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Conhecimentos

Básicos Óptica

Profº: Antonio Uchôa

Outubro/2012

Óptica: É a parte da Física que estuda a energia radiante, ou mais em particular, a energia
radiante em forma de luz.

Luz: Quando deixa sua fonte, se propaga em uma série de pulsações periódicas e continua
sua trajetória, em todas as direções, a uma velocidade 300.000 km por segundo, a menos que um
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objeto interrompa sua trajetória. Podemos dizer que a luz é a matéria-prima de quem trabalha em
óptica oftálmica, pois sem luz não temos visão.

Unidades de medidas usadas na óptica:

Dioptria: É o nome dado para designar o poder de refração das lentes, exemplos: +1,00
dioptria, -2,25 dioptrias. Não devemos dizer +1,00 grau, -2,25 graus como é comum se pronunciar
apesar de errado. Abreviação da dioptria é o D.

Dioptria Prismática: É a unidade utilizada para medir o deslocamento unilateral das


imagens, conhecido como prisma. “Prendice”, o criador da dioptria prismática, convencionou que
uma lente com 1 dioptria prismática desloca a imagem de um objeto em 1cm numa distância de 1
metro. O símbolo do prisma é a forma do delta ∆.

Grau: É a unidade utilizada para determinar a posição dos eixos das correções cilíndricas
(astigmatismo) e das bases prismáticas. As medidas dos eixos variam de 0° a 180°. Usamos apenas
a parte superior do transferidor que é usado para desenho.

Milímetro: É a unidade utilizada para medidas de comprimento, em óptica o milímetro


serve para medir o tamanho da armação, a distância pupilar, o centro óptico, etc.

Anatomia do olho humano:

Olho humano: O conhecimento da anatomia do olho é necessário em vista das medições


da distância pupilar (DP), altura centro óptico (CO), altura da película do bifocal (Pel), estas
medidas são feitas em função das partes que compõe o olho. Também é necessário seu
conhecimento para que se possa compreender a função ocular, as deficiências da visão e o efeito
das lentes corretoras.

Córnea: É a parte protuberante do olho que fica visível e que está situada em frente a Íris
(colorido do olho). Ela possui uma curvatura bem acentuada com aproximadamente 44,00D. Seu
diâmetro é de 12mm e sua espessura central 0,6mm aproximadamente. É composta de uma camada
inteiramente lisa e transparente. Sua propriedade é convergir às imagens vistas para que sejam
focalizadas na retina.

Cristalino: É uma espécie de lente biconvexa completamente transparente, que muda de


dioptria conforme a distancia do objeto que está sendo observado. Exemplo; quando se olha para
longe, a dioptria torna-se mais fraca, permitindo visão nítida para longe. Quando se olha para perto
a dioptria torna-se mais forte, permitindo visão nítida para perto. Esta mudança de dioptria do
cristalino é chamada de “acomodação”. A função do cristalino é focalizar nitidamente as imagens
sobre a retina, estando o objeto a qualquer distância.

Íris: É uma membrana de forma circular com 12mm de diâmetro aproximadamente e com
uma abertura no centro chamada de “pupila”, cujo diâmetro é de 4mm. Fica localizada entre a
córnea e o cristalino. Seu aspecto é que dá o colorido aos olhos. A íris funciona como uma espécie
de diafragma da máquina fotográfica. Diminui sua abertura central (pupila) quando exposta a muita
luminosidade e dilata-se quando está em ambiente muito escuro. Sua função é controlar a entrada de
luz no olho, melhorando a acuidade visual. Pela pupila passa todas as imagens que um ser humano
observa.

Humor aquoso: É uma substância semigelatinosa que fica situada entre a córnea e o
cristalino. Ele pressiona a córnea para que ela seja protuberante.
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Humor vítreo: O globo ocular tem uma forma aproximadamente esférica. O humor vítreo
é uma substância semelhante à gelatina incolor e esta substância preenche internamente o olho
mantendo-o numa forma que permite que as imagens captadas passem pela córnea, pupila, humor
aquoso, cristalino, humor vítreo e chegue a retina.

Retina: Envolve inteiramente ¾ parte do olho. É composta de milhares de células (cones e


bastonetes) sensíveis à luz. Estas células captam as imagens que devem chegar nítidas e transmitem
ao cérebro. Quando estas imagens não são nítidas é preciso fazer compensação com lentes.
Na retina temos um ponto que é cego, o mesmo fica próximo da fóvea.

Fóvea: Está localizada aproximadamente no centro da retina, é sobre a fóvea que as


imagens são formadas mais nitidamente, Seu tamanho é 3mm na horizontal e 2mm na vertical. É na
fóvea que temos 100% de nossa visão.

Deficiências visuais:

R
Emetropia: Significa que o olho tem a visão e
normal, “emétrope”, as imagens são focalizadas T
na retina exatamente na fóvea, com nitidez não I
precisando de lentes para compensação. n
a
O lh o E m é tr o p e

Ametropia: O prefixo “a” significa negatividade, o “a” colocado antes da palavra


“metropia” significa que a visão do olho não está normal, “está ametrópe”, as imagens não são
focalizadas com nitidez na retina (fóvea), precisando assim de lentes compensadoras.

Miopia: É a impossibilidade da
pessoa ver nitidamente objetos ou
letras colocadas à longa distância.
O míope é aquele que ao esperar
o ônibus só consegue distingui-lo
quando o mesmo já passou...

A miopia pode ser de dois tipos: de campo, quando o olho é mais alongado e corneano,
quando a curva da córnea é muito acentuada. Como se vê, a miopia não é uma doença e sim uma
variação anatômica do olho. Devido à curva elevada da córnea ou o tamanho do olho alongado, as
imagens não são focalizadas na retina como deveria ser num olho emétrope, ela se focaliza antes da
retina e com o auxílio de lentes NEGATIVAS (divergentes) pode-se fazer a compensação. São
chamadas de divergentes porque os raios de luz que penetram na lente se divergem como mostra a
ilustração na página anterior e são designadas pelo sinal (-).

Hiperopia: É o contrário da miopia, a


pessoa hipermétrope apresenta dificuldade
para visão de perto atingindo também a
visão para longe. Na hiperopia as imagens
se focalizam após a retina, precisando
assim de lentes POSITIVAS
(convergentes) designadas pelo sinal (+).
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Seu nome convergente é dado devido aos raios de luz que atravessam as suas superfícies,
convergindo para um ponto chamado foco real. Veja acima a ilustração.

Presbiopia (vista cansada): É a


mais popular das ametropias, ou seja
a que possui o maior número de
usuários.
A presbiopia chega a atingir
60% das pessoas que usam óculos.

Ela ocorre geralmente após os 40 anos de idade. O cristalino começa a perder seu poder de
acomodação para perto, quando passa dos 40 anos (dependendo da atividade da pessoa).

Astigmatismo Miópico Simples: É a


impossibilidade de se ver nitidamente em apenas
um meridiano, sendo a visão normal no meridiano
oposto. O astigmatismo impede a visão nítida para
longe e perto, mas as pessoas sentem mais
dificuldade dirigindo à noite, no cinema, vendo
televisão, etc.

O astigmatismo poderá ocorrer em qualquer eixo, variando de 0º a 180º. Exemplo:

Esf. 0,00 Cil. –1,00 eixo 180º

Astigmatismo Hipermetrópico Simples:


Igualmente ao astigmatismo miópico, ver
nitidamente em apenas um meridiano, sendo a
visão normal no meridiano oposto. Ele é
hipermetrópico porque a dioptria do cilindro é
positiva. Exemplo: Esf. 0,00 Cil.+1,00 eixo a 90º.

Miopia Composta com Astigmatismo: É corrigida com


lentes cujos meridianos principais são negativos porém com
valores diferentes. O exemplo ao lado é de uma lente
corretora de Esf. –3,00 Cil. –1,00 X 180º. Note que a
focalização é desigual e antes da retina, precisando assim de
lentes compensadoras com dioptrias negativas em seus
meridianos, com valores diferentes.

Hipermetropia Composta com Astigmatismo: É


corrigida com lentes cujos meridianos principais são
positivos, porém com valores diferentes. O exemplo
ao lado é de uma lente corretora de Esf. +1,00 Cil.
+2,00 X 90º. Note que a focalização sem
compensação está após a retina.
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Astigmatismo Misto: É corrigido com lentes


esférica/cilíndrica de sinais diferentes com a
dioptria cilíndrica sempre maior que a dioptria
esférica. Podemos dizer que o astigmatismo misto
é hipermétrope em um meridiano e míope no
meridiano oposto. Veja no desenho ao lado que o
foco em um meridiano se dá antes da retina e no
meridiano oposto, depois da retina.
Exemplo: Esf.+2,00 Cil.–4,00 X 0º

Afacia sem o Implante de lente:


Conhecida como afaquia, é uma ametropia
causada pela extração do cristalino, por meio
de cirurgia devido à existência de catarata.
A dioptria da lente corretora do afácico é
aproximada de +12,00D, geralmente
acompanhada de astigmatismo.

O cliente afácico precisará usar lentes para longe e perto.

Daltonismo: Também conhecido como acromatopsia, é a impossibilidade da pessoa


distinguir certas cores. Geralmente o daltônico confunde a cor verde e vermelha. Não há lentes
compensadoras para o daltonismo. Sua incidência ocorre principalmente nos homens.

Foria: Quando alternamos o abrir e fechar dos olhos e notamos que o objeto observado
muda ligeiramente de posição, subindo e descendo ou ainda movendo para a direita e esquerda, está
caracterizado uma foria. Normalmente o olho compensa esta diferença com os movimentos dos
músculos. Quando não se consegue esta compensação a pessoa tem visão dupla, ou seja, diplopia.
Quando uma pessoa tem cansaço visual sem ter dioptria, possivelmente esta pessoa tem uma foria e
a compensação será feita com lentes prismáticas.

Leitura e interpretação de uma RX: A receita óptica cuja abreviação é conhecida como
RX é um documento no qual constam as dioptrias das lentes compensadoras da visão amétrope.

Não é recomendável fazer anotações ou rasurar os dados existentes, apenas apor o carimbo
contendo o nome da óptica, data e a identificação do óptico responsável pelo estabelecimento
comercial.

Significado dos símbolos e abreviações usadas nas receitas:

AO = Ambos os Olhos
A.V.= Acuidade Visual
Ad. = Adição
AR =Anti-reflexo
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A.M. = A Medir
Bp = Base Prismática
B.P.S = Base Prismática
Superior
B.P.I. = Base Prismática
Inferior
B.P.C = Base Prismática
Central
DP = Distância Pupilar
∆ = Dioptria Prismática
D.N.P. = Distância Naso

Como interpretar uma RX:

Esf. Cil. Eixo DNP Prisma Base


OD: +0,25 1∆ N
OE: +1,50 - 180º
0,50

Neste caso, o olho direito tem hipermetropia de +0,25 dioptrias e 1 dioptria prismática com
base nasal. Não existe astigmatismo neste olho. No olho esquerdo deste exemplo tem hipermetropia
composta com astigmatismo. As lentes deste exemplo são monofocais.

Adição: É um valor que adicionado algebricamente à dioptria esférica prescrita para a


visão de longe, resultará na dioptria para visão de perto. A transcrição de uma RX para multifocal
pode ser feita apenas com a dioptria para visão de longe e mencionar apenas o valor da adição. Se
adicionarmos a adição à força esférica da visão de longe, obteremos assim, a dioptria para visão de
perto. Se a RX tiver dioptria cilíndrica efetuaremos a soma da dioptria esférica com a adição e
repetimos a dioptria cilíndrica com o mesmo sinal e o mesmo eixo.

Exemplo:

Esf. CIL. Eixo DNP Prisma Base


OD: -
1,00
OE: - - 90º
1,50 0,50
Adição: 2,00
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Nesta prescrição está indicada para o olho direito uma lente com 1,00D negativa, ou seja,
este olho tem miopia de –1,00 dioptria. O olho esquerdo tem miopia composta com astigmatismo,
neste caso de –1,50D esférica com –0,50 de astigmatismo. O astigmatismo é especificado pelo valor
em dioptrias e pelo eixo que indica a posição da lente para ser montada. O eixo pode ser de 0º a
180º.
A adição, se for diferente de zero, implica (salvo casos especiais) a existência de
presbiopia. O valor da adição oscila entre +0,50D e +3,50D e costuma ser igual nos dois olhos pois
a perda da faculdade acomodativa é simétrica. Neste exemplo, a adição é de 2,00D.

Longe Esf. Cil. Eixo DNP Prisma Base


OD: +0,25 30mm 3∆ T
OE: +1,50 -0,50 180º 33mm
Perto
OD: +2,00 28mm 3∆ T
OE: +3,25 -0,50 180° 31mm
Obs. Lentes Progressivas e lentes para média distância.

Lentes Oftálmicas:

Definição de lente: É um meio transparente limitado por duas superfícies, chamadas de


dióptricos.

Lentes monofocais: São aquelas que, constituem-se de um centro óptico e um campo visual
único. Podem ser esférica, cilíndrica, esférica com cilíndrica e prismática. Esta última pode ser combinada
com as lentes esférica, esférico-cilíndrica e afocal-cilíndrica.

L e n te E s fé ric a L e n te C ilín d ric a L e n te P ris m á tic a

Lentes monofocais esféricas: São aquelas que se constituem de dois dióptricos esféricos.
Seus dióptricos são como a calota de uma esfera. Os meridianos de uma lente esférica têm a mesma
força dióptrica.

As lentes monofocais esféricas subdividem-se em:

Afocais, Convergentes, Divergentes.

Lentes afocais: São lentes que possuem seu foco no infinito e seus dióptricos côncavo e
convexo são paralelos, tendo assim a mesma dioptria. Não exercem qualquer mudança na direção
da luz, conseqüentemente, não produzem força dióptrica.

As lentes afocais podem ser: com as duas superfícies planas ou uma côncava e a outra
convexa.
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As lentes afocais planas não são


empregadas na confecção de óculos, mas
L e n te são largamente usadas na fabricação de
L e n te A fo ca l
A fo ca l C u rv a d a filtros solares para instrumentos ópticos.
P la n a

Exemplo: RX de lente esférica afocal

Esf. Cil. Eixo


OD 0,00
OE Afocal

Lentes convergentes: As lentes convergentes também chamadas de positivas e


identificadas pelo sinal positivo (+), são aquelas que possuem sua força prismática com os vértices
voltados para os bordos. Caracterizam-se por serem mais grossas no centro e convergirem um feixe
de raios luminosos paralelos para um ponto chamado de foco real. Quando se desloca uma lente
positiva, o objeto caminha no sentido contrário.

+ 2 ,0 0 D .
Exemplo: RX de lente esférica convergente

Esf. Cil. Eixo


+ 2 ,0 0 D . OD +2,00D
OE +2,00D

Lentes divergentes: Também chamadas de negativas e identificadas pelo sinal negativo(-),


são aquelas que possuem sua força prismática com os vértices voltados para o centro. Caracterizam-
se por serem mais finas no centro e divergirem um feixe de luz paralelo a partir de um ponto
chamado de foco virtual. Quando deslocamos uma lente negativa, o objeto acompanha o mesmo
movimento.
- 2 ,0 0
Exemplo: RX de lente esférica divergente

Esf. Cil. Eixo


- 2 ,0 0 - 2 ,0 0 OD -2,00D
OE -2,00D

- 2 ,0 0
Lentes esférico-cilíndricas: São aquelas constituídas de um dióptrico esférico, portanto
com um só raio de curvatura, e o outro chamado tórico, com dois diferentes raios de curvaturas
esféricos dispostos ao longo de meridianos perpendiculares. Estas duas curvas dióptricas tanto
podem ser côncavas como convexas, depende de como vamos trabalhar os dióptricos.
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A cada uma das duas forças esféricas da lente esférico-cilíndrica corresponde uma
distância focal, entre as quais existe um número infinito de outras distâncias focais correspondentes
aos demais pontos da lente.
As lentes esférico-cilíndricas são constituídas nas seguintes formas:

Lentes cilíndricas convergentes; lentes cilíndricas divergentes; lentes esférico-cilíndricas


convergentes; lentes esférico-cilíndricas divergentes e lentes esférico-cilíndricas convergente-
divergentes.

Lente cilíndrica convergente

+ 1 ,0 0 D
Exemplo: RX de lente cilíndrica convergente

Esf. Cil. Eixo


0 ,0 0 D
OD +1,00D -1,00 90°
OE 0,00D +1,00 0°

A lente cilíndrica convergente é para compensar a deficiência da ametropia astigmatismo


hipermetrópico simples.

Lente cilíndrica divergente

- 1 ,0 0 D
Exemplo: RX de lente cilíndrica divergente

Esf. Cil. Eixo


0 ,0 0 D
OD 0,00D -1,00 180°
OE -1,00D +1,00 90°

A lente cilíndrica divergente serve para compensar a deficiência da ametropia


astigmatismo miópico simples.

Lente esférico-cilíndrica convergente

Exemplo: RX de lente esférico-cilíndrica convergente

+ 2 ,0 0 D Esf. Cil. Eixo


OD +2,00D +1,50 180°
OE +3,50D -1,50 90°
+ 3 ,5 0 D

As lentes esférico-cilíndricas convergentes são empregadas na compensação do


astigmatismo hipermetrópico composto ou presbiopia astigmática no caso de lente apenas para
leitura.
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Lente esférico-cilíndrica divergente

Exemplo: RX de lente esférico-cilíndrica divergente


- 2 ,0 0 D
Esf. Cil. Eixo
OD -2,00D -1,50 180°
- 3 ,5 0 D OE -3,50D +1,50 90°

As lentes esférico-cilíndricas divergentes são empregadas para compensar o astigmatismo


miópico composto.

Lente esférico-cilíndrica convergente-divergente

Exemplo: RX de lente esférico-cilíndrica convergente-divergente

+ 2 ,0 0 D Esf. Cil. Eixo


OD +2,00D -3,50 180°
OE -1,50D +3,50 90°
- 1 ,5 0 D

As lentes esférico-cilíndricas convergente-divergentes são indicadas nos casos de


astigmatismo misto, onde ao longo de um dos meridianos o olho é hipermétrope e no meridiano
perpendicular o olho é míope.

Exercícios:

Descreva as ametropias que as RX abaixo estão compensando?


Escreva ao lado das RX as respostas:
Esf. Cil. Eixo
AO +2,00D

Esf. Cil. Eixo


AO -2,00D -1,50D 50°

Esf. Cil. Eixo


AO +1,00D -0,50D 45°

Esf. Cil. Eixo


AO 0,00D -3,00D 150°
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Esf. Cil. Eixo


AO 0,00D +3,00D 170°

Esf. Cil. Eixo


AO -3,00D

Esf. Cil. Eixo


AO -3,00D -3,00D 10°

Esf. Cil. Eixo


AO +3,00D -5,00D 30°

Esf. Cil. Eixo


AO -3,00D +3,00D 8°

Esf. Cil. Eixo


AO +3,00D -3,00D 78°

Esf. Cil. Eixo


AO -3,00D +4,00D 155°

Transposição: É mudar a ordem de leitura de uma lente sem alterar a sua força dióptrica.

Essencialmente, transpor a leitura de uma lente constitui-se em trocar o sinal da dioptria


cilíndrica e somar algebricamente a dioptria esférica com a cilíndrica, obtendo assim, a nova
dioptria esférica. Conseqüentemente, a alteração da força esférica e a mudança do sinal da dioptria
cilíndrica não alteram a força dióptrica da lente.

A função da transposição é mudar o sinal da força cilíndrica a fim de facilitar a elaboração


das curvas dióptricas, bem como, entre outras utilidades uniformizar os estoques.

Todas às vezes que se transpõe à leitura de uma lente é obrigatório fazer o giro de 90º no
eixo astigmático, pelo fato de que toda força dióptrica de uma lente cilíndrica está compreendida no
intervalo de 90º. Transpor a leitura de uma lente é inverter a direção de sua leitura.

Como no eixo astigmático interessa apenas o sentido desta força, toda vez que o eixo
inicial for menor do que 90º, adicionamos 90º e quando o eixo for maior que 90º subtraímos 90º.

A melhor regra para se transpor a leitura de uma lente esférico cilíndrica é a seguinte:

Para o esférico efetua-se a soma algébrica das duas forças dióptricas. Para o cilíndrico,
permanece o mesmo valor com o sinal trocado efetuando uma rotação de 90º no eixo.

Lentes compostas ou multifocais: São aquelas que são constituídas de dois ou mais
campos visuais, com distâncias focais diferentes. Classificadas em bifocais, trifocais e
progressivas.
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As lentes multifocais são como que duas ou mais lentes simples, unidas num só bloco,
onde uma parte é empregada para visão de longe e outra para visão de perto. Por isso se analisarmos
isoladamente cada seção dessa lente, estaremos estudando-a como lente simples.
Nas lentes multifocais a parte empregada para a visão de perto é chamada de segmento,
mesmo que se trate de trifocais, quando esse segmento se apresenta dividido em duas seções.
As lentes multifocais são tanto mais apuradas quanto mais aperfeiçoadas forem as
diminuições do chamado salto de imagem e da aberração cromática.
O salto de imagem é provocado pela diferença de efeito prismático entre a parte empregada
para visão de longe e o segmento, cujos centros ópticos normalmente se colocam afastados um do
outro, provocando um deslocamento da posição da imagem entre a visão de longe e a visão de
perto. Evidentemente esse problema é tanto maior quanto maior for à distância entre os centros
ópticos de longe e de perto. Com a elaboração de tipos de segmentos nos quais se procura
aproximar os centros ópticos, bem como na elaboração de lentes de focos progressivos, o problema
de salto de imagem tem sido satisfatoriamente solucionado.

Como calcular a adição: Como o nome diz, é somar uma força dióptrica qualquer à
dioptria esférica para longe, obtendo-se assim, a dioptria para perto.
A prescrição de uma RX para um multifocal pode ser feita apenas com a força dióptrica
para visão de longe e mencionando o valor da adição para a visão de perto. Se as lentes forem
esférico-cilíndricas repete-se para perto a mesma força cilíndrica com o mesmo sinal e o mesmo
eixo.
Para encontrarmos a dioptria de perto podemos usar esta equação: Dp = Dl + Ad

Exemplo: Dp = +3,00 + 2,50 ⇒ Dp = +5,50 D


Exercícios: Escreva as respostas ao lado da RX
Dioptria para Longe Adição
AO: Esf. +3,00 2,50D

AO: Esf. –0,75 3,00D

AO: Esf. –2,50 2,50D

AO: Esf. +3,00 Cil. +1,00 a 90º 2,50D

AO: Esf. –0,75 Cil. –0,25 a 60º 3,00D

AO: Esf. –1,50 Cil. –0,50 a 135º 1,75D

Como vimos nos exercícios, a força utilizada para visão de perto é sempre mais
convergente do que a força dióptrica para visão de longe. Desse modo, as lentes multifocais podem
ser:

 Divergentes para visão de longe e menos divergentes para visão de perto.

 Divergentes para visão de longe e afocais para visão de perto.

 Divergentes para visão de longe e convergentes para visão de perto.

 Afocais para visão de longe e convergentes para visão de perto.


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 Convergentes para visão de longe e mais convergentes para visão de perto.

A adição só altera as dioptrias esféricas. As dioptrias cilíndricas permanecem as mesmas,


tanto para visão de longe como para visão de perto.

As RX podem também ser prescritas com a força dióptrica para visão de longe e a força
dióptrica para visão de perto. Sendo assim, o valor da adição poderá ser obtido pela subtração
algébrica do valor da dioptria esférica para visão de perto da dioptria esférica para visão de longe.

Nos casos de forças esférico-cilíndricas, as forças cilíndricas deverão ter o mesmo sinal e
conseqüentemente, o mesmo eixo. Se isso não acontecer, deve-se efetuar o cálculo da transposição
de uma das forças dióptricas a fim de se igualar às forças cilíndricas.

Para uma melhor identificação, é bom ter sempre em mente que forças cilíndricas para
longe e perto têm a mesma dioptria com o mesmo sinal e deverão estar com o mesmo eixo; se
porventura os sinais estiverem contrários, o eixo da dioptria para longe deve está com uma
diferença de 90º em relação ao eixo da dioptria para perto.

Para encontrarmos a adição podemos usar a equação: Ad = Dp − Dl

Exemplo:

Ad = +5,50 D − ( +3,00 D ) ⇒ Ad = 2,50 D

Exercícios: Escreva as respostas ao lado da RX


Longe: Esf. +3,00
Perto: Esf. +5,50

Longe: Esf. –2,25


Perto: Esf. +0,75

Longe: Esf. –2,00 –0,75 a 80°


Perto: Esf 0,00 –0,75 a 80°
Longe: -4,00
Perto: -1,00

Longe: 0,00
Perto: +1,75

Longe: -0,50
Perto: +2,00

Longe: - 1,00 –1,00 a 90°


Perto: +1,25 –1,00 a 90°

Longe: 0,00 +2,00 a 75°


Perto: +2,00 +2,00 a 75°

Longe: +1,00 –1,00 a 135°


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Perto: +2,00 –1,00 a 135°

Longe: -5,00 +1,00 a 155°


Perto: -3,50 +1,00 a 155°

Para encontrar a dioptria de longe pode-se usar esta igualdade: Dl = Dp − Ad

Exemplo: Qual é a dioptria para longe?


Perto +5,50D e a adição de 2,50D.
Dl = +5,50 D − (+2,50 D) ⇒ Dl = +3,00 D
Resposta: +3,00D

Adição: 1,50
Perto: +2,00

Adição: 2,75
Perto: +1,25 –1,00 a 90°

Adição: 3,00
Perto: +2,00 +2,00 a 75°

Adição: 2,00
Perto: +2,00 –1,00 a 135°

Adição: 1,25
Perto: -3,50 +1,00 a 155°

Bifocal base prismática inferior: Conhecidíssima como Ultex. Diz-se BPI por sua
película ter a forma de um prisma com sua base voltada para baixo. Vista de frente a película tem o
desenho de uma meia lua. Ele é recomendado para os casos em que a dioptria de longe é maior que
a adição.

O deslocamento prismático no segmento BPI é de 22mm.

A lente multifocal do tipo Ultex é


C r is t a l indicada quando a dioptria para longe no
meridiano a 90º é maior do que a adição.

Exemplos:

Longe AO +3,00
Perto AO +4,00

Bifocal base prismática central: Seu nome comercialmente conhecido por Kriptok. Diz-
se BPC porque sua película tem a forma de dois prismas unidos pela base. O kriptok é recomendado
para os casos em que a dioptria de longe é igual à adição.
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Exemplo:
B PC
Esf. Cil. Eixo
L. +2,00
P. +4,00

O deslocamento prismático no bifocal BPC é de 14mm.

Bifocal base prismática superior: É o nome técnico correto para os bifocais conhecidos
como Biovis, Topo reto e Panoptik. Diz-se BPS porque sua película vista em perfil, tem a forma de
um prisma com sua base para cima. Ele é recomendado quando as adições são maiores do que a
dioptria para longe.

BPS O D Exemplo:

Esf. Cil. Eixo


L. +1,00
P. +4,00

O deslocamento prismático no multifocal BPS é de 7mm.

Multifocal panoptic: As lentes multifocais do tipo


panoptic são semelhantes ao multifocal fulwue. A única P a n o p tik
diferença é que os cantos do topo do segmento apresentam-se
arredondados.

Multifocal executive: A lente multifocal do tipo Executive também conhecida por


Franklin, é aquela dividida quase ao meio do bloco por uma linha reta no sentido horizontal, em
duas diferentes curvaturas esféricas. O deslocamento prismático é 2mm.

É muito indicado para atividades


E x e c u tiv e ocupacionais que exigem amplo campo de
visão para perto, que neste tipo de multifocal
chega a 73º de seu segmento.

Lente bifocal invisível: É uma lente do tipo kriptok em


CR-39, conhecida por Solex. A indicação é quando o cliente por
deficiência de convergência não se adapta a lente progressiva e não
quer usar os bifocais tradicionais, ou clientes que não tem poder
aquisitivos para comprar uma lente progressiva.
16

I n v is ív e l

Multifocal de focos progressivos: Constitui-se de um dióptrico côncavo, onde pode ser


feito a surfaçagem da dioptria esférica ou tórica, e outro convexo, é dividido em duas regiões
limitadas horizontalmente ao meio da lente.

A parte que fica acima da linha horizontal (imaginária) constitui-se de um dióptrico


esférico ou asférico cuja força dióptrica é a curva base da lente. A parte que fica abaixo da linha
horizontal possui uma curvatura parabólica cujo raio diminui gradativamente desde a linha divisória
no meio da lente até o bordo inferior, constituindo todas as distâncias focais, desde aquela
empregada para visão de longe até a visão de perto.

A diferença de curvatura entre a parte utilizada para visão de longe e a parte mais inferior
utilizada para visão de perto, resulta no valor da adição.

As lentes de focos progressivos, podem ser indicadas para qualquer força dióptrica
acompanhada de presbiopia. Oferecem ótima visão sem os inconvenientes traços divisórios ou o
incômodo do salto de imagem, com exceção das anisometropias no meridiano vertical, dada a
grande diferença de força prismática para visão de perto, comprometendo a visão binocular.

Lente katral: É destinada para


pessoas que são operadas de catarata,
sem terem implantado a lente intra-
ocular.
A lente katral possui o formato
lenticulada com o propósito de redução
da espessura no bordo da lente.

Cuidado ao mudar o tipo de bifocal: Quando o cliente já é usuário de um tipo de bifocal,


mesmo que não seja a melhor indicação, e ao renovar sua receita tem o bifocal modificado,
normalmente ocorrem problemas de adaptação, pois o olho humano acostuma-se com o bifocal
errado e quando mudamos para o correto, o cliente reclama que o anterior era melhor. Nestes casos
é melhor manter o tipo de bifocal que o cliente já está usando, mesmo que não seja o ideal.
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Medidas para óculos bifocais: Devemos fazer primeiro a DNP de longe e perto, depois o
CO. Subtraímos algebricamente 7mm. da altura do CO. A altura dos bifocais deve ser tomada em
função do CO e não em função das pálpebras, pois têm clientes que sofrem de ptose (pálpebras
caídas) pois a película do bifocal poderá ficar muito baixa prejudicando o cliente na hora de ler. A
altura da película do bifocal não deve ficar alta pois vai atrapalhar o cliente de ver bem para longe e
não deve ficar baixa pois o cliente terá dificuldade de olhar bem para perto.
Lentes progressivas: São lentes providas de múltiplas graduações, distribuídas de modo
progressivo, partindo da dioptria de longe, até que alcance a dioptria de perto. A lente progressiva
permite que o cliente tenha visão nítida para longe, intermediário e perto, o usuário consegue com o
simples movimento da cabeça focalizar objetos que vão da distância de 35cm (perto) 1,5m
(intermediária) e para longe.

Característica geral da lente progressiva:

1. Largura do canal intermediário, opticamente


puro: 3mm.
2. altura da zona progressiva: 16mm.
3. descentração nasal para perto: 2,5mm.
4. Largura do campo de perto, opticamente puro:
10mm.
*As zonas tracejadas contêm aberrações que
não permitem visão nítida.
*Notar a pequena dimensão do canal
intermediário 3mm.

Desconforto de quem usa as lentes progressivas pela primeira vez:

a) Sensação de linhas horizontais retas serem ligeiramente curvadas.


b) Sensações de movimentos ondulatórios quando movimenta a cabeça para os lados.
c) Ao dar “marcha ré” nos automóveis não consegue ver com nitidez ao olhar para trás.
d) Deve dirigir o centro do nariz para a direção que deseja observar.
e) Não consegue ver de soslaio na zona intermediária e perto.

Obs.: Lembre-se que estas objeções dependem sobretudo da personalidade do cliente.


Existem clientes que dizem “nada sentir” e outros exageram e dizem não conseguir enxergar nada
com os óculos.

Devemos comentar estas sensações para com o cliente apenas na hora de entregar os
óculos, para que o mesmo não pense que os óculos estão errados.

Logotipos e marcas indeléveis dos progressivos:


1. Cruz de centralização do CO e DNP.
2. Dois círculos que definem a posição horizontal da
lente.
3. A adição está sob o circulo do lado temporal.
4. Logotipo do fabricante está sob o circulo do lado
nasal.
5. Acima da cruz de centralização está um circulo
maior onde se faz a conferencia da dioptria de longe.
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6. 16mm abaixo da cruz está marcado um circulo menor, onde está a dioptria de perto.
Lente para visão intermediária e perto: São recomendadas para présbitas que têm
atividades em escritório, trabalha com computador, cozinha, música, costura, etc.

Descrição da lente: A poténcia para visão de perto ocupa toda a área inferior da lente,
diminuindo na área superior da mesma, que se destina à visão intermediária. A força dinâmica seria
como as adições nos bifocais e são apenas duas: 0,75D e 1,25D.

A diferença de 0,75D entre a dioptria intermediária e perto destina-se ao présbita com


menos de 50 anos e as de 1,25D para o présbita com mais de 50 anos.

Tombos ao descer escadas: Por que alguns clientes que usam bifocais caem ao descer
escadas? Principalmente o novo usuário. Mesmo a visão não sendo nítida o cliente olha para o chão
pela película do bifocal, quando tenta visualizar a posição de alguns objetos por exemplo: tentam
situar os primeiros degraus de uma escada ou mesmo um “meio fio”, podem errar os passos,
especialmente quando o tipo de bifocal não é o mais indicado (caso Ultex para míopes-présbitas).
Nestes casos o cliente verá os degraus numa posição falsa e as conseqüências poderão ser
desastrosas.

Algumas recomendações para uma boa adaptação:

a) Aos novos usuários de lentes bifocais, recomende o seu uso inicial somente para perto,
ou seja, entre 35 a 40cm. Exemplos: assistindo TV, lendo jornal, etc., os quais facilitarão uma
rápida adaptação. Convença seu cliente de que os óculos foram confeccionados com exatidão e que
os problemas iniciais de adaptação são normais. Enumere as dificuldades que ele terá até a
adaptação final, não permita que seu cliente suponha que os problemas constatados são
provenientes de supostos erros, afinal você está certo da precisão do seu trabalho.

b) Os clientes que tiverem a adição aumentada devem ser alertados sobre a nova adaptação
dos óculos. Aconselhe-os a usar a dioptria de perto apenas para a distância de 40cm e previna-os
das dificuldades que terão de enxergar na distância intermediária, pois com os óculos antigos,
devido a dioptria estar mais fraca ele via bem para distância intermediária, porém, para distância de
perto tinha dificuldade.

c) A uma dona de casa, por exemplo, que faz serviços domésticos, explique que terá
dificuldade com os novos óculos para ver nitidamente o canto da pia, as chamas do fogão, pequenas
sujeiras no chão etc., lembre que ela terá que olhar pela parte que fica a dioptria de longe.

As lentes podem ser:

a) Cristal: conhecida também como “Crown”, é um material ainda em uso o do tipo


fotocromática. Seu índice de refração é de n = 1,523 e número Abbe 59.

b)Resina orgânica: Conhecida como CR-39 e que significa a trigésima nona experiência
feita pela Universidade de Columbia nos Estados Unidos. Atualmente é o material mais vendido
devido o seu peso ser de aproximadamente 40% mais leve que as lentes de cristal, e ainda ser mais
resistente a impactos. Seu índice de refração é de n = 1,499 com número Abbe 58.

c) Resina orgânica de alto índice: Tem todas as qualidades da resina comum, porém, as
lentes ficam leves e até mais finas do que as lentes em cristal crown. Seu índice de refração é 1,600
e o número Abbe de 42.
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d)Policarbonato: É um material que apresenta alta resistência a impactos, permitindo


ainda a fabricação lentes mais finas e estéticas que àquelas em resina comum. Seu índice de
refração é 1,586 e o número Abbe de 30.

e) High-lite: É um vidro de alto índice de refração muito usado para atender as altas
miopias, pois como o índice de refração é de n = 1.701com número Abbe 38. A lente fica
aproximadamente 25% mais fina em relação à mesma lente de cristal crown.

f) High-lite com maior índice: É o que pode apresentar uma lente com alta miopia e
espessura mais fina, pois o seu índice de refração é de 1.800, porém a lente fica um pouco mais
pesada do que a de índice de 1.701.

Quanto as cores das lentes:

a) Fotocromática: É toda lente de cristal que muda de cor quando fica exposta aos raios
ultravioletas, escurecendo quando está no sol.

b)Transitions: É lente em resina orgânica com a mesma característica da lente


fotocromática.

c) Coloração: São lentes em resina orgânica, tingidas com tintas de várias cores. Exemplo:
Marrom, cinza, verde, róseo, podendo ser em várias tonalidades.

A intensidade das cores nas lentes: Qual deve ser a tonalidade de uma lente colorida,
para se ter à devida proteção do excesso de claridade e permitir seu uso em ambientes menos
claros?
A resposta é complexa, vai depender da atividade para qual a lente vai ser usada.

A tonalidade é a intensidade da cor que pode ser quantificada da seguinte forma: usando
número; quanto maior for o número, mais escura será a lente. Exemplo: 50, 1, 2 e 3. Porém, se
usadas as letras A, B, C e D, a última será a mais escura.

Variações da *AV em função das lentes coloridas e a visão noturna


Visão diurna AV 100%
Visão noturna AV 63%
Visão noturna com lente colorida na tonalidade 2 AV 50%
Visão noturna com o motorista usando lente tonalidade 2 AV 43%

*Acuidade Visual

Medições na óptica: O Consultor em vendas de óculos deve compreender que as medidas


são pontos importantíssimos para a elaboração das lentes e da montagem das mesmas na armação.
Quando estas medidas não são executadas corretamente, os óculos ficam mal feitos e ocasionarão
problemas tanto para o usuário quanto para quem vende. As medidas devem ser tomadas com
seriedade e técnica para evitar aborrecimentos futuros. É interessante que o cliente sinta a
importância dessas medidas, até como forma de valorizar a própria venda.

a) Centro óptico: É a altura que a pupila do cliente fica em relação à borda inferior do aro
da armação.
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b)DP: É a distância em milímetro da pupila do olho direito à pupila do olho esquerdo.

c) DNP: É a distância em milímetro do dorso do nariz à pupila esquerda e direita.

d)Altura do bifocal: É a altura que a película do bifocal deve ficar para não atrapalhar a
visão para longe.

Instrumentos usados para aferir as medidas:

a) Pupilômetro: Aparelho utilizado para medir DP e DNP.

b)Esferômetro: Aparelho usado para medir a curva base da lente.

c) Lanterna: Ajuda a tirar as medidas do centro óptico, DP e DNP quando estas são feitas
com a escala milimétrica.

d) Escala milimétrica: É utilizada quando não dispomos de um pupilômetro. Para medir a


DP de longe devemos nos posicionar na frente do cliente procurando ficar no mesmo plano
horizontal, solicitando que o mesmo olhe lateralmente a nossa esquerda fixando o olhar em um
objeto qualquer que esteja a uma distância aproximada de cinco metros. Apoiamos a escala no nariz
do cliente e medimos a partir do limbo (limite entre a íris e a esclerótica) interno do olho direito
para o limbo interno do olho esquerdo. Com o nosso olho direito fechado, zeramos a escala no lado
interno no limbo do olho direito do cliente e com o olho esquerdo fechado completamos a medida
no limbo externo do olho esquerdo do cliente.

Obs: Para medir a DP de perto


realizamos todos os passos anteriores,
só que ao invés do cliente olhar para
a distância acima de cinco metros,
devemos posicionar o dedo indicador
a uma distância de 35cm e pedir para
que o cliente fixe o olhar no mesmo.

Medidas para montagem dos monofocais: As medidas para montagem de quaisquer


óculos são de muita importância, pois toda lente tem centro óptico da mesma forma que os olhos, e
para que o cliente possa usar os óculos sem que estes venham causar desconforto precisamos medir
DNP para longe e o CO.

Medidas para montagem dos bifocais: As medidas para os bifocais devem ser DNP para
longe e DNP para perto, bem como a altura da película. Estas medidas são de suma importância,
qualquer erro pode representar a perda da lente bifocal ou o sacrifício do cliente, que será induzido
a se acostumar com os óculos sob a alegação de que “com o tempo se acostumará”. Uma medida
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errada provocará vícios de posição causando até mesmo problema à coluna vertebral do cliente. A
altura do seguimento do bifocal deve ficar de tal maneira que, um objeto no chão plano, a uma
distância de 10 metros, deve ser visto sem a interferência da linha divisória que separa a dioptria de
longe e perto.

Para que não haja interferência, ficou estabelecido que a película deve ser montada na
armação com o seu topo um milímetro abaixo da borda inferior da íris.

Sabe-se que os diâmetros das íris não variam muito. A íris tem em média 12mm de
diâmetro, então do centro da pupila até o limbo teremos 6mm. Como o topo da película do bifocal
deve ficar 1mm abaixo inferior da íris, é só medir o centro óptico e subtrair 7mm. Ou seja, 6mm do
centro óptico até o limbo mais 1mm de segurança, totalizando assim, 7mm.

Exemplo:
Centro óptico de 24mm
-7mm
17mm
A altura da película do bifocal será 17mm.

Não se mede a altura da película tomando por base a pálpebra inferior. Porque se o cliente
tiver ptose (pálpebra caída) a altura da película do bifocal ficará muito baixa. Lembre-se: o cliente
olha pela abertura central da íris e não pela pálpebra.

Um consultor de vendas deve observar o seu posicionamento antes de aferir as medidas de


um cliente, para que as mesmas não fiquem erradas.

Medidas para montagem dos multifocais progressivos: Para montar as lentes


progressivas é necessário informar ao montador a DNP para longe e a altura do centro óptico do
cliente, para que a cruz que vem na lente coincida com a pupila quando o cliente estiver usando os
óculos. A DNP para longe deve ser formada a partir da DNP de perto, pois todos os progressivos
têm uma descentração nasal de 2,5mm em cada olho, totalizando assim, uma descentração de 5mm.
Medimos a DNP de perto e somamos algebricamente 2,5mm a cada olho.

Exemplo:
DNP Perto OD 31,5mm OE 32,0mm
Acrescentar 2,5mm 2,5mm
34,0mm 34,5mm DNP de longe a ser informada para montagem.

Identificação empírica de uma lente: Além dos processos de lensometria que emprega
instrumentos na aferição das lentes, existe também o processo empírico, pelo qual pode-se
identificar rapidamente uma lente, tanto através de sua forma, como através de sua imagem.

Com esse processo pode-se localizar até o centro óptico, bem como o eixo astigmático com
relativa exatidão.

Quanto à natureza de sua superfície, uma lente pode ser rapidamente identificada
examinando-se os movimentos de sua imagem.

Desse modo as lentes são assim identificadas:


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 Lentes esféricas: a lente é esférica quando a imagem determinada através da mesma


não acompanha leves movimentos giratórios para direita e para esquerda.

 Lentes esférico-cilíndricas: nas lentes esférico-cilíndricas a imagem acompanha


levemente os movimentos giratórios da lente.

 Lentes convergentes: a lente é convergente quando a imagem se desloca em sentido


contrário ao movimento da lente.

 Lentes divergentes: a lente é divergente quando a imagem se desloca no mesmo


sentido de seu deslocamento.

 Lentes afocais: a lente é afocal quando a imagem permanece imóvel a qualquer


movimento da lente.

Armações para óculos: São compostas de duas hastes, uma ponte, duas charneiras e duas
plaquetas (quando são de metal) e dois aros. Esses aros podem se apresentar da seguinte maneira:
aro total, meio aro ou totalmente sem aro (lentes parafusadas).

A armação e as lentes compõem os óculos, que servem para compensação visual, para fins
esportivos, sociais ou ainda para segurança no trabalho. Através dos tempos, inúmeros materiais
têm sido usados na fabricação de armações: aço, ouro, prata, titânio, acetato de celulose (zilo), fibra
de carbono e metal etc.

Acetato de celulose: Conhecida popularmente como zilo, é resistente e tem uma grande
variedade de cores e modelos.

Existem dois tipos de fabricação, um partindo de chapas de acetato que são fornecidas aos
fabricantes nas espessuras de 4, 6 e 8mm. As chapas de 4mm são destinadas às hastes e as de 6 e
8mm são para as frentes.

Estas chapas são cortadas nos modelos desejados por meio de tupias que fresam
primeiramente o aro interno já deixando o bisel ou ranhura pronta, usinando o aro externo depois.

As hastes depois de recortadas, levam um arame conhecido como agulha que serve para
dar resistência.

Metal: São construídas basicamente com liga metálica conhecida como alpaca que, além
de resistente, não oxida com facilidade. Os fios de alpacas são laminados tomando a forma de bisel
onde encaixa a lente. Estes fios, em seguida são enrolados em tubos de madeira nos formatos
desejados e bem esticados, tomando a forma do modelo que se quer fabricar cortando na altura das
charneiras.
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Então são soldados as charneiras a ponte e os bracinhos das plaquetas; a seguir são
colocadas em tambor com pequenas esferas de aço onde ficam girando por uma certo tempo, depois
são muito bem lavadas, seguindo para o banho de níquel e posteriormente para o banho de ouro.

Existem, entretanto, no mercado armações fabricadas com monel, alumínio, etc.

Geralmente essas armações são banhadas a ouro e o banho é quem vai quantificar a
qualidade da armação, se é boa ou de má qualidade.

Sempre o que se procura é um material que forneça: durabilidade, flexibilidade, segurança,


duração do brilho, custo, leveza e estilo.

As soldas e o revestimento nas armações influenciam na qualidade da mesma. Vejamos


alguns aspectos que devem ser observados:

a) Aderência garantida ao material base;

b) Camada não porosa, livre de rachaduras, para garantir ótima proteção contra corrosão;
c) Espessura do revestimento com endurecimento da última camada de ouro para
funcionar contra os desgastes naturais;

d) Elasticidade para que as partes da armação possam ser moldadas sem formar
rachaduras;

e) Quando dourada tenha a cor do ouro e de outra cor que seja uniforme.

O conhecimento do produto facilita a venda e torna o consultor em vendas mais confiante.

Nomenclatura e partes da armação: Identifica-se o tamanho de uma armação medindo-


se a ponte e o aro no plano horizontal. Assim, uma armação que na haste esteja gravada 50 – 22,
significa que o aro dessa armação tem o diâmetro de 50mm e a ponte de 22mm. Podemos afirmar
que, a distância do centro geométrico do aro direito até o centro geométrico do aro esquerdo é de
72mm. Daí, a importância de medir a DP antes de mostrarmos as armações para o cliente,
facilitando a escolha do tamanho adequado ao rosto do cliente, bem como, da lente a ser indicada.

a) Aro: Parte que fica na frente da


armação dando o formato e o modelo
da armação, local onde a lente é
encaixada.

b) Ponte: É a parte que une o aro


direito ao esquerdo. Fica situada sobre
o nariz do usuário.

c) Haste: É a peça que fixa a frente


da armação às orelhas do usuário.
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d) Talão: É a parte curvada e prolongada que se une com a haste. As armações destinadas
à alta miopia devem ter um talão alongado para as bordas grossas das lentes não impedirem a dobra
das hastes.

e) Bisel ou ranhura: É uma cavidade em forma de “V” onde as lentes são encaixadas.

f) Plaqueta: É um pequeno artefato de plástico ou silicone preso através de uma pequena


peça de metal “bracinho” soldada ao aro direito e esquerdo, servindo de apoio dos óculos sobre o
nariz do usuário.

g) Ponteira: Material de plástico situada nas extremidades das hastes para melhorar o
conforto do usuário, evitando o atrito das mesmas sobre as orelhas.

h) Charneira: É a dobradiça que liga a haste à frente da armação.

i) Escudo: Componente utilizado em armações de zilo. É a parte externa temporal do aro


servindo para fixação da charneira.

j) Pino duplo: É a peça metálica que fixa a charneira à haste, geralmente acompanhada
de desenho ou logotipo do fabricante.

k) Agulha: É um fio de material chamada alpaca, introduzida na haste das armações de


zilo para aumentar a resistência da mesma.

l) Frente: Assim é chamada a parte frontal da armação (aro e ponte).

m) Diâmetro efetivo: (Aro efetivo). É o maior diâmetro encontrado no aro.

Medidas da armação: Considera-se o tamanho de uma armação, como sendo a distância


entre os centros dos respectivos aros. Para saber o calibre da armação, mede-se a distância em
milímetro da parte interna temporal do aro até a parte interna nasal do outro aro.

Ta m a n h o d a A rm a ç ã o

P o n te

AE

M e d id a d o a r o
Ta m a n h o d a a rm a ç ã o

Através do calibre da armação e DP do cliente fica mais fácil de encontrar uma armação do
tamanho adequado.

Tamanho da lente em função da armação: É importante para a encomenda das lentes


fabricadas no laboratório (surfaçadas) ou compradas prontas nos distribuidores. Não somente no
custo das lentes a serem adquiridas, como também na forma estética dos óculos e no conforto do
cliente.
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Não faz sentido usar um par de lentes com o diâmetro de 70mm, quando a RX a ser aviada
comportaria uma com 60mm. Paga-se mais caro e na maioria das vezes, os óculos ficam com as
lentes mais grossas e pesadas.

Para a escolha correta do tamanho das lentes, há que se levar em consideração os seguintes
itens:

Tamanho da Armação (TA), Diâmetro Efetivo (DE), Distância Pipilar (DP) ou o dobro da
menor DNP e Margem de Segurança de 2mm.
Regra: Ø = TA − DP + Øefet. + 2 Ø = TA - ( < DNP ⋅ 2 ) + Øefet. + 2
Exemplos:

Qual diâmetro da lente com +5,00D para uma armação com TA = 70mm, DP do cliente =
62mm, DE = 53mm, e margem de segurança de 2mm?

Ø = TA - DP + Øefet. + 2 ⇒ Ø = 70 - 62 + 53 + 2 ⇒ Ø = 63mm

Qual diâmetro da lente com +5,00D para uma armação com TA = 68mm, DNP do cliente =
OD 32mm OE 30mm, DE = 50mm, e margem de segurança de 2mm?

Ø = TA - ( < DNP ⋅ 2 ) + Øefet. + 2 ⇒ Ø = 68 - ( 30 ⋅ 2 ) + 50 + 2 ⇒ Ø = 68 - 60 + 50 + 2 ⇒ Ø = 60mm

Como podemos ver, o resultado nem sempre está combinando com os diâmetros das lentes
ou blocos disponíveis no mercado. Nos exemplos acima as lentes indicadas são: uma com o
diâmetro 63mm e outra de 60mm.

Significa que devemos solicitar lentes prontas uma com o diâmetro de 60mm e a outra de
65mm respectivamente e não lentes com 70mm.

Pelo desenho acima, a lente do lado esquerdo tem o diâmetro de 70mm para ser facetado
em um diâmetro de 60mm. Veja que a borda da lente ficou grossa, sua espessura central também
ficou maior e o seu volume total ficou exagerado.

Agora observe a lente do lado direito, ela foi solicitada com o diâmetro de 60mm ficando
assim com a mínima espessura possível, tanto da parte central e nas bordas da lente.
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Nas lentes negativas tanto faz usar uma lente


com o diâmetro de 60mm, 70mm ou até de
80mm que a espessura vai ser a mesma.
Devemos usar a regra para que o montador não
venha ter dificuldade de montar as lentes com as
medidas corretas.

Observe no desenho acima, que nada adiantará usar diversos tamanhos (nas lentes
negativas), sua espessura no centro será sempre a mesma.
Tamanho das lentes BPS e progressivas em função da DP e armação: Os bifocais BPS
e os progressivos têm o centro geométrico da dioptria de perto descentrados em 5mm, no sentido
nasal, em relação ao centro geométrico do bloco. Assim sendo, para calcular se o diâmetro do bloco
comporta uma determinada armação, temos que fazer o seguinte cálculo:

1. Usar a DP de perto e acrescentar 10mm.

2. Faça o cálculo como nas lentes monofocais partindo da DP encontrada.

3. Usar a mesma equação: Ø = TA - DP + Øefet. + 2

Exemplo: temos uma DP de perto com 58mm, uma armação tamanho 74mm, um diâmetro
efetivo de 56mm. Poderei usar um bloco com 68mm?

Ø = 74 - 68 + 56 + 2 ⇒ Ø = 64mm

Sim, pois o diâmetro encontrado foi de 64mm, menor que o bloco a ser surfaçado de
68mm.

Obs.: Nos bifocais BPC e BPI usar a mesma equação dos monofocais.

Pontos a serem observados na escolha da armação:

a) Tamanho da ponte: Este é o primeiro ponto que deve ser observado. Se a ponte não
cai bem no nariz do cliente você pode desistir da opção e sair para uma outra escolha. A ponte não
pode estar acavalada (pequena) porque isto fará com que as lentes fiquem mais altas. Ponte grande
faz com que a armação escorregue pelo nariz ou marque o rosto. Quando a ponte fica grande ocorre
que a curva superior da ponte fará o apoio dos óculos no ápice do nariz marcando-o e ferindo-o,
pois o peso dos óculos deve ser nas plaquetas. Outro ponto negativo, quando a ponte é grande para
o usuário de altas miopias, pois como o centro óptico fica muito alto as bordas das lentes na parte
inferior vão ficar muito grossas.

Veja no desenho ao lado uma armação de


uma ponte pequena fazendo com que os
olhos do cliente fiquem muitos baixos.
Uma lente de foco virtual com alta
dioptria ficará com as bordas na parte
superior da armação muito grossa e fina na
parte inferior.
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Assim, podemos observar que uma ponte pequena faz a armação subir.

Veja no desenho ao lado a ação de


uma ponte larga sobre um nariz fino.
Além dos olhos ficarem muito alto
em função do centro da armação, fica
marcando e até ferindo o ápice do nariz.

Uma ponte grande faz a armação descer.

b) Plaquetas: É sobre as plaquetas que todo o peso dos óculos atua. É necessário que elas
estejam assentadas em toda a sua superfície sobre o nariz, do contrário o peso não estará bem
dividido, marcas e ferimentos surgirão no nariz do seu cliente. Na correção da posição das
plaquetas, quatro pontos devem ser observados: superior – inferior – interno – externo.

Quando um destes pontos está forçando a pele do nariz é sinal de que, o uso dos óculos
provocará ferimentos. Corrija a posição das plaquetas com o alicate, se é do tipo de bracinhos
próprios das armações metálicas. Caso a armação seja de acetato, troque de armação, para que não
haja problema. Um exemplo comum é as pessoas da raça negra ou asiática, elas possuem o nariz
desprovido de curva na parte superior e são achatados. Para estes casos temos opções de armações
de plaquetas de bracinhos que podem ser posicionadas para qualquer assentamento.

Na armação de metal, a ponte metálica não deve ser apoiada diretamente sobre o nariz,
pois ocasionará oxidação na armação.

Os olhos devem ficar aproximadamente no centro do aro, no plano vertical. Caso o centro
óptico fique muito acima ou muito abaixo do centro geométrico, estará contribuindo para a
confecção incorreta dos óculos, causando insatisfação ao seu cliente, especialmente quando a
dioptria é alta.

Ao ajustar as plaquetas usar alicate de pontas finas, mas deve-se ter o máximo de cuidado
para não quebrar na solda que liga o bracinho ao aro.

Utilize-se de armações usadas e faça o seu treinamento movimentando as plaquetas até


estar seguro para fazer uma correção adequada numa armação nova, sem quebrar sua solda.

c) Tamanho do aro: Os aros maiores são para pessoas de rosto largo e os menores para
as de rosto fino. De um modo geral a parte superior do aro deve coincidir com as sobrancelhas. Isso
também depende do bom senso na hora da escolha, bem como do formato facial do cliente. Os
modelos são muito variados e é difícil estabelecer uma regra absoluta. Outro ponto importante a ser
observado pelo Consultor de vendas é não permitir que o aro na parte inferior toque nas faces do
cliente, principalmente se a armação for de metal para evitar oxidação e alergia na pele. Quando o
cliente tiver as maçãs do rosto tipo “bochechudo” escolha armações com o tamanho menor na
vertical.
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Nunca apele para inclinar a armação procurando afastar o aro inferior da face, porque isso
poderá gerar um astigmatismo induzido.

60m m
29m m 30m m
50m m

O olho do cliente deve ficar centralizado no aro no sentido vertical e o no horizontal 4mm acima da
linha meridiana.

A ltu r a m ín im a
d o C O v a ria
de 16 a 22m m

Os aros para lentes progressivas comuns e bifocais devem ter no plano vertical uma altura
de centro óptico no mínimo 22mm e também existe uma altura máxima para a montagem dessas
lentes, que varia de 30 a 35mm, no demais progressivos devemos seguir as orientações do
fabricante.

d) Talão: É um nome estranho, mas é como identificamos aquela curva que liga a haste à
frente da armação. Na venda de óculos com lentes de alta miopia, deve-se ter o cuidado de não
oferecer uma armação com o talão pequeno, pois quando as lentes forem encaixadas na armação, as
hastes ficarão sem dobrar direito. Armação que tem os talões maiores é mais indicada para estes
casos.
e) Hastes: São as duas peças que seguram os óculos às orelhas, são importantes porque
delas dependem muito a boa adaptação dos mesmos no rosto do cliente. As hastes não devem
pressionar as têmporas, elas devem se ajustar à curva da orelha. Deve-se ter cuidado para que a
curva da haste não pressione demasiadamente atrás da orelha causando dor e ferindo.

Todo ajuste em armação de zilo deve ser feito com a mesma aquecida por um ventilete ou
aquecedor para não causar danos.
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Veja ao lado a ação de uma


haste mal adaptada, ferindo atrás
da orelha e incomodando o cliente.

Outro defeito que devemos observar é quando a armação está com as hastes cruzadas,
fazendo com que os óculos fiquem tortos no rosto do cliente.

Na ilustração ao lado, veja uma


armação defeituosa, as hastes quando
dobradas não ficam alinhadas, não
devemos colocar as armações assim na
vitrine, muito menos entregá-la ao
cliente.

Na ilustração abaixo, os óculos estão fora de alinhamento com um aro mais alto do que o
outro, este defeito é causado pelo empeno das hastes.

Ao alinhar as hastes, colocar a armação em uma superfície plana, com as ponteiras voltadas
para cima, depois virar a armação com as ponteiras para a mesma superfície plana e ajusta-las.

f) A inclinação do ângulo pantoscópico: É de muita importância principalmente nos


óculos com lentes progressivas, trazendo mais conforto visual ao cliente, pois os olhos vão estar
com a mesma distancia vértice para visão de longe e perto.

A inclinação do ângulo pantoscópico


deve estar no intervalo de 8º a 12º.
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g) Inclinação da frente desencontrada: Quando os óculos são montados devemos


observar se as lentes estão alinhadas antes de desempenar as hastes. Os óculos com inclinações
diferentes, são de um certo modo parecido com uma hélice de ventilador, apresentam imagens
distorcidas dos objetos no plano vertical, bem como comprometendo a estética.

I m a g e m v is ta d e c im a Ao lado, exemplo de uma armação


com inclinação desencontrada (efeito
L e n te
hélice) que deve ser corrigida antes
A ro de se proceder ao ajuste das hastes.
A ro
L e n te

Escolha do modelo e da cor:

A escolha do modelo e da cor da armação é muito importante, pois é o que definirá a


satisfação do cliente com os óculos. Para uma venda satisfatória os seguintes pontos devem ser
levados em consideração:

a) Combinar a tonalidade da armação com a cor da pele do cliente

b) Armações que rejuvenesçam o cliente

c) Que aumente a elegância

d) Que dê uma aparência intelectual

e) Que embelezam

f) Que transforme a expressão facial para melhor

g) Que realce a feminilidade

h) Que dê um ar esportivo social

O Consultor deve ter noções de estética para acertar na indicação da armação.


Recomendamos que sejam observadas as revistas especializadas, as que lançam modas, etc.

Por exemplo, para um rosto de forma acentuadamente redondo, o indicado seria uma
armação com aros não redondos, isto para quebrar um pouco a sinuosidade das linhas, mantendo o
equilíbrio entre a forma redonda do rosto e a forma não redonda da armação.

Diremos que uma armação modelo “gatinha”, quadrada ou angular na direção horizontal
ficaria melhor no formato do rosto acima referido.

Do mesmo modo, um cliente de rosto fino e longo, a recomendação seria de uma armação
redonda ou oval. Esses procedimentos deverão ser de forma sutil, sem que o consultor faça
comentários negativos às formas do rosto do cliente.
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Outro ponto interessante é quando o cliente necessita de óculos e não gosta de usa-los,
neste caso a escolha seria de um modelo sóbrio no formato e nas cores, enfim, algo que não choque
o cliente. Com habilidade o consultor poderá muitas vezes indicar uma armação que melhore o
visual do cliente, fazendo com que o mesmo passe a gostar do artefato.

Pare e pense: qual a parte do rosto de uma pessoa em que você presta mais atenção...
principalmente quando está conversando? Não há como negar que os óculos são como um cartão de
visitas no rosto de quem os usa, e também um acessório que pode valorizar ou prejudicar seu visual,
dependendo da maneira como são usados.

Há muito tempo os óculos deixaram de ser um mal necessário para se tornarem parte da
composição do visual, do estilo e da personalidade das pessoas. Uma armação, se escolhida com o
devido cuidado, valoriza o rosto sem esconder suas feições e expressões, deixando livre uma das
partes mais importantes na comunicação: os olhos!

Já, se ela não for escolhida corretamente, acontece o contrário - os óculos aparecem mais
do que a pessoa que está por trás deles, prejudicando sua imagem e podendo até influenciar em sua
auto-estima.

Como escolher a melhor armação:

Existem no mercado muitas opções de lentes e armações. As melhores são aquelas que
interferem o mínimo possível no visual, como as de material transparente, metais em tons
queimados, lentes sem armação (que são seguras por hastes) ... uma infinidade!

Mesmo com tantas opções, num primeiro momento pode parecer fácil escolher, mas nada é
assim tão simples! Cada pessoa tem características físicas e psicológicas próprias e o modelo deve
seguir seu estilo.

Os óculos devem ter a cara do cliente. Além do tipo físico, o jeito de ser da pessoa
influencia muito. Não adianta, por exemplo, querer que uma pessoa tímida use uma armação
extravagante ou colorida, Por melhor que isso possa ficar em seu rosto, não combina com a sua
personalidade e os óculos vão acabar guardados em uma gaveta.
A melhor saída para quem precisa usar óculos é procurar ajuda de consultores
especializados no assunto. A escolha da armação certa é mais importante do que parece, pois os
óculos fazem parte do dia-a-dia da pessoa e podem influenciar em várias situações de nosso
cotidiano.....como causar a impressão certa na hora de procurar um emprego, por exemplo.

Veja algumas características físicas muito importantes na escolha da melhor armação:

 Formato dos olhos: são juntos, separados, grandes, puxados....

 Largura e tamanho do nariz: o apoio da armação deve ser confortável, não marcar e não
incomodar;

 Formato e espessura da sobrancelha: a armação não pode cobrir a sobrancelha, devendo


ficar sempre alguns milímetros abaixo dela para não atrapalhar a expressão do rosto;

 Largura do rosto: as hastes dos óculos não podem apertar nem marcar as laterais do
rosto, isso pode causar até dores de cabeça.

Formato do rosto:
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Longo: para esse tipo de rosto as linhas


devem ser rasas, para não deixar a parte
de baixo muito "comprida".

Quadrado: as linhas faciais devem ser


suavizadas com armações de linhas
hexagonais, por exemplo.

Oval: um dos mais versáteis, aceita


quase todos os tipos de armação, de
acordo com a personalidade da
pessoa.

Redondo: as lentes devem ser


mais oblíquas para suavizar as
linhas do rosto e não deixá-lo
ainda mais arredondado

Condução técnica e psicológica na entrega dos óculos: Dependendo da maneira como os


óculos são entregues ao cliente, este poderá não usá-los e passar a ter aversão aos mesmos.
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Os óculos devem ser ajustados de todas as formas possíveis para não incomodar, por
menor que seja o incômodo causa predisposição à rejeição. Oriente ao cliente que volte sempre na
óptica para ajustes posteriores, quando necessários.

Após esses critérios, faça uma preparação psicológica para o uso dos óculos, fale dos
prováveis sintomas que o cliente irá sentir no decorrer dos primeiros dias de uso. Fazendo assim o
cliente não vai tirar conclusões precipitadas, pensando que os óculos estejam errados.

Peça para o cliente colocar os óculos no rosto e explique como ele vai usar a visão para
longe, para perto e a visão lateral.

Orientação do uso dos óculos em cada ametropia:

a) Míope: Antes de usar os óculos ele tem uma visão para longe borrada e maior que a
normal. Com os óculos passa a ter a visão para longe mais próxima e nítida, tendo a sensação que
tudo ficou menor e o chão parece mais alto dando a impressão de estar flutuando.

Outra queixa do cliente é quando olha para perto e não tem a mesma imagem de quando
não usava óculos, oriente-o que, com a adaptação isso será eliminado. Ensine que quando for olhar
para baixo incline um pouco a cabeça, para não causar efeito prismático.

b) Hiperopia: Antes de usar os óculos o cliente tem boa visão para longe e para perto
não; com o uso dos óculos há uma boa acomodação para visão de perto e uma predisposição a uma
má acomodação para longe. Por este motivo, o cliente hipermetrópico é o que mais abandona o uso
dos óculos.

c) Astigmata: Atenção especial deve ser dada ao cliente com astigmatismo que vai usar
óculos pela primeira vez, especialmente quando o eixo é obliquo. Na adaptação as imagens são
nítidas, mas a sensação de que os quadrados são alongados, os objetos tombados, achatados, podem
causar tontura e dor de cabeça.

d) Presbiopia: Se os óculos forem apenas para leitura (lentes monofocais), oriente o


cliente a usá-los somente para perto, caso ele se habitue a olhar para distâncias maiores que 40cm,
estará acomodando o seu cristalino a uma dioptria maior do que a normal para visão de longe,
conseqüentemente, a presbiopia evoluirá com maior intensidade.

No uso das lentes progressivas e bifocais, oriente ao cliente que nos primeiros dias deverá
usar os óculos em trabalhos próximos, exemplo: leitura, trabalho de escritório, etc. Ler jornal e
assistir televisão ao mesmo tempo, locomovendo-se em casa, ajuda à uma adaptação mais rápida.

O cliente deve evitar descer escadas, meio fio, sem que esteja devidamente acostumado
com os óculos. A maioria das pessoas se habitua logo ao uso de multifocais, entretanto é importante
que se faça à preparação adequada para que o cliente não venha pensar que os óculos estejam
errados, a suspeição traz inúmeros problemas e deve ser evitada à todo custo.

Simetria Horizontal
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Limpeza e entrega dos óculos: Os óculos devem ser tratados como uma verdadeira jóia,
considerando todo o trabalho de precisão e técnica que foram exigidos na confecção dos mesmos.

Nunca entregue os óculos sujos de marcas de dedos, poeira ou gordura, antes, porém,
limpe-os cuidadosamente e acondicione-os em estojo apropriado. Instrua ao cliente como limpar os
óculos. Orientando-o a voltar sempre na óptica, para fazer novos ajustes se necessário for.

No ato da entrega, esteja certo de que as orientações e ajustes finais transmitiram ao cliente
confiança e segurança no produto adquirido.

Bibliografia:

Silva, Adelino Miranda da – Lentes Oftálmicas Óculos – Porto Alegre RS – Distrilent, 1986.

Pereira, Ney Dias – Óptica Oftálmica Básica – Porto Alegre RS. – Nova Óptica, 1995.

Fedosseeff, Aléxis – Elementos Essenciais em Optometria – Rio de Janeiro RJ – Tabo


Cultural, 1995.

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