a incorpo-
ração do princípio básico da humanização em seu projeto. A leitura do seguinte
artigo intitulado poderá lhe ajudar a entender o processo de humanização.
TOLEDO, L. C. de M. Humanização do edifício hospitalar, um tema
em aberto. Rede HumanizaSUS, [s. d.].

Resolução da situação-problema
Para aprofundar o seu conhecimento sobre a humanização, leia o artigo
apresentado e anote os principais pontos de uma edificação humanizada.
Em seguida, pesquise por referências e exemplos da prática de humanização
em livros, revistas, sites na internet e artigos ou trabalhos acadêmicos, como
teses e dissertações. Escolha uma edificação hospitalar humanizada ou retire
os exemplos de princípios humanizadores de várias referências.
Um exemplo é o Hospital Miguel Piltcher, do arquiteto Irineu Breitman
(Figura 1.10), construído em 1973. As obras de Irineu muito se assemelham
aos projetos de João Filgueiras Lima, apesar de terem suas divergências
técnicas. A valorização da iluminação e ventilação naturais por meio do uso
de sheds é um dos pontos em comum dos arquitetos.
Figura 1.10 | Hospital Miguel Piltcher, Pelotas (RS), Brasil

35
Fonte: Toledo (2008, p. 205).

Apresente a caracterização da edificação humanizada e a análise de


projetos correlatos em uma prancha tamanho A3. Não se esqueça de identi-
ficar a(s) obra(s) (nome, local, data e arquiteto responsável) e utilizar imagens
para ilustrar os exemplos. Por fim, anexe a prancha ao memorial descritivo
que será entregue ao final da disciplina.

Faça a valer a pena

1. A rede de saúde pode ser caracterizada de acordo com o nível de atendimento em:
nível primário, nível secundário e nível terciário.

Com base nisso, analise as afirmações a seguir:


I. O nível primário é responsável pelos atendimentos de assistência à saúde e
ambulatório, com ações de saneamento e diagnóstico básico.

II. O nível secundário engloba o atendimento cirúrgico e ambulatorial com


diagnósticos baseados em exames laboratoriais.

III. O nível terciário está relacionado com os hospitais especializados e serviços


mais complexos de urgência e internação.

Assinale a alternativa que contém apenas as afirmações corretas.

a. Apenas as afirmações I e II estão corretas.

b. Apenas as afirmações II e III estão corretas.

c. Apenas as afirmações I e III estão corretas.

d. Todas as afirmações estão corretas.

e. Nenhuma das alternativas está correta.

36
2. O Plano Diretor Hospitalar (PDH) é um instrumento utilizado como suporte para
a elaboração de um projeto arquitetônico na área da saúde. Seu desenvolvimento é
fundamental para que a edificação seja concebida de forma adequada e apresente uma
funcionalidade eficiente.

Assinale a alternativa que melhor descreve o Plano Diretor Hospitalar (PDH).

a. Contém a legislação e normas vigentes para os edifícios de saúde.

b. Relaciona os itens do Plano Diretor Municipal (PDM) à arquitetura hospi-


talar.

c. Apresenta o conceito do projeto arquitetônico da edificação de saúde.

d. Cria diretrizes para as ações e soluções do projeto de arquitetura hospitalar.

e. Descreve a metodologia de projeto utilizada no processo criativo.

3. A metodologia tem como finalidade a estruturação do processo criativo que


envolve a criação de um projeto arquitetônico. O arquiteto austríaco Christopher
Alexander desenvolveu o design methodis, que envolve as seguintes etapas:

1. Diagrama espacial.

2. Matriz de requisitos.

3. Conceituação.

4. Geração de requisitos.
5. Solução arquitetônica.

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta das etapas do método.

a. 1 – 2 – 3 – 4 – 5.

b. 3 – 4 – 2 – 1 – 5.

c. 4 – 2 – 1 – 3 – 5.

d. 3 – 1 – 2 – 4 – 5.

e. 2 – 4 – 3 – 1 – 5.

37
Seção 3

Legislação vigente e normas pertinentes

Diálogo aberto
As leis e normas são fundamentais para a regulamentação e determinação
de critérios de segurança, conforto, funcionalidade e higiene, necessários em um
Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS). As atividades exercidas em um
EAS requerem situações específicas para que possam atuar de maneira eficiente.
Voltemos ao cenário em que você é um dos arquitetos que compõem
a equipe responsável por projetar uma Unidade Básica de Saúde (UBS)
no bairro novo da cidade na qual o escritório está instalado. Neste ponto,
você já criou um repertório de referências e desenvolveu o Plano Diretor
Hospitalar do EAS. O próximo passo é conhecer a legislação vigente para
que você tenha subsídio técnico no momento de projetar. A atividade desta
seção propõe uma análise de um projeto correlato, em formato de pranchas,
no qual você poderá verificar a relação entre a legislação e o projeto. Você
sabe qual é a função das leis e qual é o impacto que elas causam no desenho
de um projeto? Como uma lei pode determinar algumas diretrizes? Quais
elementos e soluções deverão estar contidas no projeto para que atenda às
normas do corpo de bombeiro?
Nesse sentido, conheceremos nesta seção as normas, as leis, os manuais e
outros documentos relacionados ao projeto de arquitetura hospitalar. Além
disso, discutiremos sobre o Ministério da Saúde e seu papel na promoção
de condições básicas para a população, as características de edificações e as
normas técnicas voltadas para os EAS.
O descumprimento de qualquer uma destas normas resultará na não
aprovação do projeto arquitetônico ou, ainda pior, em falhas funcionais e proce-
dimentais do EAS, que podem prejudicar a saúde e o bem-estar da população.
Prepare o papel e a caneta, pois o estudo da legislação vigente requer que
você identifique e anote as instalações necessárias a determinado ambiente,
dimensões mínimas de circulação, procedimentos e processos envolvidos
nas atividades médicas e de serviços, entre outras situações necessárias nos
ambientes hospitalares.
Está pronto para começar?

38
Não pode faltar

O Ministério da Saúde é o setor governamental responsável pelos assuntos


relacionados à saúde pública no Brasil. A primeira iniciativa em criar um
órgão público para a gestão da saúde surgiu com o governo de Getúlio
Vargas, no ano de 1930 (SILVA, 2017). Este presidente fundou o Ministério
dos Negócios da Educação e Saúde Pública, que passou a se chamar apenas
Ministério da Educação e Saúde alguns anos depois. Durante dezesseis anos,
a gestão da saúde e da educação ficou sob a responsabilidade de um único
ministério, até que, em 1953, houve uma fragmentação em Ministério da
Educação e Cultura e Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
A função do Ministério da Saúde é promover condições adequadas
de saúde a partir da redução de enfermidades, do controle de doenças
endêmicas, da vigilância dos setores de saúde, entre outros aspectos, garan-
tindo a melhora da qualidade de vida da população. A Lei nº 6.229, de 17 de
julho de 1975, instituiu o Sistema Nacional de Saúde e determinou as compe-
tências do Ministério da Saúde, por exemplo, “fixar normas e padrões para
prédios e instalações destinados a serviços de saúde” (BRASIL, 1975b). No
mesmo ano, surge o Decreto nº 76.973, de 31 de dezembro, que regulariza a
aprovação dos projetos relacionados à saúde.
A evolução das normas de saúde teve como ponto de partida uma publi-
cação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) com o título “Padrões
Mínimos Hospitais” no final da década de 1940. Este livro tinha como base
um manual elaborado pelo Departamento de Saúde Americano. Em 1954, o
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) publicou o título “Planejamento de
Hospitais”, uma obra literária que se originou do I Curso de Planejamento
de Hospitais do IAB-SP. Em 1965, o Ministério da Saúde publicou o livro
“Projeto de Normas Disciplinadoras das Construções Hospitalares”, um
aprimoramento das técnicas e modelos disponibilizados pelo SESP. Estas
normas foram utilizadas para a elaboração de projetos hospitalares até
1974, quando o Ministério da Saúde publicou as “Normas de Construção
e Instalação do Hospital Geral”, que tinha por finalidade a orientação dos
profissionais com relação às normas hospitalares sem, no entanto, limitar
as inovações de técnicas construtivas e partido arquitetônico. Estas normas
foram revisadas pela Portaria nº 400/BSB, de 6 de dezembro de 1977, e
novamente pela Portaria nº 1.884/GM, de 11 de novembro de 1994, a qual
está em vigor atualmente. A portaria originou o manual intitulado “Normas
para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”.
É sobre estas normativas que trataremos nesta seção.

39
Assimile
A aprovação de um projeto de arquitetura hospitalar é semelhante a
qualquer outro projeto. Assim como na aprovação de um projeto de uma
residência, por exemplo, o arquiteto deverá seguir as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) referentes à apresentação do projeto
arquitetônico (NBR nº 8402, 8403 e 8404 de 1984; NBR nº 10126 e 10068
de 1987; NBR nº 10582 de 1988; e NBR nº 10067 de 1995), bem como as
diretrizes determinadas pela prefeitura da cidade na qual será implantado,
como o Código de Obras e o Plano Diretor Municipal.
A diferença é que os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS)
deverão obedecer às normativas impostas pelo Ministério da Saúde,
que abrangem aspectos de circulação, conforto ambiental, controle de
infecções e contaminação, além de combate a incêndios.

De acordo com ao manual de Normas para Projetos Físicos de


Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (BRASIL, 1994a), podemos estabe-
lecer os seguintes critérios: circulações externas e internas, condições ambien-
tais de conforto, controle de infecção hospitalar e combate a incêndios.

Circulações externas e internas


As circulações externas e internas compreendem os acessos, o estaciona-
mento e as circulações horizontais e verticais e deverão estar em conformi-
dade com a Norma de Acessibilidade nº 9050/2015.
Os acessos devem ser o mais restrito possível. A setorização destes pode
ser realizada a partir de seis categorias:
• Paciente externo ambulante, doador e acompanhante.
• Paciente externo transportado e acompanhante.
• Paciente a ser internado - ambulante ou transportado.
• Cadáver, acompanhante e visita.
• Funcionário e residente, vendedor, fornecedor e prestador de serviço, etc.
• Materiais e resíduos.
O número de acessos depende do tamanho do EAS. Um EAS de pequeno
porte pode atender a várias categorias em um único acesso físico, enquanto
um mais complexo e de maior porte poderá ter vários acessos físicos de uma
mesma categoria.

40
A quantificação das vagas de estacionamento deve seguir as orientações
previstas na legislação municipal, sendo prevista ao menos uma vaga (ou
12,00 m²) para cada quatro leitos. Além disso, devem ser reservadas as áreas
de estacionamento das viaturas de serviço (ambulâncias, por exemplo).
As circulações horizontais correspondem aos corredores, que devem
ter largura mínima de 2,00 metros em casos de circulação de pacientes (seja
ambulante, cadeirante, transportado em maca ou cama) ou de tráfego intenso
de materiais ou pessoas. Ambos devem servir exclusivamente para circulação
e a largura mínima deve permanecer livre caso seja instalado um equipamento
como bebedouro, telefone público, extintores ou lavatórios. Corredores para
tráfego baixo de pessoas ou cargas podem ter largura mínima de 1,20 metros.
A dimensão das portas também deve ser observada. Com exceção das
portas utilizadas para passagem de macas, que devem ter largura mínima
de 1,10 metros, e em caso de portas de acesso às unidades de diagnóstico
e terapia, que requer largura mínima de 1,20 metros; as demais aberturas
podem apresentar largura de 0,80 metros. A altura de qualquer uma das
aberturas deve apresentar, no mínimo, 2,10 metros. As portas dos sanitários
de pacientes devem abrir para fora ou permitir a retirada da folha pelo lado
externo, caso o paciente esteja dentro do banheiro e precise de socorro.
As circulações verticais compreendem as escadas e rampas. Neste caso, além
das normativas referentes à prevenção de incêndio, à NBR nº 9050:2015 e aos
órgãos municipais, as circulações verticais devem atender a critérios específicos.
As escadas de uso dos pacientes devem ter uma largura mínima de 1,50 metros,
enquanto que as de uso exclusivo do pessoal pode ter largura mínima de 1,20
metros (Figura 1.11). Nenhum lance de escada pode vencer mais de 2,00 metros,
e não é permitido a utilização de degraus em leque. A largura mínima das rampas
deverá ser 2,00 metros ou, em caso de circulação restrita a funcionários, 1,20
metros. O número máximo de pavimentos a ser vencido pelas rampas é dois, e as
inclinações devem obedecer às regras da NBR nº 9050:2015.
Figura 1.11 | Exemplo de dimensionamento de circulação vertical

Fonte: elaborado pela autora.

41
Os elevadores devem obedecer às normas da NBR nº 14712:2013 e ser
instalados em um EAS no qual as atividades de unidade de internação, centro
cirúrgico, centro obstétrico, unidade de terapia intensiva e radiologia estejam
em um pavimento diferente do térreo e não acessíveis por meio de rampas.

Condições ambientais de conforto


O conforto ambiental dos edifícios parte de duas situações: a endógena,
na qual a construção garante o conforto do usuário por meio da eliminação
ou atenuação dos efeitos dos fatores externos (temperatura, umidade do
ar, poluição, entre outros), e exógena, que avalia o impacto causado pela
edificação no ambiente externo. A dimensão endógena deve ser garantida
desde que não interfira negativamente no entorno. As normas técnicas de
conforto ambiental (térmico, luminoso, acústico), de higiene e de segurança
do trabalho regem o funcionamento da dimensão endógena, enquanto
documentos como Código de Obras e Plano Diretor Municipal e leis do
Código Florestal estão relacionados à dimensão exógena.
As soluções encontradas para o conforto térmico e qualidade do ar
dependerá do tipo da unidade funcional. Ambientes que não exijam condi-
ções especiais de temperatura, umidade e qualidade do ar podem optar pela
iluminação e ventilação direta ou indireta. Já espaços que exigem o controle
da qualidade de ar devem ter soluções adequadas. Por exemplo, lugares nos
quais são realizadas atividades poluentes ou que emitem odores devem ser
dotados de exaustão mecânica. Algumas unidades funcionais demandam
soluções especiais devido ao tempo de permanência dos pacientes (como
as áreas de internação). Neste caso, as condições de temperatura, umidade
e qualidade do ar deverão prever a insolação (com o devido controle de
exposição), ventilação e exaustão diretas. Outros ambientes demandam
condições especiais devido aos equipamentos e às atividades realizadas. Um
exemplo são as salas de cirurgia, que necessitam de climatização artificial e
exaustão mecânica.
O conforto acústico também levará em consideração as unidades funcio-
nais do EAD. Partindo do princípio que para se obter o conforto térmico é
necessário isolar as fontes de ruído, os ambientes nos quais são realizadas
atividades produtoras de ruído (como as áreas de manutenção, lavanderia e
cozinha) deverão ser isolados acusticamente. Da mesma forma, os espaços
que abrigam pacientes e usuários que precisam de níveis mínimos de ruído
(como as salas de atendimento de emergência e urgência) também devem
apresentar tratamento acústico.

42
O conforto luminoso será atingido a partir do cumprimento das regula-
mentações dispostas na norma NBR ISO/CIE nº 8995-1:2013 e das diretrizes
do Código de Obras e Posturas do município. Algumas unidades funcionais,
em especial, necessitam da incidência da luz solar direta, como os ambula-
tórios, os consultórios, as salas de exame e observação, internação, materni-
dade e berçário, os laboratórios e as salas para diálise. A iluminação natural
deve ser complementada pela luz artificial em todos os ambientes nos quais
há a manipulação de pacientes.

Reflita
Relembre as obras de João Filgueiras Lima para a Rede Sarah de hospitais
e identifique as características utilizadas pelo arquiteto para promover
o conforto ambiental e o bem-estar dos pacientes e usuários. Observe a
Figura 1.12 que mostra um dos ambientes da unidade de Brasília.

Figura 1.12 | Hospital Sarah de Brasília, DF, Brasil

Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rede_Sa�-


rah_modelo_de_excel%C3%AAncia_na_gest%C3%A3o_de_hospitais_%C3%A9_refer%C3%A-
Ancia_para_a_cria%C3%A7%C3%A3o_da_Abram_(30611248367).jpg. Acesso em: 10 jul. 2019.

Além da iluminação e ventilação natural, o paisagismo também está


muito presente nas obras de Lelé. De que forma a vegetação pode atuar
na qualidade de vida da população?

Controle de infecção hospitalar


A infecção hospitalar é aquela contraída dentro do EAS, proveniente de
falhas operacionais e de planejamento. O controle de contaminação e infecção
hospitalar está relacionado a dois princípios: os procedimentos, que se referem
ao manuseio de utensílios, roupas e resíduos; e o projeto arquitetônico, no qual

43
o arquiteto tem papel fundamental. Diversos fatores interferem no controle
da contaminação, por exemplo: fluxos e padrões de circulação; transportes de
materiais, equipamentos e resíduos sólidos; sistemas de renovação de ar; facili-
dade de limpeza das superfícies e materiais; entre outros.
No que diz respeito aos critérios do projeto, um dos primeiros pontos
a se considerar a fim de evitar a infecção hospitalar é o zoneamento das
unidades funcionais. Isto implica no isolamento das áreas críticas (com risco
maior de infecção, como ambientes para internação de pacientes pós-cirúr-
gico ou no pós-parto, recém-nascidos, diálises, preparo de alimentos, entre
outros), áreas semicríticas (compartimentos ocupados por pacientes que não
se enquadram nas categorias de alto risco de infecção) e áreas não críticas
(ambientes não ocupados por pacientes).
O segundo aspecto a ser considerado é a adoção de barreiras físicas a
partir da compartimentação das etapas do procedimento. Qualquer atividade
que envolva a separação de objetos contaminados e não contaminados deve
prever salas ou equipamentos que permitam esse isolamento. Por exemplo,
os centros cirúrgicos, obstétricos, lactário, entre outros, recebem vestíbulos
acoplados a eles que funciona como uma barreira ao acesso direto a estes
ambientes. Estes vestíbulos são classificados em área limpa (sem contato com
material contaminado) e área suja (apresenta contato com material contami-
nado) e devem ser dispostos de maneira estanque e com acessos separados.

Exemplificando
A lavagem de roupas é outro processo que necessita de separação entre
a área limpa e a suja. Primeiro, existe a classificação da roupa suja, cujo
ambiente é tratado como altamente contaminado e deve apresentar
uma série de requisitos arquitetônicos (exaustão mecanizada, processo
de recepção da roupa por meio de carros ou tubulões, pisos e paredes
laváveis, entre outros). O processo de lavagem da roupa também neces-
sita de setorização. Uma das maneiras de solucionar esta situação é
por meio da adoção de uma máquina de lavar com porta dupla, uma
delas voltada para a área suja, na qual a roupa será depositada, e outra
voltada para a área limpa, na qual outro operador recolherá a roupa já
lavada. A comunicação entre estes compartimentos deverá ser feita por
meio de visores e interfones.

A adoção de barreiras físicas deve estar associada ao fluxo de trabalho


de determinados procedimentos, como nutrição e dietética, processamento
de roupas e central de esterilização de material. Por exemplo, o processo
de nutrição apresenta duas etapas: preparação (preparo dos alimentos

44
> envaze de refeições > distribuição) e lavagem (recepção > lavagem de
recipientes e utensílios > esterilização). A compartimentação deve se
adequar a este fluxo para garantir o funcionamento do processo. As ativi-
dades de recepção, desinfecção e separação de materiais são consideradas
áreas sujas, portanto devem ser realizadas em ambientes para uso exclusivo
e com paramentação adequada.
Os acabamentos e materiais utilizados no projeto devem permitir a sua
higienização. Pisos, paredes, balcões, etc. devem ser laváveis e resistentes a
agentes químicos de limpeza e desinfetantes. Os forros das áreas críticas não
podem ser removíveis.

Combate a incêndios
O primeiro passo para garantir o controle contra incêndios é permitir
a aproximação dos veículos do corpo de bombeiros. O edifício deve ser
acessado por pelo menos duas fachadas opostas e os acesos devem estar livres
de congestionamento.
O zoneamento dos ambientes do EAS deve ser setorizado de acordo
com as instalações físicas e função, a fim de identificar os espaços com
maior ou menor risco de incêndio. A compartimentação deve impedir que
o fogo se propague de um ambiente ao outro horizontal e verticalmente.
Dentre os setores, os que merecem atenção por terem maior risco são:
apoio ao diagnóstico e terapia (laboratórios), serviço de nutrição e dieté-
tica (cozinha), farmácia (área para armazenagem e controle), Central de
Material Esterilizado, processamento de roupa (lavanderia), arquivo e área
para armazenagem (devido ao material combustível), gerador e subestação
elétrica e caldeiras. Os setores de médio e alto risco devem ser interligados às
áreas de circulação ou garagem por meio de uma antecâmara, e não podem
ser utilizados como rota de via de escape.
Os materiais construtivos devem ser especificados de modo que resistam
à ação do fogo, em especial, do sistema estrutural e das portas dos setores de
incêndio. As escadas podem ser do tipo protegida (paredes e portas resistentes
ao fogo), enclausurada (paredes e portas corta-fogo) ou à prova de fumaça
(antecâmara com duto de ventilação). Devem ser dispostas, no mínimo, duas
escadas nas unidades de internação, situadas em posições opostas, e o raio de
abrangência não pode ultrapassar 15 metros, para os setores de alto risco, ou
30 metros, para os demais locais.
Os sistemas de detecção de incêndio e sinalização devem ser executados
em conformidade com NBR nº 17240:2010 e 9077:2001.

45
Pesquise mais
O Manual de Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assis-
tenciais de Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde, determina
critérios para instalações prediais ordinárias e especiais nos EAS.
Leia o capítulo 7, página 117 a 129, que trata das instalações hidrossani-
tárias, elétricas e eletrônicas, fluido-mecânicas e de climatização.
BRASIL. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assisten-
ciais de saúde. Brasília: DF/ Ministério da Saúde,1994a.

É importante ressaltar que o conteúdo deste material foi abordado de


maneira resumida e que sempre é possível consultar as normas técnicas, as
regulamentações e os documentos referentes ao projeto arquitetônico de EAS.
Dessa forma, encerramos a Unidade 1 sobre a arquitetura hospitalar.
Agora você já tem conhecimento sobre os fundamentos básicos para iniciar
o processo criativo de projetar.

Sem medo de errar

Imagine que o escritório no qual você trabalha esteja encarregado de


projetar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro novo da cidade na
qual mora. Você já tem um repertório de referências e elaborou o Plano Diretor
Hospitalar que orientará as decisões tomadas durante o processo de projetar.
Agora, você deverá desenvolver um quadro com o resumo de todas
as exigências indicadas no Manual de Normas para Projetos Físicos de
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, publicado pelo Ministério da
Saúde. Muitas delas já foram abordadas nesta seção, mas você pode consultar
o manual para obter informações mais precisas. Não se atenha apenas
às normas citadas, pois a intenção é criar um quadro que lhe auxiliará no
processo de projeto. Você pode utilizar outros documentos, como o Código
de Obras ou Plano Diretor Municipal, para complementar a pesquisa.
Faça um quadro e preencha as colunas com os requisitos apontados pela
norma e outras informações que você puder encontrar que forem pertinentes
ao projeto. Subdivida os critérios para projetos em: circulações externas e
internas, condições ambientais de conforto, controle de infecção hospitalar e
combate a incêndios. Dentro de todos estes critérios deverão conter os itens
relativos a ele. Por exemplo, no critério “circulações externas e internas”,
poderão ser elencados os itens: acessos, estacionamentos, circulações
horizontais e circulações verticais. Você também pode criar algumas colunas

46
como “tipo”, “dimensão e quantidade mínima” e “características”. A seguir, o
Quadro 1.2 mostra um exemplo que poderá ser seguido.
Quadro 1.2 | Modelo de quadro para resumo dos requisitos e características dos EAS
Dimensão e quantidade
Item Tipo Características
mínima
Critério: circulações externas e internas
Paciente externo
ambulante, doador
e acompanhante;
paciente externo
transportado;
paciente a ser inter-
Acessos

Depende do porte do Restrição (maior controle de


nado - ambulante
EAS. movimentação).
ou transportado;
cadáver; funcioná-
rios, fornecedor e
prestador de serviço,
outros; materiais e
resíduos.
Paciente externo
transportado;
paciente a ser
internado; visitas;
Estacionamentos

paciente externo de
12,00 m² ou uma vaga
ambulatório; funcio- Consultar Código de Obras
a cada quatro leitos ou
nários; fornecedores; municipal.
menos.
entregas (combus-
tível, mantimentos,
medicamentos, etc);
remoção de mortos;
remoção de resíduos.
1. Circulação de pacien-
tes: 2 metros de largura;
Circulação de pessoal e
de carga: 1,20 metros de
largura.
Desníveis superiores a 3 cm,
Circulações horizontais

usar rampa;
2. Passagem de macas e
Não é permitido usar o corre-
camas: largura mínima
dor como sala de espera.
1) Corredores; 1,10 metros, altura míni-
2) Portas. ma 2,10 metros;
Portas dos banheiros deve abrir
Unidades de diagnóstico
para fora e permitir retirada da
e terapia: largura mínima
folha para o lado externo.
1,20 metros, altura míni-
ma 2,10 metros;
Demais portas: largura
mínima 0,80 metros,
altura mínima 2,10
metros;

47
1. As larguras mínimas devem
estar livres de equipamentos
(bebedouros, telefones, etc.);
Distância entre a escada e a
porta do quarto mais distante
não pode ser superior a 35,00
1. Uso por pacientes,
metros;
largura mínima 1,50
Piso revestido com material
metros;
antiderrapante;
Uso por pessoal, largu-
Não são permitidos degraus
ra mínima 1,20 metros;
em leque;
Lance máximo a ser
Os degraus devem obedecer à
vencido: 2,00 metros
formula: 2 vezes altura +
(caso seja acima disso,
profundidade = 0,64 metros.
utilizar patamar inter-
mediário).
2. A rampa pode vencer, no
máximo, dois pavimentos;
2. Uso por pacientes,
Em caso de mudança de
largura mínima 2,00
direção, devemos ter patamares
metros;
intermediários;
Uso por funcionários,
São obrigatórios o piso an-
largura mínima 1,20
tiderrapante, o corrimão e o
metros;
Circulações verticais

guarda-corpo;
Pé direito mínimo: 2,00
1) Escadas; Não é permitido abrir portas
metros;
2) Rampas; sobre a rampa (caso seja
Inclinações admissíveis:
3) Elevadores; necessário, criar um vestíbulo
6,25% para desníveis
4) Monta-cargas; com, no mínimo, 1,50 metros
até 3,00 metros, 8,33%
5) Tubos de queda. de largura e 1,20 metros de
para desníveis até 1,50
comprimento).
metros, 10,00% para
desníveis até 0,274
3) É necessário em um EAS
metros, 12,5% para
que qualquer um dos seguintes
desníveis até 0,183
ambientes estejam em um pavi-
metros.
mento diferente do térreo e não
acessível por rampa: unidade de
3. Área mínima da
internação, unidade de diagnós-
cabine: 2,20 x 1,20
tico e tratamento dos pacientes
metros;
internados, centro cirúrgico,
Largura livre da porta:
centro obstétrico, unidade de
1,10 metros.
terapia intensiva e radiologia.
4) –
4) Devem ser dotados de porta
corta-fogo;
5) –
A abertura deve ser feita em
recintos fechados e nunca em
corredores.

5) Uso exclusivo para roupa


suja;
Mecanismo de limpeza e
desinfecção.

Fonte: adaptado de Brasil (1994a).

48
Complete o quadro com o restante dos critérios e elabore um relatório
com as informações. A partir disso, você deverá selecionar um projeto corre-
lato (um hospital, preferencialmente) e identificar quais soluções adotadas
no projeto foram impactadas pelas limitações e recomendações da legis-
lação. Identifique os pontos em comum entre a legislação apresentada no seu
relatório e os elementos projetuais. Apresente sua análise em pranchas no
tamanho A3 (no máximo 3) diagramadas (podem ser realizadas à mão, com
colagens dos projetos analisados, ou algum software de desenho gráfico).

Avançando na prática

Uso e ocupação do solo para edificações de


saúde

O Plano Diretor Municipal (PDM) contém a Lei de Uso e Ocupação do


Solo Urbano. Esta lei divide a cidade em zonas, cada uma com características
e padrões próprios. O zoneamento é determinado pelo grau de urbanização
e tem a finalidade de organizar a cidade, permitindo a compatibilização dos
usos e das atividades dentro do solo urbano. Cada município tem autonomia
para desenvolver o seu próprio PDM, porém, via de regra, cada zona
apresentará os usos permitidos, tolerados e permissíveis, além de regulamen-
tações, como área mínima do lote, tamanho mínimo da testada, coeficiente
de aproveitamento, taxa de ocupação e permeabilidade, altura máxima (em
pavimentos), recuos e afastamentos da divisa.
Os usos permitidos consistem em atividades compatíveis com a finalidade
da zona urbana. Os usos tolerados apresentam algum incômodo ou prejuízo
ao entorno que possa ser causado pela atividade exercida na edificação. Os
usos permissíveis dependerão da aprovação de uma comissão municipal e
poderão apresentar índices mais restritivos que os descritos na lei.
Cada cidade pode determinar sua própria classificação de usos, entre-
tanto, é comum utilizar a seguinte categorização:
• Usos habitacionais: unifamiliares, habitações coletivas, condomínio
horizontal, habitações de uso institucional, habitações transitórias e
residências em série.
• Usos comunitários: tipo 1 (atendimento direto ao uso residencial);
tipo 2 (lugar no qual há concentração de pessoas e veículos, divididos

49
em educação, saúde, lazer e cultura e culto religioso); e tipo 3 (ativi-
dades de grande porte).
• Usos comerciais: vicinal, de bairro, setorial, geral e específico.
• Usos industriais: tipo 1 (compatíveis com o uso residencial – não
causam incômodos); tipo 2 (não geradoras de fluxo intenso e compa-
tíveis com o entorno); e tipo 3 (usos e padrões específicos, como
agropecuária e uso extrativista).
• Usos de serviços: vicinal, de bairro, setorial, geral e específico.
Para implantar um Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS), é neces-
sário que o zoneamento da cidade permita o seu uso no bairro no qual se
deseja construí-lo. Desta forma, as edificações de saúde podem ser implan-
tadas em zonas que permitem o Uso Comunitário 1, no que se refere aos
ambulatórios de pequeno porte (postos de saúde), e mais enfaticamente no
Uso Comunitário 2 de Saúde.
Para compreender como funciona o uso e a ocupação do solo urbano, no
que diz respeito aos EAS, você deverá verificar, no PDM da sua cidade, quais
zonas permitem o uso na área de saúde e identificá-las em um mapa.

Resolução da situação-problema
Você deverá obter o PDM da sua cidade, seja fazendo uma busca no site
municipal, ou indo até a prefeitura e solicitando o arquivo, normalmente
disponibilizado em formato PDF. Dentro do PDM, você deverá encontrar a
Lei de Uso e Ocupação do Solo e identificar como é feita a classificação dos
usos e das atividades desenvolvidas no município. Tomando como exemplo
a cidade de Umuarama, no noroeste do Paraná, a zona que permite o Uso
Comunitário 2 - Saúde é somente a Zona Central (ZC), sendo que a ativi-
dade é tolerada nas zonas de Comércio e Serviços (ZCS), Zona Residencial
de Baixa Densidade (ZBD), Zona Residencial de Média Densidade (ZMD),
Zona Residencial de Alta Densidade (ZAD) e Zona de Serviços I (ZSI). As
zonas ZBD, ZMD e ZAD também permitem o Uso Comunitário 1 (com
ressalva para a ZBD, no qual o porte deve ser até 100m²).
Observe, no PDM da sua cidade, quais zonas permitem ou toleram o uso
para atividades de saúde. Em seguida, identifique no mapa do município
no qual estão estas zonas. Você pode usar cores diferentes de acordo com
o uso (Comunitário 1 ou Comunitário 2 de Saúde) e/ou de acordo com a
permissão (uso permitido ou tolerado).

50
Faça a valer a pena

1. A Lei nº 6.229, de 17 de julho de 1975, instituiu o Sistema Nacional de Saúde


e determinou as competências do Ministério da Saúde, por exemplo, “fixar normas
e padrões para prédios e instalações destinados a serviços de saúde”. A partir daí
surgiram vários manuais e normativas para regulamentar a instalação de Estabele-
cimentos Assistenciais de Saúde (EAS). O manual mais recente surgiu da Portaria nº
1.884/GM de 11 de novembro de 1994.

Assinale a alternativa que descreve o conteúdo do manual elaborado pelo Ministério


da Saúde em 1994.

a. O manual contém os critérios para elaboração do projeto de EAS, incluindo:


circulações, confortos ambientais, controle de infecção hospitalar, instalações
prediais e segurança contra incêndio.

b. O manual contém as legislações de uso e ocupação do solo urbano, envol-


vendo o zoneamento e a indicação dos setores que permitem o uso para ativi-
dades do setor de saúde.

c. O manual contém as dimensões e os parâmetros da construção, como taxa de


permeabilidade, área máxima ocupada pela edificação no terreno e número
máximo de pavimentos.

d. O manual contém a explanação dos procedimentos médicos que devem ser


seguidos pelos profissionais da área da saúde, de acordo com a atividade que
será realizada no ambiente.

e. O manual indica quais são os tipos de estabelecimentos voltados para a área


da saúde, apresentando que os postos e as unidades básicas de saúde estão
categorizados como nível primário de atendimento.

2. A infecção hospitalar é aquela contraída durante a internação do paciente, dentro


do próprio estabelecimento de saúde. O Ministério da Saúde criou diretrizes para o
controle da contaminação e infecção hospitalar, que devem ser utilizadas no projeto
arquitetônico de edifícios da área da saúde.

Com base nisso, avalie as afirmativas a seguir:

I. A setorização das atividades exercidas no edifício consiste em catego-


rizar os ambientes em áreas críticas, semicríticas e não críticas, de
acordo com o risco de contaminação.
II. Para maior isolamento das atividades, é necessário compartimenta-
lizar os espaços e classificá-los em áreas limpas e sujas a partir do
contato, ou não, com materiais e agentes contaminantes.

51
III. A compartimentação dos ambientes deverá prever a setorização dos
espaços de acordo com o maior, ou menor, risco de incêndio em baixo,
médio e alto risco.
IV. As superfícies devem permitir a sua completa higienização e serem
confeccionadas com materiais resistentes à ação de agentes químicos
e desinfetantes.
Assinale a alternativa que contém apenas as alternativas relacionadas ao controle da
infecção hospitalar.

a. Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.

b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

c. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

d. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.

e. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

3. Você é arquiteto e foi contratado para projetar um hospital geral privado com
capacidade para 1.500 leitos. O cliente já encontrou um terreno para implantar o
edifício, porém, quer a sua opinião antes de realizar a compra do lote. A Lei de Uso e
Ocupação da cidade mostra que o lote escolhido está inserido na Zona Residencial de
Baixa Densidade, cuja tabela de parâmetros é a seguinte:

Quadro 1.3 | Parâmetros de uso e ocupação do solo


ZONA RESIDENCIAL DE BAIXA DENSIDADE – ZBD
Parâmetros de uso e ocupação do solo
USOS
PERMITIDOS TOLERADOS PERMISSÍVEIS
Habitação unifamiliar Comércio e serviço vicinal Uso industrial tipo 1 e 25

Habitações unifamiliares Uso comunitário 24 – Condomínios
em série Ensino (porte até 100 m²)
Comércio e serviço vicinal Uso comunitário 24 – Saúde Loteamentos fechados
1¹ (porte até 100 m²)
Uso comunitário 1³ (porte Uso comunitário 24 -
até 100 m²) Religioso
Notas:
¹ Comércio e serviço vicinal 1: atividade comercial varejista, serviços pessoais ou profissional de pequeno
porte, de utilização imediata e cotidiana e não incômodas ao uso residencial.
² Comércio e serviço vicinal 2: atividades comerciais varejistas ou de prestação de serviços, de médio porte e
destinadas ao atendimento de um determinado bairro ou zona.
³ Uso comunitário 1: atividades de atendimento direto e funcional ao uso residencial, como ambulatórios, es-
tabelecimentos de assistência social, berçários, creches, hotéis para bebês, bibliotecas, estabelecimentos de

52
educação infantil (ensino maternal, pré-escola, jardim de infância) e estabelecimentos de educação especial.
4
Uso comunitário 2: atividades com concentração de pessoas ou veículos, níveis altos de ruídos e padrões
viários especiais.
5
Uso industrial. Tipo 1: atividades industriais compatíveis com o uso residencial, não incômodas. Tipo 2:
atividades industriais compatíveis ao seu entorno e aos parâmetros construtivos da zona, não geradoras de
intenso fluxo de pessoas e veículos.

Fonte: adaptado do Plano Diretor Municipal de Umuarama/PR (p. 64).

Considerando a zona na qual o terreno que o cliente escolheu está inserido, assinale
a alternativa correta.

a. O terreno está adequado para a implantação do hospital, pois na tabela consta


o Uso Comunitário 2 de Saúde como uso tolerado.

b. O terreno está adequado para a implantação do hospital, pois os usos permi-


tidos e tolerados pela zona compatibilizam as atividades residenciais e de saúde.

c. O terreno não está adequado para a implantação do hospital, pois na tabela


existe uma restrição quanto ao porte do Uso Comunitário 2 de Saúde.

d. O terreno não está adequado para a implantação do hospital, pois o Uso


Comunitário 2 de Saúde é classificado como uso tolerado, ou seja, não está
compatível com o uso residencial.

e. Não é possível saber se o terreno está adequado para a implantação do


hospital, pois a área do lote não foi informada pelo cliente.

53
Referências

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14712: elevadores elétricos: elevadores
de carga, monta-cargas e elevadores de maca: requisitos de segurança para projeto, fabricação e
instalação. Rio de Janeiro: 2013.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 17240: sistemas de detecção e alarme
de incêndio: projeto, instalação, comissionamento e manutenção de sistemas de detecção e
alarme de incêndio: requisitos. Rio de Janeiro: 2010.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: acessibilidade a edificações,


mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 3. ed. Rio de Janeiro: 2015.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9077: saídas de emergência em edifí-
cios. Rio de Janeiro: 2001.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO/CIE 8995-1: iluminação de


ambientes de trabalho: parte 1: interior. Rio de Janeiro: 2013.

AKPINAR, A. How is quality of urban green spaces associated with physical activity and health?.
Urban forestry and urban greening, v. 16, p. 76-83, 2016.

ALEXANDER, C. Notes on the synthesis of form. Cambridge, Massachusetts: Harvard


University Press, 1964.

ALMA-ATA. Declaração de Alma-Ata. URSS: Conferência Internacional sobre Cuidados


Primários de Saúde, set. 1978.

BARTON, J.; PRETTY, J. What is the best dose of nature and green exercise for improving mental
health? A multi-study analysis. Environmental science and technology, v. 44, n. 10, p. 3947-3955,
maio. 2010.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal/Centro


Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Decreto nº 76.973, de 31 de dezembro de 1975. Dispõe sobre normas e padrões para
prédios destinados a serviços de saúde, credenciação e contratos com o mesmo e dá outras
providências. Brasília: DF, 1975a.

BRASIL. Lei nº 6.229, de 17 de julho de 1975. Dispõe sobre a organização do Sistema Nacional
de Saúde. Brasília: DF, 1975b.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon-
dentes e dá outras providências. Brasília, DF: 1990.

BRASIL. Normas do Hospital Geral. Brasília: Ministério da Saúde/Secretaria de Assistência


Médica, 1974.
BRASIL. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília:
DF/ Ministério da Saúde, 1994a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
normas_montar_centro_.pdf. Acesso em: 10 jul. 2018.

BRASIL. Portaria 1.884/GM de 11 de novembro de 1994. Brasília: DF, 1994b.

BRASIL. Portaria 400/BSB de 6 de dezembro de 1977. Brasília: DF, 1977.

CARVALHO, A. P. A. de. Normas de Arquitetura de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde


no Brasil. Instituto de Pesquisas Hospitalares Arquiteto Jarbas Karman. Disponível em: http://
www.iph.org.br/revista-iph/materia/normas-de-arquitetura-de-estabelecimentos-assistenciais-
-de-saude-no-brasil. Acesso em: 10 jul. 2019.

CBCA – Centro Brasileiro de Construção em Aço. Técnica e arte a serviço da cura. Revista
Au – Arquitetura e Urbanismo, out. 2008. Disponível em: http://www.cbca-acobrasil.org.br/
noticias-detalhes.php?cod=3108&orig=obras&codOrig=90339. Acesso em: 8 jul. 2019.

CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde). Anexo do manual técnico do


cadastro nacional de estabelecimentos de saúde - Tabelas atualizadas. Brasília, DF: Ministério
da Saúde, 2008.

DZIURA, G. L. Três tratadistas da arquitetura e a ênfase no uso do espaço. Da Vinci, Curitiba, v.


3, n. 1, p. 19-36, 2006. Disponível em: <https://www.up.edu.br/davinci/3/303_tres_tratadistas_
da_arquitetura.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2019.

FABRÍCIO, M. M. Projeto simultâneo na construção de edifícios. 2002. 350 f. Tese (Doutorado


em Engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

GÓES, R. de. Manual prático de arquitetura hospitalar. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.

IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil. Planejamento de Hospitais. São Paulo: Departamento


de São Paulo, 1954.

LEE, A.; JORDAN, H.; HORSLEY, J. Value of urban green spaces in promoting healthy living and
wellbeing: prospects for planning. Risk management and healthcare policy, p. 131-137, ago. 2015.

LUKIANTCHUKI, M. A. A evolução das estratégias de conforto térmico e ventilação natural


na obra de João Filgueiras Lima, Lelé: hospitais Sarah de Salvador e Rio de Janeiro. 2010.
324 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2010.

LUKIANTCHUKI, M. A.; CAIXETA, M. C. B. F.; FABRICIO, M. M.; CARAM, R. Industrialização


da construção no Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS). Revista Vitruvius, jul. 2011.
Disponível em: http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.134/3975. Acesso em: 8 jul.
2019.

MENDES, A. C. P. Plano diretor físico hospitalar: uma abordagem metodológica frente a


problemas complexos. 2007. 184 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2007.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. História e evolução dos hospitais. Rio de Janeiro: Departamento
Nacional de Saúde/Divisão de Organização Hospitalar, 1944.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde no Brasil - do sanitarismo à municipalização. jun. 2017.


Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/historia-do-ministerio. Acesso em: 8 jul. 2019.

NARDINO, J. C. dos S. Planejando o hospital do futuro: a importância do Plano Diretor


Hospitalar. In: XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação (SEPesq). 2016. Disponível
em: https://www.uniritter.edu.br/files/sepesq/arquivos_trabalhos_2017/4368/1431/1680.pdf.
Acesso em: 8 jul. 2019.

SILVA, R. A. A Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública no Brasil. Trilhas


Pedagógicas, v. 7, n. 7, ago. 2017, p. 291-304. Disponível em: http://www.fatece.edu.br/arquivos/
arquivos%20revistas/trilhas/volume7/19.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

TOLEDO, L. C. de M. Humanização do edifício hospitalar, um tema em aberto. Rede


HumanizaSUS, [s. d.]. Disponível em: http://www.redehumanizasus.net/sites/default/files/
humanizacao_edificio_hospitalar.pdf. Acesso em: 8 jul. 2019.

TOLEDO, L. C. M. de. Feitos para cuidar: a arquitetura como um gesto médico e a humanização
do edifício hospitalar. 2008. 241 f. Tese (Doutorado em Ciências da Arquitetura) – Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

VALDETARO, O. et al. Padrões Mínimos Hospitais. Brasília: Ministério da Saúde/Serviço


Especial de Saúde Pública (SESP), [s.d.].

VALDETARO, O.; NADALUTTI, R. Projeto de Normas Disciplinadoras das Construções


Hospitalares. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Departamento Nacional de Saúde, 1965.

VITRUVIUS, M. P. Tratado de Arquitetura. São Paulo: Martins, 2007.

WESTPHAL, E. A Linguagem da Arquitetura Hospitalar de João Filgueiras Lima. 2007. 130


f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2010.

Você também pode gostar