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Projecto para Instalação de Uma Cunicultura
Projecto para Instalação de Uma Cunicultura
Júri:
Vogais: Doutora Luísa Almeida Lima Falcão e Cunha, Professora Associada do Instituto
Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, orientadora;
Lisboa, 2009
Projecto para Instalação de uma Cunicultura
2009
Agradecimentos:
Esta Dissertação não representa apenas o resultado de extensas horas de estudo, reflexão e
trabalho durante as diversas etapas que a constituem. É igualmente o culminar de um objectivo
académico a que me propus e que não seria possível sem a ajuda de um número considerável de
pessoas.
Estou especialmente agradecida à Prof. Luísa Falcão e Cunha, professora orientadora, pela
disponibilidade e ajuda reveladas. E pelas criticas e sugestões feitas durante a orientação.
Agradeço aos meus pais, pelo estímulo e apoio incondicional desde a primeira hora; pela
paciência e grande amizade com que sempre me ouviram, e sensatez com que sempre me
ajudaram. Por incutirem o amor ao estudo e à realização profissional.
Em especial tenho de agradecer ao Nuno, companheiro, esposo e amigo, que conforme
prometido me apoiou nos bons e nos maus momentos, suportou as minhas faltas de atenção para
ele e para a nossa casa e que me foi ajudando dentro do que lhe era possível. Por todo o amor e
carinho, e toda a confiança em mim depositada; Pela ajuda e motivação; Pela companhia.
Quero também agradecer ao meu avô, que já não se encontra entre nós, por todas as lições
de vida, estímulos e força de vida que me incutiu.
Por último gostaria de estender os meus agradecimentos a todos aqueles de uma forma ou
de outra (fornecendo ideias e/ou criticando), foram ajudando anonimamente nas inúmeras
discussões.
A todos, os meus sinceros agradecimentos.
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a
Fernandes , Ana Raquel Gaspar
a
Instituto Superior de Agronomia, Secção de Produção Animal, Tapada da Ajuda, Lisboa
Resumo
A produção de carne de coelho pode ser uma alternativa à produção de carne de animais de
grande porte já que a produção actual de carne de coelho, quer em Portugal quer na Europa, não
satisfaz as necessidades de procura. A carne de coelho tem características que a diferenciam de
outras carnes e que lhe conferem um valor alimentar particular.
No presente trabalho, após uma primeira parte em que se abordam aspectos relacionados
com as características das raças, as particularidades do ciclo produtivo do coelho, os cuidados
profiláticos e de higiene da exploração e os pontos a ter em consideração na construção das
instalações, apresenta-se uma proposta de um projecto de uma exploração de coelhos.
A exploração situa-se na região Oeste de Portugal, caracterizada por temperaturas amenas
de Inverno e de Verão. Propõe-se uma exploração em sistema semi-intensivo com um intervalo de
42 dias entre partos e com inseminação artificial para 1200 fêmeas organizadas em 3 bandas.
Para a implementação do projecto é necessário um investimento inicial de cerca de
343.000,00€. Considerando a amortização e todos os custos de produção a preços actuais, este
empreendimento só se torna economicamente viável se o preço do coelho vivo for igual ou superior a
1,75€/kg.
Abstract:
The production of rabbit meat can be an alternative to the production of far-reaching meat
animals because the current production of rabbit meat, not only in Portugal but also in all Europe, is
not enough to satisfy all the market needs. The rabbit meat has characteristics that make the
difference to other meats and give it a particular value.
In the present work, after a first part in which there are boarded aspects connected with the
breed characteristics, the peculiarities of the rabbit productive cycle, the preventive cares and hygiene
of the exploration and the points to consider in the installations construction, presents a proposal of a
project of an exploration of rabbits.
The exploration it will be located at Weste of Portugal, with climate characterized by pleasant
winter and summer temperatures. The exploration is proposed in a semi-intensive system with a 42
days interval between birth and with artificial insemination for 1200 females organized in 3 distinct
groups.
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Extended abstract:
The rabbit is a mammal, rodent and belongs to the lepórideos family. The rabbit‟s creation
can be an alternative to the production far-reaching animals.
The rabbit meat is consumed in different world regions, being Europe the principal market. It
has an elevated protein content associate to low cholesterol. The European Union presents
approximately 54 % of the world-wide consumption of rabbit meat, being Italy the biggest consumer.
China is the biggest producer of rabbit meat, being Europe at second place. Portugal is opened to
new implementations of explorations of rabbit meat production, since the capacity of the auto-
provision does not reach 100 %.
It exists at present countless rabbits breeds, divided in function of the adult weight in: giant or
big breeds, middle breeds, small breeds, and dwarf breeds. Two of the principal meat production
breeds are the Californian and the New Zeeland. In the current production are normally used hybrids
of improved lines where were represented these two breeds. The three principal diseases of the
rabbit are particularly Myxomatoxis, Viral Hemorrhagic Disease (VHD) and epizootic rabbit
enteropathy. The animals must be subject to a plan of vaccines with the advice of a veterinarian.
The rabbits can begin his sexual behavior approximately to 3,5-4 month‟s age. The best
zootechnic results are obtained with a photoperiod of 16horas of darkness and 8horas of light (for the
females), with a room temperature of 14-24 º C and moisture of 60-80 %.
The handling in animals groups and the use of artificial insemination allows an organization of
work on the rabbit‟s farm with a fixed day weekly for the principal activities, and it allows to group
females in the same physiological state. The intensive exploration system (rest period minimum)
makes difficult the females maintenance in good physical conditions leaving them more vulnerable.
The artificial insemination 11 days after the childbirth (semi-intensive system) allows the maintenance
of reproducers more time in reproduction because so manages to restore his physical reserves before
next artificial insemination.
The environmental factors can influence the animal‟s productivity and the control of these
factors is very important in the production. So, from the type of the building, his direction, the animal
density, temperature, moisture, light, ventilation, the food, etc., it can affect the economical results of
a rabbit‟s exploration. There are different types of accommodation; they may be open-air, in semi-
free-air, ship and classic ship industry. The orientation of housing is very important when using natural
ventilation. The structure of the pavilions can be metal or in cement, the covering in plate (metal or
cement) or of the type sandwich, the walls from cement or the type sandwich panels.
The manure produced by rabbits can be withdrawn by water (elevated consumption of water),
surface pit (cleaning of manual), deep pit (great accumulation of gases) and semi-deep pit (that is
more used nowadays). The cleaning of the pits in the great explorations is automatic. The density of
2 2
rabbits for cage in the fattening is of 15 rabbits for m , in the maternity of 0,25-0,3 for m and in the
substitution 0,2 for m2. The cages can be type flat-deck, Californian, battery, floor 1+1/2 or of 1 floor
(these last ones are most used).
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The water supplied to the rabbit must be ad libitum. The feeding is done by food pellets, with
a composition that cover the rabbits needs.
In the proposed project, the exploration is located in Dois Portos, Torres Vedras (Portugal).
This place is characterized by pleasant temperatures the whole year (the temperatures oscillate
inside the limits advised for the rabbits, of 6 º C and 30 º C).
The moisture reaches the values most lifted up in the winter (85 %), but inside the pavilion a
ventilation system easily corrects this problem. Being so this favorable zone to implementation the
rabbits exploration.
The chosen dimension of the exploration was of 1200 females. This females number was
chosen for this project implementation, take into account to be compatible with a worker at full time
and a technician, since a person has capacity to take care of 500/800 females (to be able substituted
in holidays, days of lack, etc.).
For the construction of the buildings in the project were chosen buildings type tunnel of three
pits, because this type of structure is cheaper, it has a good isolation and is of easy construction.
There were chosen animals of the genetics HYCAT, whose middle prolificacy is of 10,3 born
living animals for birth and reproductive female, and the reproductive middle life of the reproducer is
9.5 birth.
For the implementation of the project it is necessary an initial investment financed by the Bank
for 342953,89€.
For the current project, with the initial investment and the price of the rabbit lively weight
Kilogram 1,63€, the agricultural enterprise has a loss of 11764,82€ annually, in spite of the profit of
the businessman and family to be positive (annually 1394,86€).
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Índice:
1. Introdução ............................................................................................................................... 11
2. Produção e Comercialização – Breves Notas ..................................................................... 13
2.1. Produção e consumo ........................................................................................................ 14
2.2. Produção e Comercialização em Portugal ........................................................................ 16
2.3. Comercialização ................................................................................................................ 18
2.4. Balanço económico do sector produtor cunícola em 2007 ............................................... 19
3. O coelho como animal produtor de carne ........................................................................... 20
3.1. Raças................................................................................................................................. 20
3.1.1. As duas principais raças de produção de carne .................................................. 21
3.1.2. Coelho Híbrido ...................................................................................................... 22
3.2. Higiene, Sanidade e profilaxia ........................................................................................... 24
3.2.1. Medidas profiláticas ............................................................................................. 24
3.2.1.1. Medidas permanentes de higiene .................................................................. 24
3.2.1.2. Medidas ocasionais de higiene ...................................................................... 25
3.2.1.2.1. Vazio sanitário .................................................................................. 25
3.2.1.2.2. Profilaxia Médica ............................................................................... 25
3.2.2. Medidas profiláticas em função da doença .......................................................... 26
3.2.3. Principais Doenças do Coelho ............................................................................. 26
3.3. Ciclo Reprodutivo da Coelha ............................................................................................. 28
3.4. Maneio em Bandas ............................................................................................................ 30
3.4.1. Escolha do número de reprodutores e do número de bandas para trabalhar ..... 32
3.5. Condições ambientais de climatização ............................................................................. 33
3.5.1. Temperatura - Termo regulação e mecanismos de defesa ao frio e ao calor ..... 33
3.5.2. Humidade ............................................................................................................. 34
3.5.3. Ventilação/velocidade do ar ................................................................................. 34
4. Instalações .............................................................................................................................. 37
4.1. Tipos de Alojamento .......................................................................................................... 37
4.2. Orientação do alojamento ................................................................................................. 40
4.3. Elementos da Nave ........................................................................................................... 41
4.3.1. Elementos interiores de uma exploração ............................................................. 42
4.3.1.1. Fossas de dejectos/Evacuação de esterco ................................................... 42
4.3.1.1.1. Sistemas de evacuação de dejectos ................................................ 42
4.3.1.2. Gaiolas ........................................................................................................... 44
4.3.1.3. Iluminação ...................................................................................................... 45
4.3.1.4. Ventilação ...................................................................................................... 46
5. Alimentação ............................................................................................................................ 47
5.1. Alimento ............................................................................................................................. 47
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Lista de quadros:
Quadro Pagina
1 Consumo previsto per capita em alguns países. 14
2 Produção da carne de coelho no mundo. 15
3 Coelhos abatidos e aprovados para consumo em Portugal. 16
4 Resume de acções profiláticas de acordo com a doença. 26
5 Principais doenças que afectam os animais de explorações intensivas. 27
6 Duração dos ciclos produtivos. 30
7 Número de partos por ano para cada número de bandas usado. 31
8 Ventilação standard usada em França para cuniculturas fechadas em edifícios. 35
9 Valores mínimos de volume estático, que varia com o tipo de animal, que 36
devemos respeitar.
10 Superfícies mínimas aconselháveis por cabeça e altura mínima da gaiola. 45
11 Iluminação consoante o estágio em que se encontram os animais. 45
12 Características nutritivas de dietas (%matéria seca). 48
13 Consumo médio diário. 49
14 Resultados técnicos de explorações com condução em bandas. 56
15 Organização do trabalho na exploração cunícola. 57
16 Distribuição das principais tarefas por cada banda. 57
17 Total do investimento do projecto. 59
18 Proveitos da exploração. 60
19 Projecto, efectivo de 1200 fêmeas. 61
20 Consumos intermédios. 61
21 Resultados da exploração para diferentes preços do kg do peso vivo. 62
Lista de figuras:
Figura Pagina
1 Produção de carne de coelho. 15
2 Importação, Exportação e consumo de carne de coelho em Portugal. 17
3 Diagrama do sistema de distribuição. 18
4 Cruzamento entre raças puras. 22
5 Ciclo reprodutivo da fêmea. 28
Distribuição (em percentagens de vida produtiva) da gestação, lactação e
6 29
períodos de descanso quando usamos diferente tipos de ciclos de reprodução.
7 Efeitos da velocidade do ar (V) e da temperatura (T) na saúde do coelho. 35
8 Perfil de 2 naves com diferentes posicionamentos das gaiolas. 37
9 Naves clássicas com ventilação natural (estática). 38
10 Naves clássicas com ventilação forçada. 38
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11 Orientação do alojamento. 40
12 Sistema de extracção de esterco. 42
13 Esquema de uma fossa de dejectos ideal. 43
14 Opções do arraste do motor. 44
15 Ventilação natural. 46
16 Historial de uma fêmea. 54
17 Temperaturas do ar fornecidas pela estação meteorológica de Dois Portos.. 55
18 Humidade relativa do ar. 55
19 Esquema da edificação da exploração. 58
20 Evolução do preço do kg de carne na bolsa de Madrid em 2008. 60
Lista de abreviaturas:
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1. Introdução
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Objectivo
O objectivo deste trabalho é estudar a possibilidade de implementar uma exploração cunícola
com 1200 fêmeas reprodutoras e analisar a rentabilidade deste negócio de criação de coelhos para a
venda de carne a grande escala para matadouros Portugueses.
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A carne de coelho, por questões culturais ou por ser considerada uma carne “saudável”, é
consumida em diferentes países do mundo, sendo a União Europeia o seu principal mercado.
A carne de coelho é macia, saborosa e de fácil digestão, o que a torna especialmente
apropriada para a alimentação de crianças, idosos e convalescente. Além disso, pode ser
preparada de múltiplas maneiras. O teor de proteína de carne de coelho é equivalente a outras
carnes, mas esta é relativamente pobre em gorduras (valor semelhante ao da carne de vaca mas
inferior a outras carnes). É de notar também o seu reduzido teor em colesterol (Pinho, 2002). A
tendência para o incremento do hábito de consumo de carnes saudáveis, como a carne de coelho,
deve-se à crescente consciencialização do consumidor pela saúde, associada à alimentação.
A sua pele, depois de curtida, pode ser utilizada na confecção de objectos muito variados. O
pelo dá origem a uma lã extremamente macia e leve. Até os dejectos (fezes e urina) podem ser
aproveitados, depois de curtidos adequadamente em estrumeiras especiais e constituem um adubo,
rico em fosfatos e nitratos. Da cartilagem do coelho pode obter-se uma cola de excelente qualidade.
Os láparos são também utilizados na produção de vacinas e o próprio coelho na idade adulta é
usado como animal experimental.
Para se poder compreender a situação actual da Cunicultura portuguesa, teremos que fazer
uma incursão ao passado e estudar o mercado.
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O consumo de carne de coelho varia em volta do globo, onde vários factores afectam as
exigências dos consumidores. Entre esses factores estão a preferência do consumidor, a tradição e o
preço.
O consumo médio per capita de alguns países pode ser visualisado no Quadro 1.
Quadro 1: Consumo previsto per capita em alguns países (Szakály et al., 2006).
Países Consumo de carne de coelho
(kilograma por habitante por ano)
Malta 8,9
Chipre 4,4
Itália 4,0
Bélgica 2,7
Portugal 1,9
Espanha 1,8
Republica Checa 1,7
França 1,5
China 0,3
Argentina 0,13
México 0,04
Nos primeiros lugares estão Malta, Chipre e Itália, seguida pela Bélgica, Portugal, Espanha,
República Checa e França.
A Itália é o maior consumidor de carne de coelho, tendo um consumo anual médio de 220400
toneladas (FAO 2005) enquanto Malta tem um consumo de 1890 toneladas (FAO 2005) e o Chipre
de 850 toneladas (FAO 2005). A Malta e o Chipre podem ser grandes consumidores per capita de
carne de coelho mas são países muito pequenos (população muito diminuta) para terem alguma
relevância no consumo de carne da EU e mundial.
O consumo, nos diversos países/regiões, da carne de coelho tem-se mantido a um nível
sensivelmente constante, verificando-se apenas nos últimos anos um aumento significativo na China.
Neste país, apesar de ter um consumo anual de 488100 toneladas (FAO 2005), apenas tem um
consumo per capita de 0,3 kilogramas por habitante por ano.
A produção de carne de coelho global é actualmente de 1.107.062 toneladas correspondentes a
856.797.000 animais abatidos (Quadro 2).
A produção mundial da carne de coelho é concentrada em duas áreas principais - a Europa e
a Ásia. Na Europa, foram produzidas cerca de 552 mil de toneladas, senda a Itália com 222.000
toneladas o principal produtor, segue-se a Espanha com 115.000, a França com 85.000, República
Checa 39.000, a Alemanha 34.000, a Ucrânia 15.000 e a Hungria 11.000. Estando a produção
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Figura 1: Produção de carne de coelho (Elaboração própria com base em dados da FAO).
350
300
(1000 cabeças)
França
250 Argentina
200 China
150 Espanha
100 Italia
50
Ucrânia
0
2003 2004 2005 2006
Anos
Nos últimos anos verifica-se que a produção de coelho se manteve sensivelmente constante,
tendo-se apenas verificado um aumento significativo na China.
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A produção de carne de coelho em Portugal, assim como na maioria dos países nos finais
dos anos 90 (1998/99), diminuíu devido ao aumento da taxa de mortalidade por enterocolite
epizootica do coelho; havendo pouca oferta os preços aumentaram. Os cunicultores que
conseguiram ultrapassar a crise entusiasmaram-se e aumentaram os efectivos das suas
explorações. Face à problemática da BSE em Portugal e na Europa o consumidor retraiu-se na
compra da carne de bovino e o consumo de coelho, de frango, de peru e de pato aumentou
ligeiramente. Esta ligeira alteração no consumo provocou um aumento da oferta no espaço Europeu.
Mas, desde Janeiro de 2002 que os preços têm vindo a descer tendo atingido o valor mínimo de
0,80€/kg ao produtor. A procura diminuíu, a produção aumentou e os consumidores não
acompanharam a oferta. A crise da BSE foi “esquecida” pela opinião pública, e por conseguinte, o
consumidor continua a ter preferência por outras carnes (vaca, frango e porco) (Amaro, 2002).
Segundo os dados estatísticos disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística na
publicação de Estatísticas Agrícolas de 2007 (INE-EA, Edição de 2008), o grau de auto-
aprovisionamento de outros animais (onde se inclui os coelhos) no ano de 2006 e 2007 foi de 76,7%
e 77,4%, respectivamente.
Nos últimos anos tem havido um crescimento do número de animais para abates em Portugal
(Quadro 3).
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2 1,71,83 1,741,58
(1000 Toneladas)
Anos
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2.3. Comercialização
Produtor
Matadouro
Intermediário
Supermercado Restaurantes
Consumidor
Final
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A produção de coelhos tem atravessado períodos de grandes dificuldades. O ano de 2007 foi
classificado como um dos anos de pior crise de sempre na cunicultura.
As causas fundamentais que originaram esta situação foram:
Um desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado da carne de coelho que
provocou comercialização da carne abaixo dos custos;
O aumento do preço das matérias-primas, que originou um aumento estrutural dos
custos. Assim, no caso do sector cunícola o aumento do preço do alimento foi de
cerca de 45% relativamente ao ano de 2006.
Com respeito à situação de mercado, é interessante mencionar uma campanha de promoção
feita em Espanha que incluiu a edição de milhões de receitas e provas de degustação em diferentes
centros comerciais da carne de coelho. Durante as 5 semanas da campanha o preço do coelho teve
um acréscimo de 10,3%, quando dentro do mesmo período, nos 14 anos anteriores, ocorreu uma
redução média de 19,1% (INTERCUN, 2008).
O preço máximo alcançado em 2007 foi de 1,60€, ou seja, cerca de 0,40€ abaixo dos custos
médios de produção (INTERCUN, 2008).
A campanha teve um efeito positivo a curto prazo mas é insuficiente para conseguir mudar a
tendência a longo prazo.
O principal factor que provoca grandes difuldades às explorações é a subida de preços dos
alimentos compostos para a alimentação dos animais, ou seja a subida dos custos de produção.
Para que a cunicultura portuguesa possa ser levada a bom termo, deveriam ser formados
técnicos, visando a orientação e apoio a explorações permitindo a divulgação de novas técnicas e
sistemas mais aconselháveis. Deveria haver uma organização de toda a produção de coelhos,
visando um mais perfeito escoamento para o mercado e um melhor aproveitamento de subprodutos,
e estudar a colocação estratégica de matadouros industriais.
Por último, conseguir soluções viáveis para se contornar o problema de não correspondência
entre o custo da alimentação dos coelhos e o preço da carne de coelho.
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3.1. Raças
O Oryctolagus cuniculus é o único mamífero doméstico originário da Europa do Oeste
(Península Ibérica).
O coelho representou a principal fonte de carne na alimentação no Sul de França entre os
7000 e 8000 anos antes de Cristo (Lebas, 2000).
Ao longo do século XIX, começou a haver vestígios de selecção na cunicultura. Começaram
a verificar que os coelhos em coelheiras engordavam mais rapidamente que os coelhos dos sistemas
abertos, já que a alimentação das coelheiras estava mais assegurada que na natureza e que as
coelheiras retinham mais coelhos aptos para a reprodução.
Na segunda metade do século XIX foi a era das primeiras selecções de raças de coelhos no
sentido em que se entende hoje em dia (estabilidade de formato, de conformidade e de padronização
de coloração). Nesta época fez-se uma primeira referência ao coelho Gigante de Flandres.
As duas guerras mundiais durante o século XX ajudaram no aparecimento de criações do
tipo familiar. Em Inglaterra, durante a guerra de 1914-1918, foi instituída uma doação de farelo de
trigo para quem declarasse que criava coelhos, estimulando assim a criação. Assim surgiram
algumas unidades de produção organizadas. Nessa época os criadores seleccionadores „aficionados‟
criaram numerosas raças de cruzamentos. Alguns exemplos das raças que surgiram foram o Gigante
Branco do Bouscat, o Branco de Viena, Branco Neozelandês e o Californiano.
Foi nos últimos 60 anos que houve uma revolução científica e tecnológica no sector cunícola
que permitiu a criação racional e moderna desta espécie (Lebas, 2000).
Hoje em dia existe um grande número de raças de coelhos, que apresentam características
físicas e produtivas diferentes. Para efeito de classificação e de definição dos objetivos de criação,
existem alguns padrões para separarmos as raças em grupos. Esses grupos podem ser definidos de
acordo com o tamanho, pêlos, produção, etc. Dentre as formas de classificação mais utilizadas
temos:
Raças médias
Os coelhos destas raças pesam de 3,5 a 5 kg no estado adulto. Este é o grupo de raças
mais importante, pois a ele pertencem as chamadas raças usadas na produção intensivas, as mais
criadas por serem precoces, resistentes e as que se reproduzem com mais facilidade e rapidez,
dando maiores lucros. Entre elas destacam-se: Branco da Nova Zelândia, Vermelho da Nova
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Zelândia, Califórniana e Chinchila, sendo que esta última produz uma das mais belas peles,
imitação da pele da Chinchila lanígera, pequeno roedor originário dos Andes e que já é raro em
estado selvagem, mas bastante criado em cativeiro e cujas peles alcançam elevados preços
(Dionizio et al., 2001).
Raças pequenas
Quando os coelhos atingem 1,5 kg a 3,5 kg. Estas raças, devido ao seu pequeno tamanho,
são de baixo rendimento, não tendo qualquer interesse para produção intensiva (Dionizio et al.,
2001).
Raças Anãs ou mini-coelhos
Os seus representantes atingem menos de 1,5 kg. Estão neste grupo, entre outras, as
raças Polonesa e a raça Hermelin. São criadas por “hobby”, como animais de estimação. Não são
economicamente viáveis para a produção de carne. Nos últimos anos, com o crescimento do
mercado de animais de estimação, a criação destes pequenos coelhos passou a ser bastante
interessante, principalmente para a comercialização directa em lojas de anaimais (Dionizio et al.,
2001).
As duas principais raças de coelho para produzir carne são a Californiana e a Nova Zelândia.
Raça Californiana
Geralmente os machos atingem um peso de 4 kg e as fêmeas de 4,5 kg.Tem um aspecto
geral harmonioso e uma óptima pele de pêlos brancos, macios,
sedosos e brilhantes. Possuem as extremidades (focinho, orelhas,
patas e cauda) escuras (quanto mais escura, melhor, sendo ideal
a cor preta).
O Californiano é um coelho de dupla aptidão: produção de
pele, e produção de carne (Dionizio et al., 2001).
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Os láparos atingem 1,8-2,0 kg com 8-10 semanas, quando podem ser abatidos para o consumo
(Dionizio et al., 2001).
3.1.2.Coelho Híbrido
GP ♀ GP ♂
F1 Híbrido ♀ Macho ♂
F2 Híbrido ♀
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É muito importante e imprescindível que numa exploração cunícola seja mantida a maior
higiene possível.
Existe uma série de medidas que se podem e se devem realizar de modo a minimizar os
efeitos nefastos de algumas doenças. Assim recomenda-se as seguintes medidas:
Recolher e destruir todos os coelhos mortos ou moribundos;
Evitar locais na exploração com águas estagnadas e uma má drenagem de águas,
pois favorecem a proliferação de mosquitos e outros insectos;
Proporcionar uma alimentação correcta, de modo a termos uma população mais
saudável;
Desinfectar gaiolas contaminadas;
Controlar pulgas, mosquitos e moscas com fumigações nas instalações;
vacinar todos os coelhos contra a Mixomatose e a DHV;
Ter muita atenção à contaminação indirecta de vírus pelas ferramentas, gaiolas,
pessoal, forragens e alimentos provenientes de zonas infectadas.
Todas as operações atrás indicadas que envolvam a vacinação, desparasitação, desinfecção
e avaliações do estado higieno-sanitário do efectivo devem ser sempre prescritas e monitorizadas
sob a responsabilidade de um médico-veterinário.
3.2.1.Medidas Profiláticas
Uma profilaxia bem conduzida, será suficiente na maioria dos casos para evitar as grandes
catástrofes patológicas. Além da profilaxia médica (vacinações, anticoccidianos, etc.) convém
desenvolver regras higiénicas (Lebas, 1986).
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O vazio sanitário consiste numa total desinfecção dos diferentes sectores de produção,
quando estes estão livres da totalidade dos animais e da maior parte possível de material. O vazio
sanitário faz coincidir-se com o limite da vida reprodutiva dos efectivos (Oliveira,1979).
Ele consta de duas operações distintas, que são a desinfecção suja e a desinfecção limpa,
sendo a primeira feita da seguinte maneira:
Retirar todos os animais;
Retirar todos os materiais que seja possível;
Queimar o pelo;
Fechar o pavilhão;
Desinfectar com desinfectante toda a área do pavilhão;
Ventilar o pavilhão.
e a segunda do modo que a seguir se indica:
Aplicar vapor de água sobreaquecida à pressão sobre as paredes e material que não
foi possível retirar;
Aplicar uma solução desinfectante a quente;
Aplicar novamente o desinfectante conforme já se fez, 24 a 48 horas antes da
chegada dos animais;
Ventilar o pavilhão.
Todo o material que se retirou para a desinfecção do pavilhão, também este sofre rigorosas
limpezas e desinfecções.
O vazio sanitário deverá demorar o menos tempo possível, para não interferir com a normal
actividade reprodutiva, não havendo assim fortes incidências de ordem económica.
Nas doenças do coelho existem doenças que aparecem em situações previsíveis. Como por
exemplo, quando se prevê que o risco de Stafilococcus em reprodutoras é elevado, recomenda-se a
aplicação de antibióticos, na altura do parto. Outras situações comuns de risco são previsíveis:
quando se produz o primeiro parto numa nave nova (risco de colibacilose); ou quando os partos
coincidem com um choque hipertérmico (Rosell, 2002).
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No quadro 4 resume-se algumas acções relativas à profilaxia, em função das doenças mais
destacadas na criação intensiva de coelhos.
Quadro 4: Resume de acções profiláticas de acordo com a doença (adaptado de Rosell, 2002).
Doenças Acções profiláticas
Mixomatose Primovacinação precoce (entre os 30 e 60 dias com vacina heteróloga) dos
futuros reprodutores, com revacinação (vacina homóloga) 1,5-2meses mais
tarde. Em zonas endémicas revacinar (vacina homóloga) a partir dos 5 partos.
Doença Aplicar uma dose aos futuros reprodutores entre os 2-3 meses de idade. A
hemorrágica protecção estimada é de15 meses.
Virica (VHD)
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Quadro 5: Principais doenças que afectam os animais de explorações intensivas (Adaptado de Alves,
2002).
Agentes Observações
etiológicos
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26% 33%
10% 22%
43%
47% 41% 78%
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De acordo com o ciclo de vida dos coelhos e graças à IA é possível agrupar todas as fêmeas
reprodutoras, que se encontram no mesmo estado fisiológico, num mesmo grupo (a banda), o que
permite uma organização cíclica das actividades e repeti-las oportunamente em cada grupo de
coelhas – maneio em bandas.
Este sistema pode adaptar-se ao calendário semanal que se achar mais conveniente, e por
sua vez optar na exploração por sistemas de bandas: toda a exploração numa só banda (1 banda),
em duas (2 bandas), três ou seis bandas.
Ao optar-se pela prática da IA aos 11 dias após o parto é possível obter-se na exploração um
intervalo entre partos de 42 dias (quadro 6). Desta maneira cada operação se repetirá na mesma
banda a cada 42 dias.
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Quadro 7: Número de partos por ano por cada número de bandas usadas. (Garcia, 2008)
Bandas Ritmo de Intervalo entre Frequência Partos por
produção partos de ano
(dias) (dias) Partos/em
cada x dias
Semanais (6 bandas) 4 dias 35 240/7 12480
Semanais (6 bandas) 11 dias 42 200/7 10400
Semanais (6 bandas) 18 dias 49 172/7 8944
Semanais (6 bandas) 25 dias 56 150/7 7800
Quinzenal (3 bandas) 11 dias 42 400/14 10400
Quinzenal (3 bandas) 25 dias 56 300/14 7800
Trissemanal (2 bandas) 11 dias 42 600/21 10400
Única (1 banda) 4 dias 35 1200/35 12480
Única (1 banda) 11 dias 42 1200/42 10440
Única (1 banda) 18 dias 49 1200/49 8940
Única (1 banda) 25 dias 56 1200/56 7800
Partindo da base que todas as opções são possíveis, é necessário analisar cada situação
para determinar qual é o melhor ritmo a seguir em função do equipamento de gaiolas instalado, de
disponibilidade de mão-de-obra, do menor investimento a fazer e, finalmente, da maior rentabilidade
da sua implementação.
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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
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O número de 1200 fêmeas reprodutoras foi escolhido para a implementação deste projecto
tendo em conta ser compatível com um trabalhador a tempo integral e um técnico, já que uma
pessoa tem capacidade para tomar conta de 500/800 fêmeas (para se poderem revezar em férias,
em dias de falta, etc.).
Logo a partir dos resultados do quadro 7 pode verificar-se que o valor mais elevado de partos
por ano é no sistema de 6 bandas em regime intensivo, que pelas razões anteriormente expostas
(Capítulo 3.4) não é o mais adequado. A implementação da banda única é descartada por completo,
porque cuidar de 1200 fêmeas nestas circunstâncias seria insustentável, em tempo e em mão-de-
obra, nos dias de realizar as operações principais da exploração.
Assim, restará como escolha o esquema de 6 bandas em regime semi-intensivo e o esquema
de 3 bandas e 2 bandas em regime também semi-intensivo, os três com 10400 partos por ano. O
grande inconveniente do sistema de 6 bandas é que as operações principais são repetidas todas as
semanas tornando-se também insustentável para duas pessoas conseguirem gerir o tempo entre
elas e conseguirem ter toda a actividade a funcionar a 100%, este sistema só compensa para um
número de fêmeas e de mão-de-obra muito superior. O mais sensato será optar por um sistema de 3
bandas ou 2 bandas em regime semi-intensivo. Optou-se pelo sistema de 3 bandas em que todas as
actividades principais são realizadas quinzenalmente, com grupos de 400 fêmeas. Podendo assim
uma exploração com 1200 fêmeas reprodutoras ter apenas dois funcionários (um trabalhador
agrícola e o técnico que também ajudará nas tarefas correntes da exploração) a tempo inteiro para
gerir todo o trabalho. Isto com inseminação artificial implementada, e com a automatização da
exploração.
Como critério técnico vamos fixar uma receptividade das fêmeas à cobrição de 100%, já que
se praticará inseminação artificial.
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A temperatura ambiental ideal oscila entre os 14ºC os 24ºC, aceitando-se mínimas de 6ºC a
8ºC e máximas de 28ºC a 30ºC. Qualquer temperatura ambiente que, por defeito ou excesso,
ultrapasse estes limites pode determinar o início de perturbações.
A temperatura ideal do ninho é de 30ºC. No entanto quando o ambiente do pavilhão é muito
frio é muito difícil manter esta temperatura, a não ser que este esteja protegido, que os láparos se
mantenham agrupados e a cama seca. Um ambiente frio incentiva problemas de mastites, assim
como síndromas respiratórios quando a temperatura baixa está associada a uma elevada humidade.
Os coelhos para a manutenção da temperatura corporal utilizam diversos mecanismos.
Fazem-no modificando o nível de ingestão, a posição geral do corpo, respiração e a temperatura
periférica, especialmente a temperatura das orelhas (Lebas et al., 1997). Em ambientes frios os
animais adoptam uma posição enrolada e com as orelhas baixas, para minimizar a área total de
perda de calor (Lebas et al., 1997).
Se o ambiente do pavilhão é muito quente, o animal estica-se para que possa perder a maior
quantidade de calor por radiação ou convecção e aumenta a temperatura das orelhas (Lebas et al.,
1997). O excesso de temperatura ambiental (acima dos 30ºC) apresenta muito mais problemas que
as temperaturas baixas. Os coelhos têm poucas defesas frente ao calor e reagem diminuindo o
consumo de alimento com repercursões na diminuição no crescimento na recria e paragens
(produtivas ou reprodutivas) nos reprodutores. Há ainda outros aspectos nefastos ligados ao calor
que vale a pena mencionar que são:
A saída prematura dos láparos lactantes, do ninho, que podem morrer (devido ao frio)
aprisionados nas grades das gaiolas;
A alteração na espermatogénese nos machos reprodutores;
As mudas de pêlo;
O desenvolvimento de problemas entéricos;
Diminuição da fertilidade e da fecundidade nas fêmeas;
Possíveis mortes embrionárias;
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Uma boa avaliação das necessidades particulares ambientais dos coelhos permite estruturar
melhor um bom dimensionamento e desenho das edificações, na decisão do tipo de instalações,
gestão e maneio utilizados.
A intensificação permite a melhoria de produtividade e consequentemente uma melhoria de
resultados. No entanto não se pode esquecer que esta também pode ser factor de aparecimento de
processos nefastos à produção por alteração do habitat produtivo (Silva, 2002).
3.5.2. Humidade
A humidade relativa ambiental tem pouca influência sobre a produção de coelhos, a menos
que esta seja muito alta ou muito baixa (Silva, 2002).
Os coelhos são sensíveis a humidades muito baixas (a baixo dos 55%) mas não são
sensíveis a humidades muito elevadas. Para o coelho é mais preocupante as modificações
repentinas de humidade, por isso a melhor solução é humidades constantes, e isto vai depender do
desenho do pavilhão (Lebas et al., 1997).
Os riscos de problemas por elevada humidade (> 80%) estão relacionados com a
propagação da tinha, rinite contagiosa e outras doenças. Normalmente os problemas estão
associados a uma correlação da humidade elevada com temperatura elevada, estes dois parâmetros
em conjunto provocam desconforto no coelho e incremento dos níveis de amoníaco na instalação.
Mas se a humidade é demasiado baixa (<50%), poderá haver uma maior concentração de pó na
instalação, que pode aumentar a presença de agentes patogénicos presentes no ar, podendo haver
também irritações das mucosas por desidratação as quais podem ficar mais sensíveis às infecções.
A humidade ideal é de 60 a 70% (Silva, 2002).
Os pavilhões destinados aos coelhos devem ter um mínimo de ventilação para evacuar os
gases prejudiciais libertados pelo coelho (CO2) e pelos excrementos (NH3, H2S, CH4, etc.), e para
renovar o ar e retirar o excesso de humidade (evaporação, respiração animal) e excesso de calor
libertados pelo coelho (Lebas et al., 1997). A ventilação proposta para climas temperados baseado
em diversos estudos efectuados por técnicos e investigadores franceses estão referidos no quadro 8.
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Quadro 9: Valores mínimos de volume estático, que varia com o tipo de animal, que devemos
respeitar (Moreno, 2008).
Coelhas lactantes 3, 5 3
Substituição 2,25 2
Como se pode ver no quadro 9 o volume estático varia com estado fisiologico do animal.
Verifica-se que os valores mais elevados de volume estático estão presentes na maternidade
(coelhas lactantes).
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4. Instalações
As instalções para coelhos englobam os elementos necessários que uma exploração racional
desta espécie exige.
As instalções devem permitir tirar proveito das novas técnicas de exploração, proporcionando
uma amortização o mais rápida possivel de todo o investimento na actividade da exploração.
Para o bom desenvolvimento da Cunicultura, é indispensável que se tenha um controle
rigoroso na limpeza e higiene das instalações. A água deve ser potável e preferencialmente de
nascente ou poço - pois está livre de cloro - e junto com uma boa qualidade de ar. Juntos, estes
factores somam ao êxito da criação.
Existem vários tipos de alojamento de acordo com as características da zona que esteja
prevista para estabelecer a exploração ou da finalidade do empreendimento. Poder-se-a aproveitar
simples cobertos ou construir verdadeiros pavilhões.
O alojamento pode ser ao ar-livre. Este tipo de alojamento é o mais económico, teoricamente
é aconselhável apenas para pequenas explorações. A alimentação neste tipo de alojamento é
manual. Explorações deste tipo estão indicadas para zonas de clima temperado.
Um sistema denominado semi-ar-livre (Figura 8) é uma evolução da anterior. Semi-ar-livre
teoricamente é igual à anterior só que mais protegido. O custo de construção é relativamente mais
elevado. Na figura 8 a imagem da esquerda é simplesmente um coberto com uma passadeira
central. A imagem da direita tem o módulo de jaulas ao centro e duas passadeiras laterais.
Figura 8: Perfil de 2 naves com diferentes posicionamentos das gaiolas (Moreno, 2008).
Os edificios clássicos usados em instalações industriais, com uma capacidade de 500 a 1000
coelhas ou mais, com um maior controlo ambiental e tem a possibilidade de automatização, são
normalmente referidos como “naves”. Na figura 9 está esquematicamente representado este tipo de
edificio.
.
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B1 B2
A
O tipo de construções, que podemos ver na figura 10, corresponde ao de naves clássicas
com ventilação natural ou estática. Estas podem ser naves de 10m de largura com capacidade de
três filas podendo ser nave única ou módulos (A), nestes casos pode haver também módulos para
apenas duas fossas (largura de 7m). A ventilação em princípio é natural, com frecha regulável de
cumieira (saída de ar) e entradas de ar laterais. A outra solução é naves de 6-7 metros (B1 e B2) que
são reconversão de antigas explorações de aves de postura. Na nave B1 cabem duas filas de jaulas,
em que uma delas está partida ao meio e cada uma das metades está pegada a cada uma das
paredes. Isto trás problemas pois dificulta a limpeza e a desinfecção das instalações. Na nave B2
cabem duas filas de gaiolas e três passeios de circulação. A ventilação pode ser natural, com
entradas de ar lateralmente e saídas pela parte mais alta das naves.
Recentemente apareceu um novo tipo de nave que é a nave em túnel. São naves
relativamente pequenas, com uma largura de 7 a 10m, que possibilitam a execução de vazios
sanitários o que é dificil numa exploração de grande dimensão e de nave única. Também tem a
vantagem de possibilitar a automatização, quer com sistemas de alimentação quer sistemas de
recolha dos dejectos representada na figura 10.
Naves de 12m
Nave de 7-10m
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A actividade das explorações animais gera inevitavelmente uma série de produtos que
podem ser responsáveis por possíveis impactos sobre o meio ambiente. Estes produtos são os
dejectos (sólidos e líquidos) misturados com os desperdícios de alimento e de água, pêlos e de
outros resíduos, água de limpeza, que compõem o esterco de coelho. Os impactos potenciais no
ambiente derivam principalmente da gestão e do uso deste esterco produzido. Tais impactos sobre o
meio natural podem afectar o solo, as águas superficiais e subterrâneas, e também a atmosfera. O
risco potencial de impacto aumenta no caso de uma exploração intensiva, ao existir uma maior
concentração de animais e produzir-se maior quantidade de esterco e de este não ser gerido
adequadamente.
Os sistemas de gestão do esterco implementados nas instalações são determinantes no
controlo da contaminação que uma exploração pode causar.
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sistema de ventilação potente para a eliminação dos gases, que se acumulam já que o esterco está
continuamente a fermentar.
Hoje em dia o que se implementa é a fossa semi-profunda de uns 40-60cm de profundidade
com instalação de pás mecânicas com um robot para esvaziar este tipo de fossa. Este sistema
permite uma eliminação rápida dos dejectos. Mas há uma grande emissão de gases, principalmente
quando se limpa e se remove dejectos. Também implica um grande investimento no motor e no
sistema mecânico e na mecanização das pás.
Cimento
A figura 13 mostra um esquema de como deve ser uma fossa de recolha de esterco. Deve ter
uma altura pequena de 35 cm, 60 cm quanto muito. Na parte superior tem uma capa de areia com 10
cm, esta capa de areia é uma gravilha fina, depois tem uma gravilha (por vezes a areia não se usa
apenas se põe a gravilha). Dentro da gravilha está enterrado um tubo de drenagem para eliminar os
líquidos. Por debaixo da fossa é colocado uma lâmina impermeável para impedir que os líquidos
penetrem no subsolo e contaminem as águas subterrâneas. A largura da fossa vai variar conforme a
largura das jaulas, hoje em dia normalmente é de dois metros.
A limpeza automática pode ser feita com a utilização de um motor móvel. Em que a máquina
puxa uma pá que arrasta os excrementos até à parte externa da
nave.
Não tem nenhuma necessidade da presença do trabalhador.
Tem duas opções do arraste (figura 14):
“Opção A” do tractor colocado do lado da fossa
do esterco;
“Opção B” do tractor colocado no lado oposto da
fossa do esterco.
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Outro tipo de limpeza é recorrer ao uso de um motor fixo (um motor por cada duas fossas).
Este motor arrasta as pás e estas trazem o esterco para o exterior do pavilhão. Este motor pode
estar ligado a um painel de controlo geral.
4.3.1.2. Gaiolas
A criação de coelhos deve fazer-se num espaço exclusivo para eles e devemo-lhes
proporcionar gaiolas apropriadas. A gaiola destina-se a acomodar individualmente os coelhos
reprodutores e a acomodar os coelhos de recria.
Existem no mercado diferentes tipos de gaiolas, que podem ser:
Tipo flat-deck, 1 piso;
Tipo californiana, 2 pisos, em forma de A, um piso em cima do outro. Este tipo de gaiola
supõe uma altura de 1,80m;
Tipo bateria, mais usadas em situações experimentais sobretudo em engorda;
Tipo piso 1+1/2 ou de 1 piso. São as gaiolas actualmente utilizadas.
A densidade de coelhos por gaiola vai depender do sector da cunicultura. Na engorda a
2 2
densidade é de 15 láparos por m , já na maternidade é de 0,25-0,3 m por reprodutora. Quanto
2
ao sector de reposição tem de haver 0,2 m por gaiola independente. Estando estes valores,
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representados no quadro 10) sujeitos a alterações de acordo com as futuras normas sobre o
bem-estar animal.
Quadro 10: Superfícies mínimas aconselháveis por cabeça e altura mínima da gaiola (adaptado de
Moreno, 2008).
4.3.1.3. Iluminação
Outro elemento interior de uma exploração é a iluminação. A engorda não é muito exigente,
mas nas salas das reprodutoras é um aspecto a ter em consideração. As reprodutoras são exigentes
na quantidade de horas de luz, na regularidade e na homogeneidade. Devem ser 16 horas (quadro
2
11) de luz por dia e a intensidade por m deve de ser de 20-50 lux.
Quadro 11: Iluminação consoante o estado em que se encontram os animais (adaptado de Colomer,
2008).
2
Estágio Horas Intensidade Qualidade Watt / m
de luz de luz
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4.3.1.4. Ventilação
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5. Alimentação
5.1. Alimento
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5.1.1. Necessidades
Legenda:
ED- Energia digestível
PB- Proteína bruta
PD- Proteína digestível
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Há que programar com suficiente antecipação o consumo mensal tendo em conta que o
Indice de consumo médio é de 3,58 (ITAVI, 2007).
No quadro 13 é mencionado o consumo médio diário para as diferentes fases fisiológicas
da fêmea e dos coelhos de engorda.
Consiste no enchimento automático dos comedouros por intermédio de linhas que ligam o
comedouro aos silos. Não necessita a intervenção de nenhum trabalhdor.
O facto de o grânulo ser arrastado pelo semfim, desde
o silo até ao comedouro, pode provocar a sua degradação. Mas
se o alimento (o grânulo) for de boa qualidade esta situação
não é assim tão problematica.
Tem como opção a existência de um painel de control
inteligente.
Este painel de control pode ter as seguintes funções:
Enchimento dos comedouros ;
Selecciona o alimento (tipo de alimento em cada linha). Possibilidade de
racionanamento;
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5.2. Água
A água é um recurso imprescindível nas explorações animais, é
necessária tanto para os animais como para a manutenção das
instalações. É preciso destacar que o coelho necessita de água de
bebida potável, fresca no Verão, temperada no Inverno, sempre à sua
livre disposição, porque a vida sem água é impossível, visto ser ela o
elemento fundamental no organismo (Zapatero, 1979).
Distinguem-se essencialmente três tipos de usos diferenciados
para a água: bebida para os animais, limpeza e rede sanitária, e por
último para os sistemas de refrigeração e aquecimento. Assim, se
expõem as distintas necessidades de consumo de água para as diferentes actividades, e as
exigências de qualidade desta. Definimos também os requisitos fundamentais de uma instalação
hidráulica numa exploração de coelhos.
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6. Mão-de-Obra
Uma exploração de coelhos actual exige para o seu sucesso de mão-de-obra executiva
com um mínimo de conhecimentos técnicos. Deverá ser em quantidade, a necessária para exercer
um controlo individual das coelhas reprodutoras e das suas ninhadas.
De acordo com diversos relatórios (Azard, 2006), uma exploração em que todo o trabalho
é automatizado (lactação automática, alimentação automática, distribuição automática de água,
ventilação automática), com prática de IA (permite a organização do trabalho de forma racional),
pressupõe-se que uma pessoa possa trabalhar entre 500 a 800 fêmeas reprodutoras, com ajuda
em dias pontuais, este valor pode aumentar para 1000.
A inseminação artificial além de permitir ao cunicultor a planificação de todo o trabalho,
permite conseguir períodos em que não é imprescindível a sua presença na exploração dado que
alguém que o substitua (mesmo que não saiba realizar o maneio na exploração) possa alimentar
os coelhos e retirar os mortos.
Tem de se ter em atenção a mão-de-obra, pois se mantivermos mais coelhos numa
exploração que os que se podem atender pessoalmente pode ser uma das causas de erros de
planificação que podem levar uma exploração ao fracasso.
Entre os custos de produção de um kg de carne de coelho estão os salários.
A mão-de-obra pode ser de trabalhadores contratados, fixos ou temporários, dependendo
do tamanho da exploração.
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7. Software
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8. Projecto
Temperaura do ar (ºC)
30
25
20
T(ºC)
15
10
5
0
J F M A M J J A S O N D
Meses
Na figura 17 verifica-se que a média das mínimas apresenta valores entre os 6,2º e os
14,8ºC. Em relação à média das máximas os valores encontram-se entre os 14,2º e os 25,9ºC. A
temperatura média diária apresenta valores entre os 10.2º e os 20.4ºC.
75
70
65
J F M A M J J A S O N D
Meses
HR
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percentagem mais baixa (74%). A partir deste mês a humidade relativa torna a aumentar. As
percentagens mais altas registam-se em Dezembro e Janeiro (83 e 85% respectivamente). Mas
durante todo o ano os valores estão dentro dos parâmetros normais aceitáveis para o bem estar do
coelho.
As temperaturas mais baixas são registadas também em Janeiro e Dezembro, mas estes
valores são suportáveis, já que dentro dos pavilhões está sempre uma temperatura mais elevada. As
temperaturas de verão, as mais elevadas, são as mais problemáticas, mas a temperatura média dos
últimos 30 anos encontra-se dentro das temperaturas limites superiores (para que não origine
problemas na produção) de 6ºC e 30ºC. Temperaturas máximas como estas podem ser controladas
com a abertura controlada das janelas dos pavilhões e uma boa orientação dos pavilhões ao vento.
Pode concluir-se que a Zona de Dois Portos é uma zona favorável, em termos climáticos à
implementação da exploração. Esta zona geográfica também é vantajosa porque fica perto de
matadouros e de fábricas fornecedoras de alimento.
Quadro 14: Resultados técnicos de explorações com condução em bandas (ITAVI 2007).
Resultados Técnicos
Nº total de nascidos vivos por parto 9,63
Nº de coelhos por fêmea e por ano 51,8
Taxa de partos por inseminação artificial 80%
Nº de desmamados por parto 8,18
Nº de kg vendidos por inseminação artificial 14,49
Peso médio dos coelhos vendidos vivo (kg / 2,47
cabeça)
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Considerando como a primeira actividade na exploração a IA, e atribuindo o dia zero a esta
terefa, o resto das operações vão-se repetir na mesma banda da seguinte maneira: colocação dos
ninhos, dia 29; parto, dia 31; tirar os ninhos, dia 53 (22 dias pós-parto); desmame, dia 65 (34 dias
pós-parto); venda, dia 100 (69/70 dias pós-parto).
No quadro 15 podemos ver a organização do trabalho semanal. Algumas das actividades
como o tirar e ninhos, venda, desmame e inseminação artificial são realizadas apenas de 15 em 15
dias.
No quadro 16 está exposta uma planificação das principais tarefas nas diferentes semanas
decorrentes e nas diferentes bandas propostas.
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Na figura 19, está representado um esquema possivel para a disposição dos diferentes pavilhões
e estruturas da exploração.
Os pavilhões das fêmeas têm uma dimensão de 39,90m por 10,70m cada um, os da recria têm
33,60m por 10,70m. A sala dos machos Gp tem a dimensão de 7m por 4m, o armazém 9m por 3m, o
laboratório 2m por 2m e por último o balneário 3m por 3m. (Figura 19)
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8.5. Investimento
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A análise económica torna-se interessante para os produtores que têm por finalidade a
obtenção de um lucro máximo. Os resultados obtidos dependem muito do nível técnico do produtor e
das condições económicas em que se encontre (Lebas, 1986).
2
Euro/Kg P.V.
1,5
2008
1
2009
0,5
0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
O preço da carne de coelho no mês de Setembro de 2008 atingiu o preço mais elevado do
ano (figura 20) de 2,02€/ kg. A média do preço da carne de coelho no ano de 2008 foi de 1,63€,
cerca de 15% superior à média registada em 2007, que foi de 1,41€ por kg.
No quadro 18 está especificado o valor teórico do produto bruto que a exploração poderá
alcançar recorrendo ao preço médio do kg do peso vivo do coelho de 2008 na bolsa de Madrid. O
quadro 20 especifica os consumos intermédios da exploração.
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2009
Investimento 342953,89€ 0 0 0
Assalariados 1 1 1 1
600 Toneladas
218€/tonelada de ração (segundo Moyenne 130.800,00€
1
2007 em ITAVI 2007) *
2
Compra de reprodutores* 5.532,00€
2
Profilaxia e Desinfecção* 16.140,00€
2
Produtos para ninhos* 1.812,00€
2
Utensílios diversos* 3.600,00€
2
Energia* 5.172,00€
2
Água* 1.164,00€
2
Telefone, correio* 732,00€
2
Combustíveis* 1.032,00€
O consumo de capital fixo (vivo e/ou inanimado), que corresponde às amortizações tem um
valor de 63.743,52€ por ano.
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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
2009
Os seguros, impostos e segurança social, têm o valor de 12.840,00€ por ano. (segundo
resultados técnicos de explorações francesas 2003 (ITAVI, 2005).
A remuneração dos assalariados corresponde a um valor de 6.300,00€ (450€*14meses*1
assalariados) anualmente.
A remuneração de trabalho directivo corresponde a 5% dos encargos reais da empresa
agrícola e a reserva para riscos corresponde a 2% também dos encargos reais. Consideram-se os
encargos reais a soma de: compras de bens e serviços + contribuições e impostos de bens não
fundiários + impostos e prémios de seguros de bens fundiários + salários e encargos sociais pagos +
renda paga + juros. (RICA 1992, citado em Cristóvão C. 2002).
O quadro 19 refere os resultados económicos da empresa agrícola.
O rendimento bruto da exploração obtém-se, subtraindo ao produto bruto os consumos
intermédios, seguros, impostos e segurança social.
Se ao rendimento bruto subtrairmos as amortizações (63.743,52€) obtemos o rendimento
líquido da exploração. Se a este último subtrairmos os salários pagos, as rendas pagas e os juros
pagos, o resultado é o rendimento do empresário e família. (RICA, 2002)
O Lucro resulta da subtracção da remuneração do trabalho directivo e da reserva de riscos
ao rendimento do empresário e família. (Avilez et al., 1988)
Todos os valores calculados presentes no quadro 21 foram feitos em relação ao ano 1
(quadro17), em que é contabilizada a amortização anual do empréstimo feito.
Quadro 21: Resultados da exploração para diferentes preços do kg do peso vivo, no Ano 1.
Resultados consoante o preço do peso vivo
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2009
9. Discussão
Da análise dos vários resultados económicos, o projecto só terá lucro quando o preço do kg
de peso vivo do coelho for igual ou superior a cerca de 1,75€, pelo menos nos primeiros 7 anos em
que existem encargos de amortização do empréstimo. Sem os encargos das amortizações e com o
preço a rondar 1,41€ (média anual de 2007), obtém-se lucro (sensivelmente 17.960,00€). Para o
preço de 1,63€ o lucro obtido sem as amortizações seria cerca de 51.978,70€ anualmente.
Se o preço do kg do peso vivo atingir o valor médio anual de 2,15€, a empresa agrícola
atinge um lucro de 67833,48€ (este valor inclui as despesas com as amortizações).
A média anual de 2008 foi de 1,63€, este preço proporciona um rendimento do empresário e
família positivo mas resulta em perdas (rendimento do empresário e família – remuneração do
trabalho directivo – reserva de riscos) no valor de 12.004,82€.
O actual projecto apresenta um rendimento do empresário e família positivo para os preços
do kg de peso vivo de 1,63€ e 2,15€. Se o preço atingir os valores do ano de 2007 (média de 1,41) o
rendimento do empresário e família e o rendimento líquido da exploração são negativos.
Se houvesse ajuda financeira ao investimento talvez se conseguisse ultrapassar este
problema dos primeiros 7 anos, mas a ajuda actual (Proder, ajuda da 1ª instalação do jovem
agricultor) tem um valor máximo de 40.000,00€ o que é insignificante face a um investimento total de
342.953,89€. Isto também tendo em atenção que o consumo da carne de coelho se encontra
estagnado.
Poder-se-ia pensar na hipótese de dividir o investimento em três fases, investir primeiro em
400 fêmeas depois de este investimento estar liquidado (7 anos) investir novamente em 400 fêmeas
e assim por diante até atingir as 1200 fêmeas. Mas apesar de diminuirmos o investimento inicial, este
continua a ser demasiado elevado, porque o produto bruto diminui significativamente (passamos a ter
apenas 400 fêmeas a produzirem).
Outra das hipoteses seria de em vez de investir em naves tipo tuneis, edificar apenas uns
telheiros com uns pilares para a sua sustentação e como protecção lateral uma lonas anti-mosquitos
e as respectivas fossas. Mas pela informação que foi possivel obter ronda um preço de 180€-200€ o
2
m , o que se formos comparar fica mais caro (quase o dobro do preço) do que comprar os modulos
(pré-fabricados, prontos a montar) das naves tipo tunel.
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10. Conclusão
Para a actual situação do mercado da carne de coelho e os preços praticados, o projecto não
apresenta viabilidade económica, apresentando perdas para os preços actualmente praticados. Isto
tendo que recorrer a um financiamento do valor total do investimento inicial.
O projecto só seria viável para um preço igual ou superior a 1,75€ por kg de peso vivo de
coelho, ou se houvessem maiores e mais significativas ajudas à primeira instalação do jovem
agricultor. Actualmente se valor de 1,75€ não for atingido ou se os custos de produção não
diminuírem o projecto não é viável.
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12. Anexos:
Em relação ao material para o interior dos pavilhões optou-se pelo orçamento fornecido
pela CuniSperm que representa a Extrona em Portugal.
A opção feita foi baseada nos preços, já que o material é muito idêntico, as opções e os
designs dos diferentes modelos de gaiolas são extremamente idênticos. A grande diferença é que as
jaulas polivalentes da Extrona (modelo Mega B 12/3 T2400 F2000 S/E) têm mais duas jaulas
individuais que o modelo polivalente apresentado pela Gomez y Crespo. O espaço ocupado pelas
jaulas das duas marcas é idêntico, não tendo qualquer diferença no comprimento dos pavilhões.
A unidade do modelo polivalente da Extrona custa 183,23€ (com 12 jaulas e bebedouros,
com desconto de 25% incluído) e o modelo da Gomez y Crespo custa 195€ (com 10 jaulas e
bebedouros), fazendo a proporção, se o modelo da Extrona tivesse 10 jaulas apenas custaria
152,69€, que resumidamente e concluindo é mais barato.
Este facto de as jaulas da Extrona serem mais baratas é também extensível a todos os
outros equipamentos disponibilizados.
Sendo os equipamentos de qualidade idêntica, conclui-se que a melhor opção
qualidade/preço será optar pelos produtos da Extrona.
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inseminação artificial. Tem uma abertura frontal maior que vai facilitar o manejo do coelho quando for
feita a recolha do sémen.
Túnel 3 Fossas
Escolheram-se módulos prefabricados ampliáveis tipo túnel, em estrutura metálica e coberto
por um perfil curvado.
A ventilação está baseada no principio da conveccção: o ar
frio entra através das janelas laterais
empurrando o ar quente do interior da
nave e evaquando-se pela abertura
da frecha da cumieira.
Tudo isto é possivel graças à
funcionalidade das duas janelas de
policarbonato e cumieira metálica, colocada longitudalmente e
regulaveis de maneira independente.
Limpeza automática:
Optou-se pelo uso do tractor, porque este pode-se deslocar para cada fossa facilmente,
funciona como um pequeno “carrinho de mão”, ficando mais barato do que instalar motores redutores
em 13 fossas diferentes.
Animais:
Para efeito representativo dos preços escolheu-se a genética Hycat de Ponte de Lima.
Este centro de genética garante uma linha maternal com uma prolificidade entre 10,2 e 10,4
nascidos vivos por parto e por reprodutora, uma durabilidade da reprodutora entre 8 a 11 partos, e
uma regularidade que podemos ver no quadro seguinte:
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II. Orçamentos
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e. Outros Custos:
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Serão necessários mais 70000€ para isolar os 3 túneis com poliretano projectado, para
electricidade/iluminação, águas, construção civil (fossas; casas de banho, divisão para machos
reprodutores e pequeno armazém).
Quanto aos silos no site a Asescu (http://www.asescu.com/tanuncios.php) estão dois silos
como novos a serem vendidos. Um silo de 6000Kg e outro de 9000Kg, os dois por 3000€. Os silos
são todos em chapa com sem-fim de repartição. A exploração vai ter 3 silos, um para ração para
engorda medicamentada, um para ração para engorda não medicamentada (para os últimos 5 dias
da engorda) e uma para ração para reprodutoras. O silo para a ração de engorda não
medicamentada pode ser um silo mais pequeno que o de 6000Kg, já que é para apenas os últimos 5
dias antes do abate. Fazendo uma estimativa por alto o custo dos silos seria 4200€. Seria um silo de
9 toneladas (1800€) para a ração das reprodutoras, que poderia ser reabastecido duas vezes por
mês, e outros dois silos cada um de 6 toneladas (1200€ cada um) para as rações de engorda
(medicamentada e não medicamentada) que também poderiam ser reabastecidas duas vezes por
mês se for necessário.
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De 12 de Maio a 25 de Julho
De 1 de Setembro a 31 de Outubro
De 1 de Novembro a 31 de Dezembro
Anos seguintes:
De 1 a 31 de Janeiro;
De 1 a 30 de Abril;
De 1 a 31 de Julho;
De 1 a 31 de Outubro.
Informações:
Objectivos:
Área Geográfica:
Beneficiários
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Os pedidos de apoio são efectuados através de formulário electrónico disponível neste site ,
e estão sujeitos a confirmação por via electrónica.
Considera-se a data de envio como a data de apresentação do pedido de apoio.
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