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Durante séculos seguidos a Bíblia ficou na situação ambígua de ser a narração dos fatos em
que a Igreja colocava sua fé salvadora e ao mesmo tempo o livro virtualmente desconhecido.
Desde os séculos V e VI depois de Cristo, quando Jerônimo traduziu a Bíblia do hebraico e
grego para o latim, até o trabalho pioneiro de Wycliffe e Lutero, a Bíblia foi destinada a ser
cada vez menos lida e entendida. O latim, que há 1500 anos atrás foi a língua do povo d
Europa ocidental, transformou-se num véu cada vez mais espesso para os povos que
falavam as línguas românicas, italiano, espanhol, francês, português e outras. A vantagem do
latim se baseava na possibilidade de manter comunicação entre povos que falavam línguas
distintas. Por outro lado, os analfabetos, que constituíam a maioria da população européia,
não entendiam o latim.
A Vulgata, traduzida por Jerônimo, era a versão aceita oficialmente pela igreja Católica
Romana, mas o conteúdo das suas páginas ficou desconhecido pela maioria. Assim se deu a
oportunidade de criar e aumentar as tradições dogmáticas sem interferência séria da Bíblia.
A própria Igreja Romana achou por bem seqüestrar a Bíblia do povão. Dessa maneira os
ensinamentos do magisterium (órgão oficial para a determinação do ensino bíblico aceitável à
Igreja) se transformaram “no que a Bíblia disse”, segundo os mestres autorizados pela
hierarquia em Roma.
Paulatinamente, na era das trevas, ou período medieval, a Bíblia ficou cada vez mais distante
do povo – era vista apenas na biblioteca dos mosteiros e das universidades ou entre as
pessoas de recursos. Quem teria coragem de colocar em dúvida as interpretações
eclesiásticas oficiais? Quem quer que fosse e publicamente desafiasse as tradições era
tachado de “herege” e morto ou banido juntamente com suas obras.
Assim, duas barreiras ofuscavam a mente do “cristão” típico antes da Reforma do sáculo XV:
1) A língua latina que não se entendia. 2) Uma ameaça física e espiritual, efetivamente
obscureceu as mentes dos católicos. Torturas e martírio pela fogueira intimidavam qualquer
interessado no restabelecimento da religião bíblica como aconteceu com Jan Hus e
Savanarola. Muitos certamente discerniam os interesses humanos que os principais líderes
da Igreja tinham para manter os membros dependentes e obedientes às ordens eclesiásticas.
Além destas formidáveis barreiras que mantiveram os católicos na ignorância das Escrituras,
houve mais uma: a produção de livros dependia de papel rude e caro, chamado papiro. Aos
poucos foi sendo substituído por pergaminho, feito de peles de ovelhas e cabras, por volta do
Como seria possível buscar nela o amor de Deus e a Sua perfeita vontade? A Reforma é que
fez dela um livro popular. Foi a convicção de que a Bíblia traz ao coração fiel a legítima
Palavra de Deus que tornou os reformadores ousados na insistência em que o Livro fosse
aberto todos os homens.
“É uma espécie de impiedade não ler aquilo que por nós e para nós escreveu a mão do
próprio Deus. Que ninguém incorra nesta falta, tendo ao seu alcance a leitura da Bíblia.”,
afirmou Santo Agostinho.
“Quero saber de uma só coisa – o caminho para o Céu; como desembarcar em segurança
nessa praia feliz. O próprio Deus dignou-se em ensinar-nos o caminho: foi com essa
finalidade que Ele desceu do Céu. Escreveu as instruções em um livro. Ó, dê-me esse livro! A
qualquer preço, dê-me o livro de Deus! Eu o tenho: tem conhecimento suficiente para mim.
Quero ser um homem de um só livro.”, expressou John Wesley.
Você tem em sua própria língua um livro de texto e de devoção que encerra o programa todo
de Deus, uma espécie de enciclopédia que fornece toda sorte de informação teológica
necessária, um manual de avaliação que mostra a diferença entre o certo e o errado.
A Bíblia foi escrita para pessoas comuns. Se desejarmos ser crentes felizes, vitoriosos e
frutíferos, teremos que nos alimentar regularmente da Palavra de Deus.1 Depois que nos
convencemos de que podemos estudar a Palavra de Deus por nós mesmos, a nossa vida
espiritual toma uma nova dimensão.
Deus quer encontrar você pessoalmente na Sua Palavra. Você tem o direito de estudar pó si
mesmo. O pastor Gordon MacDonald avaliou: “Os pastores gastam muito tempo estudando a
Bíblia para o seu povo... Francamente, uma das minhas maiores tristezas em 25 anos de
pregação é que acho que não ensinei os membros da minha congregação a estudarem a
Bíblia sozinhos, seja individualmente ou em grupo. Penso que fui um pregador relativamente
1
Uma pesquisa Gallup nos EUA, na década de 1990, mostrou que embora 82% dos americanos acreditem que a Bíblia é a
palavra “literal” ou “inspirada” de Deus, só 21% estão envolvidos no estudo bíblico. (Citado por James C. Denison. 7
Questões Cruciais sobre a Bíblia. Bom Pastor Editora, 1995, p. 239.
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bom. As pessoas faziam anotações e aceitavam bem o que eu pregava. Julgo então que a
minha pregação estava definitivamente satisfazendo uma necessidade. Mas agora, quando
olho para trás, sinto que eu estava estudando a Bíblia pelas pessoas. Estamos avançando
para um ponto onde existem apenas alguns comunicadores fortes estudando a Bíblia por nós
todos. O que deveria ter feito é ajudá-los a compreender como eu estudei e como eles
podiam aprender a estudá-la por si mesmos.”2
Iluminação e Convicção.3 O conhecimento dos cristãos a respeito das coisas divinas é mais
do que um conhecimento das palavras e das idéias teológicas da Bíblia. É uma compreensão
da realidade e da relevância das obras de Deus testemunhadas pelas Escrituras. O “homem
natural” (I Co 2:14), que não tem o Espírito, mesmo que esteja familiarizado com idéias
cristãs, ainda padece da falta dessa compreensão mais profunda e é como um cego que
conduz outro cego (Mt 15:14). Só o Espírito Santo, que “a todas as coisas perscruta, até
mesmo as profundezas de Deus” (I Co 2:10), pode levar essa compreensão às mentes e
corações obscurecidos pelo pecado. Isto é chamado de “entendimento espiritual”, porque é
uma compreensão dada pelo Espírito Santo (Cl 1:9; cf. Lc 24:25; I Jo 5:20). Aqueles que,
além de um conhecimento correto das Escrituras, possuem “unção que vem do Santo...” e
conhecem todas as coisas (I Jo 2:20).
Embora a iluminação pelo Espírito comece o processo ou seqüência da salvação (Hb 6:4;
10:32), ela continua durante toda a vida do crente. O Espírito Santo conduz-nos a uma mais
profunda compreensão de Deus (Jo 16:13), levando-nos tanto ao arrependimento dos
pecados que cometemos quanto à segurança da graça de Deus e à certeza da nossa eleição.
Recebemos essa iluminação através do ministério da Palavra, da oração e da meditação a
respeito de Deus e de sua revelação e do esforço para viver nossa vida de modo coerente
com a revelação.
2
Citado por James Denison. 7 Questões Cruciais da Bíblia. Editora Bom Pastor, p. 86.
3
Bíblia de Estudo de Genebra, pág. 1348.
2. A Bíblia é um livro igualmente humano e divino. Os cristãos não procuram ocultar sua
natureza humana. Sabemos que ela foi escrita por homens e que não desceu do Céu numa
bandeja de ouro. Todavia, também cremos que os homens que a escreveram estavam sob a
inspiração de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus nos é dada nas
palavras desses autores humanos e por meio delas.
4. A Bíblia é tanto histórica quanto contemporânea. É um livro arraigado nas culturas, nas
línguas e nas tradições da Antigüidade. Mesmo assim é também um livro poderoso para tocar
a vida dos leitores de hoje (Mt 24:35).
6. A Bíblia é singular em sua universalidade cósmica (reflete a glória de Deus sobre todo o
universo) e em sua universalidade social (dirige-se a todos os membros da sociedade
humana, a povos de todas as raças). É singular no impacto histórico, quanto à iniciativa de
Deus, ao poder de Deus e à vitória de Deus na história: é o único livro que descreve uma
história mundial com início e conclusão definidos no ato divino de revelação. A história é a
estrada que vai do primeiro jardim do Éden à gloriosa cidade chamada Nova Jerusalém. É
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singular na comunicação: compreendida pela fé e compreendida pela iluminação. E nos
confronta com a vontade de Deus para nossa vida. Temos de decidir favoravelmente ou
contra a mensagem que recebemos.
8. A Bíblia é tanto um livro simples quanto complexo. As crianças podem desde cedo
começar a estudá-la e a amá-la, e milhões de crianças o fazem. Mas alguns dos mais
capacitados estudiosos em todo o mundo gastam a vida inteira estudando a Bíblia e mesmo
assim confessam ter somente um conhecimento superficial desse livro maravilhoso. A Bíblia é
o livro mais estudado em todo o mundo, assim como também o mais publicado, e quase
certamente o livro mais apreciado do mundo.
11. Sua eficácia, efeitos reais e eternos (At 17:11-12; II Rs 22:13; 23:4-25).
12. A Bíblia é um livro de pesquisa ímpar e indispensável para o cristão e para a igreja. É luz
para o nosso caminho (Sl 119:105). Ler suas palavras em voz alta é como saborear o mel (Sl
119:103). É uma arma na luta por uma fé mais robusta (Ef 6:17). A vida do cristão é moldada
pela Bíblia, e ela é lida, ensinada, pregada, cantada, crida e amada na igreja. A Bíblia
concede aos cristãos uma visão de mundo. Fornece-lhes um conjunto de valores morais.
Propicia-lhes experiências com Deus. Transmite-lhes o sentido da vida. Todo cristão pode
afirmar como o salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia” (Sl 119:97).
Espelho. A Bíblia é como um espelho no sentido de refletir com precisão nossa aparência
espiritual.
Espada. A Bíblia é como uma espada no sentido de poder ser utilizada como arma de defesa
e de ataque contra o inimigo (Hb 4:12; Ef 6:12, 17).
Luz. A Bíblia é como luz no sentido de nos capacitar a enxergar na escuridão da vida,
manter-nos no caminho certo e evitar os perigos. A frase “Lâmpada para os meus pés é a tua
palavra” (Sl 119:105) deve ser entendida como o ganho da perspectiva de Deus nas decisões
que uma pessoa tome.
Água. A Bíblia é como água no sentido de saciar nossa sede e nos purificar as impurezas
espirituais (Jo 15:3; 13:10; IJo 1:9; Ef 5:25-27).
Alimento. A Bíblia é como alimento no sentido de satisfazer nossa fome espiritual e fazer-nos
crescer espiritualmente.
Martelo e Fogo. O “martelo que esmiúça a penha” (Jr 23:29) sugere que eventos,
completamente inesperados, ocorram quando Deus decide comandar transformações pela
sua Palavra. A “palha”, isto é, mensagens sem qualquer respaldo na revelação divina, será
queimada.
Arma (IICo 10:3-5). As armas “poderosas em Deus” referem-se à verdade revelada, escrita e
canonizada, à clara e inabalável Palavra de Deus explicada e sabiamente aplicada, a única
arma segura para explodir os “sofismas” e “fortalezas” mentais, desvios doutrinários que dão
brechas para o usurpador.
Há diversos benefícios que você pode esperar quando investe no estudo da Palavra de Deus.
Estes benefícios não se encontram em nenhum outro lugar; e, francamente, eles são reais
necessidades do cristão. Não é uma opção – é essencial estudar a Bíblia.
Veja três passagens que conspiram para edificar um caso convincente pelo qual devemos
estudar a Bíblia:
A Bíblia é o meio divino de desenvolver a maturidade espiritual. Não nos podemos satisfazer
com um êxito parcial, e nem com o crescimento espiritual obtido ontem. Diz o autor que você
é maduro se treinou a si mesmo através do uso constante das Escrituras não só para
distinguir o bem do mal mas também para saber aplicar a Palavra a si mesmo, para praticar o
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bem, obtendo progresso espiritual em sua vida. A marca da maturidade espiritual não é o
quanto você entende, mas o quanto você usa. Na esfera espiritual, o oposto de ignorância
não é sabedoria, mas obediência. A verdade fortalecedora torna ainda mais fortalecido o
cristão que já é forte.
Este texto fundamenta o papel das Escrituras na orientação da Igreja e na vida do cristão
para que correspondam à vontade de Deus. Baseado na origem divina das Escrituras, Paulo
declarou a utilidade delas para:
Doutrina ou ensino – Isto é, ela irá estruturar seu pensamento. Isto é crucial porque se você
não estiver pensando corretamente, não estará vivendo corretamente. Aquilo em que você
acredita determina seu comportamento.
Repreensão – Isto é, ela dirá onde você está fora dos limites; ela produz convencimento,
convicção. É como um árbitro; ela mostra o que é pecado. Mostra o que Deus quer para sua
vida. Ele provê seus padrões. O endurecimento do coração reflete na falta de preocupação
com a voz viva do Espírito em nosso íntimo.
Correção – Isto é, ela abre as portas de sua vida e provê uma dinamite purificadora para o
ajudar a limpar o pecado e a aprender a se conformar à vontade de Deus. O estudo das
Escrituras eleva os desejos dos regenerados a se voltarem para o Senhor e mostra o
caminho de volta à verdade. A alegria se seguirá à obediência. O ensino só se efetua quando
o aluno muda de comportamento.
Treinamento para uma vida de justiça – Deus a usa para mostrar como se deve viver: a
expressão prática de sua fé. Tendo-o corrigido nos aspectos negativos, Ele dá a você
orientação positiva a se seguir na vida. Não basta alguém ser bom; é mister também praticar
o bem.
Qual o propósito global da Bíblia? Equipar-nos para toda boa obra. Você alguma vez já
disse: “Gostaria que minha vida fosse mais eficaz para Jesus cristo?” Se já, o que tem feito
para se equipar? O estudo bíblico é um meio primário pelo qual podemos nos tornar servos
eficazes do Senhor Jesus.
Deus talvez não possa usá-lo mais do que Ele quer porque pode bem ser que você não
esteja preparado. Talvez você tenha freqüentado igreja por cinco, dez, até vinte anos, mas
nunca abriu a Bíblia para preparar-se eficazmente como instrumento de Deus. Você esteve
debaixo da Palavra, mas não a estudou por si mesmo. Agora é a sua vez; Deus quer se
comunicar com você no século vinte e um. Ele escreveu Sua mensagem em um Livro e pede
que você venha e estude este Livro por três razões que nos impelem: É essencial ao
crescimento. É essencial à maturidade. É essencial para equipá-lo e treiná-lo a fim de que
você possa ser um instrumento disponível, limpo e preciso nas mãos dele, para cumprir os
Seus propósitos.
9. Confiança. “O Deus cuja Palavra eu louvo, neste Deus ponho a minha confiança” (Sl 56:4,
10-11). Como observou A. W. Tozer: “O quanto conhecemos da Palavra é o quanto
conhecemos do Deus da Palavra”.
Tim Lahaye, no livro “Como Estudar a Bíblia Sozinho”, relaciona os seguintes pontos sob o
título: O que o estudo bíblico fará por você:
Bryan Jay Bost, no livro Do Texto à Paráfrase enfatiza cinco vantagens e bons resultados
obtidos pelo estudo cuidadoso das Escrituras:
1. Teremos mais fé.
4
A Bíblia não é um sedativo. Ela não tranqüiliza. No entanto, ao lê-la, você encontrará paz. “Grande paz têm os
que amam a tua lei” (Sl 119:165). Os tranqüilizantes químicos podem agir minimizando o impacto que a
realidade exerce sobre as pessoas; as Escrituras, não. Elas transmitem paz ao mostrar-lhe como resolver qualquer
conflito interior que destrua essa paz. A paz é mais do que ausência de ansiedade. É uma qualidade positiva que
brota da harmonia interior. Uma paz que é destruída por ameaças externas não é autêntica. A paz de Deus, que
aumenta à proporção que se compreendem as Escrituras, desafia a incerteza e o perigo. Esta é a paz profunda
com a qual os cristãos romanos enfrentaram leões famintos, nas antigas arenas, e com a qual os cristãos da
Europa Oriental, num passado recente, enfrentaram prisões, torturas e ameaças contra suas famílias. Esta é uma
paz que vem da convicção de que Deus permanece no controle, você lhe pertence, e o caos e a incerteza ao seu
redor representam apenas a superfície nebulosa da realidade. E essa paz melhora o seu bem-estar físico; é “a
medula dos ossos”.
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2. Teremos mais o que dizer.
3. Teremos a certeza de ensinar a são doutrina.
4. Teremos mais condições de prosseguir.
5. Teremos mais influência do Espírito Santo sobre nós.
Howard e William Hendricks, em seu livro Vivendo na Palavra, relacionam três outras
vantagens do estudo bíblico pessoal:
Existe perigo no mal uso da Bíblia, quando se despreza o seu estudo sistemático e metódico
e quando não se discerne o espírito com que devemos lidar com ela (Jo 5:39; Mt 22:29).
Cuidado com essas armadilhas quando estudar a Bíblia:
1. Má leitura do texto.
3. Distorção do texto. Forçar uma passagem a dizer o que ela não diz. Tomar um texto fora
do seu contexto.
7. Julgar as Escrituras – isso leva a perder a fé. Alguns se consideram mais inteligentes do
que os escritores inspirados. No estudo bíblico, bem como na vida, o orgulho antecede a
queda. A sabedoria envaidece (ICo 8:1). Pode fazê-lo arrogante e resistente ao ensino.
8. Supervalorizar dogmas religiosos que não traduzem preceitos bíblicos (Mt 15:1-3).
9. Subjetivismo.
10. Relativismo.
11. Estudar inutilmente (há aqueles que ficam se preparando a vida toda, e nunca estão
prontos para agir). Nossos estudos da Palavra devem levar geralmente a propósitos de
aprendizado, ensino, evangelização e, sobretudo, obediência.
12. Tomar cuidado para que o estudo não “suba à nossa cabeça” e comecemos a julgar-nos
melhores que outros. Quando isto ocorre, o orgulhoso não gosta de ouvir os “irmãos mais
simples” falando, e passa a ser um juiz do conhecimento alheio, ao invés de acolher a palavra
de Deus.
13. Querer ser original demais. É muito comum ver alguém querendo marcar época na igreja
por ensinar algo completamente novo. Cautela! O estudo bíblico trará sem dúvida novos
conhecimentos, mas o amor da novidade para engrandecimento pessoal ou para levantar
polêmica é sempre pernicioso. Infelizmente, quase todas as “grandes novidades” não passam
de ressurreição de velhas heresias (Ec 12:12-13).
14. Não aplicar a Palavra a si próprio. Você deslizará para o legalismo, ou para a tradição que
invalida a verdade, ou para algum estilo de vida extravagante que tenha um ar de
religiosidade, mas seja contrário a um relacionamento correto com Deus.
15. Segundo observou Russell Shedd, “Há duas tentações que todo leitor da Bíblia deve
procurar vencer. A primeira é ler a Palavra como um manual de sugestões. Conselhos para
viver bem no mundo não devem ser desprezados. A Bíblia não convida o homem a fazer o
que Deus manda somente se se sentir disposto a obedecer. Ordens divinas são obrigatórias,
não opcionais. O leitor bíblico deve aproximar-se da Palavra como quem se apresenta para
um patrão honrado. “Que queres que eu faça; eu vim para fazer a tua vontade!” (Hb 10:7) é a
única atitude apropriada. A segunda tentação conduz o leitor com tendências legalistas a
pensar em seguir os mandamentos bíblicos ao ‘pé da letra’.” 5
5
Russell P. Shedd. A Bíblia e os Livros. Abec, 1993, p. 12.
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Quinto contexto, Sl 104:13,14,23 (Deus não faz o que o homem pode fazer. Há necessidade
de semear para depois colher)
IMPORTANTE: Faça distinção entre o texto e afirmações sobre o texto. Aprenda a discernir
entre:
A. Definição de Método
O estudo bíblico efetivo requer um método, ou seja, uma diretriz, estratégia ou linha de ação,
um plano que produzirá resultados máximos para seu investimento de tempo e esforço.
Definição: “Método é metodicidade, com perspectiva de se tornar receptivo e reprodutivo, por
meio de contato direto com a Palavra.”
a. Envolve dar certos passos em uma certa ordem para garantir um certo resultado. Não
somente qualquer passo; não somente qualquer ordem; não somente qualquer resultado. O
resultado governa tudo. Qual o produto do estudo bíblico metódico? O que você é após ele?
Lembre-se: o estudo bíblico pessoal tem um objetivo muito específico – a saber, mudança de
vida. Então como chegar lá? Que processo levará a tal resultado? São propostos quatros
passos essenciais executados em uma ordem específica: Observação (O que vejo?),
Interpretação (O que isto significa?), Correlação e Aplicação (Como isto funciona?).
1. Fazer investigação original – É importante que a convicção da sua fé se forme com o que
a Bíblia ensina; é a autoridade da infalível Palavra examinada pessoalmente que permanece.
Há algo novo e edificante acerca de uma verdade ensinada pelo Espírito Santo durante o
tempo que você passar pessoalmente com a Palavra de Deus.
2 Timóteo 2:15 diz que o obreiro deve MANEJAR BEM a palavra da verdade. O modo correto
deste obreiro lidar com a revelação divina (a palavra da verdade) é o critério principal para
averiguar a qualidade dele. “Manejar bem” é a principal qualidade do obreiro que Deus quer
desenvolver entre o seu povo. As traduções sugeridas pelos lexicógrafos para esta expressão
são: “guiar por uma estrada reta”; “ensinar corretamente”; “expor de maneira sadia”; “pregar
destemidamente”; “utilizar bem, sem desvios nem distorções, tanto em sua análise quanto em
sua apresentação”. O contexto mostra como “manejar mal” a palavra nos versos 14,16-18 e
23; “manejar bem” está descrito nos versos 15,21,24-27.
A Palavra de Deus e a nossa palavra. A Escritura é inspirada por Deus; nossos escritos
não. Ou dizemos: “Assim diz o Senhor...” ou é melhor não dizer nada, menos ainda dizer: “Eu
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acho...” A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a palavra dos homens
e a Palavra de Deus. Pelo estudo bíblico devemos nos assegurar de transmitir a mais pura
vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela.
Incertezas e inescrutabilidades. Existem coisas que não saberemos nunca (Dt 29:29).
Submissão piedosa é necessária ao lidar com o que não é claramente revelado na Bíblia.
Conjecturar e construir suposições sobre textos e assuntos obscuros é como construir na
areia. Muitas coisas foram guardadas sob o conhecimento apenas de Deus (Atos 1:7, por
exemplo), e é bom não procurar falar o que Deus não disse. Não devemos fugir de nenhuma
parte da Bíblia: fácil ou difícil, ela foi escolhida pelo Espírito para nossa instrução. Por outro
lado, qualquer temeridade no tratamento da mesma é reprovável.
A orientação divina no estudo. Deus quer ajudar-nos no estudo da sua Palavra. Sem essa
ajuda o trabalho seria impossível. É a iluminação divina que faz a diferença maior para o
estudante (Ef 1:17-18; 3:18-19), no sentido de que ele entenda o que Deus disse. Isso não
quer dizer que o estudante vá ter visões e revelações independentes da Bíblia. Também não
significa que não precisa estudar. Mas, sim, que é impossível tentar entender a Palavra de
Deus sem a ajuda de Deus (I Co 2:10-16). Dependa totalmente do Espírito Santo. João
16:13-15 diz que quem nos guia em toda a verdade e nos revela as coisas de Deus é o
Espírito Santo, nosso Mestre que habita em nós. O Espírito Santo não prescinde do estudo
escrupuloso das Escrituras. Pelo contrário, seu esclarecimento só pode ser assimilado
espiritualmente quando nos dedicamos ao exame criterioso da Bíblia. Então peça a Deus, por
seu Espírito, que o guie em toda a verdade e abra os olhos “a fim de que possa contemplar
as maravilhas” de sua Palavra. Comece com oração — e continue em atitude de oração.
Observação (Descubra o que o texto diz!) – O passo da OBSERVAÇÃO requer que você
assuma o papel de detetive bíblico, procurando pistas quanto ao significado do texto.
Aprender nunca é fácil. Exige um ato de vontade: você precisa ter a disposição e o desejo de
aprender. Exige persistência, diligência e disciplina. Exige registro; anote tudo que achar
importante, mas não se perca nas minúcias.
A. O valor da observação
Observar significa estar mentalmente ciente do que se vê. “O propósito da observação no
estudo da Bíblia é saturar-se do conteúdo da passagem6 da Escritura, ficar tão familiarizado
quanto possível com tudo que o escritor bíblico está dizendo, explícita ou implicitamente.”
6
Texto ou passagem refere-se a qualquer trecho da Bíblia que está em estudo. Na língua portuguesa, a palavra
“texto” tem a mesma raiz de “textura” e “tecido”. E a idéia é exatamente essa: um texto é formado por fios que se
cruzam e entrelaçam.
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contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18), ele estava orando para ser capaz de fazer a
observação. Estava pedindo a Deus que abrisse seus olhos para que pudesse ver com visão
e discernimento a verdade que Deus revelara.
O que faz uma pessoa ser melhor estudante da Bíblia do que outra? A prática e a
concentração são os dois ingredientes que aguçarão a sua perícia. A habilidade de observar
é um processo desenvolvido. Você pode aumentar seu poder de observação quando lê as
Escrituras. Suas observações formarão a base de informações a partir da qual você
construirá o significado do texto.
Muitas pessoas não lêem bem, pois nem sempre entendem o que estão lendo ou não vão se
lembrar de muita coisa que leram – e poderiam ser ajudadas com a obra A Arte de Ler, de
Mortimer J. Adler, Editora Agir, ou Técnicas para uma leitura rápida e eficaz, de Donald
Weiss, Editora Nobel.
Ler é a atividade básica do aprendizado. Se quisermos estudar a Bíblia, temos que formar o
hábito7 de ler longas passagens das Escrituras. Tim LaHaye afirma: “A pessoa que não
adquiriu o hábito de ler regularmente a Bíblia, nunca cultivará o de estudá-la. Na verdade,
geralmente, a prática constante da leitura das Escrituras é que leva a pessoa a se tornar um
estudioso desse livro. Nunca encontrei uma pessoa que apreciasse o estudo bíblico, que não
houvesse antes aprendido a cultivar o hábito de ler as Escrituras com regularidade.”
Uma das vantagens da leitura corrente da Bíblia é que o estudante não fica amarrado às
complexidades da análise de textos e versos, e assim não perde o sentido geral da passagem
ou o propósito do autor. Enquanto o leitor não estiver bem familiarizado com o tema central (e
isso só é possível pela leitura do livro todo), não deve iniciar a aplicação dos métodos de
estudo detalhado que examinaremos mais adiante.
A Bíblia deve ser cuidadosamente lida para ser entendida. A seguir, a sugestão de algumas
estratégias para dar ao leitor as pistas sobre o que o texto significa:
7
“Semeai um ato, e colhereis um hábito; semeai um hábito, e colhereis um caráter; semeai um caráter, e colhereis
um destino.” – G. D. Boardman
8
Citado por Tim LaHaye. Como estudar a Bíblia sozinho. Editora Betânia,1984 (5ª ed.), p. 22.
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a. Leia a Bíblia com atenção – A leitura atenta envolve estudo. Quando você se aproxima da
Bíblia, concentre-se totalmente. A Bíblia não produz seu fruto ao preguiçoso. Provérbios 2:4
faz um apanhado interessante das riquezas da Palavra de Deus, assemelhando a sabedoria
bíblica a minérios preciosos, não encontrados na superfície, mas num nível mais profundo. A
própria Palavra de Deus está lá, capaz de transformar sua vida; mas você tem que se
aprofundar por ela. Tem que penetrar a superfície com mais do que uma simples olhada
apressada. Em outras palavras, você precisa programar sua mente com a verdade de Deus.
E isto começa com a primeira estratégia de leitura bíblica: leia atentamente.
Exercício
b. Leia a Bíblia repetidamente – A genialidade da Palavra de Deus é que ela tem poder
sustentador, podendo resistir a exposição repetida. Leia-a repetidas vezes, e ainda verá
coisas que você não tinha visto em suas leituras anteriores. George Müller, famoso pregador
e filantropo inglês, leu a sua Bíblia cerca de duzentas vezes. Algumas idéias para ajudar você
na leitura repetida e imaginativa da Bíblia:
Exercício
1. Está convencido do valor da leitura repetida da Bíblia? Eis um exercício que irá dispersar qualquer
dúvida que ainda permaneça: leia o livro inteiro de Ester, no Velho Testamento, uma vez ao dia por
sete dias seguidos. Deve levar meia hora por dia, aproximadamente. Use algumas das sugestões
acima, como ler em voz alta ou talvez até ouvir fitas das Escrituras. É claro, você deve também usar
as outras habilidades de Observação mencionadas anteriormente. Veja quantas coisas novas pode
ver em cada dia sucessivo. Faça uma lista de suas observações, ou registre-as em sua Bíblia. No fim
da semana, veja se pode reconstruir a história clara e precisamente, contando-a a alguém. Que
perspectivas ganhou da história?
2. Eis uma chance de alongar sua criatividade. Veja o que pode fazer com estes projetos na leitura
imaginativa da Bíblia:
Atos 16:16-40 — Esta é uma vívida narrativa de Paulo e Silas em Filipos. Leia cuidadosamente e
9
Certa vez, G. Campbell Morgan leu a Bíblia toda em voz alta, em 96 horas, numa velocidade usada para a
leitura bíblica no púlpito. (Mencionado por John White. A Luta. ABU Editora, 1991, p. 44.)
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observe os eventos que ocorrem nesta seção, e então dramatize-os com família ou amigos.
1 Samuel 17 — Esta é uma narrativa épica de Davi e Golias. Entretanto, apesar da maioria das
pessoas saberem desta história, conhecem pouco do que realmente acontece nela. Leia o capítulo
cuidadosamente, então reescreva-o de modo que se refira a uma gangue de adolescentes das ruas
da cidade.
Atos 15:22-29 — Lucas reimprime uma carta que o conselho de Jerusalém enviou aos novos crentes
em Fenícia e Samaria. Estude o contexto cuidadosamente, então reescreva esta passagem como um
fax para uma reunião de um novo grupo de crentes no centro da cidade.
c. Leia a Bíblia pacientemente – Numa época em que você tem tudo num instante, a
tendência é querer ter instrução instantânea. Todavia, a verdadeira aprendizagem toma muito
tempo. Não use atalhos no processo da aprendizagem; os caminhos aparentemente mais
curtos levam a resultados vãos. O fruto da Palavra leva tempo para amadurecer. Se você é
impaciente, é provável que desista cedo e perca uma rica colheita. Muitas pessoas fazem
isso; se desiludem com o processo. Talvez estejam procurando um passatempo ao invés de
esclarecimento. Outros desistem do texto bíblico e se voltam para fontes secundárias, antes
de embeberem suas mentes no que o texto bíblico diz. Você tem que desenvolver
persistência, poder de resistência para insistir com um texto até que comece a fazer
progresso.
Não se esqueça de que um bom pregador tem estudado as Escrituras diligentemente por
anos. Não há meio pelo qual um novato possa começar já neste nível. Seja paciente com o
texto e consigo mesmo. A verdade de Deus está lá, e você a encontrará se tão-somente der
tempo a si mesmo para ler pacientemente.
d. Leia a Bíblia aquisitivamente – Isto é, leia-a não apenas para receber informação, mas
para reter; não meramente para tomar conhecimento, mas para tomar posse. Reivindique os
seus direitos sobre o texto; faça dele sua propriedade particular. Como isso pode acontecer?
A chave é o envolvimento pessoal e ativo no processo de estudo. Há um antigo provérbio
para tal efeito: “Quando ouço, esqueço. Quando vejo, lembro. Quando faço, entendo”. Este é
o objetivo desta apostila: ajudar você na sua iniciativa própria de estudar a Bíblia, visando
mudança de vida como resultado de sua interação pessoal com a Palavra de Deus.
Exercício
Eis uma idéia para fazer com que você se aproprie de uma passagem das Escrituras. Abra a
Bíblia em Números 13, na história dos espias enviados por Moisés à Terra Prometida. Leia o relato
cuidadosamente, usando todos os princípios cobertos até aqui. Então, escreva sua paráfrase da histó-
ria. Eis algumas sugestões:
1. Decida qual o ponto principal da história. O que acontece? Por que o incidente tem significado?
2. Pense sobre quaisquer paralelos ao que acontece aqui na história de sua família, igreja, nação ou
sua própria vida.
3. Decida sobre o “ângulo” que quer usar. Por exemplo: o relatório de uma força-tarefa para uma
organização (ângulo de negócios); um concílio tribal (ângulo indígena); um debate político entre duas
facções (ângulo político ou governamental). O ponto é: escolha algo que se adapte à situação e faça
este incidente memorável para você.
4. Reescreva a história de acordo com o ângulo escolhido. Utilize uma linguagem condizente com o
tema. Faça com que os personagens pareçam reais. Mude nomes e lugares para condizer com o
estilo.
5. Quando terminar, leia sua paráfrase a um amigo ou parente.
Exemplo: Salmo 119 é um brilhante exemplo de estudo bíblico com oração. Muitos versículos
se referem especificamente à leitura das Escrituras acompanhada de oração. O salmista usa
a Palavra para louvar a Deus (v. 12); pede a Deus que o ajude a se tornar um leitor
observador (v. 18); ora por entendimento da verdade de Deus (v. 27 e 34); pede ajuda para
aplicar a verdade à sua vida (v. 33, 35-36, 133); menciona que a lei de Deus está sendo
quebrada; portanto, é hora de Deus agir (v. 126). Ele ora por misericórdia com base no
caráter de Deus (v. 132), baseia suas petições nas promessas de Deus (v. 169-170) e ora por
perdão após refletir nos mandamentos de Deus (v. 176).
Exercício
Filipenses 4:8-9 – Aqui está um conjunto de promessas — e condições — que você pode ler
e estudar em forma de oração. Reveja a lista de qualidades de Paulo e pergunte-se a si
mesmo: que ilustrações disso têm na minha vida? Então com base no versículo 8: o que preciso
começar a praticar para conhecer a paz de Deus? Fale com Deus sobre as coisas mencionadas
nestes versículos e sua reação a eles. Em que áreas Deus precisa mudar seu ser? Você precisa de
Sua ajuda para cultivar que atitudes e pensamentos?
f. Leia a Bíblia meditativamente. Isto é, aprenda a refletir na Bíblia. Existe uma íntima
conexão entre a meditação na Palavra de Deus e a ação por ela. A freqüência com a qual a
verdade bíblica deve permear sua mente é: “dia e noite” (Js 1:8). É uma disciplina mental que
você pratica por todo o seu dia. É uma mentalidade e um estilo de vida no qual a Palavra
percorre sua mente. E você se torna aquilo que pensa. Esta característica da leitura será
enfatizada no passo Aplicação e no Método Devocional.
Quem?
– Quem escreveu? É sempre proveitoso para o leitor procurar conhecer o autor humano dos
livros bíblicos: seu modo de viver, pensar e trabalhar.
– Quem são as pessoas no texto? Ao identificar quem está na passagem (quem está falando
ou quem é retratado), procure saber:
O quê?
– O que está acontecendo neste texto? Quais são os eventos? Em que ordem ocorrem? O
que acontece com as personagens? Ou, se for uma passagem que discute um ponto: Qual o
argumento? Qual o ponto? O que o escritor está tentando comunicar?
Onde?
– Onde a narrativa está acontecendo? Onde estão as pessoas na história? De onde estão
vindo? Para onde vão? Onde está o escritor? Onde estavam os leitores originais do texto?
Esta pergunta fornece o local. Mapas que mostram onde os eventos bíblicos aconteceram
podem ajudar você obter as respostas.
Quando?
Esta é a pergunta que indica tempo. Palavras que geralmente dão a dica para o leitor
observar o tempo: depois disto, quando, até, então, etc.
Por quê?
– Por que esse “ensino” em particular foi apresentado? Por que foi colocado aqui? Por que
vem depois daquilo? Por que precede aquilo? Por que esta pessoa diz isso? Por que aquela
pessoa não diz nada?
A questão “Por quê?” busca por significado ou propósito; ela investiga o texto mais do que
qualquer outra pergunta. Fazê-la, inevitavelmente conduzirá você a novas perspectivas em
seu estudo bíblico.
Para quê?
“Para quê” é a pergunta que nos faz começar a praticar algo sobre o qual lemos. Lembre-se,
a Palavra de Deus não foi escrita para satisfazer nossa curiosidade; mas para mudar nossas
vidas. Assim, em qualquer passagem das Escrituras, precisamos perguntar: e daí? Quando
chegarmos ao passo da Aplicação, você verá maneiras de se responder a esta pergunta.
Também pode ser usada a pergunta Como? – Como as coisas se deram? Qual foi o
resultado? Que método foi utilizado? Como isso é feito? Como aconteceu? Como essa
verdade é exemplificada?
1. Use o capítulo 1 e I Tessalonicenses para exercitar a responder esta série de perguntas iniciais.
2. As seis perguntas da leitura bíblica seletiva são especialmente divertidas quando se estudam as
histórias das Escrituras. Lucas 24:13-35 registra uma das mais fascinantes — a narrativa de Jesus,
encontrando dois de Seus discípulos na estrada para Emaús após Sua ressurreição. Leia este trecho
duas ou três vezes, e então investigue-o com as seis perguntas apresentadas neste capítulo. Não se
esqueça de escrever suas observações.
Toda Escritura é dada por inspiração divina e “útil”, isto é, serve a quatro propósitos: ensino,
repreensão, correção e instrução para uma vida de justiça. Portanto, um dos aspectos
essenciais da leitura é procurar pelo propósito do autor no texto em estudo. Não há um
versículo das Escrituras que tenha sido lançado nelas por acidente. Toda palavra contribui
para o significado do texto. Seu desafio como leitor é discernir tal significado, é entender o
propósito de um autor. Você deve fazer a si próprio indagações do tipo: Como o escritor trata
o conteúdo? Que forma ou estrutura emprega? Como fazê-lo? Uma das chaves é atentar pra
a estrutura gramatical e literária do texto.
Verbos – são as palavras de ação ou movimento que nos dizem quem está fazendo o quê.
Examine-os com toda atenção e questione: Que espécie de ação os verbos expressam? A
maioria está na voz ativa ou passiva? Os verbos estão no imperativo – dão ordens? Quais
verbos se repetem? Que significam?
Sujeito e objeto – o sujeito de uma sentença executa a ação e o objeto sofre a ação. É
importante não confundi-los.
Frases preposicionais – preposições são pequenas palavras que nos dizem onde a ação
acontece: em, sobre, através, para etc.
Conjunções – são palavras que unem duas orações ou dois termos semelhantes da oração:
e, mas, portanto, porém, enquanto, ainda, a fim de que etc.
Estrutura histórica – eventos chaves são a base da estrutura histórica. O livro de Josué foi
elaborado com o relato de diferentes acontecimentos.
As Leis da Estrutura
LEI DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Um evento, conceito ou ação que causa outro Mc 11:27—12:44
Causa e efeito (termos chaves: portanto, então, assim, resultado). Rm 1:24-32; 8:18-30
Uma progressão de eventos ou idéias que atingem Êx 40:34-35; 2 Sm
Clímax um certo ponto alto antes de regredir. 11; Mc 4:35—5:43
Dois ou mais elementos que são semelhantes ou Sl 1:3-4; Jo 3:8,
Comparação dissimilares (termos chaves: como, assim como, 12, 14; Hb 5:1-10
também, de igual maneira).
Dois ou mais elementos que são semelhantes ou Sl 73; At 4:32—
Contraste dissimilares (termos chaves: mas, ainda). 5:11; Gl 5:19-23
Apresentação de uma idéia ou evento seguida por Dn 2, 4, 5, 7—9
Explicação ou sua interpretação. Mc 4:13-20
razão Atos 11:1-18
Quando a ação, conversação ou conceito muda Gn 37—39; 1 Sm
Intercâmbio para outro, então volta novamente. 1—3; Lc 1—2
Introdução e Observação na abertura ou conclusões sobre um Gn 2:4-25; 3
resumo assunto ou situação. Js 12; Mt 6:1
“Pivô” ou eixo Mudança súbita de direção ou fluxo do contexto; 2 Sm 11—12
um clímax menor. Mt 12; Atos 2
Proporção Ênfase indicada pela quantidade de espaço que o Gn 1—11; 12—50
escritor dedica a um assunto. Lc 9:51—19:27
Efésios 5:21—6:4
Propósito Declaração das intenções do autor. Jo 20:30-31; At
1:8; Tito 1:1
Pergunta e Uso de perguntas ou perguntas e respostas. Malaquias
resposta Mc 11:27—12:44
Lucas 11:1-13
Repetição Termos ou frases usados duas ou mais vezes. Sl 136; Mt 5:21-48
Hebreus 11
Específico para Progressão de pensamento de um único exemplo Mt 6:1-18
geral, geral para para um princípio geral, ou vice-versa. Atos 1:8; Tiago 2
específico
Os livros da Bíblia estão repletos de declarações que expressam o propósito dos escritores.
João 20:30-31 é uma das mais diretas. Outras são menos óbvias, mas um leitor observador
normalmente poderá encontrá-las. Eis abaixo algumas declarações de propósito. Leia cada uma
cuidadosamente, depois folheie o restante do livro no qual se encontra. Veja como o escritor cumpre o
seu propósito na maneira em que apresenta seu material.
10
“A inspiração de Deus não chega ao homem que espera sentado, de braços cruzados, com a mente ociosa,
senão à mente que pensa, busca e investiga.” – William Barclay.
“Devemos abrir nossa mente de acordo com a grandeza dos mistérios divinos, e não limitar estes mistérios à
pequenez do nosso entendimento.” – Francis Bacon.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 23
– Propósito expresso ou declarado no próprio texto. Exemplos: Pv 1:2-6; João 20:30-31.
– Ordem ou seqüência estratégica daquilo que se deseja enfatizar. Pela escolha de onde
colocar as pessoas, os eventos, as idéias e assim por diante, um escritor pode chamar a
atenção para algo. Assim, atente para a ordem dada. Ela pode revelar importantes critérios
no texto. Isto se manifesta por meio de cadeias de pensamentos associados ou progressões
de idéias numa passagem. Exemplo: Observe a progressão do pensamento de Paulo sobre
não se envergonhar do evangelho (II Tm 1): v. 8 “não te envergonhes.”; v. 12 “não me
envergonho...”; v. 16 “Onesíforo... nunca se envergonhou...”
Exercício
Eis uma seção das Escrituras em que você pode observar coisas enfatizadas: I e II Samuel.
Desenvolva um quadro genérico destes dois livros, mostrando o espaço relativo dedicado aos
personagens fundamentais: Samuel, Saul e Davi. (Veja o exemplo do quadro “Lucas – lei de
proporção”, na página 44.) Que personagem era o mais importante para o escritor? O que isso diz
sobre o propósito de I e II Samuel?
É provável que não haja ferramenta de ensino mais poderosa do que a repetição – ela
reforça, enfatiza a importância do assunto em estudo. Em quase todas as passagens que
estudar há palavra, frase, idéia ou conceito importante repetido. Determine por que se
repetem e como se relacionam. Em algumas categorias de repetição a se procurar no texto:
Termos, expressões e orações. Exemplos: a) Salmo 136: “porque a sua misericórdia dura
para sempre”. b) Hebreus 11: “pela fé” aparece dezoito vezes. O escritor fala sobre pessoas
diferentes, vivendo em épocas diferentes, sob circunstâncias diferentes. Mas todos eles
tiveram o mesmo estilo de vida “pela fé”. c) Em I Coríntios 15:12-38, Paulo usa sete vezes a
palavra “se” para enfatizar o fato de tudo que cremos ser condicionado à ressurreição de
Cristo. d) Observando as repetições em I Ts 3:
Observando que a palavra fé aparece cinco vezes nesse trecho, você poderia perguntar: “Por
que a fé é mencionada tantas vezes?” Vendo a repetição da palavra tribulação, poderia
concluir que a fé fortalecida pela correta reação à tribulação.
Exercício
A repetição é um dos meios de dar ênfase mais freqüentemente usados na Bíblia. Aproveite a
sugestão de alguns projetos que o ajudarão a estudar porções da Palavra, procurando por coisas
repetidas.
Salmo 119 – Neste salmo, Davi se refere à Palavra de Deus em todos os versículos. Observe o salmo
cuidadosamente, e catalogue todas as coisas que Davi diz sobre as Escrituras.
Mateus 5:17-48 – Observe como Jesus usa a fórmula “Ouvistes o que foi dito... Eu, porém,
vos digo...” nesta porção do Sermão do Monte. Que estrutura esta expressão dá à
passagem? Por que é significante que Jesus diga isso?
c. Elementos que são relacionados (que têm alguma conexão ou interação). Procure três
tipos de relacionamento em seu estudo das Escrituras:
Movimento do geral ao específico. Entre um todo e suas partes, entre uma categoria e
seus membros individuais, entre o quadro geral e os detalhes. Quando você se deparar com
uma declaração ampla e genérica nas Escrituras, procure perceber se o escritor prossegue
com detalhes específicos. Exemplos: a) Gênesis 1:1 dá uma visão geral; o restante do
capítulo provê informações específicas. b) Mateus 6:1 dá um princípio geral; vs. 2-4, 5-15 e
16-18 dão três ilustrações específicas.
Causa e efeito. Exemplos: a) Neemias 1, o povo desobedeceu (isso foi a causa), e Deus
permitiu que os babilônios os levassem cativos (isso foi o efeito). b) Atos 8:1-4, a perseguição
era a causa, e a pregação, o efeito. c) Salmo 1, há um elo direto de causa-efeito entre as
Escrituras e a bênção de Deus.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 25
d. Elementos semelhantes e diferentes. As coisas que são semelhantes e as que são
diferentes fazem uso da forte tendência humana de comparar e contrastar. Conforme você
estudar as Escrituras, atente para a voz dentro de sua mente, que diz: “Ei! Isto é igual à
passagem que li ontem” ou “Esta parte é diferente de tudo neste livro”. Esses são claros
sinais de que o autor está usando coisas semelhantes e diferentes para comunicar a sua
mensagem.
Símiles – é uma imagem de palavra que evoca uma comparação entre duas coisas. Duas
palavras mais comuns a se procurar são “tão” e “como”. Exemplos: a) Salmo 42:1. b) II Tm
2:3; c) I Pedro 2:2. d) Isaías 44:6-7. e) João 3:14 usa símile por meio da expressão “do modo
por que”. f) I Ts 2:7, 11. São usadas para este mesmo recurso as palavras: semelhantemente,
assim também.
Metáforas – Todo emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia ou
ilustração, constitui uma metáfora. Exemplos: a) Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira, e
meu Pai é o agricultor” (Jo 15:1). Ele está falando figuradamente, não literalmente. b) Jesus
usa uma metáfora quando fala com Nicodemos (Jo 3). c) Em I Ts 5:2, o uso que Paulo faz da
figura de um ladrão de noite ilustra a necessidade de estarmos preparados; a da mulher
tendo filho (vers. 3) ilustra a subitaneidade.
Uso de mas e porém – A palavra mas ou porém é uma pista que indica que uma mudança
de direção está para acontecer. Ao encontrá-las no texto, pare e pergunte que contraste está
sendo feito. Exemplos: a) Mateus 5: “Ouviste o que foi dito... Eu, porém, vos digo...”. b) Atos
1:8. c) Atos 8:5-8 e 26. d) Gálatas 5:19 e 22. e) I Ts 2:4; 5:6. As palavras de outra forma, pelo
contrário, nem, entretanto, podem nos dar pista de contrastes.
Metáforas – Assim como as coisas que são semelhantes podem ser mostradas através de
metáforas, também o podem as coisas que são diferentes. Exemplos: a) Na parábola do juiz
iníquo, em Lucas 18, a chave é notar que Jesus está estabelecendo um contraste efetivo
entre um juiz humano e Pai celestial. b) I Ts 5:5.
Exercício
11
Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é também parte da boa observação da
estrutura do texto. Recomendamos que o estudante saiba identificar figuras de linguagem no texto (figuras de
palavras, de construção e de pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Esta compreensão
ajuda a não perder a mensagem do escritor por não entender o veículo que ele utiliza para transmiti-la.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 26
João 11:1-46 traz um importante estudo em comparação e contraste. É a história da ressurreição de
Lázaro, mas ele é na verdade, apenas um personagem secundário. João focaliza suas lentes nas
duas irmãs de Lázaro: Marta e Maria.
Leia o relato cuidadosamente, e considere perguntas como: qual o relacionamento entre Jesus e
estas duas mulheres? há outros textos que dão luz a esta pergunta? como as irmãs se aproximam de
Jesus? como Ele reage a elas? o que Ele diz? Compare e contraste a fé destas duas mulheres. Como
elas se comparam aos discípulos e às pessoas que observavam o incidente?
Obs.: O ponto alto do contraste não consiste na palavra que o indica, mas na diferença das
qualidades acentuadas. Procure observar contrastes, por exemplo, no Salmo 1 ou no capítulo 7 de
Hebreus.
e. Elementos que são da vida real. Há um toque de autenticidade nos relatos dos
personagens bíblicos – suas experiências de vida são cortadas do mesmo rolo de tecido
humano. O que a passagem diz sobre a realidade? Que aspectos do texto se repercutem em
minha própria existência?
Obviamente vivemos em uma cultura dramaticamente diferente das culturas da época
bíblica. Mas as mesmas coisas que os personagens bíblicos experimentaram, nós
experimentamos. Sentimos as mesmas emoções que sentiram. Temos as mesmas dúvidas
que tinham. Eles eram reais, pessoas vivas que enfrentavam as mesmas lutas, os mesmos
problemas e as mesmas tentações que você e eu enfrentamos.
Assim, quando ler sobre eles nas Escrituras, você precisa perguntar:
Quais eram as ambições desta pessoa? Quais os seus objetivos? Que problemas estava
enfrentando? Como se sentia? Qual a sua reação? Qual seria a minha reação?
1. Leia a seção toda completamente. Aliás, tente lê-la duas ou três vezes, talvez em
diferentes traduções, se possível.
3. Avalie cada parágrafo à luz de outros parágrafos. Use as seis pistas dadas anteriormente
para procurar relacionamentos.
4. Avalie como a seção como um todo se relaciona com os restante do livro, usando os
mesmo princípios (coisas enfatizadas, repetidas, e assim por diante).
5. Tente expressar o ponto principal da seção. Veja se consegue reduzi-lo a uma palavra ou
frase pequena que resume o conteúdo.
6. Mantenha uma lista de observações na seção. Melhor ainda, registre-as em sua Bíblia,
usando palavras breves e descritivas.
7. Estude as pessoas e os lugares mencionados. Veja o que pode aprender sobre eles que
possa dar luz à seção como um todo.
8. Mantenha uma lista de perguntas não respondidas e de problemas não resolvidos. Estes
se tornam avenidas para investigações adicionais.
9. Pergunte:se o que vi nesta seção que desafia meu modo de viver? Que questões práticas
se refere a passagem? Que mudança preciso considerar à luz deste estudo? Que oração
preciso fazer como resultado do que estudei?
O estudo bíblico nos ensina a ver os fatos e as idéias de acordo com os valores da própria
Palavra de Deus.
Ao observar os fatos da Bíblia afirmamos: “O texto diz que... (um fato explícito)”. Ou: Este e
aquele fato, juntos, implicam que... (fato oculto, ou implicação)”.
Observe até descobrir a ênfase do autor e a maneira como ele organizou a apresentação de
suas idéias.12
A. Olhe!
Tomemos como exemplo Lucas 5:1-11. Veja:
2. a estrutura: quais são as divisões principais? Como as idéias e ações se desenvolvem até
chegar a um clímax ou a um desafio?
Exemplo: Em Lc 5:1-3 Simão Pedro escuta uma mensagem de Jesus. Em Lc 5.4-l0a Jesus
desafia Simão Pedro pela primeira vez. Em Lc 5:l0b-11 Jesus desafia Simão Pedro pela
segunda vez.
Exemplo: Em Lucas 5 vemos o conflito interno de Pedro. Ele era um pescador experiente,
que havia se dedicado à pesca durante as horas mais propícias (de noite), sem obter
resultados. Agora Jesus, que não é pescador, manda que saia de novo, numa hora imprópria
para pescar. Vemos, também, em Pedro, a atitude característica de um judeu piedoso,
quando recebia uma revelação de Deus: um sentimento forte de ser indigno, diante da
santidade do Senhor (Veja Êx 24:9-11 e Is 6:1-7).
12
Este Resumo-exemplo da Observação e o Resumo-exemplo da Interpretação (página ...) foram usados pela professora
Antonia Leonora van der Meer (Tonica), na obra O Estudo Bíblico Indutivo. ABU Editora, 1999 (4 ª ed.), p. 9-14 e 16-18.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 30
Exemplos: a) João 1:35-42 relata o primeiro encontro de Jesus e Simão. E mostra que já
havia uma fé incipiente em Simão: ele já conhecia as mensagens de João Batista a respeito
de Jesus e tinha certas expectativas em relação a Ele.
b) Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-20 relatam o que foi provavelmente a primeira vez em que
Jesus chamou a Pedro e seus companheiros para segui-lo. É possível que sejam relatos
abreviados do mesmo acontecimento relatado em Lucas 5 ou que só após essa convicção
profunda de ser pecador, e do Senhorio de Jesus, o compromisso em segui-lo se tomou mais
forte.
Exemplo: Ef 5:18-21 – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-
vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor,
com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”.
Neste texto há dois imperativos: não vos embriagueis e enchei-vos. Os verbos dos
versículos 19-21 estão no gerúndio. Isto mostra que se trata de conseqüências do encher-nos
continuamente do Espírito.
Exemplo: Jo 1:50-51 — “Ao que Jesus lhe respondeu: Por que te disse que te vi debaixo da
figueira, crês? Pois maiores cousas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em
verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o
Filho do homem”. No versículo 50, Jesus faz uma promessa a Natanael, que no versículo 51
é estendida a todos os discípulos.
Exemplo: Lucas 5:1-11 – Qual é o verbo principal no versículo 1? Quem é o sujeito das ações
principais nos versículos 1 a 4 e nos versículos 5 a l0a? O que Lucas nos diz, por meio desta
mudança, sobre a maneira pela qual Jesus atrai Simão Pedro para sua obra?
c) que mudanças no pensamento do autor vêm à tona através do uso das conjunções e das
preposições, como: “mas” , “para”, “porque”, “se”, “ainda que”, “quando”, “de modo que”, “e
portanto” etc.
Exemplo: Que aparente conflito indica o “mas” de Simão Pedro, no versículo 5? Que outras
palavras indicam mudanças no pensamento do autor (ou da pessoa que fala)?
B. Pergunte
Comece com as perguntas básicas: quem? onde? quando? o quê? como? por quê?
1. Passagens narrativas
a) Personagens: Quem são? O que esta passagem mostra acerca deles? Como reagem e
interagem entre si? Em quem se concentra a atenção?
d) Conseqüências. Quais são os resultados? Eram esperados? Que outras implicações há?
2. Passagens discursivas
b) Circunstâncias: Onde está o escritor? Por que está ali? Onde estão os leitores? Quando
a carta foi escrita (ou o discurso pronunciado)?
e) Mensagem central: Qual é a idéia central? Como o escritor ou orador tenta persuadir os
ouvintes na verdade? Que razões, ilustrações, experiências ou outros meios utiliza? Por que
está tão desejoso de que a entendam e creiam nela?
C. Observe
Exemplo: Jesus usa “perder”, “perdido/a” sete vezes, “encontrar”, “achar” ou “achado” sete
vezes, mas “pecador/pecadores” só duas vezes e “arrependimento/se arrepende” só três
vezes. Diante dos fariseus Ele enfatiza não o arrependimento do pecado, mas enfatiza seu
resultado natural: a alegria e a celebração! Observe que Ele fala dez vezes de “júbilo”,
“alegrar-se” e “regozijar-se”; quatro vezes de “comer” e “fazer festa”; três vezes de “matar o
novilho cevado” e que fez outras referências à mesma idéia: “o abraçou e beijou”; “a melhor
roupa... um anel no dedo.., a música e as danças...”
b) Pela comparação de idéias com coisas conhecidas, vinculando coisas semelhantes entre
si.
Exemplo: Jesus compara a Deus com que personagens familiares? O que a ovelha, a moeda
e o filho têm em comum? Com quem se comparam? Com quem Jesus compara o filho mais
moço? Que semelhança há entre o filho mais velho nos versículos 11 a 32, e os críticos de
Jesus nos versículos 1 e 2?
c) Pelo contraste entre coisas opostas, da mesma categoria, mas não semelhantes.
Exemplo: Qual a diferença entre o valor das três coisas perdidas? Qual a diferença entre o
filho mais moço e o seu irmão? E entre o filho mais velho e o pai? O que distingue a terceira
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 32
parábola das outras duas?
Exemplo: Quem é o personagem central de cada parábola: “o perdido que foi achado” ou
aquele que o encontra? Qual é a parábola mais extensa? O que Jesus nos diz com esta
proporção?
2. Observe a organização das idéias do escritor (orador) pelo seu uso de:
a) Relações de causa e efeito: Quando uma coisa é uma conseqüência natural da outra.
Exemplo: O que causou a busca diligente do dono? E qual foi o resultado do encontro do
objeto (ou da pessoa) perdido/a? O que Jesus está dizendo aos fariseus, com respeito à
atitude deles?
Exemplo: Por que Jesus usou parábolas para responder aos seus críticos?
Exemplo: Observe na ordem das parábolas como Jesus passou do simples ao complexo, do
conhecido ao desconhecido, dos valores inferiores (as coisas) ao valor maior (as pessoas).
Exercício
O valor da interpretação
Interpretar é explicar ou esclarecer o “significado claro” da passagem que já passou pela sua
fase da Observação. O objetivo primário da Interpretação é compreender o sentido que a
passagem tinha para o autor quando ele a comunicou às pessoas do seu tempo.
Quando o salmista orou a Deus: “Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o
coração a cumprirei” (Sl 119:34), ele estava batendo à porta da interpretação. Ele sabia que,
sem entendimento do significado do texto, não poderia haver aplicação da Palavra em sua
vida. Por outro lado, uma vez que o Espírito abrisse a porta da percepção, ele estaria
preparado para agir de acordo com o que Deus havia dito. E você? Qual o seu alvo ao abrir
as Escrituras? Mudança de vida? Se for, então prepare-se para a ação, porque Deus sempre
abre a porta àquele que bate com essa intenção.
“Queremos saber o que a Bíblia significa para nós – e isso é certo. Não podemos, no entanto,
fazê-la significar qualquer coisa que nos agrada, e depois dar ao Espírito Santo o “crédito” por
ela. O Espírito Santo não pode ser conclamado para contradizer a Si mesmo, e Ele é Aquele
que inspirou a intenção original. Logo, Sua ajuda para nós será na descoberta daquela
intenção original, e em orientar-nos enquanto procuramos fielmente aplicar aquele significado
às nossas próprias situações. Quanto à seguinte questão deve haver concordância: Um texto
não pode significar o que nunca significou. Ou, colocando a coisa de modo positivo, o
significado verdadeiro do texto bíblico para nós é o que Deus originalmente pretendeu que
significasse quando foi falado/escrito pela primeira vez. Este é o ponto de partida.” 13
O tipo literário é a chave para não tratar um Salmo da mesma forma que se trata uma
epístola; esta faz declarações diretas, literais, orientadas diretamente para comunicar um
conceito. Já o Salmo é poético, alcançando a mente através do coração, é cheio de
metáforas e cada frase faz parte do arranjo poético, não tendo significado quando isolada.
Devemos nos aproximar do texto conforme ele foi construído: para tanto é necessário
determinar o seu gênero literário.
13
Gordon D. Fee & Douglas Stuart. Entendes o que lês? Edições Vida Nova, 2000 (2ª ed., reimp.), p. 26.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 34
No VT há vários tipos de literatura: leis, história ou narrativas, poesia sapiencial, poesia
musical, poesia profética, profecias, visões, crônicas históricas. No NT temos epístolas,
evangelhos e narrativas, e um representante da literatura apocalíptica. O estudante deve
procurar determinar com clareza as características da obra que estuda para poder dar-lhe um
tratamento adequado.
Cada gênero literário tem regras próprias que devem ser seguidas para a correta
interpretação. A seguir, tipos de escrita que aparecem na Bíblia e como eles influenciam
nosso entendimento.
14
Na interpretação de diferentes gêneros literários recomendamos a obra Entendes o que lês?, de Fee e Stuart, Edições Vida
Nova. Para o estudo das parábolas, leia a obra As Parábolas de Lucas, de K. Bailey.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 35
João 13—17
Atos 7
Oratória Apresentação oral estilizada de um argumento; usa convenções formais de Atos 17:22-31
retórica e oratória; cita freqüentemente autoridades bem conhecidas pelos Atos 22:1-21
ouvintes; normalmente pretende exortar e persuadir. Atos 24:10-21
Atos 26:1-23
Breve história ilustrando um princípio moral; a verdade conta freqüentemente IISm 12:1-6
com personagens de repertório e estereótipos; apresenta cenas e atividades Ec 9:14-16
comuns à vida diária; estimula a reflexão e auto-avaliação. Mateus 13:1-
— A interpretação da parábola leva em conta os pontos de referência que os 53
Parábola ouvintes originais tinham; isto é, são aquelas partes da história que trazem o Marcos 4:1-
ouvinte para dentro dela, com as quais deve identificar-se de alguma maneira à 34
medida que a história prossegue. A lição da história acha-se na resposta Lucas 15:1—
pretendida. São os costumes culturais que ajudam a dar às histórias originais 16:31
seu aspecto vivo.
Literatura que lida com temas rurais e rústicos, especialmente pastores;
Pastoral densamente descritiva, pouca ação; freqüentemente meditativa e calma; com Salmo 23
ênfase no laço entre pastor e suas ovelhas; apresentação idealizada da vida Isaías 40:11
distante dos males urbanos. João 10:1-18
Verso escrito para ser declamado ou cantado, em vez de lido; ênfase na
cadência e nos sons de palavras; imagens e símbolos vívidos; apela às
emoções e à imaginação; pode empregar características de encômio, pastoral e Jó
outros estilos literários; no V.T., denso uso de paralelismos e hipérbole. Salmos
— Quem compôs o material? Dá para determinar por quê? Qual o tema central Provérbios
Poesia do poema? Que emoções o verso transmite, e que reação produz? Que Eclesiastes
perguntas faz? Quais responde, e quais deixa sem resposta? O que o poema diz Cantares de
sobre Deus? E sobre as pessoas? Que imagens o poeta usa para acender a Salomão
imaginação? Há referências a pessoas, lugares ou eventos que você não
conhece? Se sim, o que é possível descobrir sobre eles em outras passagens
das Escrituras ou através de fontes secundárias?
Apresentação estridente e autoritária da vontade e das palavras de Deus; com
freqüente intenção de correção; escrito para motivar mudança através de avisos;
Profecia prevê os planos de Deus em resposta às escolhas humanas. Isaías a
— Estude o contexto e o sentido literal. Identifique para quem a passagem foi Malaquias
escrita e sobre o que ela fala. O objetivo fundamental da profecia é desenvolver
a vida santa e não aguçar a curiosidade.
Expõe e ridiculariza o vício e a insensatez humana; é empregada por vários Prov. 24:30-
Sátira estilos literários, especialmente narrativa, biografia e provérbio; adverte os 34
leitores através de um exemplo negativo. Ezequiel 34
Lucas 18:1-8
2Co 11:1—
12:1
Figuras de linguagem
Antropomorfismo — Atribuição de características ou ações humanas a Deus.
“Eis que a mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido
para não poder ouvir” (Is 59:1).
Apóstrofe — Referência a uma coisa como se fosse uma pessoa, ou a uma pessoa ausente ou
imaginária como se estivesse presente.
“Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (I Co 15:55).
Eufemismo — Uso de uma expressão menos ofensiva para indicar uma mais ofensiva.
“Oxalá até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia” (Gl 5:12).
Pergunta retórica — Pergunta que não requer resposta, mas obriga a responder mentalmente e a
considerar suas ramificações.
“Neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que pode me fazer o homem?” (Sl 56:11).
3. A linguagem figurada apresenta apenas uma parte da verdade. A linguagem figurada não
pode ser tomada como se fosse uma descrição completa das realidades que pretende
ilustrar. Exemplo: Deus é luz (I Jo 1:5), mas esta é apenas uma forma de ilustrá-lo. Existem
muitas outras.
Exemplo: Leia Oséias 5:8-10, um oráculo breve, completo em si mesmo, agrupado com vários outros
oráculos naquele capítulo. Um bom comentário identificará para você o fato de que este oráculo está
na forma de um oráculo de guerra, um de um tipo (forma) que proclama o julgamento divino levado a
efeito através da batalha. Os elementos usuais de tal forma são: a chamada ao alarme, a descrição do
ataque e a predição da derrota. Da mesma maneira que é útil reconhecer a forma, também é útil
reconhecer o contexto específico.
Conhecer estes poucos fatos faz muita diferença na nossa capacidade de apreciar o oráculo em
Oséias 5:8-10. Refira-se aos comentários ou aos manuais enquanto ler os Profetas, e, como sempre,
procure ter consciência da data, do auditório, e da situação dos oráculos que lê.
Exercício
Esta é uma chance de você mesmo tentar “entender o figurativo”. Leia e estude o Salmo
139, um dos mais profundos e íntimos de todos os salmos. Ele está repleto de linguagem
figurada. Use os princípios abordados na Interpretação para interpretar o que Davi está
dizendo. Consulte a lista de “Figuras de Linguagem”, mais um auxílio no reconhecimento e
entendimento da imaginação de Davi. (Não se esqueça de começar pelo passo da
Observação.)
1. CONTEÚDO
Há uma relação direta de causa e efeito entre o conteúdo e o significado. O conteúdo de uma
passagem é a matéria prima, a base de informações, com a qual você irá interpretar o texto.
Por causa de seu trabalho na Observação, você já sabe bastante sobre como determinar o
conteúdo de uma passagem.
Lembre-se, procuramos por termos, estrutura, forma literária e atmosfera. Fizemos uma série
de perguntas penetrantes, como: quem, o que, onde, quando, por quê, e qual a razão.
Procuramos por coisas enfatizadas, repetidas, relacionadas, semelhantes, diferentes e da
vida real.
Assim, todo o seu cuidadoso estudo na fase da Observação proverá conteúdo básico a partir
do qual você interpretará o significado do texto.
Exercício
Vimos a primeira das cinco chaves da interpretação, o conteúdo. É válido você começar um
estudo interpretativo que irá prosseguir pelos próximos tópicos desta apostila. A seção sugerida para
sua consideração é Daniel 1—2, uma das passagens mais instrutivas para o crente de hoje,
especialmente para o que enfrenta o mercado de trabalho.
Comece observando o conteúdo de Daniel 1—2. Use todas as ferramentas discutidas
anteriormente. Lembre-se de que seu trabalho neste estágio é determinante para o que você irá
interpretar mais tarde. Suas observações formarão a base de informações a partir da qual você
construirá o significado do texto.
Neste primeiro contato com Daniel 1—2, invista o máximo de tempo que puder respondendo as
perguntas da leitura seletiva: Quem? O que? Onde? Quando? Por quê? E qual a razão?
2. CONTEXTO
O que quer dizer contexto? O contexto se refere ao que vem antes e ao que vem depois de
algo. Todas as principais seitas são formadas a partir da violação do princípio do contexto:
textos são arrancados do seu contexto e apresentados de maneira que o significado original
seja totalmente distorcido.
O manuseio honesto do texto no contexto é a maior ajuda que alguém pode dar a si mesmo,
no sentido de compreender a mensagem da Bíblia. Quando estudar um versículo, parágrafo,
seção, ou até um livro inteiro – consulte sempre os vizinhos daquele versículo, parágrafo,
seção ou livro. Quando se perder, suba numa árvore contextual e ganhe visão.
O problema central aqui é: Onde a passagem se encaixa na expansão das Escrituras? Você
sabe, a Bíblia não caiu do céu como obra completa. Cerca de 1.600 anos foram necessários
para formá-la. Durante esse tempo, Deus revelou progressivamente Sua mensagem aos
autores. Por isso, é importante localizar a passagem no fluxo das Escrituras.
Exemplo: Se você estiver estudando Noé, em Gênesis, estará antes dos Dez Mandamentos,
antes do Sermão da Montanha e antes de João 3:16. Na verdade, Noé não tinha nenhum
fragmento de texto bíblico para consultar. O que isso lhe diz quando lê que “Noé achou graça
diante do Senhor” (Gn 6:8).
A importância do contexto
1. Ajuda a não torcer a Palavra de Deus.
2. O sentido correto da Bíblia vem do contexto (cuidado com as associações de certos textos
com outros que nunca foram escritos para serem ligados com eles; as associações só devem
ser feitas quando o texto indica e justifica claramente a ligação, sempre em harmonia com os
contextos).
3. O sentido correto das palavras vem do contexto.
4. O contexto é a garantia da verdade na Escritura.
5. Passagens difíceis são aquelas em que o contexto original é desconhecido para nós ou
difícil de precisar.
Exercício
No último tópico você começou um estudo de Daniel 1—2, observando o conteúdo e prestando
particular atenção nas perguntas: quem? o quê? onde? por quê? e qual a razão? Suas observações
desse exercício lhe darão uma base de informações. A partir delas, você será capaz de interpretar o
texto.
Agora é hora de prosseguirmos para o contexto. Uma vez que Daniel 1 inicia o livro, você terá
de voltar e ler II Reis 24—25 e II Crônicas 36 para obter o contexto precedente. Daí, verifique os
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 41
capítulos posteriores de Daniel para ver o que vem depois desta seção.
3. Antecedentes histórico-culturais
Há interação entre a cultura e a história e não podemos considerar uma sem levar em conta a
outra – a história e a cultura se sobrepõem. Alguns dos fatores histórico-culturais de um povo
são nacionalidade, política/governo, religião, idioma, literatura, costumes, vida sócio-
econômica, objetivos, aspirações, ambiente físico, localização geográfica e relacionamento
com as nações vizinhas (circunstâncias gerais nas quais viveram e os diversos problemas
que enfrentaram).
Walter C. Kaiser Jr. considera que algumas referências à cultura são neutras e descritivas.
Outros fatos culturais são veículos da revelação divina e a verdade prescrita neles não pode
ser reduzida arbitrariamente a “um mero relato de uma situação hoje extinta”. O estudante
não pode se atrapalhar com a natureza histórica ou culturalmente condicionada de algumas
exigências éticas ou ensinos gerais da Bíblia. Em outras palavras, a história e a cultura
submetem-se às Escrituras. Pelo fato de ser a Palavra de nosso Criador soberano, a Bíblia
interpreta a história e a cultura, não vice-versa.
Exemplos:
2. Não é suficiente apenas ter consciência dos fatos históricos e dos costumes de
determinada cultura; o intérprete da Bíblia deve ter também consciência do impacto que a
mensagem teria sobre o público original. Uma platéia atual não se surpreende diante da idéia
de um “bom samaritano”; nos dias de Jesus, porém, havia uma animosidade tão grande por
parte dos judeus para com os samaritanos, que tal alusão seria tão inconcebível quanto uma
referência hoje a um terrorista bom.
3. Saber que César enviou um destacamento especial de 300 soldados com suas famílias,
para “romanizar” a cidade de Filipos, é algo que dá vida ao estudo da Epístola aos Filipenses.
Você pode imaginar as ordens dadas àquelas tropas de ocupação: “Insistam para que o povo
de Filipos fale a mesma língua de Roma. Exijam que adorem o imperador. Matem-nos se eles
não proclamarem religiosamente: ‘César é senhor’. Àquele minúsculo grupo de crentes em
Filipos, Paulo escreve: “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (1:27).
O verbo “vivei” tem origem na palavra grega politeuomai e significa agir como um cidadão.
Aqueles poucos cristãos eram membros de um reino maior que o de Roma. Eles tinham um
Senhor maior do que César. Sim, eles deviam ser bons cidadãos dos dois reinos, mas Cristo
receberia prioridade. Mesmo que isto significasse prisão ou morte, eles colocariam Jesus
Cristo acima do imperador. Nos dias de hoje, os cristãos verdadeiros constituem uma minoria.
Constantemente eles são tentados a assumir compromisso com o secularismo. Quando
insistem em falar sobre moralidade e ética cristã nos negócios ou na política, quase sempre
são ridicularizados e marginalizados.
Como encontrar os fatos e dados históricos e culturais relativos ao texto em estudo? Há dois
recursos:
b. Suprimento mínimo de livros técnicos sobre a Bíblia (ver mais detalhes a seguir).
Não é assim com livros e o Livro, pergunta Russell Shedd: “Deus revelou Sua perfeita
vontade por meio de culturas pecaminosas e costumes falhos humanos, relatadas na Bíblia
inspirada e perfeita. Livros cristãos, mesmo sendo falhos, como são seus autores, podem
refletir em parte a glória da revelação escriturística (cf. I Co 13:12). Paulo não limitou seu
pedido a Timóteo à Bíblia. Quis os “livros” e os “pergaminhos” (II Tm 4:13). Por meio deles
também receberia ajuda e inspiração na prisão úmida, fria e solitária de Roma”.15
Mas uma palavra de cautela: quando puser essas ferramentas para funcionar, cuidado para
não confiar demais nas informações secundárias. O uso de recursos extrabíblicos nunca deve
ser um substituto do estudo pessoal da Bíblia, mas um estímulo a ele. A ordem é sempre a
mesma: primeiro a Palavra de Deus; depois as fontes secundárias. Ir para as fontes
secundárias sem nem mesmo consultar o texto deixa pouco espaço para a Palavra de Deus.
É por isso que a primeira coisa que você precisa, antes de obter qualquer recurso
mencionado abaixo, é de uma boa Bíblia de estudo. Comece por ela. Depois, enquanto for
prosseguindo, poderá acrescentar mais livros à sua biblioteca.
Há algumas ferramentas especialmente úteis que servirão para o início da construção de uma
valiosa caixa de ferramentas para você usar no trabalho de interpretação.
15
Russell P. Shedd. A Bíblia e os livros. Abec, 1993, p. 18.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 44
interlineares linhas para comparação. lingüísticas
Concordâncias Depois da Bíblia de estudo, esta é a ferramenta mais essencialÉ útil para o
(Chave Bíblica) ao estudo bíblico. Uma concordância é como um índice da estudo de
Bíblia. Ela alista todas as palavras do texto alfabeticamente,palavras e para
com as referências de onde aparecem, e algumas palavras ao localizar uma
redor delas para prover um pouco do contexto. passagem
quando não se
lembra da
referência.
Recursos Sugestões: História de Israel no Antigo Testamento, de Eugene H. Merrill (CPAD);
adicionais Introdução ao Antigo Testamento, de William Lasor (Edições Vida Nova);
Introdução ao Novo Testamento, de D. A. Carson (Edições Vida Nova). A Vida
Diária nos Tempos de Jesus, de Henri Daniel-Rops (Edições Vida Nova).
Exercício
Como está indo seu estudo de Daniel 1—2? Aprendeu alguma coisa útil sobre o pano de fundo em
seu estudo com concordância de Daniel, Nabucosonosor, Babilônia e sonhos?
Agora você está pronto para fazer uso de outros recursos além do texto bíblico, como dicionários e
manuais da Bíblia, que outras informações encontradas podem trazer luz a Daniel 1—2.
Princípios
Walter A. Henrichsen, no livro “Princípios de Interpretação da Bíblia”, relaciona 24 leis ou
regras de interpretação, agrupadas em quatro categorias:16
16
Todos os princípios de Interpretação são vistos com profundidade na disciplina denominada Hermenêutica Bíblica, que é
o estudo do significado da linguagem da Bíblia.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 45
em estudo. As Escrituras devem ser interpretadas em consonância com as regras básicas da
gramática, incluindo questões como sintaxe e estilo.
18. Uma vez que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas
à luz da história. (Como revelação sobrenatural de Deus, ela contém elementos que
transcendem os limites do contexto histórico.)
19. Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o Antigo Testamento
como o Novo são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade harmônica.
20. Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam símbolos de verdades espirituais,
somente se as Escrituras assim os designaram.
Exercício
Lembre-se, embora tenha por volta de quarenta diferentes autores humanos, os 66 livros são
definitivamente o resultado de um Autor primário, o Espírito Santo, que coordenou a
mensagem toda; Seu Livro é integrado, é unido.
Kay Arthur adverte: “Quando atribuímos a uma passagem um significado que o autor não
pretendeu, estamos assumindo autoridade equivalente à do autor. E o autor de toda a
Escritura é na verdade Deus. Seja muito cauteloso se, em seus estudos, encontrar algo que
ninguém jamais viu antes. Não é possível que Deus tenha cegado, quanto à verdade, homens
consagrados por quase dois mil anos para, de repente, revelá-la a você.” E sugere uma lista
de conferência, para você usar quando estiver tirando conclusões de sua interpretação:
Exemplo: Digamos que você está lendo a Epístola de Paulo a Tito e encontra a frase: “Estas
coisas são excelentes e proveitosas” (3:8). A partir daí você pode descobrir várias coisas
excelentes ao correr da Bíblia: o mais excelente nome (Hb 1:4), o mais excelente sacrifício
(Hb 11:4), o mais excelente óleo (Am 6:6), o mais excelente caminho (I Co 12:31), a
excelência do episcopado (I Tm 3:1), o espírito excelente de Daniel (Dn 5:12), e a menção a
Rúben, “o mais excelente em altivez, e o mais excelente em poder” contudo “impetuoso como
a água” (Gn 49:3-4). Ora, este esforço é altamente compensador. Esclarece, edifica,
enriquece e lhe dá uma visão global das Escrituras.
Exemplos: Nos evangelhos e em algumas das epístolas de Paulo, este tipo de referência é
muito usado. Veja Ef 5:19 e Cl 3:16. A parábola do semeador em Mateus 13:3-23 pode ser
estudada com as referências dos relatos paralelos de Marcos 4:3-20 e Lucas 8:4-15.
Referências de idéias. Aqui você se esforça para captar o pensamento do autor no versículo
ou parágrafo em estudo, e o compara com um pensamento semelhante localizado em
qualquer outra parte da Bíblia.
Exemplo: O pensamento chave de I Pedro 1:23 é que a pessoa precisa nascer de novo,
mediante a Palavra eterna de Deus. Quando você comparar a referência com João 3:1-8,
verá Jesus dizendo que a pessoa precisa nascer de novo, mediante o Espírito Santo. Por que
a diferença? Isto é, por que Pedro diz que é pela Palavra, e Jesus pelo Espírito? Porque o
Deus vivo se revela na Bíblia, pela ação do Espírito Santo. Ambos são inseparáveis (ver Hb
4:12-13). A Palavra de Deus é usada pelo Espírito Santo como instrumento que leva
pecadores ao conhecimento da graça de Deus em Cristo.
Exemplos: a) Contraste como Jesus lidou com a tentação em Mt 4, com a maneira pela qual
Adão lidou com ela em Gn 3. O “primeiro Adão” enfrentou Satanás, e foi derrotado; o
“segundo Adão” enfrentou Satanás, e saiu vitorioso. b) Obras da carne e Fruto do Espírito (Gl
5:16-24).
2. Versões bíblicas.
Exercício
1. Neste momento, você já deve ter verificado o conteúdo e o contexto de Daniel 1—2. Está
começando a ter uma idéia do que se passa na história? Que perguntas você tem como resultado de
seu estudo?
O que vem abaixo faz parte deste quadro
Talvez você responda algumas delas, fazendo uma pequena comparação do texto com outras
porções das Escrituras. Usando uma concordância, procure os quatro itens que se seguem abaixo.
Cada um deles é crucial para o entendimento da passagem. Veja o quanto pode aprender sobre eles
lendo outras partes das Escrituras.
a) A primeira palavra é “contaminar”, em Daniel 1:8 – “Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se
com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos que
lhe permitisse não contaminar-se.”
b) O segundo termo é “últimos dias”, em Daniel 2:28 – “Mas há um Deus nos céus, o qual revela os
mistérios; pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as
visões da tua cabeça quando estavas no teu leito são estas .”
Use uma concordância para localizar outros usos destas palavras na Bíblia. O que você pode
aprender com estes textos adicionais? Então procure “contaminar” e “últimos dias” no dicionário
bíblico para ver o que mais você pode descobrir sobre o significado destes termos.
Juntando as partes
Resuma suas descobertas na fase da Observação e as informações obtidas na fase da
Interpretação e junte as partes do seu estudo bíblico.
Resuma suas observações num Quadro. Muito volume de material fica resumido de maneira
clara, que ajuda a recapitular o conteúdo da seção estudada (você não tem de começar do
zero a cada vez que voltar à passagem nem tem de confiar só em sua memória).
O quadro usa o poder da ilustração e tende a ser memorável. Eles podem mostrar os
relacionamentos entre versículos, parágrafos, seções e até livros. Com o uso de um quadro,
você poderá compreender o propósito e a estrutura de uma porção das Escrituras num relance.
O quadro pode ilustrar as partes à luz do todo. Pode salientar idéias ou personagens importantes.
Pode demonstrar contrastes e comparações. Pode destacar termos e expressões chaves. E
pode trazer um esboço da estrutura, que é crucial para o propósito do autor.
Assim, o quadro é uma ferramenta para ajudar a investigar o texto e é um modo de manusear
a informação que você seleciona do texto bíblico em estudo.
1. Quando estudar um texto, atribua ao conteúdo títulos e rótulos que resumam o material.
Seja criativo. Lembre-se da leitura bíblica aquisitiva, em que você se apropria do texto.
Colocar seus próprios títulos nos versículos, parágrafos, seções e livros da Bíblia é uma
maneira de fazer isso. Eles o ajudam a reter suas opiniões em pacotes organizados.
2. Enquanto visualizar seu quadro, pergunte: Quais são os relacionamentos? O que estou
tentando mostrar? Sobre o que é este quadro? Quando o terminar, como o usarei?
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 51
3. Mantenha seus quadros simples. Você sempre poderá acrescentar detalhes; o desafio é
eliminar a desordem. Que idéias, personagens, temas, versículos, termos e outros dados
chaves do texto devem ter prioridade? Qual é a idéia geral? Que estrutura precisa ser
mostrada? Que material você quer ver num relance?
4. Se você achar que tem muito material para incluir num quadro, divida-o e faça outros
quadros. Aliás, muitos dados sem relação são um bom indício de que você precisa voltar ao
texto e fazer mais observações.
6. Revise seus quadros à luz de seu estudo. Nenhum quadro pode resumir tudo. Enquanto
continuar a estudar a passagem, você ganhará novas percepções que devem fazer com que
você revise ou mesmo refaça seu quadro. Lembre-se, quadros são um meio para se chegar a
um fim, não um fim em si mesmos. São úteis na proporção em que representarem
precisamente o que está contido no texto bíblico.
NOTA: Esta visão geral do evangelho de Lucas ilustra a proporção do espaço dedicado aos assuntos.
O livro de Rute
Isto não significa, no entanto, que podemos anular nossas faculdades mentais quando
estudamos a Bíblia. Jesus diz que devemos amar a Deus com todo o nosso entendimento
também (Mt 22:37).
A interpretação não é um jogo inteligente em que colocamos o significado que mais nos atrai.
Devemos sempre interpretá-la dentro do contexto textual e histórico, com oração e
dependência do Espírito Santo.
Exemplo: O que significa “amor” hoje? O que Jesus quis dizer com “amor” em Mt 5:43-48?
Exemplos: pecador – Uma pessoa falha, fazendo mau uso de si e das coisas que Deus lhe
confiou, desobedeceu aos justos mandamentos de Deus e é incapaz de se consertar pela sua
própria força ou mérito.
pescador de homens – Um pescador é alguém que vai até onde os peixes estão. Não busca
em primeiro lugar o seu conforto (sai na hora mais incômoda e fria, suja as mãos e os pés no
trabalho), mas luta perseverantemente para alcançar seu objetivo: pegar peixes. Todos estes
aspectos mostram qualidades importantes do discípulo quando é chamado para ser pescador
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 57
de homens. Jesus escolhe essa imagem porque faz parte da vida de Pedro e por isso
comunica clara e poderosamente.
B. Avalie os fatos
Aprenda a dizer: Esta é a idéia mais importante. Estas outras idéias não são tão importantes
e o seu valor consiste em ajudar a entender este fato principal.
Exemplo: Um estudo superficial dos Evangelhos pode levar a dar o lugar central aos milagres
de Jesus, em vez de considerá-los como sinais que indicam realidades maiores. Em Marcos
3:1-6, o fato mais significativo não é a cura do homem da mão ressequida, mas a
confrontação aberta de Jesus com seus críticos hostis e a revelação das más motivações
destes.
C. Correlacione as idéias
Não as deixe como órfãos solitários. O cientista suíço Jean Agassiz costumava dizer: “Os
fatos são coisas estúpidas até que os ponhamos em relação com alguma lei geral”.
Exemplo: Examine, em Lucas 5:1-11, como todas as ações de Jesus se ligam entre si para
mostrar a maneira progressiva que Ele usou para “pescar” Simão Pedro para sua obra.
Exemplo: Com base em I João 1:1 somente, não podemos saber que os leitores de João
enfrentavam a heresia do gnosticismo. Mas só use as referências externas depois de fazer
sua investigação pessoal. Se já começa com os pontos de vista de outro, provavelmente se
apoiará demasiadamente neles, e não se enriquecerá com o produto de sua própria
meditação e esforço.
E. Resuma a mensagem do autor a seus leitores originais
Neste ponto você reúne os detalhes que tem observado, tirando suas próprias conclusões.
Não se limite a simplesmente contar a história. Antes pelo contrário, mostre o seu significado
único. Use uma linguagem contemporânea. Esta é a prova de que realmente entendeu o
texto.
A. O valor da aplicação
A Palavra de Deus não produz fruto quando é entendida, apenas quando é aplicada; ela é o
instrumento pelo qual o Espírito de Deus transforma o cristão. Por isso é que Tiago nos
exorta: “(...) acolhei com mansidão a palavra em vós implantada” (1:21). Em outras palavras,
deixe a palavra de Deus criar raízes em sua vida. Como? Provando ser um praticante da
palavra, não mero ouvinte (v. 22).
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 58
A verdadeira questão que confronta a pessoa em termos de estudo bíblico é: mesmo se lesse
e estudasse a Palavra de Deus fielmente, o que faria a respeito? Que diferença prática
deixaria que a Palavra fizesse em sua vida? Aprender é mais fácil que praticar. A aplicação é
o estágio mais negligenciado, porém, o mais necessário no processo do estudo bíblico. O
entendimento então, é simplesmente um meio que leva a um fim maior – a prática da verdade
bíblica na vida diária.
A Bíblia não foi escrita para satisfazer a sua curiosidade, foi escrita para transformar sua vida.
O objetivo máximo do estudo bíblico não é fazer algo para a Bíblia, mas sim, permitir que a
Bíblia faça algo a você, para que a verdade se torne real em sua vida. Como pode ver, nos
aproximamos constantemente da Bíblia para estudá-la, ensiná-la, pregá-la, delineá-la – para
tudo, exceto para sermos mudados por ela. Gypsy Smith acertou: “O que faz a diferença não
é quantas vezes você já se aprofundou na Bíblia, mas quantas vezes e com que intensidade
a Bíblia se aprofundou em você.” A verdade atraente (ornada, na expressão usada por Tito
1:10) é a verdade aplicada.
Nossa tarefa então é dupla. Primeiramente, devemos nos envolver com a Palavra de Deus
por nós mesmos. Então devemos permitir que a Palavra nos envolva, para fazer diferença
permanente em nosso caráter e conduta.
Conhecimento do texto – Há somente uma interpretação definitiva para uma passagem nas
Escrituras. O texto não significa uma coisa hoje, e outra amanhã. Seja qual for o seu
significado, este o será para sempre. Mas o processo de aplicação da verdade em sua vida
jamais cessará. Implicação: tome cuidado com a interpretação; quanto melhor for seu
entendimento de uma passagem, melhor será sua capacidade de uso da mesma. Uma
aplicação adequada só poderá ser feita depois de você ter interpretado corretamente a
passagem.
Na verdade, uma das principais razões pelas quais a aplicação não é mais efetiva para
muitas pessoas é que francamente, elas não conhecem a si mesmas. E você? Eis duas
perguntas: a) quais as suas habilidades? O que tem acontecido de bom em sua vida? b)
quais as suas deficiências? Quais as suas limitações? Qual o seu maior obstáculo ao
crescimento?
Agora coloque estas duas perguntas juntas, e você verá o valor delas na aplicação. Se
conhecer suas habilidades, isso fará desenvolver sua confiança. Se conhecer suas
deficiências, sua fé será desenvolvida. Suas vantagens mostram o que Deus tem feito por
você, e suas deficiências, mostram o que deus precisa desenvolver em você. A razão pela
qual a maioria de nós não cresce é que não sabemos de que precisamos.
• Que comportamentos você deseja especialmente superar: seu gênio, uma decepção ou
uma luxúria sexual?
• Você se desprende emocionalmente de seu trabalho e afazeres para que possa passar um
tempo desempedido envolvido com seus filhos?
• Você tem preservado suas responsabilidades para com seus pais? Para com os pais de sua
esposa? Para com outros parentes?
Em seu trabalho:
17
Adaptado de Doug Sherman e William Hendricks, Your Work Matters to God (Colorado Springs: Navpress, 1987), pp.
232-33 (Transcrito de Vivendo na Palavra, p. 290-291).
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 61
• Você dá um dia honesto de trabalho a seu empregador?
• Você cumpre os compromissos que faz com os clientes?
• Você lê ou se mantém atualizado sobre novos desenvolvimentos, idéias e métodos em seu
campo?
• Na medida do possível, você mantém um emprego estável através do qual as suas
necessidades e as de sua família estejam sendo satisfeitas adequadamente?
• Você tem um orçamento familiar? Permanece sempre dentro dele?
Em sua comunidade:
• Você exercita regularmente seu direito e responsabilidade como cidadão de votar
conscientemente?
• Você paga sua porção justa de impostos?
• Quais as condições de seus registros no trânsito? Tem multas e infrações?
• Você mantém sua propriedade dentro dos estatutos de sua comunidade?
• Você está, de alguma maneira, consciente de e envolvido com a população carente e suas
necessidades?
Há um grande número de outras perguntas que poderiam ser feitas, mas o objetivo de tal
inventário é ajudá-lo na avaliação crítica de si mesmo para determinar as áreas nas quais
você precisa crescer espiritualmente. Todas essas aplicações específicas brotam de
passagens e princípios bíblicos.
Sugestão: Peça a alguém a quem você conheça bem, como sua esposa ou um amigo íntimo,
que faça este inventário e dê sua própria avaliação de como acha que você se sairia em cada
área. Então compare suas respostas. Esta é uma ótima maneira de se conseguir objetividade
e fazer com que este exercício seja mais útil.
Quando você se torna cristão, Jesus Cristo entra em sua vida – e bem no centro dela. Uma
vez ali, Ele afeta todas as áreas. Ele melhora sua vida no lar; você se torna mais sensível
como parceiro, como pai, como pessoa. Ele fortalece sua vida de pensamento: sua mente
habita em coisas construtivas, você desenvolve interesses mais amplos e cultiva valores mais
piedosos. Ele renova sua vida social: seus relacionamentos com amigos e associados
mudam conforme você começa a tratá-los de maneira cristã. Ele influencia sua vida de
negócios, sua área vocacional.
Jesus Cristo quer renovar cada área de nossa vida. E, se formos sinceros, todos os dias
percebemos que ainda há áreas em nossa vida sobre as quais o Senhor não tem controle.
Por isso o crescimento cristão é um processo – um processo dinâmico e a longo prazo.
Portanto, o cristão tem de recorrer à Palavra de Deus por toda a sua vida.
Um novo relacionamento com Deus – Você tem um relacionamento pessoal e íntimo com
aquele que agora é seu Pai celestial. Ele proveu Seu Filho para a sua salvação e o Espírito
Santo para ajudá-lo a crescer e cumprir Seus propósitos.
Um novo relacionamento com outras pessoas. Você descobre que as outras pessoas não
são inimigos. Elas podem ser vítimas do inimigo, mas são pessoas que Deus colocou em sua
vida. Ele o chama para transformá-las de maneira cristã.
Um novo posicionamento frente ao inimigo. Quando vem a Cristo, você muda de lado na
batalha. Antes, era apenas um joguete do inimigo, que o movia para onde queria que fosse e
você não fazia nem idéia de que era tapeado por ele. Agora porém, você descobre que está
do lado de Deus. Acredite, o inimigo não está nada feliz com isso. É por isso que sua vida
cristã será uma constante batalha.
As novas visões que você ganha do estudo das Escrituras precisam ser aplicadas em todas
essas áreas de relacionamentos. Note como isso acontece:
A Palavra expõe o seu pecado. Lembra-se de II Tm 3:16? As Escrituras têm uma função
reprovatória e corretiva. Às vezes as lições do Senhor chegam por meio de condenação e
censura. Elas falam quando você ultrapassa os limites com o intuito de limpar o pecado de
sua vida.
A Palavra lhe dá as promessas de Deus. Ela diz o que você pode esperar de Deus e o que
pode confiar que Ele fará. Isso é incrivelmente confortante quando você está enfrentando
circunstâncias que fogem de seu controle.
A Palavra lhe dá exemplos a serem seguidos. Quando você estuda as biografias nas
Escrituras, descobre que algumas dão um exemplo positivo a seguir; outras apresentam um
exemplo negativo, que precisa evitar.
Usando a Palavra que funciona, Jesus Cristo produz mudança de vida naquele que quer
aplicar a verdade bíblica.
Campbell McAlpine ensina que meditar é o ato de pensar, refletir, de analisar versículos das
Escrituras, numa atitude de total dependência do Espírito Santo para que Ele nos revele as
verdades neles contida, e seu significado, e, pela recepção e obediência a esses versículos,
assimilá-los em nosso interior. A assimilação dessa verdade comunica vida e esclarecimento
a quem medita, se ele tiver uma atitude de humildade, confiança e obediência. Meditar é
receber a verdade no íntimo; é nutrir-se de Cristo, o Pão vivo, a Palavra viva.
– Por muitos anos procurei fazer com que a Palavra de Deus fosse real para mim, e também
relacioná-la à minha vida prática. Estudei a Bíblia pelos mais diversos métodos e a maior
parte deles parecia ter algum valor. Eu tinha, até mesmo, ouvido o termo “meditação”
mencionado antes e, certa tarde, fui a passeio até um lugar ermo, tentar fazer o que eu
pensava ser uma meditação. Eu achava que significava ficar sozinho e pensar em Deus. Mas
como Deus é onipotente, onisciente, onipresente, eu não demorava a esgotar meus
pensamentos e por isso desisti da idéia. Um dia, um amigo me esclareceu que meditar não é
refletir sobre os meus pensamentos a respeito de Deus, e sim, tomar os pensamentos de
Deus e refletir sobre eles. ‘É tal qual um boi ruminando o alimento. Em outras palavras, ele
tem que ingerir alimento antes de ter algo para digerir. Na digestão, ele rumina o alimento
muitas vezes, até que esteja completamente digerido.’ Deus estabeleceu que “o homem não
viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem” (Dt 8:3 e Lc
4:4). E definiu: ‘Meditação é o processo espiritual e mental de se digerir os textos bíblicos de
tal maneira que eles se tornem uma parte ativa na vida da pessoa.’ 18
Não, o problema é que você está deixando seu cérebro morrer de fome. Não o está provendo
de nenhum combustível. Como vê, há uma ligação direta entre a meditação e a memória. A
memória provê a mente do combustível de que ela precisa para fazer a meditação útil. A
memória é a chave para a meditação. E a meditação a chave para a mudança do nosso
ponto de vista.
Uma das coisas das quais você não haverá de se arrepender é memorizar Escrituras
enquanto jovem. Experimente, a partir de hoje mesmo, decorar um versículo por semana.
Isso não é muito, mas pare para pensar: se fizer isso por cinqüenta semanas durante um ano,
terá cinqüenta versículos das Escrituras sob seu domínio.
Exercício
Há uma correlação direta entre a meditação e a memorização. Quanto mais Escrituras você
memoriza, mais material terá para meditar.
Infelizmente, a idéia da memorização bíblica tem freqüentemente sofrido pressão negativa. Na
verdade, a própria memorização tem recebido pressão negativa. Muitos de nós se lembram da escola
primária, onde fomos forçados a memorizar fatos insensatos e números em matérias como história e
aritmética. Uma vez formados nesse exercício, juramos nunca mais fazê-lo!
Mas se Deus promete abençoar nossas vidas como resultado da meditação (Js 1:8; Sl 1), e se a
meditação depende da memorização, então talvez devêssemos reconsiderar a idéia. Eis um pequeno
exercício para sua iniciação. Memorize o Salmo 100:
Este salmo só tem cinco versículos e é um ótimo salmo para se meditar porque eleva o coração
em alegria diante do Senhor. Ele afirma confiantemente o caráter fiel de Deus. Eis algumas
sugestões:
1. Leia e estude o salmo, usando Observação e Interpretação.
2. Leia o salmo repetidamente.
3. Concentre-se na memorização de um versículo por vez, em vários dias. Por exemplo, no primeiro
dia, memorize o versículo 1. Leia-o várias vezes, daí repita-o para si mesmo várias vezes. Mais ou
menos uma hora depois, veja se consegue lembrá-lo. Continue a revisá-lo no decorrer do dia. Então,
no dia seguinte, “ataque” o versículo 2 da mesma maneira, mas repita o versículo 1 em adição ao 2.
Continue acrescentando versículos no decorrer da semana.
4. Repita o que você memorizou em voz alta para um amigo ou membro da família. Peça que confira a
passagem na Bíblia para ter certeza de que você a sabe perfeitamente, palavra por palavra.
5. Se tiver talento para tal, coloque música no salmo e cante-o. (A maioria dos salmos foram
originalmente cantados, não lidos.)
6. Continue revisando o salmo mentalmente durante as semanas seguintes, até que tenha certeza de
que está alojado em seu cérebro.
Deus nos deu a Palavra para transformar nossa experiência e a nossa fome por esta Palavra
existirá em proporção à nossa obediência a ela. Na verdade, há um ciclo: quanto mais você a
entende, mais a usa; e quanto mais a usa, mais quer entendê-la. As duas coisas são
necessárias.
Você sempre encontrará dois lados na vida cristã; você precisa de alimento e de exercício.
Comida demais leva à obesidade. Pouca comida faz desenvolver anemia. Mas o alimento é
transformado em energia, e a energia o capacita a fazer aquilo que Deus quer faça. Porém no
processo, você fica exausto e perde a perspectiva. Então tem de voltar para a Palavra de
Deus para ser revigorado. Lembre-se que a Palavra de Deus experimentada é a Palavra de
Deus desfrutada.
Você já notou quanto da Bíblia é biográfico? Isso não é um acidente; é proposital. Deus
preenche Sua Palavra com pessoas porque nada ajuda a verdade a se tornar viva como as
pessoas. O desafio é traçar paralelos entre a sua situação e a do personagem que está
estudando.
Um dos valores da Palavra de Deus é que ela nos desperta a consciência a respeito das
questões morais.
A Palavra de Deus está repleta de promessas – promessas feitas pela Pessoa que não mente
e que é totalmente capaz de cumpri-las. Evidentemente, nem todas as promessas das
Escrituras são para você. Algumas promessas foram feitas por Deus a certos indivíduos, não
às pessoas em geral; e outras a grupos de pessoas, como a nação de Israel. Não podemos
reivindicar promessas que não foram feitas a nós, mas certamente podemos reivindicar as
promessas feitas à Igreja, bem como aquelas feitas ao “justo” em Provérbios e em outras
porções da literatura de sabedoria.
Que necessidades minhas ou de outros Deus pode e quer satisfazer, segundo esta
passagem?
Algum motivo de louvor. O que me transmite alegria? Que nova compreensão eu recebi da
grandeza e da bondade de Deus?
Certa vez perguntaram a um velho e sábio erudito como determinar a vontade de Deus. Sua
resposta foi simples: “Os mandamentos das Escrituras revelam 95% da vontade de Deus. Se
você passar seu tempo cumprindo-os, não terá muito problema em descobrir os outros 5%.”
Obviamente, qualquer versículo das Escrituras pode ser memorizado, mas alguns terão mais
significado para você do que outros.
8. Há um erro a se notar?
9. Há um desafio a se enfrentar? Há algo para planejar e pelo que orar? Que ação
prática devo empreender? Qual o primeiro passo?
Você já leu uma porção da Bíblia e se sentiu convencido da necessidade de agir com base
naquilo que leu? O Espírito de Deus o induzirá a isso. Quando ler a Palavra, Ele o desafiará a
reagir em alguma área de sua vida, ou em alguma situação que esteja enfrentando. Talvez
seja um relacionamento que precise ser restaurado. Talvez um pedido de perdão que precise
ser feito. Talvez você precise abandonar algo que o esteja distanciando de Deus. Ou talvez
haja um hábito que precise começar a cultivar. O que quer que seja, o Espírito usa as
Escrituras para promover mudanças em sua vida.
A questão é, você está aberto para tal mudança? Está preparado para enfrentar os Seus
desafios? Garanto que se você abordar a Palavra com qualquer grau de honestidade e
educabilidade, o Espírito não o deixará desapontado.
10. Há algo que me ajude a entender os cruéis objetivos e os sutis ataques de Satanás?
Encher a mente e o coração da Palavra (o Espírito nos fará lembrar dela!) e saber manejá-la
para atingir o inimigo na forma em que a tentação nos vem.
Para vivenciar a verdade de Deus é preciso que a conectemos ao nosso conjunto particular
de circunstâncias. Mas por favor, note: não mudamos a verdade para adaptá-la à nossa
agenda cultural, mas mudamos nossa aplicação da verdade à luz de nossas necessidades.
Como pode isso acontecer? Como considerar uma mensagem escrita no ano 100 d.C ou
antes, e fazer uso dela no ano 2010 d.C. e depois? A chave é o contexto. Qual era o contexto
então? Qual é o contexto agora?
Mas isso não é tudo. Devemos também entender nossa própria cultura. Assim como
buscamos uma visão do contexto antigo, precisamos buscar visão de nosso próprio contexto.
Onde estão os pontos de urgência? Onde estamos especialmente necessitados da verdade
bíblica? Quais as dinâmicas culturais que fazem a prática da verdade bíblica difícil, e às
vezes, aparentemente impossível? O que influencia nossas atitudes e comportamentos
espirituais? O que os apóstolos nos diriam se estivessem escrevendo para nossas igrejas
hoje? Onde Cristo seria ativo se andasse entre nós atualmente?
É interessante que quando Davi estava reunindo seu exército para estabelecer o reino,
recrutou os filhos de Issacar. O texto os descreve como “conhecedores da época, para
saberem o que Israel devia fazer” (I Cr 12:32). Poderíamos usar muito mais os filhos de
Issacar no corpo de Cristo hoje – aquelas pessoas que entendem tanto a Palavra quanto o
mundo, que sabem o que Deus quer que seja feito em sua sociedade, pessoas que não são
apenas bíblicas, mas contemporâneas também.
Os professores Hendricks 19 sugerem perguntas para você fazer enquanto avaliar o contexto
cultural de hoje. São pouco mais do que as seis chaves para a observação vistas
anteriormente: Quem? O quê? Onde? Quando? Por quê? Qual a razão? Vimos como usá-las
no estudo das sociedades do mundo antigo, mas elas também se aplicam à situação
moderna.
19
Howard e William Hendricks. Vivendo na Palavra. Editora Batista Regular, 2000 (2ª ed.), p. 308-310.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 68
Evidentemente, o problema ao fazermos essas perguntas sobre nosso próprio contexto é a
tendência de ficarmos satisfeitos com respostas superficiais. Lembre-se, um dos assassinos
do estudo bíblico é a atitude: “Já sei isso. Já vi aquilo. Domino esta parte”. O mesmo
acontece quando se faz um estudo da própria sociedade. Nunca pense que você entende
completamente o mundo em que vive.
Poder — Onde estão os centros de poder? Quem está no comando? Como adquirem o
controle? Como mantêm o domínio? Qual a sua efetividade em manter controle? Onde estão
os desafios à sua autoridade? Quem faz as decisões por nossa sociedade como um todo?
Quem faz decisões no nível local e individual?
Dinheiro — Que lugar o dinheiro ocupa em nossos valores? Como as pessoas ganham suas
vidas? Com quem a sociedade comercializa? Que bens são cambiados? Quais são os meios
de transporte? Como as pessoas se locomovem? Que recursos temos? Que recursos não
temos? Quais os empreendimentos tecnológicos de nossa sociedade?
Etnia — Que pessoas compõem nossa cultura? De onde vêm? Que história e valores
trazem? Como nossa sociedade é organizada socialmente? Como é estratificada? Como é
determinado o status? Quem está no topo da pirâmide? Quem está na base da pirâmide? Por
quê? Quais as barreiras e os problemas raciais com que as pessoas têm de contender?
Como isso afeta nossa vida diária? Que tradições e valores caracterizam as várias
subculturas?
Gerações — Qual o valor que nossa cultura atribui à família? Como as famílias são
estruturadas? Quem são as famílias chaves? Onde moram? Quais as suas histórias? Como
mantêm a influência? Como o poder é passado de geração a geração? Como é a vida escolar
e social dos jovens? O que se ensina a eles? Quem lhes ensina? Como uma pessoa se torna
adulta nesta cultura?
Artes — Que tipo de arte nossa cultura produz? O que a arte nos diz sobre nós mesmos? E
sobre o mundo? Que lugar damos ao artista em nossa sociedade?
História e tempo — Que lendas e mitos foram transmitidos? Que histórias são contadas re-
petidamente? Quem escreve nossa história? Que histórias não foram contadas? Qual o ritmo
de vida de nossa sociedade? Como as pessoas medem o tempo? Que lugar damos aos
idosos? O que as crianças representam? Quem representa as crianças dentro do que elas
representam?
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 69
Lugar — Onde nossa cultura está situada geograficamente? Que fatores topográficos e
climáticos influenciam nosso dia-a-dia? Quão versáteis somos em relação a outras
sociedades? Quanto tempo as famílias moram em um lugar? Que terra é transmitida pelas
gerações? Que pessoas foram deslocadas? Que lugares têm caracterizado
proeminentemente a história de nossa cultura? Onde as guerras foram travadas? Onde foram
feitas as celebrações? Que monumentos e memoriais se encontram no local?
Entretanto, qualquer leitor sensato reconhecerá que não há correspondência direta entre os
versículos da Bíblia e os assuntos da vida contemporânea. Não podemos simplesmente “ligar
os textos bíblicos na tomada” para obter resposta às necessidades e problemas que
enfrentamos. A vida é muito mais complexa que isso. A Bíblia não foi escrita com esse
propósito. Ela não é um texto de biologia, negócios, economia ou mesmo de história. Quando
fala sobre tais áreas, a Bíblia o faz verdadeiramente mas não explicitamente. O assunto
principal da Bíblia é Deus e Seu relacionamento com a humanidade; e é nossa grande
responsabilidade praticar as implicações disso na vida diária. Temos de pensar nelas e fazer
escolhas – escolhas biblicamente informadas.
Isso nos faz voltar ao dito mencionado anteriormente: Uma interpretação, várias aplicações.
Sem dúvida, há vários problemas específicos que a Bíblia nunca menciona, coisas que nem
mesmo eram problemas na época em que foi escrita Mas isso não significa que não tenha
nada a dizer sobre eles. Pelo contrário, ela nos fala sobre verdades ou princípios
fundamentais que Deus quer que apliquemos, englobando toda extensão da necessidade
humana.
Um princípio é uma declaração sucinta de uma verdade universal. Quando falamos sobre
princípios, partimos do específico para o geral.
É aqui que o estudo de nossa cultura entra. Se você se tornou um estudante perceptivo de
sua cultura, deve saber onde estão as necessidades e os problemas. E, sabendo isto, pode
começar a procurar as verdades gerais das Escrituras que possam se aplicar à situação
contemporânea.
Os princípios bíblicos para serem eficazes têm de produzir ação. A Palavra de Deus não foi
dada para aguçar nossa curiosidade, mas para transformar nossas vidas. Quando trazemos
às claras os princípios das Escrituras, precisamos constantemente perguntar o que vamos
fazer em relação à verdade encontrada? Onde, quando e como iremos aplicá-la.
Exemplos:
Texto bíblico Princípio
“Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o - O Senhor promete bênçãos aos que
Senhor dá graça e glória; nenhum bem cumprem a vontade divina.
sonega aos que andam retamente.” (Sl - Quando andamos em obediência ao
84:11) Senhor, sentimos a sua bondosa
solicitude para conosco.
“E então se dirigiu a seus discípulos: A - Oração é o método divino para
seara na verdade é grande, mas os levantar obreiros para o trabalho do
trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor.
Senhor da seara que mande trabalhadores - É responsabilidade do povo de Deus
pra a sua seara.” (Mt 9:37-38) apoiar com orações o trabalho
missionário.
Primeira Epístola aos Tessalonicenses A segunda vinda de Cristo é a grande
esperança da Igreja sob provação.
A habilidade de declarar princípios das Escrituras é uma das habilidades mais poderosas que
se pode desenvolver em termos de Aplicação. Esta o capacitará a relacionar a Palavra de
Deus a qualquer situação que enfrentar. Entretanto, aprender a fazê-lo requer um pouco de
prática. Não se pode considerar algo que faça sentido para você e abençoá-lo com o prefácio:
“A Bíblia diz...”. Não, o manuseio de princípios úteis e precisos requer um entendimento exato
do texto e uma visão perceptiva de nosso próprio contexto. Abaixo estão várias perguntas
que o ajudarão a desenvolver e aplicar biblicamente princípios legítimos.
1. O que se pode descobrir sobre o contexto original no qual a passagem foi escrita e
aplicada?
2. Dado o contexto original, o que o texto significa?
3. Que verdades fundamentais e universais são apresentadas na passagem?
4. Pode-se declarar a verdade em uma ou duas sentenças simples, uma declaração que
todos pudessem entender?
5. A que problemas de sua própria cultura e situação se refere esta verdade?
6. Quais as implicações deste princípio quando aplicado à sua vida e ao mundo ao seu redor?
Que mudanças ele requer? Que valores reforça? Que diferença faz?
Agora use estas perguntas para declarar princípios de aplicação em três passagens das
Escrituras: Provérbios 24:30-34; João 13:1-17 e Hebreus 10:19-25.
Às vezes a sua aplicação requererá algo específico; por exemplo, a devolução de um livro
que tomou emprestado há meses, ou pedir desculpas a alguém que você ofendeu. Outras
vezes a sua aplicação requererá tempo. Talvez seja um hábito que Deus quer que você
rompa, ou uma série de passos que tem de dar, como o pagamento de prestações de uma
grande conta em atraso. Também haverá ocasiões em que o Espírito Santo lhe dará a
cumprir um projeto de longo alcance, como o de desenvolver uma atitude ou uma virtude.
Portanto, formule um processo de verificação das mudanças propostas por sua aplicação.
O experiente professor Hendricks sugere a você uma estrutura simples para uso no
planejamento de seu próprio processo de mudança de vida. Obviamente, a vida é complexa,
e muitos elementos de crescimento não podem ser facilmente diagramados; por outro lado,
muitos cristãos ficam estagnados em seu desenvolvimento espiritual porque não sabem como
começar. Eis três passos para traduzir boas intenções em ação de mudança de vida:
1. Decida mudar
Em outras palavras, faça uma decisão. Determine que tipo de mudança você precisa fazer, e
então escolha buscá-la. Esta é basicamente uma questão de se estabelecer objetivos. Isto é,
Quanto mais claros e demonstráveis forem seus objetivos, mais provável será o cumprimento
dos mesmos. Objetivos claramente definidos mantêm nossas expectativas realistas,
atingíveis; eles também nos ajudam a ver a verdade através de ações, não de abstrações.
Portanto, seja específico e pessoal.
2. Estabeleça um plano
Este é o passo onde se pergunta como. Como vou cumprir a tarefa?
Um plano é um curso específico de ação de como você vai atingir seus objetivos.
3. Vá até o fim
Em outras palavras, comece. O primeiro passo é sempre o mais difícil. Mas tome-o. Não o
adie. Se você chegou até aqui no processo, recompense seus esforços com uma sólida
caminhada até o fim. Dê a si mesmo o respeito de realizar seus compromissos.
a. Considere o uso de uma lista de verificação, especialmente se seu plano requer atividades
repetitivas ou passos progressivos.
c. Avalie seu progresso. A melhor forma de fazer isso é ter um tempo periódico de reflexão
pessoal e avaliação. Utilize registros daquilo que você tem feito durante os últimos meses.
Faça perguntas a sim mesmo: Quais tem sido os três maiores desafios em minha caminhada
com o Senhor nesse período? Como reagi? Que vitórias tenho a celebrar? Que derrotas
preciso considerar? De que respostas específicas a orações posso me lembrar? Mudei para
melhor ou para pior? De que maneiras? Em que gastei meu tempo? Meu dinheiro? O que
aconteceu em meus relacionamentos?
O ponto é: desenvolva maneiras para medir seu progresso enquanto caminha pela vida.
Conheça a si mesmo e saiba como Deus tem trabalhado em sua experiência.
Importante:
Ao fazer aplicação pessoal, é importante distinguir entre emoção e volição. Muitas vezes,
aplicar a Palavra de Deus é uma experiência emocional. Todavia, o que Deus quer é ação, e
não apenas sentimento. Na parábola dos dois filhos, Jesus deixa bem claro este ponto (ver
Mt 21:28-32). O pai pediu ao primeiro filho que trabalhasse na vinha, mas ele se recusou a ir.
Você tem de assumir a responsabilidade de fazer escolhas e tomar atitudes para crescer
como cristão – desenvolver a sua salvação. Porém, nunca esqueça o outro lado: “Porque
Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp
2:13). Enquanto estabelece objetivos, faz planos e os realiza, Deus está bem junto a você.
Isso é o que nos encoraja na vida espiritual – nunca estamos sozinhos. Deus provê Seus
recursos para nos ajudar no processo. Ele não toma decisões por nós nem faz aquilo que
podemos fazer, mas Ele trabalha de maneiras conhecidas e ocultas para nos ajudar a nos
tornarmos como Cristo.
Cada método apresentado a seguir, usará as quatro partes essenciais do estudo da Bíblia,
vistas no capítulo anterior: observação, interpretação, correlação e aplicação.
Método Devocional
O método devocional de estudo da Bíblia propõe um contato pessoal e direto com as
Sagradas Escrituras, a busca da revelação de Deus no contato pessoal e direto com a sua
Palavra, mediante a unção que dele recebemos (I Jo 2:20,27). Trata-se de um exercício
voluntário, consciente e pessoal, por meio da leitura cuidadosa e regular da Palavra. “Abre
bem a tua boca e tá encherei”, diz o Senhor (Sl 81:10). Você precisa aprender a arte de “abrir
a boca” para meter a Palavra de Deus dentro do espírito. Uma vez ingerida, isto é,
corretamente lida, a Escritura Sagrada provoca uma revolução dentro de você, desce aos
lugares mais profundos, mexe em tudo. Estas coisas acontecem por causa do valor intrínseco
da Palavra e por causa da operação do Espírito Santo.
Kay Arthur reforça: “Se você anseia por conhecer a Deus, se almeja ter comunhão profunda e
permanente com Jesus Cristo, se quer levar a vida cristã com fidelidade, sabendo o que Deus
requer de você, é preciso fazer mais que simplesmente ler a Bíblia e estudar o que alguém
disse a respeito dela. É necessário você mesmo interagir com a Palavra de Deus, absorvendo
sua mensagem e deixando que Deus grave a verdade dele em seu coração, mente e vida.
Este é o âmago do estudo indutivo: que a pessoa possa ver a verdade por si mesma,
discernindo-lhe o significado e aplicando-o à sua vida (...) Quando nos detemos para refletir
sobre o que deus está dizendo e como isso se aplica a nós, é então que o Espírito Santo
aviva a Palavra em nosso coração; é então que sabemos que Ele tem uma mensagem
especial para nós, num momento específico da vida. Ao mesmo tempo em que estudamos a
Bíblia de modo indutivo, devemos lê-la como fonte devocional. Com “devocional” quero dizer:
com um coração que deseja ouvir o que Deus lhe está dizendo. Deus nos fala pessoalmente
por sua Palavra. Portanto, ao ler e estudar, não deixe de separar tempo para ouvir seu Deus”.
20
A professora Durvalina B. Bezerra reforça: “Meditar é abrir o Livro de Deus, para ouvir a Sua
voz, e não para ouvir aquela resposta que já formulamos em nossa mente; para saber como
Ele age ou quer agir a nosso respeito, e não para buscar apenas a confirmação de nossos
atos; para conhecer a revelação de Sua vontade soberana, de Seu caráter, de Sua verdade.
Meditar não é ler a Bíblia na página que for aberta, aleatoriamente, ou ler apenas os Salmos,
mas ler seqüencialmente, A revelação divina obedece a uma ordem de princípios, que deve
20
Kay Arthur. Como estudar sua Bíblia pelo método indutivo. Editora Vida, p. 8, 23-24.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 75
ser entendida parte por parte. Do Gênesis ao Apocalipse, do início de um livro até o seu fim.
Meditar na Palavra requer tempo específico e determinado. Precisamos buscar o maná,
enquanto o sol não esquenta para derretê-lo. Cumpre-nos empunhar a espada do Espírito (a
Palavra de Deus), no início do dia, a fim de estarmos preparados para as lutas do cotidiano.
Meditar requer um espírito persistente, que não se deixa vencer pelas dificuldades ou pelos
obstáculos da vida cristã. Deus precisa ser conhecido, para que saibamos orar e realizar a
Sua obra, segundo o modelo revelado nas Sagradas Escrituras. Precisamos meditar na
Palavra para conhecer a vontade divina e obedecê-la.”21
1. Ler. Percorra com os olhos o que está escrito. Tome conhecimento do texto. “Buscai no
livro do Senhor e lede” (Is 34:16). O rei de Israel deveria escrever um tratado da lei do Senhor
para ler todos os dias da sua vida (Dt 17:18-20).
2. Meditar. Meditar é mais do que ler. Examine o texto lido. Reflita sobre ele. Gaste algum
tempo para ficar por dentro da mensagem que o texto encerra. Veja a disposição do salmista:
“Os meus olhos antecipam as vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras” (Sl
119:148). Só neste Salmo, o verbo meditar aparece seis vezes (v.15,27,48,78,97 e 148).
Aquele que medita na lei do Senhor de dia e de noite “é como árvore plantada junto a
corrente de águas” (Sl 1:3).
3. Memorizar. Guarde na cabeça o que você leu e meditou. Entregue-o à memória, retenha-
o, não o deixe escapar. Decore. Guarde-a na despensa interior. Veja o propósito do salmista:
“Induzo o coração a guardar os teus decretos, para sempre, até ao fim” (Sl 119:112). Como
está o seu “estoque” mental da Palavra? Se, de repente, você ficasse sem a Bíblia, saberia
decorados quantos versículos bíblicos?
4. Inculcar. Enfie bem para dentro a Palavra de Deus. Coloque-a nas entranhas, “no mais
íntimo do coração” (Pv 7:1-3); torne-a propriedade pessoal. Provoque uma impregnação da
Sagrada Escritura em todo o seu ser. Era isto que Israel deveria fazer com as crianças:
“Estas palavras que hoje te ordeno, tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6:6-9).
5. Conferir. Compare texto com texto. Não só para descobrir o sentido exato da passagem
lida, mas também para enriquecer o seu conhecimento de toda a Escritura, consultando
outras passagens paralelas.
6. Lembrar. Aprenda a fazer uso prático do que foi guardado na memória e nas entranhas.
Retire da despensa o que já foi armazenado, e sirva-se à vontade. Você nunca vai ficar na
mão, sem assistência, sem tratamento, sem pão. É só lembrar e aplicar. É nesse sentido que
Jesus disse: “Lembrai-vos da mulher de Ló (Lc 17:32). Fez muito bem a Pedro lembrar-se de
que Jesus lhe dissera: “Hoje três vezes me negarás, antes que o galo cante” (Lc 22:61).
21
Citado do seu artigo “Nutrindo a vida espiritual”, publicado na Revista Raio de Luz, edição 105, p. 50-53.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 76
de ler a Bíblia. Os métodos alheios servem apenas de exemplos. Considere, todavia, mais
estas sugestões:
1. Reserve a hora mais propícia do dia para ler a Bíblia22 (o período regular da hora
silenciosa, despendida todos os dias com Deus, quando você pode meditar com espírito de
oração sobre alguns versículos das Escrituras). Assim como fazia Israel quanto à colheita
diária do maná, do crente diligente Deus requer a leitura e o estudo diário da Sua Palavra (Dt
17:19).
Observações:
a) É importante definir a hora certa (qualquer que seja ela), pois, se não fizermos isso, nossas
boas intenções nunca se concretizarão, e leremos a Bíblia apenas ocasionalmente.
b) A melhor hora é aquela em que pudermos sentar-nos aos pés do Senhor, tranqüilos, sem
pressa. Não se pode ser dogmático nem legalista nessa questão. Uma senhora que tem filhos
pequenos, por exemplo, só poderá fazê-lo já pelo meio da manhã. Aqueles que trabalham em
turnos variados terão que adaptar seu horário de acordo com o serviço. Mas como decidimos
buscar em “primeiro lugar o seu reino e a sua justiça”, segue-se que a hora devocional deverá
ter prioridade em nossa vida, juntamente com as outras formas de estudar a Palavra de Deus.
2. Fazer uma leitura devocional não significa que você tenha de desligar o seu intelecto, mas
que a ênfase deve ser dada, com espírito de reverência, a uma aplicação pessoal do trecho
lido.
3. A preocupação maior deve ser com a qualidade da leitura e não com a quantidade. Você
não precisa ler a Bíblia toda durante o ano, mas precisa ler a Bíblia com proveito o ano
inteiro.
4. Procure ler toda a Bíblia — É a única maneira de conhecermos a verdade completa dos
assuntos tratados na Bíblia, visto que a revelação de Deus mediante ela é progressiva (Pv
4:4:17; II Pe 1:19). Não necessariamente de Gênesis ao Apocalipse. Leia grupos de livros: os
livros poéticos, as Cartas de Paulo, os profetas menores, o Pentateuco, os quatro
Evangelhos, os livros históricos e assim por diante. Para seu controle pessoal, coloque a data
do início e do final da leitura em cada livro.
22
Tim LaHaye conta: “Quando eu era jovem, recém-ordenado, conheci um missionário cuja vida e persistência
eu admirava grandemente. Quando lhe indagaram sobre o segredo de seu sucesso, ele respondeu: ‘Nunca passo
um dia sem observar meu momento devocional de oração e estudo da Bíblia, em comunhão com Deus’. Quando
perguntei: Como foi que o senhor aprendeu a ser tão persistente?, ele respondeu: ‘Muito simples. Fiz um voto
sagrado para com Deus – sem Bíblia, não há café.’ A seguir, explicou que houve dias em que um dos filhos
estava doente, ou aconteceram imprevistos que não lhe permitiam passar momentos a sós com a Palavra de Deus.
Mas quando isso se dava, ele dizia: ‘Não vou tomar café. Se estou com pressa e sem tempo para alimentar a alma,
também não tenho tempo para alimentar o corpo – e durante todos estes anos, só deixei de tomar café, por não ter
podido ler a Bíblia, muito poucas vezes’.”
“Devo gastar as melhores horas do dia em comunhão com Deus. É minha ocupação mais nobre e mais frutífera, e
não deve ser colocada em segundo plano.” — Robert Murray M’Cheyne.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 77
Outros passos a seguir no desenvolvimento do método
devocional:
O método devocional permite um certo grau de flexibilidade, podendo aplicar-se a uma só
palavra, a uma frase, a um versículo, a um capítulo ou a um livro inteiro da Bíblia. Seu
desenvolvimento inclui, ainda:
1. Para o seu estudo devocional diário, faça primeiro uma leitura rápida para ter a idéia geral
do texto. (Geralmente, a definição deste texto virá da seqüência do seu próprio plano mensal
ou anual de leitura da Bíblia – “Haverá momentos, durante a leitura da Palavra, em que um
ou mais versos das Escrituras ganharão vida para nós, e teremos o desejo de parar e pensar
um pouco sobre eles para receber toda a mensagem que o Senhor quer comunicar-nos.”
Campbell McAlpine) Depois de escolher a porção bíblica na qual você se deterá, comece a lê-
la várias vezes com atitude devocional.23
8. Faça uma PARÁFRASE, isto é, reescreva o texto bíblico em estudo, com suas próprias
palavras, primando pela clareza da linguagem, sem mudar o conteúdo. Cada palavra
importante do texto bíblico deve ser trocada por outra que lhe seja sinônima dentro da sua
compreensão, segundo o curso normal do seu estudo. Como resultado deste esforço, a
Palavra de Deus falará pessoalmente a você.
23
Certa vez perguntaram a um missionário que fora muito usado por Deus na China como ele lia a Bíblia. E ele respondeu:
“Como bastante batata e um pouco de carne, diariamente.” Pediram-lhe que explicasse essa observação e ele respondeu:
“Todos os dias, leio muitas páginas da Bíblia. Isso seria como comer muita batata, que enche o estômago. Mas também
medito em um ou dois versos. Isso é a carne; é o que nutre.”
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 78
9. Peça sempre o auxílio do Espírito Santo, por meio de uma oração e por meio de uma
atitude de dependência e humildade, para entender as Escrituras e se beneficiar dela. É o
Espírito quem levanta o véu e deixa você ver a riqueza toda que está atrás da mera letra. A
pessoa que procurar entender a Bíblia somente através da percepção intelectual, muito cedo
desistirá disso. Só o Espírito de Deus conhece as coisas concernentes a Deus.
Você se dispõe a mudar seu ponto de vista e atitudes se descobrir que eles estão fora do
princípio bíblico. Faz isto com firme decisão de ser transformado e habilitado para toda boa
obra, segundo a instrução da Palavra: ela gera conhecimento de Deus e compreensão de nós
mesmos; gera fé, convicção e esperança; ela promove comunhão com Deus e comunhão
com os homens; ela produz conforto em meio a angústias; ela repreende e corrige; ela exerce
poderosa influência nas tomadas de decisão; ela cria uma mentalidade religiosa saudável; ela
acomoda nos porões do subconsciente e forma uma bagagem de valor inestimável, que
aflora naturalmente nos momentos mais necessários.
Deixe a Palavra de Deus prosperar naquilo para que Ele a designou na sua vida, na sua hora
devocional. Uma vez tomada a decisão, lembre-se: o Espírito Santo está ao seu lado para
fortalecer você em seu compromisso cristão – “(...) aquele que começou boa obra em vós há
de completá-la até o Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). A perseverança dos santos não acontece
sem que Deus os preserve pela graça.
11. Ame a Palavra: “Quanto amo a tua Lei! É a minha meditação todo o dia” (Sl 119:97).
Quanto mais nos alimentamos da Palavra de Deus, maior se torna nosso amor, nosso apetite
por ela. Considere a possibilidade de decorar um dos versículos nos quais você meditou e
aplicou durante a semana.
12. O seu estudo deve ser transmissível (II Tm 2:2); passe a outros o que tiver o privilégio de
aprender.
Então comecei a meditar sobre o NT, todos os dias pela manhã. Fazia uma breve oração
pedindo a bênção dele para sua Palavra, e logo me punha a meditar nela, analisando
detalhadamente cada versículo, procurando tirar dele uma bênção... não para benefício de
meu ministério público, não para pregar, mas para “alimentar” minha alma.
E todos os dias acontecia invariavelmente a mesma coisa. Após alguns minutos, sentia-me
compelido a confessar algum pecado, ou a interceder, ou dar graças, ou suplicar alguma
bênção. O fato é que logo me sentia inclinado a orar. Depois de alguns instantes de oração,
passava às palavras seguintes, transformando-as em oração por mim mesmo ou pelos
outros, de acordo com aquela mensagem bíblica. Mas sempre mantinha em mente que o
objetivo principal da meditação era buscar alimento espiritual para minha alma.
Exercício
Se você não tem o hábito de ler a Bíblia meditativamente, eis uma sugestão para iniciar: separe
um dia em que possa sair da rotina — sem trabalho, interrupções ou compromissos. Talvez você
tenha um lugar favorito no campo ou na praia. Onde quer que seja, encontre um lugar em que possa
passar várias horas sozinho.
Devote seu tempo à meditação em João 4:1-42, o relato em que Jesus visita Samaria. Comece
pedindo a Deus que o ajude a ganhar penetração na Sua Palavra e que mostre como aplicá-la. Então
leia a passagem várias vezes. Use as sugestões para leitura bíblica repetitiva.
Examine as seções antes e depois de João 4 para estabelecer o contexto. Daí observe
cuidadosamente a passagem para responder a questões como: Quem são as pessoas nesta história?
Quem são os samaritanos? Por que era fora do comum para Jesus conversar com tal mulher? Qual
foi a reação dos vizinhos dela? E a dos discípulos? O que Jesus diz a eles quando retornam? Que
lições esta passagem ensina sobre contar a história do evangelho aos outros?
Depois de ter tido uma compreensão da história, pense sobre que implicações ela pode ter para
você. Por exemplo, que tipos de pessoas você normalmente evita? Por quê? Como estas pessoas
reagiriam ao Evangelho? Há alguma coisa que você poderia fazer ou dizer que as ajudaria a se
aproximarem de Cristo e a confiarem nele definitivamente? Quando se trata de evangelismo, você é
semeador ou ceifeiro (vv. 36-38)? Ou nenhum dos dois? Com qual dos personagens da história você
se identifica mais? Por quê?
Como você veio a crer em Cristo? Quem falou de Jesus a você? Qual foi a sua reação? Para
quem você falou sobre Jesus? O que você disse? Qual foi a resposta? Há princípios nesta história
que você poderia usar na próxima vez em que falar a alguém sobre Jesus?
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 80
Você pode fazer perguntas adicionais. O objetivo é mastigar a Palavra, procurando por
esclarecimentos, e examinar a si mesmo, procurando por maneiras de aplicar as Escrituras.
Certifique-se de escrever tudo o que observar na passagem, bem como suas conclusões. E passe
tempo em oração. Com base no que estudou e meditou, o que Deus está lhe dizendo? O que você
precisa dizer a Ele? Em que área você precisa de Seus recursos e ajuda? Que oportunidades de
evangelismo gostaria que Ele abrisse para você?
Kay Arthur sintetizou bem: “Por meio de sua Palavra, Deus nos tem dado histórias
verdadeiras de indivíduos que experimentaram vitórias, derrotas, segundas oportunidades,
lutas, êxtases e depressões – gente exatamente como nós. Quando se estudam as
interações de Deus com essas pessoas, tanto ao fazerem coisas certas quanto ao agirem ao
contrário, pode-se obter uma melhor compreensão da santidade, da soberania, da
longanimidade e da justiça de Deus. Ao observar como Ele tratou com as pessoas na Bíblia,
você pode ver de que modo Ele trata com as pessoas hoje. É por isso que o estudo das
personagens é valioso.”
Precauções:
d) Alguns personagens abrangem muitos capítulos e até mesmo livros inteiros. Nesses casos
de biografias extensas, é melhor manter o estudo em tamanho manejável: estudar certos
períodos da vida destes homens ou estudar suas características mais importantes.
Exemplos: a) “Moisés durante o êxodo”; b) “Vida de Davi, antes de tornar-se rei”; c) “A vida de
Pedro antes de negar a Jesus”; d) “A vida de Paulo antes da sua conversão”; e) “Que diz o
Novo Testamento sobre Abraão” etc. A razão é que existem alguns personagens cuja história
completa é bastante ampla para ser bem analisada num único estudo.
2. Reunir toda a informação sobre essa personagem. Faça uma lista de todas as citações
sobre essa personagem na Bíblia. Para achar as passagens em que a pessoa é mencionada,
use o sistema de referências de sua Bíblia ou uma concordância.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 81
3. Ler os textos e, ao lado de cada um deles, escrever um resumo da informação a respeito
do personagem.
4. Procurar referências extrabíblicas. Depois que tiver encontrado tudo o que puder da
Palavra de Deus por conta própria, leia um bom dicionário bíblico ou outros livros de
referência para ver o que têm a dizer sobre a pessoa que está estudando. Isso pode ajudar a
reforçar o que aprendeu. Entretanto, ao examinar essas referências, não deixe de compará-
las ao prumo da Palavra de Deus.
5. Compilação do seu material. Uma vez que tenha completado sua pesquisa, há várias
maneiras diferentes de organizar as verdades que descobriu, dependendo do destaque que
deseja dispensar. Pode organizá-la:
6. Registrar virtudes e fraquezas da pessoa. Por que Deus a considerou grande? Quando ela
falhou? Exponha a realização ou contribuição que mais se destaca naquela pessoa.
7. Escrever uma breve história do personagem. Tentar recriar os fatos e contá-los com
vibração (lembre-se: o personagem bíblico foi um ser humano real).
8. Aplicar. Descubra lições e princípios que podem ser tirados da biografia para aplicá-los em
sua vida. Experimente fazer um arquivo com estudos biográficos dos principais personagens
bíblicos.
5. Quem foram seus pais? Que tipo de influência os pais exerceram sobre o personagem?
Elcana e Ana; Influência boa (1:1-3); Seus pais eram levitas (I Cr 6:33-38). Toda honra à sua mãe, Ana, nobre
exemplo de maternidade; seu filho tornou-se um dos homens de caráter mais nobre do Velho Testamento.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 82
6. Eventos ou circunstâncias que marcaram os primeiros anos de sua vida?
Morava em Siló, na casa do sacerdote Eli; cuidava do templo (I Sm 2:18,26; 3:1,15).
7. É casado? Quem foi sua esposa e filhos? Qual a contribuição positiva ou negativa deles ao
seu projeto de vida?
Sim; a Bíblia não fala o nome da esposa dele, mas diz que ele tinha filhos, então logicamente era casado (8:1-
5). Filhos: Joel e Abias.
9. Quais foram os acontecimentos principais de sua vida? Faça um gráfico das viagens da
pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez?
a. Fundador da Monarquia em Israel (I Sm 8:9-22; 10:25; Dt 17:14-20).
b. Fundador da primeira escola de profetas em Ramá (I Sm 19:18-20; 20:1).
c. Ungiu o primeiro rei de Israel: Saul (I Sm 10:1-8).
d. Ungiu o segundo rei de Israel: Davi (I Sm 16:12-13).
c. Dificuldades vencidas e como venceu; ou: Como reagiu durante tempos de crise?
Arca tomada (4:1-5,17; 5:1-12). Venceu com arrependimento, oração, clamor e jejum (7:2-9).
e. Oportunidades desperdiçadas.
Nenhuma.
f. Perigos evitados.
Deixar Israel derrotado nas mãos dos filisteus (7:5).
Vv. 1 e 11 (Observação): A santificação é uma das ênfases de 1 Pedro. Ela deve dar-se em
três direções:
a. Para com Deus (v. 13) – esperar, ter fé, apropriar-se da graça de Deus;
b. Para com os outros (v. 1) – relacionada com os últimos seis dos Dez Mandamentos;
c. Para consigo mesmo (v. 11) – estes são pecados que primeiramente ferem a pessoa que
os comete.
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 84
Vv. 4-8 (O): Três citações do VT são usadas para explicar o uso de pedra com referência a
Jesus Cristo (Is 8:14; 28:16; Sl 118:22).
a. Raça eleita – a palavra eleita (“eleitos”) é empregada em 1:2 também. Fomos eleitos para a
obediência (1:2), e fomos eleitos para o serviço (2:9). A santificação é a nossa meta, e a
obediência é o processo.
b. Sacerdócio real – no vers. 5 é sacerdócio santo; aqui é sacerdócio real, com as figuras
provavelmente tomadas de Melquisedeque, o rei-sacerdote do VT (Gn 14).
c. Nação santa – coletivamente somos o povo de Deus e formamos uma nação singular, povo
cujo carimbo distintivo é a santidade. Nosso alvo é sermos parecidos com Cristo.
(A) Nem sempre fomos essas quatro coisas, razão por que devemos louvar a Deus porque
Ele nos mudou:
Vv. 13 (O): “toda instituição humana”. Devemos obedecer a todas as leis que não violem as
leis de Deus, quer o governo seja favorável, quer seja hostil, e o fazemos por causa do
Senhor (ver Atos 4:19; 5:25).
Vv. 13,15 (O): as duas ordens dadas nesta parte são sujeição e serviço (“sujeitai-vos”... “pela
prática do bem”).
Vv. 15,19,20 (O): as duas razões dadas nesta porção para submissão e serviço são:
1. demonstrar ao mundo que a vocação de Deus é para uma vida em prol do bem;
2. a Deus agrada tal conduta, visto que reflete o caráter de Jesus Cristo (vv. 21-25).
Vv. 13,14,18 (O): os dois grupos aos quais devemos sujeitar-nos e aos quais devemos servir
são o governo e os empregadores.
Vv. 25 (O): somos bem parecidos com ovelhas extraviadas, mas Cristo nos trouxe de volta
para Si. Isso revela que Ele é:
a. literal, isto é, expresso por uma palavra ou expressão bíblica. Exemplos: Fé, Dízimo, Paz,
Esperança, Céu, Inferno, Fidelidade, Graça, Misericórdia, Perseverança, Santificação, Amor,
Perdão, Mansidão, Vitória, Adoração, Temor, Hospitalidade etc.
b. analógico, isto é, expresso por um conceito ou idéia. Exemplos: “Idoneidade dos oficiais da
Igreja”, “Deveres dos pais”, “Divórcio e novo casamento”, “Você é a favor da pena de morte?”
1. Ter objetividade na escolha do tópico ou tema a ser estudado e delimitar sua extensão ou
abrangência. Tratando-se de um assunto muito geral, a tarefa pode ser simplificada tomando-
se apenas um aspecto do assunto. Exemplo: Ao invés de estudar o tema “Pecado” em toda a
Bíblia, procure examiná-lo num estudo concentrado na Primeira Carta de João.
b. Aspectos de uma consciência satisfatória: Purificada (Hb 9:14); Boa (At 23:1; Hb 13:8);
Pura (1 Tm 3:9); Inofensiva (At 24:16).
6. Notar o relacionamento entre o tópico e o contexto. Cada vez que uma porção das
Escrituras é retirada do contexto – isto é, das palavras, sentenças e parágrafos à sua volta –
essa porção bíblica pode ser mal-interpretada. Portanto, é importante observar o contexto e o
verdadeiro sentido do tópico.
7. Buscar conclusões legítimas e práticas (Aplicação), tendo o cuidado de não forçar a Bíblia
para sustentar idéias pessoais.
Exemplos:
1. Tópico ou tema: “Privilégios que podem pertencer a todos nós”. Pesquisa do tema restrita
ao Novo Testamento. Subdivisões possíveis:
2. Tópico ou tema: “Homens em quem Deus tem prazer”. Pesquisa restrita ao Antigo
Testamento. Subdivisões possíveis:
I. Deus tem um plano para nossa vida – Salmo 32:8, Is 30:21; 58:11; Rm 12:1-2.
II. Exemplos de revelação da vontade de Deus: Cristo – Lc 22:42; Jo 4:34; Davi – At 13:22 e 36.
III. A vontade de Deus para todos os homens
1. Que se arrependam e sejam salvos – I Tm 2:4; II Pe 3:9; Mt 18:14; Jo 6:40.
2. Que sejam cheios do Espírito Santo – Ef 5:17-21.
3. Que sua mente esteja sempre cheia da Palavra de Deus – Cl 1:9; 4:12.
4. Que rendam sua vontade e corpo a Ele – Rm 12:1-2.
5. Que sirvam Cristo de coração alegre – Ef 6:6-7
6. Que vivam uma vida santificada e moralmente pura – I Ts 4:3; I Pe 4:2.
4. Cada livro se relaciona à Bíblia como um todo, isto é, em conexão com as idéias
dominantes das Escrituras. A Palavra de Deus é uma produção orgânica e,
conseqüentemente, os livros separados que a constituem são organicamente relacionados
uns aos outros. O Espírito Santo assim dirigiu os autores humanos na escrita dos livros da
Bíblia para que suas produções fossem mutuamente complementares.
Sugestão:
Trabalhe com um livro por mês, tempo suficiente para você ler o livro todo várias vezes,
observar sua estrutura, identificar os termos chaves, investigar os personagens centrais, fazer
trabalho de pano de fundo com fontes secundárias e decidir formas práticas de aplicar as
verdades do livro à sua vida.
Qualquer livro se encaixará em um plano mensal de estudo, mas algumas sugestões para
começar poderiam ser: Neemias, Jonas, o evangelho de Marcos – estes são narrativas fáceis
de se ler, com enredo e caracterização – I Coríntios, Filipenses, Tiago ou I Pedro – estes são
cartas curtas e práticas a cristãos. Você não terá muito problema em entender o que os
escritores estão tentando dizer. Livros mais longos do Antigo Testamento podem ser divididos
em partes e lidos em períodos concentrados de tempo.
O estudioso da Bíblia deve almejar descobrir não só a mensagem que cada livro contém para
os contemporâneos do autor, mas o seu valor permanente, a palavra de Deus transmitida
para todas as gerações futuras.
II. Os destinatários do livro. 1. A que grupo racial o livro se dirige (judeus, gentios)? 2. Qual
a perspectiva religiosa deles? 3. Que palavra (s) é (são) usada(s) para caracterizá-los? 4.
Qual era a posição social deles (pobreza, nobreza)? 5. Quem eram seus líderes? 6. De que
eles viviam (agricultura etc.)?
III. A data e a época do livro. 1. Em que ano o livro escrito? 2. Que guerra, ação inimiga ou
catástrofe natural ameaçava ou aconteceu? 3. Que líder secular dominava o cenário político?
4. Onde o livro se encaixa na seqüência bíblica?
IV. O contexto geográfico do livro. 1. Quais países e cidades se destacam no livro? Que
locais específicos são enfatizados? 2. Que rio, montanha ou planície forma o palco onde
Deus atuou para se revelar?
VII. Conteúdo. 1. Por que o livro foi escrito ou Com que propósito? 2. Quais os principais
assuntos e personagens abordados? 3. Que problemas são mencionados e que soluções são
propostas?
VIII. Tema teológico do livro. 1. Qual o assunto geral do livro (salvação, santificação,
julgamento)? 2. Que frase ou combinação de palavras se repete; que tema isto sugere para o
livro? 3. Segundo os livros técnicos, qual seu tema?
X. Esboço do livro (isto se revelará passo útil para a visão do livro como uma unidade e para
comparar as partes entre si). Comentários adicionais e/ou gráfico do livro.
Nota: Você pode extrair muitas destas informações do próprio livro em estudo; para alguma
parte terá que recorrer às fontes secundárias. Naturalmente, nem todas as perguntas terão
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 89
respostas. Mas, como estudante desejoso de conhecer cada vez com mais profundidade a
Bíblia, você irá continuamente pesquisar o maior número de respostas possíveis.
Outros métodos
Além dos cinco métodos de estudo da Bíblia abordados nesta apostila, outros métodos têm
sido usados, como:
Método Indutivo.
Os raciocínios indutivo e dedutivo são complementares. Precisamos deles em qualquer
disciplina. Pelo raciocínio dedutivo, parte-se de uma regra, e provam-se os fatos através
dessa regra. O raciocínio indutivo, por outro lado, considera os fatos examinados em busca
de regras extraídas deles mesmos. Ao fazerem uso de ambos os raciocínios para interpretar
as Escrituras, os estudantes têm ficado admirados com a unidade e coerência dos
ensinamentos bíblicos. Quanto aos iniciantes, devem utilizar primeiro o método indutivo. O
estudo bíblico indutivo pode ser realizado a sós ou em grupos de pessoas que concordam em
estudar o mesmo livro e são capazes de examinar as idéias umas das outras.
Método Tipológico.
É o estudo da Bíblia a partir de Tipos ou Tipologia: certas pessoas, acontecimentos,
instituições, rituais e objetos do Antigo Testamento prenunciam de maneira expressiva
alguma verdade importante do Novo Testamento, e nos ajudam a melhor compreender e
amar essas verdades.
Conclusão
Os métodos são ferramentas; de maneira alguma devem bitolar o seu comportamento em
relação ao estudo da Bíblia. Para tanto, aprenda a manejá-los e use a inteligência e
sabedoria para dinamizá-los.
“Da preguiça que aceita meias verdades; da covardia que teme novas verdades; da soberba
que pensa saber toda a verdade, LIVRA-ME, SENHOR!”
“É imprescindível o preparo de uma nova geração capaz de crer e viver a Palavra como única
regra de fé prática.”
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 90
Anexo
Programas de leitura e de estudo da Bíblia
É importante que o estudante tenha uma visão geral da Palavra de Deus, para que os
métodos de estudo aqui apresentados sejam examinados à luz do todo. Um bom plano de
leitura bíblica compreende um sistema bem definido. Há vários programas organizados que
você poderá ajustá-los como achar necessário ao seu próprio programa de estudo.
Curiosidades:
a. Se lermos a Bíblia durante 15 minutos diariamente, poderemos lê-la toda em menos de um ano.
b. Uma leitura ininterrupta deve levar aproximadamente 72 horas (VT entre 52 e 53 horas e
NT, entre 18 e 19 horas).
c. Se a leitura for por capítulos – por exemplo, 10 deles ao dia – terminaremos a leitura em
três meses e meio aproximadamente.
d. Se lermos 6 páginas da Bíblia por dia, poderemos lê-la toda 2 vezes num ano.
Sugerido por Hendricks, este plano de leitura para um ano levará você através de onze
diferentes tipos de livros:
Sugerido no Manual Bíblico Vida Nova, conduz o leitor uma vez pelo Antigo Testamento e
duas pelo Novo Testamento em um ano:
James C. Denison sugere um plano para ler o Novo Testamento inteiro em um mês. Este tipo
de programa intensivo proporciona uma boa visão geral do Novo Testamento, no que diz
respeito a seus temas e doutrinas principais. Siga esta regra durante três meses, lendo em
três diferentes traduções. Este é o programa:
Note que você não vai ler o mesmo número de capítulos a cada dia. O programa se destina à
leitura de aproximadamente o mesmo número de páginas diariamente, em vista da variação
no comprimento dos diferentes capítulos.
Um segundo modelo mantém a mesma abordagem geral que o anterior, mas exige menos
leitura diária. Este programa tem sido útil para muitos, no sentido de desenvolver disciplina no
estudo bíblico.
A programação de leitura, a seguir, sugerida por Tim Lahaye, tem por objetivo dar forma ao
processo de aprendizado a ser seguido pelo recém-convertido.
Primeiro ano
Segundo ano
Terceiro ano
De segunda a sábado:
Um capítulo do Novo Testamento
Dois capítulos do Velho Testamento
Aos domingos;
Cinco capítulos do Velho Testamento
Estudo Semanas
Primeiro ano I Tessalonicenses 7
I João 7
Filipenses 6
Estudos Tópicos: Salvação 2
Testemunho 2
Seguir a Cristo 2
Evangelho de Marcos 18
Estudo Biográfico: Daniel (Dn 1—6) 1
Segundo ano Colossenses 6
Biográfico: Jesus Cristo (divindade, morte, ressurreição) 3
I Timóteo 8
Estudo Biográfico: Timóteo 1
Evangelho de João 23
Estudo Tópico: Oração 2
Estudo Biográfico: Josias (II Rs 22—23; II Cr 34—35) 1
Estudo Analítico: Isaías 52:13—53:12 1
Terceiro ano Gálatas 8
Estudo Tópico: O Espírito Santo e o senhorio de Cristo 3
Efésios 8
Estudo Biográfico: Barnabé 1
Romanos 18
Estudo Analítico: Êxodo 20 1
II Timóteo 6
Quarto ano Estudo Tópico: A Palavra de Deus 2
Tito 5
Estudo Biográfico: Gideão (Juízes 6—8) 1
Estudo Tópico: Obediência 1
Biográfico: José (Gn 28—50) 2
Atos 30
Estudo Analítico: Êxodo 12 1
Estudo Tópico: Firmando o rumo 1
Estudo Analítico: Gênesis 3 1
Tópico: Visão Mundial 1
Quinto ano I Pedro 7
Estudo Tópico: Sofrimento 1
Estudo Analítico: Josué 1 1
I Coríntios 18
Estudo Biográfico: Elias (I Rs 17—22; II Rs 1—2) 1
Tópico: A vontade de Deus 2
Hebreus 15
Sexto ano II Tessalonicenses 5
Estudo Tópico: Mordomia e Generosidade 2
Estudo Analítico: Gênesis 22 1
Estudo Tópico: Amor 2
FATEC – Faculdade de Teologia e Ciências 94
Estudo Analítico: Salmo 1 1
Estudo Tópico: A segunda vinda de Cristo 3
Estudo Analítico: Salmo 2 1
Estudo Biográfico: Ezequias (II Rs 18—20; II Cr 29—32; Is 35—39) 2
Evangelho de Lucas 26
Estudo Tópico: A Igreja 2
Sétimo ano Tiago 7
Estudo Tópico: A língua 1
Tentação e vitória 1
Pureza 1
Estudo Biográfico: Eliseu (II Rs 1—13) 1
II Pedro 5
Estudo Tópico: Arrependimento 1
Pecado 2
Satanás 2
Estudo Analítico: Salmo 23 1
Salmo 37 1
II Coríntios 15
Estudo Analítico: I Samuel 17 1
II Samuel 7 1
Estudo Tópico: Disciplina e diligência 1
Boas Obras 1
Estudo Analítico: Provérbios 2 1
Salmo 78 1
II João 1
ARTHUR, Kay. Como estudar sua Bíblia pelo método indutivo. Editora Vida, São Paulo-SP.
2000 (2ª imp.).
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. Editora Cultura Cristã, São Paulo-SP.
2000 (1ª ed.).
BOST, Bryan Jay. Do Texto à Paráfrase: Como Estudar a Bíblia. Editora Vida Cristã, São
Paulo-SP. 1992.
BRAGA, James. Como Estudar a Bíblia. Editora Vida, São Paulo-SP. 2001 (7ª imp.).
CARSON, D. A. A Exegese e suas Falácias. Edições Vida Nova, São Paulo-SP. 1992.
FEE, Gordon D. & STUART, Douglas. Entendes o que lês? Ed. Vida Nova, São Paulo-SP.
2000 (2ª ed., reimp.).
HENRICHSEN, Walter A. Métodos de Estudo Bíblico. Editora Mundo Cristão, São Paulo-SP.
LaHAYE, Tim. Como Estudar a Bíblia Sozinho. Editora Betânia, Belo Horizonte-MG.1984 (5ª ed.).
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