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SEGURANÇA DO TRABALHO

Unidade 1 - Contexto histórico da


Segurança e Saúde no Trabalho

GINEAD
Brand, Aniele Fischer
SST Unidade 1 - Contexto histórico da Segurança e Saúde no
Trabalho / Aniele Fischer Brand
Ano: 2020
nº de p.: 19

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Unidade 1 - Contexto histórico da Segurança
e Saúde no Trabalho

Objetivos específicos
• Abordar o surgimento da Segurança e Saúde no Trabalho no âmbito mundial
e no Brasil;
• Analisar os impactos da Revolução Industrial na segurança e saúde no tra-
balho.
• Apresentar entidades importantes para a segurança no trabalho e saúde
ocupacional.

Apresentando a unidade
Bem-vindos, caro(a)s aluno(a)s! Estamos no início da disciplina Segurança no
Trabalho. Você já refletiu sobre como eram as condições de trabalho antigamente?
Será que sempre houve uma preocupação com o trabalhador, sua saúde e suas
condições de trabalho? Antes de aprofundarmos os conceitos principais na
atualidade, nesta primeira unidade, convidamos você a conhecer o contexto
histórico do surgimento da segurança e saúde no trabalho e compreender de que
forma a Revolução Industrial impactou este tema. Bons estudos!

Tópicos de Estudo

O Surgimento da Segurança e Saúde


do Trabalho no âmbito mundial
O trabalho faz parte da vida humana desde os primórdios da humanidade. Se
formos considerar de forma abstrata, Liedke (2002) afirma que este pode ser
entendido estritamente como esforço físico ou mecânico, como energia despendida
por seres humanos, animais, máquinas ou até mesmo objetos movidos por força
da inércia. Ou seja, o trabalho é a energia colocada em movimento que tem como
resultado a transformação dos elementos.

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Quando se fala em trabalho humano, os conceitos são diversificados e evoluem
com o passar do tempo. Se considerarmos, por exemplo, já na pré-história, quando
o homem saía para caçar, podemos perceber o trabalho nesta ação.

Figura 1.1: O trabalho nos primórdios da humanidade.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Com o passar do tempo e as novas relações trabalhistas estabelecidas com a


Revolução Industrial, o conceito vai agregando também novas características. Mas,
e a preocupação com o trabalhador no decorrer da história, como fica?

Saiba mais
Você pode aprofundar seus conhecimentos em relação ao conceito
de trabalho com autores como Karl Marx e Adam Smith.

No que diz respeito ao surgimento da segurança e saúde no trabalho, poucos são os


registros existentes em relação à identificação e prevenção dos riscos no ambiente
de trabalho ao longo da história da humanidade, pois não havia preocupação por
parte dos empregadores, já que os trabalhos pesados e manuais historicamente
eram realizados por escravos ou pessoas de classes menos favorecidas da
sociedade.

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Figura 1.2: O trabalho escravo.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

De acordo com Chimirci e Oliveira (2016), o grego Hipócrates, em meados do século


4 a.C., registrou a gravidade toxicológica causada pelo chumbo em pessoas que
trabalhavam em minas. Asseveram, ainda, que Plínio (O Velho), meio século depois,
citou os perigos dos trabalhos com substâncias como enxofre, zinco, mercúrio e
poeiras resultantes do trabalho com a mineração. Outro fator histórico também
encontrado é a improvisação que os escravos faziam utilizando panos amarrados
ao rosto quando trabalhavam expostos à poeira, como intuito de cobrir nariz e boca
e com isso diminuir sua inalação.

No entanto, é a partir de meados de 1700 que ocorre o principal marco em relação


aos estudos sobre saúde dos trabalhadores, com a publicação na cidade de
Modena, Itália, da obra escrita pelo médico italiano Bernardino Ramazzini “De
Morbis Artificum Diatriba” (As Doenças do Trabalho) (CHIMIRCI; OLIVEIRA, 2016;
PACHECO, 1995).

Esse livro era um tratado sobre doenças ocupacionais em que diversas ocupações
e as respectivas medidas que deveriam ser tomadas no sentido de diminuir os
perigos à saúde dos trabalhadores. Esta obra foi considerada pioneira e serviu
como base para o desenvolvimento da medicina ocupacional.

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Saiba mais
Para acessar o resumo e comentário da obra “De Morbis
Arti icum Diatriba”, Acesse:

<https://www.trabalhosgratuitos.com/Exatas/Inform%C3%A1tica/
RESUMO-E-COMENT%C3%81RIOS-SOBRE-O-LIVRO-AS-DOEN%C3%
87AS-551527.html

Outro fato apresentado por Chimirci e Oliveira (2016) é que nessa época
disseminou-se na sociedade europeia a crença que as doenças ocupacionais
causavam perdas de produtividade e, consequentemente, de dinheiro. Visto que o
potencial máximo de produtividade do trabalhador só pode ser alcançado quando
este goza de saúde e vigor, os empregadores passaram a valorizar a manutenção
da saúde e a prevenção de doenças ocupacionais, com a finalidade de manter
os trabalhadores produtivos o quanto fosse possível, evitando, assim, perda de
produtividade e dinheiro.

Com o passar do tempo, os estudos relacionados ao tema evoluíram,


principalmente após a Revolução Industrial, como veremos a seguir.

A Revolução Industrial e os impactos na segurança


e saúde no trabalho
Antes da Revolução Industrial, os produtos eram desenvolvidos por artesãos de
forma manual. Havia uma escala de produção pequena e os próprios artesãos
detinham o controle de todo o processo, desde a aquisição da matéria prima até a
confecção e a comercialização do produto final.

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Figura 1.3: O trabalho artesanal.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

A Revolução Industrial inicia-se na Inglaterra, por volta de 1760. Nesse período,


há uma expansão do comércio ultramarino com o aumento das navegações que
se iniciaram no século XV. Diversas mercadorias circulavam por toda a Europa,
fazendo com que o comércio crescesse e a demanda aumentasse. Desta forma,
os artesãos não conseguiam suprir as novas exigências do mercado e a produção
precisava aumentar. Com isto, o sistema artesanal de produção não supria mais as
necessidades da época, dando lugar ao modo industrial.

A Revolução Industrial é marcada por dois eventos principais: o surgimento das


fábricas e a invenção das máquinas a vapor.

Figura 1.4: A Fábrica.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

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Podemos perceber, então, que com a Revolução Industrial os trabalhadores
perdem o controle sobre o processo produtivo. Se antes para sobreviver o indivíduo
utilizava-se da própria terra, tinha contato direto com a matéria prima, produzia
do início ao fim o produto, na produção industrial ele passa ser apenas parte de
um processo e empregado de outra pessoa. Este fato muda a relação de trabalho
existente na Europa.

O surgimento das primeiras máquinas e a produção em massa possibilitou diversos


avanços tecnológicos, aumento da produtividade, maiores quantidades de produtos
disponíveis no mercado, menor tempo de produção, contudo, houve também
consequências negativas com todo esse processo, principalmente no que tange à
vida do trabalhador. No processo artesanal, o artesão tinha acesso direto à matéria-
prima, produzia e comercializava seus bens. Ele ganhava aquilo que ele vendia! Com
a Revolução Industrial o lucro passa ser do empregador e o trabalhador explorado.

Figura 1.5: A exploração do homem.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Com a Revolução Industrial, o artesão transformou-se no operário especializado no


manejo de máquinas e, então empregado, ganha um salário pelo trabalho entregue
ao seu patrão. Ou seja, ele produz para receber um montante no final do mês. Com
isso, o trabalho torna-se desumanizado e a ênfase passa ser a eficiência, sem
importar a que custo humano e social.

A desconsideração em relação aos fatores humanos era total e os trabalhadores


tornaram-se dependentes do emprego oferecido pelas fábricas, numa cultura
que aceitava e encorajava a exploração (MAXIMIANO, 2006). Não havia qualquer

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controle sobre a segurança no desempenho das atividades ou a carga horária de
trabalho e descanso. Essas condições precárias que esgotavam o trabalhador,
muitas vezes os levavam ao alcoolismo, prostituição e criminalidade, além
da mortalidade ser consideravelmente alta em alguns segmentos industriais
(CHIMIRCI; OLIVEIRA, 2016).

Maximiano (2006) afirma que as condições de trabalho dessa época nas fábricas
eram rudes e os trabalhadores ficavam totalmente à disposição do industrial e
capitalista. Chegavam a trabalhar 14 horas por dia, não podiam reclamar dos
salários, dos horários de trabalho, do barulho e da sujeira nas fábricas.

De acordo com Chimirci e Oliveira (2016), em decorrência do processo acelerado


de produção em condições cada vez mais desumanas, as taxas de acidentes
relacionadas ao trabalho aumentavam consideravelmente e doenças ocupacionais
começavam a surgir. As tarefas eram executadas em condições laborais
deploráveis não só por homens, como por mulheres, idosos e crianças.

Essas condições, associadas às grandes concentrações de trabalhadores nas


fábricas e cidades, facilitou que os operários se unissem para reivindicar melhores
condições e intensificaram o potencial de conflito com os empresários. No início
dos anos 1800, surgiram os primeiros sindicados para proteger os salários dos
trabalhadores. De acordo com Cattani (2002), o sindicado surge com a constituição
da classe operária ao longo do processo de expansão do capitalismo industrial na
Europa. Assevera ainda que o nascimento das primeiras associações de defesa dos
trabalhadores ocorreu na sequência de manifestações espontâneas e violentas.
Inicialmente os sindicatos foram cerceados, sendo tolerados apenas na Inglaterra.
É somente no final do século XIX, por volta de 1890, que os sindicatos tiveram
reconhecimento legal nos principais países industrializados.

Curiosidade
Cercear: cortar pela raiz, restringir; impor limites. Fonte: <https://
www.dicio.com.br/cercear/>

Foi somente em 1802 que a Inglaterra aprovou a primeira lei de proteção


aos trabalhadores, a chamada Factory act 1802 (a Lei de Saúde e Moral dos
Aprendizes). A lei estabelecia limite de doze horas de trabalho por dia, proibia

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trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as fábricas e tornava a
ventilação obrigatória.

Reflita
Leia o artigo disponível no link: <http://tools.folha.com.br/
print?site=emcimadahora&url=http://www1.folha.uol.com.
br/ciencia/2016/12/1840573-ossos-podem-revelar-como-
industrializacao-afetou-saude-humana.shtml> e reflita como
a Revolução Industrial pode ter afetado, em termos da saúde
humana e doenças ocupacionais, a vida das pessoas da época e
nas nossas atuais.

Percebe-se, então, que a Revolução Industrial, marco inicial da moderna


industrialização, traz com ela também diversos problemas relacionados à saúde do
trabalhador e as doenças do trabalho aumentam em proporção elevada devido às
condições deploráveis no ambiente laboral. Não havia preocupação com a saúde
dos operários que trabalhavam expostos a riscos e condições insalubres.

O Surgimento da Segurança e Saúde


do Trabalho no Brasil
Não existe no Brasil praticamente nenhum registro de doenças relacionadas ao
trabalho antes do fim da escravidão, pois os trabalhos pesados e manuais eram
feitos por escravos, o que não era alvo de preocupação por parte dos senhores.

Segundo Chimirci e Oliveira (2016), um estudo liderado pelo doutor Oswaldo Cruz,
no início do século XX, entre 1907 e 1912, durante a construção da ferrovia Madeira-
Mamoré, demonstrou os primeiros casos de doenças infecciosas relacionadas ao
trabalho.

Segundo os autores, é a partir de 1920 que diversos estudos irão demonstrar a


relação direta entre a ocorrência de doenças e acidentes no trabalho e as más
condições laborais.

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Assim como ocorrera na Europa no século anterior, as pressões dos movimentos
sociais e trabalhistas, bem como as denúncias dos trabalhadores, levaram a
publicação de legislações voltadas à proteção do trabalhador.

Em 1918, o Decreto n° 3.550 cria o Departamento Nacional do Trabalho,


regulamentando a organização do trabalho. Conforme seu art. 2°, este órgão tem,
dentre outras, a finalidade de preparar e dar execução regulamentar as medidas
referentes ao trabalho em geral.

Em 1919, o Decreto Legislativo n° 3.724, conhecido como a primeira lei sobre


acidentes de trabalho, institui a reparação em caso de doença contraída pelo
exercício do trabalho. O decreto explana fatores como indenizações em caso de
morte ou invalidez, sobre a prestação de socorro médico, hospitalar e farmacêutico
por parte do patrão em caso de acidente, dentre outros.

A Reforma Carlos Chagas de 1920 incorpora a higiene do trabalho ao âmbito da


Saúde Pública por meio do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão
vinculado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.

O Decreto n° 16.027 de 1923 cria, junto ao Departamento Nacional de Saúde, no


Ministério da Justiça e Negócios Interiores, o Conselho Nacional do Trabalho
e a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional. Este órgão foi criado para
ser consultivo dos poderes públicos em assuntos referentes à organização do
trabalho e da previdência social. Conforme seu art. 2° o Conselho Nacional do
Trabalho deveria se ocupar de fatores como o dia normal de trabalho nas principais
indústrias, sistemas de remuneração do trabalho, contratos coletivos do trabalho,
sistemas de conciliação e arbitragem, trabalho de menores, trabalho de mulheres,
aprendizagem e ensino técnico, acidentes do trabalho, seguros sociais, caixas de
aposentadorias e pensões de ferroviários, instituições de crédito popular e caixas
de crédito agrícola.

O Decreto n° 19.433 de 1930 cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,


desenvolvendo dispositivos regulamentadores das condições de trabalho, da
organização sindical e da previdência social.

Em 1934, é criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do trabalho. O Decreto n°


24.637, conhecido como a segunda lei sobre acidentes de trabalho, estabelece
sob novos moldes as obrigações resultantes dos acidentes do trabalho. Conforme
seu art. 1°, considera-se acidente do trabalho toda lesão corporal, perturbação
funcional, ou doença produzida pelo exercício do trabalho ou em consequência dele,
que determine a morte, ou a suspensão ou limitação, permanente ou temporária,

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total ou parcial, da capacidade para o trabalho. Em 1938, este órgão se transforma
em Serviço de Higiene do Trabalho e, em 1942, passa denominar-se Divisão de
Higiene e Segurança do trabalho.

Por meio do Decreto-Lei n°5.452 de 1943 fica aprovada a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). Com um capítulo específico sobre Higiene e Segurança do Trabalho,
a CLT traz em seus artigos elementos que dizem respeito, por exemplo, à iluminação
adequada, ao conforto térmico, ventilação, ao fornecimento de equipamentos
individuais de proteção à incolumidade do trabalhador, tais como: óculos, luvas,
máscaras, aventais, calçados, capuzes, agasalhos apropriados, etc., dentre outros.

Em 1944, o Decreto n° 7.036 institui a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes


(CIPA). Sobre este assunto trataremos mais a fundo na Unidade 3.

A Lei n° 5.161 de 1966 cria a Fundação Centro Nacional de Segurança e Medicina do


trabalho (FUNDACENTRO). De acordo com seu art.1°, a Fundação tem como objetivo
principal e genérico a realização de estudos e pesquisas pertinentes aos problemas
de segurança, higiene e medicina do trabalho.

Em 1978, a Portaria n° 3.214 aprova as Normas Regulamentadoras (NRs) do


Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e
Medicina do Trabalho. Inicialmente foram editadas 28 Normas Regulamentadoras,
as quais sofreram alterações ao longo do tempo e inclusas demais. Sobre este
assunto estudaremos na Unidade 4.

Finalmente, em 1988, é promulgada a Constituição Federal do Brasil e criadas as


Normas Regulamentadoras Rurais (NRRs).

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Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos a cerca destas legislações
consulte diretamente os links:

• Decreto nº 3.550, de 16 de outubro de 1918: <http://www2.


camara.leg.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-3550-
16-outubro-1918-572535-publicacaooriginal-95679-pl.
html>.

• Decreto nº 3.724, de 15 de janeiro de 1919: <http://www2.


camara.leg.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-3724-
15-janeiro-1919-571001-publicacaooriginal-94096-pl.
html>.

• Decreto nº 16.027, de 30 de abril de 1923: <http://www2.


camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-
16027-30-abril-1923-566906-publicacaooriginal-90409-
pe.html>.

• Decreto nº 19.433, de 26 de novembro de 1930: <http://www2.


camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-
19433-26-novembro-1930-517354-publicacaooriginal-1-
pe.html>.

• Decreto nº 24.637, de 10 de julho de 1934: <http://www2.


camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-
24637-10-julho-1934-505781-publicacaooriginal-1-pe.
html>.

• Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943: <http://www2.


camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-
5452-1-maio-1943-415500-publicacaooriginal-1-pe.
html>.

• Lei nº 5.161, de 21 de outubro de 1966: http://www2.camara.


leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5161-21-outubro-
1966-349084-publicacaooriginal-1-pl.html>.

Portanto, é possível observarmos que diversas medidas legais foram surgindo com
o passar do tempo para que o trabalhador pudesse estar assegurado no seu local

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de trabalho. No entanto, é preciso ficar atento para que as regulamentações sejam
cumpridas.

Reflita
Você assume diariamente um comportamento seguro em todas
as suas atividades profissionais?

Diante de todo este contexto, algumas organizações são fundamentais para a


segurança no trabalho e saúde ocupacional, por isso vamos conhecê-las.

Entidades importantes para


segurança no trabalho e saúde
ocupacional

Fundacentro
A Fundacentro é uma autarquia ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Foi
criada oficialmente em 1966 em virtude da preocupação do governo e da sociedade
com os altos índices de acidentes e doenças do trabalho. A oficialização de sua
criação se deu durante o Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes, realizado
em São Paulo.

Conforme exposto eu seu site oficial, em sua fase inicial foram realizados
os primeiros estudos e pesquisas no País sobre os efeitos de inseticidas
organoclorados na saúde; da bissinose, doença ocupacional respiratória que atinge
trabalhadores do setor de fiação, expostos a poeira de algodão e juta; sobre as
consequências das vibrações e ruídos em trabalhadores que operam marteletes;
sobre o teor da sílica nos ambientes de trabalho na indústria cerâmica e ainda sobre
os riscos da exposição ocupacional ao chumbo. Desenvolveu também estudos
sobre as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho - DORT (à época
chamada de lesões por Esforços Repetitivos - LER).

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De acordo com a Fundacentro (2017), a entidade dispõe de uma rede de
laboratórios em segurança, higiene e saúde no trabalho e de uma das bibliotecas
especializadas mais completas. Seus profissionais, formados em diversas áreas,
possuem três atividades principais:

• Desenvolvimento de pesquisas em segurança e saúde no trabalho;


• Difusão de conhecimento, por meio de ações educativas como cursos, con-
gressos, seminários, palestras, produção de material didático e de publica-
ções periódicas cientificas e informativas;
• Prestação de serviços à comunidade e assessoria técnica a órgãos públicos,
empresariais e de trabalhadores.

É a partir do Centro Técnico Nacional - CTN da Fundacentro que diversos avanços


na área de segurança e saúde no trabalho têm sido produzidos e incorporados à
legislação brasileira, auxiliando na redução dos índices de acidentes e de doenças
ocupacionais nas mais diversas atividades profissionais (FUNDACENTRO, 2017).

Podemos perceber que esta entidade é essencial para o desenvolvimento de


pesquisas e difusão do conhecimento no que diz respeito à segurança e saúde no
trabalho que auxiliarão o trabalhador no seu ambiente laboral.

Organização Internacional do Trabalho (OIT)


A OIT – agência das Nações Unidas – tem o objetivo de promover oportunidades
para homens e mulheres terem acesso a trabalho decente e produtivo e sob
condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.

De acordo com a OIT (2017), trabalho decente é o ponto de convergência de seus


quatro objetivos estratégicos:

• liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva;


eliminação de todas as formas de trabalho forçado;
• abolição efetiva do trabalho infantil;
• eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e
ocupação, a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da
proteção social e o fortalecimento do diálogo social.

Pela OIT surgiram diversos tratados internacionais que visavam promover a


melhoria das condições de segurança e saúde no trabalho.

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No Brasil, a OIT é representada desde a década de 1950. Além de promover
permanentemente as Normas Internacionais do trabalho, do emprego, da melhoria
das condições de trabalho e da ampliação da proteção social, essa agência apoia
o esforço nacional de promoção do trabalho decente em diversas áreas, como:
combate ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas para
fins de exploração sexual e comercial. Também procura promover a igualdade de
oportunidades e de tratamento de gênero e raça no trabalho, além de promover o
trabalho decente para jovens.

Occupational Safety and Health Administration


(OSHA)
A OSHA é uma agência do Departamento de Trabalho dos EUA, semelhante à
Fundacentro. Foi criada pelo Congresso em 1970 para assegurar condições de
trabalho seguras e saudáveis para homens e mulheres, estabelecendo e aplicando
padrões e fornecendo treinamento, extensão, educação e assistência.

National Institute for Occupational Safety and


Health (NIOSH)
O NIOSH é a agência federal dos EUA responsável por realizar pesquisas e produzir
recomendações para prevenir lesões e doenças relacionadas ao trabalho.

Segundo Chirmici e Oliveira (2016), a importância deste instituto para o Brasil está
na produção de conhecimento e publicação dos padrões e metodologias para
avaliação, amostragem e análise de agentes e substâncias químicas. Além disto,
oferece parâmetros a serem seguidos nas avaliações ocupacionais. A Associação
Brasileira de Higienistas Ocupacionais disponibilizou em parceria com a Vale em
seu site, a tradução do Manual de Estratégia de Amostragem, publicado pelo NIOSH.

American Conference of Governmental Industrial


Hygienists (ACGIH)
A ACGHI é uma associação americana formada por higienistas industriais e afins
que tem o objetivo de produzir conhecimento e transmitir informações em relação à
proteção da saúde dos trabalhadores.

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No Brasil e em muitos países os limites de tolerância a diversos riscos ocupacionais
estabelecidos por essa associação são bem respeitados e recebem grande
importância. No Brasil, por exemplo, a legislação determina que na ausência de
limites estipulados pelas NRs vigentes, devem ser utilizados os limites estipulados
pela ACGHI.

O quadro a seguir apresenta um resumo dessas entidades:


Quadro 1: Entidades importantes para segurança no trabalho e saúde ocupacional.

Autarquia ligada ao Ministério do Trabalho


Fundacentro e Emprego, criada oficialmente em 1966,
em virtude da preocupação do governo
e da sociedade com os altos índices de
acidentes e doenças do trabalho.

Agência das Nações Unidas que tem por


Organização Internacional do missão promover oportunidades para
Trabalho (OIT) que homens e mulheres possam ter
acesso a um trabalho decente e produtivo,
em condições de liberdade, equidade,
segurança e dignidade.

Agência do Departamento de Trabalho dos


EUA, semelhante à Fundacentro, criada
pelo Congresso em 1970 para assegurar
Occupational Safety and Health condições de trabalho seguras e saudáveis
Administration (OSHA) para homens e mulheres, estabelecendo
e aplicando padrões e fornecendo
treinamento, extensão, educação e
assistência.

National Institute for Agência Federal dos EUA responsável


pela realização de pesquisas e produção
Occupational Safety and Health de recomendações para a prevenção de
(NIOSH) lesões e doenças relacionadas ao trabalho.

American Conference of Associação americana de higienistas


industriais e afins que produz
Governmental Industrial conhecimentos e informações para a
Hygienists (ACGIH) proteção da saúde dos trabalhadores.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

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Saiba mais
Você pode aprofundar seus conhecimentos em relação a estas
entidades acessando os links:

Fundacentro no link: <http://www.fundacentro.gov.br>.

OIT no link: <http://www.ilo.org>.

OSHA no link: <https://www.osha.gov>.

NIOSHI no link: <http://www.niosh.com.my>.

ACGHI no link: <http://www.acgih.org>.

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Referências
CATTANI, A. D. (Org.). Dicionário crítico sobre trabalho e tecnologia. 4. ed.
Petrópolis: Vozes, 2002.

CHIRMICI, A.; OLIVEIRA, E. A. R. Introdução à segurança e saúde no trabalho. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

LIEDKE, E. R. Trabalho. In: CATANNI, A. D. (Org.). Dicionário Crítico sobre Trabalho e


Tecnologia. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 341-346.

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à


revolução industrial. 6. ed. São Paulo: 2006.

PACHECO J. W. Qualidade na segurança e higiene do trabalho: série SHT 9000,


normas para a gestão e garantia da segurança e higiene do trabalho. São Paulo:
Atlas, 1995.

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