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04/08/2020 Roteiro de Estudos

Per l Assistencial e Programação Arquitetônica em Saúde

Roteiro de
Estudos
Autor: Ma. Karen Cristina Oliveira Arantes
Revisor: Geraldo Oliveira

Olá! Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina de per l assistencial e programação arquitetônica em


saúde. A partir dela, você passará a entender o processo da evolução da arquitetura dos edifícios
assistenciais à saúde, como uma série de fatores in uenciaram suas transformações e como
novos cenários trazem formas inovadoras de abordar e entender as demandas desses edifícios.
Isso permitirá que consolide seus conhecimentos sobre os estabelecimentos assistenciais à
saúde.

Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:

entender a função dos edifícios de saúde ao longo do tempo;


conhecer os diferentes estabelecimentos assistenciais de saúde;
compreender os espaços e sua estrutura organizacional nos estabelecimentos assistenciais
de saúde;
reconhecer os fatores e a importância dos espaços humanizados.

Introdução
Ao longo da história dos estabelecimentos assistenciais à saúde, a superfície variou
substancialmente. Originalmente, um hospital era um edifício de abrigo e hospedagem,
passando a ser um espaço de isolamento de doentes e, posteriormente, absorvendo a função de
espaço de cura.

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Com o desenvolvimento das tecnologias médicas, o edifício se con gura como um equipamento
complexo, mudando a forma e as divisões das funções no interior do hospital. A evolução desses
edifícios é constante, em função de fatores extrínsecos e intrínsecos que in uenciam esses
ambientes.

A História e a Evolução
Arquitetônica dos Edifícios da
Saúde
A palavra hospital vem do latim hospes, que deu origem ao termo hospitalis, o qual signi ca lugar
onde se hospedam, além dos doentes, viajantes e peregrinos. Quando o local tratava aos pobres,
incuráveis e insanos, era designado como hospitium.

Com o cristianismo e as congregações religiosas, a relação entre a prática médica e a religião


estipulava que as instalações para receber os doentes, e os pobres deveriam ser adjacentes aos
edifícios sagrados ou aos conventos, já que as doenças eram tratadas como um castigo divino. A
planta física de cada sala de atendimento deveria ter um altar, e as camas deveriam permitir ao
paciente a observação dos atos religiosos para a sua cura e salvação.

Em 651, foi fundado o Hôtel-Dieu em Paris, administrado por freiras e que oferecia comida,
abrigo e cuidados médicos aos pobres, que tinham que dividir um dormitório com outras três
pessoas. A capacidade do Hôtel-Dieu na década de 1700 podia abrigar e atender a 3.500
pacientes, chegando ao nal do século 18, com um alto índice de contaminação, insalubridade e
mortalidade. Um incêndio em 1772 marcou o princípio da reforma e organização. Jacques Tenon
foi o precursor de uma série de memórias publicadas em 1788, denominada Mémoires sur les
hôpitaux de Paris, na qual, depois de uma análise de vários edifícios hospitalares existentes em
Paris e em outros países, se estabelece um diagnóstico dos edifícios que resulta em um conjunto
de normas arquitetônicas e funcionais na concepção e organização do espaço hospitalar.

O autor estabelece as seguintes recomendações: o número de leitos nunca excederia 1.200; não
haveria salas contínuas, as salas estariam dispostas, de modo a permitir a ventilação cruzada
com abertura de todos os lados e uma excelente iluminação natural; os pavilhões estariam
implantados no terreno em ordem paralela, com jardins entre os blocos, e as fachadas estariam
direcionadas uma ao norte e outra ao sul; poderiam ser construídos até três andares, facilitando
a divisão das funções e das categorias de enfermos.

O Hospital Lariboisiere foi construído em Paris, em 1854, seguindo o movimento higienista e


aplicando rigorosamente as ideias de Tenon, sendo considerado o primeiro exemplo desse novo

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conceito arquitetônico. O hospital abrigava um total de 600 camas e era composto por um
conjunto de blocos de três pavimentos, formado por eixos que determinam uma hierarquia
funcional, distribuído em 10 alas paralelas, unidas por um corredor e dispostas em volta de um
jardim retangular, com a capela situada no eixo principal.

Em 1860, a descoberta da transmissão de germes nos trabalhos de Louis Pasteur demonstrou a


necessidade de combater o contágio e a transmissão de doenças com a separação dos pacientes
e a esterilização dos utensílios médicos. A utilização de pavilhões foi o partido arquitetônico
escolhido para resolver esses edifícios hospitalares. No século 20, as instituições hospitalares
agregam tecnologia nos seus espaços, exigindo no seu planejamento um cuidado maior com as
instalações, por conta da infraestrutura predial e a crescente preocupação em separar pacientes
com diversas patologias, estabelecendo controle de uxos e circulações. Nasce, então, o modelo
de hospital monobloco, com a justaposição de pavimentos técnicos que acompanhou o
desenvolvimento da ciência médica e o aumento de usuários que, até então, não tinham acesso
a essas instituições.

Histórico da Arquitetura Hospitalar no Brasil


No Brasil, a Santa Casa da Misericórdia surgiu no período colonial, com a nalidade de cuidar dos
pobres, enfermos e necessitados em ação de solidariedade e caridade aos cristãos. O primeiro
hospital do período colonial foi construído em Santos, em 1543, seguindo o modelo da Santa
Casa de Misericórdia de Lisboa, que estava próximo a edifícios religiosos.

No início do século 20, o conceito da arquitetura hospitalar foi introduzido na atual capital do
Brasil por Oswaldo Cruz, com as iniciativas da erradicação da peste bubônica, da febre amarela e
da varíola, estabelecendo a criação dos mata-mosquitos e da vacinação em massa da população.
Com as ações de Oswaldo Cruz e a reforma higienista que ocorriam no governo, surgiram
diversos edifícios para assistência médica.

Até a segunda metade do século 20, período no qual a arquitetura moderna brasileira se
destacou, os novos edifícios que apresentavam programas mais complexos utilizavam os
conceitos de modernidade de Le Corbusier. Com a criação do edifício do Ministério da Educação
e da Saúde Pública (MES), isso consolidou-se ainda mais. Como exemplo dessa época, podemos
citar: a Maternidade Universitária de São Paulo (1944), do arquiteto Rino Levi.

O projeto da Maternidade apresenta um partido inovador com a organização dos volumes


funcionais a partir de um uxograma que impede a infecção hospitalar. O arquiteto utilizou
volumes para setorizar o edifício e dividi-lo entre auditório, apartamentos e ambulatório e
conectar os três volumes por meio de um quarto volume de circulação hierarquizada.

Em 1990, depois de um largo período de crise e desarticulação na gestão hospitalar no país,


implementou-se o Sistema Único de Saúde (SUS), descentralizando os serviços de assistência à
saúde e causando um grande impacto na implantação física dos Estabelecimentos Assistenciais à

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Saúde (EAS) e a necessidade de compatibilização entre a tecnologia médica e de apoio ao


diagnóstico e à terapia presentes nessas estruturas.

LIVRO

Ambiente e arquitetura hospitalar


Autor: Graciele de Matia
Editora: Intersaberes
Ano: 2017
Comentário: a leitura a seguir fornecerá uma informação mais
detalhada sobre a história da Arquitetura Hospitalar,
contribuindo para o conhecimento de como a função dos
espaços atuais foi sendo modi cada e a importância de cada um
deles. Leia atentamente o Capítulo 1, “O hospital: história e
conceitos”, antes de fazer sua análise.
Disponível em: Biblioteca Virtual Laureate.

Os Diferentes Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde e seu Per l
Assistencial
Os EAS são estabelecimentos prestadores de serviço de saúde para a população, sendo públicos
ou privados, e com a nalidade de proteção, prevenção, recuperação e reabilitação de saúde do
indivíduo ou de acesso aos pacientes, em regime de internação ou não, qualquer que seja seu
nível de complexidade.

A estrutura física hierarquizada e integrada da rede de saúde no Brasil apresenta-se da seguinte


forma:

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Figura 1 - Estrutura da rede de saúde no Brasil


Fonte: Góes (2011, p. 6).

Posto de saúde: agrupamento de 500 e 2.000 habitantes. Presta atendimento de primeiros


socorros e assistência para uma determinada população.
Centro de saúde / Unidade Básica de Saúde (UBS): presta atendimento à saúde da mulher,
da criança, do adulto e do idoso, oferecendo atendimento odontológico, requisição de
exames e acesso a medicamentos.
Unidade de Saúde Familiar (USF): assemelha-se ao atendimento da UBS, diferenciando-se
pelo atendimento à prevenção de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
Unidade de Pronto Atendimento (UPA): faz parte da Rede de Atenção às Urgências, com o
atendimento de média complexidade, oferecendo raio x, eletrocardiograma, laboratório de
exames e leitos de observação. Os pacientes podem permanecer em observação por até 24
horas ou ser encaminhados a um hospital.
Unidade mista: para agrupamentos populacionais entre 10.000 a 20.000 habitantes. É
destinada ao atendimento básico e integral à saúde, como urgência e emergência.
Hospital local: para agrupamentos de até 50.000 habitantes. A prestação de atendimento
no hospital local é básica ou por especialidades, classi cadas como urgência e emergência,
contando com serviço de apoio ao diagnóstico terapêutico de média complexidade.
Hospital regional: para agrupamentos entre 50.000 e 100.000 habitantes. Destina-se à
prestação de assistência à saúde de urgência, ou atendimento com clínicas básicas e
internação, contendo laboratório de patologia, equipamentos de diagnóstico, centro
cirúrgico, centro obstétrico e UTI.
Hospital especializado: é destinado à prestação de assistência à saúde em uma única
especialidade em serviço de urgência, emergência ou de apoio ao diagnóstico terapêutico.

Por per l assistencial, entende-se:

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[...] toda a oferta de atendimento ou de serviços assistenciais do hospital e por


mudança a introdução de um novo serviço, o atendimento de um novo agravo
ou a introdução de uma tecnologia, bem como a exclusão, a diminuição ou a
ampliação de sua oferta (BINSFELD; RIVERA; ARTMANN, 2017, on-line).

O reconhecimento e a de nição do público a ser atendido, por meio de critérios como faixa
etária, atendimento a morbidades especí cas, necessidades da população referência ou tipo de
demanda atendida, seja espontânea, seja referenciada, são aspectos que devem ser abordados
para a de nição do per l assistencial da unidade, fazendo-se imprescindível o conhecimento
desse per l para que se criem arranjos espaciais que sejam condizentes com a unidade. Muitas
vezes, as unidades estão sobrecarregadas por realizarem um atendimento que poderia ter sido
feito em outra unidade e que acabou comprometendo e utilizando os pro ssionais das unidades
de emergência/urgência, como um paciente que necessita cuidados mínimos, mas se encontra
em unidade de observação de uma emergência, descaracterizando o tipo de assistência prestada
naquela unidade.

As mudanças do per l assistencial podem ocorrer em razão do(a):

aumento da demanda de emergência, por doença vascular, renal crônica e câncer;


per l demográ co, pelo envelhecimento da população;
mudança da incorporação de serviços, em que a rede não atende mais seus pacientes ou
por solicitação do Ministério da Saúde;
perda de pro ssionais em razão do baixo investimento tecnológico;
perda de serviços, por conta da ausência ou aposentadoria dos pro ssionais ou o
deslocamento deles para outra unidade;
mudança provocada pela municipalização, deixando o hospital sem equipamento ou
insumos.

O reconhecimento do per l assistencial pode identi car o modo como os hospitais se


con guram e quais os fatores e os atores envolvidos neles. A necessidade da identi cação de
instrumentos adequados a um melhor gerenciamento facilita o reconhecimento dos recorrentes
problemas dessas organizações, melhorando a qualidade da assistência à saúde com o
planejamento da oferta de serviços conforme as necessidades e as demandas da população.

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ARTIGO

O processo de conformação do per l assistencial nos hospitais federais da


cidade do Rio de Janeiro, Brasil
Autores: Luciane Binsfeld, Francisco Javier Uribe Rivera e Elizabeth Artmann
Ano: 2017
Comentário: a leitura a seguir fornecerá uma análise da conformação do per l assistencial em
um hospital do Rio de Janeiro, visando à estratégia, propostas e resolução dos problemas
identi cados. O caso apresentado no texto ajudará a entender a problemática vivenciada pelos
gestores e como o per l assistencial in uencia nos estabelecimentos assistenciais à saúde. Leia
atentamente o artigo.

ACESSAR

Espaços e Diretrizes
Arquitetônicas Básicas dos
Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde
De acordo a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 50, de 21 de
fevereiro de 2002,

[...] não há programas arquitetônicos pré-de nidos, e sim uma listagem de


ambientes que deve ser usada pela equipe de planejamento do EAS na medida
em que se está montado o programa desse, ou quando o projeto está sendo
analisado para ns de aprovação (ANVISA, 2002, on-line).

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Ao elaborar um programa arquitetônico, o pro ssional deverá consultar a RDC-50, que é um


instrumento normativo para o planejamento de EAS em que deverão ser descritas quais
atividades serão realizadas de forma a identi car os espaços necessários para tais atividades,
adequando as características epidemiológicas, populacionais e geográ cas das regiões onde
estão inseridas.

Os aspectos de dimensionamento e as instalações prediais dos ambientes


encontram-se organizados em colunas próprias nas tabelas. A quanti cação
refere-se ao número de vezes em que o mesmo ambiente se repete. O
dimensionamento é expresso pela quanti cação e dimensões espaciais do
ambiente, ou seja, o tamanho do ambiente (superfície e dimensão), em função
do equipamento e/ou população presentes (ANVISA, 2002, on-line).

A RDC nº 50 estabelece que são oito as atribuições que se desdobram em atividades e


subatividades nas EAS:

1. Atendimento Ambulatorial: abrange as atividades de enfermagem, consultórios e


internação.
2. Atendimento Imediato: abrange as urgências e as emergências.
3. Internação: geral e de pacientes em tratamento intensivo.
4. Diagnóstico e Terapia: abrange os espaços como o centro cirúrgico, obstétrico, radioterapia,
imagenologia etc.
5. Apoio Técnico: conta com os espaços de farmácia, material esterilizado, nutrição e dietética.
6. Ensino e Pesquisa.
7. Apoio Administrativo.
8. Apoio Logístico: conta com os espaços como o necrotério, processamento de roupa etc.

De acordo com o Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de Investimentos em Saúde


(SomaSUS), os setores mínimos dos EAS devem compreender:

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Quadro 1 - Setores básicos de cada estabelecimento assistencial à saúde


Fonte: Adaptado de Brasil (2011).

E, entre as diretrizes arquitetônicas básicas dos estabelecimentos assistenciais de saúde,


podemos citar:

Sistema Construtivo: a importância de escolher um sistema construtivo adequado e


compatível ao se projetar um edifício de assistência da saúde deve-se à dinâmica das
atividades desenvolvidas, das grandes mudanças da área médica e do avanço tecnológico
na área de técnicas terapeutas. Dessa forma, os edifícios devem possuir espaços
adaptáveis, tanto na alteração do uso quanto na introdução de novas instalações e
equipamentos. O edifício deverá ser exível de forma que as vedações internas sejam
facilmente removidas e xadas, que os equipamentos sejam facilmente instalados, que as
instalações sejam adequadamente mantidas e que as expansões sejam realizadas sem que
necessitem mudanças no sistema estrutural ou alterem a organização e a funcionalidade
original.
Flexibilidade: é a capacidade dos espaços se adaptarem a novas necessidades. Os
requisitos que devem ser considerados no momento da concepção do projeto são: a
regularidade e a modulação das estruturas com a concepção dos espaços visando à
expansão; a proximidade de áreas com maior complexidade funcional com uma de menor
complexibilidade, permitindo que um espaço cresça sem maiores perdas; a utilização de
jardins e pátios entre os blocos, fazendo com que possam ser acrescidos espaços sem
alterar a função do edifício.
Racionalidade: é a capacidade do sistema construtivo de proporcionar a máxima e ciência
espacial e construtiva, visando reduzir os custos iniciais, os custos envolvidos no uso e a
manutenção ao longo da vida útil da edi cação. Para isso, a concepção do projeto deverá
ser um trabalho multidisciplinar do programa arquitetônico até a construção, em conjunto

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com a equipe médica, terapeutas, enfermeiros, administradores hospitalares e


construtores, para que haja intercâmbio de informações e decisões interdisciplinares.
Conforto Acústico: nos EAS, deverão ser observados os grupos que utilizam os espaços, de
modo que haja menor quantidade de ruído, e os tipos de equipamentos neles utilizados, os
quais, muitas vezes, demandam barreira acústica. A Norma NBR 10.152 (ABNT, 2017)
estabelece os níveis de ruídos para conforto acústico, e a norma NBR 12.179 (ABNT, 1992), o
tratamento acústico em recintos fechados.
Conforto Luminoso: nos EAS, o conforto luminoso deve-se às atividades do espaço, aos
grupos que o utilizam e/ou ao equipamento neles localizados. Pode-se ou não necessitar de
luz natural, exclusivamente arti cial ou da obscuridade. A Norma NBR 5413 (ABNT, 1992)
estabelece a iluminância de interiores.

O planejamento hospitalar tem de promover o desenvolvimento das estruturas físicas e torná-las


extremamente exíveis de forma a responder às constantes necessidades de alterações e
ampliações. Entre outros fatores que regem as diretrizes do projeto desde a sua fase inicial, os
espaços devem estar de acordo com os equipamentos utilizados, prevendo a estrutura para
suportar o peso e material para evitar a dispersão da radiação. Outro fator não mencionado, mas
que, no futuro, será parte das considerações obrigatórias na concepção de um projeto, é a
certi cação LEED com a prática de construções sustentáveis, viáveis economicamente e com alto
desempenho ambiental.

LIVRO

Gestão hospitalar: da organização ao serviço de apoio


diagnóstico e terapêutico
Autor: Anísio de Moura
Editora: Manole
Ano: 2016
Comentário: a leitura a seguir fornecerá mais informações para
o entendimento do processo de evolução de alguns espaços em
função dos avanços tecnológicos dos estabelecimentos
assistenciais à saúde de forma a orientar também a resolução da
nossa situação-problema. Leia atentamente o Capítulo 2, “A
arquitetura do serviço de apoio diagnóstico e terapêutico”, antes
de fazer sua análise.
Disponível em: Biblioteca Virtual da Laureate.

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A Estrutura Organizacional, Fluxos


e a Setorização
A uidez do hospital dependerá da sua estrutura organizacional e da setorização que
determinará também o uxo, os percursos e o tipo de pessoa que circulam por cada unidade,
como pacientes, funcionários, visitantes, materiais etc. As circulações e os acessos também
exercem papel importante em caso de incêndio e na prestação de atendimento, diminuindo
grandes rotas que o pro ssional ou o paciente deve fazer, e no controle do acesso de pessoas no
interior da edi cação, por meio de número reduzidos de entrada.

O uxo exerce a sua in uência sobre certos aspectos fundamentais do projeto de arquitetura,
tais como: a setorização e o agrupamento; as relações entre as unidades funcionais; a escolha da
morfologia; os acessos e as entradas; os estacionamentos; as circulações; e a orientação.

Os uxos podem ser classi cados em interfuncionais e intrafuncionais:

Os uxos interfuncionais compreendem o uxo de diversas unidades funcionais


dentro do hospital (Paciente externo, Paciente interno, Acompanhantes,
Funcionários, Insumos, Material contaminado e resíduos sólidos, Cadáver,
Visitantes). Os uxos intrafuncionais são os que ocorrem dentro de uma só
unidade funcional ( uxos contaminados, uxos sem riscos de contaminação)
(ELIZALDE; GOMES, 2009, on-line).

Pacientes externos: atendimentos imediatos como urgência, emergência, diagnóstico,


terapia etc.
Pacientes internos: pacientes internados.
Acompanhantes: uxo de familiares dos pacientes internos ou externos.
Funcionários: uxo dos pro ssionais de saúde; pessoal médico; pessoal de enfermagem;
técnicos superiores de saúde; técnicos de diagnóstico e terapêutica; auxiliares de ação
médica e pessoal com destino ao exercício de funções de secretariado clínico.
Insumos: uxo de insumos que circulam por diferentes unidades funcionais, como roupa
limpa, material, medicamentos e alimentos, sejam eles processados ou não; material
cirúrgico esterilizado; medicamentos; equipamentos; entre outros.
Material contaminado e resíduos sólidos: uxo de roupa suja e resíduos dos serviços de
saúde.
Cadáver e visitantes.

Os fatores que in uenciam o uxo e que determinam a operacionalidade, a segurança e a


exibilidade dos edifícios assistenciais à saúde são: a setorização ou agrupamento; as relações

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entre as unidades funcionais; a escolha da forma/con guração da unidade (vertical ou


horizontal); os acessos e as entradas; os estacionamentos; as circulações; e a orientação.

Depois de de nido o programa hospitalar, com os diferentes espaços e as dimensões


correspondentes, a setorização analisa a distribuição espacial e funcional e se organiza com os
uxos hospitalares.

No processo de setorização também merecem consideração os fatores:


climáticos como a orientação do edi cado em relação à insolação e os ventos
dominantes, a topogra a, a drenagem, as características do terreno, a
hierarquia dos acessos em torno do terreno e a densidade das construções
vizinhas (TOLEDO, 2006, p. 4).

O Manual Prático de Arquitetura Hospitalar se apoia na Resolução da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 (ANVISA, 2002, on-line), e nas
portarias do Ministério da Saúde e nos mostra um exemplo de setorização funcional e do uxo
com alguns setores em um EAS, como podemos analisar:

Figura 2 – Exemplo de setorização e uxos de um hospital


Fonte: Elaborada pela autora.

A setorização e os uxos são fatores importantes no partido arquitetônico de um projeto de


estabelecimentos assistenciais à saúde, pois o correto entendimento desses dois fatores no
momento de projetar um edifício garantirá a segurança nos cuidados e tratamentos de saúde e
reduzirá a distância de interligação entre os setores, facilitando, acelerando o atendimento e
aumentando a con ança e bem-estar entre funcionários e pacientes.

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ARTIGO

O estudo dos uxos em hospitais complexos: a Avaliação Pós-Ocupação (APO)


aplicada a um estudo de caso
Autoras: Andrea D'Angelo Leitner Thomazoni e Sheila Walbe Ornstein
Ano: 2015
Comentário: a leitura a seguir abordará a questão dos uxos a partir de possíveis falhas
analisadas em estudos de comportamento dos diferentes uxos que existem em edifícios
hospitalares, como os con ituosos e os que surgiram com as readequações dos espaços.

ACESSAR

Fatores que In uenciam Espaços


mais Humanizados
Durante a Idade Média, os edifícios hospitalares nada mais eram que espaços insalubres com
iluminação e ventilação precárias, destinados ao depósito de pacientes que esperavam pela
morte. As paredes eram grossas, e as janelas eram reduzidas porque se acreditava que o ar era
transmissor das enfermidades. Com a entrada da medicina no hospital e as preocupações com
saúde e doença, mudaram-se a estrutura, a administração e o modo de fazer essas atividades.
Esse novo ambiente, com as novas tecnologias e as novas práticas de inserção multidisciplinar,
torna a intervenção dos pro ssionais cada vez mais especí ca. Os espaços são responsáveis por
cuidar, tratar e salvar, porém a visão que se tem do paciente se torna cada vez mais holística, ou
seja, todos os pacientes possuem uma mesma característica e o que varia são suas
enfermidades.

A humanização procura formas de projeto que proporcionem a satisfação e o bem-estar dos


usuários, favorecendo-se da organização espacial e da ambientação de forma a ajudar no
processo de recuperação dos pacientes.

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No ano 2000, surgiu por iniciativa do Ministério da Saúde o Programa Nacional de Humanização
da Assistência Hospitalar, que “ofereceu a oportunidade de propor, discutir e empreender um
processo de mudanças na cultura de atendimento vigente nos hospitais” (BRASIL, 2001, on-line)
por meio de um manual e da participação das secretarias estaduais e municipais de saúde, com
o objetivo principal de incentivar a valorização dos trabalhadores do SUS, a ampliação das
ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e conselhos de saúde e a promoção da
pessoa como valor fundamental nas práticas de saúde por meio do aprimoramento da relação
pro ssional/paciente e hospital/comunidade. A humanização nos setores de saúde inclui
também um trabalho multidisciplinar para aprimorar diversas áreas de forma que o processo de
humanização encontre um ambiente organizado e, consequentemente, favorável para o seu
desenvolvimento.

Ao que cabe aos arquitetos e pro ssionais relacionados ao projeto arquitetônico dos EAS, a RDC
nº 50 do Ministério da Saúde (ANVISA, 2011, on-line) aborda alguns pontos relevantes para os
espaços mais humanizados, tais como: oferecer climatização adequada e com controle de
infecção, dispor de espaços destinados à recreação e à terapia ocupacional, brindar assistência
psicológica, conforto e higiene aos pacientes, médicos, alunos, público e funcionários etc.

Porém, na RDC nº 50 (ANVISA, 2011, on-line) não constam alguns pontos que deveriam ser
considerados como mínimos para criar espaços mais humanizados, tais como:

Integração com a natureza do entorno (se existente) e a criação de jardins interiores ou


exteriores, aquários ou obras de arte com temas relacionados à natureza.
Permitir o uso de cores relaxantes, de luz natural, sons agradáveis, estímulos visuais com
obras de arte e criação de espaços lúdicos.
Conforto higrotérmico, ou seja, controle de acúmulo de calor, retirando a umidade em
excesso com a circulação de ar, privilegiando o uso de iluminação natural e o
aproveitamento das condicionantes climáticas (ventilação e iluminação natural), além do
controle das fontes de ruídos.
Criação e utilização de espaços com banho de sol e descontração aos pacientes.

Um dos principais exemplos do uso dessas questões em edifícios hospitalares é a Rede de


Hospitais Sarah Kubitschek, projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima, conhecido por ‘’Lelé’’ e
citado durante o curso nas pílulas de resolução do caso. A concepção dessas áreas de lazer ao ar
livre proporciona maior liberdade de movimento aos usuários e uma valorização dos espaços de
convivência, facilitando e motivando o tratamento.

O arquiteto é um exemplo a seguir-se ao relacionar os aspectos naturais com a arquitetura,


como a luz, a ventilação natural e o entorno com vegetação, que é sempre escolhido para a
implantação das suas obras.

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ARTIGO

Humanização do edifício hospitalar: um tema em aberto


Autor: Luiz Carlos de Menezes Toledo
Ano: 2005
Comentário: a leitura a seguir auxiliará no entendimento sobre como os fatores da
humanização dos espaços colaboram no tratamento de algumas doenças de forma a orientar
também a resolução da nossa situação-problema. Leia atentamente o artigo, antes de fazer sua
análise.

ACESSAR

Conclusão
A partir do nosso roteiro de estudos, pudemos ter um panorama sobre os assuntos e as
particularidades que regem um projeto arquitetônico de estabelecimentos assistenciais à saúde,
possibilitando que você desenvolva uma análise sobre os edifícios existentes e os aspectos a
serem trabalhados na elaboração de um projeto arquitetônico para tornar a edi cação mais
adequada à realização de suas funções, na atualidade e no futuro.

Foram analisadas as questões da exibilidade, da setorização, dos uxos e dos espaços mais
humanizados, e, nesse contexto, compreendemos a importância do trabalho multidisciplinar nas
decisões para o partido arquitetônico e na elaboração de um Plano Diretor para suprir as
necessidades acima mencionadas.

Referências Bibliográ cas


ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.179: tratamento acústico em
recintos fechados: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.

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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: iluminância de interiores.


Rio de Janeiro: ABNT, 1992.

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