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Art. Hemorragia Pulmonar Induzida Por Exerccio em Equinos
Art. Hemorragia Pulmonar Induzida Por Exerccio em Equinos
Boa Vista, RR
2018
RAFAEL SOUZA SILVA
Boa Vista, RR
2018
RAFAEL SOUZA SILVA
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Prof. Dr. Everton Ferreira Lima
Orientador / Curso de Medicina Veterinária – UFRR
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Profa. Dr. Fernanda Carlini Cunha dos Santos
Curso de Medicina Veterinária - UFRR
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Profa. MsC. Lianna Ghisi Gomes
Curso de Medicina Veterinária - UFRR
Aos meus pais, José Raimundo da Silva e
Synara Souza Silva, por toda força, pelo
amor, pela dedicação e por todo incentivo
que me deram durante todos esses
anos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por me dar forças durante essa jornada que percorri
durante toda a minha graduação. Tudo acontece com a sua permissão e a Ele devo
agradecimentos!
Quero agradecer grandemente meus Pais, José Raimundo da Silva e Synara Souza
Silva, por tudo que me proporcionou. Durante todo esse tempo, toda a minha dedicação e
esforço foram dedicados aos senhores, pois sei que esse sonho nunca foi só meu. Algumas vezes
na minha vida, escutei minha mãe falar “meu sonho é ter um filho formado”, então, nos
momentos difíceis durante minha graduação, lembrar dessa frase sempre me deu forças para
jamais desistir. Durante meu desenvolvimento, sempre me espelhei em meu pai, homem justo
e batalhador, que mesmo com seu jeito duro de ser, sempre deixou claro que luta ao meu lado.
Não posso deixar passar em branco a importância dos meus irmãos, Rôney Souza Silva
e Rodrigo Souza Silva, nessa caminhada. Mais que irmãos, são amigos, e sempre me deram
forças, as vezes até sem perceber. Saibam que sempre vou estar desposto a devolver toda a
ajuda que sempre me deram.
Parece que foi ontem que meu tio Roberto Carlos, com todos os conselhos que me
dava, perguntou se eu queria estudar e crescer na vida. Sabidamente eu respondi sim, e foi
visível toda a sua dedicação e preocupação com a minha formação profissional, esse é o motivo
que lhe agradeço enormemente. A minha tia Symone Souza Silva, agradeço por sempre está
disposta a me ajudar de alguma forma e por todo o carinho dado durante minha graduação.
Agradeço a minha Noiva, Emanuelly Medeiros Silva, por tudo que fez por mim. Foi
peça chave nessa conquista, sempre esteve ao meu lado, me incentivando, ajudando e não me
deixando cair quando pedras apareciam em meu caminho. Agradeço meus sogros pelas
contribuições e incentivos que me proporcionaram durante todo esse tempo.
Devo agradecimentos ao grupo “Pseudo Parceria”, formado pelos meus grandes
amigos, Matheus Melo, Caio Fernandes, Lucas Araújo, Raíssa Coutinho e Hayla Nakauth.
Mesmo com tantas diferenças culturais e religiosas, sempre nos entendemos, buscamos sempre
o crescimento do outro, e durante todo esse tempo, essa união foi a arma que usamos para
vencer grandes batalhas.
Agradeço grandemente meu Professor Orientador Dr. Everton Ferreira Lima, por toda
dedicação presenteada para que pudéssemos concluir meu Trabalho de Conclusão de Curso,
assim como todo o apoio dado durante minha graduação.
Agradeço toda a minha turma, por todos esses anos vencidos com louvor ao meu lado.
“Tendo amor e saúde da vida eu não reclamo,
amo a vida que levo, e levo a vida que amo! “
(Tião Carreiro)
RESUMO
A Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (HPIE) é uma doença de alta prevalência, que
acomete principalmente cavalos atletas praticantes de provas de alta performance e que exigem
elevado esforço físico. Animais de corrida como os das raças Puro Sangue Inglês (PSI), Quarto
de Milha (QM) e American Trotter são expressivamente expostos a esse tipo de atividade,
apresentando alta suscetibilidade a ocorrência desta afecção. Diante do exposto, este trabalho
busca explanar informações sobre a HPIE por meio de revisão de literatura, utilizando como
referencial teórico livros, artigos nacionais e internacionais. Trata-se de uma enfermidade de
etiologia incerta, envolvendo variados fatores predisponentes. A etiologia mais aceita, julga ser
o aumento da pressão arterial pulmonar resultando em quebra da barreira capilar pulmonar, pelo
estresse provocado durante a atividade intensa, ocasionando extravasamento de sangue para o
meio extravascular. Entretanto, pode estar relacionada com outros fatores preexistentes,
agravando o grau de hemorragia nesses animais. Atualmente, a HPIE é uma das principais
preocupações na medicina equina esportiva, por causar perdas econômicas relacionadas ao
baixo rendimento atlético e por não ser diagnosticada, na maioria das vezes. O diagnóstico
clínico torna-se difícil, uma vez que a epistaxe apresenta-se como o sinal clínico de maior
clareza, não sendo expressada em muitos casos. O endoscópico é o principal aparelho utilizado
para o diagnóstico definitivo dessa doença, o qual permite visualização de todas as estruturas
das vias aéreas e por possibilitar a realização de lavados traqueais e broncoalveolares. A HPIE
por ser uma doença multifatorial, ocupa um dos postos das principais enfermidades da medicina
equina esportiva. Frente ao aumento expressivo de animais e competidores das mais variadas
provas equestres praticada no Estado de Roraima, é de suma importância promover discussões
sobre esta enfermidade, afim de alertar profissionais e acadêmicos de medicina veterinária do
Estado.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 11
2.1 HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO ....................... 11
2.2 ETIOLOGIA E PATOGENIA ............................................................................. 12
2.3 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................. 15
2.4 PATOLOGIA (ACHADOS MACROSCÓPICOS E MICROSCÓPICOS)......... 16
2.5 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 18
2.5.1 Exame clínico ..................................................................................................... 18
2.5.2 Exame endoscópico ........................................................................................... 19
2.5.3 Lavado broncoalveolar ..................................................................................... 20
2.5.4 Aspirado traqueal ............................................................................................... 21
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 23
REFERÊNCIA ................................................................................................... 24
9
1 INTRODUÇÃO
situação, torna-se difícil estabelecer protocolos terapêuticos e preventivos para combater sua
ocorrência (SULLIVAN; HINCHCLIFF, 2015; MUCCIACITO JÚNIOR, 2006; ART;
LEKEUX, 2005; MOREIRA, 2008).
O Estado de Roraima, nos últimos quatro anos, aumentou expressivamente a
importação de cavalos de outras regiões do país, associada ao aumento das modalidades
desportivas praticadas. Tratando-se de regiões geográficas diferentes, animais que
desembarcam no território roraimense são expostos a climas e relevos que diferem de sua terra
natal, podendo aumentar a predisposição à ocorrência de hemorragias pulmonares durante as
atividades. Diante dessa situação, a importância de alertar os profissionais Médicos
Veterinários sobre essa enfermidade, representa um fator relevante para nosso Estado.
O curso de medicina veterinária da Universidade Federal de Roraima prepara
profissionais para o mercado de trabalho e para pesquisa científica. Desta forma, levar
informações sobre enfermidades como a HPIE em cavalos atletas, pode despertar o interesse
dos acadêmicos em realizar estudos que visem estabelecer a prevalência e as particularidades
desta afecção, nos animais do Estado. Uma vez que sua ocorrência está associada a vários
fatores e por ser uma afecção de alta prevalência em cavalos atletas, este trabalho busca agrupar
informações sobre a etiologia e patogenia, epidemiologia, aspectos macroscópicos e
microscópicos, assim como os principais métodos de diagnóstico da doença, visando a
realização de pesquisa científica e a prática extensionista.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
de 80. Na maioria das vezes, o sangramento oculto ou não se correlacionou com a queda do
desempenho atlético dos animais. Em 1974, determinou-se que os pulmões eram a fonte da
hemorragia, entretanto, nesta década houve poucos avanços na compreensão dos casos de
hemorragias, visto que o diagnóstico se dava principalmente pelo histórico e sinais clínicos
como deglutições repetidas pós-prova, eventos de tosse após exercício, sons característicos a
auscultação broncotraqueal e epistaxe nos casos graves (MAGALHÃES, 2016).
2.3 EPIDEMIOLOGIA
pulmonar (WILLIAMS et al., 2008), falência dos capilares pulmonares com ruptura no
endotélio capilar e alveolar, edema intersticial e acúmulo de sangue na parede alveolar e nos
espaços alveolares (BIAVA, 2011), e neovascularização arterial brônquica (WILLIAMS et al.,
2008).
Sutherland (1966 apud O‘CALLAGHAN; PASCOE; TYLER, 1987) relatou rupturas
pleurais com presença de sangue na cavidade torácica em cavalos que sofreram epistaxe fatal.
O‘Callaghan, Pascoe e Tyler (1987) descreveram pulmões de cavalos com HPIE com áreas azul
escuro, azul-cinza ou marrom claro, subpleural em ambos pulmões de forma simétrica,
predominantes nas regiões dorso-caudais, que se estendiam das superfícies dorsais até o hilo
pulmonar. Outras alterações estavam relacionadas com o pulmão colapsado, o qual apresentava
áreas escuras, fisicamente mais densas, com aparência semelhante à do baço. Tais áreas durante
a inflação apresentavam maior resistência ao ar. Assim como hipertrofia das artérias brônquicas
nas áreas dos pulmões mais afetadas e perceptível aumento de tamanho e complexidade dos
principais vasos nas regiões manchadas dos pulmões.
Na pesquisa de Williams et al (2008), o qual buscou identificar e caracterizar as lesões
veno-oclusivas em pulmões de cavalos com HPIE, os achados macroscópicos mostraram ambos
pulmões de todos animais com numerosos focos marrom-escuro a azul-preto ao longo da pleura
pulmonar dorso-caudal. A microscopia indicou elevada ocorrência de espessamento dos septos
interlobulares e discretos focos no parênquima pulmonar marrom-preto-escuro. Também foram
achados hemossiderófagos dentro do lúmen dos bronquíolos, em torno de veias intralobulares,
assim como áreas de fibrose leve envolvendo um pequeno número de veias intralobulares,
feixes broncovasculares e nos septos interlobulares em menor grau (BARBOSA, 2015).
Lesões veno-oclusivas foram descritas recentemente como características
microscópicas da HPIE, identificadas em cavalos expostos a grandes esforços. Estas lesões,
caracterizadas principalmente pela deposição de colágeno, afetam veias pulmonares de pequeno
calibre (de 100 a 200 μm de diâmetro) (STACK, 2015). Essa alteração sempre está associada
com a ocorrência de hemossiderina e fibrose, sugerindo que o sangramento se origina de regiões
com remodelamento vascular, fibrose e acúmulo de hemossiderina, ocorrendo principalmente
na região dorso-caudal (BARBOSA, 2015; WILLIAMS et al., 2008).
18
2.5 DIAGNÓSTICO
Fonte:https:/nouvellereseach.com/index.pnp/articles/443-
exercise-induced-pulmonary-hemorrhage-in-the-horse
19
Através do exame citológico das vias aéreas posteriores realizado por meio do aspirado
traqueal, ou ainda mais importante, do lavado broncoalveolar, pode-se diagnosticar afecções do
trato respiratório em equinos (BIAVA 2007). O lavado broncoalveolar é de suma importância
no diagnóstico de animais com afecções difusas ou multifocais não infecciosas, dentre elas
incluem-se: HPIE, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença inflamatória das vias aéreas
(AZEVEDO, 2016).
O lavado broncoalveolar é uma técnica de alta sensibilidade quando o intuito é avaliar
os tipos celulares presentes no segmento de brônquio, bronquíolo e alvéolo, os quais constituem
as vias aéreas distais. Permite acesso a esses segmentos de forma segura e pouco invasiva,
possibilitando a coleta de amostras de áreas mais profundas das vias respiratórias (brônquios,
bronquíolos e alvéolos), por meio de infusão de fluido isotônico, o qual facilita a aspiração de
materiais e células (LESSA et al, 2007; RIBAS NETO et al., 2010)
21
O lavado broncoalveolar pode ser realizado até 21 dias após a ocorrência da HPIE, o
qual é realizado através da introdução às cegas de sonda flexível com balão na sua extremidade,
com posicionamento em um dos brônquios e insuflação do balão. Posteriormente, faz-se a
introdução e imediata recuperação de 100 ml de solução fisiológica isotônica, processamento
da amostra coletada em cito centrífuga para confecção das lâminas, realização da coloração
especial Azul da Prússia nas lâminas e posterior graduação da hemorragia pelo escore total de
hemossiderina. Sendo que o animal que apresentar escore superior a 25 é positivo para HPIE
(FINGER, 2016; RIBAS NETO et al., 2010).
Hemossiderina é a redução do grupamento heme de eritrócitos fagocitados após a
hemorragia pulmonar, formando os hemossiderófagos. Estes deixam os pulmões lentamente e
podem ser detectados no lavado broncoalveolar após vários meses, mesmo em animais que não
estão em atividade. Embora a presença dessas células seja uma forma de diagnosticar a HPIE,
elas podem ser encontradas em outras condições clínicas, tais como insuficiência cardíaca
esquerda, pleuropneumonias, broncopneumonias e pneumonia por aspiração (LESSA et al,
2007; RIBAS NETO et al., 2010).
Ademais, o lavado broncoalveolar permite a obtenção de amostras para estudo
citológico, estudo de função ou atividade celular e determinações bioquímicas como, dosagens
de imunoglobulinas, enzimas e surfactantes (AZEVEDO, 2016). Em animais sem alterações
referente ao sistema respiratório, o lavado apresenta predominantemente macrófagos
alveolares, linfócitos, mastócitos, um pequeno número de células epiteliais ciliadas, não ciliadas
e eosinófilos, também podem estar presentes células basofilóides (LESSA et al., 2007). O
número de células epiteliais e seus tipos apresentam variações de acordo com a ponto de
aspiração e podem estar presentes poucos neutrófilos. Cavalos com HPIE apresentam elevação
significativa na porcentagem de eosinófilos no lavado broncoalveolar, assim como uma
tendência, embora não significativa, de elevada contagem de células epiteliais (AZEVEDO,
2016). Podendo ocorrer um aumento na concentração de proteínas totais, indicando aumento
da permeabilidade da barreira alvéolo-capilar (MICHELOTTO JÚNIOR et al., 2010b).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A HPIE é uma doença multifatorial que afeta principalmente cavalos atletas de alta
performance, ocupando um dos postos das enfermidades de maior importância para a medicina
equina esportiva, por causar perdas econômicas atreladas a queda de rendimento atlético.
Decorrente da sua incerteza etiológica, necessidade de métodos diagnósticos complementares
e por possuir alta prevalência, muito ainda deve ser estudo para compreender com clareza sua
etiologia e as principais formas de tratamento. Atualmente, a grande maioria dos autores
acusam o aumento da pressão capilar pulmonar e subsequente rompimento do mesmo como
sendo a principal causa de sua ocorrência, embora muitos afirmarem a associação com fatores
causais preexistentes.
O conhecimento da enfermidade representa um fator importância para os profissionais
e acadêmicos de Medicina Veterinária do Estado de Roraima, uma vez que é crescente a
utilização de cavalos em provas de corrida, três tambores, vaquejada e team roping nessa região.
O aumento no número de animais e competidores resulta em maior competitividade, expondo
os cavalos a esforços físicos cada vez mais elevados. Tal fato, consequentemente, aumenta a
predisposição dos animais a sofrerem de HPIE, assim como o aumento do número de animais
nas competições pode arvorar a casuística desta doença. Logo, alertar os profissionais Médicos
Veterinários sobre esta afecção, contribui para a manutenção do bem-estar e sanidade dos
animais do Estado.
24
REFERÊNCIAS
BARBOSA, J. P. B. et al. Avaliação endoscópica das vias aéreas, do perfil de gases, dos
eletrólitos e do equilíbrio ácido-base em equinos submetidos ao treinamento de três tambores.
Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 68, n. 5, p. 1152-1158, 2015.
PEREIRA, C. M. et al. Doenças de equinos na região Sul do Rio Grande do Sul. Pesquisa
Veterinária Brasileira, p. 205-210, 2014.
RIBAS NETO, N. J. B. et al. Comparação entre lâminas citológicas confeccionadas por meio
de centrifugação e sedimentação (Suta) de amostras de lavado broncoalveolar de equinos.
Revista Acadêmica Ciência Agrária Ambiental, v. 8, n. 3, p. 291-298, set. 2010.
SECANI, A.; LÉGA, E. Fisiologia do exercício em equinos. Nucleus Animalium, v.1, n.2, p.
53-66, nov. 2009.