SARJETAS DE ATERRO
São dispositivos com o objetivo de impedir que as águas precipitadas sobre a plataforma escoem pelo talude
de aterro, provocando erosões neste ou na borda do acostamento. Por escoamento longitudinal, levam as
águas interceptadas até local de desagúe seguro, em caixas coletoras ou no terreno natural.
Localização:
z Nos aterros com altura superior a 5 metros;
z Nas interseções, para coletar e conduzir as águas provenientes de ramos, ilhas, etc.;
z Nas curvas horizontais, para qualquer altura, na borda interna da plataforma quando a velocidade de
escoamento possa provocar erosão;
z Nos trechos onde, em conjunto com a terraplanagem, for mais econômica sua utilização, aumentando
com isso a altura mínima necessária para o primeiro escalonamento de aterro.
Elementos do projeto:
A seção molhada para efeito de dimensionamento é constituída pela do dispositivo projetado mais a área de
acostamento, que se supõe alagada. Quando não se puder admitir a hipótese de alagamento, o projeto tipo
da sarjeta é semelhante ao da sarjeta de corte, com alteração da declividade junto ao acostamento para 15
%. A face externa da sarjeta de aterro é geralmente constituída por material apiloado, para oferecer
resistência à impactos sobre o dispositivo.
Em situações eventuais, no caso dum ser possível considerar um alagamento temporário do acostamento, o
tipo meio-fio simples pode ser usado.
Sarjetas em solo são indicadas apenas para rodovias secundárias, de pequena importância econômica, ou
período curto de utilização, ou estradas temporárias durante a construção.
z A necessidade de utilização da sarjeta em aterro está condicionada pela velocidade capaz de causar
erosão na borda da plataforma (conforme o material de que é constituído o aterro). Então primeiro se
calcula a velocidade do escoamento para decidir se a valeta será executada.
z Aprovada a utilização do dispositivo, o dimensionamento hidráulico consistirá basicamente no cálculo
do comprimento crítico para que não haja transbordamento, ou para que a faixa de alagamento
admissível no acostamento não ultrapasse valores prefixados, o que é feito executando descidas
d’água (sangradouros).
Cálculos preliminares:
A água correrá segundo a reta BE, perpendicular às horizontais. Sendo CA uma reta horizontal, cota(A)=cota
(C). A cota de A é igual à -b. L, considerando a cota de B igual à zero(como referência). Por outro lado, a
cota de C (igual a de A) pode ser escrita como -Y.a . Daí, -b. L = -Y.a. Então o comprimento Y da reta CB
poderá ser escrito Y=b. L / a. Considerando o triângulo BAC, temos CA=L, donde CA2=Y2+L2. Daí, CA=L
(a2+b2)0,5/a. Considerando os triângulos semelhantes BAC e BAE, teremos x / L = AC / Y , ou, fazendo as
devidas substituições,
D = x = BE = L ( a 2 + b 2 )1/2 / b (equação 1)
I = ( a 2 + b 2 )1/2 ( equação 2 )
Q = C . i . A / 360000
Onde
D=L.I/b (equação 3)
Por Manning, Q = A . R 2/3 . I 1/2 / h , mas como a espessura do fluxo é pequena em relação à largura, toma-
se o raio hidráulico igual ao tirante d’água (em conseqüência, A = 1 x R).
Combinando com a equação da continuidade Q= A.V e desenvolvendo com a simplificação de Strickler, onde
k = 1 / h , sendo h o coeficiente de rugosidade de Manning, chega-se finalmente à
ou
V = 0,005991 . I 7/10 . h - 3/ 5 . C 2/ 5 . i 2/ 5 . L 2/ 5 . b - 2/ 5
Esta equação (6) determina a velocidade de escoamento na borda da plataforma. A comparação desta
velocidade com os valores limites de velocidade de erosão definem a necessidade ou não da sarjeta de
aterro. Caso seja necessário o projeto do dispositivo, prosseguir o cálculo com:
Cálculo da máxima extensão admissível:
A bacia de contribuição para a sarjeta é um retângulo onde um lado é o comprimento a determinar, e o outro
é a largura do implúvio, função da seção transversal da rodovia, com
q = C . i . A / 360000 (equação 7)
Onde
para obter
onde
O comprimento crítico (d) da sarjeta é obtido igualando a descarga de contribuição (equação 7) com a
capacidade máxima de vazão admissível para a sarjeta (equação 8), o que define o espaçamento máximo
entre saídas d’água.
Da mesma forma que as sarjetas de corte, os valores A, R e h são conhecidos, de acordo com a sarjeta
projetada, os valores C, i , L, são conhecidos em função da chuva de projeto, restando como única variável a
declividade longitudinal da rodovia (a) ao longo do trecho estudado.
Observe-se que chegamos a mesma equação obtida para as sarjetas de corte, havendo apenas pequenas
diferenças no modo como são obtidos os parâmetros utilizados. O comprimento crítico também está
condicionado à velocidade limite de erosão do material utilizado no revestimento da sarjeta.
Quando a velocidade de escoamento ultrapassar a máxima permissível (causa de erosão), devem ser
utilizados dissipadores de energia ou reduzir o espaçamento entre saídas d’água, para reduzir a altura da
lâmina d’água (tirante) e assim reduzir a velocidade de escoamento para valores abaixo dos críticos.
Não há recomendações rígidas quanto ao material. A decisão de adoção depende da classe da rodovia e de
condicionantes econômicos. Os materiais indicados são:
Execução
Quando adotado concreto de cimento Portland, mesmas indicações para sarjetas de corte.
Ao usar concreto betuminoso, usar preferencialmente o mesmo traço usado para o binder, mas não sendo
este previsto, usar o mesmo traço do revestimento da pista. Não se justifica composição especial para a
construção deste dispositivo.
As sarjetas de solo são usadas apenas em rodovias secundárias de pequena importância econômica,
período curto de utilização ou funcionamento temporário durante o tempo de execução da rodovia.
Sendo côncavo o canteiro central de rodovias construídas em pista dupla, a drenagem superficial é feita por
tais valetas, revestidas ou não. Devem seguir os projetos-tipo do DNER, (DEP-ES-D 01-88) e as demais
especificações para valetas de corte. Geralmente adota-se seção triangular cujas faces tem as declividades
dos taludes do referido canteiro. Seções trapezoidais ou retangulares são utilizadas apenas quando da
insuficiência de seção triangular. Também podem ser usadas seções de forma circular, tipo meia-calha.
A escolha do revestimento deve levar em conta a velocidade limite de erosão do material escolhido.
Revestimento vegetal, embora estético, tem alto custo de conservação. Deve-se evitar valetas de canteiro
central sem revestimento.
Dimensionamento