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Projecto para instalação de uma cunicultura

Ana Raquel Gaspar Fernandes

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Zootécnica – Produção Animal

Orientador: Doutora Luísa Almeida Lima Falcão e Cunha

Júri:

Presidente: Doutor José Pedro da Costa Cardoso de Lemos, Professor Associado da


Faculdade de Medicina Veterinária da Universadade Técnica de Lisboa;

Vogais: Doutora Luísa Almeida Lima Falcão e Cunha, Professora Associada do Instituto
Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, orientadora;

Doutora Magda Alexandra Nobre Martins Aguiar Fontes, Professora Auxiliar da


Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa;

Doutora Maria Madalena dos Santos Lordelo, Professora Auxiliar do Instituto


Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.

Lisboa, 2009
Projecto para Instalação de uma Cunicultura
2009

Agradecimentos:

Esta Dissertação não representa apenas o resultado de extensas horas de estudo, reflexão e
trabalho durante as diversas etapas que a constituem. É igualmente o culminar de um objectivo
académico a que me propus e que não seria possível sem a ajuda de um número considerável de
pessoas.
Estou especialmente agradecida à Prof. Luísa Falcão e Cunha, professora orientadora, pela
disponibilidade e ajuda reveladas. E pelas criticas e sugestões feitas durante a orientação.
Agradeço aos meus pais, pelo estímulo e apoio incondicional desde a primeira hora; pela
paciência e grande amizade com que sempre me ouviram, e sensatez com que sempre me
ajudaram. Por incutirem o amor ao estudo e à realização profissional.
Em especial tenho de agradecer ao Nuno, companheiro, esposo e amigo, que conforme
prometido me apoiou nos bons e nos maus momentos, suportou as minhas faltas de atenção para
ele e para a nossa casa e que me foi ajudando dentro do que lhe era possível. Por todo o amor e
carinho, e toda a confiança em mim depositada; Pela ajuda e motivação; Pela companhia.
Quero também agradecer ao meu avô, que já não se encontra entre nós, por todas as lições
de vida, estímulos e força de vida que me incutiu.
Por último gostaria de estender os meus agradecimentos a todos aqueles de uma forma ou
de outra (fornecendo ideias e/ou criticando), foram ajudando anonimamente nas inúmeras
discussões.
A todos, os meus sinceros agradecimentos.

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
2009

a
Fernandes , Ana Raquel Gaspar

a
Instituto Superior de Agronomia, Secção de Produção Animal, Tapada da Ajuda, Lisboa

Resumo

A produção de carne de coelho pode ser uma alternativa à produção de carne de animais de
grande porte já que a produção actual de carne de coelho, quer em Portugal quer na Europa, não
satisfaz as necessidades de procura. A carne de coelho tem características que a diferenciam de
outras carnes e que lhe conferem um valor alimentar particular.
No presente trabalho, após uma primeira parte em que se abordam aspectos relacionados
com as características das raças, as particularidades do ciclo produtivo do coelho, os cuidados
profiláticos e de higiene da exploração e os pontos a ter em consideração na construção das
instalações, apresenta-se uma proposta de um projecto de uma exploração de coelhos.
A exploração situa-se na região Oeste de Portugal, caracterizada por temperaturas amenas
de Inverno e de Verão. Propõe-se uma exploração em sistema semi-intensivo com um intervalo de
42 dias entre partos e com inseminação artificial para 1200 fêmeas organizadas em 3 bandas.
Para a implementação do projecto é necessário um investimento inicial de cerca de
343.000,00€. Considerando a amortização e todos os custos de produção a preços actuais, este
empreendimento só se torna economicamente viável se o preço do coelho vivo for igual ou superior a
1,75€/kg.

Palavras-chave: Projecto; Produção de coelhos; Instalações; Lucro;

Abstract:

The production of rabbit meat can be an alternative to the production of far-reaching meat
animals because the current production of rabbit meat, not only in Portugal but also in all Europe, is
not enough to satisfy all the market needs. The rabbit meat has characteristics that make the
difference to other meats and give it a particular value.
In the present work, after a first part in which there are boarded aspects connected with the
breed characteristics, the peculiarities of the rabbit productive cycle, the preventive cares and hygiene
of the exploration and the points to consider in the installations construction, presents a proposal of a
project of an exploration of rabbits.
The exploration it will be located at Weste of Portugal, with climate characterized by pleasant
winter and summer temperatures. The exploration is proposed in a semi-intensive system with a 42
days interval between birth and with artificial insemination for 1200 females organized in 3 distinct
groups.

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To implement this project it will be necessary an initial effort rounding €343.000,00.


Considering the capital depreciation and all the production costs at current prices, this project it only
become economically viable if the price of live rabbit will stand never bellow the €1,75/kg.

Key-Word: Project; Production of rabbits; Installations; Profit;

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Extended abstract:

The rabbit is a mammal, rodent and belongs to the lepórideos family. The rabbit‟s creation
can be an alternative to the production far-reaching animals.
The rabbit meat is consumed in different world regions, being Europe the principal market. It
has an elevated protein content associate to low cholesterol. The European Union presents
approximately 54 % of the world-wide consumption of rabbit meat, being Italy the biggest consumer.
China is the biggest producer of rabbit meat, being Europe at second place. Portugal is opened to
new implementations of explorations of rabbit meat production, since the capacity of the auto-
provision does not reach 100 %.
It exists at present countless rabbits breeds, divided in function of the adult weight in: giant or
big breeds, middle breeds, small breeds, and dwarf breeds. Two of the principal meat production
breeds are the Californian and the New Zeeland. In the current production are normally used hybrids
of improved lines where were represented these two breeds. The three principal diseases of the
rabbit are particularly Myxomatoxis, Viral Hemorrhagic Disease (VHD) and epizootic rabbit
enteropathy. The animals must be subject to a plan of vaccines with the advice of a veterinarian.
The rabbits can begin his sexual behavior approximately to 3,5-4 month‟s age. The best
zootechnic results are obtained with a photoperiod of 16horas of darkness and 8horas of light (for the
females), with a room temperature of 14-24 º C and moisture of 60-80 %.
The handling in animals groups and the use of artificial insemination allows an organization of
work on the rabbit‟s farm with a fixed day weekly for the principal activities, and it allows to group
females in the same physiological state. The intensive exploration system (rest period minimum)
makes difficult the females maintenance in good physical conditions leaving them more vulnerable.
The artificial insemination 11 days after the childbirth (semi-intensive system) allows the maintenance
of reproducers more time in reproduction because so manages to restore his physical reserves before
next artificial insemination.
The environmental factors can influence the animal‟s productivity and the control of these
factors is very important in the production. So, from the type of the building, his direction, the animal
density, temperature, moisture, light, ventilation, the food, etc., it can affect the economical results of
a rabbit‟s exploration. There are different types of accommodation; they may be open-air, in semi-
free-air, ship and classic ship industry. The orientation of housing is very important when using natural
ventilation. The structure of the pavilions can be metal or in cement, the covering in plate (metal or
cement) or of the type sandwich, the walls from cement or the type sandwich panels.
The manure produced by rabbits can be withdrawn by water (elevated consumption of water),
surface pit (cleaning of manual), deep pit (great accumulation of gases) and semi-deep pit (that is
more used nowadays). The cleaning of the pits in the great explorations is automatic. The density of
2 2
rabbits for cage in the fattening is of 15 rabbits for m , in the maternity of 0,25-0,3 for m and in the
substitution 0,2 for m2. The cages can be type flat-deck, Californian, battery, floor 1+1/2 or of 1 floor
(these last ones are most used).

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The water supplied to the rabbit must be ad libitum. The feeding is done by food pellets, with
a composition that cover the rabbits needs.
In the proposed project, the exploration is located in Dois Portos, Torres Vedras (Portugal).
This place is characterized by pleasant temperatures the whole year (the temperatures oscillate
inside the limits advised for the rabbits, of 6 º C and 30 º C).
The moisture reaches the values most lifted up in the winter (85 %), but inside the pavilion a
ventilation system easily corrects this problem. Being so this favorable zone to implementation the
rabbits exploration.
The chosen dimension of the exploration was of 1200 females. This females number was
chosen for this project implementation, take into account to be compatible with a worker at full time
and a technician, since a person has capacity to take care of 500/800 females (to be able substituted
in holidays, days of lack, etc.).
For the construction of the buildings in the project were chosen buildings type tunnel of three
pits, because this type of structure is cheaper, it has a good isolation and is of easy construction.
There were chosen animals of the genetics HYCAT, whose middle prolificacy is of 10,3 born
living animals for birth and reproductive female, and the reproductive middle life of the reproducer is
9.5 birth.
For the implementation of the project it is necessary an initial investment financed by the Bank
for 342953,89€.
For the current project, with the initial investment and the price of the rabbit lively weight
Kilogram 1,63€, the agricultural enterprise has a loss of 11764,82€ annually, in spite of the profit of
the businessman and family to be positive (annually 1394,86€).

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Índice:
1. Introdução ............................................................................................................................... 11
2. Produção e Comercialização – Breves Notas ..................................................................... 13
2.1. Produção e consumo ........................................................................................................ 14
2.2. Produção e Comercialização em Portugal ........................................................................ 16
2.3. Comercialização ................................................................................................................ 18
2.4. Balanço económico do sector produtor cunícola em 2007 ............................................... 19
3. O coelho como animal produtor de carne ........................................................................... 20
3.1. Raças................................................................................................................................. 20
3.1.1. As duas principais raças de produção de carne .................................................. 21
3.1.2. Coelho Híbrido ...................................................................................................... 22
3.2. Higiene, Sanidade e profilaxia ........................................................................................... 24
3.2.1. Medidas profiláticas ............................................................................................. 24
3.2.1.1. Medidas permanentes de higiene .................................................................. 24
3.2.1.2. Medidas ocasionais de higiene ...................................................................... 25
3.2.1.2.1. Vazio sanitário .................................................................................. 25
3.2.1.2.2. Profilaxia Médica ............................................................................... 25
3.2.2. Medidas profiláticas em função da doença .......................................................... 26
3.2.3. Principais Doenças do Coelho ............................................................................. 26
3.3. Ciclo Reprodutivo da Coelha ............................................................................................. 28
3.4. Maneio em Bandas ............................................................................................................ 30
3.4.1. Escolha do número de reprodutores e do número de bandas para trabalhar ..... 32
3.5. Condições ambientais de climatização ............................................................................. 33
3.5.1. Temperatura - Termo regulação e mecanismos de defesa ao frio e ao calor ..... 33
3.5.2. Humidade ............................................................................................................. 34
3.5.3. Ventilação/velocidade do ar ................................................................................. 34
4. Instalações .............................................................................................................................. 37
4.1. Tipos de Alojamento .......................................................................................................... 37
4.2. Orientação do alojamento ................................................................................................. 40
4.3. Elementos da Nave ........................................................................................................... 41
4.3.1. Elementos interiores de uma exploração ............................................................. 42
4.3.1.1. Fossas de dejectos/Evacuação de esterco ................................................... 42
4.3.1.1.1. Sistemas de evacuação de dejectos ................................................ 42
4.3.1.2. Gaiolas ........................................................................................................... 44
4.3.1.3. Iluminação ...................................................................................................... 45
4.3.1.4. Ventilação ...................................................................................................... 46
5. Alimentação ............................................................................................................................ 47
5.1. Alimento ............................................................................................................................. 47

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5.1.1. Necessidades ....................................................................................................... 48


5.1.2. Consumo de alimento........................................................................................... 49
5.1.3. Sistemas de alimentação ..................................................................................... 49
5.1.3.1. Alimentação automática com sem-fim ........................................................... 49
5.1.3.2. Alimentação manual com carrinho................................................................. 50
5.2. Água .................................................................................................................................. 50
5.2.1. Necessidade qualitativa e quantitativa de água ................................................... 50
5.2.2. Sistemas de bebedouros ...................................................................................... 51
6. Mão-de-obra ............................................................................................................................ 52
7. Software .................................................................................................................................. 53
8. Projecto ................................................................................................................................... 55
8.1. Micro localização ............................................................................................................... 55
8.2. Calculo do número de coelhos produzidos por 1200 fêmeas ........................................... 56
8.3. Organização do trabalho na exploração cunícola ............................................................. 57
8.4. Desenho das naves .......................................................................................................... 58
8.5. Investimento ...................................................................................................................... 59
8.6. Dados Técnicos e Económicos ........................................................................................ 60
8.6.1. Calculo dos Resultados Económicos da Exploração .......................................... 60
9. Discussão ............................................................................................................................... 63
10. Conclusão ............................................................................................................................... 64
11. Referências Bibliografias ...................................................................................................... 65
12. Anexos .................................................................................................................................... 69

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Lista de quadros:
Quadro Pagina
1 Consumo previsto per capita em alguns países. 14
2 Produção da carne de coelho no mundo. 15
3 Coelhos abatidos e aprovados para consumo em Portugal. 16
4 Resume de acções profiláticas de acordo com a doença. 26
5 Principais doenças que afectam os animais de explorações intensivas. 27
6 Duração dos ciclos produtivos. 30
7 Número de partos por ano para cada número de bandas usado. 31
8 Ventilação standard usada em França para cuniculturas fechadas em edifícios. 35
9 Valores mínimos de volume estático, que varia com o tipo de animal, que 36
devemos respeitar.
10 Superfícies mínimas aconselháveis por cabeça e altura mínima da gaiola. 45
11 Iluminação consoante o estágio em que se encontram os animais. 45
12 Características nutritivas de dietas (%matéria seca). 48
13 Consumo médio diário. 49
14 Resultados técnicos de explorações com condução em bandas. 56
15 Organização do trabalho na exploração cunícola. 57
16 Distribuição das principais tarefas por cada banda. 57
17 Total do investimento do projecto. 59
18 Proveitos da exploração. 60
19 Projecto, efectivo de 1200 fêmeas. 61
20 Consumos intermédios. 61
21 Resultados da exploração para diferentes preços do kg do peso vivo. 62

Lista de figuras:
Figura Pagina
1 Produção de carne de coelho. 15
2 Importação, Exportação e consumo de carne de coelho em Portugal. 17
3 Diagrama do sistema de distribuição. 18
4 Cruzamento entre raças puras. 22
5 Ciclo reprodutivo da fêmea. 28
Distribuição (em percentagens de vida produtiva) da gestação, lactação e
6 29
períodos de descanso quando usamos diferente tipos de ciclos de reprodução.
7 Efeitos da velocidade do ar (V) e da temperatura (T) na saúde do coelho. 35
8 Perfil de 2 naves com diferentes posicionamentos das gaiolas. 37
9 Naves clássicas com ventilação natural (estática). 38
10 Naves clássicas com ventilação forçada. 38

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11 Orientação do alojamento. 40
12 Sistema de extracção de esterco. 42
13 Esquema de uma fossa de dejectos ideal. 43
14 Opções do arraste do motor. 44
15 Ventilação natural. 46
16 Historial de uma fêmea. 54
17 Temperaturas do ar fornecidas pela estação meteorológica de Dois Portos.. 55
18 Humidade relativa do ar. 55
19 Esquema da edificação da exploração. 58
20 Evolução do preço do kg de carne na bolsa de Madrid em 2008. 60

Lista de abreviaturas:

ADF – Fibra ácido detergente;


BSE – Bovine spongiform encephalopathy;
DHV – Doença hemorrágica vírica;
ED – Energia digestível;
EU – União Europeia.
FAO – Food and Agriculture Organization;
FB – Fibra bruta;
IA – Inseminação artificial;
K – coeficiente de isolamento;
PB – Proteína bruta;
PD – Proteína digestível;
PBT – Produto bruto agrícola total
RBE – Rendimento bruto da exploração
RLE – Rendimento líquido da exploração
REF – Rendimento do empresário e família

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1. Introdução

A produção de carne de Coelho destaca-se como uma possível alternativa à produção de


carne de animais de grande porte, visto que, além de produzir carne de primeira qualidade, com alto
valor alimentício e fácil digestibilidade, produz também outros produtos com várias finalidades, tais
como, a pele e o rabo por exemplo. O mercado da carne de coelho na Europa está em evolução, a
produção existente não satisfaz as necessidades de consumo europeus.
Quase todos os países da Europa ocidental importam com regularidade vários milhares de
toneladas de carne de coelho. Os grandes mercados de importação para a carne de coelho são a
Itália e a França.
Para o êxito de uma exploração cunícola o produtor deverá alcançar um elevado nível
técnico, o que só é possível se garantir boas condições sanitárias e de alojamento (ventilação,
temperatura, humidade, luminosidade, etc.) além de utilizar animais de elevado potencial genético e
adequado às condições de exploração, bem como um programa alimentar e reprodutivo adequado.
A implementação de uma exploração deste tipo deverá ter em conta as facilidades de acesso
e de escoamento da produção, de abastecimento de água potável e de energia eléctrica, o
afastamento de outras explorações e estar numa zona sossegada, livre de ruídos intensos (Farias,
2006).
O principal problema que o produtor enfrenta ao projectar uma nova exploração é o
investimento inicial.
Ao longo deste trabalho serão descritos alguns factores importantes para um projecto de uma
cunicultura. Serão feitas referências ao mercado e consumo actual. Sendo o projecto vocacionado
para a produção de carne, serão referidos alguns aspectos sobre o ciclo reprodutivo deste animal e
as raças mais utilizadas nesta actividade. A higiene, a sanidade e a profilaxia, são temas muito
importantes. Uma profilaxia bem conduzida, será suficiente na maioria dos casos, para evitar as
grandes catástrofes patológicas (Lebas, 1986). Neste trabalho discute-se também o maneio dos
coelhos em grupos gestacionais. Serão feitas referências às condições ambientais necessária para o
bem-estar animal dos coelhos, aos diversos tipos de instalações, à água (um factor importante na
exploração), a noções básicas de alimentação, mão-de-obra e software (que pode ajudar a
administração e organização da exploração). Por último um estudo mais completo sobre o projecto
na prática, fazendo referência a dados técnicos e resultados económicos.
A escolha da realização deste trabalho não foi aleatória, para além do gosto e “simpatia ” por
estes animais, teve elevada importância o facto de ser uma actividade que precisa de um espaço
reduzido de implementação face a outras espécies animais. Outro factor importante é que depois de
se estudar o mercado/consumo deste tipo de carne, pode verificar-se que este tipo de produção tem
num futuro próximo possibilidades de se desenvolver.

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Objectivo
O objectivo deste trabalho é estudar a possibilidade de implementar uma exploração cunícola
com 1200 fêmeas reprodutoras e analisar a rentabilidade deste negócio de criação de coelhos para a
venda de carne a grande escala para matadouros Portugueses.

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2. Produção e Comercialização – breves notas

A carne de coelho, por questões culturais ou por ser considerada uma carne “saudável”, é
consumida em diferentes países do mundo, sendo a União Europeia o seu principal mercado.
A carne de coelho é macia, saborosa e de fácil digestão, o que a torna especialmente
apropriada para a alimentação de crianças, idosos e convalescente. Além disso, pode ser
preparada de múltiplas maneiras. O teor de proteína de carne de coelho é equivalente a outras
carnes, mas esta é relativamente pobre em gorduras (valor semelhante ao da carne de vaca mas
inferior a outras carnes). É de notar também o seu reduzido teor em colesterol (Pinho, 2002). A
tendência para o incremento do hábito de consumo de carnes saudáveis, como a carne de coelho,
deve-se à crescente consciencialização do consumidor pela saúde, associada à alimentação.
A sua pele, depois de curtida, pode ser utilizada na confecção de objectos muito variados. O
pelo dá origem a uma lã extremamente macia e leve. Até os dejectos (fezes e urina) podem ser
aproveitados, depois de curtidos adequadamente em estrumeiras especiais e constituem um adubo,
rico em fosfatos e nitratos. Da cartilagem do coelho pode obter-se uma cola de excelente qualidade.
Os láparos são também utilizados na produção de vacinas e o próprio coelho na idade adulta é
usado como animal experimental.
Para se poder compreender a situação actual da Cunicultura portuguesa, teremos que fazer
uma incursão ao passado e estudar o mercado.

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2.1. Produção e Consumo

O consumo de carne de coelho varia em volta do globo, onde vários factores afectam as
exigências dos consumidores. Entre esses factores estão a preferência do consumidor, a tradição e o
preço.
O consumo médio per capita de alguns países pode ser visualisado no Quadro 1.

Quadro 1: Consumo previsto per capita em alguns países (Szakály et al., 2006).
Países Consumo de carne de coelho
(kilograma por habitante por ano)
Malta 8,9
Chipre 4,4
Itália 4,0
Bélgica 2,7
Portugal 1,9
Espanha 1,8
Republica Checa 1,7
França 1,5
China 0,3
Argentina 0,13
México 0,04

Nos primeiros lugares estão Malta, Chipre e Itália, seguida pela Bélgica, Portugal, Espanha,
República Checa e França.
A Itália é o maior consumidor de carne de coelho, tendo um consumo anual médio de 220400
toneladas (FAO 2005) enquanto Malta tem um consumo de 1890 toneladas (FAO 2005) e o Chipre
de 850 toneladas (FAO 2005). A Malta e o Chipre podem ser grandes consumidores per capita de
carne de coelho mas são países muito pequenos (população muito diminuta) para terem alguma
relevância no consumo de carne da EU e mundial.
O consumo, nos diversos países/regiões, da carne de coelho tem-se mantido a um nível
sensivelmente constante, verificando-se apenas nos últimos anos um aumento significativo na China.
Neste país, apesar de ter um consumo anual de 488100 toneladas (FAO 2005), apenas tem um
consumo per capita de 0,3 kilogramas por habitante por ano.
A produção de carne de coelho global é actualmente de 1.107.062 toneladas correspondentes a
856.797.000 animais abatidos (Quadro 2).
A produção mundial da carne de coelho é concentrada em duas áreas principais - a Europa e
a Ásia. Na Europa, foram produzidas cerca de 552 mil de toneladas, senda a Itália com 222.000
toneladas o principal produtor, segue-se a Espanha com 115.000, a França com 85.000, República
Checa 39.000, a Alemanha 34.000, a Ucrânia 15.000 e a Hungria 11.000. Estando a produção

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concentrada na Região de Mediterrâneo, sendo a Itália o produtor principal produtor de carne de


coelho, em segundo a Espanha, e terçeiro a França (Figura 1).
Na Ásia, 448 mil toneladas foram produzidas: o maior produtor é a China que engloba 99 % da
produção asiática.

Quadro 2: Produção da carne de coelho no Mundo (Szakály et al., 2006).


Continente Produção de carne de coelho Número de coelhos
Toneladas %
Europa 552.173 49,9 375.561.000
Ásia 447.942 40,5 390.785.000
África 85.591 7,7 72.236.000
América 21.356 1,9 18.215.000
Oceânia 0 0,0 0
Mundo 1.107.062 100,0 856.797.000

Figura 1: Produção de carne de coelho (Elaboração própria com base em dados da FAO).

Produção de Carne de Coelho


450
400
Produção de Carne de Coelho

350
300
(1000 cabeças)

França
250 Argentina
200 China
150 Espanha
100 Italia
50
Ucrânia
0
2003 2004 2005 2006
Anos

Nos últimos anos verifica-se que a produção de coelho se manteve sensivelmente constante,
tendo-se apenas verificado um aumento significativo na China.

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2.2. Produção e comercialização em Portugal

A produção de carne de coelho em Portugal, assim como na maioria dos países nos finais
dos anos 90 (1998/99), diminuíu devido ao aumento da taxa de mortalidade por enterocolite
epizootica do coelho; havendo pouca oferta os preços aumentaram. Os cunicultores que
conseguiram ultrapassar a crise entusiasmaram-se e aumentaram os efectivos das suas
explorações. Face à problemática da BSE em Portugal e na Europa o consumidor retraiu-se na
compra da carne de bovino e o consumo de coelho, de frango, de peru e de pato aumentou
ligeiramente. Esta ligeira alteração no consumo provocou um aumento da oferta no espaço Europeu.
Mas, desde Janeiro de 2002 que os preços têm vindo a descer tendo atingido o valor mínimo de
0,80€/kg ao produtor. A procura diminuíu, a produção aumentou e os consumidores não
acompanharam a oferta. A crise da BSE foi “esquecida” pela opinião pública, e por conseguinte, o
consumidor continua a ter preferência por outras carnes (vaca, frango e porco) (Amaro, 2002).
Segundo os dados estatísticos disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística na
publicação de Estatísticas Agrícolas de 2007 (INE-EA, Edição de 2008), o grau de auto-
aprovisionamento de outros animais (onde se inclui os coelhos) no ano de 2006 e 2007 foi de 76,7%
e 77,4%, respectivamente.
Nos últimos anos tem havido um crescimento do número de animais para abates em Portugal
(Quadro 3).

Quadro 3: Coelhos abatidos e aprovados para consumo em Portugal.


Coelhos abatidos e aprovados para consumo em Portugal
Ano 2005 2006 2007 (valor provisório)
Cabeça Tonelada Cabeça Tonelada Cabeça Tonelada
Coelhos 5528004 6554 5928026 7101 6630341 8055
Nota: os dados do quadro referem-se a abates submetidos à inspecção sanitária.

Na figura 2 pode visualizar-se a diminuição quer do consumo quer da importação de carne de


coelho em Portugal. A exportação, contudo, tem vindo a aumentar. De 2003 para 2005 duplicou a
exportação da carne de coelho.

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Figura 2: Importação, exportação e consumo de carne de coelho em Portugal (Elaboração própria


com base em dados da FAO, 2007).

Importação, Exportação e Consumo em


Portugal de Carne de Coelho
Quantidade de Carne de Coelho

2 1,71,83 1,741,58
(1000 Toneladas)

Importação (1000 toneladas)


1,5 1,311,32
1
0,29 Consumo (1000 toneladas)
0,5 0,12 0,12
0
2003 2004 2005 Exportação (1000 toneladas)

Anos

Verifica-se na figura 2 que a quantidade de carne de coelho importada é praticamente igual à


quantidade consumida e os valores de carne exportada são muito inferiores.
Perante esta análise do mercado de exportação/importação/consumo (o valor da importação
muito próximo do consumo) e o auto-aprovisionamento ser de 77,4% (o auto-provisionamento não
está saturado), demonstra que o mercado Português está aberto a novas implementações de
explorações para a produção de carne de coelho.

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2009

2.3. Comercialização

No mercado Português faz falta a criação de uma Associação ou uma Federação de


Cunicultores unidos em torno de um objectivo comum, com força de vontade, capaz de implementar
uma estratégia conjunta de acção no sector e colocar em prática uma campanha de marketing junto
dos possíveis consumidores de carne de coelho. Esta associação deverá ser capaz de fornecer e
abastecer as grandes superfícies comerciais, para que estas não tenham de recorrer à importação,
conseguindo assim criar competitividade com o mercado de outros países que estão muito mais bem
organizados a este nível. Uma associação que conseguisse ajudar o produtor num melhor
escoamento do seu produto através de uma rede de distribuição bem organizada (Figura 3). No
Norte do país já existe a Associação Portuguesa de Cunicultura (ASPOC) que já indicia alguma
dinamização do sector.

Figura 3: Diagrama do sistema de distribuição.

Produtor

Matadouro

Supermercado Intermediário na Restaurantes Auto-consumo


proximidade da
exploração

Intermediário

Supermercado Restaurantes

Consumidor
Final

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2.4. Balanço económico do sector produtor cunícola em 2007

A produção de coelhos tem atravessado períodos de grandes dificuldades. O ano de 2007 foi
classificado como um dos anos de pior crise de sempre na cunicultura.
As causas fundamentais que originaram esta situação foram:
 Um desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado da carne de coelho que
provocou comercialização da carne abaixo dos custos;
 O aumento do preço das matérias-primas, que originou um aumento estrutural dos
custos. Assim, no caso do sector cunícola o aumento do preço do alimento foi de
cerca de 45% relativamente ao ano de 2006.
Com respeito à situação de mercado, é interessante mencionar uma campanha de promoção
feita em Espanha que incluiu a edição de milhões de receitas e provas de degustação em diferentes
centros comerciais da carne de coelho. Durante as 5 semanas da campanha o preço do coelho teve
um acréscimo de 10,3%, quando dentro do mesmo período, nos 14 anos anteriores, ocorreu uma
redução média de 19,1% (INTERCUN, 2008).
O preço máximo alcançado em 2007 foi de 1,60€, ou seja, cerca de 0,40€ abaixo dos custos
médios de produção (INTERCUN, 2008).
A campanha teve um efeito positivo a curto prazo mas é insuficiente para conseguir mudar a
tendência a longo prazo.
O principal factor que provoca grandes difuldades às explorações é a subida de preços dos
alimentos compostos para a alimentação dos animais, ou seja a subida dos custos de produção.
Para que a cunicultura portuguesa possa ser levada a bom termo, deveriam ser formados
técnicos, visando a orientação e apoio a explorações permitindo a divulgação de novas técnicas e
sistemas mais aconselháveis. Deveria haver uma organização de toda a produção de coelhos,
visando um mais perfeito escoamento para o mercado e um melhor aproveitamento de subprodutos,
e estudar a colocação estratégica de matadouros industriais.
Por último, conseguir soluções viáveis para se contornar o problema de não correspondência
entre o custo da alimentação dos coelhos e o preço da carne de coelho.

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3. O Coelho como animal produtor de carne

3.1. Raças
O Oryctolagus cuniculus é o único mamífero doméstico originário da Europa do Oeste
(Península Ibérica).
O coelho representou a principal fonte de carne na alimentação no Sul de França entre os
7000 e 8000 anos antes de Cristo (Lebas, 2000).
Ao longo do século XIX, começou a haver vestígios de selecção na cunicultura. Começaram
a verificar que os coelhos em coelheiras engordavam mais rapidamente que os coelhos dos sistemas
abertos, já que a alimentação das coelheiras estava mais assegurada que na natureza e que as
coelheiras retinham mais coelhos aptos para a reprodução.
Na segunda metade do século XIX foi a era das primeiras selecções de raças de coelhos no
sentido em que se entende hoje em dia (estabilidade de formato, de conformidade e de padronização
de coloração). Nesta época fez-se uma primeira referência ao coelho Gigante de Flandres.
As duas guerras mundiais durante o século XX ajudaram no aparecimento de criações do
tipo familiar. Em Inglaterra, durante a guerra de 1914-1918, foi instituída uma doação de farelo de
trigo para quem declarasse que criava coelhos, estimulando assim a criação. Assim surgiram
algumas unidades de produção organizadas. Nessa época os criadores seleccionadores „aficionados‟
criaram numerosas raças de cruzamentos. Alguns exemplos das raças que surgiram foram o Gigante
Branco do Bouscat, o Branco de Viena, Branco Neozelandês e o Californiano.
Foi nos últimos 60 anos que houve uma revolução científica e tecnológica no sector cunícola
que permitiu a criação racional e moderna desta espécie (Lebas, 2000).
Hoje em dia existe um grande número de raças de coelhos, que apresentam características
físicas e produtivas diferentes. Para efeito de classificação e de definição dos objetivos de criação,
existem alguns padrões para separarmos as raças em grupos. Esses grupos podem ser definidos de
acordo com o tamanho, pêlos, produção, etc. Dentre as formas de classificação mais utilizadas

temos:

Quanto ao peso ou tamanho

 Raças grandes ou gigantes


Nas quais os coelhos adultos atingem, no mínimo, 5 kg. Há citações de coelhos gigantes
brancos de Flandres com 9, 10 ou mais quilos. Exemplos: Gigante de Flandres Branco e suas
variedades parda, negra, areia, etc., o Gigante de Bouscat, o Gigante Borboleta Francês, o

Gigante Espanhol, etc. (Dionizio et al., 2001).

 Raças médias
Os coelhos destas raças pesam de 3,5 a 5 kg no estado adulto. Este é o grupo de raças
mais importante, pois a ele pertencem as chamadas raças usadas na produção intensivas, as mais
criadas por serem precoces, resistentes e as que se reproduzem com mais facilidade e rapidez,
dando maiores lucros. Entre elas destacam-se: Branco da Nova Zelândia, Vermelho da Nova

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Zelândia, Califórniana e Chinchila, sendo que esta última produz uma das mais belas peles,
imitação da pele da Chinchila lanígera, pequeno roedor originário dos Andes e que já é raro em
estado selvagem, mas bastante criado em cativeiro e cujas peles alcançam elevados preços
(Dionizio et al., 2001).
 Raças pequenas
Quando os coelhos atingem 1,5 kg a 3,5 kg. Estas raças, devido ao seu pequeno tamanho,
são de baixo rendimento, não tendo qualquer interesse para produção intensiva (Dionizio et al.,
2001).
 Raças Anãs ou mini-coelhos
Os seus representantes atingem menos de 1,5 kg. Estão neste grupo, entre outras, as
raças Polonesa e a raça Hermelin. São criadas por “hobby”, como animais de estimação. Não são
economicamente viáveis para a produção de carne. Nos últimos anos, com o crescimento do
mercado de animais de estimação, a criação destes pequenos coelhos passou a ser bastante
interessante, principalmente para a comercialização directa em lojas de anaimais (Dionizio et al.,
2001).

3.1.1.As duas principais raças de produção de carne

As duas principais raças de coelho para produzir carne são a Californiana e a Nova Zelândia.

Raça Californiana
Geralmente os machos atingem um peso de 4 kg e as fêmeas de 4,5 kg.Tem um aspecto
geral harmonioso e uma óptima pele de pêlos brancos, macios,
sedosos e brilhantes. Possuem as extremidades (focinho, orelhas,
patas e cauda) escuras (quanto mais escura, melhor, sendo ideal
a cor preta).
O Californiano é um coelho de dupla aptidão: produção de
pele, e produção de carne (Dionizio et al., 2001).

Raça Nova Zelândia


É uma raça americana, os machos atingem 4,5 kg e as fêmeas 5 kg, embora possam
ultrapassar estes pesos. Existe a variedade de cor branca e a de cor
vermelha.
São coelhos muito dóceis. É considerada uma das melhores
raças mistas, para carne e pele, sendo a mais criada em todo o
mundo.
É uma raça prolífica, precoce, rústica, de excelente carcaça
e peles de média categoria, bem aproveitáveis. As fêmeas são
mansas e boas mães (as brancas são melhores que as vermelhas).

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Os láparos atingem 1,8-2,0 kg com 8-10 semanas, quando podem ser abatidos para o consumo
(Dionizio et al., 2001).

3.1.2.Coelho Híbrido

O termo “coelho híbrido” em cunicultura industrial faz referência a um animal seleccionado


para a produção intensiva. Este reprodutor é resultado de um cruzamento de várias raças diferentes
para se chegar a um animal com a carga genética favorável de todas as raças juntas que o formam.
O produtor de coelhos para carne pode produzir os seus próprios híbridos (figura 4). Híbrido
significa um animal que não é de raça pura, mas sim um produto de duas ou várias raças diferentes.
Os animais puros são mais débeis ou delicados. Os animais híbridos são mais férteis, a sua
velocidade de crescimento é maior, mais resistentes e saudáveis. O cruzamento mais comum na
produção de carne de coelho é a da raça Californiana com a raça Neozelandesa, as fêmeas híbridas
são logo postas em criação e são cruzadas com machos de uma terceira raça que pode ser gigante,
ou mesmo outro Neozelandês, mas que não seja consanguíneo.

Figura 4: Cruzamento entre raças puras.

GP ♀ GP ♂

F1 Híbrido ♀ Macho ♂

F2 Híbrido ♀

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Os objectivos principais na maioria dos programas de selecção em coelhos é obtenção de


um melhor índice de conversão e uma elevada velocidade de crescimento. Tenta-se também aliar
prolificidade, fertilidade, rusticidade, boas qualidades maternais, rendimento de carcaça, peso ao
desmame e ao abate. Na maioria dos casos as linhas dos programas de melhoria genética são
seleccionadas por um carácter, são linhas especializadas. Assim, os principais critérios de selecção
são os números de láparos nascidos vivos ou o número de desmamados nas linhas maternas,
enquanto que a velocidade de crescimento é considerada na linha paterna.
Alguns dos híbridos que se encontram no mercado são:
o Hycat;
o Hyla;
o Valenciana;
o Hyplus.
As genéticas entre elas não têm diferenças significativas, os parâmetros zootécnicos são
todos muito idênticos.
Estes híbridos são comercializados por diversas empresas, algumas com representantes em
Portugal.
A escolha de um destes hibridos deverá ter-se em conta a capacidade de resposta, o tipo de
produtos e apoio técnico que a empresa poderá oferecer a um produtor em exercicio.

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3.2. Higiene, sanidade e profilaxia

É muito importante e imprescindível que numa exploração cunícola seja mantida a maior
higiene possível.
Existe uma série de medidas que se podem e se devem realizar de modo a minimizar os
efeitos nefastos de algumas doenças. Assim recomenda-se as seguintes medidas:
 Recolher e destruir todos os coelhos mortos ou moribundos;
 Evitar locais na exploração com águas estagnadas e uma má drenagem de águas,
pois favorecem a proliferação de mosquitos e outros insectos;
 Proporcionar uma alimentação correcta, de modo a termos uma população mais
saudável;
 Desinfectar gaiolas contaminadas;
 Controlar pulgas, mosquitos e moscas com fumigações nas instalações;
 vacinar todos os coelhos contra a Mixomatose e a DHV;
 Ter muita atenção à contaminação indirecta de vírus pelas ferramentas, gaiolas,
pessoal, forragens e alimentos provenientes de zonas infectadas.
Todas as operações atrás indicadas que envolvam a vacinação, desparasitação, desinfecção
e avaliações do estado higieno-sanitário do efectivo devem ser sempre prescritas e monitorizadas
sob a responsabilidade de um médico-veterinário.

3.2.1.Medidas Profiláticas

Uma profilaxia bem conduzida, será suficiente na maioria dos casos para evitar as grandes
catástrofes patológicas. Além da profilaxia médica (vacinações, anticoccidianos, etc.) convém
desenvolver regras higiénicas (Lebas, 1986).

3.2.1.1. Medidas permanentes de higiene

Ter atenção à emotividade do coelho; esta pode favorecer transtornos mórbidos,


deverão ser evitadas visitas de estranhos, sendo estes transmissores de enfermidades. Os coelhos
deverão ser protegidos contra a proximidade de cães, gatos e outros pequenos carnívoros silvestres.
Deve proporcionar-se a higiene dos alimentos e da água porque estes também são
portadores de enfernidades.
Ter cuidado com a higiene da jaula e do ninho; a jaula deverá ser esvaziada e limpa
após cada parto,
Os doentes crónicos devem ser eliminados.
A higiene das mãos dos trabalhadores é muito importante sobretudo quando se
manipulam os animais.
Na coelheira, a desinfecção deve constituir um acto de rotina.

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3.2.1.2. Medidas ocasionais de higiene

3.2.1.2.1. Vazio sanitário

O vazio sanitário consiste numa total desinfecção dos diferentes sectores de produção,
quando estes estão livres da totalidade dos animais e da maior parte possível de material. O vazio
sanitário faz coincidir-se com o limite da vida reprodutiva dos efectivos (Oliveira,1979).
Ele consta de duas operações distintas, que são a desinfecção suja e a desinfecção limpa,
sendo a primeira feita da seguinte maneira:
 Retirar todos os animais;
 Retirar todos os materiais que seja possível;
 Queimar o pelo;
 Fechar o pavilhão;
 Desinfectar com desinfectante toda a área do pavilhão;
 Ventilar o pavilhão.
e a segunda do modo que a seguir se indica:
 Aplicar vapor de água sobreaquecida à pressão sobre as paredes e material que não
foi possível retirar;
 Aplicar uma solução desinfectante a quente;
 Aplicar novamente o desinfectante conforme já se fez, 24 a 48 horas antes da
chegada dos animais;
 Ventilar o pavilhão.
Todo o material que se retirou para a desinfecção do pavilhão, também este sofre rigorosas
limpezas e desinfecções.
O vazio sanitário deverá demorar o menos tempo possível, para não interferir com a normal
actividade reprodutiva, não havendo assim fortes incidências de ordem económica.

3.2.1.2.2. Profilaxia médica:

Nas doenças do coelho existem doenças que aparecem em situações previsíveis. Como por
exemplo, quando se prevê que o risco de Stafilococcus em reprodutoras é elevado, recomenda-se a
aplicação de antibióticos, na altura do parto. Outras situações comuns de risco são previsíveis:
quando se produz o primeiro parto numa nave nova (risco de colibacilose); ou quando os partos
coincidem com um choque hipertérmico (Rosell, 2002).

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3.2.2. Medidas profiláticas em função das doenças

No quadro 4 resume-se algumas acções relativas à profilaxia, em função das doenças mais
destacadas na criação intensiva de coelhos.

Quadro 4: Resume de acções profiláticas de acordo com a doença (adaptado de Rosell, 2002).
Doenças Acções profiláticas
Mixomatose Primovacinação precoce (entre os 30 e 60 dias com vacina heteróloga) dos
futuros reprodutores, com revacinação (vacina homóloga) 1,5-2meses mais
tarde. Em zonas endémicas revacinar (vacina homóloga) a partir dos 5 partos.
Doença Aplicar uma dose aos futuros reprodutores entre os 2-3 meses de idade. A
hemorrágica protecção estimada é de15 meses.
Virica (VHD)

Transtornos Determinados factores ambientais favorecem este tipo de transtornos. Deve-


respiratórios se ter um controlo de velocidade, temperatura e humidade do ar.
Transtornos Deve ter-se especial atenção à alimentação (água potável, alimento
gastroentéricos adequado), às medidas de profilaxia médica, higiene e ao maneio.
Doenças da Doenças geralmente associadas a factores de produção inadequados ou
reprodução problemas com o sémen, estado sanitário das fêmeas, maneio da IA.
Mal de patas Instalação de repouso de patas em todas as jaulas para coelhos maiores de 2
meses de idade. Vigilância e aplicação preventiva de aerossol anti-séptico por
altura do parto
Tinha 15g de enxofre sobre a palha ao preparar o ninho

3.2.3. Principais Doenças do Coelho


.
A esperança média de vida dos coelhos é de sete a nove anos, sempre que as suas
condições de vida sejam óptimas, que é dizer o mesmo que tenham uma dieta fresca e variada, água
limpa e um lugar fresco para viver.
Os coelhos podem ser vítimas de algumas doenças de origem vírica, bacteriana ou
parasitária, assim como de outros processos, que podem por a sua vida em perigo.
As três principais doenças do coelho são nomeadamente a Mixomatose e a Doença
Hemorrágica Vírica (DHV) e a Enterocolite epizoótica.
No quadro 5 são apresentadas as principais doenças que afectam os animais de explorações
intensivas.

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Quadro 5: Principais doenças que afectam os animais de explorações intensivas (Adaptado de Alves,
2002).
Agentes Observações
etiológicos

Mixomatose Vírica Transmissão do vírus efectuada por contacto


(leporipoxvirus) directo ou indirecto e ainda por vectores.

Doença Vírica (calicivirus) Transmissão por contacto directo. Podem existir


Hemorrágica portadores sãos.
Virica

Colibaciloses Escherichia coli Ocorre proliferação da E. Coli devido a uma


alteração do pH intestinal

Clostridioses Clostridium Alterações na barreira formada pela flora normal


intestinal permitem a colonização e proliferação de
Clostridium.

Enteropatia Combinação de Pensa-se que uma alteração da microflora cecal


Mucóide bactérias, toxinas, conduza à produção por uma bactéria não
irregularidades da determinada de um estimulante da secreção das
dieta e ou células caliciformes. Este estimulante é absorvido
obstrução através da mucosa cecal e é transportado para o
cólon onde exerce o seu efeito.

Enterocolite Desconhecidos Há uma diminuição da Escherichia coli e um


Epizoótica desequilíbrio na macrobiótica intestinal com a
provável participação de dois grupos de bactérias
(Gram+ e Gram-). Neste processo também pode
haver a interveniência de toxinas (Sáiz, 2008).

Pasteurelose Pasteurella 50% dos animais da exploração são portadores do


multocida microrganismo tanto na árvore respiratória superior
como na bolha timpânica.

Mastites Staphylococcus, Infecção da glândula mamária por estes agentes


Pasteurella (Staphylococcus, Pasteurella multocida,
multocida, Streptococcus sp.)
Streptococcus sp.

Toxémia de Ocorre nas fêmeas gestantes geralmente durante a


gestação última semana de gestação. O risco é mais elevado
nas primíparas, obesas, com dietas de elevados
teores nutricionais que subitamente se tornam
anorécticas.

Coccidiose Protozoários do Caracteriza-se por uma enterite que atinge


género Eimeria sobretudo o ceco e o cólon

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3.3. Ciclo Reprodutivo da Coelha

O início da actividade reprodutiva e o comportamento sexual da fêmea começa geralmente


quando a coelha atinge 70 a 75% do seu peso adulto, ou seja, por volta dos 3,5 a 4 meses, nas
linhas genéticas de peso médio. Mas é aconselhavel esperar que ela atinja os 80% de peso para
iniciar a reprodução (4,5 a 5 meses), garantindo assim a maior longevidade da fêmea reprodutora.
O comportamento sexual aparece muito antes da capacidade para ovular pelo que, para
conseguir uma gestação, este comportamento não pode ser utilizado como um indicador de
sucesso de cobrição. A coelha requer a estimulação coutal para desencadear a ovulação.
Teoricamente as coelhas poderão ser cobertas imediatamente após o parto.
Quando uma coelha é inseminada ou coberta o sémen é depositado no fundo da vagina e
a fecundação só acontece 13 a 16 horas depois do coito, ocorrendo entretanto a ovulação cerca
de 9-13 horas depois do coito. Se uma ovulação não é seguida de uma gestação a coelha pode
apresentar um estado de “cio” de gestação que dura entre 16 a 18 dias . Na figura 5 está
representado esquemáticamente o ciclo reprodutivo da coelha (Veudes-de-Castro M. 2008).

Figura 5 : Ciclo reprodutivo da fêmea.

Existem vantagens e inconvenientes a ter em conta para a actividade reprodutiva da coelha.


As coelhas não lactantes têm uma maior aceitação ao macho que as coelhas lactantes. Este efeito é
muito forte nas coelhas de primeiro parto. As coelhas devem usufruir de um fotoperiodo de 16h de
luz e 8h de escuridão e de uma temperatura entre os 15ºC a 24-25ºC.
A actividade reprodutiva da coelha pode ser afectada por práticas pouco recomendadas
como por exemplo: O alojamento conjunto de fêmeas jovens a partir dos 3,5 meses que pode induzir
o cio de gestação e que atrasa a entrada reprodutiva das fêmeas (Veudes-de-Castro, 2008).
De acordo com o ritmo reprodutivo imposto à coelha, o período de tempo em que os animais
podem repôr as suas reservas é variavel (figura 6). Numa situação de cobrição pós-parto (em
sistema intensivo) o periodo de descanso é mínimo, o que leva a uma elevada taxa de substituição
do efectivo.

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Figura 6: Distribuição (em percentagens de vida produtiva) da gestação, lactação e períodos de


descanso quando se usa diferentes tipos de ciclos de reprodução. (Lebas et al., 1997)

Extensivo Semi - Intensivo Intensivo


Gestação Lactação Gestação Gestação unicamente
Descanço Gestação + Lactação Gestação + Lactação
Lactação únicamente

26% 33%
10% 22%
43%
47% 41% 78%

O parto da coelha não necessita da assistência do cunicultor. No entanto deve efectuar-se o


controlo dos ninhos tão cedo quanto possível após o parto. Neste controlo, são retirados os mortos e
os revestimentos fetais que não tenham sido consumidos. A coelha amamenta os láparos uma vez
por dia, normalmente de manhã cedo.
Os láparos começam a comer alimentos sólidos por volta dos 18 a 20 dias e o desmame
pode efectivar-se entre os 28 e os 35 dias de idade. Desde o nascimento até aos 18-20 dias os
láparos ingerem apenas leite. O crescimento dos láparos aumenta a partir dos 18-20 dias (quando
começa a ingerir alimentos sólidos em simultâneo com o leite).
Ao fazer-se o desmame, suprime-se por completo o regime lácteo para passar ao consumo
normal de alimentos sólidos adequados à fase de recria. Na transferência dos coelhos para a zona
de recria deve ter-se em atenção e eliminar os que se apresentam fracos ou doentes. A venda tem
lugar com a idade de cerca 70 dias (peso de 2,3 kg a 2,5 kg) (Lebas, 1986).

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3.4. Maneio em Bandas:

De acordo com o ciclo de vida dos coelhos e graças à IA é possível agrupar todas as fêmeas
reprodutoras, que se encontram no mesmo estado fisiológico, num mesmo grupo (a banda), o que
permite uma organização cíclica das actividades e repeti-las oportunamente em cada grupo de
coelhas – maneio em bandas.
Este sistema pode adaptar-se ao calendário semanal que se achar mais conveniente, e por
sua vez optar na exploração por sistemas de bandas: toda a exploração numa só banda (1 banda),
em duas (2 bandas), três ou seis bandas.
Ao optar-se pela prática da IA aos 11 dias após o parto é possível obter-se na exploração um
intervalo entre partos de 42 dias (quadro 6). Desta maneira cada operação se repetirá na mesma
banda a cada 42 dias.

Quadro 6: Duração dos ciclos produtivos.


Cobrição pós-parto Dias do ciclo Semanas do Ciclo Tipo de ciclo produtivo
4 Dias 35 5 Intensivo
11 Dias 42 6 Semi-intensivo
18 Dias 49 7 Semi-intensivo
25 Dias 56 8 Extensivo

Considerando as grandes necessidades nutritivas da coelha em lactação, o sistema intensivo


somente pode ser sustentável com uma correcta cobertura das necessidades alimentares da coelha
(Lebas et al., 1997).
Num ciclo intensivo a fêmea não tem oportunidade para restabelecer as suas reservas
corporais, correndo-se o risco de deixar sensíveis os animais a algum agente de doença ou mesmo a
alguma perturbação ambiental.
Algumas das vantagens do trabalho em bandas e da inseminação artificial são:
 Simplificação com a ciclização;
 Maioria dos trabalhos realizados é em zonas específicas;
 Possibilidade de sincronização hormonal;
 Equilíbrio de pesos ao parto;
 Fácil controlo da lactação;
 Fácil monitorização do estado dos pesos;
 Capacidade de fazer prognósticos das vendas;
 Possibilidade de medicar com facilidade cada banda;
 Vazio sanitário em conjunto de um sector de recria o que facilita a limpeza.

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Os tipos de bandas que podem-se utilizar são os seguintes:


 Banda semanal- as tarefas principais da exploração são repetidas todas as semanas.
 Banda quinzenal- as tarefas principais repetem-se a cada duas semanas, quer dizer
se a cobrição for à sexta-feira, na semana seguinte não há cobrição.
 Banda a 21 dias- as tarefas são repetidas de três em três semanas.
 Banda única- todas as coelhas da exploração encontram-se num só banda e estado
fisiológico.
Uma cunicultura com 1200 fêmeas reprodutoras, ou seja 1200 gaiolas com ninho, em função
do ritmo reprodutivo é possivel obter-se o número de partos com frequência diferente de acordo com
o número de bandas proposto (quadro 7).

Quadro 7: Número de partos por ano por cada número de bandas usadas. (Garcia, 2008)
Bandas Ritmo de Intervalo entre Frequência Partos por
produção partos de ano
(dias) (dias) Partos/em
cada x dias
Semanais (6 bandas) 4 dias 35 240/7 12480
Semanais (6 bandas) 11 dias 42 200/7 10400
Semanais (6 bandas) 18 dias 49 172/7 8944
Semanais (6 bandas) 25 dias 56 150/7 7800
Quinzenal (3 bandas) 11 dias 42 400/14 10400
Quinzenal (3 bandas) 25 dias 56 300/14 7800
Trissemanal (2 bandas) 11 dias 42 600/21 10400
Única (1 banda) 4 dias 35 1200/35 12480
Única (1 banda) 11 dias 42 1200/42 10440
Única (1 banda) 18 dias 49 1200/49 8940
Única (1 banda) 25 dias 56 1200/56 7800

Partindo da base que todas as opções são possíveis, é necessário analisar cada situação
para determinar qual é o melhor ritmo a seguir em função do equipamento de gaiolas instalado, de
disponibilidade de mão-de-obra, do menor investimento a fazer e, finalmente, da maior rentabilidade
da sua implementação.

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3.4.1. Escolha do número de reprodutoras e do número de Bandas para trabalhar

O número de 1200 fêmeas reprodutoras foi escolhido para a implementação deste projecto
tendo em conta ser compatível com um trabalhador a tempo integral e um técnico, já que uma
pessoa tem capacidade para tomar conta de 500/800 fêmeas (para se poderem revezar em férias,
em dias de falta, etc.).
Logo a partir dos resultados do quadro 7 pode verificar-se que o valor mais elevado de partos
por ano é no sistema de 6 bandas em regime intensivo, que pelas razões anteriormente expostas
(Capítulo 3.4) não é o mais adequado. A implementação da banda única é descartada por completo,
porque cuidar de 1200 fêmeas nestas circunstâncias seria insustentável, em tempo e em mão-de-
obra, nos dias de realizar as operações principais da exploração.
Assim, restará como escolha o esquema de 6 bandas em regime semi-intensivo e o esquema
de 3 bandas e 2 bandas em regime também semi-intensivo, os três com 10400 partos por ano. O
grande inconveniente do sistema de 6 bandas é que as operações principais são repetidas todas as
semanas tornando-se também insustentável para duas pessoas conseguirem gerir o tempo entre
elas e conseguirem ter toda a actividade a funcionar a 100%, este sistema só compensa para um
número de fêmeas e de mão-de-obra muito superior. O mais sensato será optar por um sistema de 3
bandas ou 2 bandas em regime semi-intensivo. Optou-se pelo sistema de 3 bandas em que todas as
actividades principais são realizadas quinzenalmente, com grupos de 400 fêmeas. Podendo assim
uma exploração com 1200 fêmeas reprodutoras ter apenas dois funcionários (um trabalhador
agrícola e o técnico que também ajudará nas tarefas correntes da exploração) a tempo inteiro para
gerir todo o trabalho. Isto com inseminação artificial implementada, e com a automatização da
exploração.
Como critério técnico vamos fixar uma receptividade das fêmeas à cobrição de 100%, já que
se praticará inseminação artificial.

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2009

3.5. Condições ambientais de climatização

As condições do meio ambiente afectam os coelhos, e é importante saber os mecanismos


fisiológicos que estes dispõem para se adaptar.
Por outro lado, o conhecimento destes mecanismos, junto com os parâmetros de conforto
ambiental (temperatura, humidade, velocidade do ar e qualidade do ar) permitira desenhar e calcular
adequadamente os sistemas de controlo ambiental.
Sabe-se que na cunicultura é requerido um conforto ambiental. Os coelhos precisam, como
condicionante para uma óptima produção, de temperaturas determinadas (Zapatero, 1979).
Todos os factores de meio podem influenciar a vida económica do animal.

3.5.1. Temperatura - Termorregulação e mecanismos de defesa frente ao frio e ao


calor

A temperatura ambiental ideal oscila entre os 14ºC os 24ºC, aceitando-se mínimas de 6ºC a
8ºC e máximas de 28ºC a 30ºC. Qualquer temperatura ambiente que, por defeito ou excesso,
ultrapasse estes limites pode determinar o início de perturbações.
A temperatura ideal do ninho é de 30ºC. No entanto quando o ambiente do pavilhão é muito
frio é muito difícil manter esta temperatura, a não ser que este esteja protegido, que os láparos se
mantenham agrupados e a cama seca. Um ambiente frio incentiva problemas de mastites, assim
como síndromas respiratórios quando a temperatura baixa está associada a uma elevada humidade.
Os coelhos para a manutenção da temperatura corporal utilizam diversos mecanismos.
Fazem-no modificando o nível de ingestão, a posição geral do corpo, respiração e a temperatura
periférica, especialmente a temperatura das orelhas (Lebas et al., 1997). Em ambientes frios os
animais adoptam uma posição enrolada e com as orelhas baixas, para minimizar a área total de
perda de calor (Lebas et al., 1997).
Se o ambiente do pavilhão é muito quente, o animal estica-se para que possa perder a maior
quantidade de calor por radiação ou convecção e aumenta a temperatura das orelhas (Lebas et al.,
1997). O excesso de temperatura ambiental (acima dos 30ºC) apresenta muito mais problemas que
as temperaturas baixas. Os coelhos têm poucas defesas frente ao calor e reagem diminuindo o
consumo de alimento com repercursões na diminuição no crescimento na recria e paragens
(produtivas ou reprodutivas) nos reprodutores. Há ainda outros aspectos nefastos ligados ao calor
que vale a pena mencionar que são:
 A saída prematura dos láparos lactantes, do ninho, que podem morrer (devido ao frio)
aprisionados nas grades das gaiolas;
 A alteração na espermatogénese nos machos reprodutores;
 As mudas de pêlo;
 O desenvolvimento de problemas entéricos;
 Diminuição da fertilidade e da fecundidade nas fêmeas;
 Possíveis mortes embrionárias;

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
2009

 Ausência de crescimento e aparecimento de deformações na recria.

Uma boa avaliação das necessidades particulares ambientais dos coelhos permite estruturar
melhor um bom dimensionamento e desenho das edificações, na decisão do tipo de instalações,
gestão e maneio utilizados.
A intensificação permite a melhoria de produtividade e consequentemente uma melhoria de
resultados. No entanto não se pode esquecer que esta também pode ser factor de aparecimento de
processos nefastos à produção por alteração do habitat produtivo (Silva, 2002).

3.5.2. Humidade

A humidade relativa ambiental tem pouca influência sobre a produção de coelhos, a menos
que esta seja muito alta ou muito baixa (Silva, 2002).
Os coelhos são sensíveis a humidades muito baixas (a baixo dos 55%) mas não são
sensíveis a humidades muito elevadas. Para o coelho é mais preocupante as modificações
repentinas de humidade, por isso a melhor solução é humidades constantes, e isto vai depender do
desenho do pavilhão (Lebas et al., 1997).
Os riscos de problemas por elevada humidade (> 80%) estão relacionados com a
propagação da tinha, rinite contagiosa e outras doenças. Normalmente os problemas estão
associados a uma correlação da humidade elevada com temperatura elevada, estes dois parâmetros
em conjunto provocam desconforto no coelho e incremento dos níveis de amoníaco na instalação.
Mas se a humidade é demasiado baixa (<50%), poderá haver uma maior concentração de pó na
instalação, que pode aumentar a presença de agentes patogénicos presentes no ar, podendo haver
também irritações das mucosas por desidratação as quais podem ficar mais sensíveis às infecções.
A humidade ideal é de 60 a 70% (Silva, 2002).

3.5.3. Ventilação / Velocidade do ar

Os pavilhões destinados aos coelhos devem ter um mínimo de ventilação para evacuar os
gases prejudiciais libertados pelo coelho (CO2) e pelos excrementos (NH3, H2S, CH4, etc.), e para
renovar o ar e retirar o excesso de humidade (evaporação, respiração animal) e excesso de calor
libertados pelo coelho (Lebas et al., 1997). A ventilação proposta para climas temperados baseado
em diversos estudos efectuados por técnicos e investigadores franceses estão referidos no quadro 8.

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2009

Quadro 8: Ventilação standard usada em França para cuniculturas fechadas em edifícios


(Lebas et al., 1997).
Temperatura Humidade Velocidade do ar Fluxo de ar
3
ºC % m/sec m /h/kg peso vivo
12-15 60-65 0,10-0,15 1 até 1,5
16-18 70-75 0,15-0,20 2 até 2,5
19-22 75-80 0,20-0,30 3 até 3,5
22-25 80 0,30-0,40 3,5 até 4

Se houver um desequilíbrio, especialmente entre o fluxo de ar e a temperatura ambiente,


acidentes como os que estão ilustrados na figura 7 podem acontecer. Se houver um desequilíbrio
entre a velocidade do ar e a temperatura em que a velocidade é muito superior à temperatura podem
existir problemas intestinais, enquanto se a temperatura for muito superior à velocidade do ar os
problemas podem ser do foro respiratório.

Figura 7: Efeito da velocidade do ar (V) e da temperatura (T) na saúde do coelho (Morisse,


1981 cit Lebas et al., 1997).

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Quadro 9: Valores mínimos de volume estático, que varia com o tipo de animal, que devemos
respeitar (Moreno, 2008).

Tipo de VOLUME ESTÁTICO VOLUME ESTÁTICO


animal Ventilação estática Ventilação Forçada
3 3
( m /animal ) ( m /animal )

Coelhas lactantes 3, 5 3

Coelhas gestantes 3 2,75

Machos 2,75 2,5

Láparos desmamados 0,35 0,3

Substituição 2,25 2

Como se pode ver no quadro 9 o volume estático varia com estado fisiologico do animal.
Verifica-se que os valores mais elevados de volume estático estão presentes na maternidade
(coelhas lactantes).

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4. Instalações

As instalções para coelhos englobam os elementos necessários que uma exploração racional
desta espécie exige.
As instalções devem permitir tirar proveito das novas técnicas de exploração, proporcionando
uma amortização o mais rápida possivel de todo o investimento na actividade da exploração.
Para o bom desenvolvimento da Cunicultura, é indispensável que se tenha um controle
rigoroso na limpeza e higiene das instalações. A água deve ser potável e preferencialmente de
nascente ou poço - pois está livre de cloro - e junto com uma boa qualidade de ar. Juntos, estes
factores somam ao êxito da criação.

4.1. Tipos de alojamentos

Existem vários tipos de alojamento de acordo com as características da zona que esteja
prevista para estabelecer a exploração ou da finalidade do empreendimento. Poder-se-a aproveitar
simples cobertos ou construir verdadeiros pavilhões.
O alojamento pode ser ao ar-livre. Este tipo de alojamento é o mais económico, teoricamente
é aconselhável apenas para pequenas explorações. A alimentação neste tipo de alojamento é
manual. Explorações deste tipo estão indicadas para zonas de clima temperado.
Um sistema denominado semi-ar-livre (Figura 8) é uma evolução da anterior. Semi-ar-livre
teoricamente é igual à anterior só que mais protegido. O custo de construção é relativamente mais
elevado. Na figura 8 a imagem da esquerda é simplesmente um coberto com uma passadeira
central. A imagem da direita tem o módulo de jaulas ao centro e duas passadeiras laterais.

Figura 8: Perfil de 2 naves com diferentes posicionamentos das gaiolas (Moreno, 2008).

Os edificios clássicos usados em instalações industriais, com uma capacidade de 500 a 1000
coelhas ou mais, com um maior controlo ambiental e tem a possibilidade de automatização, são
normalmente referidos como “naves”. Na figura 9 está esquematicamente representado este tipo de
edificio.
.

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
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Figura 9: Naves clássicas com ventilação natural (estática) (Moreno, 2008).

B1 B2
A

Naves de 10m Naves de 6-7m

O tipo de construções, que podemos ver na figura 10, corresponde ao de naves clássicas
com ventilação natural ou estática. Estas podem ser naves de 10m de largura com capacidade de
três filas podendo ser nave única ou módulos (A), nestes casos pode haver também módulos para
apenas duas fossas (largura de 7m). A ventilação em princípio é natural, com frecha regulável de
cumieira (saída de ar) e entradas de ar laterais. A outra solução é naves de 6-7 metros (B1 e B2) que
são reconversão de antigas explorações de aves de postura. Na nave B1 cabem duas filas de jaulas,
em que uma delas está partida ao meio e cada uma das metades está pegada a cada uma das
paredes. Isto trás problemas pois dificulta a limpeza e a desinfecção das instalações. Na nave B2
cabem duas filas de gaiolas e três passeios de circulação. A ventilação pode ser natural, com
entradas de ar lateralmente e saídas pela parte mais alta das naves.
Recentemente apareceu um novo tipo de nave que é a nave em túnel. São naves
relativamente pequenas, com uma largura de 7 a 10m, que possibilitam a execução de vazios
sanitários o que é dificil numa exploração de grande dimensão e de nave única. Também tem a
vantagem de possibilitar a automatização, quer com sistemas de alimentação quer sistemas de
recolha dos dejectos representada na figura 10.

Figura 10: Naves clássicas com ventilação forçada (Moreno, 2008).

Naves de 12m
Nave de 7-10m

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As naves industriais, que podemos visualizar na figura 10 basicamente são todas de


ventilação forçada e em duas soluções: naves de 12 metros nas quais cabem 4 filas de gaiolas ou
então nave com distribuição de salas com três fossas e com passeio de serviço lateral. A outra
solução é a nave túnel com duas versões, nave de 7 metros que tem duas filas de gaiolas, ou a nave
de 10 metros com três filas de gaiolas.

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4.2. Orientação do alojamento

A orientação do edifício é um aspecto muito importante a ter em consideração em especial


quando se usa ventilação natural. Em ventilação forçada esta não é tão importante porque é possível
regular o ambiente da nave.
A orientação é a chave no desenho e na construção da nave (figura 11). A orientação tem
uma premissa que teoricamente se deve sempre respeitar e em princípio é a orientação Norte-Sul e
nunca deve ser perpendicular ao lado longitudinal da nave, deve estar sempre de lado e o ângulo
que se forma entre a direcção Norte e a nave deverá ser de aproximadamente 30º. No caso de
climas muito frios a nave tem uma disposição Nordeste/Sudoeste, no caso de climas mais quentes (o
caso de Portugal) gira no sentido Este-Oeste.

Figura 11: Orientação do alojamento (Moreno, 2008).

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4.3. Elementos da Nave

Neste capítulo serão referenciados os elementos de maior importância para a edificação de


uma nave para alojar os coelhos. Entre estes são referenciados alguns materiais possíveis para a
construção das naves e alguns elementos interiores necessários para o alojamento dos coelhos.
Em cada local de acesso a quinta, bem como na própria exploração, devem ser construídos
pédiluvios, onde serão colocados desinfectantes e cuja passagem pelos mesmos será obrigatória.
A estrutura da nave pode ter várias soluções (quanto ao material de construção) como:
 Estrutura metálica e cintas metálicas – esta estrutura é dispendiosa devido a
importações do material;
 Estrutura de cimento e cintas de cimento é outro tipo de estrutura clássica;
 Estrutura de arcos metálicos para túnel, esta tem a vantagem de o custo ser
menor.
A cobertura é muito importante em toda a exploração cunícola, a qual pode ter várias
soluções. Existem no mercado diversas possibilidades. Uma possibilidade é a chapa metálica ou
fibrocimento. Pode ser também do tipo sandwich, podendo ter diferentes espessuras dependendo do
grau de isolamento. Outra hipótese é a chapa metálica com colocação de um isolante por baixo. Em
qualquer caso, o fundamental é a cobertura ter um bom isolamento.
Um dos produtos que pode utilizar-se como isolamento é o poliestireno expandido ou
extruido (poliestireno extruido é o mesmo que o expandido mas compactado). Mas este isolamento
tem um problema muito importante: absorve o vapor de água e assim o isolamento perde a eficácia,
é necessário proteger com uma pintura.
Outro tipo de isolante é o poliuretano projectado, que tem o mesmo problema que o
isolamento anterior, absorve o vapor de água.
A solução mais utilizada hoje em dia é o poliuretano em placa rígida a qual já tem
incorporada uma barreira anti-vapor formada pôr uma lâmina de alumínio.
As paredes das naves também têm várias soluções. As paredes clássicas são de blocos de
cimento, argila expandida, betão celular etc. São blocos que têm um poder de isolamento
especificado pelo fabricante.
Existem também os painéis tipo sandwich que não têm problemas quer ao nível do
isolamento quer de montagem.
È desaconselhável blocos de cimento ou similares porque são um produto muito trabalhoso a
nível de obras e tem um mau isolamento.

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2009

4.3.1. Elementos interiores de uma exploração

4.3.1.1. Fossas de dejectos / Evacuação do esterco

A actividade das explorações animais gera inevitavelmente uma série de produtos que
podem ser responsáveis por possíveis impactos sobre o meio ambiente. Estes produtos são os
dejectos (sólidos e líquidos) misturados com os desperdícios de alimento e de água, pêlos e de
outros resíduos, água de limpeza, que compõem o esterco de coelho. Os impactos potenciais no
ambiente derivam principalmente da gestão e do uso deste esterco produzido. Tais impactos sobre o
meio natural podem afectar o solo, as águas superficiais e subterrâneas, e também a atmosfera. O
risco potencial de impacto aumenta no caso de uma exploração intensiva, ao existir uma maior
concentração de animais e produzir-se maior quantidade de esterco e de este não ser gerido
adequadamente.
Os sistemas de gestão do esterco implementados nas instalações são determinantes no
controlo da contaminação que uma exploração pode causar.

4.3.1.1.1. Sistemas de evacuação de dejectos

Os sistemas de evacuação são vários (a figura 12 apresenta um exemplo).


Os dejectos podem ser evacuados com água, este é um sistema já antigo e implementado
em explorações pequenas. Tem a vantagem de não haver emissão de gases, não havendo assim
acumulação de gases, mas como inconveniente, há um elevado consumo de água.

Figura 12: Sistema de extracção de esterco.

Outro sistema de evacuação é a fossa superficial. É muito económica mas torna-se


inconveniente porque exige um maior controlo dos bebedouros para que não caia água e a limpeza é
manual com uma pá e um carro de transporte. Este tipo de fossa é utilizado em explorações muito
pequenas, e supõe um recurso a elevada mão-de-obra.
Já na fossa profunda, o esterco é acumulado durante muito tempo, sendo retirado com meios
mecânicos, com uma pá e um tractor. O grande inconveniente é que tem a necessidade de um

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
2009

sistema de ventilação potente para a eliminação dos gases, que se acumulam já que o esterco está
continuamente a fermentar.
Hoje em dia o que se implementa é a fossa semi-profunda de uns 40-60cm de profundidade
com instalação de pás mecânicas com um robot para esvaziar este tipo de fossa. Este sistema
permite uma eliminação rápida dos dejectos. Mas há uma grande emissão de gases, principalmente
quando se limpa e se remove dejectos. Também implica um grande investimento no motor e no
sistema mecânico e na mecanização das pás.

Figura 13: Esquema de uma fossa de dejectos ideal (Moreno, 2008).

Cimento

A figura 13 mostra um esquema de como deve ser uma fossa de recolha de esterco. Deve ter
uma altura pequena de 35 cm, 60 cm quanto muito. Na parte superior tem uma capa de areia com 10
cm, esta capa de areia é uma gravilha fina, depois tem uma gravilha (por vezes a areia não se usa
apenas se põe a gravilha). Dentro da gravilha está enterrado um tubo de drenagem para eliminar os
líquidos. Por debaixo da fossa é colocado uma lâmina impermeável para impedir que os líquidos
penetrem no subsolo e contaminem as águas subterrâneas. A largura da fossa vai variar conforme a
largura das jaulas, hoje em dia normalmente é de dois metros.

A limpeza automática pode ser feita com a utilização de um motor móvel. Em que a máquina
puxa uma pá que arrasta os excrementos até à parte externa da
nave.
Não tem nenhuma necessidade da presença do trabalhador.
Tem duas opções do arraste (figura 14):
 “Opção A” do tractor colocado do lado da fossa
do esterco;
 “Opção B” do tractor colocado no lado oposto da
fossa do esterco.

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2009

Figura 14: Opções do arraste do motor. (catalogo do Gomez y cortes)

Outro tipo de limpeza é recorrer ao uso de um motor fixo (um motor por cada duas fossas).
Este motor arrasta as pás e estas trazem o esterco para o exterior do pavilhão. Este motor pode
estar ligado a um painel de controlo geral.

4.3.1.2. Gaiolas

A criação de coelhos deve fazer-se num espaço exclusivo para eles e devemo-lhes
proporcionar gaiolas apropriadas. A gaiola destina-se a acomodar individualmente os coelhos
reprodutores e a acomodar os coelhos de recria.
Existem no mercado diferentes tipos de gaiolas, que podem ser:
 Tipo flat-deck, 1 piso;
 Tipo californiana, 2 pisos, em forma de A, um piso em cima do outro. Este tipo de gaiola
supõe uma altura de 1,80m;
 Tipo bateria, mais usadas em situações experimentais sobretudo em engorda;
 Tipo piso 1+1/2 ou de 1 piso. São as gaiolas actualmente utilizadas.
A densidade de coelhos por gaiola vai depender do sector da cunicultura. Na engorda a
2 2
densidade é de 15 láparos por m , já na maternidade é de 0,25-0,3 m por reprodutora. Quanto
2
ao sector de reposição tem de haver 0,2 m por gaiola independente. Estando estes valores,

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2009

representados no quadro 10) sujeitos a alterações de acordo com as futuras normas sobre o
bem-estar animal.

Quadro 10: Superfícies mínimas aconselháveis por cabeça e altura mínima da gaiola (adaptado de
Moreno, 2008).

Animais Superfície mínima por cabeça Altura mínima da gaiola (cm)


2
(m )
Fêmeas e machos
reprodutores
Até 4,0 Kg 0,2 35
Até 5,5 Kg 0,3 40
+ de 5,5 Kg 0,4 40
Láparos
Entre o desmame e as 6 0,04 35
primeiras semanas de vida
Até 3,3 Kg de peso vivo 0,08 35
No solo 0,12 -------------

4.3.1.3. Iluminação

Outro elemento interior de uma exploração é a iluminação. A engorda não é muito exigente,
mas nas salas das reprodutoras é um aspecto a ter em consideração. As reprodutoras são exigentes
na quantidade de horas de luz, na regularidade e na homogeneidade. Devem ser 16 horas (quadro
2
11) de luz por dia e a intensidade por m deve de ser de 20-50 lux.

Quadro 11: Iluminação consoante o estado em que se encontram os animais (adaptado de Colomer,
2008).
2
Estágio Horas Intensidade Qualidade Watt / m
de luz de luz

Reprodutores 16 20 – 50 Lux Cor do dia 4 – 6 Incandescente


3 – 4 Fluorescente

Láparos 8 5-10 Lux Cor do dia 1 – 2 Fluorescente


Desmamados

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4.3.1.4. Ventilação

Um terceiro elemento interior de uma exploração é a ventilação, que como já referido


anteriormente tem duas possibilidades: a ventilação natural (com uma cumeeira e pequenas janelas
de abertura ao longo do pavilhão, figura 15), ventilação forçada (varrimento lateral tipo túnel em
função da largura da nave) que é a normalmente utilizada.

Figura 15: Ventilação Natural (Moreno, 2008).

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5. Alimentação

As particularidades anatómicas e digestivas dos coelhos e o ritmo reprodutivo das coelhas


condicionam as suas necessidades nutritivas, que determinam diversas estratégias de alimentação.
A alimentação representa 75 a 80% das despesas totais da exploração (Zapatero,1979).
O coelho pode ingerir grandes quantidades de alimentos fibrosos. O seu intestino digere os
alimentos de igual modo que outro animal monogástrico, mas tem no ceco uma flora bacteriana que
fermenta eficazmente os materiais não digeridos anteriormente, utilizando assim os produtos da
fermentação. A fibra é importante para manter a motilidade entre o ceco e o cólon, a taxa de
renovação do conteúdo cecal e o equilíbrio do ecossistema microbiano.
Os conteudos não digeridos que chegam ao intestino grosso são objecto de uma
separação. Separação essa feita mediante movimento antiperistálticos do colon proximal, em que
as particulas pequenas e as substâncias solúveis são retidas enquanto que as partículas de
grande tamanho (mais fibrosas) são excretadas como fezes duras.
O coelho optimiza a actuação da microflora cecal através da cecotrofia, um complicado
mecanismo, que compreende a separação dos materiais (anteriormente citada) e a ingestão
durante as primeiras horas da manhã de parte do conteudo cecal, disposto em formas de
conjuntos de pequenas esferas envolvidas por um mucus, denominadas fezes moles ou
cecotrofos.
A cecotrofia permite reciclar resíduos do alimento, secreções endógenas, microrganismos
e produtos da actividade microbiana. Tudo isto é exretado em forma de fezes moles que o coelhos
comem directamente do anus (Carabaño, 2008).
A ingestão dos cecotrofos fornece ao coelho aproximadamente 20 g de matéria seca por
dia e 26 a 30% de proteína bruta (60% de origem microbiana) (Carabaño, 2008).
Os cecotrofos são ricos em aminoácidos essenciais (a lisina, metionina e trionina) que são
próprios das proteínas microbianas. Mas a ingestão de fezes moles, não cobre as necessidades
totais do animal em aminoácidos (Carabaño, 2008). Temos então que suplementar a alimentação
com uma serie de aminoácidos essenciais na dieta para permitir que o animal produza, cresça,
reproduza, etc.

5.1. Alimento

O alimento pode chegar à exploração ensacado ou a granel. Este último apresenta a


vantagem de um manuseamento mais fácil e de um preço mais baixo.
Devemos prestar especial atenção à manutenção higiénica dos silos, realizando
periodicamente desinfecções a fundo.

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5.1.1. Necessidades

Tradicionalmente administram-se uma ou duas dietas distintos nas explorações cunícolas:


para pequenas explorações ou explorações com pessoal pouco qualificado é preferível utilizar uma
dieta única válida para animais de engorda e reprodutoras, denominada dieta mista. Mas em grandes
explorações com naves de reprodutoras e com administração de dietas separadas, é costume
utilizar-se dois tipos de dietas, uma para reprodutoras e outra para engorda. Não obstante, se as
características e a tecnologia da exploração o permitirem, seria preferível usar dietas diferentes para as
fêmeas, de acordo com o seu estado fisiológico e a sua condição corporal.
Assim, o esquema mais complexo de alimentação para coelhas reprodutoras implicara diversas
mudanças da alimentação das coelhas de acordo com a sua idade, produção, estado corporal e
condições ambientais. Necessitará, portanto, de um elevado controlo técnico da exploração e poder-se-á
usar três dietas diferentes:
 Uma dieta com baixo teor energético para a recria e fêmeas vazias ou gestantes que não
mantiveram o ritmo reprodutivo,
 Uma dieta de reprodutoras para coelhas multíparas com boa condição corporal e que
mantêm um ritmo reprodutivo adequado e,
 Uma dieta mais energética para as coelhas primíparas lactantes e as multíparas lactantes
que sejam hiperprolíferas, que chegam ao parto com má condição corporal ou em
situações de temperaturas ambientais altas.
As principais características nutritivas das dietas para a recria, mista, reprodutoras e
“energético” estão no quadro 12.

Quadro 12 - Características nutritivas de dietas (% materia seca) (Cervera et al., 2008).


Recria Mista Reprodutoras Energético
ED (MJ/Kg) 9 10,5 11 13
PB 17 16 18 18
PD 10 11 13 14
FB 23 16 14 14
ADF 30 18 16 16
Lisina 0,75 0,80 0,85 0,85
Metionina + Cistina 0,55 0,60 0,65 0,65
Cálcio 1,0 1,15 1,15 1,15
Fósforo total 0,5 0,60 0,60 0,60
Sódio 0,22 0,22 0,22 0,22

Legenda:
ED- Energia digestível
PB- Proteína bruta
PD- Proteína digestível

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FB- Fibra Bruta


ADF- Fibra detergente-ácido

5.1.2. Consumo de Alimento

Há que programar com suficiente antecipação o consumo mensal tendo em conta que o
Indice de consumo médio é de 3,58 (ITAVI, 2007).
No quadro 13 é mencionado o consumo médio diário para as diferentes fases fisiológicas
da fêmea e dos coelhos de engorda.

Quadro 13: Consumo médio diário.


Coelho em lactação Coelho cria Coelho adulto
Reprodutora em
período de 400 g por dia
lactação
Fêmea jovem não
150 a 200 g por dia
gestante
Láparos na fase de
50 a 100 g por dia
desmame
Láparos na fase
150 a 250 g por dia
final de engorda
Macho reprodutor 120 a 130 g por dia

5.1.3. Sistema de alimentação

5.1.3.1. Alimentação automatica com sem-fim

Consiste no enchimento automático dos comedouros por intermédio de linhas que ligam o
comedouro aos silos. Não necessita a intervenção de nenhum trabalhdor.
O facto de o grânulo ser arrastado pelo semfim, desde
o silo até ao comedouro, pode provocar a sua degradação. Mas
se o alimento (o grânulo) for de boa qualidade esta situação
não é assim tão problematica.
Tem como opção a existência de um painel de control
inteligente.
Este painel de control pode ter as seguintes funções:
 Enchimento dos comedouros ;
 Selecciona o alimento (tipo de alimento em cada linha). Possibilidade de
racionanamento;

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 Avisa para repôr alimento no silo;


 Abre e fecha portas de lactação automáticas;
 Tem possibilidade de ampliar as suas funções.

5.1.3.2. Alimentação manual com carrinho

Consiste no enchimento dos comedouros por meio de um


carrinho de movimentação manual.
Têm uma capacidade de cerca de 300kg de alimento cada
carrinho.
A grande desvantagem é de ser de distribuição manual. E
apesar de haver menos deterioração dos grânulos de alimento,
pode haver mais desperdícios deste. Porque o alimento ao ser
distribuído pode não cair no local exacto do comedouro, havendo assim um desperdício
desnecessário do alimento.

5.2. Água
A água é um recurso imprescindível nas explorações animais, é
necessária tanto para os animais como para a manutenção das
instalações. É preciso destacar que o coelho necessita de água de
bebida potável, fresca no Verão, temperada no Inverno, sempre à sua
livre disposição, porque a vida sem água é impossível, visto ser ela o
elemento fundamental no organismo (Zapatero, 1979).
Distinguem-se essencialmente três tipos de usos diferenciados
para a água: bebida para os animais, limpeza e rede sanitária, e por
último para os sistemas de refrigeração e aquecimento. Assim, se
expõem as distintas necessidades de consumo de água para as diferentes actividades, e as
exigências de qualidade desta. Definimos também os requisitos fundamentais de uma instalação
hidráulica numa exploração de coelhos.

5.2.1. Necessidades qualitativa e quantitativa de água

A instalação e a provisão de água devem cumprir os requisitos mínimos tanto em qualidade


como em quantidade.
A quantidade de água bebida vai depender tanto da idade do coelho, do seu estado
fisiológico e da temperatura do ambiente. Mas o principal condicionante é a quantidade de humidade
que o alimento tem. Consoante o teor de matéria seca ingerida o animal vai consumir mais ou menos
água. O rácio de consumo de água é cerca de 7 a 5 vezes o consumo de matéria seca.
Do ponto de vista prático o coelho deve dispor da água ad libitum.

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
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5.2.2. Sistemas de bebedouros

Existem diferentes tipos bebedouros os mais conhecidos são: as chupetas, vaso/chávena de


metal, ambos automáticos. Os mais recomendados são as chupetas pois são mais higiénicos e
práticos. Uma só chupeta basta para oito a dez animais agrupados numa mesma gaiola.

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6. Mão-de-Obra

Uma exploração de coelhos actual exige para o seu sucesso de mão-de-obra executiva
com um mínimo de conhecimentos técnicos. Deverá ser em quantidade, a necessária para exercer
um controlo individual das coelhas reprodutoras e das suas ninhadas.
De acordo com diversos relatórios (Azard, 2006), uma exploração em que todo o trabalho
é automatizado (lactação automática, alimentação automática, distribuição automática de água,
ventilação automática), com prática de IA (permite a organização do trabalho de forma racional),
pressupõe-se que uma pessoa possa trabalhar entre 500 a 800 fêmeas reprodutoras, com ajuda
em dias pontuais, este valor pode aumentar para 1000.
A inseminação artificial além de permitir ao cunicultor a planificação de todo o trabalho,
permite conseguir períodos em que não é imprescindível a sua presença na exploração dado que
alguém que o substitua (mesmo que não saiba realizar o maneio na exploração) possa alimentar
os coelhos e retirar os mortos.
Tem de se ter em atenção a mão-de-obra, pois se mantivermos mais coelhos numa
exploração que os que se podem atender pessoalmente pode ser uma das causas de erros de
planificação que podem levar uma exploração ao fracasso.
Entre os custos de produção de um kg de carne de coelho estão os salários.
A mão-de-obra pode ser de trabalhadores contratados, fixos ou temporários, dependendo
do tamanho da exploração.

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7. Software

Um software de gestão adequado ajudará a optimizar a realização da produção de coelhos e


aumentar a sua produtividade. Estes programas podem fornecer instrumentos de tomada de decisão
com uma fácil e rápida entrada de dados sobre a exploração.
Existem diferentes softwares para a gestão de cuniculturas, tais como o Cunitec ou o
Kompas Conejos disponibilizado pela Nanta.
Estes programas possibilitam uma análise da exploração.
Estes programas usam gráficos, listas e métodos estatísticos para mostrar os resultados dos
dados de uma maneira que é compreendida pelo utilizador. Os resultados são apresentados de
diversas formas: histogramas, resultados estatísticos, listas, e mais.
O Cunitec oferece o acesso a várias variáveis para fêmeas, machos, pesos, tratamentos, e
alimentação. Além de que, podemos definir expressões ou fórmulas novas e usar funções
matemáticas para expandir este grupo das variáveis.
Na figura 16, pode ver-se um exemplo da informação que se pode obter dos programas. A
figura mostra a informação recolhida pelo programa sobre uma fêmea.

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Figura 16: Historial de uma fêmea.

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8. Projecto

O projecto consiste na instalação de uma cunicultura semi-intensiva com 1200 fêmeas


reprodutoras.

8.1. Micro Localização

A localização da exploração é em Dois Portos na região Oeste.


O clima é temperado, com influência marítima, sem grandes amplitudes térmicas.
Todos os dados das figuras 17 e 18 referentes à estação meteorologica de Dois Portos foram
retirados do sistema Agribase.

Figura 17: Temperaturas do ar fornecidas pela estação meteorologica de Dois Portos.

Temperaura do ar (ºC)
30
25
20
T(ºC)

15
10
5
0
J F M A M J J A S O N D
Meses

T diaria T maxima Tminima

Na figura 17 verifica-se que a média das mínimas apresenta valores entre os 6,2º e os
14,8ºC. Em relação à média das máximas os valores encontram-se entre os 14,2º e os 25,9ºC. A
temperatura média diária apresenta valores entre os 10.2º e os 20.4ºC.

Figura 18: Humidade Relativa do ar na estação meteorológica de Dois Portos

Humidade Relativa do ar (HR)


90
85
80
HR

75
70
65
J F M A M J J A S O N D
Meses
HR

Na figura 18 verifica-se que a humidade relativa do ar apresenta um valor máximo em


Janeiro depois começa a diminuir até ao mês de Julho, sendo este mês aquele que regista a

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percentagem mais baixa (74%). A partir deste mês a humidade relativa torna a aumentar. As
percentagens mais altas registam-se em Dezembro e Janeiro (83 e 85% respectivamente). Mas
durante todo o ano os valores estão dentro dos parâmetros normais aceitáveis para o bem estar do
coelho.
As temperaturas mais baixas são registadas também em Janeiro e Dezembro, mas estes
valores são suportáveis, já que dentro dos pavilhões está sempre uma temperatura mais elevada. As
temperaturas de verão, as mais elevadas, são as mais problemáticas, mas a temperatura média dos
últimos 30 anos encontra-se dentro das temperaturas limites superiores (para que não origine
problemas na produção) de 6ºC e 30ºC. Temperaturas máximas como estas podem ser controladas
com a abertura controlada das janelas dos pavilhões e uma boa orientação dos pavilhões ao vento.
Pode concluir-se que a Zona de Dois Portos é uma zona favorável, em termos climáticos à
implementação da exploração. Esta zona geográfica também é vantajosa porque fica perto de
matadouros e de fábricas fornecedoras de alimento.

8.2. Cálculo do número de coelhos produzidos por 1200 fêmeas

Segundo resultados técnicos de explorações francesas em 2007 (ITAVI 2007), e em termos


médios, o número de partos por fêmea e ano em situação de explorações com sistema de bandas é
de 6,96, ou seja em 1200 fêmeas temos anualmente 8352 partos.

Quadro 14: Resultados técnicos de explorações com condução em bandas (ITAVI 2007).
Resultados Técnicos
Nº total de nascidos vivos por parto 9,63
Nº de coelhos por fêmea e por ano 51,8
Taxa de partos por inseminação artificial 80%
Nº de desmamados por parto 8,18
Nº de kg vendidos por inseminação artificial 14,49
Peso médio dos coelhos vendidos vivo (kg / 2,47
cabeça)

Assim e considerando os valores médios das exlorações francesas e aplicando-as às nossas


condições, (quadro 14) o nº de coelhos por fêmea e por ano é 51,8, ou seja 62160 coelhos
anualmente.

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8.3. Organização do Trabalho na exploração cunícola

Considerando como a primeira actividade na exploração a IA, e atribuindo o dia zero a esta
terefa, o resto das operações vão-se repetir na mesma banda da seguinte maneira: colocação dos
ninhos, dia 29; parto, dia 31; tirar os ninhos, dia 53 (22 dias pós-parto); desmame, dia 65 (34 dias
pós-parto); venda, dia 100 (69/70 dias pós-parto).
No quadro 15 podemos ver a organização do trabalho semanal. Algumas das actividades
como o tirar e ninhos, venda, desmame e inseminação artificial são realizadas apenas de 15 em 15
dias.

Quadro 15: Organização do Trabalho na exploração cunícola (adaptado de Garcia, 2008)


2.ª Feira 3.ª Feira 4.ª Feira 5.ª Feira 6.ª Feira Sábado Domingo
- Controlo - Controlo - Controlo - Controlo dos - Controlo dos
dos ninhos dos ninhos dos ninhos ninhos ninhos
- Controlo - Inseminação
- Venda - Desmame
dos partos artificial
- Tirar
- Por ninhos
ninhos
- Limpeza - Limpeza
geral geral
- Actividade - Actividade - Actividade - Actividade - Actividade Actividade Actividade
de rotina* de rotina* de rotina* de rotina* de rotina* de rotina* de rotina*

*Actividade de rotina – vigilância, alimentação

No quadro 16 está exposta uma planificação das principais tarefas nas diferentes semanas
decorrentes e nas diferentes bandas propostas.

Quadro 16: Distribuição das principais tarefas por cada banda.


Semana
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª
Banda 1 A B C D E
Banda 2 A B C D
Banda 3 A B C D
Legenda:
A- Inseminação artificial de 400 fêmeas
B- Preparação dos ninhos
C- Partos
D- Desmame
E- Venda

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8.4. Desenho das Naves

Na figura 19, está representado um esquema possivel para a disposição dos diferentes pavilhões
e estruturas da exploração.
Os pavilhões das fêmeas têm uma dimensão de 39,90m por 10,70m cada um, os da recria têm
33,60m por 10,70m. A sala dos machos Gp tem a dimensão de 7m por 4m, o armazém 9m por 3m, o
laboratório 2m por 2m e por último o balneário 3m por 3m. (Figura 19)

Figura 19: Esquema da edificação da exploração.

Este esquema permite:

 Trabalhar três bandas diferentes de coelhos;


 Fazer vazios sanitarios;
 Separar as maternidades da engorda;
 Dividir o investimento em três fases;
 aumentar o nº de pavilhôes num projecto futuro.

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8.5. Investimento

Os orçamentos que foram fornecidos estão disponibilizados em anexo, como também as


razões de escolha e referencias das gaiolas, equipamentos e tipo de instalações.
Optou-se por uma instalação de naves tipo tunel (menor investimento), as gaiolas tanto para
a engorda como para a maternidade são gaiolas polivalentes. Para as fêmeas de substituição optou-
se por gailolas de substituição por uma questão de acomodarem mais fêmeas num espaço menor.
Quanto aos machos reprodutores, seram acomodados em gaiolas especificas.
O centro de inseminação inclui o material necessário para fazer as recolhas de semen (e a
sua observação) e as inseminações artificiais.
No quadro 17 estão especificados os custos para a implementação do projecto, dando um
somatório final de 342953,89€. Esta quantia será adquirida através de empréstimo bancário, pago
em 7 anos com uma mensalidade de 5311,96 € (63743,52€ anualmente).

Quadro 17: Total do investimento do projecto.


Custo
Instalações e equipamentos 244.566,39€
Animais 18.909,00€
Centro de inseminação 3.886,50€
Silos 4.200,00€
Outros gastos 70.000,00€
software 1.392,00€
Total 342.953,89€

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8.6. Dados Técnicos e Económicos

A análise económica torna-se interessante para os produtores que têm por finalidade a
obtenção de um lucro máximo. Os resultados obtidos dependem muito do nível técnico do produtor e
das condições económicas em que se encontre (Lebas, 1986).

Figura 20: Evolução do preço do kg de carne de coelho na bolsa de Madrid em 2008

Evolução do Preço em Madrid


2,5

2
Euro/Kg P.V.

1,5
2008
1
2009
0,5

0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

O preço da carne de coelho no mês de Setembro de 2008 atingiu o preço mais elevado do
ano (figura 20) de 2,02€/ kg. A média do preço da carne de coelho no ano de 2008 foi de 1,63€,
cerca de 15% superior à média registada em 2007, que foi de 1,41€ por kg.

8.6.1.Cálculo dos Resultados Económicos da Exploração:

No quadro 18 está especificado o valor teórico do produto bruto que a exploração poderá
alcançar recorrendo ao preço médio do kg do peso vivo do coelho de 2008 na bolsa de Madrid. O
quadro 20 especifica os consumos intermédios da exploração.

Quadro 18: Proveitos da exploração.


1200 Fêmeas produzem 62160 animais para abate por ano

62160 Animais vivos com 2,47 kg (quadro 13) 153.535,20kg

Preço médio do kg do peso vivo na bolsa de 1,63€


Madrid em 2008
Produto Bruto 250.262,38€

Para os cálculos dos resultados da exploração admitiu-se também os dados presentes no


quadro 19.

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Quadro 19: Projecto, efectivo de 1200 fêmeas.


Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 a n

Nº de coelhas 960 1200 1200 1200

Animais (N.º) 54816 68520 68520 68520

Investimento 342953,89€ 0 0 0

Assalariados 1 1 1 1

O investimento é feito no ano zero. O empréstimo (relativo ao investimento) é amortizado nos


primeiros 7 anos, tendo um ano como período de carência, ou seja este só é liquidado no ano 7.

Quadro 20: Consumos Intermédios


Despesas com a produção por ano

Índice de consumo é 3,58 (ITAVI, 2007)

167874Kg de produto 600988,92kg de alimento

600 Toneladas
218€/tonelada de ração (segundo Moyenne 130.800,00€
1
2007 em ITAVI 2007) *
2
Compra de reprodutores* 5.532,00€
2
Profilaxia e Desinfecção* 16.140,00€
2
Produtos para ninhos* 1.812,00€
2
Utensílios diversos* 3.600,00€
2
Energia* 5.172,00€
2
Água* 1.164,00€
2
Telefone, correio* 732,00€
2
Combustíveis* 1.032,00€

Total de encargos operacionais 165.984,00€


1
* Segundo ITAVI 2007
2
* Segundo resultados técnicos de explorações francesas 2003 com IA e mais de 400 fêmeas
(ITAVI,2005)

O consumo de capital fixo (vivo e/ou inanimado), que corresponde às amortizações tem um
valor de 63.743,52€ por ano.

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
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Os seguros, impostos e segurança social, têm o valor de 12.840,00€ por ano. (segundo
resultados técnicos de explorações francesas 2003 (ITAVI, 2005).
A remuneração dos assalariados corresponde a um valor de 6.300,00€ (450€*14meses*1
assalariados) anualmente.
A remuneração de trabalho directivo corresponde a 5% dos encargos reais da empresa
agrícola e a reserva para riscos corresponde a 2% também dos encargos reais. Consideram-se os
encargos reais a soma de: compras de bens e serviços + contribuições e impostos de bens não
fundiários + impostos e prémios de seguros de bens fundiários + salários e encargos sociais pagos +
renda paga + juros. (RICA 1992, citado em Cristóvão C. 2002).
O quadro 19 refere os resultados económicos da empresa agrícola.
O rendimento bruto da exploração obtém-se, subtraindo ao produto bruto os consumos
intermédios, seguros, impostos e segurança social.
Se ao rendimento bruto subtrairmos as amortizações (63.743,52€) obtemos o rendimento
líquido da exploração. Se a este último subtrairmos os salários pagos, as rendas pagas e os juros
pagos, o resultado é o rendimento do empresário e família. (RICA, 2002)
O Lucro resulta da subtracção da remuneração do trabalho directivo e da reserva de riscos
ao rendimento do empresário e família. (Avilez et al., 1988)
Todos os valores calculados presentes no quadro 21 foram feitos em relação ao ano 1
(quadro17), em que é contabilizada a amortização anual do empréstimo feito.

Quadro 21: Resultados da exploração para diferentes preços do kg do peso vivo, no Ano 1.
Resultados consoante o preço do peso vivo

Preço do kg do peso vivo 1,63€ 1,41€ 2,15€

Produto Bruto Agrícola Total (PBT) 250.262,38€ 216.484,63€ 330.100,68€

Rendimento Bruto da Exploração (RBE) 71.438,38€ 37.660,63€ 151.276,68€

Rendimento Liquido da Exploração (RLE) 7.694,86€ -26.082,89€ 87.533,16€

Rendimento do Empresário e Família (REF) 1.394,86€ -32.382,89€ 81.233,16€

Remuneração do trabalho Directivo 9.571,2€ 9.571,2€ 9.571,2€

Reserva para riscos 3.828,48€ 3.828,48€ 3.828,48€

Lucro da Empresa Agrícola -12.004,82€ -45.782,57€ 67.833,48€

Taxa de lucro 0 0 20,55%

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9. Discussão

Da análise dos vários resultados económicos, o projecto só terá lucro quando o preço do kg
de peso vivo do coelho for igual ou superior a cerca de 1,75€, pelo menos nos primeiros 7 anos em
que existem encargos de amortização do empréstimo. Sem os encargos das amortizações e com o
preço a rondar 1,41€ (média anual de 2007), obtém-se lucro (sensivelmente 17.960,00€). Para o
preço de 1,63€ o lucro obtido sem as amortizações seria cerca de 51.978,70€ anualmente.
Se o preço do kg do peso vivo atingir o valor médio anual de 2,15€, a empresa agrícola
atinge um lucro de 67833,48€ (este valor inclui as despesas com as amortizações).
A média anual de 2008 foi de 1,63€, este preço proporciona um rendimento do empresário e
família positivo mas resulta em perdas (rendimento do empresário e família – remuneração do
trabalho directivo – reserva de riscos) no valor de 12.004,82€.
O actual projecto apresenta um rendimento do empresário e família positivo para os preços
do kg de peso vivo de 1,63€ e 2,15€. Se o preço atingir os valores do ano de 2007 (média de 1,41) o
rendimento do empresário e família e o rendimento líquido da exploração são negativos.
Se houvesse ajuda financeira ao investimento talvez se conseguisse ultrapassar este
problema dos primeiros 7 anos, mas a ajuda actual (Proder, ajuda da 1ª instalação do jovem
agricultor) tem um valor máximo de 40.000,00€ o que é insignificante face a um investimento total de
342.953,89€. Isto também tendo em atenção que o consumo da carne de coelho se encontra
estagnado.
Poder-se-ia pensar na hipótese de dividir o investimento em três fases, investir primeiro em
400 fêmeas depois de este investimento estar liquidado (7 anos) investir novamente em 400 fêmeas
e assim por diante até atingir as 1200 fêmeas. Mas apesar de diminuirmos o investimento inicial, este
continua a ser demasiado elevado, porque o produto bruto diminui significativamente (passamos a ter
apenas 400 fêmeas a produzirem).
Outra das hipoteses seria de em vez de investir em naves tipo tuneis, edificar apenas uns
telheiros com uns pilares para a sua sustentação e como protecção lateral uma lonas anti-mosquitos
e as respectivas fossas. Mas pela informação que foi possivel obter ronda um preço de 180€-200€ o
2
m , o que se formos comparar fica mais caro (quase o dobro do preço) do que comprar os modulos
(pré-fabricados, prontos a montar) das naves tipo tunel.

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10. Conclusão

Para a actual situação do mercado da carne de coelho e os preços praticados, o projecto não
apresenta viabilidade económica, apresentando perdas para os preços actualmente praticados. Isto
tendo que recorrer a um financiamento do valor total do investimento inicial.
O projecto só seria viável para um preço igual ou superior a 1,75€ por kg de peso vivo de
coelho, ou se houvessem maiores e mais significativas ajudas à primeira instalação do jovem
agricultor. Actualmente se valor de 1,75€ não for atingido ou se os custos de produção não
diminuírem o projecto não é viável.

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Projecto para Instalação de uma Cunicultura
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11. Referências Bibliográficas

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2009

12. Anexos:

I. Escolha tecnológicas e dos animais

Em relação ao material para o interior dos pavilhões optou-se pelo orçamento fornecido
pela CuniSperm que representa a Extrona em Portugal.
A opção feita foi baseada nos preços, já que o material é muito idêntico, as opções e os
designs dos diferentes modelos de gaiolas são extremamente idênticos. A grande diferença é que as
jaulas polivalentes da Extrona (modelo Mega B 12/3 T2400 F2000 S/E) têm mais duas jaulas
individuais que o modelo polivalente apresentado pela Gomez y Crespo. O espaço ocupado pelas
jaulas das duas marcas é idêntico, não tendo qualquer diferença no comprimento dos pavilhões.
A unidade do modelo polivalente da Extrona custa 183,23€ (com 12 jaulas e bebedouros,
com desconto de 25% incluído) e o modelo da Gomez y Crespo custa 195€ (com 10 jaulas e
bebedouros), fazendo a proporção, se o modelo da Extrona tivesse 10 jaulas apenas custaria
152,69€, que resumidamente e concluindo é mais barato.
Este facto de as jaulas da Extrona serem mais baratas é também extensível a todos os
outros equipamentos disponibilizados.
Sendo os equipamentos de qualidade idêntica, conclui-se que a melhor opção
qualidade/preço será optar pelos produtos da Extrona.

 Gaiolas para Maternidade/Engorda

Optou-se por usar jaulas polivalente tanto na engorda


como nas maternidades, já que podem ser usadas com as duas
finalidades (engorda e maternidade).
O módulo polivalente da Extrona é o Mega B 12/3 T 2400
F2000 S/E.

 Gaiolas para Substituição


Para a coelhas de substituição escolheu-se o modelo
cuni baby porque este tem lugar para 32 fêmeas em cada
módulo, ocupando assim menos espaço do que as jaulas
polivalentes (12 fêmeas).

 Gaiolas para Machos


Para os machos escolheu-se o modelo de inseminação
artificial porque este é o que mais se adequa à prática da

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inseminação artificial. Tem uma abertura frontal maior que vai facilitar o manejo do coelho quando for
feita a recolha do sémen.

 Túnel 3 Fossas
Escolheram-se módulos prefabricados ampliáveis tipo túnel, em estrutura metálica e coberto
por um perfil curvado.
A ventilação está baseada no principio da conveccção: o ar
frio entra através das janelas laterais
empurrando o ar quente do interior da
nave e evaquando-se pela abertura
da frecha da cumieira.
Tudo isto é possivel graças à
funcionalidade das duas janelas de
policarbonato e cumieira metálica, colocada longitudalmente e
regulaveis de maneira independente.

Limpeza automática:
Optou-se pelo uso do tractor, porque este pode-se deslocar para cada fossa facilmente,
funciona como um pequeno “carrinho de mão”, ficando mais barato do que instalar motores redutores
em 13 fossas diferentes.

 Animais:

Para efeito representativo dos preços escolheu-se a genética Hycat de Ponte de Lima.
Este centro de genética garante uma linha maternal com uma prolificidade entre 10,2 e 10,4
nascidos vivos por parto e por reprodutora, uma durabilidade da reprodutora entre 8 a 11 partos, e
uma regularidade que podemos ver no quadro seguinte:

Quadro : Regularidade da linha materna.


Número de partos Vivos por parto % Fertilidade
1 9,4 91,6
2 10,4 89,5
3 10,8 92,2
Total 10,2 91,0

Quanto á linha do macho garantem um crescimento de cerca de 64gr/dia. Tendo o produto


final um rendimento de canal 56%-57% e um aumento diário de 44-48gr.

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A hycat também disponibilizou o orçamento para a montagem de um laboratório de


inseminação artificial.

II. Orçamentos

a. Orçamento de Jaulas e todo o material asociado:

Quantidade Descrição Preço unitario Preço


E.3 Modulo Mega B 12/3 T 2400 F
204 223,48€ 34192,44€
2000 S/E
Protectores de orinas 2400 com
408 12,88€ 3941,28€
suporte
28 Suportes protectores de urina 2,76€ 57,96€

217 Pés modulo Mega F2000 2 caras 20,15€ 3279,41€

612 Comedouros 4 doble 9,78€ 4530,33€


1224 Dianteira ninho 40 4,46€ 4094,28€
1224 Tampa ninho 1,48€ 1689,12€
1224 Ninho 40 2,51€ 2304,18€
408 Canas de 6 chupetas 2400 10,41€ 3185,46€
18 Depósitos reguladores 8L 29,50€ 398,25€
Inicios alimentação central Mega
18 791,65€ 10687,28€
2400 F2000
Prolongamentos Alimentação
234 30,17€ 5294.84€
central Mega 2400 F2000
Inicio Controlo Lactação
12 930,70€ 8376,30€
Automática Mega 2400

204 Prolongamento Controlo Lactação 30,51€ 4668,03€

3408 Curapatas relax 2,21€ 5648,76€


Modulo Cuni Baby 32/8 T2400
30 270,79€ 6092,78€
F2000
Protectores de orinas 2400 com
60 12,88€ 579,60€
suporte
4 Suporte protectores de urina 2,76€ 8,28€
33 Pés modulo Cuny Baby 18,07€ 447,23€
240 Comedouro 4 doble 9,87€ 1776,60€
120 Canas de 8 chupetas 12,29€ 1106,10€

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60 Kit ninho e porta sobre ocupação 12,89€ 580,05€


3 Inicio Alimentação Cuny Baby 1518,00€ 3415,50€
Prolongamento Alimentação
30 63,99€ 1439,78€
central Autom. Cuny Baby
30 Jaula Macho Inseminação 41,13€ 925,43€
30 Tolva M-2 Ecus 9,22€ 207,45€
6 Cana + bolsa 5 minis Ecus 21,13€ 95,09€
6 Paralela universal Ecus 8,59€ 38,66€
Pés duas caras macho
4 19,69€ 59,07€
inseminação
1 Deposito Regulador de 8 L 29,50€ 22,13€
30 Reposa patas 4,02€ 90,45€

1 Carro Transportador coelhos 524,74€ 393,56€

1 “Grapadora Manual con cargador” 81,91€ 61,43€

3 “Grapadora manual” 21,39€ 48,13€

3 Boca silo 496,73€ 1117,64€


3 Inicio telescópica com tubo 651,54€ 1465,97€
18 “Bajante Telescópico” 20,48€ 276,48€
7 Tubo curvo 45º 37,72€ 198,03€
35 Tubo 22,82€ 599,03€
120 Metro espiral para tubo 10,02€ 901,80€
Total: 114294,19€

b. Orçamento dos Túneis e do sistema de limpeza:

Quantidade Descrição Preço Unitário Preço


105 Modulo Túnel 3 fossas 820€ 86100€
6 Inicio Túnel 3 Fossas 430€ 2580€
12 Portais 850€ 10200€
105 Modulo janela túnel 170€ 17850€
6 Inicio de janela 180€ 1080€
1 Escalera túnel 190€ 190€
18 Saídas pás exterior com poleias 320€ 5760€
-18 poleias 43€ -774€
777 cabo inoxidável 2,20€ 1709,40€

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1 Tractor Gyc Ambos os sentidos 5200€ 5200€


1 Pá tractor 290€ 290€
1 Poleia 43€ 43€
1 Topo cabo limpeza automática 8€ 8€
3 Gancho cabo 3€ 9€
6 Sujetacables 0,80€ 4,80€
10 Cabo inoxidável 2,20€ 22€
Total 130272,2€

c. Orçamento dos Animais:


Quantidade Descrição Preço Unitário Preço
1200 F1 Terminal 12€ 14400€
96 F GP 99 36,50€ 3504€
27 M Terminal sintético 32,50€ 877,5€
3 M GP 98 42,50€ 127,50€
Total 18909€

d. Orçamento do centro de Inseminação:


Quantidade Descrição Preço
1 Banho-maria 15Lt. 205,00€
1 Mala Conservação 420,00€
1 Microscópio Binocular 850,00€
1 Placa aquecimento 385,50€
1 Estufa esterilizadora 1080,00€
2 Probeta 100ml 23,00€
2 Probeta 250ml 35,00€
5 Diluente Galap 1L 327,50€
6 Vaginas Artificiais 135,00€
100 Colectores 5ml com tampa 12,50€
100 Pipetas 1ml descartáveis 10,50€
5000 Cánulas curvas 197,50€
Total 3681,50€

e. Outros Custos:

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Serão necessários mais 70000€ para isolar os 3 túneis com poliretano projectado, para
electricidade/iluminação, águas, construção civil (fossas; casas de banho, divisão para machos
reprodutores e pequeno armazém).
Quanto aos silos no site a Asescu (http://www.asescu.com/tanuncios.php) estão dois silos
como novos a serem vendidos. Um silo de 6000Kg e outro de 9000Kg, os dois por 3000€. Os silos
são todos em chapa com sem-fim de repartição. A exploração vai ter 3 silos, um para ração para
engorda medicamentada, um para ração para engorda não medicamentada (para os últimos 5 dias
da engorda) e uma para ração para reprodutoras. O silo para a ração de engorda não
medicamentada pode ser um silo mais pequeno que o de 6000Kg, já que é para apenas os últimos 5
dias antes do abate. Fazendo uma estimativa por alto o custo dos silos seria 4200€. Seria um silo de
9 toneladas (1800€) para a ração das reprodutoras, que poderia ser reabastecido duas vezes por
mês, e outros dois silos cada um de 6 toneladas (1200€ cada um) para as rações de engorda
(medicamentada e não medicamentada) que também poderiam ser reabastecidas duas vezes por
mês se for necessário.

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III. Simulação pedida a um Banco Português para o investimento inicial de 343000,00€:

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a. Documentos que se têm de preencher para a apreciação do projecto pela a


instituição de financiamento ao crédito:

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IV. O Proder (Programa de desenvolvimento Rural)

Este programa proporciona uma ajuda financeira à instalação de jovens agricultores.

 Prazo para Apresentação dos Pedidos de Apoio:

Para o ano 2008:

 De 12 de Maio a 25 de Julho
 De 1 de Setembro a 31 de Outubro
 De 1 de Novembro a 31 de Dezembro

Anos seguintes:

 De 1 a 31 de Janeiro;
 De 1 a 30 de Abril;
 De 1 a 31 de Julho;
 De 1 a 31 de Outubro.

 Informações:

N.º Verde - 800 500 064


Direcções Regionais de Agricultura e Pescas

 Objectivos:

 Formentar a renovação e o rejuvenescimento das empresas agrícolas;


 Promover o processo de instalação de jovens agricultores;
 Contribuir para uma adequada formação e qualificação profissional dos jovens
agricultores.

 Área Geográfica:

Todo o território do Continente.

Beneficiários

 Jovens agricultores em regime de primeira instalação


 Pessoas colectivas, em que os sócios gerentes que detenham a maioria do capital social
tenham mais de 18 anos e menos de 40 à data da apresentação do pedido de apoio.

Forma e Limites dos Apoios

Prémio à 1ª instalação no valor de 40 000 Euros.

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Apresentação dos Pedidos de Apoio

Os pedidos de apoio são efectuados através de formulário electrónico disponível neste site ,
e estão sujeitos a confirmação por via electrónica.
Considera-se a data de envio como a data de apresentação do pedido de apoio.

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