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Angelina Gaudêncio Cuaela

Constantino Santana
Isanilde da Tifane Jafeth
Ludovina Natália Alberto
Salvador Maurício Quirimo

POLÍTICA ENERGÉTICA E O SECTOR DE PETRÓLEO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO
(Licenciatura em Direito)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Angelina Gaudêncio Cuaeila
Constantino Santana
Isanilde da Tiffany Jafete
Ludovina Natália Alberto
Salvador Maurício Quirimo

Política Energética e o Sector de Petróleo no Ordenamento Jurídico


Moçambicano

Trabalho de carácter científico do 2° Grupo da


Cadeira de Direito da Energia, destinado a fins de
avaliação a ser entregue no Departamento de
Direito, curso de Direito orientado pelo docente da
cadeira Dra. Luís Bonomar Júnior

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3

Objectivos do trabalho ...................................................................................................... 3

Objectivos Geral ........................................................................................................... 3

Objectivos Específicos .................................................................................................. 3

Metodologia .................................................................................................................. 3

1.Generalidades ................................................................................................................ 4

2. Política Energética no Ordenamento Jurídico Moçambicano ...................................... 5

2.1. Dos objectivos da política energética .................................................................... 6

3. Sector de Petróleos em Moçambique ........................................................................... 6

3.1. Do fundamento da Política Energética para o Sector de Petróleos em


Moçambique ................................................................................................................. 7

4. Protecção de recursos petrolíferos ................................................................................ 8

5. As rendas de cobrança de receitas ................................................................................ 9

5.1. Da perspectiva económica dos principais projectos de exploração de recursos


naturais .......................................................................................................................... 9

6. Projectos de desenvolvimento de recursos petrolíferos .............................................. 10

7. Análise do quadro legal relativo ao sector de petróleo ............................................... 13

7.1. Visão geral ........................................................................................................... 13

7.2. Quadro legal ......................................................................................................... 14

7.3. Lacunas na legislação do petróleo ...................................................................... 15

7.4. Recomendações de Melhoramento da legislação de petróleo.............................. 16

Conclusão ....................................................................................................................... 17

Bibliografia ..................................................................................................................... 18
3

Introdução
O presente trabalho é inerente a cadeira de Direito de Energia e esta subordinado ao
seguinte tema: Política Energética e Sector de Petróleo no ordenamento jurídico
moçambicano.

Pretendemos com o presente trabalho, discutir em torno das políticas e estratégias


energéticas e do sector de petróleo no ordenamento pátrio. Como se sabe, as políticas
são traçadas pelo governo no sentido de transformar a realizar, criar directrizes básicas.
No entanto é torno dessas políticas que o presente trabalho pretende discutir de forma
minuciosa. Aliás, a discussão será centrada no ordenamento jurídico moçambicano, isto
é, vamos recorrer a legislação energética, vigente em nosso ordenamento.

Objectivos do trabalho

Objectivos Geral
Compreender as políticas energéticas do sector do petróleo no ordenamento
moçambicano.

Objectivos Específicos
 Descrever as políticas energéticas relacionadas com o sector de petróleo;
 Abordar sobre a protecção de recursos petrolíferos;
 Descrever as rendas de cobranças de receitas;
 Apresentar os projectos de desenvolvimento de recursos;
 Analisar e apresentar as deficiências da legislação do petróleo,
 Discutir as lacunas da legislação do petróleo.

Metodologia
Para a concretização dos nossos objectivos, usar-se-ia os seguintes métodos:
bibliográfico, na medida em que vamos recolher informação existe nas diversas revistas
e sites electrónico; dedutivo, na medida em que partiremos em pensamentos maiores
para firmar a nossa ideia (menor) e; interpretativo, no sentido de interpretar a legislação
de petróleo para igualmente fortificar a nossa posição em torno da estrutura processual
ora vigente.
4

1.Generalidades
O Petróleo é a mais importante fonte de energia da actualidade, pois é através dele que
se possibilita a realização de inúmeras actividades. Ele é utilizado principalmente na
forma de combustíveis automotivos, como a gasolina e o óleo diesel, e também sendo
queimado no funcionamento das usinas termoeléctricas. Além disso, ele é uma
importante matéria-prima utilizada na fabricação de plásticos, tintas, borrachas
sintéticas e alguns outros produtos (SERRA, 2005, p. 12).

Trata-se de uma substância oleosa, altamente inflamável e de coloração negra ou


castanho escura, de origem fóssil e não renovável, ou seja, ele poderá deixar de existir
com o passar dos anos. Quimicamente falando, trata-se de um hidrocarboneto, pois é
constituído por átomos de hidrogénio e carbono.

Esse combustível é encontrado em zonas de bacias sedimentares, em camadas muito


abaixo da superfície, geralmente em regiões oceânicas. Para extraí-lo, constroem-se
plataformas petrolíferas que têm a missão de perfurar o solo e encontrar abaixo dos
mares essa importante substância. A profundidade em que ele se encontra varia muito,
em alguns casos ele se localiza imediatamente abaixo dos solos, o que facilita a sua
extracção, em outros casos ele é encontrado em profundidades mais elevadas.

Para entendimento de Serra (2005, p. 13) apesar de seu consumo ter diminuído ao longo
dos últimos anos, o petróleo ainda é considerado o recurso básico da sociedade
industrial contemporânea. É responsável por cerca de 35% do total de consumo de
energia no mundo, o que lhe garante a liderança em relação a outras fontes de energia.

Por conta de sua importância vital para o abastecimento de energia que garante o
funcionamento das sociedades, o petróleo é considerado um recurso natural extramente
estratégico. Isso significa que aqueles que o possuem, além de uma fonte de renda,
adquirem também um certo domínio de poder, pois muitas nações do mundo desejarão
adquirir esse recurso para abastecimento interno.

Actualmente, as maiores reservas petrolíferas no mundo – cerca de 60% - encontram-se


no Oriente Médio, uma região localizada no continente asiático, bem próxima à Europa
e ao norte da África. Por conta disso, inúmeros desentendimentos geopolíticos
ocorreram e ainda ocorrem nessa região, a maioria deles envolvendo ou tendo a
5

participação dos Estados Unidos da América (EUA), que são bastante dependentes do
petróleo para se desenvolverem1.

Os EUA estão entre os maiores produtores de petróleo, mas são também aqueles que
mais consomem, de modo que sua produção interna não é capaz de dar conta de todo o
seu consumo, o que o faz intervir politicamente em outras regiões a fim de conseguir
melhores acordos comerciais para garantir a compra com preços menos elevados.

Actualmente Moçambique é o terceiro país lusófono africano a explorar este recurso


natural.

A Estratégia para a Concessão de Áreas para as Operações Petrolíferas, publicada em 8


de Junho de 2009, refere que as bacias sedimentares nacionais oferecem áreas com forte
potencial para a ocorrência de petróleo. A bacia de Moçambique, com 300.000 km2,
possui uma densidade de cerca de 1 furo por 8.000 km2 em terra, e de 1 furo por 17.000
km2 no mar, enquanto que a de Rovuma, com 60.000 km2 possui uma densidade de 1
furo por 17.000 km2 em terra e nenhum furo no mar.

O elevado potencial de Moçambique encontra-se, assim, por explorar, sendo uma das
bases da estratégia do sector energético do país o incitamento ao investimento em
projectos de reconhecimento, pesquisa e produção de hidrocarbonetos, ajudando a
sustentar o decréscimo da pobreza nacional nomeadamente através da criação de infra-
estruturas para o fornecimento de energia a centros populacionais, também o
desenvolvimento da indústria de refinação no país, evitando a elevada importação de
combustíveis, com efeitos negativos na balança económica nacional, que se tem
verificado . Esta actuação procura a diversificação da matriz energética.

2. Política Energética no Ordenamento Jurídico Moçambicano


A política energética foi aprovada através da resolução no 5/98 de 3 de Março. Este
instrumento foi aprovado no âmbito da necessidade de aprovação do principal quadro
sectorial e tendo em vista a materialização do programa quinquenal do governo.

Assim, consta da nota introdutória da política energética o seguinte ponto fundamental:

1
De acordo com estudo disponível em https://escolakids.uol.com.br/geografia/petroleo.htm
6

O aproveitamento dos recursos energéticos caracterizou sempre, ao longo da


História, as etapas mais decisivas do desenvolvimento humano, constituindo o
consumo per capita de produtos equivalentes de petróleo indicadores do grau de
desenvolvimento de um pais.

2.1. Dos objectivos da política energética


Conforme o ponto 2 da política energética, os objectivos desta são:

 Assegurar o fornecimento fiável de energia, ao mais baixo custo possível, por


forma a satisfazer os níveis actuais de consumo e as necessidades do
desenvolvimento;
 Aumentar a disponibilidade de energia para o sector domestico em particular
carvão, mineral, petróleo de iluminação, gás e electricidade;
 Reforçar a capacidade institucional das principais agências fornecedoras de
energia, para melhorar o seu desempenho;
 Aumentar as exportações dos produtos energéticos
 Melhoraria da eficiência na utilização da energia;
 Promoção dum sector empresarial mais eficiente, dinâmico e competitivo.

3. Sector de Petróleos em Moçambique


O governo promove o desenvolvimento da indústria de refinação de petróleos onde os
estudos pertinentes demonstrarem ser a localização mais vantajosa. Neste processo
merecera tratamento preferencial uma solução que valoriza o património da antiga
refinaria da Matola, incluindo pela via da sua alienação.

Quanto aos produtos derivados do petróleo a política do governo visa melhorar a


eficiência na importação, armazenagem e consumo, bem como promover alternativas
internas através de:

 A manutenção do sistema unificado de importações dos produtos derivados de


petróleo;
 Promover maior competitividade entre empresas envolvidas na distribuição;
 Promover e apoiar a reexportação dos produtos petrolíferos para a região.

Considerando ainda que, relativamente aos derivados do petróleo, as principais fontes


geradoras de moeda, externa são os bunkers internacionais e o transito de produtos para
7

os países vizinhos, serão acelerados os trabalhos de reabilitação de infra-estruturas e


reforçada a eficiência e competitividade na prestação de serviços nas instalações
portuárias, de armazenagem e de transporte de produtos petrolíferos em Maputo, Beira e
Nacala.

O governo incentivara ainda a pratica de actividade de distribuição de produtos


petrolíferos em Moçambique por companhias de petróleo que garantem a manutenção
de elevados padrões de qualidade, das normas técnicas, de segurança e metrologia
especificas da indústria do petróleo, envolvendo de preferência agentes nacionais e
assegurando uma boa cobertura geográfica do.

Igualmente o governo estimula, em particular, a distribuição de petróleo de iluminação


nas zonas rurais.

3.1. Do fundamento da Política Energética para o Sector de Petróleos em


Moçambique
O interesse da exploração dos recursos naturais (em especial aos recursos petrolíferos) é
nacional, razão pela qual, não é de se estranhar que a constituição da república
estabeleça o seguinte:

Os recursos naturais situados no solo e no subsolo,, nas águas


interiores, no mar territorial, na plataforma continental e na zona
económica exclusiva são propriedade do Estado.

Artigo 98, no 1 da Constituição da República

Aliás, a mesma ideia é também estabelecida no art. 6 da lei de petróleos que Todos os
recursos petrolíferos enquanto recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas
interiores, no mar territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva,
são propriedade do Estado

O mesmo diploma legal, estabelece no art. 7 que, o Estado reserva‐se ao direito de


participar nas operações petrolíferas em que estiver envolvida qualquer pessoa jurídica,
e esta pode ocorrer em qualquer fase das operações petrolíferas nos termos e condições
a serem estabelecidos por contrato.

Não só, a política energética para o sector de petróleo tem o seguinte fundamento:
8

 Produção de recursos petrolíferos de forma optimizada e sustentável;


 Assegurar a renda e cobrança de receitas;
 Estimular o desenvolvimento industria;
 Assegurar um sistema regulador e administrativo eficiente;
 Assegurar a implementação de projectos de desenvolvimento de recursos
petrolíferos.

4. Protecção de recursos petrolíferos


Com vista a protecção de recursos petrolíferos, o principal instrumento legal de petróleo
(neste caso a lei do petróleo) impõe no artigo 23, aos titulares dos direitos de realização
de operações petrolíferas o dever de observância das boas práticas relativas a campos
petrolíferos e determina algumas obrigações ambientais das quais se destacam:

a) Realização do estudo do impacto ambiental (neste âmbito assegurar medidas para


evitar danos ou destruições ecológicas ou, quando inevitáveis, adequa-los aos padrões
internacionalmente aceites);

b) Controlar o fluxo e evitar a fuga ou perda de petróleo;

c) Evitar a danificação do reservatório do petróleo;

d) Evitar a destruição de terrenos, lençol freático, árvores, culturas, edifícios e outras


infra-estruturas e bens;

e) Limpar o local após as operações e cumprir os requisitos para restauração do


ambiente;

f) Garantir a segurança do pessoal na planificação e realização das operações


petrolíferas;

g) Reportar às entidades competentes sobre o número de descargas operacionais e


acidentais, derrames, desperdícios e perdas resultantes das operações;

h) Garantir um destino seguro para águas poluídas e desperdícios de petróleo, bem


como, o encerramento seguro de todos os furos e poços antes do seu abandono.
9

5. As rendas de cobrança de receitas


O pagamento ou a apropriação de rendas do petróleo por entes governamentais justifica-
se por dois princípios básicos da Ciência Económica: escassez e externalidades.

Com relação à escassez, deve-se ter em mente que o petróleo é um recurso não-
renovável, ou seja, que não possui um ciclo natural de renovação em um horizonte de
tempo finito. Assim sendo, ele representa um estoque de capital à disposição da
sociedade. À medida que a produção petrolífera ocorre, esse estoque se deteriora
fisicamente (depleta-se). Desta forma, a captura de rendas do petróleo a partir da
cobrança de royalties representa uma compensação, ao proprietário de um activo, pela
depreciação do seu estoque de capital, conforme a produção se desenrola. A apropriação
deste tipo de compensação também é justificada como forma de garantia do bem estar
intergeracional, visto que os recursos depletados não estarão à disposição das gerações
futuras.

Serra (2005, p. 134) e Bregman (2007, p. 178) defendem ainda a utilização de rendas
governamentais para a captura das rendas extraordinárias muito comuns na indústria
petrolífera e que, na inércia do poder concedente, serão apropriadas pelas empresas
concessionárias.

De acordo com art. 37 da lei de petróleo a Capitalização das receitas cabe à Assembleia
da República, cabendo este órgão, definir um mecanismo de gestão sustentável e
transparente das receitas provenientes da exploração dos recursos petrolíferos do país,
tendo em conta a satisfação das necessidades presentes e as das gerações vindouras.

5.1. Da perspectiva económica dos principais projectos de exploração de recursos


naturais
As estimativas feitas, por exemplo, pelo Standard Bank (2014, 2019) consideram um
preço acima da média em torno de 10 USD/mpc para os dois projectos nos seguintes
cenários:

a) O projecto na Área 1, liderado pela empresa Anadarko Petróleo Corporation (APC),


poderá, ao preço de USD 12/mpc, gerar receitas anuais entre USD 1,5 mil milhões e
USD 17,8 mil milhões nos primeiros 16 anos. Os seus custos operacionais rondam entre
USD 120 milhões e b)
10

b) O projecto da área 4, liderado pela Eni East Africa, ao preço variável de USD 8,93
a USD 10,99 por milhar de pés cúbicos (mpc), poderá gerar receitas entre USD 2,56 mil
milhões e USD 8,37 mil milhões nos primeiros 16anos de funcionamento. Os custos
operacionais estarão entre USD 370 milhões e USD 600 milhões, enquanto o
investimento total do projecto poderá atingir USD 55 mil milhões. USD 1,5 mil milhões
e o investimento total do projecto é de USD 32,8 mil milhões.

Recorrendo aos dois cenários de receitas e despesas dos projectos, o Standard Bank
estimou que Moçambique poderá receber em impostos, comissões e bónus até cerca de
USD 211 mil milhões no primeiro projecto e USD 100 mil milhões no segundo projecto
(Standard Bank, 2014, pp. 52–58, 2019, pp. 22–25).

Segundo a revista IDeIAS do IESE (2020) a soma das receitas fiscais dos dois
projectos permite prever uma receita global de cerca de USD 200 mil milhões para o
tempo de vida útil dos projectos aos preços previstos de 12 USD/mcp e 8-11 USD/mpc
para o primeiro e o segundo projecto, respectivamente. Assumindo que a exploração do
gás poderá decorrer por um período de 30 anos, os USD 200 mil milhões permitem
prever uma receita anual média de USD 6,6 mil milhões para o Estado. Este valor
corresponde a 132% do actual despesa do Estado que já conta com um défice de cerca
de USD 1,5 mil milhões. Visto que, pela proposta do FS, 50% das receitas do gás
poderão ser alocadas ao orçamento público e a outra metade para a poupança (FS),
pode-se inferir que o FS poderá ter receitas médias anuais de quase USD 3,3 mil
milhões. Este montante, durante 30 anos corresponde a uma receita total de quase USD
99 mil milhões.

6. Projectos de desenvolvimento de recursos petrolíferos


A indústria moçambicana de petróleo e gás encontra-se num momento singular da sua
história. Com a exploração de diferentes reservas, o país prepara-se para um grande
salto na produção de petróleo e gás.

Segundo Superbrends, as recentes descobertas de Hidrocarbonetos, colocaram


Moçambique entre os 13 países com as maiores reservas de Gás Natural do mundo, o
que levou o país a ser um dos mais novos países produtores de hidrocarbonetos. Foram
11

descobertos cerca de 128 Bilhões de pés cúbicos de Gás Natural, o que torna
Moçambique na 3ª Maior Reserva do Continente Africano2.

Considerado um mercado promissor, Moçambique tem recebido altos investimentos de


marcas multinacionais desse ramo. Elas destacam o potencial de desenvolvimento local
e as oportunidades no sector de infra-estrutura, como alguns dos diferenciais de
Moçambique. Fazemos aqui uma referência de alguns projectos vigentes em
Moçambique e suas respectivas marcas de acordo com a revista Superbrends:

▪A Anadarko Moçambique, é a operadora da área 1 da Bacia do Rovuma com 26.5%


de interesse participativo. O Contrato de Concessão para Pesquisa e Produção foi
assinado a 1 de Dezembro de 2006, tendo as actividades de pesquisa levado à
descoberta de gás natural do Campo Golfinho/Atum na ordem de 31,3 Triliões de pés
cúbicos.

▪ A ExxonMobil é uma multinacional de petróleo e gás de capital aberto, que usa


tecnologia e inovação de modo a atender às crescentes necessidades energéticas do
mundo. Em Moçambique, a ExxonMobil detém uma participação indirecta de 25% na
Área 4, da Bacia do Rovuma em Cabo Delgado e lidera a construção e operação de
todas as futuras instalações de liquefacção de gás natural e instalações relacionadas a
Área 4.

▪ A Ente Nazionale Idrocarburi S.p.A. (ENI), é uma multinacional petrolífera


presente em mais de setenta países, e actualmente é considerada a maior companhia
industrial italiana. Em Moçambique a Eni actua desde 2006, com actividades de
Exploração e Produção. Em particular, nesta área, a italiana obteve a aprovação do
Plano de Desenvolvimento da Descoberta dos Corais, no offshore de Moçambique, pelo
Governo de Moçambique. Em dezembro de 2017, a Eni e a ExxonMobil fecharam a
venda de uma participação indireta de 25% da Área 4, da Bacia do Rovuma, através de
uma venda de participação de 35,7% na Eni East Africa (EEA).

▪ Mozambique Rovuma Venture, S.p.A – MRV, nasce da união de três grandes


empresas multinacionais: a italiana Eni, a norte-americana ExxonMobil e a chinesa
CNPC. Trata-se duma marca que pretende através da sua experiência colocar

2
Disponível em https://superbrands.co.mz/o-avanco-da-exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas-natural-
em-mocambique-contribuicao-das-marcas-que-operam-no-pais/
12

Moçambique na rota internacional da produção de Gás Natural. Muito mais do que


impulsionar a economia nacional, o modelo operacional desenhado para a
implementação do projecto, possibilitará o progresso e desenvolvimento de
Moçambique.

▪ Empresa Nacional de Hidrocarbonetos-ENH, é uma entidade do Estado


Moçambicano responsável pela pesquisa, prospecção, produção e comercialização de
produtos petrolíferos e representa o Estado nas operações petrolíferas. Criada em 1981,
a ENH tem ajustado a sua estrutura empresarial às necessidades da indústria e do
mercado nacional e internacional, afirmando-se como um grupo empresarial com
competência para participar em todas as operações petrolíferas e nas respectivas fases
das actividades de pesquisa, exploração, produção, refinação, transporte,
armazenamento e comercialização de hidrocarbonetos e dos seus derivados.

▪ A Sasol é uma marca internacional de energia e química estabelecida em 1950 e figura


entre uma das maiores empresas produtoras de combustíveis a nível mundial. Em
Moçambique, a Sasol funciona com a designação de Sasol Petroleum International
(SPI), efectua o desenvolvimento e a gestão da exploração e produção de petróleo e gás
da Sasol em Moçambique, na África do Sul e em outros países. Em 2003, a Sasol levou
a cabo uma intensa campanha de perfuração que incluía furos de pesquisa e produção
sobre o jazigo de Pande-Temane que resultou na expansão das reservas e descoberta do
campo de Gás de Inhassoro.

7. A Galp é um grupo de empresas portuguesas que actuam no sector de energia. É


detentora da Petrogal e da Gás Portugal, sendo hoje um grupo integrado de produtos
petrolíferos e gás natural, com actividades que se estendem desde a exploração e
produção de petróleo e gás natural, à refinação e distribuição de produtos petrolíferos.
Actualmente, a Galp Energia detém 10% de participação do plano de desenvolvimento
do projecto de produção e venda de gás natural proveniente do Coral Sul, na Área 4,
localizada na bacia Rovuma, em Moçambique.

▪ A Corporação Nacional de Petróleo da China-CNPC é uma petrolífera chinesa,


fundada em 1988, resultante do processo de reforma do sector petrolífero chinês e do
fim do controle directo pelo Ministério do Petróleo da China. Em Moçambique, a
CNPC é parceira na Área 4 da Bacia do Rovuma, onde a empresa chinesa adquiriu uma
participação indirecta em 2013, através da Eni.
13

Desde 2010, Moçambique tem vindo a assistir um novo cenário no que diz respeito à
pesquisa de hidrocarbonetos. Com o início das primeiras descobertas de gás na Bacia do
Rovuma, através da marca americana Anadarko e posteriormente pela marca italiana
ENI, cujos recursos estão actualmente na ordem dos 180Tpc (trilhões de pés cúbicos de
gás), Moçambique foi colocado na lista dos maiores produtores de Gás no Mundo.

▪ ONGC Videsh Ltd (OVL), é uma empresa do grupo indiano ONGC. A empresa
possui actualmente cerca de 38 projectos de petróleo e gás em 17 países, incluindo
Moçambique, Vietnã, Rússia, Sudão, Sudão do Sul, Irã, Iraque, Líbia, Mianmar, Síria,
Brasil, Colômbia, Venezuela, Cazaquistão, Azerbaijão, , Bangladesh e Nova Zelândia.
Em Moçambique a empresa pretende investir mais 3 mil milhões de dólares na
exploração e aproveitamento de gás natural na Área 1.

▪ PTT Exploration an Production Pcl (PTTEP), é uma empresa de origem tailandesa


que opera no ramo da exploração e produção de petróleo. O grupo estatal tailandês
adquiriu em 2012 a empresa irlandesa Cove Energy, que dispunha de uma participação
de 8,5% da Área 1 da bacia do Rovuma, norte de Moçambique.

7. Análise do quadro legal relativo ao sector de petróleo

7.1. Visão geral


Para assegurar uma gestão ambiental sonante do sector extractivo, os governos
nacionais criaram uma série de legislações, desde disposições constitucionais à
regulamentos e instruções operacionais.

Segundo o estudo da UNEP (2018, p. 31) em Moçambique, bem como em muitos países
onde a indústria de petróleo e gás tem uma importância estratégica desproporcional, é
importante que seja criada legislação específica, orientada especialmente para a
indústria. A presença da referida legislação específica implica que os legisladores
reconheceram a importância da questão, por conseguinte, isso permite aos funcionários
públicos usar a disposições legais como justificação para buscarem recursos adicionais e
apoio político para implementar as acções constantes na legislação.

O grupo realizou uma breve revisão de toda a legislação relevante em Moçambique,


com referência para a gestão ambiental, aplicável às actividades do sector de petróleo e
gás ao montante. Seguidamente, comparou-se o actual estágio da legislação com o que
14

se considera boas práticas internacionais, baseado na experiência de outros países


produtores de petróleo com sistemas legais devidamente estabelecidos.

Como se pode denotar da lista de quadros legais (Tabela 1), Moçambique tem um
quadro legal abrangente para apoiar a gestão ambiental no sector de petróleo e gás. As
principais lacunas dizem respeito a:

 Estabelecimento de AAE para o sector de petróleo e gás (e outros);


 Gestão das emissões de ar das instalações de petróleo e gás e durante a
exploração;
 Gestão dos solos/poluição, e poluição sonora;
 Uso de dispersantes para derrames de petróleo; e
 Procedimentos e orientação para desactivação.

7.2. Quadro legal

Dispositivo legal Ano de Aprovação Situação

Constituição da República de Moçambique 2004 Em vigor

Lei do petróleo 2014 Em vigor

Lei de Ambiente 1997 Em vigor

Política Nacional de Energia 1998 Em vigor

Lei das Operações de Petróleo e Gás à Montante 2014 Vigente

Lei de Terras 1997 Vigente

Política de Recursos Minerais 2013 Em vigor

Lei de Minas 2014 Em vigor

Política Nacional e Estratégia para Biocombustíveis 2009 Em vigor


Resolução
15

7.3. Lacunas na legislação do petróleo


Embora a legislação de petróleo haja referencia a boas práticas internacionais e
alinhamento com as convenções, nota-se a ausência de detalhes específicos, tais como
níveis permissivos de descarga de certos contaminantes que deveriam ser incluídos em
regulamentos futuros, alinhados com padrões internacionais3.

Muitas das empresas sujeitam-se aos padrões internacionais para poderem satisfazer os
requisitos das instituições de crédito, tais como os requisitos estabelecidos pela
Corporação Financeira Internacional (CFI).

A indústria e o sector privado de petróleo levantaram a questão da necessidade de


fortalecer a legislação nacional e implementa-la mais exaustivamente e realçaram esta
questão como um desafio chave para as instituições nacionais. Contudo, a potencial
desvantagem (e preocupação) de possuir leis demasiado prescritivas foi levantada pelo
sector privado, em termos de potencial para um mau alinhamento com os padrões
internacionais.

A necessidade de diálogo entre o Governo e o sector privado também foi sublinhado


como sendo importante para a integração do desenvolvimento de legislação eficiente.

De acordo com os estudos, houve consenso, segundo o qual a legislação, pese embora
faltem alguns aspectos, no geral é abrangente, e em alguns casos, muito efectiva.
Ademais, foi planeada uma actualização do Governo, particularmente em relação as
directrizes para os resíduos de perfuração e água produzida, de modo a acompanhar a
nova legislação (UNEP, 2018, p.35). Entretanto, outras áreas de jurisdição e/ou
operações são actualmente inadequadamente cobertas com o ambiente marinho,
particularmente relevante para as operações de petróleo e gás offshore, sobre
disposições para espécies migratórias e biodiversidade importante fora das áreas
protegidas. Existe alguma preocupação com muitos aspectos sócio económicos, para
além dos regulamentos para o reassentamento, estarem igualmente cobertos de forma
ténue.

O alcance prático das disposições relativamente novas, tais como a Lei dos Petróleos,
não será exaustivamente conhecidas até que sejam aprovadas, por decreto, directrizes

3
UNEP. (2018). Avaliação das necessidades de capacitação institucional para fortalecimento da gestão
ambiental no sector de petróleo e gás em Moçambique. p. 34
16

aplicáveis aos projectos de gás natural. Há necessidade de verificar os últimos


regulamentos de petróleo e gás, e é importante estabelecer a situação da legislação
relevante em preparação ou sob revisão.

Embora alguns itens da legislação incluam elementos relevantes para a indústria de


petróleo e gás, sobre alguns itens importantes, tais como taxas, existem diferenças
consideráveis. Por exemplo, a quantia requerida pelas operadoras de petróleo e gás para
pagamento ao Governo pelo processo de AIA, dependendo se a empresa segue a
legislação no âmbito do Instituto Nacional de Petróleo (INP) ou sob o MITADER.
Existe falta de alinhamento entre os regulamentos do AIA e o regulamento das
instituições petrolíferas.

Este exemplo específico, foi citado várias vezes durante o estudo de ANC. O MAGTAP
(MIREME, 2017) identificou igualmente a necessidade de revisão e actualização da
legislação relativa ao sector de petróleo e gás.

7.4. Recomendações de Melhoramento da legislação de petróleo


(a) Realizar uma revisão abrangente da legislação e onde for necessário actualizar a
legislação relevante de modo a incluir aspectos de petróleo e gás. O enfoque
inclui abordar as inconsistências e omissões, sobre as emissões desde a
exploração e produção de petróleo e gás, regulamentos para a gestão dos
solos/poluição, poluição sonora, regras sobre o uso de dispersantes para
derrames de petróleo e para a descativação;
(b) Desenvolver consciencialização sobre petróleo e gás no seio dos legisladores e
conhecimentos técnicos no seio dos MDAs que fornecem informação aos
legisladores
durante a elaboração e discussão da legislação.
(c) Examinar e abordar a razão das discrepâncias e falhas na implementação da
legislação relevante para as actividades de petróleo e gás
(d) Abordar os mandatos institucionais sobrepostos, bem como as lacunas entre as
diversas entidades, específicas aos aspectos ambientais do sector de petróleo e
gás.
17

Conclusão
Chegado até este ponto, depois de ter vista o quadro teórico importa destacar
essencialmente que, o legislativo do sector de petróleo não corresponde a nova dinâmica
da sociedade. Diga-se que, é um quadro relativo já o ultrapassado, com visões um pouca
atenorarias.

Mas embora, o quadro legislativo na acompanhe a dinâmica social ele é bastante amplo,
ele prevê por exemplo na política e estratégia energética, situações legitimas e
igualmente apresenta uma visão bastante abrangente que reflecte a verdadeira
necessidade do sector de petróleo.

Voltando a ponto anterior, nos entendemos que há necessidade de uma revisão do


quadro do sector de petróleo e não, mas sim de todo quadro ambiental. Porque
percebemos esta situação como uma fragilidade do Estado nesses sectores tão
importantes para o desenvolvimento económico dos pais.

Pois se, se optar pelo contrário que esta acima exposta, então, é entregar a sua sorte os
recursos naturais no geral que são de muita impotência para desenvolvimento do país.

Contudo, defendemos veementemente que o quadro legislativo do sector de energia,


precisa de uma revisão, pontual e profunda, pois é altamente inconcebível que estejamos
a usar políticas e legislações aprovadas no final da década 90, que aliás foi aprovada no
âmbito do quadro do programa quinquenal daquele período.
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Bibliografia
Doutrina

BREGMAN, D (2007). Um Estudo sobre a Aplicação dos Royalties Petrolíferos no


Brasil. Brasília: ESAF;
SERRA, R. V (2005). Contribuições para o Debate Acerca da Repartição dos Royalties
Petrolíferos no Brasil. Campinas.

Revistas e sites electrónicos

IESE. (2020) Perspectiva económica do fundo soberano e principais desafios do


sistema de gestão das finanças públicas em Moçambique;
Standard Bank. (2014). GNL em Moçambique: Estudo Macroeconómico. Standard
Bank Moçambique;
Superbrans (2018). Avanço da exploração e produção de petróleo e gás natural em
Moçambique. Disponível em https://superbrands.co.mz/o-avanco-da-exploracao-
e-producao-de-oleo-e-gas-natural-em-mocambique-contribuicao-das-marcas-
que-operam-no-pais/ acesso em 9 de Maio;

UNEP. (2018). Avaliação das necessidades de capacitação institucional para


fortalecimento da gestão ambiental no sector de petróleo e gás em Moçambique;

ESK (2016). Petróleo: Noção Geral. Disponível em


https://escolakids.uol.com.br/geografia/petroleo.htm Acesso em 7 de Maio de
2022

Legislação

República de Moçambique, Boletim da República. Constituição da República de


Moçambique. In: Boletim da República, 2004, de 22 de Dezembro de 2004);
Lei do Petróleo. Aprovada pela lei 21/2014 de 18 de Agosto. Boletim da República. I
Série, numero 66;
Política Energética. Aprovada pela Resolução 5/98 de 3 de Março. Conselho de
Ministros. IV Série 28.

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