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A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DE EMERGÊNCIA EM UNIDADE DE

TERAPIA INTENSIVA COM A PARTICIPAÇÃO DO ACOMPANHANTE

RESUMO

A humanização do ambiente hospitalar tem sido bastante abordada atualmente, pois


existe uma grande preocupação por parte dos profissionais de saúde, principalmente
da equipe de enfermagem, em oferecer uma assistência com qualidade,
especialmente, no que diz respeito aos pacientes hospitalizados em uma Unidade
de Terapia Intensiva. Sabe-se que os membros da família, quando bem preparados,
têm condição de ficar mais tempo junto ao seu familiar e serem envolvidos no
processo de recuperação, que, além de beneficiá-los, diminui o sentimento de
desamparo. Porém é necessário entender a sua influencia do acompanhante na
recuperação do paciente. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com método
exploratório, buscando-se colher conhecimentos sobre os fatores relacionados ao
acompanhante em Unidade de Terapia Intensiva Adulto, mediante levantamento da
literatura científica da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS-BIREME) pelo acesso as
bases eletrônicas de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de
Saúde) e BDENF (Bases de dados em Enfermagem). Entende-se ser importante a
permanência do acompanhante no período de internação no que diz respeito ao
apoio emocional que este pode proporcionar ao paciente. O acompanhante pode
contribuir não só afetivamente, mas também na prestação de alguns cuidados que
vêem em benefício do paciente. Assim, o acompanhante de pacientes internados em
UTIs, atualmente tem sido um aspecto, bastante discutido, constituindo-se um dos
pontos básicos apontados como fator de humanização destas unidades, uma vez
que se propõe a amenizar o isolamento imposto aos pacientes neste ambiente. No
entanto, a problemática da separação da família permanece, devido às normas
administrativas rígidas que dificultam o atendimento das necessidades individuais
desses pacientes e suas respectivas famílias.

Palavras-chave: Humanização; Enfermagem; Acompanhantes de Pacientes;


Unidade de Terapia Intensiva.

ABSTRACT

The humanization of the hospital environment has been widely approached today,
since there is a great concern on the part of health professionals, especially the
nursing team, to offer quality care, especially in regard to patients hospitalized in a
Therapy Unit Intensive. It is well known that family members, when well prepared,
are able to spend more time with their relatives and be involved in the recovery
process, which, in addition to benefiting them, reduces the feeling of helplessness.
However, it is necessary to understand their influence on the patient's recovery. This
is a bibliographic research with an exploratory method, seeking to gather knowledge
about the factors related to the companion in the Adult Intensive Care Unit, through a
survey of the scientific literature of the Virtual Health Library (BVS-BIREME) for
access to the electronic databases of LILACS (Latin American Literature in Health
Sciences) and BDENF (Databases in Nursing). It is understood to be important the
stay of the companion in the period of hospitalization with respect to the emotional
support that this can provide the patient. The companion can contribute not only
affectively but also in providing some care that they see for the benefit of the patient.
Thus, the companion of patients hospitalized in ICUs, has been an aspect, quite
discussed, constituting one of the basic points pointed as a factor of humanization of
these units, since it is proposed to soften the isolation imposed on the patients in this
environment. However, the problem of family separation remains due to rigid
administrative rules that make it difficult to meet the individual needs of these
patients and their families.

Keywords: Humanization; Nursing; Accompanying Patients; Intensive Care Unit.

1 INTRODUÇÃO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) caracteriza-se como um ambiente


altamente agressivo e invasivo, em função da intensidade das situações ou da
iminência de eventos (MORGON, GUIRARDELLO, 2004).
A UTI caracteriza-se como unidades complexas dotadas de sistema de
monitorização contínua que admitem pacientes potencialmente graves ou com
descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que com o suporte e
tratamento intensivos tenham possibilidade de se recuperar (Resolução N°71 de
08/11/1995 do CREMESP).

1.1 CONCEITO E ESTRUTURA

A UTI nasceu da necessidade de oferecer suporte avançado de vida a


pacientes agudamente doentes que porventura possuam chances de sobreviver,
destina-se a internação de pacientes com instabilidade clínica e com potencial de
gravidade. É um ambiente de alta complexidade, reservado e único no ambiente
hospitalar, já que se propõe estabelecer monitorização completa e vigilância 24
horas.
As doenças são inúmeras, o que torna muito difícil a compreensão de todas
elas. Porém, os mecanismos de morte são poucos e comuns à todas as doenças. É
atuando diretamente nos ditos mecanismos de morte que o médico intensivista tira o
paciente de um estado crítico de saúde com perigo iminente de morte, pondo o
mesmo em uma condição que possibilite a continuidade do tratamento da doença
que o levou a tal estado (doença de base).

1.1.1 A Instituição Hospitalar

Os hospitais são instituições que trabalham com muitos recursos, sejam estes
materiais ou humanos. Mas, seu foco é o ser humano, ou seja, prestar assistência
de qualidade a estes utilizando os diversos materiais que envolvem o cuidado
assistencial. Mas, contextualizando historicamente o hospital nem sempre teve essa
conotação conforme relato a seguir:

Os primeiros hospitais datam do final do século 18. É nesse período que a


Academia de Ciências da França busca uma padronização para os hospitais
existentes, a partir de uma série de viagens de pesquisa, cujo objetivo era
estudar aspectos físicos e funcionais para transformar os depósitos de
doentes da época em instituições que buscassem a assistência à saúde, um
local de prática médica. Antes do século 18, os hospitais serviam para
separar os enfermos da sociedade, para esperar morte, não havendo quase
nenhuma intervenção sobre a doença ou o doente (GURGEL et al., 2002, p.
5).

O hospital, antigamente funcionava como uma espécie de abrigo para os


pobres, necessitados, indigentes, os excluídos de sociedade. Mas, por volta do fim
do século XVIII e começo do século XIX existiu uma verdadeira mudança
concernente a assistencial do hospital, devido a uma mudança radical na
epistemologia médica e seu crescente espaço e poder no hospital.
A permissão da autópsia de cadáveres e as descobertas simultâneas dos
microorganismos e do bacilo da tuberculose por Pasteur e Koch, respectivamente,
fizeram com que as doenças, antes entidades invisíveis, passassem a ser concretas
e bem definidas. A medicina, então, é legitimada como saber e ciência, e isso
assegurava aos médicos primazia em relação aos outros inúmeros curadores,
sobretudo os clérigos, cujo poder já fora bastante diminuído pela realeza
(FERREIRA, 2005, p. 5).
Portanto, se antes os hospitais estavam a cargo dos religiosos, agora depois
das descobertas científicas com o advento das guerras, (principalmente após a
segunda guerra mundial) estes passaram a serem instituições cuidadoras de
doentes, detentores de conhecimento científicos.
No Brasil, nas últimas décadas, têm ocorrido crises nos diversos setores
sociais, político, econômico e moral e isto tem refletido diretamente sobre a saúde,
gerando implicações sérias na qualidade da assistência oferecida à população.
As organizações hospitalares, públicas ou privadas, estão inseridas num ambiente
complexo e singular que as condiciona a um funcionamento inadequado diante da
lógica da acumulação lucrativa dos mercados. Pois, independentemente de sua
natureza, ambas as condições estão subordinadas a princípios éticos e legais que
normatizam o setor saúde e às políticas governamentais, que colocam os hospitais
frente a uma diversidade de interesses divergentes a contemplar (GURGEL et al.,
2002, p. 5).
A assistência hospitalar pode ser desempenhada de duas maneiras: pública
ou privada. Mas, o que tem ocorrido por volta da década de noventa do século
passado é que esta assistência tem adquirido características empresariais, ou seja,
tudo gira em torno do custo benefício, como uma empresa prestadora de serviços,
mas isto, não deve ser o papel destas instituições, pois, estas lidam com os bens,
mais preciosos: saúde e vida. Assim, os gastos dos procedimentos em saúde podem
ser mitigados, mas isto não deve, em hipótese alguma, atrapalhar a qualidade da
assistência oferecida aos pacientes.
A assistência hospitalar nos aparece como esfinge. Seus mistérios nos
ameaçam continuamente. Não há certeza quanto a se os leitos são suficientes, se
são excessivamente caros, se a atenção prestada é de boa qualidade, se é mais
conveniente os hospitais serem grandes ou pequenos, etc. Práticas de saúde ainda
influenciadas pelo tradicional paradigma flexeriano cujo conceito de saúde é tomado
em sua negatividade, ao pensar a saúde enquanto a ausência de doença, dor e
morte, tendo a organização dos serviços medicamente definida (VECINA et al.,
2007, p. 2).
De acordo com Nogueira (2004), na assistência hospitalar tem comprava-se
os interesses: dos usuários que exige assistência das mais variadas formas; dos
trabalhadores da saúde, que procuram sua sustentação e reivindicam boas
condições de trabalho; dos acionistas dos hospitais privado, que tem a finalidade de
lucro; os da rede de fabricantes e distribuidores de insumos, das empresas
seguradoras e planos de saúde, que estabelecem uma relação comercial com o
hospital; e, finalmente, dos poderes formalmente constituídos na gerência hospitalar
e no governo, que têm nos objetivos técnicos e no alcance de metas programáticas
da política de saúde o seu foco. Diferentemente dessa lógica, alguns profissionais
de saúde tentam romper com essa lógica, destacamos no comentário a seguir o
esforço que a Enfermagem empreende para prestar uma assistência condizente
com seus princípios profissionais:

Cuidar em Enfermagem que incluísse o ser humano e que se distanciasse


do modelo predominantemente biologicista, mecanicista e centrado nas
respostas orgânicas. “É o Cuidado individualizado visando resgatar os
aspectos que se encontram encoberto pela hospitalização. É feito tentando
atender o cliente em todas as necessidades, mantendo a relação
EnfermeiroCliente integrada, de forma a vê-lo como um “ser completo” como
um “todo”, respeitando a individualidade, ouvindo-o, informando-o que esta
fazendo e o que vai fazer tirando as dúvidas, proporcionando conforto
(COELHO, 2006, p. 2).

É válido ressaltar, que as normas e rotinas fazem parte desse cuidado


tratandose dos direitos e deveres do paciente hospitalizado, mas estas devem ser
flexíveis quando houver necessidades. É preciso, que os profissionais de saúde
estejam engajados no cuidado humanizado que buscam compreender o cliente
como um todo os olhando holisticamente. Assim, cabe aos profissionais realizar
cuidados técnicos sem esquecerse do cuidado humanizado e isto requer mudanças
os de postura, atitudes, pois se sabe que a grande maioria destes não está
preparada para lidar com as questões sociais e individuais dos clientes.
Faz-se necessário, maior empenho dos profissionais e população na tentativa
de mobilizar e conscientizar mais pessoas sobre a importância da humanização
hospitalar. Segundo os documentos do Programa “Humanizar” seu objetivo é:
“ofertar atendimento de qualidade, articulando os avanços tecnológicos com
acolhimento, com melhoria nos ambientes de cuidado e das condições de trabalho
dos profissionais” (BRASIL, 2004).

1.2 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE

Unidade de Terapia Intensiva é um ambiente que concentra pacientes graves


e recuperáveis, cuidados por profissionais que se empenham para maximizar suas
chances de viver mais e, principalmente melhor e com uma assistência de qualidade
e humanizada, tendo nos últimos anos um considerável crescimento e
aprimoramento de ações concretas destinadas a promover a humanização da
assistência hospitalar no âmbito das UTIs (SALICIO; GAIVA, 2006).
Humanizar de acordo com os valores éticos consiste fundamentalmente, em
tornar uma prática bela, por mais que ela lide com o que tem de mais degradante,
doloroso e triste na natureza humana, o sofrimento, a deterioração e a morte.
Refere-se, portanto, a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao
outro e de reconhecimento dos limites. O ponto chave do trabalho de humanização
está no fortalecimento desta posição ética de articulação do cuidado técnico
cientifico, já construído, conhecido e dominado, ao cuidado que incorpora a
necessidade, a exploração e o acolhimento do imprevisível, do incontrolável, ao
indiferente e singular (MORAES et al, 2004).
A humanização é essencial na fase de hospitalização para o paciente, pois
este se encontra com doença grave e inesperada, podendo acarretar um
desequilíbrio na estrutura familiar. A família exerce um papel importante na
recuperação do paciente e, muitas vezes, suas necessidades são desconhecidas
pelo enfermeiro. As necessidades são caracterizadas por situações ou eventos de
caráter físico e emocional, que podem ser vivenciadas por familiares de pacientes
com uma doença grave e inesperada, internados na UTI. Essas necessidades
podem ser exemplificadas por situações ou eventos como: saber quem pode dar
informação ao familiar, sentir que há esperança de melhora, saber qual tratamento
médico está sendo dado e ter orientações gerais sobre a UTI (MORGON,
GUIRARDELLO, 2004).
Os pacientes que estão em uma UTI passam por muito estresse, pois além de
estarem doentes são mantidos sem roupa para facilitar uma eventual emergência e
passam por muitos procedimentos durante o dia. A presença da família, nesses
casos, traz segurança afetiva ao paciente e ainda é um fator de melhoria da
qualidade da assistência prestada (MACIEL; SOUZA, 2006).
É muito importante tanto para o paciente como para família compreender a
UTI como etapa fundamental para superação da doença, porém tão importante é
aliviar e proporcionar conforto independente do prognóstico. A equipe está orientada
no respeito a dignidade e auto-determinação de cada pessoa internada,
estabelecendo e divulgando a humanização nos seus trabalhos, buscando amenizar
os momentos vivenciados através do paciente e família. A UTI é sem dúvida muito
importante para o avanço terapêutico, porém impõe nova rotina ao paciente onde há
separação do convívio familiar e dos amigos, que pode ser amenizada através das
visitas diárias. Outro aspecto importante é a interação família-paciente com a
equipe, apoiando e participando das decisões médicas.
Com isto, tal estudo tem por finalidade realizar um levantamento bibliográfico
para verificar os benefícios e malefícios em relação ao acompanhante na Unidade
Terapia Intensiva Adulto.

2 OBJETIVO

Verificar se a presença do acompanhante na Unidade de Terapia Intensiva


influencia na recuperação do doente.

3 METODO

O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica com


método exploratório, buscando-se colher conhecimentos sobre a influência do
acompanhante em Unidade de Terapia Intensiva Adulto.
Esta pesquisa bibliográfica foi realizada mediante levantamento da literatura
científica da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS-BIREME) pelo acesso as bases
eletrônicas de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde) e
BDENF (Bases de dados em Enfermagem), os artigos foram encontrados no período
de 1985 a 2007, adotando-se sequencia cronológica e temática. Utilizaram-se os
seguintes critérios: artigos científicos publicados em periódicos nacionais, teses e
dissertações que abordaram a influência do acompanhante para a recuperação do
paciente em Unidade de Terapia Intensiva Adulto.
Definiram-se os descritores de saúde: humanização; enfermagem;
acompanhantes de pacientes; unidade de terapia intensiva. Tal busca mostrou as
obras científicas que fundamentaram o entendimento do estudo proposto.
Esse procedimento metodológico permitiu selecionar 19 referências, através
dos descritores: acompanhante e UTI; família e UTI; visitante e UTI; acompanhante
e terapia intensiva; família e terapia intensiva e visitante e terapia intensiva; as quais
foram analisadas de acordo com os seguintes itens: dados referentes ao artigo;
localização do estudo; tipo de divulgação; objetivo do estudo; tipo de metodologia;
assim foram excluídas 06 referências por não obterem dados apropriados ao
objetivo desejado.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

A visita de familiares tem surgido como forma de atender as necessidades de


pacientes e familiares, causadas pela separação conseqüente à hospitalização.
A família é uma extensão do paciente e cuidar dele também requer cuidar das
pessoas queridas. Os familiares sofrem muito das mesmas crises que seus entes
queridos na UTI, freqüentemente mostram-se ansiosos temerosos e se sentem
muito desamparados sem sua capacidade de intervir e a ajudar o paciente.
De acordo com Gotardo e Silva (2005), quando um membro da família é
hospitalizado na UTI, todo o equilíbrio do sistema familiar é afetado. Os familiares se
desequilibram emocionalmente com mais intensidade do que os próprios pacientes
sentem-se distanciadas deles e sem possibilidade de assumir parte do cuidado o
que comumente gera sentimento de impotência, desolação e culpa.
Desta mesma forma Morgon; Guirardello (2004), afirmam que é muito difícil
para os familiares, com pouca ou nenhuma experiência, estar adequadamente
preparados para uma situação de doença inesperada, quando necessitam tomar
decisões com relação ao cuidado de seu familiar, contribuindo para que o impacto
cumulativo de uma doença possa resultar no rompimento das atividades diárias dos
familiares.
A informação oferecida ao acompanhante é muito importante, principalmente
para conhecer o que é uma UTI, o que se faz para os clientes internados e como é o
trabalho dos funcionários dessa unidade. O familiar precisa estar seguro de que a
pessoa internada receberá toda a assistência de que necessita (MACIEL; SOUZA,
2006).
Segundo os estudos feitos por Souza (1988), os pacientes internados em
unidades de internação e UTIs de hospitais governamental e privado mostram que a
separação da família é um dos problemas mais sentidos pelos pacientes. Estes que
até então tinham seus papéis definidos na família, vê esses papéis freqüentemente
invertidos ou alterados, sendo colocados em um ambiente estranho entre
profissionais que lhes são pessoas desconhecidas, sendo privados do
relacionamento de seus familiares, sendo essa uma necessidade básica do ser
humano que é o gregarismo, o que o torna participante de grupos sociais.
A hospitalização é uma fase do processo em que a família passa a enfrentar a
realidade movida pela crença de que o familiar irá melhorar, mesmo que seja
informada pelo médico sobre os tipos de tratamentos e sobre as mínimas chances
de recuperação, ainda assim, a família se mostra disposta a estar com o doente,
seja qual for à situação (SILVA; BOCCHI, 2005).
Segundo Morgon; Guirardello (2004) é muito difícil para os familiares, com
pouca ou nenhuma experiência, estar adequadamente preparados para uma
situação de doença inesperada, quando necessitam tomar decisões com relação ao
cuidado de seu familiar, contribuindo para que o impacto cumulativo de uma doença
possa resultar no rompimento das atividades diárias dos familiares.
O artigo 26, dos Direitos do Paciente, garante o “... direito a acompanhante,
se desejar, tanto nas consultas, como nas internações. As visitas de parentes e
amigos devem ser disciplinadas em horários compatíveis, desde que não
comprometam as atividades médicas...”.
Segundo Silva, Bocchi (2005), a família que deseja permanecer junto ao
doente no hospital, pelos seguintes motivos: insegurança, interesse no paciente,
sentimento de co-responsabilidade pela recuperação do paciente, oportunidade de
aprender, obrigação, respeito e simplesmente para estar junto. Um sofrimento
marcante da família, durante a hospitalização, pode ser claramente percebido
quando ela conhece um diagnóstico. A família sofre profundo abalo em sua estrutura
emocional, sente-se insegura e aterrorizada e há profundo estresse em todos os
seus integrantes.
Em relação aos cuidados hospitalares, alguns enfermeiros vêem como
positiva a interferência da família sob dois aspectos: quando ajuda a enfermagem a
cuidar do paciente ou quando dá informações sobre o estado dele aos profissionais
de saúde; porém a maioria deles encara a interferência da família como negativa,
talvez por não compreender que, quando a família interfere, pode estar expressando
sua afetividade para com seu ente querido (SILVA; BOCCHI, 2005).
Na realidade, o que se percebe no cenário hospitalar é que, na maioria das
vezes, é reservado ao doente adulto ou idoso o direito a receber visitas em horários
pré-determinados, conforme preconizado pela lei e, salvo em algumas situações,
quando a enfermeira autoriza acompanhante, principalmente para aqueles doentes
totalmente dependentes. Contudo, dificilmente o paciente e a família são
informados, especificamente, sobre o seu direito a ter um acompanhante.
Deve-se levar em conta que, além de envolver o cuidado ao paciente, a
humanização estende-se a todos aqueles que estão envolvidos no processo saúde-
doença, ou seja, envolve, além do doente, sua família.
Por esse motivo podemos entender porque algumas instituições estão
começando a colocar acompanhantes de 24 horas nas UTIs. No entanto, há muita
resistência das instituições e da equipe multiprofissional quanto à liberação de
visitas em Terapia Intensiva de Adulto (MACIEL; SOUZA, 2006).
A presença de um acompanhante de 24 horas muitas vezes pode, ao invés
de ajudar pode interferir negativamente o paciente em seu prognóstico e a própria
equipe multiprofissional. Isso ocorre quando o mesmo se encontra inseguro e
desinformado, portanto o enfermeiro tem como importante o papel de informar e
orientar o acompanhante (MACIEL; SOUZA, 2006).
O trabalho da Enfermagem deve ser eficiente e prestado de forma
humanizada, ao se estabelecer o cuidado, este deve ser sistematizado e holístico, a
fim de promover a qualidade da assistência e o cuidado emocional. Deste modo, a
comunicação é essencial para uma melhor assistência ao cliente e à família que
estão vivenciando o processo de hospitalização, sendo o enfermeiro o profissional
capacitado a reconhecer a interação enfermeiro–cliente–família, estabelecendo
atitudes de sensibilidade e empatia entre todos (SIQUEIRA et al, 2006).
Segundo Siqueira et al (2006), o enfermeiro tem o compromisso e a obrigação
de incluir as famílias nos cuidados de saúde, pois o significado que o acompanhante
dá para o bem-estar e à saúde de seus membros, bem como à influência sobre a
doença faz com que a assistência à família seja parte integrante da prática de
enfermagem.
Nos dias de hoje, os grandes hospitais compreendem a importância da
presença do familiar não somente nos horários de visitas, mas também durante todo
o período, pois, acredita-se que o paciente não fica à vontade quando está sozinho
num ambiente estranho, ficando retraído, muitas vezes passando a impressão de
que não está bem. Com a família, ele se sente mais à vontade e mostra seu
verdadeiro estado. Nos casos em que o doente tem dificuldades para falar, por
exemplo, são os acompanhantes que ajudam a identificar suas necessidades
(CQH).
Mesmo os hospitais possuindo regras mais rígidas, estes estão abertos ao
diálogo com as famílias e à flexibilização do tempo de visita. Hoje, a única exigência
que se faz é que os visitantes lavem as mãos antes de entrar numa UTI. É o que
basta para evitar as infecções. Apesar da flexibilização das regras, os
acompanhantes não podem ficar o tempo todo no quarto ou no box da UTI,
principalmente quando os médicos ou enfermeiros realizam algum procedimento.
Nesses momentos, eles precisam se retirar para a sala de espera, pois, podem
atrapalhar na execução da assistência (CQH).
Devido a isso Morgon e Guirardello (2004), fizeram um estudo que teve por
objetivo validar a escala de necessidades de familiares em uma Unidade de Terapia
Intensiva. Porém Souza (1988), afirma que há indícios que a visita de familiares
pode acarretar agravos no paciente.
Não é suficiente deixar os familiares entrar na UTI, é necessário a adesão dos
mesmos para potencializar o trabalho da equipe de saúde. Para tanto, é preciso
esclarecer suas dúvidas, observar suas emoções e comportamentos e compreendê-
los. Acrescentamos a necessidade de prepará-los para entrar na UTI e ver seu
familiar abatido, portando aparelhos, fios, sondas, drenos e ainda para serem
flexíveis sempre que possível em relação ao tempo de permanência junto ao
paciente (GOTARDO; SILVA, 2005).
Morgon e Guirardello (2004), concluíram com esse estudo que o enfermeiro
deve identificar essas necessidades para que possa implementar uma assistência
de qualidade entendendo que o paciente na UTI estende-se ao seu familiar, ou seja,
é importante envolver a família no planejamento das ações de enfermagem, no
entanto é necessário que a equipe de enfermagem esteja predisposta a essa
possibilidade, a fim de acolher o familiar.
A presença do acompanhante não é percebida favoravelmente, pelos
profissionais de enfermagem, foram raros os entrevistados que viram aspectos
positivos (LACERDA; CARVALHO; ROCHA, 2004).
Conforme entendem Lautert, Echer, Unicovski (1998), o acompanhante é todo
e qualquer indivíduo que receba ou não remuneração e que permaneça ao lado do
paciente por um período consecutivo e sistemático, proporcionando companhia,
apoio emocional e, eventualmente execute cuidados sob orientação ou supervisão
da equipe de enfermagem.
É necessário valorizar a humanização da assistência aos familiares e adotar
um sistema eficaz de comunicação com informações periódicas sobre o estado do
paciente. Torna-se significativos os espaços como sala de espera com melhor
acomodação para que seja promovidos encontros entre os profissionais da UTI e as
pessoas da família e ainda repensar urgentemente a necessidade de estabelecer
horário de visita mais flexível (GOTARDO; SILVA, 2005).
Segundo Lautert, Echer, Unicovski (1998), entende-se a eficácia da
permanência acompanhante no período de internação no que diz respeito ao apoio
emocional que este pode proporcionar ao paciente, que neste ínterim atravessa uma
fase crítica da sua vida. O acompanhante pode contribuir não só afetivamente, mas
também na prestação de alguns cuidados que vêem em benefício no paciente.
Frente ao exposto, ressalta-se a relevância do papel do acompanhante junto ao
paciente e sua integração com a equipe interdisciplinar para pleno desempenho de
seu papel o qual exige considerável controle emocional, bondade e capacidade de
ajuda e doação.
O que se percebe no cenário hospitalar é que, na maioria das vezes, é
reservado ao paciente adulto ou idoso o direito a receber visitas em horários pré-
determinados, conforme preconizado pela lei e, salvo em algumas situações,
quando a enfermeira autoriza acompanhante. Contudo, não se tem visto o paciente
a família sendo informados, especificamente sobre o seu direito a ter um
acompanhante (BOCCHI;SILVA, 2005).
O maior contato entre pacientes e família pode, no entanto trazer um maior
desgaste emocional para a equipe de saúde ela estará mais envolvida com paciente
na totalidade, assim como poderá dispender mais tempo no atendimento das
necessidades dos familiares e pacientes. Todavia prover ao paciente à família um
suporte emocional e uma comunicação efetiva é parte do cuidado do paciente crítico
(SOUZA, 1988).
De acordo com Bocchi e Silva (2005), alguns enfermeiros vêem como positiva
a interferência da família sob dois aspectos: quando ajuda a enfermagem a cuidar
do paciente ou quando dá informações sobre o estado dele aos profissionais de
saúde; porém a maioria deles encara a interferência da família como negativa, talvez
por não compreender que, quando a família interfere, pode estar expressando sua
afetividade para com seu ente querido.
Segundo Gotardo e Silva (2005), é importante que as informações sejam
claras, concisas e com linguagem apropriada permitindo que os familiares
perguntem e digam o que sentem e pensam, bem como incentivá-los a falar sobre a
situação. A equipe da UTI deve evitar termos técnicos e palavras de difícil
entendimento, porém isto não significa que devam utilizar termos incorretos ou
imprecisos. Outro ponto importante é a personalização do atendimento, criando
assim um vínculo entre os familiares e a equipe da UTI, o que levam os familiares a
criarem mais confiança na equipe.
Podemos, portanto, observar que o enfermeiro é essencial para que o
acompanhante entenda o que está acontecendo naquele momento e entenda o seu
papel dentro da Unidade de Terapia Intensiva. Mas como a UTI é uma unidade
restrita, os profissionais que trabalham neste local não têm o hábito de conviver com
os acompanhantes, principalmente durante 24 horas, como em outras unidades dos
hospitais, fazendo com que esse convívio se torne mais difícil. A equipe de
enfermagem, pela falta de costume, pode ver o acompanhante como um problema
ou uma tarefa a mais para resolver.
A equipe de enfermagem deve exercer suas atribuições valorizando todas as
necessidades humanas, sobretudo aquelas que são relacionadas às sociais
principalmente quando se trata de um ambiente fechado como a UTI.
Diante destes resultados, consideramos importante que o enfermeiro
privilegie novas formas de cuidar, que, além do atendimento das necessidades do
cliente, decorrentes da doença e dos aparatos tecnológicos, valorizem também os
familiares, como unidade de assistência da enfermagem.
Entendemos ser extremamente eficaz a permanência do acompanhante no
período de internação no que diz respeito ao apoio emocional que este pode
proporcionar ao paciente, que neste ínterim atravessa uma fase crítica da sua vida.
O acompanhante pode contribuir não só afetivamente, mas também na prestação de
alguns cuidados que vêem em benefício do paciente.
O enfermeiro está em uma posição singular para identificar essas
necessidades, de maneira a implementar uma assistência com qualidade,
entendendo-se que a assistência ao paciente na UTI deve estender-se, também, ao
familiar do paciente.
5 CONCLUSÃO

Os textos pesquisados não apresentaram uma conclusão concreta sobre a


recuperação do doente na unidade de terapia intensiva, relacionado a presença do
acompanhante.
Com a leitura dos artigos selecionados concluímos que o acompanhante de
pacientes internados em UTIs, atualmente tem sido um aspecto, bastante discutido,
constituindo-se um dos pontos básicos apontados como fator de humanização
destas unidades, uma vez que se propõe a amenizar o isolamento imposto aos
pacientes neste ambiente. No entanto, a problemática da separação da família
permanece, devido às normas administrativas rígidas que dificultam o atendimento
das necessidades individuais desses pacientes e suas respectivas famílias.
Sabe-se que os membros da família, quando bem preparados, têm condição
de ficar mais tempo junto ao seu familiar e serem envolvidos no processo de
recuperação, que, além de beneficiá-los, diminui o sentimento de desamparo. A
experiência da hospitalização em UTI representa um momento de instabilidade,
tanto para o paciente como para os familiares, e o tempo limitado de visita contribui
para o aumento da ansiedade.
Assim como tivemos dificuldades para concluir as ideias encontradas, pois
haviam poucas publicações que apresentam a mesma linha de raciocínio é
necessário conscientizar e incentivar os profissionais a realizarem
trabalhos/pesquisas sobre o acompanhante em Unidade de Terapia Intensiva, para
melhorarmos a qualidade de assistência ao paciente.

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