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Home > De Peso > Os Acordos De Leniência E A Possibilidade De Dupla Ou Tripla Punição Na Esfera Pública
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(Imagem: Artes Migalhas)
Nos últimos anos, a "luta contra a corrupção" teve uma intensificação para prevenir,
combater e punir atos de apropriação e mau uso de dinheiro público, preservar a
economia como a ideia de democracia. Pressupõe, contudo, uma sistemática
composta de diplomas legais sancionadores e procedimentais.
Tal fator produz o distanciamento do próprio direito penal, de modo que a Lei
Anticorrupção trouxe nova sistemática, voltada a concretizar um novo direito
fundamental à probidade administrativa, ao bom uso do dinheiro público e,
especialmente, à boa administração pública.
Demonstra-se, portanto, sua relação direta com a economia. Desde sua primeira
incidência, concerne à regulação de importantes setores da atividade humana, de
modo que as autoridades americanas competentes passaram a construir mecanismos
voltados a possibilitar a investigação de infrações econômicas.
Não basta ao sujeito que deseja firmar acordo de leniência prometer informações,
devendo prestá-las efetivamente e específica em relação a certos aspectos. A
economicidade do instituto é justificada, contudo, a partir de certas teorias voltadas a
racionalizar a possibilidade de impor medidas não punitivas.
O acordo de leniência se volta a fazer com que o Estado tenha seus custos de
investigação reduzidos, sendo capaz de abrandar a assimetria de informações. Além
disso, o agente seria capaz de quebrantar a assimetria informacional por agir em
desfavor do principal, abrindo mão de determinados objetivos.
Ocorre que se o acordo de leniência for efetivado pela Advocacia Geral da União ou
CGU, poderá ainda o Ministério Público Federal - MPF ajuizar ação civil de improbidade
ou até mesmo ação penal pública, visando a persecução dos mesmos atos acordados
perante a AGU, dada sua independência funcional assegurada pela Constituição
Federal.
Essa dupla ou tripla punição, com espeque na famosa "independência das instâncias" e
independência dos membros do Ministério Público, pode claramente ocasionar sérias
injustiças, inibindo qualquer pessoa física ou jurídica a efetivar acordos com a
administração pública, pois justamente não haverá o asseguramento do princípio da
segurança jurídica para todos os envolvidos.
Robson Martins
Doutorando UERJ. Mestre Direito. Especialista em Civil, Notarial e
Registral. Professor da ESMPU, Uninter e Universidade
Paranaense. Membro do MPF. Promotor de Justiça PR 99-2002.
Técnico JFPR 93-99.
Érika Silvana Saquetti Martins
Doutoranda Dto ITE. Mestre Dto. UNINTER. Mestranda Pol
Públicas UFPR. Espec Dto e Proc Trabalho, Dto. Público e Notarial
e Registral. Professora Pós Graduação latu sensu Direito Uninter.
Advogada.
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ISSN 1983-392X