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Biografia:

José Eduardo Agualusa é um escritor, jornalista e editor angolano,


com ascendência portuguesa e brasileira, nascido em 13 de dezembro de
1960.
Estudou agronomia e silvicultura no Instituto Superior de
Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.
Colaborou com o jornal português Público desde a sua fundação. Escreveu
crónicas para a revista portuguesa LER. Escreve crônicas para o jornal
brasileiro O Globo. Na RDP África é realizador do programa A Hora das
Cigarras, sobre música e poesia africana.
Vencedor de inúmeros prémios, entre os quais, 
O Prémio Revelação Sonangol (1989), O Grande Prémio de Conto Camilo
Castelo Branco (1999) e mais recentemente O Prêmio Literário
Internacional IMPAC de Dublin (2018). 
Agualusa escreveu muitas obras como A Conjura, que é um
romance, O Coração dos Bosques, escrito em verso e O na, o qual vou
apresentar a turma. 

A obra:

A obra O Vendedor de Passados foi escrito por José Eduardo


Agualusa foi publicado pela editora Dom Quixote em 2004.
O Vendedor de Passados apresenta uma crítica à situação política e
cultural de Angola no período após a Guerra Colonial e a Guerra Civil
Angolana e as consequências causadas. Tais como a dor de alma, que a
personagem Ângela Lúcia sofre, por ter sido maltratada pela polícia
política e por terem matado a mãe dela porque nasceu numa altura onde
os angolanos eram atacados e mortos (1977).
O narrador da obra é uma osga que vive em casa de Félix Ventura,
Eulálio, que relata a partir do seu ponto de vista a história de vida de Félix
e das poucas pessoas que frequentam a sua casa, como a sua namorada
Ângela Lúcia e José Buchman.
Félix Ventura é um vendedor de passados, isto é, alguém que
consegue, a partir de factos e fotografias recolhidas, recriar a vida dos
seus clientes. Deste modo, os clientes ganham um passado novo com
nomes novos para completar a árvore genealógica das suas famílias.
Sendo um exemplo de cliente José Buchman.
A narrativa ocorre principalmente em casa de Félix, em Angola. No
entanto, Eulálio vai tendo sonhos em que relembra a sua vida passada,
enquanto humano, e também tem conversas com as outras personagens,
como Félix e José Buchman, em diversos locais.
No último capítulo, Félix assume a narração ao escrever num diário,
pois Eulálio morre após um combate com um lacrau.

Excerto:

Eu escolhi um excerto que gostei bastante e que me fez refletir bastante:


“«A realidade é dolorosa e imperfeita», dizia-me, «é essa a sua natureza e
por isso a distinguimos dos sonhos. Quando algo nos parece muito belo
pensamos que só pode ser um sonho e então beliscamo-nos para termos
a certeza de que não estamos a sonhar: se doer é porque não estamos a
sonhar. A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um
sonho. Nos livros está tudo o que existe, muitas vezes em cores mais
autênticas, e sem a dor verídica de tudo o que realmente existe. Entre a
vida e os livros, meu filho, escolhe os livros.»”

Este excerto faz me lembrar Fernando Pessoa ortónimo, pois este para
fugir da dor de pensar que a realidade lhe trazia, refugiava-se no sonho.

Opinião:

Eu achei este livro bastante interessante devido a variados fatores:


 É narrado de uma forma fora do habitual, pois é pelo ponto
de vista de uma osga.
 A linguagem é enriquecida e por vezes difícil de perceber,
mas também informal, como podemos ver nesta citação:
?????????? “Bem, este cota recebeu-me com alguma
desconfiança (…)”.
 Nunca se torna aborrecido, pois tem sempre acontecimentos
entusiasmantes e inesperados, como acontece nos últimos
capítulos;
Recomendo vivamente a quem gosta de romances que leia esta
obra de José Eduardo Agualusa.

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