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CURSO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

(Essentials)

Módulo 01
O MERCADO DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL

“Acreditar no futuro,

apostar na modernização

protagonizar a mudança”

3 | JANEIRO | 2022 Ref.: MOD01 - LATEORKE OIL & GAS


ÍNDICE |

SUMÁRIO EXECUTIVO ....................................................................................................................................... 4

1| A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL ......................................................................................... 5

1.1 | OVERVIEW DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL ....................................................................................... 5


1.2 | A HISTÓRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL.......................................................................................................... 7
1.3 | A MODERNA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO ............................................................................................................... 9
1.4 | A OPEP – ORGANIZAÇÃO DE PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO ....................................................................... 19

2| AS CARACTERÍSTICAS DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL .......................................................................... 22

2.1 | DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO PETRÓLEO..................................................................................................... 22


2.2 | A ORIGEM E NATUREZA DO PETRÓLEO .............................................................................................................. 27
2.3 | O PETRÓLEO E OS DESAFIOS ENERGÉTICOS DO SÉCULO XXI................................................................................... 32

3| O MERCADO DE PETRÓLEO .................................................................................................................. 36

3.1 | RESERVAS MUNDIAIS DE PETRÓLEO .................................................................................................................. 36


3.2 | PRODUÇÃO MUNDIAL DE PETRÓLEO ................................................................................................................. 38
3.3 | CONSUMO MUNDIAL DE PETRÓLEO .................................................................................................................. 40
3.4 | REFINAÇÃO MUNDIAL DE PETRÓLEO ................................................................................................................. 43
3.5 | PREÇOS DE PETRÓLEO NOS MERCADOS ............................................................................................................. 45

4| O MERCADO DE GÁS NATURAL ............................................................................................................ 47

4.1 | RESERVAS MUNDIAIS DE GÁS NATURAL ............................................................................................................ 47


4.2 | PRODUÇÃO MUNDIAL DE GÁS NATURAL ........................................................................................................... 49
4.3 | CONSUMO MUNDIAL DE GÁS NATURAL ............................................................................................................ 51
4.4 | PREÇOS DO GÁS NATURAL NOS MERCADOS ....................................................................................................... 53

5| MOÇAMBIQUE: PETRÓLEO E GÁS NATURAL ......................................................................................... 55

5.1 | HISTÓRIA DO PETRÓLEO EM MOÇAMBIQUE ....................................................................................................... 55

6| ANGOLA: PETRÓLEO E GÁS NATURAL .................................................................................................. 59

6.1 | HISTÓRIA DO PETRÓLEO EM ANGOLA ................................................................................................................ 59

7| BRASIL: PETRÓLEO E GÁS NATURAL ..................................................................................................... 62

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7.1 | HISTÓRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL .................................................................................................................. 62

8| LÉXICO DO PETRÓLEO E GÁS ................................................................................................................ 80

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SUMÁRIO EXECUTIVO

O MÓDULO 1 - O MERCADO DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL do Curso de Petróleo e Gás Natural

tem como objectivo proporcionar um overview sobre a Indústria e o Mercado de Petróleo e

Gás Natural. Encontra-se estruturado da seguinte forma:

▪ Capítulo 1 – A Indústria de Petróleo e Gás Natural, descreve a organização do cluster

da Indústria de Petróleo e Gás Natural e a sua evolução numa perspectiva histórica;

▪ Capítulo 2 – As Características do Petróleo e Gás Natural, descreve as noções

elementares dos hidrocarbonetos, a origem e as suas principais características;

▪ Capítulo 3 – O Mercado de Petróleo, descreve o mercado global ao nível das reservas,

produção, consumo, capacidade de refinação e evolução dos preços do petróleo nos

mercados mundiais;

▪ Capítulo 4 – Mercado de Gás Natural, descreve o mercado global ao nível das reservas,

produção, consumo mundial de Gás Natural;

▪ Capítulo 5 – Moçambique: Petróleo e Gás Natural, descreve o histórico da indústria

petrolífera em Moçambique e as respectivas áreas de concessão de pesquisa e

produção;

▪ Capítulo 6 – Angola: Petróleo e Gás Natural, descreve o histórico da indústria

petrolífera em Angola e as respectivas áreas de concessão de pesquisa e produção;

▪ Capítulo 7 – Brasil: Petróleo e Gás Natural, descreve o histórico da indústria

petrolífera no Brasil e as respectivas áreas de concessão de pesquisa e produção;

▪ Capítulo 8 – Léxico do Petróleo, sistematiza os principais conceitos enunciados neste

módulo de formação.

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1 | A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL

1.1 | Overview da Indústria do Petróleo e Gás Natural

A Indústria do Petróleo e do Gás Natural tem hoje um peso significativo na economia mundial,

porque os hidrocarbonetos são um dos recursos naturais de que a nossa sociedade mais

depende. Diversos produtos que conhecemos e utilizamos no nosso dia-a-dia são derivados

do processamento do petróleo bruto.

As principais petrolíferas mundiais geram receitas que representam um valor semelhante ao

Produto Interno Bruto (PIB) de alguns dos países mais desenvolvidos do Mundo como, por

exemplo, a Espanha ou a Holanda.

A sua importância não se esgota na sua dimensão, mas espelha-se em tudo o que fazemos,

com o que fazemos e como fazemos. O grau de dependência da nossa civilização neste recurso

é a mais alta de toda a história da Humanidade e a sua abundância sabemos que não é para

sempre.

Neste contexto, a Indústria do Petróleo e Gás Natural combina uma gama complexa de

disciplinas e de actividades, sendo normalmente dividida em três áreas bastantes distintas

pelas suas características técnicas, económicas e operacionais, denominadas upstream,

midstream e downstream.

O upstream compreende a exploração e produção (ou pesquisa e produção) de petróleo e gás

natural. Caracteriza-se pelas actividades de pesquisa, identificação e localização dos

reservatórios de petróleo e gás natural, bem como o desenvolvimento dos projectos e a

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produção de hidrocarbonetos. Em síntese, são as actividades que contemplam estudos

geológicos e geofísicos de exploração, perfuração e produção.

OVERVIEW DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

O midstream compreende a logística, com particular destaque para o transporte e

armazenagem do petróleo, gás e gás liquefeito (LNG). Caracteriza-se pelas actividades de

transporte e armazenagem de hidrocarbonetos, desde dos campos petrolíferos até às

instalações primárias de processamento e às refinarias, onde será posteriormente

processado.

O downstream abrange o processamento de distribuição e comercialização de derivados do

petróleo. Engloba as actividades de processamento dos hidrocarbonetos que são

transformadas em produtos prontos para uso específico (gasolina, diesel, querosene, GLP,

nafta, lubrificantes, etc…). Contempla também o transporte dos derivados do petróleo até os

locais de consumo. Em síntese, são as actividades de processamentos de petróleo e gás

natural e a distribuição e comercialização de derivados do petróleo.

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CLUSTER DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL.

De um modo geral, as principais empresas petrolíferas integram verticalmente todas as áreas,

estando presentes em todas as áreas: upstream, midstream e downstream, optando por esta

estratégia para minimizar os riscos económicos e outros associados, numa actividade de

elevada densidade de capital e muito regulada a nível mundial.

1.2 | A História do Petróleo e Gás Natural

A humanidade tem vindo a fazer uso do petróleo e das suas propriedades desde há vários

milénios, o que é amplamente demonstrado por estudos arqueológicos.

A cidade da Babilónia tinha as suas ruas pavimentadas com betume. Os povos da

Mesopotâmia e da Judeia já utilizavam o betume também para pavimentação de estradas, e

para calafetação de grandes construções, aquecimento, iluminação de casas, lubrificação e

até como laxativo. As aplicações de betume são conhecidas desde há 8.000 anos como

argamassa de construção na Pérsia e há referência a um imposto cobrado por Thothmes III,

Faraó do Egipto que viveu há 3.500 anos, sobre o betume de embalsamamento.

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As antigas religiões tomavam para si aspectos místicos do petróleo como, por exemplo, os

“fogos perpétuos” de Baku no Cáspio ou as “águas flamejantes” no Japão.

Os árabes davam ao petróleo uso militar e de iluminação. O petróleo de Baku, no Azerbeijão,

já era produzido em escala comercial, para os padrões da época, quando Marco Pólo viajou

pelo norte da Pérsia, em 1271. Além destas, são conhecidas aplicações em flechas

incendiárias, como tratamento para a sarna (Marco Pólo) e como impermeabilizante de

embarcações (Persas, Japoneses e Indonésios).

Nos Cárpatos abundavam oil seeps (fossas de petróleo), sendo recolhidos hidrocarbonetos

através de poços. Há ainda registo de iluminação pública na Polónia, em pleno século XIV, em

Krosno. No entanto, como fonte de iluminação, foi substituída por óleos animais devido ao

mau cheiro.

O Homem tem então contactado com o petróleo desde as épocas mais remotas, mas esse

contacto resumia-se à recolha e utilização directa. No que toca a metodologias de busca e

extracção, apenas se sabia que aflorava à superfície e que por vezes aparecia em rios e lagos.

No testamento de George Washington, há referência a um terreno por ele adquirido na

Pensilvânia, onde havia “…uma nascente de um líquido betuminoso…”,”…de tal forma

inflamável que se incendeia tão facilmente como o álcool e é igualmente difícil de apagar…”.

Entretanto, os oil seeps da Pensilvânia eram conhecidos “desde sempre”. Os Índios Séneca (da

tribo dos Iroquois) usavam petróleo como repelente de mosquitos. Mais tarde os colonos

vendiam garrafas de petróleo chamando-lhes Óleos Séneca.

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1.3 | A Moderna Indústria do Petróleo

A moderna indústria petrolífera data da segunda metade do século XIX. Em 1850, na Escócia,

James Young descobriu que o petróleo podia ser extraído do carvão e de xistos betuminosos

e desenvolveu os primeiros processos de refinação.

Em Agosto de 1859 o norte-americano Edwin Laurentine Drake, perfurou o primeiro poço para

a procura do petróleo (a uma profundidade de 21 metros), no estado da Pensilvânia. O poço

revelou-se produtor e a data passou a ser considerada a do nascimento da moderna indústria

petrolífera. A produção de petróleo bruto nos Estados Unidos, de dois mil barris em 1859,

aumentou para aproximadamente três milhões em 1863, e para dez milhões de barris em

1874.

Na década de 50, do século XIX, começaram a aparecer por todo o mundo experiências em

que se refinava petróleo em óleos leves que ardiam em candeeiros a óleo com bons

resultados. Em Pittsburgh, o Coronel A. C. Ferris teve de deslocar a sua oficina para os

subúrbios devido ao medo da população face às suas experiências de refinação de “óleo de

rocha”. Quando o advogado de Nova Iorque George Bissel soube destas experiências,

contratou Benjamin Silliman Jr. de Yale, para verificar da exequibilidade destes processos,

tendo desta associação nascido a Seneca Oil Company.

A história do primeiro poço de petróleo começou em 1857, com um grupo empresarial de

New Haven (Connecticut), que formou a Pensilvânia Rock Oil Company. O objectivo era extrair

petróleo usando técnicas já usadas na extracção de sal. Este interesse prendia-se com uma

envolvente assente em três factores:

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▪ A crescente procura de querosene como matéria-prima de iluminação pública nas

principais cidades norte-americanas;

▪ A escalada de preços dos óleos dos cetáceos que começavam a declinar devido à pesca

intensiva;

▪ A crescente eficiência dos processos de refinamento que nessa altura se desenvolviam

na Europa.

A escolha do responsável do projecto recaiu sobre Edwin Drake, que na altura estava

desempregado e vivia no mesmo hotel de um dos investidores do projecto. A escolha recaiu

sobre ele, devido às qualidades multifacetadas de Drake e ao facto de ser um homem

determinado e com ligações aos caminhos-de-ferro o que lhe permitia maior mobilidade.

A Pensilvânia Rock Oil Company enviou cartas para o Hotel, anteriores à sua chegada, no

intuito de cimentar a sua credibilidade junto da população e atribuindo a Drake o título de

Coronel.

Inicialmente foram feitas várias tentativas infrutíferas e o primeiro poço produtivo foi

alcançado aos 21 m de profundidade, quando a Pensilvânia Rock Oil Company já tinha enviado

um comunicado ordenando o fim dos trabalhos.

TITUSVILLE – 1850 E 2011 – ILUSTRAÇÃO DOS PRIMEIROS CAMPOS PETROLÍFEROS

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Drake, inicialmente, armazenou o petróleo extraído em todo o tipo de recipientes que pode

encontrar, sobretudo barris de Whisky de 42 galões, dando origem à medida ainda hoje

utilizada na indústria de 1 barril de petróleo = 158,98 litros.

A notícia espalhou-se e rapidamente iniciou-se uma corrida ao petróleo em Titusville onde a

regra era perfurar até aos 21 m. Caso não houvesse ocorrência de petróleo os poços eram

abandonados e aberto um novo ao lado. A seguir a estas descobertas, surgiram novas

ocorrências ainda mais produtivas no Oklahoma, Texas, Califórnia, Rússia e Venezuela.

A proliferação de produtores independentes, ávidos de venderem o seu produto o mais

depressa possível, colocou a logística e refinação como controladores dos preços a praticar.

Em poucos anos, o preço do barril de petróleo desceu dos 10 dólares para os 10 cêntimos.

Historicamente, não é verdade que o poço de Drake tenha sido o primeiro. É aceite que antes

dele já outros tinham sido executados com sucesso incluindo, um ano antes, um poço no

Canadá e em 1848 na Península de Aspheron, perto de Baku pelo engenheiro russo F. N.

Semyenov. No entanto, a data do poço de Drake tem a importância formal de ter sido

considerada a do nascimento da moderna indústria petrolífera.

Os primeiros furos rotativos, surgiram em Inglaterra em 1845. A primeira perfuração offshore

(no mar) data de 1897 em Santa Bárbara, na Califórnia.

Uma das individualidades que marcou a indústria petrolífera, foi John Davison Rockefeller,

que era proprietário de uma pequena refinaria no Ohio e compreendeu a dinâmica e o poder

da logística e refinação face aos pequenos produtores independentes. Adquiriu as quotas dos

seus sócios, e começou a aumentar a sua capacidade de tesouraria, que lhe permitiu adquirir

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outras refinarias assim que a pressão da oferta excessiva fez baixar as margens o que

acontecia devido à maior competição entre operadores.

De seguida, controlando o mercado, começou a investir em oleodutos e a fechar contratos

com os caminhos-de-ferro, de forma a poder fornecer zonas cada vez mais longínquas das

zonas de produção.

Em 1870, Rockefeller fundou a Standard Oil que ao fim de 7 anos dominava cerca de 10% do

sector. A Standard Oil abusou da sua excelente tesouraria fazendo frequentemente dumping

de mercado, conduzindo à falência as companhias rivais. Rockefeller comprava companhias

rivais mantendo essa informação em segredo de modo a que nunca se soubesse quem e para

quem se praticavam determinados preços.

Em 1883, a Standard Oil era uma empresa de integração vertical à semelhança do que hoje

são as maiores petrolíferas mundiais com negócios desde a produção (upstream), transporte

(midstream) e refinação e distribuição (downstream).

No entanto a empresa foi muito atacada na opinião pública. Nesta altura, Rockefeller

contratou Ivy Lee (mais tarde considerado o pai das relações públicas) para representar a

Standard Oil na sequência de uma greve violenta no Colorado que ficou conhecida como o

“massacre de Ludlow”.

A máxima de Ivy Lee, nessa altura, ainda hoje é considerada a regra de ouro na comunicação

das empresas do ramo petrolífero: "Tell the truth, because sooner or later the public will find

out anyway. And if the public doesn't like what you are doing, change your policies and bring

them into line with what people want".

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Em 1906, sob grande ataque de empresas rivais, e de uma má imprensa, foi iniciado um

enorme processo contra a Standard Oil ao abrigo da lei anti-monopólio de Sherman, datada

de 1890.

Este processo arrastou-se em tribunal durante alguns anos acabando na divisão da Standard

Oil em 34 empresas. Rockefeller resolveu somente em parte o problema da má imprensa ao

contratar Ivy Lee. Destas empresas nasceram algumas das que são hoje as maiores

companhias petrolíferas mundiais.

EMPRESAS ORIGINADAS COM A SEPARAÇÃO DA STANDARD OIL

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

SOCONY 1931

SOCONY
MOBIL OIL
VALUCUM
VACULUM 1966 EXXON
MOBIL
1999
STANDARD NJ 1931

STANDARD
EXXON
NJ
STANDARD
1972
LOUISIANA
1962

CHEVRON
SOCAL CHEVRON CHEVRON
TEXACO
1931
2000
STANDARD
KENTUCKY

1969
ATLANTIC REFINING
SINCLAIR
ARCO
WATERS PIERCE

STANDARD INDIANA
AMOCO BP AMOCO
STANDARD 1933
1999
NEBRASKA
1969

FUSÃO COM
STANDARD OHIO BP

Até ao final do século XIX, os Estados Unidos dominaram praticamente sozinhos o comércio

mundial de petróleo, devido em grande parte à actuação do empresário Rockefeller.

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A supremacia americana só foi ameaçada, nas últimas décadas do século XIX, pela produção

de petróleo nas jazidas do Cáucaso, exploradas pelo grupo Nobel, com capitais russos e

suecos.

Em 1901, uma área de poucos quilómetros quadrados na península de Apsheron, junto ao

mar Cáspio, produziu 11,7 milhões de toneladas, no mesmo ano em que os Estados Unidos

registavam uma produção de 9,5 milhões de toneladas. O resto do mundo produziu, no total

1,7 milhões de toneladas.

Na Europa passou-se um processo semelhante ao dos Estados Unidos. Como resposta aos

altos preços de óleo de baleia (combustível de iluminação), Ignacy Lukasiewicz desenvolveu

técnicas de refinação de petróleo (proveniente de oil seeps) na continuação do trabalho

anterior de Dr. Abraham Gesner no Canadá. Assim foi desenvolvida a primeira indústria

europeia de refinação, produzindo querosene (patenteada em Viena em 1853).

Na procura de matéria-prima para a sua refinaria, ele iniciou os trabalhos de construção de

poços profundos de onde extraiu o seu petróleo, tendo alguns destes poços alcançado os 150

metros de profundidade. Este empreendimento antecedeu o de Drake em dois anos.

Outra empresa, a Royal Dutch – Shell Group, de capital anglo–holandês e apoiada pelo

governo britânico, expandiu-se rapidamente no início do século XX e passou a controlar a

maior parte das reservas conhecidas do Oriente Médio.

Este processo foi iniciado pela família Rothchild que, como forma de contornar o poderio da

Standard Oil, ia vendendo no Extremo Oriente os seus produtos. Da associação a Marcus

Samuel (comerciante de conchas) nasceu a Shell.

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A associação dos Rothchild a Marcus Samuel permitiu a criação de um navio para transporte

de querosene, que não transportava o produto em barris mas num grande tanque dentro da

estrutura do navio.

Nasceu a noção moderna de petroleiro. A Shell passou a ser a única companhia a navegar o

Canal do Suez, que proibia a circulação de barris de querosene, e com isso expandiu-se para

os mercados asiáticos. O primeiro navio, o Murex atravessou o Suez em 1892. Mais tarde, a

empresa passou a investir na Califórnia e no México e entrou na Venezuela.

Antes de eclodir a primeira guerra mundial, Marcus Samuel iniciou uma campanha de lobby

junto da Royal Navy (na altura dirigida por Winston Churchill) com intenção de promover a

troca de navios a carvão por navios a fuelóleo.

Esta campanha foi bem sucedida apesar da resistência inglesa em abandonar uma matéria-

prima abundante no Reino Unido por outra, que na altura era proveniente do estrangeiro. No

entanto, os fluxos de fuelóleo mantiveram-se estáveis durante a I Guerra Mundial e os navios

a fuelóleo, mais rápidos que os navios a carvão mostraram a sua superioridade.

A questão da dependência externa do petróleo para a defesa do Reino Unido manteve-se

acesa e só foi definitivamente resolvida quando o Governo Inglês comprou 51% da Anglo-

Persian, que na altura estava completamente descapitalizada. Na altura, foi definido que a

empresa se manteria sempre inglesa e em função disso a presença militar na Pérsia foi

reforçada. Mais tarde o nome mudou para Anglo-Iranian e depois para British Petroleum (BP).

O Reino Unido foi o primeiro país a relacionar a defesa nacional com fluxos estáveis e

constantes de petróleo.

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Depois da I guerra mundial, os vencedores decidiram partilhar a gestão do território árabe

que estava sob o controlo do Império Otomano. Foi formado um consórcio (formado pela

Shell, Anglo-Persian, Deutsche Bank e o prospector C. Gulbenkian) ao qual aderiu mais tarde

um grupo de empresas Norte Americanas, formando a Iraq Petroleum Company.

Na altura, sob controlo inglês, os contratos de concessão cediam os direitos até ao ano 2000.

Gulbenkian definiu então o famoso mapa da linha vermelha (representando os territórios do

antigo Império Otomano) onde as várias companhias não poderiam actuar sem ser em

cooperação. Isto, na verdade, definia um cartel de não concorrência num imenso território

onde efectivamente estão as maiores reservas de hidrocarbonetos do planeta.

MAPA DA LINHA VERMELHA – PARTILHA DO TERRITÓRIO DO IMPÉRIO OTOMANO PELOS


VENCEDORES DA I GUERRA MUNDIAL

Nos anos seguintes à I Guerra, foi-se consolidando a ideia que era na Arábia Saudita que

estavam as maiores reservas e logo se formou um consórcio composto pelas maiores

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companhias americanas para proceder ao desenvolvimento da produção no Reino Saudita

(Saudi-American Oil Company).

O acordo da linha vermelha foi gradualmente posto de lado, e foi substituído por uma

cartelização composta sobretudo por empresas americanas que cooperavam com os vários

estados sob a égide da Administração Federal Norte Americana.

As maiores empresas conseguiram demover da competição os operadores independentes

lesando os reais interesses dos estados que efectivamente possuíam os recursos (Iraque, Irão

e Arábia Saudita).

Estas empresas ganharam a alcunha de sete irmãs (Shell, BP, Socony, SO New Jersey, Texaco,

Socal, Gulf). A política externa dos Estados Unidos confundia-se com os interesses destas

empresas.

Paralelamente, as companhias europeias realizaram intensas pesquisas em todo o Oriente

Médio, e a comprovação de que a região dispunha de cerca de 70% das reservas mundiais

provocou uma reviravolta em todos os planos de exploração.

Durante a II guerra mundial os aliados negaram aos alemães o acesso ao petróleo abundante.

Os pontos de reviravolta na guerra prendem-se com estas acções (defesa do Egipto e de

Estalinegrado). Muitos historiadores dizem, por esta razão, que a vitória aliada foi a vitória do

petróleo.

Seguiu-se então um período no qual várias companhias, sobretudo americanas, reinaram a

nível mundial. O primeiro desafio a este status-quo não surgiu do Médio Oriente.

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Em 1948, o governo venezuelano legislou no sentido de quase nacionalizar o petróleo

promovendo uma renegociação dos contratos que na prática passaram a dividir as receitas de

forma equitativa. No ano seguinte, a Arábia Saudita tentou renegociar os seus contratos tendo

obtido, inicialmente, uma resposta negativa.

No entanto, o empresário J. P. Getty permitiu significativa melhoria das condições destes

países, tendo o efeito Venezuela se propagado ao Iraque e Kuwait. No Irão a BP tentou

inviabilizar alterações dos contratos mas o petróleo Iraniano e as respectivas instalações

foram nacionalizados por Mohammed Mossadegh.

Por influência da BP, a C.I.A. promoveu um golpe de Estado no qual o Xá Mohammad Reza

Pahlavi foi colocado no trono, passando a mensagem aos restantes países e afectando a

geopolítica do médio oriente até hoje.

A partir dos anos 30, a produção petrolífera nos Estados Unidos esteve sujeita a quotas que

limitavam a produção. A procura era suprida, mas quase não havia excedentes no mercado.

As quotas de produção eram definidas com base numa percentagem da capacidade de

produção o que permitiu grande estabilidade de preços baixos durante décadas.

À medida que os Estados Unidos começaram a importar petróleo, nos anos 70, as quotas

foram abandonadas, terminando com a passagem do controlo da produção para os países que

formaram depois a Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP.

A economia Norte Americana é ainda hoje caracterizada por uma alta intensidade energética.

Qualquer alteração na estrutura dos mercados de crude e gás tem impactos muito grandes.

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Existe uma forte correlação entre o preço da energia, incluindo o petróleo, e a inflação, e os

maiores aumentos de preços nos períodos de 1971-73 e 1979-80, resultaram dos chamados

choques petrolíferos.

No período entre 1928 e 1994 a produção foi sempre superior à procura e o período de maior

acalmia dos preços foi o período de ouro das companhias americanas entre a II Guerra

Mundial e a guerra do Yom Kippur.

1.4 | A OPEP – Organização de Países Exportadores de


Petróleo

Em 1955, o presidente do Egipto Gamal Nasser, ainda vivendo as consequências do golpe

contra Mohammed Mossadegh, negoceia armas com os soviéticos. Esta aproximação provoca

um ataque conjunto dos ingleses e franceses ao canal do Suez que culminou com o fim da

influência europeia no médio oriente.

Em 1958 (com influência Egípcia), dá-se um golpe de Estado no Iraque caindo a dinastia

Hashemita, dócil aos interesses ingleses, arrastando consigo a presença das sete irmãs do

Iraque.

Em 1960, devido à abundância de produto nos mercados mundiais e com os preços em queda,

as companhias começam as baixas destes e com isso a reduzir as receitas nos orçamentos dos

estados do médio oriente.

Esta diminuição dos rendimentos provocou uma associação dos Estados produtores, que

ficaram assim a definir quotas de produção de modo a manter os preços estáveis – a OPEP.

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A OPEP foi criada em 17 de Setembro de 1960 no período que se seguiu à Guerra dos Seis dias,

por um grupo de países árabes (Iraque, Irão, Arábia Saudita e Kuwait) juntamente com a

Venezuela, como uma forma dos países produtores de petróleo se fortalecerem frente às

empresas compradoras do produto, em sua grande maioria pertencentes aos Estados Unidos,

Inglaterra e Países Baixos, que exigiam cada vez mais uma maior redução nos preços do

petróleo.

O conflito israelo-árabe resultou no endurecimento da posição por parte da OPEP. Os

objectivos eram centralizar a política petrolífera (do ponto de vista da produção) e exercer

pressão junto do Ocidente que apoiava Israel.

Actualmente a organização lista 16 países membros. Embora sete dos desasseis membros e

ex-membros da OPEP sejam nações árabes, a língua oficial da organização é o inglês. Esta

organização tem uma forte componente política que é comprovada pela presença do Egipto

e da Síria, dois membros não produtores.

Em 1973, a Guerra do Yom Kippur enfureceu as opiniões públicas árabes que, de certa forma,

compreendiam que um fluxo irregular de petróleo aos EUA, Europa Ocidental e Japão, iria

dificultar o apoio ocidental a Israel.

Houve então uma paragem na exportação de petróleo por parte dos membros da OPEP, com

consequências a nível mundial, e nos preços de matérias-primas e bens manufacturados.

O Xá do Irão, em entrevista ao New York Times em 1973, referiu: ”…É claro que (o preço do

petróleo) vai aumentar. Certamente, e como Vocês (países do Ocidente) aumentaram o preço

do trigo vendido que nos vendem em 300%, o mesmo ocorreu com o açúcar e com o

cimento...”.”…vocês compram nosso petróleo bruto e vendem-no de volta beneficiado na

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forma de produtos petroquímicos, por uma centena de vezes o preço pelo que vocês o

compraram...”. “…Será no mínimo justo que, daqui para frente, vocês paguem mais pelo

petróleo, poderíamos dizer umas 10 vezes mais…”.

A OPEP é o exemplo mais conhecido de cartel. O seu objectivo é unificar a política petrolífera

dos países membros, centralizando a administração da actividade, o que inclui um controle de

preços e do volume de produção, estabelecendo pressões no mercado.

Os seus países membros possuem 78% das reservas mundiais de petróleo, suprem 40% da

produção mundial e metade das exportações mundiais. Graças à organização em cartel, os

países garantem para si a grande parte dos proveitos do petróleo que detêm. Em 2014, as

reservas de petróleo existentes que pertencem aos membros são calculadas em 1,2 trilhões

(mil milhões) de barris face às reservas totais mundiais calculadas actualmente em 1,7 trilhões

de barris.

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2 | AS CARACTERÍSTICAS DO PETRÓLEO E GÁS
NATURAL

2.1 | Definição e Características do Petróleo

A definição de petróleo vem do latim: petra (pedra) e oleum (óleo), ou seja, óleo da pedra. O

petróleo de forma simplificada pode ser definido como uma substância oleosa, inflamável,

menos densa que a água, com cheiro característico e coloração variando entre o negro e o

âmbar (castanho–claro).

É constituído da mistura de compostos químicos orgânicos formados por grande percentagem

de carbono e hidrogénio (hidrocarbonetos). Outros constituintes aparecem em menor

percentagem, sendo os mais comuns o enxofre, oxigénio e nitrogénio.

Os principais constituintes do petróleo bruto, com destaque para o alto percentual de

carbono, são os seguintes:

CONSTITUIÇÃO TÍPICA DO PETRÓLEO BRUTO (% em peso)

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De acordo com a ASTM – American Society for Testing and Materials: “O petróleo é uma

mistura de ocorrência natural, consistindo predominantemente de hidrocarbonetos e

derivados orgânicos sulfurados, nitrogenados e/ou oxigenados, o qual é, ou pode ser,

removido da terra no estado líquido”.

Os hidrocarbonetos são constituídos essencialmente pela mistura de milhares de compostos

orgânicos formados pela combinação de moléculas de carbono e hidrogénio, de longas

cadeias parafínicas abertas e cicloparafinas ou anéis aromáticos ligados por complexos

orgânicos variados.

Conforme enunciado, têm ainda na sua composição, quantidades variáveis de nitrogénio,

oxigénio, enxofre, juntamente com elementos traços metálicos, tais como vanádio, níquel,

cromo, entre outros elementos.

Os hidrocarbonetos ocorrem nas condições naturais nos estados sólido, líquido e gasoso. Os

sólidos são conhecidos como asfalto, piche e gilsonita. Os líquidos são denominados de

petróleo bruto. E os gasosos são referidos como gás natural, que se exclui, neste caso, os gases

naturais de outras fontes, como as emanações vulcânicas.

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Os hidrocarbonetos podem ocorrer no petróleo desde o metano (CH4) até compostos com

mais de 60 átomos de carbono. Os átomos de carbono podem estar conectados através de

ligações simples, duplas ou triplas, e os arranjos moleculares são os mais diversos, abrangendo

estruturas lineares, ramificadas ou cíclicas, saturadas ou insaturadas, alifáticas ou aromáticas.

NATUREZA DOS HIDROCARBONETOS vs COMPOSIÇÃO DE CARBONO

ASFALTO
SÓLIDOS > C18
(TB. PICHE E GILSONITA)

LÍQUIDOS PETRÓLEO BRUTO C5 – C17

GASOSOS GÁS NATURAL C1- C4

Partindo de uma classificação que leve em conta apenas o produto, o petróleo enquadra-se

no segmento de produção de commodities.

Como as commodities em geral, o petróleo é um produto oferecido em bases relativamente

homogéneas.

As diferenças entre os tipos de petróleo residem em certas características físico-químicas que

levam à classificação da seguinte forma: leve, médio, pesado e extrapesado.

As distintas características físico-químicas do petróleo resultam em composições diferentes

de derivados na etapa de refinação, ainda que o desenvolvimento tecnológico ao longo do

tempo tenha permitido maior controle na obtenção do mix de derivados mais adequados a

cada mercado de consumo.

O petróleo, portanto, é um hidrocarboneto, de substância oleosa, menos densa do que a água.

Sua cor varia de acordo com a origem e composição, que oscila do negro ao âmbar (castanho-

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claro). Apresenta-se sob a forma fluida ou semi-sólida, de consistência semelhante à das

graxas, e encontra-se no subsolo a profundidades variáveis.

2.1.1 | GRAU API

O grau API (American Petroleum Institute) permite classificar o petróleo quanto à densidade

(índice adimensional) sendo inversamente proporcional à mesma. Define-se pela seguinte

fórmula:

O D.o.E. (Department of Energy) define a fronteira entre óleos leves e pesados como o grau

API=22º.

TIPO DE ÓLEOS VERSUS GRAU API E DENSIDADE

PESO ESPECÍFICO GRAU API

LEVES < 870 Kg/m3 > 31,1

MÉDIOS > 870 Kg/m3 e < 900 Kg/m3 > 22,3 e < 31,1

PESADOS > 900 Kg/m3 e < 1000 Kg/m3 > 10 e < 22,3

ULTRAPESADOS > 1000 Kg/m3 < 10

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2.1.2 | MASSA ESPECÍFICA, VOLUME ESPECÍFICO E DENSIDADE

Existem outras características do petróleo, que serão objecto de análise, sendo as mais

importantes as seguintes: Massa Específica, o Volume Específico e a Densidade.

A massa específica de uma mistura líquida ou de uma substância é definida pela a relação

entre a sua massa e o seu volume:

O volume específico de uma mistura líquida ou de uma substância é a relação entre o volume

e a massa:

A densidade é definida como a razão entre a massa específica de uma substância e a massa

específica de uma outra usada como referência (a água é geralmente empregada como

referência), ambas medidas na mesma condição de pressão e em condições de temperatura

preestabelecidas. A fórmula da densidade é a seguinte:

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2.2 | A Origem e Natureza do Petróleo

Existem duas teses principais explicativas acerca da origem do petróleo: a tese biogénica (a

mais consensual e adoptada pela maioria dos geólogos) e a tese abiogénica.

A primeira linha é a clássica. Nesta teoria pressupõe-se que durante longos períodos de

tempo, nos leitos de mares e lagos, se acumularam depósitos de algas, pequenos crustáceos

e resíduos vegetais que, posteriormente, foram cobertos por lodos que consolidaram dando

origem a rochas sedimentares.

A matéria orgânica, sob a acção bacteriana e posteriormente de altas pressões e

temperaturas, terá produzido o petróleo.

Não há ainda uma concordância total sobre a origem do petróleo e sobre os mecanismos que

levaram a acumulações de hidrocarbonetos de exploração viável, embora as grandes jazidas

sejam muito difíceis de explicar pela teoria abiogénica.

Há ainda algumas discussões sobre se o petróleo tem origem inorgânica ou orgânica, isto é,

se deriva de reacções entre minerais ou se deriva de tecidos orgânicos.

Existe um certo consenso entre geólogos acerca da segunda tese, sendo a linha abiogénica

apoiada, sobretudo, pelas escolas do antigo bloco de leste (União Soviética).

No entanto ainda hoje é dada alguma credibilidade a estas teorias espelhadas em recentes

perfurações encomendadas pelo governo sueco em formações graníticas que formam a

cratera de um impacto de um meteorito do tipo condrites carbonáceas onde ocorrem alguns

hidrocarbonetos.

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2.2.1 | TEORIA ABIOGÉNICA

Segundo a Teoria Abiogénica o petróleo tem origem inorgânica. Até meados do século XX,

muitos geocientistas acreditavam numa origem magmática dos hidrocarbonetos. Entre os

apoiantes destas ideias estavam geógrafos (Alexander Von Humboldt) e químicos (Joseph

Louis Gay-Lussac), entre outros. Mendele´ev sugeriu a existência de Cohenite no Manto que

reagiria com água para formar metano e outros hidrocarbonetos:

A existência de carboneto de ferro no manto permanece actualmente por provar, mas a ideia

de uma génese profunda e inorgânica de hidrocarbonetos mantém-se, apoiada sobretudo por

Químicos e Astrónomos.

Na verdade foram identificados 3 tipos de ocorrência de hidrocarbonetos de origem ígnea:

▪ Gases hidrocarbonetos, betumes e líquidos em vesículas e inclusões microscópicas e

irregulares em massas rochosas (ocorrência na península de Kola no norte da Rússia e

em sienitos nefelínicos), sobretudo de metano e etano e alguns traços de betumes

(alcanos de cadeia longa).

▪ Hidrocarbonetos presos em intrusões ígneas em sedimentos. Nestas condições

ocorrem, por exemplo, no Texas onde a intrusão penetra calcários do Cretácico e

argilas, tendo, inclusive, sido feitos cerca de 17 poços de produção.

▪ Hidrocarbonetos em soco ígneo presos por baixo de desconformidades. Este é o tipo

onde ocorrem hidrocarbonetos mais abundantes. Aqui a porosidade do reservatório é

devida à alteração (exemplo de Augila- Nafoora, na Líbia).

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Sabemos que o metano pode ser gerado em laboratório, sujeitando alguns minerais a calor

extremo e altas pressões, é portanto aceite uma génese inorgânica para os hidrocarbonetos.

Porém, é pouco provável a sua acumulação em quantidades comerciais. Em qualquer dos

casos acima descritos, as formações em causa estão próximas de formações ricas em matéria

orgânica, passíveis de serem rocha-mãe numa perspectiva biogénica.

A teoria abiogénica propõe a origem dos hidrocarbonetos (sobretudo metano), nas camadas

superiores do manto. Este metano terá então migrado e maturado em hidrocarbonetos mais

complexos migrando através de falhas, sendo aprisionado em bacias sedimentares ou sendo

dissipado na superfície. Esta visão contempla a existência de depósitos de gás profundos e a

posterior polimerização destes, levando à criação do petróleo. Esta visão é apoiada pela

libertação de gases nas falhas, (por exemplo metano) aquando a ocorrência de sismos.

Todavia esta visão não tem em conta a crescente diminuição com a profundidade da

porosidade e permeabilidade, que impede a existência de grandes reservatórios de gás a

grandes profundidades. Além disso, é possível distinguir os hidrocarbonetos de origem

biogénica dos hidrocarbonetos de origem abiogénica através do peso dos isótopos C12 e C13

do carbono.

Quando o metano é biogénico, está enriquecido em C12 e quando é abiogénico está

enriquecido com C13. A comparação destes isótopos é apenas conclusiva para o metano

proveniente dos hotspots (mar vermelho e lago Kivu).

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2.2.2 | TEORIA BIOGÉNICA

Dadas as grandes quantidades de hidrocarbonetos existentes, quando se procura a génese

destes mesmos hidrocarbonetos, deve-se procurar organismos que geraram massa suficiente

ao longo dos tempos para justificar as reservas existentes.

A quantidade total de carbono da crosta terrestre foi calculada em 2,65 × 1020. Cerca de 82%

é carbono sob a forma de CO3 (calcários, dolomites, etc..).

Os restantes ocorrem sob a forma de carvões, petróleos e gases. Aqui a reacção chave é a

conversão de carbono inorgânico em hidrocarbonetos através da fotossíntese:

Apenas uma pequena parte da matéria orgânica existente à superfície da terra num dado

momento, poderá ser sujeita a fenómenos de preservação e enterramento. A grande maioria

é decomposta rapidamente por actividade bacteriana.

A deposição de sedimentos, ricos em matéria orgânica, depende então de uma elevada taxa

de produção e alto potencial de preservação. Os organismos capazes de criar matéria orgânica

em quantidades suficientes para criar hidrocarbonetos de acordo com as reservas previstas

são os foto-sintetizadores – fitoplâncton pelágico e algas bentónicas. A actividade destes

organismos depende muito da temperatura e da luz, que são função da turbidez da água,

profundidade e latitude. A actividade destes organismos é máxima em zonas de baixa

profundidade (zona fótica).

Para além disso, a produtividade é máxima em ambiente rico em nitratos e fosfatos, que

favorecem a produção de matéria orgânica. No entanto, as zonas de mais alta produtividade

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orgânica, não são necessariamente as zonas onde a matéria orgânica está mais bem

preservada, pois a preservação ocorre em zonas anaeróbicas e com taxas de sedimentação

óptimas. Johnson Ibach desenvolveu um estudo integrado no Deep Sea Drilling Project, que

chegou à conclusão que uma taxa lenta de deposição permite uma oxidação da matéria

orgânica com a sua subsequente perda. Por outro lado uma taxa de deposição

demasiadamente alta como que “dilui” a matéria orgânica.

Temos então que para cada litologia existe uma taxa de sedimentação ideal para o máximo

da preservação de matéria orgânica. Estudos demonstram que a quantidade de matéria

orgânica é o factor fundamental na sua preservação.

Um outro elemento extremamente favorável à preservação é a formação de lâminas de água

com características diferentes. Normalmente, nos ambientes de deposição, a água mais

quente está à superfície e a mais fria no fundo.

Na zona fótica, e por consequentemente mais oxigenada, a vida prolifera enquanto que nas

zonas mais profundas e frias o nível de oxigénio tende a baixar. Nestas condições pode haver

acumulações de matéria orgânica e subsequente preservação.

Estes processos podem ocorrer num lago, numa laguna com entrada esporádica de água ou

nos fundos oceânicos.

O plâncton microscópico e algas em zonas oxigenadas próximas da superfície funcionam como

fonte de matéria de origem orgânica. De seguida tem de haver uma acumulação desta matéria

e seu rápido enterramento, impedindo a acção de decomposição bacteriana.

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Um exemplo deste mecanismo passa-se, hoje em dia, no Mar Negro, onde correntes de águas

ricas em matéria orgânica do Mediterrâneo mergulham através do Bósforo no Mar Negro a

grandes profundidades em águas de baixa oxigenação e luminosidade. Nessa altura, as algas

e plâncton morrem, sendo enterradas em fundos silto-argilosos impedindo a acção bacteriana

(meios euxínicos).

De seguida, estes sedimentos orgânicos são litificados (à escala geológica) em rochas negras

compondo assim uma formação de rocha-mãe. Na Geologia de Petróleo, uma das tarefas mais

importantes é identificar a rocha-mãe. No entanto, a matéria que se forma hoje em dia no

Mar Negro está longe de se assemelhar a petróleo.

Na génese do petróleo actua outro fenómeno – diagénese – que irá transformar a matéria

orgânica proveniente do plâncton em hidrocarbonetos com quantidades comerciais e que

será objecto de estudo na Geologia do Petróleo.

2.3 | O Petróleo e os Desafios Energéticos do Século XXI

Dizem que depois da descoberta do fogo, a invenção do motor a combustão, que converte

calor em energia, foi a segunda tecnologia que elevou o poder do ser humano.

Nesse sentido, os hidrocarbonetos destacam-se, pois produzem um excedente de energia

muito maior do que outros conversores anteriormente conhecidos e normalmente usados,

como a força humana e a animal.

Esse excedente de energia foi a base energética da Revolução Industrial do Século XIX. Além

do excedente de energia, os combustíveis fósseis produzem energia com qualidade, e a

qualidade da energia desempenha um papel importante na determinação da quantidade de

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energia que uma sociedade precisa para produzir riqueza, ou seja, quanto mais energia com

qualidade à disposição, a sociedade terá maior capacidade para progredir. Por isso, é que os

combustíveis fósseis possuem uma capacidade sem paralelo de produzir riqueza económica.

Decorrido um século e meio de história do petróleo, pode-se concluir que talvez o petróleo e

a indústria que dele se originou, mais do que qualquer outro sector da economia, tiveram

forte influência na política e na economia dos países produtores, importadores e

consumidores de seus derivados. Como afirma Walter Levy: “O petróleo faz a política da paz

e a política da guerra”.

Partindo do princípio que o petróleo é um recurso finito, e que a sua quantidade é reposta a

uma taxa imensamente menor àquela em que foi produzido (conceito de recurso não

renovável), então terá de existir um momento (Pico Global da Produção Petrolífera) onde

metades das reservas totais, já tenham sido exploradas.

Existe a ideia de que o Pico Global da Produção Petrolífera (P.G.P.P.) tenha sido atingido

algures entre os anos de 2004 e 2005.

No entanto, a maior parte dos especialistas aponta ainda a ocorrência deste momento para a

segunda década do século XXI. Esta incerteza contribui, de certa forma, para a instabilidade

de preços verificados no período que vivemos.

A dificuldade em definir as reservas globais, em termos absolutos, prende-se com a

“tentação”, por parte das petrolíferas (nacionais e privadas), de inflacionarem as mesmas

porque qualquer pequena diferença nas reservas significam diferenças nos activos das

companhias que quanto mais alto é o preço do petróleo, mais afectam os resultados

contabilísticos das companhias e a respectiva cotação em bolsa.

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Todos os dias são abertos novos pontos de produção e todos os dias são actualizados algures

no mundo os valores relativos às reservas de determinado poço, além de que, com o aumento

da eficácia da exploração e a utilização de melhores técnicas de recuperação, as reservas

poderão aumentar.

Hoje em dia, o chamado recovery rate tem subido e muito. Muitos países aproveitam também

para manipular os valores das reservas como forma de aumentar produções enquanto

membros da OPEP, ou como forma de melhor negociar empréstimos com o Fundo Monetário

Internacional (FMI).

Numa escala mundial, os hidrocarbonetos proporcionam mais da metade da energia primária

consumida. Em particular, 31% do consumo energético primário global provém do petróleo,

sendo assim a fonte energética mais utilizada.

MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL – 2015 - 2035

Durante os próximos anos não se esperam grandes mudanças. Segundo a Agência

Internacional da Energia (AIE), no seu cenário base do World Energy Outlook de 2015, o

petróleo registará uma contracção de 4% na matriz energética de 2035 em relação a 2015.

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Pela sua parte, o Gás Natural alcançará uma participação de 24% em 2035, numa procura

energética total estimada em 17.386 milhões de toneladas equivalentes de petróleo.

O Petróleo e o Gás Natural continuam a ser dos recursos naturais de que a nossa sociedade

mais depende, porém, é uma fonte de energia não renovável, e no momento uma das maiores

fontes de energia para a humanidade e muito versátil em comparação com as demais fontes.

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3 | O MERCADO DE PETRÓLEO

3.1 | Reservas Mundiais de Petróleo

Em 2017, as reservas provadas de petroleo no mundo atingiram a marca de 1,7 trilhao de

barris, mantendo-se no mesmo patamar de 2016, com um pequeno decrescimento de 0,03%.

As reservas dos membros da Organizacao dos Paises Exportadores de Petroleo (Opep)

cresceram 0,1%, totalizando 1,2 trilhao de barris (71,8% do total mundial); enquanto as dos

paises que nao fazem parte da Opep tiveram decrescimo de 0,4%, somando 477,8 bilhoes de

barris.

O volume de reservas do Oriente Medio, região que concentra a maior parte das reservas

mundiais, atingiram 807,7 bilhoes de barris (47,7% do total mundial) e se mantiveram estável

em 2017 com relacao a 2016.

EVOLUÇÃO DAS RESERVAS PROVADAS DE PETRÓLEO – 2008-2017

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Dentre os paises, a Venezuela seguiu como detentora do maior volume de reservas

petroliferas, com 303,2 bilhoes de barris (17,9% do total mundial), apos ter ultrapassado a

Arabia Saudita em 2010. As reservas sauditas mant veram-se estaveis, totalizando 266,2

bilhoes de barris (15,7% do total mundial), o que situou a Arabia Saudita na segunda posicao

do ranking mundial de reservas provadas de petroleo.

O volume de reservas de petroleo variou pouco em relacao a 2016. Na America do Norte, caiu

0,7%, totalizando 226,1 bilhoes de barris (13,3% do total mundial). Na regiao que compreende

Europa e Eurasia, houve crescimento de 0,2%, somando 158,2 bilhoes de barris (9,3% do total

mundial). Por sua vez, as reservas da Africa registraram queda de 0,1%, atingindo 126,5

bilhoes de barris (7,5% do total mundial). E as reservas da regiao Asia-Pacifico registraram

queda de 0,5%, totalizando 48 bilhoes de barris (2,8% do total).

RESERVAS PROVADAS DE PETRÓLEO, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (BILHÕES BARRIS)


– 2017

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Por fim, as reservas das Americas Central e do Sul tiveram acrescimo de 0,4%, somando 330,1

bilhoes de barris (19,5% do total mundial). O Brasil ficou na 15a posicao no ranking mundial

de reservas provadas de petroleo, com um volume de 12,8 bilhoes de barris.

3.2 | Produção Mundial de Petróleo

O volume de petroleo produzido no mundo em 2017 aumentou 625,4 mil de barris/dia (0,7%)

em relacao a 2016, passando de 92 milhoes de barris/dia para 92,6 milhoes de barris/dia.

Os paises produtores da Opep registraram queda de 0,4%, com um decréscimode 165,3 mil

barris/dia. Ja a producao dos paises que nao fazem parte da Opep registrou crescimento de

1,5%, equivalente a um aumento de 790,6 mil de barris/dia.

Entre os paises que fazem parte da Opep que registraram as maiores quedas de produção

estao Venezuela (-11,6%) e Gabao (-9,3%), que foram compensadas pelas altas registradas na

producao da Libia (102,9%),do Ira (8,2%) e da Nigeria (4,5%).

Enquanto isso, entre os paises que nao fazem parte da Opep, o Iemen foi o responsavel pelo

maior crescimento da producao (21,8%), equivalente a 9,4 mil barris/dia. Outros paises que

registraram aumento foram Congo (16,4%) e Cazaquistao (10,8%).

Os Estados Unidos foram o maior produtor mundial de petroleo com volume medio de 13,1

milhoes de barris/dia (14,1% do total mundial).

A Arabia Saudita ocupou o segundo lugar no ranking, com producao media de 12 milhoes de

barris/dia (12,9% do total mundial), um decréscimo de 3,6% ante 2016.

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Em seguida, vieram Rússia (12,2% do total mundial), Ira (5,4% do total mundial) e Iraque (4,9%

do total mundial). O Brasil se situou na 10a posicao, apos o acrescimo de 4,8% no volume de

oleo produzido, totalizando 2,7 milhoes de barris/dia (3% do total mundial).

É importante mencionar que no calculo da producao de petróleo é considerada tambem a

producao de Liquido de Gas Natural (LGN).

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO – 2008-2017

O Oriente Medio continuou como a regiao de maior producao de petroleo, com um volume

medio de 31,6 milhoes de barris/dia (34,1% do total mundial), apos decrescimento de 0,8%

em comparacao com 2016. A America do Norte veio em seguida, com producao media de 20,1

milhoes de barris/dia (21,7% do total mundial), apos crescimento de 4,3%.

A região que compreende Europa e Eurasia ocupou o terceiro lugar, com 17,8 milhoes de

barris/dia (19,2% do total mundial), apos acrescimo de 0,4%. Em seguida vieram as Americas

Central e do Sul, com queda de 3,2% em sua produção de petroleo, atingindo 7,2 milhoes de

barris/dia (7,8% do total mundial).

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PRODUÇÃO DE PETRÓLEO, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (MILHÕES BARRIS/DIA) -
2017

A regiao Asia-Pacifico registrou queda de 2,1% em sua producao, totalizando 7,9 milhoes de

barris/dia (8,5% do total mundial). Por fim, veio a Africa, com media de producao de 8,1

milhoes de barris/dia de petroleo (8,7% do total mundial), apos acrescimo de 5% em relacao

ao ano anterior.

3.3 | Consumo Mundial de Petróleo

Em 2017, o consumo mundial de petróleo totalizou 98,2 milhoes de barris/dia, apos aumento

de 1,8% (1,7 milhao de barris/dia) em comparacao a 2016.

No ranking de países que mais consumiram petroleo em 2017, os Estados Unidos se

mantiveram na primeira posicao, com 19,9 milhoes de barris/dia (20,2% do total mundial). A

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China veio em seguida, com consumo medio de 12,8 milhoes de barris/dia de petroleo (13%

do total mundial).

Na terceira colocacao ficou a India, com 4,7 milhoes de barris/dia (4,8% do total mundial).O

Brasil alcancou o setimo lugar, com consumo de cerca de 3 milhoes de barris/dia (3,1% do

total mundial).

Dentre as regioes, a posicao de maior consumidora de petroleo continuou ocupada por Asia-

Pacifico, com 34,6 milhoes de barris/dia (35,2% do total mundial). O crescimento do consumo

nessa regiao foi de 3% (+1 milhao barris/dia), sendo mais de um terco do consumo

correspondente a China.

PARTICIPAÇÃO DE PAÍSES SELECIONADOS NO CONSUMO MUNDIAL DE PETRÓLEO – 2017

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Em seguida veio a America do Norte, com 24,2 milhoes de barris/dia (24,7% do total mundial),

cujo consumo cresceu 0,6% em relação a 2016. A regiao que compreende Europa e Eurasia

cresceu 1,7%, com 19,3 milhoes de barris/dia (19,6% do total).

O Oriente Medio, por sua vez, foi responsável por 9,5% do consumo mundial, com 9,3 milhoes

de barris/dia, um crescimento de 1,4% em relacao a 2016. Os maiores aumentos de consumo

de petroleo nessa região foram registrados por Ira (+93 mil barris/dia) e Iraque (+33 mil

barris/dia).

CONSUMO DE PETRÓLEO, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (MILHÕES BARRIS/DIA) –


2017

As Americas Central e do Sul registraram diminuição de seu consumo de petroleo, com queda

de 0,2%, totalizando cerca de 6,8 milhoes de barris/dia (6,9% do total mundial).

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Por ultimo, a Africa apresentou elevacao de 2,5%, totalizando 4 milhoes de barris/dia no

consumo de petroleo (4,1% do total mundial).

3.4 | Refinação Mundial de Petróleo

Em 2017, a capacidade efetiva de refino instalada no mundo era de 98,1 milhoes de barris/dia,

0,6% (+577 mil barris/dia) maior que em 2016.

Dentre os paises que aumentaram a capacidade de refino, a India se destacou com um

incremento de 351 mil barris/dia, totalizando 5 milhoes de barris/dia. Em seguida, veio a

China, com um aumento de capacidade de 336 mil barris/dia, somando 14,5 milhoes de

barris/dia.

PARTICIPAÇÃO DE PAÍSES SELECIONADOS NA CAPACIDADE TOTAL EFETIVA DE REFINAÇÃO


– 2017

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Em contrapartida, alguns paises tiveram diminuição na capacidade de refino. As maiores

reducoes ocorreram no Japao (-257 mil barris/dia), no Coveite (-200 mil barris/dia) e Arabia

Saudita (-78 mil barris/dia).

No ranking de paises com maior capacidade de refino, os Estados Unidos se mantiveram na

primeira posicao, com 18,6 milhoes de barris/dia (18,9% da capacidade mundial). Em

sequencia vieram China, com 14,5 milhoes de barris/dia (14,8% da capacidade mundial);

Russia, com 6,6 milhoes de barris/dia (6,7% da capacidade mundial); India, com 5 milhoes de

barris/dia (5,1% da capacidade mundial); e Japao, com 3,3 milhoes de barris/dia (3,4% da

capacidade mundial). Juntos, estes cinco paises responderam por 48,9% da capacidade

mundial de refino.

CAPACIDADE DE REFINAÇÃO, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (MILHÕES BARRIS/DIA) -


2017

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O Brasil foi o oitavo colocado no ranking, com capacidade de refino de 2,3 milhoes de

barris/dia (0,5% da capacidade mundial), apos decréscimo de 0,2% em sua capacidade efetiva

de refino instalada.

Dentre as regioes, Asia-Pacifico foi a de maior capacidade de refino, com 33,3 milhoes de

barris/dia (33,9% da capacidade mundial), 1,7% (+550 mil barris/dia) a mais que em 2016.

3.5 | Preços de Petróleo nos Mercados

Em 2017, o oleo do tipo Brente teve cotação media de US$ 54,19/barril no mercado

spot,registrando crescimento acentuado de 23,9% em relacao a 2016. Enquanto isso, o

petróleo do tipo WTI teve cotacao media de US$ 50,79/barril, apos crescimento de 17,2% ante

2016.

A diferenca de precos entre o Brent e o WTI passou de US$ 0,39/barril, em 2016, para US$

3,40/barril, em 2017. Nos ultimos dez anos, a queda media anual dos precos WTI e Brent foi

de 0,9%.

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS ANUAIS NO MERCADO SPOT DOS PETRÓLEOS DOS TIPOS
BRENT E WTI – 2008-2017

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Em 2015 o preço do petróleo caiu substancialmente, devido ao excesso de produção e à

redução do consumo com a crise económica mundial. O preço do barril de petróleo estava

com a cotação na ordem dos 30 a 38 USD/barril em Janeiro de 2016, o valor mais baixo das

últimas duas décadas.

PRINCIPAIS MERCADOS DE NEGOCIAÇÃO DE PETRÓLEO BRUTO

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4 | O MERCADO DE GÁS NATURAL

4.1 | Reservas Mundiais de Gás Natural

Em 2017, as reservas provadas mundiais de gas natural somaram 193,5 trilhoes de m3, um

crescimento de 0,2% em comparacao com o ano anterior.

As reservas dos paises-membros da Opep, que concentraram 48,9% do total, se mantiveram

estaveis, totalizando 94,6 trilhoes de m3. Já as reservas dos outros paises somaram 98,8

trilhoes de m3, apos crescimento de 0,4% em relacao a 2016.

No ranking de paises com maiores reservas provadas de gas natural, o primeiro lugar foi

ocupado pela Russia, com 35 trilhoes de m3 (18,1% do total mundial). Em seguida, vieram

Irao, com 33,2 trilhoes de m3 (17,2% do total) e Catar, com 24,9 trilhoes de m3 (12,9% do total

mundial). Juntos, esses tres paises responderam por 48,1% das reservas globais de gas natural.

EVOLUÇÃO DAS RESERVAS PROVADAS DE GÁS NATURAL – 2008-2017

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Dentre as regioes, a maior parte das reservas provadas se concentrou no Oriente Medio,

somando 79,1 trilhoes de m3 (40,9% do total). Depois, vieram Europa e Eurasia, com 62,2

trilhoes de m3 (32,1% do total), apos crescimento de 0,3%.

A regiao Asia-Pacifico, com 19,3 trilhoes de m3(10% do total), registrou crescimento de 0,4%

em suas reservas de gas natural. Por sua vez,as reservas da America do Norte registraram

queda de 1%, totalizando 10,8 trilhoes de m3 (5,6% do total). E, na Africa, as reservas

mantiveram-se estaveis, totalizando 13,8 trilhoes de m3 (7,1% do total).

RESERVAS PROVADAS DE GÁS NATURAL, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (TRILHÕES

M3) - 2017

Por fim, as Americas Central e do Sul registraram queda de 0,5% no volume de suas reservas,

que totalizaram 8,2 trilhoes de m3 (4,2% do total). O Brasil ocupou a 37a colocacao do ranking

das maiores reservas provadas de gas natural do mundo.

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4.2 | Produção Mundial de Gás Natural

Em 2017, a producao mundial de gas naturalalcancou 3,7 trilhoes de m3, apos alta de 3,7%

em relacao a 2016. A Russia registrou o maior crescimento volumetrico (+46,3 bilhoes de m3)

na producao anual de gas natural.

Outros paises,como Ira (+20,7 bilhoes de m3), Australia (+17 bilhoes de m3) e Arabia Saudita

(+6,1 bilhoes de m3) tambem obtiveram significativos aumentos de producao. Por outro lado,

Holanda (-5,4 bilhoes de m3), Turcomenistao (-4,9 bilhoes de m3) e Mexico (-3 bilhoes de m3)

sofreram os maiores declinios em termos volumetricos.

A producao de gas natural dos membros da Opep atingiu 786,7 bilhoes de m3 (21,4% do total

mundial), apos expansao de 4,2% (+32 bilhoes de m3) ante 2016, enquanto a dos países que

nao fazem parte da Opep totalizou 2,9 trilhoes de m3 (78,6% do total mundial), apos

crescimento de 3,5% (+98,6 bilhoes de m3) em comparacao com 2016.

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL - 2008-2017

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No ranking global de maiores produtores de gas natural, os Estados Unidos se mantiveram em

primeiro lugar, com 734,5 bilhoes de m3 (20% do total mundial), apos aumento de 0,7% ante

2016. Em seguida veio a Russia, com 635,6 bilhoes de m3 (17,3% do total mundial), apos alta

de 7,9%.

O Brasil se situou na 30ª posicao no ranking mundial de produtores de gas natural, com

producao de 27,5 bilhoes de m3 (0,7% do total mundial), apos alta de 12,1%.

Dentre as regioes, a area que compreende Europa e Eurasia se manteve como maior

produtora global de gas natural, com 1,1 trilhao m3 (28,7% do total mundial), apos alta de

4,9% (+49 bilhoes de m3). Em seguida, veio a America do Norte, com producao de 951,5

bilhoes de m3 (25,9% do total mundial), apos crescimento de 0,7%.

PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (BILHÕES M3) - 2017

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O Oriente Medio obteve um crescimento volumétrico de 29 bilhoes de m3 na produção de

gas natural, totalizando 659,9 bilhoes de m3 (17,9% do total mundial), apos alta de 4,6%,

mantendo-se como terceira maior região produtora. Em seguida, veio a região Asia-Pacifico,

com acrescimo de 4,7% (+27,3 bilhoes de m3) em sua producao, que alcançou 607,5 bilhoes

de m3 (16,5% do total mundial).

Por sua vez, a Africa registrou crescimento de 8,7% (+18,1 bilhoes de m3), somando 225

bilhoes de m3 (6,1% do total mundial). Por fim, as Americas Central e do Sul registraram

crescimento de 0,1% (+0,2 bilhao de m3), totalizando 179 bilhoes de m3 (4,9% do total

mundial).

4.3 | Consumo Mundial de Gás Natural

Em 2017, o consumo global de gas natural apresentou aumento de 2,7%, superior a media de

crescimento dos ultimos 10 anos (1%), alcancando 3,7 trilhoes de m3. China e Ira foram os

paises com maior incremento volumetrico no consumo de, respectivamente, 31 bilhoes de

m3 (+14,8%) e 13,1 bilhoes de m3 (+6,5%). Em contrapartida, os Estados Unidos

experimentaram a maior queda, de 10,8 bilhoes de m3 (-1,4%).

No ranking de maiores consumidores de gas natural,os Estados Unidos permaneceram na

primeira posicao, com 739,5 bilhoes de m3 (20,1% do total mundial), seguidos da Russia, com

424,8 bilhoes de m3 (11,6% do total mundial).

Por regioes, a area que compreende Europa e Eurasia continuou como maior consumidora de

gas natural, totalizando 1,1 trilhao de m3 (30,1% do total).

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PARTICIPAÇÃO DE PAÍSES SELECIONADOS NO CONSUMO MUNDIAL DE GÁS NATURAL –
2017

Em seguida, veio a America do Norte, com 942,8 bilhoes de m3 (25,7% do total mundial), apos

queda de 0,9%. A regiao Asia-Pacifico registrou aumento de 5,9% no consumo de gas natural,

que subiu para 769,6 bilhoes de m3 (21% do total mundial).

Por sua vez, o Oriente Medio apresentou crescimento de 5,4%, totalizando 536,5 bilhoes de

m3 (14,6% do total mundial). Ja a Africa teve crescimento de 6,5%, alcançando 141,8 bilhoes

de m3 (3,9% do total mundial). Nas Americas Central e do Sul, a queda do consumo foi de 1%,

atingindo 173,4 bilhoes de m3 (4,7% do total mundial).

O Brasil registrou crescimento de 1,7%, totalizando 38,3 bilhoes de m3 (1% do total mundial),

e ocupou a 26a posicao no ranking de maiores consumidores de gas natural.

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CONSUMO DE GÁS NATURAL, SEGUNDO REGIÕES GEOGRÁFICAS (BILHÕES M3) - 2017

4.4 | Preços do Gás Natural nos Mercados

Contrariamente ao Petróleo Bruto, a maioria das transacções de Gás Natural a nível mundial

é negociado no mercado SPOT, directamente entre as Petrolíferas e os Clientes, porém,

existem alguns índices mundiais como o Henry Hub Natural Gas.

O Henry Hub Natural Gas é uma categoria de gás natural que é produzida nos Estados Unidos

e através da plataforma no local Henry Hub, Louisiana. Os preços do gás natural nos EUA são

determinados em bolsa e dependem, sobretudo, do saldo da oferta/procura. Além disso, a

dinâmica do seu preço depende dos perfis de produção, das condições climatéricas e, em

menor grau, dos preços do petróleo.

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O Preço do Gás Natural é negociado na Bolsa de Nova York e sua cotação é referência para o

mercado norte-americano.

PREÇOS MÉDIOS DO GÁS NATURAL HENRY HUB NATURAL GAS

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5 | MOÇAMBIQUE: PETRÓLEO E GÁS NATURAL

5.1 | História do Petróleo em Moçambique

A história do Petróleo e Gás Natural em Moçambique tem mais de um século, podendo ser

considerado sete importantes períodos:

▪ 1900 – 1959 – Início das primeiras pesquisas de hidrocarbonetos;

▪ 1960 – 1974 – Primeiras descobertas de Gás Natural;

▪ 1975 – 1990 – Desenvolvimento da Indústria Petrolífera;

▪ 1991 – 2004 – Consolidação da Indústria Petrolífera;

▪ 2005 – 2014 – Descobertas enormes reservas de Gás Natural;

▪ 2015 – “...”– Desenvolvimento dos Projectos de Produção

O período de 1900 a 1959 é caracterizado pelas primeiras pesquisas, onde foram descobertas

diversas manifestações de hidrocarbonetos na parte continental da Bacia Sedimentar de

Moçambique. A fraca tecnologia aliada à escassez de recursos financeiros impossibilitou o

avanço de uma pesquisa adequada de hidrocarbonetos.

Depois de um período de paragem, durante os anos da Segunda Guerra Mundial, houve várias

companhias internacionais a desenvolveram uma intensa pesquisa de hidrocarbonetos em

Moçambique, com maior incidência nas áreas terrestres.

Durante o período de 1960 a 1974, são feitas as primeiras descobertas de Gás Natural em

1961 em Pande, à qual se seguiram as descobertas das jazidas de Buzi e Temane, em 1962 e

1967, respectivamente.

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Estas descobertas foram declaradas inicialmente como não comerciais, embora tenha havido

sucessivos estudos, até terem sido concessionadas no ano 2000 à empresa petrolífera sul-

africana SASOL.

O período de 1975 a 1990 coincide com o período da independência de Moçambique e com a

criação da ENH – Empresa Nacional de Hidrocarbonetos –, bem como na promulgação pelo

Governo da primeira Lei do Petróleo, ambos em 1981. Este período coincide também com as

primeiras iniciativas do Governo de Moçambique para o desenvolvimento da sua indústria

petrolífera, sendo de destacar a criação de um banco de dados geológico e geofísico.

O período de 1991 a 2004 marca um período de consolidação da Indústria Petrolífera em

Moçambique, sendo de destacar o estudo com novas tecnologias das reservas de gás natural

nos jazigos de Pande e Temane, o desenvolvimento de um projecto-piloto de utilização de Gás

Natural nos distritos de Inhassoro, Govuro e Vilanculos, a introdução da geração de energia

eléctrica a partir do Gás Natural, a edificação de infra-estruturas importantes para a produção

de gás natural em Pande e Temane, tais como a Central de Processamento de Temane e a

construção de um gasoduto com 865 Km entre Temane na Província de Inhambane e Secunda

na República da África do Sul, que permitiu a Moçambique tornar-se exportador de Gás

Natural na África Austral.

Destaca-se que em 2001 foi promulgada a Lei 3/2001, de 21 de Fevereiro, denominada por Lei

do Petróleo. Posteriormente, em 2004 foi promulgada a Lei 24/2004 e a Lei 25/2004, ambas

de 20 de agosto, com o Regulamento de Operações Petrolíferas e a criação do INP – Instituto

Nacional de Petróleo, respectivamente.

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Durante o período de 2005 a 2014, e como consequência de um novo quadro jurídico de

referência houve um crescimento do volume de actividades de pesquisa em Moçambique com

a entrada de novas empresas internacionais, impulsionando o conhecimento do potencial de

hidrocarbonetos em Moçambique. Neste período, foram descobertas novas jazigas de Gás

Natural na Província de Inhambane (Pande e Temane), no offshore da Província de Sofala e no

onshore e offshore da Província de Cabo Delgado.

Em 2014, foi estabelecido um novo quadro jurídico com a promulgação da nova Lei do

Petróleo (Lei/21/2014) e de um conjunto de outros decretos lei para regulamentar o sector

petrolífero em Moçambique, sendo de destacar a Lei 2/2014 e 25/2014.

Em 2015 foi lançado pelo INP – Instituto Nacional de Petróleo o 5th Licencing Round,

contemplando 15 novos áreas de concessão. As petrolíferas adquiriram os direitos de

pesquisa e produção de 6 destes blocos.

LICITAÇÃO DE ÁREAS DE CONCESSÃO PETROLÍFERA EM MOÇAMBIQUE

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Estas descobertas e as novas áreas de concessão, permitem que Moçambique apareça com

destaque no mapa dos países com potencial de hidrocarbonetos no mundo, e se espera que,

em médio prazo, Moçambique possa ser um dos maiores produtores de gás natural no

mundo.

A pesquisa de hidrocarbonetos foi definida como uma das áreas estratégicas do sector

energético do país, com vista ao investimento em projectos de pesquisa e produção de

hidrocarbonetos e para o desenvolvimento da indústria de downstream.

Como forma de responder a estratégia do sector de recursos minerais, a ENH – Empresa

Nacional de Hidrocarbonetos –, está participando em todos blocos e áreas de pesquisa de

hidrocarbonetos, como braço comercial do Governo de Moçambique.

A ENH actua como parceiro e participa na pesquisa, produção, desenvolvimento e produção

e deve reportar ao Governo sobre o decurso das actividades e seus resultados. Em

Moçambique encontram-se 17 áreas activas na pesquisa de hidrocarbonetos e a ENH detém

participações entre 10 a 25%.

Existem actualmente um conjunto de petrolíferas a operarem em consórcio regulado por

contratos em modelo JOA – Joint Operating Agreement – em cada um destes blocos, de Norte

para Sul de Moçambique em onshore e em offshore, sendo de destacar a ANADARKO, SASOL,

ENI e mais recentemente a EXXON e a TOTAL.

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6 | ANGOLA: PETRÓLEO E GÁS NATURAL

6.1 | História do Petróleo em Angola

A história do Petróleo e Gás Natural em Angola tem mais de um século, podendo ser

considerado quatro importantes períodos:

▪ Fase da Descoberta (1910 - 1952);

▪ Fase de Confirmação e Exportação (1952 - 1974);

▪ Fase de Estruturação e de Desenvolvimento (1974 - 1995);

▪ Fase de Consolidação da Indústria e Pesquisa em On-Shore (1996-2015).

A actividade de prospecção e pesquisa de Hidrocarbonetos iniciou-se em Angola em 1910.

Nesse ano foi concedida à Companhia Canha & Formigal, uma área de 114 000 km2 no

Offshore na Bacia do Congo e na Bacia do Kwanza, sendo o primeiro poço perfurado em 1915.

A Pema (Companhia de Pesquisas Mineiras de Angola) e a Sinclair (E.U.A.) estiveram também

envolvidas, desde cedo, na actividade de prospecção e pesquisa em Angola.

Após breve paragem, em 1952 reiniciou-se a actividade, com a concessão à Purfina da mesma

área adicionada à sua extensão na Plataforma Continental em 1955.

Ainda em 1955 ocorreu a primeira descoberta comercial de petróleo, feito da Petrofina no

vale do Kwanza. Em parceria com o governo colonial a Petrofina criou a Fina Petróleos de

Angola (Petrangol) e construiu a refinaria de Luanda para processamento do crude.

Em 1962 foi efectuado o primeiro levantamento sísmico do Offshore de Cabinda pela Cabinda

Gulf Oil Company (CABGOC) e em Setembro desse ano surgiu a primeira descoberta.

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Em 1973 o petróleo tornou na principal matéria de exportação. Em 1974 a produção chegou

aos 172.000 bpd, o máximo do período colonial.

Em 1976, a produção total rondava os 100.000 bbl/d e era proveniente de três áreas: Offshore

de Cabinda, Onshore do Kwanza e Onshore do Congo.

Durante o período 1952-1976, foram realizados 30.500 km de levantamentos sísmicos,

perfurados 368 poços de prospecção e pesquisa e 302 poços de desenvolvimento. Nesta fase

foram descobertos um total de 23 campos, dos quais três na faixa Atlântica.

A exploração em águas profundas começou em 1991 com a adjudicação do Bloco 16, a que

seguiram os Blocos 14, 15, 17, 18 e 20.

Desde 1990 foram perfurados em Angola mais de 200 poços exploratórios e de pesquisa. No

começo de 2000 havia um total de 29 Blocos sob licença em terra e na faixa Atlântica. As

licenças estavam atribuídas às 30 companhias 14 das quais eram operadoras.

OVERVIEW HISTÓRICO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA EM ANGOLA

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A primeira plataforma do modelo FPSO (Flutuante de Produção, Armazenagem e Escoamento)

no offshore Angolano, foi usada no projecto Kuito do Bloco 14 e, entrou em produção em

Dezembro de 1999.

Desde Agosto de 2003 a maior plataforma, do modelo FPSO, do mundo é usada no projecto

Kizomba A no Bloco 15. Projectos nos Blocos 17 e 18 também fazem uso do mesmo tipo de

plataforma.

Para terminar com a queima de gás resultante da exploração petrolífera e também para se ter

uma fábrica de produção de petroquímicos local foi construída uma fábrica de condensação

de gás natural que produzirá gás de petróleo liquefeito (GPL), que entrou em produção em

meados de 2012.

Com as várias descobertas na faixa Atlântica Angolana adivinha-se que Angola logo se torne

num dos principais produtores de petróleo no continente Africano. A aposta em novas

tecnologias para exploração em águas profundas e ultra-profundas tem tornando a indústria

petrolífera Angolana pioneira a nível mundial.

Nos anos mais recentes o Governo de Angola e a sua companhia petrolífera de bandeira, a

SONANGOL, tem desenvolvidos esforços para incentivar as pesquisas também em on-shore

(terra).

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7 | BRASIL: PETRÓLEO E GÁS NATURAL

7.1 | História do Petróleo no Brasil

A história do Petróleo e Gás Natural no Brasil tem mais de um século, podendo ser

considerado quatro importantes períodos:

▪ 1853 até 1953 – Exploração de Petróleo Pré-PETROBRAS;

▪ 1954 até 1968 – Exploração Terrestre exclusiva da PETROBRAS;

▪ 1969 até 1974 – Exploração Águas Rasas exclusiva da PETROBRAS

▪ 1975 até 1997 – Exploração Águas Profundas

▪ 1998 até 2017 - Exploração em Águas Ultra Profundas

No Brasil, os primeiros registros históricos, documentados, foram as duas concessões

outorgadas em 1858 pelo Imperador Dom Pedro II a particulares, para a pesquisa e mineração

de carvão, turfa e betume.

A partir daí, a história da exploração do petróleo brasileiro evoluiu por diversos períodos e

fases influenciados e sustentados nestes 150 anos por um crescimento do conhecimento

geológico, pelo aumento expressivo da demanda por derivados do petróleo, pela

disponibilidade de recursos financeiros, pelos choques dos preços internacionais e pelos

marcos regulatórios implementados.

O evento mais importante no período foi à criação da Petrobrás, com a responsabilidade de

atuação exclusiva neste segmento da industria, uma aventura de sucesso que começou em

terra, migrou para o mar, avançou com sucesso para as regiões de águas profundas (com cotas

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batimétricas entre 400 e 2.000 metros) e, desde 1999, iniciou mais uma etapa em uma nova

fronteira, as regiões de águas ultraprofundas (mais de 2.000 metros de lâmina d'água).

Possuindo grandes dimensões e uma área sedimentar total de 6.436.000 km2, o Brasil conta,

em terra, com mais de 20 bacias proterozóicas, paleozóicas, cretácicas e terciárias, algumas

ainda inexploradas, espalhando-se por 4.880.000 km2, desde o desenvolvido Sul-Sudeste até

o árido Nordeste e a Amazônia.

O restante da área sedimentar está na Plataforma Continental, onde 1.550.000 km2 se

distribuem por mais de 15 bacias sedimentares cretácico-terciárias de Margem Atlântica, até

a cota batimétrica de 3.000 metros, desde o extremo sul, em águas territoriais limítrofes com

o Uruguai, até o extremo norte, na fronteira com a Guiana Francesa. A região de águas

profundas no mar brasileiro abrange 780.000 km2 entre as cotas batimétricas de 400 e 3.000

metros.

BACIAS SEDIMENTARES DO BRASIL

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▪ Exploração de Petróleo Pré-Petrobrás (1853 a 1953)

O primeiro período de exploração de petróleo, que se estendeu de 1853 até 1953, as áreas

sedimentares brasileiras estiveram abertas à iniciativa privada.

O início desta fase é marcado pelas duas primeiras concessões outorgadas pelo Imperador

Dom Pedro II a particulares, em 1858, para a exploração de carvão, turfa e betume nos

arredores do Rio Maraú, em Ilhéus, no estado da Bahia, região hoje conhecida como Bacia de

Camamu, onde alguns seeps de óleo e a ocorrência de folhelho betuminoso eram conhecidos.

Antes disso, sabia-se de maneira esparsa, não registrada, da existência de exsudações de óleo

e gás em algumas regiões do Brasil.

A seguir, em 1859, foram descritos seeps de petróleo, em cortes da estrada de ferro em

construção no Recôncavo Baiano, arredores de Salvador.

Em 1864, Thomas Dennys Sargent requereu e recebeu concessão do imperador para a

pesquisa e lavra de turfa e petróleo na mesma região de Ilhéus e Camamu. Em 1867, foram

concedidos direitos de exploração de betume na região das bacias costeiras de São Luis e

Barreirinhas.

Entre 1872 e 1874, várias concessões foram registradas no interior do estado de São Paulo,

nos arredores de Rio Claro, região da Bacia do Paraná conhecida pela ocorrência de

exsudações de óleo e gás.

Em 1876, com a fundação da Escola de Minas de Ouro Preto, em Minas Gerais, resolveu-se

parcialmente o problema de mão-de-obra nacional especializada para suprir, com algum

conhecimento científico, a busca do petróleo. Em 1881, a lavra e a retortagem do folhelho

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pirobetuminoso da Bacia de Taubaté proporcionaram combustível para a iluminação da

cidade, por aproximadamente dois anos.

Em 1888, foram requeridas e concedidas cerca de dez concessões para carvão-de-pedra e

outros minerais, no Baixo e Médio Amazonas. No último decreto referente à

pesquisa/exploração e lavra de carvão, turfa, betume e petróleo, firmado no Império em 1889,

foi outorgada concessão a Adam Benaion, no Município de Prainha, Estado do Pará, na Bacia

do Amazonas. Mas quase 90 anos depois é que se chegou à descoberta de gás em volumes

comerciais no Vale do Rio Juruá e de óleo no Rio Urucu, na Bacia do Solimões, no Alto

Amazonas.

Porém, o marco mais importante desta época foi à perfuração, em 1892, na Bacia do Paraná,

em Bofete, Estado de São Paulo, de um poço de petróleo que atingiu 488 metros de

profundidade, um feito e tanto para o Brasil daquele final de século. Um fazendeiro de café

de Campinas, Eugênio Ferreira de Camargo, entusiasmado com as notícias vindas do Estados

Unidos a respeito do "ouro negro", obteve concessões na Bacia do Paraná, na região de Rio

Claro e Botucatu.

Inicialmente contratou um cientista belga chamado Auguste Colon, que provavelmente

realizou os primeiros estudos geológicos de campo visando à ocorrência de petróleo no Brasil.

Colon, ao final de seu trabalho, indicou duas áreas, em Bofete e em Porto Martins, onde duas

possíveis estruturas geológicas poderiam conter petróleo. Camargo importou uma sonda

americana, com um sondador experiente e mais alguns trabalhadores especializados, e o poço

foi perfurado em Bofete, e de onde teriam sido recuperados dois barris de petróleo, fato esse

nunca confirmado.

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Em 1907, a criação do Serviço Geológico e Mineralógico Brasileiro (SGMB) resultou no

aumento substancial da atividade de perfuração de poços, em bases um pouco mais

profissionais.

Sondas foram compradas e alguns geólogos e engenheiros de minas brasileiros fizeram parte

da estrutura de pesquisa e perfuração para petróleo no SGMB. Em 1933, foi criado o

Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), porém a falta de recursos e peças de

reposição para as sondas começou a causar problemas.

A atividade de exploração de petróleo já estava mais organizada, graças ao SGMB e DNPM,

porém a carência de recursos e a ausência de um órgão exclusivo responsável pelo Setor

Petróleo, motivaram a criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), em abril de 1939.

Nesta época, o consumo brasileiro já causava uma dependência incômoda dos produtos

estrangeiros.

Durante essa década de 30, a questão da nacionalização dos recursos do subsolo entrou na

pauta das discussões indicando uma tendência que viria a ser adotada. Em 1938, toda a

atividade petrolífera passou, por lei, a ser obrigatoriamente realizada por brasileiros. Ainda

nesse ano, em 29 de abril de 1938, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), para

avaliar os pedidos de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo.

O decreto que instituiu o CNP também declarou de utilidade pública o abastecimento nacional

de petróleo e regulou as atividades de importação, exportação, transporte, distribuição e

comércio de petróleo e derivados e o funcionamento da indústria do refino. Mesmo ainda não

localizadas, as jazidas passaram a ser consideradas como patrimônio da União. A criação do

CNP marca o início de uma nova fase da história do petróleo no Brasil.

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Em 1941, um dos poços perfurados deu origem ao campo de Candeias, o primeiro a produzir

petróleo no Brasil. As descobertas prosseguiram na Bahia, enquanto o CNP estendia seus

trabalhos a outros estados. A indústria nacional do petróleo dava seus primeiros passos.

O CNP melhorou a estrutura da atividade de exploração de petróleo no Brasil e, após a

primeira descoberta comercial em Lobato, preferiu inicialmente concentrar-se no Recôncavo

Baiano.

Diante do entusiasmo causado por esta primeira descoberta, em pouco tempo os resultados

começaram a aparecer. A partir de 1941, e até 1953, foram descobertos os Campos de

Candeias, Aratu, Dom João e Água Grande, até hoje os maiores campos terrestres já

descobertos no Recôncavo. Ao longo desta fase, a exploração se expandiu para o centro e

porção norte da Bacia do Recôncavo, saindo das proximidades da Baía de Todos os Santos.

Este primeiro período de exploração de petróleo no Brasil teve como participantes alguns

empreendedores privados (em boa parte financiados e utilizando equipamentos do governo),

governos estaduais, CNP e outras entidades.

Caracterizou-se, principalmente no início, pelo amadorismo e falta de equipamentos e

recursos, situação esta que melhorou sensivelmente com a entrada em cena do SGMB, do

DNPM e, finalmente, do CNP.

A partir da criação do CNP, a exploração passou a contar de forma mais rotineira com o auxílio

já importante da sísmica e com sondas de maior capacidade de perfuração (até 2.500 metros).

Foram perfurados 162 poços exploratórios terrestres rasos neste período, principalmente nas

bacias do Recôncavo, Paraná, Amazonas e Sergipe-Alagoas.

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Entre 1858 e 1938, nenhum resultado positivo foi reportado além dos registros dos seeps de

óleo e gás e das ocorrências sub-comerciais de óleo e gás da região de São Pedro (Bacia do

Paraná-SP), Riacho Doce (Alagoas) e Bom Jardim/Itaituba (Amazonas). Entre 1939 e 1953,

entretanto, sob o comando do CNP, os resultados começaram a aparecer, tendo sido

descobertos, após Lobato, outros 10 campos de petróleo, e as reservas nacionais alcançado

298 milhões de barris para uma produção diária de 2.720 barris.

Em 1953, existiam cerca de 30 geólogos/geofísicos de petróleo no Brasil. Neste período,

prevaleceram as condições inóspitas e sem infra-estrutura do interior brasileiro, valorizando

ainda mais o trabalho e os resultados alcançados por estes primeiros exploracionistas

brasileiros.

A Petrobrás foi criada pela lei 2004 (03/10/1953), após longa e inflamada campanha popular,

e instalada em 10/05/1954, para servir de base para a indústria do petróleo no Brasil e para

exercer, em nome da União, o monopólio da exploração, produção, refino e comercialização

do petróleo e seus derivados.

▪ Exploração Terrestre exclusiva da PETROBRAS (1954/1968)

A segunda fase, conhecida como Exploração Terrestre exclusiva da PETROBRAS, teve o seu o

seu inicio em 1954, caracterizando-se pela instalação da Petrobrás, pela presença maciça de

técnicos estrangeiros e pela concentração de esforços no Recôncavo e na Amazônia. A partir

de 1964 começa a haver uma presença cada vez maior de técnicos brasileiros e uma elevada

concentração de esforços ainda no Recôncavo, porém já se expandindo pelas demais bacias

cretácicas costeiras.

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Com o contínuo aumento no consumo, a dependência externa se agravou, apesar do baixo

preço do barril de petróleo. Logo em seguida à criação da Petrobrás, em 1953, uma decisão

importantíssima foi tomada pelo comando da recém criada companhia: organizar o

Departamento de Exploração nos mesmos moldes em que operavam as grandes companhias

internacionais.

Esta decisão resultou das mal sucedidas experiências anteriores, com órgãos estruturados de

maneira pouco profissional e financeiramente instáveis. Foi contratado o geólogo Walter K.

Link, veterano e bem conceituado no cenário da Exploração e Produção mundial, ex-

profissional da Standard Oil Co., com as tarefas de organizar o Departamento de Exploração

nos moldes industriais consagrados no restante do mundo, promover uma análise das bacias

brasileiras para direcionar a exploração de petróleo nacional e ainda realizar as descobertas

tão ansiosamente esperadas pelos brasileiros após a campanha "O Petróleo é Nosso".

Walter Link implantou na recém-edificada Petrobrás uma estrutura organizacional nos moldes

da indústria americana, fortemente centralizada. Técnicos estrangeiros, americanos e

europeus, foram contratados maciçamente, enquanto geólogos/geofísicos brasileiros foram

enviados para treinamento e estudos no exterior.

A sede da empresa foi instalada no Rio de Janeiro, com distritos operacionais em Belém,

Maceió, Salvador e Ponta Grossa (PR). Inicialmente, foi feita uma revisão meticulosa das

bacias conhecidas, ficando as ações concentradas nas bacias do Recôncavo (exploração e

produção) e amazônicas (exploração), com esforço mais modesto nas demais bacias. A

estratégia era imediatista: um aumento rápido da produção e de novas descobertas na já

razoavelmente conhecida Bacia do Recôncavo, e realizar as grandes descobertas nas bacias

da Região Amazônica, onde se concentravam nossas expectativas de redenção.

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Walter K. Link, à época renomado geólogo com reconhecida capacidade e experiência no ramo

da exploração de petróleo, conhecia a indústria e as dificuldades das bacias brasileiras. Tendo

aqui chegado com um cenário de óleo barato e com as expectativas nacionalistas exacerbadas

pela campanha de criação da Petrobrás ("O Petróleo é Nosso"), sabia da necessidade de se

encontrar rapidamente os "bonanzas fields" (denominação utilizada no México e Sul dos

Estados Unidos para campos gigantes), com campanhas exploratórias que se iniciariam

rapidamente nas bacias mais apropriadas para estas descobertas.

Daí, após uma meticulosa revisão de todas as bacias sedimentares brasileiras, os esforços

terem sido divididos entre o óleo mais fácil e em quantidades modestas no Recôncavo e

Sergipe-Alagoas e a busca dos "bonanzas" nas imensas bacias paleozóicas Amazônicas, do

Parnaíba e Paraná.

Em 1955, um dos primeiros poços perfurados na Bacia do Médio Amazonas, região de Nova

Olinda, produziu algum óleo, gerando grandes esperanças e intensificando a campanha

amazônica.

Em 1957, a descoberta da acumulação de Jequiá foi a primeira na Bacia de Sergipe-Alagoas e,

também, a primeira fora do Recôncavo Baiano. A partir de 1960/61, as universidades

brasileiras começaram a formar regularmente turmas de geólogos. Em 1961, os resultados

negativos na Amazônia já começavam a causar algum desconforto e, neste mesmo ano, foi

divulgado o Relatório Link, que concluiu pela inexistência de acumulações de grande porte nas

bacias sedimentares terrestres brasileiras.

De modo geral, a partir do relatório, Link questionava fortemente futuros investimentos em

programas exploratórios muito audaciosos, desestimulando novas investidas nas bacias

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paleozóicas e recomendando a intensificação dos trabalhos no Recôncavo e Sergipe-Alagoas,

principalmente na porção sergipana da bacia.

É importante ressaltar que Link insistia que as conclusões apresentadas eram dependentes

em grande parte dos escassos e pouco evoluídos dados geofísicos da época, e que a evolução

desta ferramenta poderia reverter este quadro. Sugeriu ainda que o caminho para as grandes

descobertas tão almejadas poderia estar na Plataforma Continental, àquela época já com

atividade intensa e descobertas animadoras no Golfo do México americano, e também em

concessões a serem adquiridas no exterior em bacias geologicamente mais atrativas.

A polêmica despertada pelo "Relatório" na imprensa e nos meios políticos foi enorme,

principalmente quanto ao pessimismo para com as imensas bacias paleozóicas brasileiras e

devido ao mito criado da existência de petróleo em abundância no país. Um anexo ao relatório

foi apresentado em novembro de 1960, com novas informações que rebaixavam as avaliações

da Bacia do Médio Amazonas e da porção terrestre da Bacia de Sergipe-Alagoas,

principalmente esta última (Alagoas).

Em meados de 1961, ao término de seu contrato e ressentido com as críticas, muitas delas

injustas e irrefletidas, a respeito do seu trabalho, Walter K. Link deixa o país, após demitir-se.

Em março de 1961, antes da saída de Link, foi criado por decisão da diretoria um grupo de

trabalho composto pelos geólogos Pedro de Moura e Décio Oddone, para a reavaliação do

Relatório Link. Após a demissão do geólogo Link, Pedro de Moura foi empossado como chefe

do Departamento de Exploração.

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Em 1963, foi descoberto em Sergipe-Alagoas o Campo de Carmópolis, que se tornaria a maior

acumulação terrestre brasileira, um gigante, contrariando parcialmente o Relatório Link,

divulgado dois anos antes.

▪ Exploração Águas Rasas exclusiva da PETROBRAS (1969/1974)

No final de 1967, com a idéia já amadurecida de explorar a Plataforma Continental, foi

realizado extenso levantamento gravimétrico marítimo entre Cabo Frio e Recife.

Em 1967/68, executou-se o reconhecimento com sísmica de reflexão de cobertura múltipla e

registro digital de várias bacias da Plataforma Continental. Em 1968, duas equipes sísmicas

terrestres da Petrobrás foram implantadas e foi instalado o primeiro Centro de

Processamento de Dados Sísmicos da empresa.

Decorrentes dos levantamentos sísmicos anteriores, as primeiras sondas marítimas foram

contratadas para perfurar os 2 primeiros poços no mar. No segundo deles foi descoberto o

Campo de Guaricema, o primeiro campo de petróleo na Plataforma Continental brasileira. Ao

final da fase, a maioria dos técnicos já era de brasileiros e iniciou-se a contratação regular de

geólogos formados nos cursos recém criados nas universidades brasileiras.

Nesta primeira fase de monopólio da Petrobrás, foram pesquisadas, de alguma forma,

praticamente todas as bacias terrestres conhecidas, inclusive o Pantanal e as porções

terrestres das bacias da Bahia Sul, Pelotas e Campos.

A geologia de superfície, muito utilizada no início do período, foi perdendo terreno para os

métodos potenciais (gravimetria e magnetometria) e principalmente para a sísmica de

reflexão, já utilizada rotineira e intensivamente ao final do período. Sondas mais modernas e

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com maior capacidade foram compradas ou alugadas e poços mais profundos começaram a

ser perfurados. Os registros dão conta de que foram perfurados nesta fase 1.120 poços em

terra e os dois primeiros poços exploratórios no mar, na plataforma continental do Espírito

Santo e de Sergipe-Alagoas, além de extensivos levantamentos geofísicos.

Os resultados desta fase foram 58 acumulações de óleo e gás descobertas, inclusive a primeira

na plataforma continental (Guaricema, em Sergipe-Alagoas). Ao final de 1968, as reservas

eram de 1,247 bilhões de barris e a produção brasileira de petróleo alcançava 163.884 barris

por dia. A dependência externa continuava. Porém, com a descoberta de Guaricema na

plataforma continental de Sergipe-Alagoas, renovaram-se as perspectivas de auto-suficiência,

com o foco deslocado agora para o mar.

O Campo de Guaricema, descoberto com a perfuração do segundo poço marítimo, marcou o

inicio desta fase. Esta descoberta, realizada na plataforma continental de Sergipe-Alagoas,

renovou as perspectivas de auto-suficiência, deslocadas agora para o mar.

A ida para a Plataforma Continental baseava-se nos critérios de continuidade das bacias

terrestres costeiras, com seus resultados e indícios e na analogia com outras bacias produtoras

no mundo. Estudos da época estimavam em 20 bilhões de barris as reservas de petróleo da

plataforma. Os grandes deltas da margem continental brasileira, como os da Foz do

Amazonas, São Francisco, Rio Doce, Paraíba do Sul e Rio Grande, geraram grandes

expectativas, especialmente pela influência dos consultores americanos e pela analogia com

os deltas do Níger e do Mississipi.

O Delta do Níger, no outro lado do Atlântico, já contava naquela época com mais de 20 bilhões

de barris de petróleo de reservas. O critério da continuidade respondeu discretamente, porém

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o da analogia fracassou e os poços secos se sucederam na Foz do Amazonas, Espírito Santo e

Santos.

A descoberta, em 1969, do Campo de São Mateus, revelou o potencial da província terrestre

do Espírito Santo. Em 1972, os distritos exploratórios foram esvaziados e as atividades em

terra e o número de técnicos reduzidos.

Com o Primeiro Choque do Petróleo, em 1973, e a descoberta do Campo de Ubarana na

porção marítima da Bacia Potiguar, os investimentos no mar se elevaram novamente e, no

apagar do ano de 1974, finalmente a primeira descoberta importante aconteceu no mar: o

Campo de Garoupa, na Bacia de Campos.

Esta descoberta marcou o início de um novo ciclo no Brasil, renovando as esperanças, até

então sempre frustradas, de auto-suficiência. Nesta fase, também, foi conferida ênfase

especial ao treinamento dos técnicos brasileiros e à contratação sistemática de consultores

estrangeiros alinhados com as mais recentes metodologias e tecnologias de E&P. Nesta fase

já reina, absoluta, a sísmica de reflexão como principal método investigativo em franca

evolução tecnológica. Métodos potenciais são bastante utilizados, porém a Geologia de

Superfície, pelas circunstâncias da exploração offshore, praticamente já não é mais utilizada.

▪ Exploração Águas Profundas (1975/1997)

Em 1975 foi descoberto na Bacia de Campos o Campo de Namorado, o primeiro gigante da

Plataforma Continental brasileira. Os Contratos de Risco, decretados em 1976, permitiram a

presença das empresas estrangeiras, como a Shell, Exxon, Texaco, BP, ELF, Total, Marathon,

Conoco, Hispanoil, Pecten, Pennzoil e companhias brasileiras, como a Paulipetro, Azevedo

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Travassos, Camargo Correa, além da Petrobrás, atuando no cenário da indústria petrolífera no

Brasil.

Nesse período foi também descoberto o campo de gás do Juruá, na Bacia do Solimões (1978)

e a primeira acumulação terrestre da Bacia Potiguar (1979). No mar, aconteceu a primeira

descoberta por uma empresa sob contrato de risco, o campo de gás de Merluza, pela Pecten,

na Bacia de Santos. Datam também desta época a criação do Proalcool, em 1980, numa

tentativa nacional de reduzir a dependência externa de combustível, e o estabelecimento da

meta do Governo Federal para a produção de 500.000 barris por dia em 1985.

Em 1984, foram descobertos na Bacia de Campos o Campo de Marimbá e o gigante Albacora,

ambos já indicando o irreversível caminho das águas profundas. A meta dos 500.000 barris

por dia foi atingida ao final do ano de 1984, com antecipação de quase um ano. Esta fase teve

início com as bacias cretácicas terrestres em natural declínio exploratório e a Bacia de Campos

como nova esperança.

As importações de petróleo a US$15/barril pesavam cada vez mais na balança comercial

brasileira e, assim, com a necessidade de maior produção interna, tem inicio o desafio da

engenharia de produção com os sistemas antecipados. A pressão da balança comercial

resultou também na criação dos contratos de risco e o Segundo Choque do Petróleo agravou

ainda mais a situação de dependência do petróleo estrangeiro. O treinamento dos técnicos da

Petrobrás foi acelerado, tanto no Brasil quanto no exterior. Foi a "Era Carlos Walter" na

Petrobrás.

Carlos Walter Marinho Campos, falecido em 2000, foi o Gerente de Exploração da Petrobrás

que, em seu momento histórico, fomentou as atividades na plataforma continental,

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particularmente rumo às águas profundas da Bacia de Campos, ao mesmo tempo em que

mantinha uma posição veementemente crítica à exploração nas bacias paleozóicas, por ele

classificadas como "vendedoras de ilusões". Em parte, os resultados da exploração no Brasil

têm corroborado o pensar de Carlos Walter, muito embora expressivas reservas de

hidrocarbonetos tenham sido descobertas na Bacia do Solimões, a bacia paleozóica brasileira

mais conhecida e amostrada.

A Bacia de Campos se afirmou com as novas descobertas e o desafio da engenharia foi vencido

com os sistemas antecipados de produção.

A qualidade dos dados sísmicos melhorou consideravelmente e se anteciparam soluções para

a produção em lâminas d'água maiores. O Centro de Processamento de Dados Sísmicos da

Petrobrás se tornou plenamente operante, oferecendo opções e soluções caseiras que

facilitaram o trabalho dos exploracionistas.

O Segundo Choque do Petróleo fez com que jazidas em águas mais profundas e as marginais

em terra se tornassem economicamente viáveis. Assim, aconteceram os recordes de

investimentos, resultando em mais descobertas e acréscimo substancial das reservas e da

produção.

O Pólo Nordeste da Bacia de Campos e a faixa de 400 m (Marimbá) de lâmina d'água

contribuíram com importantes descobertas. A Bacia Potiguar terrestre se revelou com o trend

Estreito-Guamaré e o Recôncavo se revitalizou a partir da descoberta de Riacho da Barra. Em

1985, navios de posicionamento dinâmico permitiram a perfuração em cotas batimétricas

cada vez maiores, e logo nos primeiros poços foram descobertos os gigantes Albacora (400 a

1.000 metros) e Marlim (700 a 1.200 metros), com os turbiditos se afirmando como os

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principais reservatórios das bacias da Plataforma Continental brasileira. Com a acelerada

informatização da Petrobrás, ganhou força a idéia de fortalecer o processamento sísmico

interno, inclusive com a compra de supercomputadores. Os primeiros levantamentos de

sísmica 3D revolucionaram e aceleraram a exploração no mar e navios de posicionamento

dinâmico facilitaram o avanço para as águas profundas.

Nesta fase, foram perfurados pela Petrobrás 885 poços em terra e 750 no mar. Enquanto isso,

as empresas sob contrato de risco perfuraram 51 poços em terra e 64 no mar.

Como resultado, foram descobertas 148 acumulações de óleo e gás, 98 em terra e 50 no mar.

As mais importantes em terra foram as de Juruá, no Solimões, Fazenda Belém e Alto do

Rodrigues, na Bacia Potiguar, Riacho da Barra, no Recôncavo, e Pilar, em Sergipe-Alagoas. As

mais importantes no mar foram Namorado, Enchova, Carapeba, Marimbá e Albacora, na Bacia

de Campos.

Ao final de 1984, as reservas totais brasileiras alcançavam 4,29 bilhões de barris e a produção

chegava a 488.400 barris por dia.

▪ Exploração em Águas Ultra Profundas (1998/2017)

Confirmada a vocação da Bacia de Campos, outras descobertas importantes foram realizadas

nas suas águas profundas. A sísmica 3D se afirmou como ferramenta, otimizando tempo e

custos desde a descoberta até o desenvolvimento dos campos. A Petrobrás começou a

preparar o desenvolvimento de sistemas de produção em águas profundas. Levantamentos

de sísmica 3D terrestre tornaram-se rotineiros e importantes descobertas de gás, óleo e

condensado ocorreram na região do Rio Urucu e de óleo em carbonatos albianos da Bacia de

Santos (Tubarão, Coral e Estrela do Mar).

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A exploração na Bacia de Campos foi caracterizada pelo aumento substancial da aquisição

sísmica 3D, com a utilização de navios de fontes e cabos múltiplos que, conjuntamente com a

interpretação sísmica interativa, otimizou a delimitação dos campos descobertos e os estudos

de reservatório.

Os contratos de risco terminaram em 1988, permanecendo apenas os contratos de

descobertas consideradas comerciais.

Os levantamentos de sísmica 3D terrestres começaram a mostrar resultados, principalmente

nas bacias do Espírito Santo, Potiguar e no Recôncavo, ao mesmo tempo em que outras

importantes descobertas ocorriam na área de Rio Urucú (gás, condensado e óleo).

Em Campos, o aumento substancial das campanhas de sísmica 3D, para guiar a exploração em

áreas virgens, abriu novas frentes exploratórias e reduziu ainda mais os custos das

descobertas e de delimitação na Bacia de Campos.

A migração pré-empilhamento em profundidade, o processamento orientado para os

objetivos, o posicionamento GPS e o processamento a bordo, foram outras novidades deste

período, além da descoberta da primeira acumulação de gás na Bacia do Paraná, em Barra

Bonita, e da última grande descoberta em águas profundas da Bacia de Campos, o Campo de

Roncador, um gigante com óleo de boa qualidade, até agora o maior campo brasileiro.

Em 1997 foram iniciadas negociações de parceria com empresas multinacionais e brasileiras,

nas áreas de exploração e desenvolvimento da produção, e em 1997 foi promulgada a lei

9.478/97, regulando a indústria do petróleo no Brasil, quebrando o monopólio da União

representado até então pela Petrobrás.

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Em síntese, a quarta fase deste período teve como características a confirmação do potencial

das águas profundas da Bacia de Campos, a afirmação da sísmica 3D como ferramenta

exploratória das mais importantes e o cumprimento da meta de 1.000.000 de barris diários

de produção. Na quarta e última fase foram perfurados pela Petrobrás 930 poços em terra e

549 no mar. Por sua vez, as companhias sob contrato de risco perfuraram 71 poços em terra

e 10 no mar.

Os resultados da fase foram as 211 acumulações de óleo e gás descobertas, das quais 123 em

terra e 88 no mar.

No final de 1997 as reservas totais alcançavam 16,9 bilhões de barris e a produção diária era

de 1.069.000 barris. O ciclo de exclusividade da Petrobrás na execução do monopólio da União

na área petrolífera se encerraria com a promulgação da lei 9.478/97, dando início à "fase ANP"

e posteriormente ao Pré-Sal, a partir de 2003/04.

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8 | LÉXICO DO PETRÓLEO E GÁS

API –Sigla do American Petroleum Institute.

ASTM – Sigla da American Society for Testing and Materials

BARRIL (bbl) - Medida padrão para petróleo e seus derivados. Um barril é igual a 35 galões
imperiais, 42 galões americanos ou 158,98 litros.

BARRIL DE ÓLEO EQUIVALENTE (boe) - Unidade utilizada para comparar (converter) em


equivalência térmica uma quantidade de energia em barris de petróleo.

BBL - Barril. Unidade de medida de volume, equivalente a 0,159 m³.

BEP - Sigla de "barril equivalente de petróleo". Unidade de medida de energia equivalente,


por convenção, a 1.390 Mcal.

BLOCO - Parte de uma bacia sedimentar, formada por um prisma vertical de profundidade
indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus
vértices, onde são desenvolvidas actividades de exploração ou produção de petróleo e gás
natural.

BOE - Barris de óleo equivalente. Normalmente usado para expressar volumes de petróleo e
gás natural na mesma unidade de medida (barris) pela conversão do gás à taxa de 1.000 m³
de gás para 1 m³ de petróleo. 1 m³ de petróleo = 6,289941 barris de petróleo.

BOEPD - Barris de óleo equivalente por dia.

BPD - Barris por dia.

BRENT DATED - Cotação publicada diariamente pela Platt's Crude Oil Marketwire, que reflecte
o preço de cargas físicas do petróleo Brent embarcadas de 7 (sete) a 17 (dezessete) dias após
a data de fechamento do negócio, no terminal de Sullom Voe, na Grã-Bretanha.

Btu - Sigla de British Thermal Unit. Unidade de medida de energia, corresponde à quantidade
de calor necessária para elevar a temperatura de uma libra (0,454 kg) de água de 39,2º F para
40,2º F. Factor de conversão: 1 BTU = 1.055,056 J.

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COMMODITY - Bem físico, produzido tipicamente em agricultura, mineração ou processo
industrial, normalmente sujeito a classificação de qualidade ou padronização, que é objecto
de transacções comerciais.

CONCESSÃO - Contrato administrativo mediante o qual a INP outorga a empresas que


atendam aos requisitos técnicos, económicos e jurídicos por ela estabelecidos, o exercício das
actividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no território nacional.

CONCESSIONÁRIO - Empresa constituída sob as leis brasileiras, com sede e administração no


Brasil, com a qual o INP celebra contrato de concessão para exploração e produção de
petróleo ou gás natural em bacia sedimentar localizada no território nacional.

COTAÇÃO SPOT - Preço do produto no mercado spot. Esta cotação é de curto prazo e
flutuante, em contraste com as cotações acordadas em contratos de fornecimento de médio
e longo prazo.

DERIVADOS DE PETRÓLEO - Produtos decorrentes da separação física ou da transformação


química do petróleo.

DOWNSTREAM - Termo usado para definir, essencialmente, as actividades de refinação do


petróleo bruto, e também o tratamento do gás natural, o transporte e a
comercialização/distribuição de derivados.

GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO (GLP) - Mistura de hidrocarbonetos líquidos obtidos do gás


natural através do processamento de gás natural nas UPGNs, ou em processo convencional
nas refinarias de petróleo. Conhecido como gás de cozinha, composto de propano e butano.
Sua maior aplicação é na cocção dos alimentos. Também é utilizado em empilhadores,
soldagem, esterilização industrial, teste de fogões, maçaricos e outras aplicações industriais.

GÁS NATURAL - Todo hidrocarboneto ou mistura de hidrocarbonetos que permaneça em


estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído directamente a partir de
reservatórios petrolíferos ou gaseíferos, incluindo gases húmidos, secos, residuais e gases
raros.

GÁS NATURAL COMPRIMIDO (GNC) - Gás Natural processado e condicionado para o


transporte em reservatórios, à temperatura ambiente e pressão próxima à condição de
mínimo factor de compressibilidade, para fins de distribuição deste produto.

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GÁS NATURAL LIQUEFEITO (GNL) - Fluido no estado líquido em condições criogênicas,
composto predominantemente de metano e que pode conter quantidades mínimas de etano,
propano, nitrogénio ou outros componentes normalmente encontrados no gás natural.

GÁS NATURAL VEICULAR (GNV) - Mistura combustível gasosa, tipicamente proveniente do


GN e biogás, destinada ao uso veicular e cujo componente principal é o metano, observadas
as especificações estabelecidas pela INP.

GRAU API ou ºAPI - Escala idealizada pelo American Petroleum Institute - API, juntamente
com a National Bureau of Standards, utilizada para medir a densidade relativa de líquidos. A
escala API varia inversamente com a densidade relativa, isto é, quanto maior a densidade
relativa, menor o grau API: °API = (141,5/g) - 131,5, onde "g" é a densidade relativa do petróleo
a 15°C. O grau API é maior quando o petróleo é mais leve. Petróleos com grau API maior que
30 são considerados leves; entre 22° e 30° API, são médios. abaixo de 22° API, são pesados;
com grau API igual ou inferior a 10°, são petróleos extrapesados. Quanto maior o grau API,
maior o valor do petróleo no mercado.

HIDROCARBONETO - Composto constituído apenas por carbono e hidrogénio. O petróleo e o


gás natural são exemplos de hidrocarbonetos.

INDÚSTRIA DO PETRÓLEO - Conjunto de actividades económicas relacionadas com a


exploração, desenvolvimento, produção, refinação, processamento, transporte, importação e
exportação de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados.

INDÚSTRIA PETROQUÍMICA - Indústria de produtos químicos derivados do petróleo. Os


produtos da indústria petroquímica incluem parafinas, olefinas, nafteno e hidrocarbonetos
aromáticos (metano, etano, propano, etileno, propileno, butenos, ciclohexanos, benzeno,
tolueno, naftaleno etc) e seus derivados.

INP – Instituto Nacional de Petróleos

LICITAÇÃO DE BLOCOS - Procedimento administrativo, de natureza formal, onde o INP


estabelece os requisitos técnicos, económicos e jurídicos que deverão ser obrigatoriamente
atendidos pelas empresas que se propõem a exercer actividades de exploração e produção de
petróleo e gás natural, mediante contratos de concessão.

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LÍQUIDO DE GÁS NATURAL (LGN) - Parte do gás natural que se encontra na fase líquida em
determinada condição de pressão e temperatura na superfície, obtida nos processos de
separação de campo, em UPGNs ou em operações de transferência em gasodutos.

MELHORES PRÁTICAS DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO - Práticas e procedimentos visando a


maximização da recuperação dos recursos petrolíferos de forma técnica e economicamente
sustentável e que estejam em consonância com a conservação e o uso racional de petróleo e
gás natural, controle do declínio das reservas e a preservação do meio ambiente.

MERCADO SPOT - Mercado no qual são negociadas quantidades marginais do produto, não
cobertas por contratos. O mercado spot considera a oferta e a demanda do produto no
momento da negociação de compra e venda, para entrega imediata.

MIREME - Ministério dos Recursos Naturais e Energia

OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico.

OFFSHORE - Localizado ou operado no mar.

ON-SHORE - Localizado ou operado em terra.

OPERADOR DA CONCESSÃO - Empresa legalmente designada pelo Concessionário para


conduzir e executar todas as operações e actividades na área de concessão, de acordo com o
estabelecido no contrato de concessão celebrado entre o órgão regulador da indústria do
petróleo e o Concessionário.

OPEP - ORGANIZAÇÃO DOS PAÍSES EXPORTADORES DE PETRÓLEO - Organização


multinacional estabelecida em 1960, com a função de coordenar as políticas de petróleo dos
países-membros. É formada pelos seguintes países-membros. Argélia, Líbia, Nigéria,
Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.

PESQUISA OU EXPLORAÇÃO - Conjunto de operações ou actividades destinadas a avaliar


áreas, objectivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural.

PETROBRAS - Petróleo Brasileiro S.A.

PETRÓLEO - Todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do


óleo cru e condensado; Do latim Petra (pedra) e Oleum (óleo). O Petróleo é uma substância
oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e de cor variando entre
o negro e o castanho escuro. O Petróleo consiste fundamentalmente de carbono, hidrogénio

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e quase sempre enxofre, sob a forma de hidrocarbonetos, isto é: os derivados já estão com os
arranjos químicos feitos pela natureza, portanto, prontos para serem separados nas
Refinarias.

PETRÓLEO BRENT - Mistura de petróleos produzidos no mar do Norte, oriundos dos sistemas
petrolíferos Brent e Ninian, com grau API de 39,4 (trinta e nove inteiros e quatro décimos) e
teor de enxofre de 0,34% (trinta e quatro centésimos por cento).

PETRÓLEO EXTRA-PESADO - Todo petróleo com densidade superior a 1,00 (ou grau API
inferior a 10°).

PETRÓLEO LEVE - Todo petróleo com densidade igual ou inferior a 0,87 (ou grau API igual ou
superior a 31°).

PETRÓLEO MEDIO - Todo petróleo com densidade superior a 0,87 e igual ou inferior a 0,92
(ou grau API igual ou superior a 22° e inferior a 31°).

PETRÓLEO PESADO - Todo petróleo com densidade superior a 0,92 e igual ou inferior a 1,00
(ou grau API igual ou superior a 10° e inferior a 22°).

PIB - Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas de cada país, em dólares.

RECEITA BRUTA DA PRODUÇÃO - Receita bruta da produção deduzidos os montantes


correspondentes ao pagamento de royalties, investimentos na exploração, custos
operacionais, depreciações e tributos directamente relacionados às operações do campo, que
tenham sido efectivamente desembolsados, na vigência do contrato de concessão, até o
momento da sua apuração, e que sejam determinados segundo regras emanadas do INP.

RECEITA LÍQUIDA DA PRODUÇÃO - Receita relativa a cada campo de uma dada área de
concessão, a receita bruta da produção deduzidos os montantes correspondentes ao
pagamento de royalties, investimentos na exploração, custos operacionais, depreciações e
tributos directamente relacionados às operações do campo, que tenham sido efectivamente
desembolsados, na vigência do contrato de concessão, até o momento da sua apuração, e que
sejam determinados segundo regras emanadas do INP.

RECURSOS - Volumes in situ de petróleo e gás natural potencialmente recuperáveis, a partir


de uma determinada data.

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REFINARIA DE PETRÓLEO - Unidade industrial que utiliza como matéria-prima o petróleo
vindo de unidade de extracção e produção de um campo, e que através de processos que
incluem aquecimento, fraccionamento, pressão, vácuo, reaquecimento na presença de
catalisadores, gera derivados de petróleo desde os mais leves (gás de refinaria, GLP, nafta) até
os mais pesados (bunker, óleo combustível), além de fracções sólidas tais como coque e
resíduo asfáltico.

REFINO OU REFINAÇÃO - Conjunto de processos destinados a transformar o petróleo em


derivados de petróleo. Ele começa pela destilação atmosférica, que consiste no
fraccionamento do óleo cru a ser processado em toda e qualquer refinaria. Tal operação é
realizada em colunas de fraccionamento, de dimensões variadas, que possuem vários estágios
de separação, um para cada fracção desejada. O petróleo, proveniente dos tanques de
armazenamento, é pré-aquecido e introduzido numa torre de destilação atmosférica. Os
derivados deste fraccionamento são, principalmente, gás, GLP, nafta, gasolina, querosene,
óleo diesel e resíduo atmosférico. Tais fracções, retiradas ao longo da coluna em seus vários
estágios de separação, deverão ser tratadas, para se transformarem em produtos finais, ou
ser enviadas como matéria-prima para outros processos de refinação, que as beneficiarão. O
resíduo atmosférico, fracção mais pesada obtida no fundo da torre de destilação atmosférica,
após novo aquecimento, é submetido a um segundo fraccionamento, agora sob vácuo, no
qual são gerados cortes de gasóleos e um resíduo de vácuo, conhecido como óleo
combustível. As fracções geradas na torre de destilação a vácuo são utilizadas como cargas de
outros processos de refinação que visam, principalmente, a obtenção de produtos de menor
peso molecular e maior valor agregado.

RESERVAS - Recursos descobertos de petróleo e gás natural comercialmente recuperáveis a


partir de uma determinada data.

RESERVAS POSSÍVEIS - Reservas de petróleo e gás natural cuja análise dos dados geológicos e
de engenharia indicam uma maior incerteza na sua recuperação quando comparada com a
estimativa de reservas prováveis.

RESERVAS PROVADAS - Reservas de petróleo e gás natural que, com base na análise de dados
geológicos e de engenharia, se estima recuperar comercialmente de reservatórios
descobertos e avaliados, com elevado grau de certeza, e cuja estimativa considere as

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condições económicas vigentes, os métodos operacionais usualmente viáveis e os
regulamentos instituídos pelas legislações petrolífera e tributária brasileiras.

RESERVAS PROVÁVEIS - Reservas de petróleo e gás natural cuja análise dos dados geológicos
e de engenharia indicam uma maior incerteza na sua recuperação quando comparada com a
estimativa de reservas provadas.

RESERVAS TOTAIS - Soma das reservas provadas, prováveis e possíveis.

RESERVATÓRIO - Configuração geológica dotada de propriedades específicas, armazenadora


de petróleo ou gás natural, associados ou não.

RESERVATÓRIO DE GÁS - Todo reservatório que contém hidrocarbonetos


predominantemente na fase gasosa.

RESERVATÓRIO DE PETRÓLEO - Todo reservatório que contém hidrocarbonetos


predominantemente na fase líquida.

ROYALTIES - Compensações financeiras pagas pelos concessionários, cujos contratos estão na


etapa de produção de petróleo ou gás natural, incluindo-se também os contratos que estão
na fase de exploração realizando testes de longa duração.

SEEPS – Zonas ou locais com indícios de petróleo ou gás natural.

SPE - Society of Petroleum Engineers.

TEP - Sigla de "tonelada equivalente de petróleo". Unidade de medida de energia equivalente,


por convenção, a 10.000 Mcal.

UPSTREAM - Actividades de exploração e produção da indústria de petróleo, podendo ser em


terra (on-shore) ou no mar (off-shore).

WEST TEXAS INTERMEDIATE (WTI) - Petróleo com grau API entre 38º e 40º e
aproximadamente 0,3% de enxofre, cuja cotação diária no mercado spot reflecte o preço dos
barris entregues em Cushing, Oklahoma, nos EUA.

XISTO BETUMINOSO - Xisto betuminoso é uma rocha sedimentar, normalmente argilosa,


muito rica em matéria orgânica (querogénio). Quando submetido a temperaturas elevadas, o
xisto betuminoso libera óleo, água e gás, e deixa um resíduo sólido contendo carbono.

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