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A Alemanha foi o país mais visado pelo tratado de Versalhes: perdeu territórios (para
a Polónia, Dinamarca, Checoslováquia, Bélgica); foi obrigada a devolver à França as ricas
regiões da Alsácia e Lorena; ficou separada da Prússia Oriental pelo corredor de Danzig;
perdeu todas as suas colónias, a frota de guerra, parte da frota mercante; a sua capacidade
militar foi muito reduzida; a França, durante 15 anos, iria explorar as minas de carvão do Sarre
e a Alemanha foi obrigada a pagar elevadas indemnizações pelos danos e destruições da
guerra.
A geografia política após a 1ª Guerra Mundial (da Europa dos impérios à Europa dos Estados)
Após a guerra, verificou-se, na Europa, o triunfo e aumento dos regimes liberais, com
características democráticas, em detrimento dos regimes mais autoritários e conservadores.
Na sua grande maioria, os novos Estados constituíram-se como repúblicas parlamentares,
assentes no sufrágio universal.
No último dos 14 pontos que serviram de base às negociações de paz, propostos pelo
presidente dos EUA, Wilson, era feito um apelo à formação de uma “organização geral das
nações”, o que veio a concretizar-se em 1919, com a SDN. Esta organização tinha como
objetivo fundamental desenvolver a cooperação entre as nações e garantir a paz e a
segurança. Eventuais conflitos que surgissem, seriam resolvidos pela SDN, através do Tribunal
Permanente de Justiça Internacional. Para os Estados que infringissem os acordos, eram
definidas sanções.
- a questão das minorias nacionais não foi completamente considerada: muitos povos
ficaram espalhados por vários países (por.ex, a Checoslováquia com milhões de alemães, a
Jugoslávia com eslovenos, sérvios, croatas…);
Para além das alterações geopolíticas atrás referidas, a 1ª Guerra Mundial também
provocou profundas transformações na situação económica e financeira da Europa:
- as elevadíssimas perdas humanas alteraram a demografia europeia (envelhecimento
da população), com efeitos na diminuição da mão de obra, fundamental para a recuperação
da economia;
Se até à 1ª guerra mundial a Europa ainda podia ostentar a sua hegemonia industrial,
comercial e financeira, a partir de 1914 passou para uma irreversível situação de dependência
em relação aos EUA. Estes, que durante a guerra forneceram à Europa matérias-primas,
alimentos e armas, passam a contar, no fim do conflito, com um excelente mercado para
continuarem a colocar os seus produtos, bem como financiar a reconstrução da Europa.
Foram os tempos da prosperidade americana (“os loucos anos 20”), marcada por
novos e incessantes progressos técnicos sob o signo da organização racional das empresas
(fordismo e taylorismo).
O novo governo, liderado por Kerensky, opta por manter a Rússia na 1ª Guerra
Mundial.
O comunismo de guerra
O centralismo democrático
Em consequência, ao longo dos anos 20, a Europa foi sacudida por uma vaga
revolucionária que evidenciava as dificuldades dos regimes liberais. Inspirados na revolução
russa, países como a Alemanha, a Hungria e a Itália, viveram momentos de contestação e
revolta, todas elas fracassadas.
Nas últimas décadas do século XIX e no início do século XX, as cidades vão
conhecer um crescimento assinalável, surgindo grandes metrópoles, com milhões de
habitantes. Muitos destes, vindos de zonas rurais, estão completamente desenraizados, tendo
de se adaptar a tudo: novos hábitos, novo trabalho, novo ritmo de vida… Assim, as
solidariedades típicas do mundo rural, “onde todos se conhecem”, desaparecem, dando lugar
a relações marcadas pelo anonimato e pelo individualismo.
As populações urbanas procuram viver de forma intensa e frenética, “os loucos anos
20”, caracterizados pelo aparecimento de novos divertimentos (deportos, dança – Charlton,
Foxtrot – música –jazz). São os tempos da moda, intensamente vivida pelas mulheres, tudo
isto para escândalo dos mais conservadores e puritanos.
Nos inícios do século XX, a Europa mostrava-se ao mundo como uma montra
de prosperidade económica e bem-estar social. Os avanços na ciência e na técnica faziam crer
que a prosperidade alcançada jamais teria fim. Eram os tempos da “Belle Époque”.
Subitamente, entre 1914 e 1918, tudo ruiu. A guerra veio pôr em causa todas as certezas e
todo o otimismo das décadas precedentes.
A emancipação feminina
Os movimentos feministas remontam ao século XIX, mas é nas 1as décadas do século
XX que se intensificaram. Desta luta resultaram várias vitórias para as mulheres: o direito a
votar e de ocupar cargos políticos (movimentos sufragistas), igualdade no trabalho (salário…) e
na família (tutela dos filhos…), frequentam as festas, clubes noturnos, viajam sozinhas,
praticam desporto, fumam e bebem livremente e em público, preocupam-se com a moda
(mais ousada), passam a usar cabelo curto (à garçonne), adotam o soutien…
As conceções psicanalíticas
Modernismo foi o nome pelo qual ficou conhecido o movimento estético e literário do
início do século XX.
Fauvismo: surgiu em 1905, em Paris (salão de Outono).
Principais pintores: Ernest Kirchner, Emil Nolde, Auguste Macke, Otto Dix.
Principais pintores: Salvador Dali, Marc Chagall, René Magritte e Joan Miró.
A agitação social estava patente nas manifestações e greves que se sucediam a ritmo
elevado. Atos de violência, terrorismo e de vandalismo faziam piorar a situação do país.
Com este cenário, levantavam-se vozes a pedir um governo forte, autoritário, capaz
de repor a ordem.
Nos inícios do século XX, em Portugal, a produção literária e artística estava ainda
muito marcada pelo classicismo racionalista e naturalista, que evidenciavam forte
resistência à inovação.
Nas artes plásticas, no início do século XX, dominava em Portugal a pintura figurativa
que tinha a sua expressão no pintor José Malhoa. A situação alterou-se quando, em 1911 e
depois em 1914, vários pintores e escultores portugueses que se encontravam em Paris
regressam ao país, fugindo da guerra, trazendo consigo novos valores estéticos. Foi o início do
modernismo em Portugal. Entre outros, vieram de Paris, Dórdio Gomes, Diogo de Macedo,
Francisco Franco, Amadeu de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor, Eduardo Viana. A eles se
juntou Almada Negreiros.
A ruína dos acionistas significou a ruína de muitos bancos, pois quem tinha pedido
créditos não tinha agora possibilidades de os pagar. Muitos bancos também eram detentores
de ações de empresas. Faliram milhares de bancos nos EUA.
Esta crise financeira agravou ainda mais a crise económica: com as falências
bancárias, a economia paralisou, pois agora as empresas já não podiam recorrer ao crédito
para e capitalizarem. Isto originou ainda mais falência de empresas, principalmente das que
tinham uma frágil situação financeira.
A mundialização da crise
O comércio a nível mundial teve uma grande quebra. Os políticos tomaram algumas
medidas que se revelavam desastrosas: por exemplo, os americanos aumentaram quase para
o dobro os impostos aplicados aos produtos que exportavam (muito países ficaram sem
capacidade para os adquirir). Outro exemplo: diminuir salários – não ajudava à retoma do
consumo.
As opções totalitárias
Na Itália, aos 4 anos, as crianças ingressavam nos “Filhos da Loba” (já com uniforme).
Dos 8 aos 14 pertenciam aos “Balilas”, aos 14 eram “Vanguardistas” e aos 18 ingressavam nas
Juventudes Fascistas.
Na Alemanha, pertenciam a organizações a partir dos 10 anos. Os pais que não
colocassem os filhos nestas organizações eram considerados opositores ao regime.
Por outro lado, o regime usava a mais moderna tecnologia audiovisual para divulgar a
sua ideologia e a imagem do líder.
Os nazis acreditavam descender de uma raça superior, a raça ariana, a qual tinha a
obrigação de governar o mundo e eliminar as raças inferiores.
Assim, os nazis praticaram uma verdadeira eugenia (“ciência” que procura melhorar as
características de uma raça) – para isso, realizaram intensos estudos para determinar as
características da raça ariana – encontrados os indivíduos perfeitos, estes eram “acasalados”,
a fim de obter novos cidadãos perfeitos.
O estalinismo
A indústria foi o setor onde mais se fez sentir esta planificação da economia: no 1º
plano quinquenal (1928-1932), deu-se prioridade à indústria pesada (siderurgia,
hidroeletricidade…). O 2º plano apostou no desenvolvimento da indústria ligeira e de bens de
consumo (vestuário, calçado…). O 3º plano, interrompido pela 2ª Guerra Mundial, visava o
desenvolvimento do setor energético, e indústria química.
- partido único;
Assim, numa 1ª fase, o New Deal contemplou uma série de medidas de caráter
económico e financeiro:
Para além dos EUA, alguns países europeus também optaram por políticas de
forte intervenção estatal, para fazer face à grave situação económica e social. Foi o caso da
França: contestados pela opinião pública, os governos enfrentavam críticas vindas de todos os
quadrantes. Temia-se uma solução autoritária, de cariz ditatorial.
Perante esta conjuntura, iniciou-se uma mobilização dos cidadãos, que culminou
numa coligação dos partidos de esquerda, denominada Frente Popular (com partidos
comunistas, socialistas e radicais), que triunfou nas eleições de 1936. O objetivo principal era
deter o avanço do fascismo em França.
Entre 1936 e 1938, destacou-se a ação do socialista Léon Blum. Depois de um surto
grevista, o governo da Frente Popular deu um grande impulso à legislação social (“Acordos de
Matignon”) – determinou-se a assinatura de acordos coletivos de trabalho, aceitava-se a
liberdade sindical, limitava-se o horário de trabalho (40 horas semanais), direito a 15 dias de
férias anuais pagas e previam-se aumentos salariais.
Em Espanha, em 1936, também triunfou uma Frente Popular, que enfrentou as forças
conservadoras (separou a Igreja do Estado, decretou o direito à greve, aumentou salários….).
Todavia, houve uma forte reação por parte da Frente Nacional - monárquicos, conservadores
e falangistas (partido com ideologia fascista), dando origem a uma sangrenta guerra civil.
A rádio tornou-se o mais popular dos meios de comunicação, com milhões de ouvintes
em todo o mundo na década de 1930. Acessível mesmo aos analfabetos, a rádio tornou-se
num importante meio de difusão cultural, transmitindo notícias, música, novelas, anúncios
publicitários…
Foi também com o impulso dos media que o desporto se transformou num fenómeno
de massas: o futebol, o boxe ou o ciclismo arrebatavam multidões. Os espetadores aplaudem,
assobiam, sofrem, rejubilam, descarregando as tensões e frustrações do quotidiano. Os atletas
também se tornam exemplos a seguir: muitos deles são oriundos de classes pobres,
alimentando o sonho da ascensão social.
As preocupações sociais na literatura e na arte
Cresceu, por isso, a ideia que a arte e a literatura tinham também uma missão social e
não meramente estética. A grave crise de 1929 acentuou este sentimento.
Deste modo, fez-se sentir por toda a Europa um novo realismo, retratando-se a
sociedade do pós-guerra. Nos EUA também se retratavam os efeitos da Grande depressão. A
convicção de que o artista devia contribuir para a sociedade levou ao ressurgimento da pintura
mural, em edifícios, logo mais visível (o New Deal incluía mais de 2000 encomendas de
pinturas murais, inspirados em Diego Rivera).
O golpe militar de 28 de maio de 1926, que colocara os militares no poder, não acabou
com a instabilidade política, social e económica do país. Politicamente impreparados e com
acentuadas divergências, os militares davam sinais de não cumprirem com a promessa de
regenerar Portugal. O défice financeiro não parava de aumentar.
- Nacionalista – exaltação dos valores nacionais, dos heróis do passado (época dos
descobrimentos, formação da nação…), da cultura nacional. Estes valores eram transmitidos
na escola, para formar consciências identificadas com a tradição, obediência, o respeito pela
autoridade, o patriotismo…
As grandes obras públicas: tal como o regime nazi e o regime fascista de Mussolini,
Salazar também enveredou por uma política de grandes obras públicas, para transmitir a
imagem de um país moderno e diminuir o desemprego. Assim, melhorou-se a rede de
estradas, a rede ferroviária, os portos marítimos, a rede telefónica, iniciou-se a eletrificação do
interior, construíram-se grandes complexos hidráulicos e desportivos, deu-se atenção à
preservação dos monumentos nacionais…
A França e a Inglaterra acabaram por dar o seu “consentimento” a estas agressões, nos
Acordos de Munique (1938): permitiram que a Alemanha ocupasse os Sudetas, pensando que
Hitler não quisesse mais... Só que o ditador apresentava cada reivindicação como se fosse a
última!
A SDN mostrou-se impotente para travar estes desejos imperialistas dos ditadores.
Sem a presença dos EUA e com o abandono da Alemanha e do Japão, a SDN não conseguiu
uma atuação firme, concertada, que impedisse os atropelos ao Tratado de Versalhes.
A guerra civil espanhola foi outro episódio que marcou os anos anteriores à 2ª Guerra
Mundial: em 1936, um movimento militar nacionalista insurgiu-se contra o governo da Frente
Popular. Dirigidos pelo General Franco, os nacionalistas contaram com o apoio económico e
militar de Hitler e Mussolini. Esta guerra foi uma espécie de teste para o que viria a seguir… A
Inglaterra e a França mais uma vez hesitaram optando pela não intervenção no conflito, o que
facilitou a vitória dos franquistas.
A partir de 1942, dá-se a contraofensiva dos Aliados. Nos dois últimos anos do
conflito, as forças do Eixo sofreram derrotas irreversíveis. O desembarque da Normandia das
forças aliadas (6 de junho de 1944) e os avanços dos soviéticos para ocidente, foram
momentos determinantes. A Alemanha capitulou a 8 de maio de 1945. Em agosto, o
lançamento de bombas atómicas conduziu o Japão à rendição.
Introdução: Com o fim da 2ª Guerra Mundial, são duas as potências que vão passar a
dominar o mundo: os EUA, que mais uma vez foram determinantes para o desfecho do
conflito e a URSS, que desempenhou um papel relevante para a derrota dos nazis. Os feitos
militares do Exército Vermelho serão pretexto para levar a revolução comunista a outros
países. Perante a ameaça de expansão do comunismo, os americanos vão abandonar o seu
tradicional isolamento e irão começar a alargar a sua influência em diversas regiões do
globo.
- fixação das fronteiras da Polónia (com a URSS a ficar com territórios a leste);
Estaline foi o grande vencedor desta conferência, numa altura em que o seu exército
“dava cartas” na luta contra a Alemanha nazi.
No novo mapa político da Europa, eram visíveis duas áreas bem delimitadas: a
ocidente países devastados pela guerra e que irão cair na esfera de influência dos EUA, a
oriente uma Europa também destruída, liberta da ocupação nazi pelo Exército Vermelho,
onde os governos comunistas ascenderão ao poder, sob a influência soviética.
- manter a paz, reprimindo atos de agressão, sempre que possível por meios pacíficos;
O ideal da cooperação económica: a crise económica quase generalizada fez com que
os países iniciassem uma nova era na economia, baseada na cooperação internacional. O
dólar passou a ser a moeda-chave. O FMI e o BIRD são instituições que se inserem neste novo
paradigma de cooperação (ao FMI podem recorrer os bancos centrais dos países com
dificuldades e o Banco Mundial destina-se a financiar projetos de fomento económico a longo
prazo).
Em 1949, a URSS respondeu ao Plano Marshall, lançando o Plano Molotov, que deu
origem ao COMECON, instituição destinada a promover o desenvolvimento económico dos
países comunistas.
A Guerra Fria
Tratou-se de uma guerra fria porque os dois países não recorreram diretamente às
armas. No entanto, um contra o outro, lançavam agressivas campanhas ideológicas,
intensificaram a corrida ao armamento (incluindo armas atómicas), desenvolviam ações de
espionagem, fizeram com outros países alianças estratégicas de caráter político-militar e
intervieram em conflitos regionais.
Guerra da Coreia (1950-1953): a URSS, que tutelava o norte desde o fim da guerra, os
EUA tutelavam o sul. Desta guerra confirma-se a divisão do povo coreano em duas nações.
O mundo capitalista
A política de alianças: após Truman ter enunciado a sua doutrina, os americanos vão-
se empenhar na contenção do comunismo. O Plano Marshall foi o primeiro passo nesse
sentido, dando a possibilidade aos países ocidentais de recuperarem a sua economia, assente
nos moldes capitalistas.
Outra preocupação americana tem a ver com a questão político-militar. Por isso, os
americanos vão estabelecer uma serie de alianças, uma verdadeira “pacto-mania”, um pouco
por todo o mundo (ver mapa pág. 39). Destaque para a NATO (Tratado do Atlântico Norte).
Estas alianças eram acompanhadas por acordos de caráter económico, para o estabelecimento
de bases militares em pontos estratégicos, contra a ameaça comunista (por exemplo, a Base
das Lajes nos Açores)
-influência militar: através do Pacto de Varsóvia (1955), aliança militar dos países do
bloco comunista.
No entanto, o comunismo acabou por ser imposto à força, através da doutrina Jdanov,
uma vez que os partidos comunistas eram minoritários. Estabeleciam-se, assim, as chamadas
“democracias populares”: apesar de haver pluripartidarismo e eleições livres, os partidos
comunistas foram-se impondo, dominando o aparelho de Estado, contando com o apoio do
exército soviético. A gestão do Estado pertencia às classes trabalhadoras, que “exerciam” o
poder através do Partido Comunista, o qual, supostamente, representava os seus interesses.
Outros países asiáticos vão enveredar pelo comunismo, não em resultado da influência
soviética, mas de movimentos revolucionários: China, em 1949, sob o comando de Mao Tsé-
Tung, que acabaria, nos primeiros anos de regime, por se aliar à URSS.
Os bloqueios económicos
Perante este cenário, o novo líder soviético, Kruchtchev, vai alterar a política
económica do mundo comunista: o seu plano incluía uma aposta mais séria na agricultura,
nas indústrias de bens de consumo e na habitação. Por outro lado, diminuiu as horas de
trabalho, a idade da reforma e aumentou a autonomia dos gestores face aos funcionários do
Estado (a Nomenklatura). No entanto, os resultados ficaram aquém das expetativas. Os
bloqueios, demasiado enraizados, acabariam por, décadas mais tarde, ajudar à falência dos
regimes comunistas.
Depois dos EUA, também os soviéticos fizeram explodir, em 1949, a sua primeira
bomba atómica. De imediato, os cientistas americanos procuraram uma arma ainda mais
destrutiva, o que resultou na bomba de hidrogénio (Bomba H), em 1952. Logo no ano
seguinte, os russos já possuíam essa bomba.
O poder de destruição das novas armas introduziu na política mundial uma nova
característica: a dissuasão – cada país ameaçava usar o seu armamento, sem hesitar, se
houvesse alguma violação da sua área de influência. Segundo as palavras de Churchill, o
mundo vivia um “equilíbrio instável do terror”.
Nos anos que se seguiram, a aventura espacial alimentou o orgulho das duas nações.
Nos primeiros tempos, a URSS manteve-se na liderança. Em 1961 fizeram de Yuri Gagarin o
primeiro ser humano a viajar na órbitra terrestre. Todavia, no final da década de 60, coube aos
americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin o feito de serem os 1os a pisar a Lua.
Os setores nos quais os japoneses mais se destacaram foram a indústria pesada (construção
naval, máquinas-ferramentas, química…), bens de consumo (televisores, rádios, frigoríficos,…),
automóveis, eletrónica.
O comunismo chinês foi marcado pela figura de Mao Tsé-Tung, grande teórico
marxista, a par de Lenine ou Estaline.
A ascensão da Europa
O principal fator para esta crise foi o “choque petrolífero”: principal fonte de energia
utilizada, viu os países produtores do Médio Oriente baixar a sua produção, em retaliação pelo
apoio ocidental à causa de Israel.
O grande aumento do preço do petróleo fez disparar os custos de produção dos artigos
industriais.
Deste modo, a política agrária esgotou-se em subsídios e incentivos que poucos efeitos
tiveram, beneficiando invariavelmente os grandes proprietários do sul.
Na década de 60, quando o país enveredou pela via industrializadora, a agricultura foi
relegada para segundo plano, daí resultando um decréscimo brutal do Produto Agrícola
Nacional, agravando seriamente o défice agrícola.
Foi do norte e das ilhas que mais se emigrou, em direção a países da Europa (com
destaque para França), mas também para a América.
Por detrás deste intenso fluxo migratório está a atração pelos altos salários dos países
industrializados, a repressão política no país e a fuga ao recrutamento para a guerra colonial.
Grande parte desta emigração fez-se clandestinamente, pois para se emigrar havia que
cumprir imensos requisitos, como por exemplo habilitações mínimas (exame da 3ª classe).
Com o início da guerra colonial também era necessário o serviço militar cumprido. Sair “a
salto” tornou-se a opção para milhares de portugueses.
Numa 3ª fase, já com Caetano à frente do governo, lançou-se o III Plano de Fomento.
Este confirmou a internacionalização da economia portuguesa, dando-se prioridade à indústria
privada, ao crescimento do setor terciário e à aposta nas exportações, num esforço de tornar
competitivos os produtos nacionais no mercado, cada vez mais assente na livre concorrência.
Foi nesta fase que surgiram os grandes grupos económicos, como o complexo de Sines
e a Siderurgia Nacional, graças aos apoios dados aos privados e à concentração industrial.
Pouco a pouco, o conservadorismo que o regime tanto estimava foi cedendo lugar a
uma mentalidade mais cosmopolita e ousada.
O fomento económico nas colónias: até à década de 40, o regime desenvolveu um
colonialismo típico – exploração dos recursos das colónias e desencorajamento do
desenvolvimento industrial. Depois da Grande Guerra, a conjuntura internacional (vagas de
descolonização) teve reflexos numa mudança da política ultramarina: havia que demonstrar à
comunidade internacional que Portugal se preocupava com o desenvolvimento dos seus
territórios, extensão do seu território metropolitano.
Quando, em 1945, a maior parte dos países europeus festejou o triunfo das
democracias sobre as ditaduras fascista e nazi, parecia que estavam reunidas as condições
para, em Portugal, Salazar encetar uma maior abertura do regime, rumo à sua democratização.
Todavia, na prática, tudo não passou de boas intenções: não foi dado tempo aos
partidos da oposição para se organizarem e formarem listas, os cadernos eleitorais não foram
atualizados, a campanha foi feita com apertada vigilância da PIDE… O MUD acabou por desistir
das eleições.
Apesar de saber que as eleições seriam uma fraude e da forte repressão policial, H.
Delgado levou a candidatura até ao fim. O resultado revelou mais uma vitória esmagadora do
candidato do regime, mas serviu para abalar a credibilidade do governo. Para evitar mais
sobressaltos, fez uma alteração à Constituição: o Presidente passaria a ser eleito por um
colégio eleitoral restrito e não por sufrágio direto.
Politicamente, havia duas teses divergentes, após o início da guerra colonial: a tese
integracionista (que defendia a integração das colónias no Estado português) e a tese
federalista (que defendia a progressiva autonomia das colónias).
Esta guerra exigiu muitos sacrifícios ao país: 7% da sua população mobilizada, absorveu
40% do Orçamento do Estado, milhares de mortos e feridos. À medida que os anos iam
passando, até se começou a admirar a tenacidade com que Portugal defendia os seus
territórios, mas o que saltava mais à vista era o cada vez maior isolamento do país no
panorama internacional.
A primavera marcelista:
Nos primeiros meses de mandato, deu sinais de maior abertura do regime: fez
regressar do exílio vários presos políticos (como Mário Soares e o Bispo do Porto), moderou-se
a atuação da polícia política (que se passou a chamar Direção-Geral de Segurança – DGS),
ordena o abrandamento da censura (agora designada Exame Prévio), abriu a União Nacional
(que se passou a designar Ação Nacional Popular-ANP) a políticos de ideias mais liberais.
Este clima de mudança ficou conhecido como “primavera marcelista”. As eleições
legislativas de 1969, foram anunciadas neste clima de maior abertura: o sufrágio foi alargado
às mulheres alfabetizadas, deu-se maior liberdade à campanha da oposição, que podia
consultar os cadernos eleitorais e fiscalizar as mesas de voto.
No entanto, o ato eleitoral acabou por revelar vários atropelos ao espírito democrático
e o resultado foi o mesmo de sempre: a totalidade dos deputados eleitos pertencia à União
Nacional.
Incapaz de evoluir para um sistema mais democrático, o regime tinha ainda outro
problema entre mãos: a guerra colonial. Quando assumiu o cargo, Caetano foi de encontro às
pretensões das altas patentes das Forças Armadas, ou seja, continuar a defender os territórios
ultramarinos, para salvaguardar os interesses da população branca. Paralelamente, foi redigido
um projeto para encaminhar esses territórios para uma “autonomia progressiva”, o que
desagradou à maioria conservadora da Assembleia Nacional, que boicotou o projeto.
É neste contexto, que os militares entenderam que se tornava urgente pôr fim à
ditadura e abrir caminho para a democratização do país.
O “Movimento das Forças Armadas”: os altos comandos das Forças Armadas (Costa
Gomes chefe e António Spínola Vice-Chefe), recusaram-se a participar numa manifestação de
apoio ao Governo. Como retaliação, foram exonerados dos cargos. Foi desta forma que o
inicial Movimento dos Capitães vai receber a adesão das principais unidades militares,
evoluindo para um “Movimento das Forças Armadas – MFA”.
O “25 de Abril”
A ação militar foi coordenada pelo major Otelo Saraiva de Carvalho, tendo tido início
por volta das 23h do dia 24, com a transmissão pela rádio da canção “E depois do adeus”, de
Paulo de Carvalho. Às 0:20 era transmitida a canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso.
Estava dado o sinal que as unidades militares podiam avançar para a ocupação dos pontos
considerados estratégicos, como as rádios, a RTP, os aeroportos…
A única força que saiu em defesa do governo foi o Regimento de Cavalaria 7, derrotada
pelo destacamento da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandada pelo capitão
Salgueiro Maia. Entretanto, no Terreiro do Paço, Marcello Caetano entregou pacificamente o
poder ao General Spínola. Entretanto, já o golpe militar era aclamado nas ruas pela população,
cansada da guerra e da ditadura. Foi uma revolução pacífica, conhecida como a “Revolução
dos Cravos”.
De imediato, deu-se início ao processo para acabar com as estruturas que tinham
suportado o regime deposto. Esta tarefa coube à Junta de Salvação Nacional, com Spínola na
presidência, na qualidade de representante do MFA. Medidas tomadas:
- preparação de eleições livres para eleger uma Assembleia Constituinte, para redigir
uma nova Constituição;
Poucos dias depois da revolução, explodia uma onda de reivindicações por parte dos
trabalhadores, depois de décadas fortemente reprimidos. Cometiam-se excessos e a
autoridade política sentiu muitas dificuldades em controlar a situação. Muitos patrões eram
pura e simplesmente afastados das fábricas, das terras, a roçar a justiça popular…
Depois de ter reconhecido, contra a sua vontade, a independência dos povos africanos,
Spínola acabará por se demitir. A Junta de Salvação Nacional, indigitou Costa Gomes para o
cargo.
O 11 de março de 1975: militares afetos a Spínola e sob o seu comando, tentam levar a
cabo um golpe de estado com o objetivo de travar o ímpeto revolucionário de esquerda. O
golpe foi facilmente dominado pelo MFA e Spínola teve que se refugiar em Espanha.
O verão quente de 1975 – prenúncios de guerra civil: o MFA cria o Conselho da
Revolução, em substituição da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado (extintos).
O Conselho da Revolução, com clara ligação aos ideais comunistas propõe-se orientar o
Processo Revolucionário em Curso (PREC) rumo ao socialismo.
Assim, vamos assistir a uma forte intervenção do Estado na economia, com o objetivo
de eliminar a débil economia capitalista portuguesa:
Golpe militar protagonizado pela ala mais radical, em defesa de Otelo Saraiva de
Carvalho. Fracassou e foi o fim da preponderância política dos mais extremistas. O VI Governo
Provisório é entregue a Pinheiro de Azevedo. Era o fim da fase extremista da revolução.
A Constituição de 1976
Foi elaborada em pleno clima de radicalização política atrás descrito. Por isso, tem
bem presente o caráter ideológico no sentido do socialismo, principalmente nos aspetos
económicos. Assim, a Constituição reitera a “transição para o socialismo” e considera
“irreversíveis” as nacionalizações e as expropriações de terras já efetuadas. Também manteve
como órgão de soberania o Conselho da Revolução.
É nesta conjuntura que, no dia 27 de julho de 1974, o Conselho de Estado aprova a lei
que reconhece a independência das colónias. De imediato, intensificaram-se as negociações
com os movimentos reconhecidos por Portugal: PAIGC (Guiné e Cabo Verde), FRELIMO
(Moçambique) e MPLA, a FNLA e a UNITA (Angola). Em janeiro de 1975, assinou-se o acordo,
no Alvor, que determinava a data das várias independências.
O caso mais grave foi o de Angola: os 3 movimentos foram incapazes de ultrapassar as suas
divergências, o que originou uma guerra civil. Neste cenário, em setembro e outubro de 1975
estabeleceu-se uma autêntica ponte aérea entre Angola e Portugal, para os portugueses que
pretendiam regressar.
A revisão constitucional de 1982 e o funcionamento das instituições democráticas
A glasnost visava a participação mais ativa dos cidadãos na vida política: fim das
perseguições políticas, fim da censura, com o reconhecimento da liberdade de expressão e de
imprensa, combate à corrupção. Esta abertura democrática traduziu-se, em 1989, na
realização das primeiras eleições verdadeiramente livres e pluralistas.
Gorbachev pretendia igualmente o fim do clima de guerra fria, que ameaçava o mundo
desde o fim da 2ª Guerra Mundial.
O fim da URSS: a URSS era um vasto conjunto de povos, culturas e religiões que só um
regime com mão de ferro consegui manter unidos.
Os primeiros anos do século são marcados pela hegemonia americana, assente numa
incontestada superioridade económica, militar, científica e tecnológica.
A União Europeia
O Tratado de Lisboa (2007): foi controverso pois vários países tiveram dúvidas,
submeteram-no a referendo (Irlanda), temendo a perda de competências dos Parlamentos
nacionais. Para muitos, este tratado reforça o peso dos grandes países em detrimento dos
pequenos.
A afirmação do espaço económico Ásia-Pacífico
A partir dos anos 70, mais países do Este e Sudeste asiático vão acompanhar o Japão
no processo de industrialização e grande crescimento económico: os chamados “Dragões
Asiáticos” (Coreia do Sul, Hong-Kong, Singapura e Taiwan). Nos anos 80, juntaram-se a
Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas (“Tigres Asiáticos”).
Os “Dragões Asiáticos” eram países com poucos recursos naturais e energéticos, mas
arrancaram para um surpreendente processo de desenvolvimento e crescimento económico,
assentes na produção e exportação de bens de consumo. Seguiram o modelo japonês:
A questão de Timor
Era colónia de Portugal desde 1512, constituída pela parte leste de uma ilha do
arquipélago indonésio. O pouco interesse por esta distante colónia fez com que, mesmo após
a revolução de 25 de abril de 1974, as estruturas coloniais permaneciam intactas, enquanto os
outros territórios já estavam em processo de descolonização.
No passado, havia muitas nações espalhadas por vários estados e estados constituídos
por várias nações (grandes impérios do século XIX e, mais recentemente são exemplo a URSS e
a Jugoslávia).
A crise do mundo capitalista dos anos de 1970, afetou o Estado- Providência, devido às
dificuldades financeiras dos Estados. Acresce-se a diminuição das receitas estatais dos sistemas
de segurança social, devido a:
- aumento da esperança de vida, o que prolonga e aumenta os custos com os reformados;
A globalização da economia
Os que dão relevo aos efeitos prejudiciais da globalização, afirmam que acentua as
desigualdades entre os países mais ricos e os mais pobres; a deslocalização de empresas abre
graves problemas sociais (colocar o lucro à frente dos interesses e necessidades das pessoas);
muitas economias nacionais são “asfixiadas” pelas grandes multinacionais; prejudica o ideal de
Estado- Nação, não se tendo em conta as características de cada região e o impacto ambiental
negativo do capitalismo desenfreado.
Os novos tempos também não são propícios a lutas partidárias, tendo vindo a
aumentar o desinteresse pela política, principalmente entre os mais jovens.
Isto acontece porque: hoje em dia os partidos são mais eleitoralistas do que convictos
defensores de uma ideologia; o individualismo da sociedade faz com que as pessoas prefiram
“fechar-se” em círculos mais restritos e não em movimentos de massas; crescente descrença
nos políticos e nas suas promessas; o poder dos media faz com que já não seja necessário os
grandes comícios do passado.
Na última década do século XX, a economia portuguesa cresceu acima da média europeia, o
que se traduziu num aumento do investimento estrangeiro, baixa inflação, aumento das
exportações e diminuição da dívida externa.
- Portugal viu-se integrado num mercado altamente competitivo, onde a concorrência é forte;
-o governo português deixou de ser 100% soberano no que à adoção de muitas medidas diz
respeito, sendo condicionado pelas opções da União Europeia;
- a abertura das fronteiras facilitou a deslocalização das empresas e de investimentos para
mercados mais competitivos;
-os efeitos das crises internacionais fazem-se agora sentir com mais intensidade no nosso país.
A integração de Portugal na União Europeia não fez perder a sua histórica vertente
atlântica em matéria de política externa. Os tempos que se seguiram aos processos de
descolonização não foram propícios a esse relacionamento. Todavia, passada essa época
conturbada, Portugal voltaria a ter um relacionamento mais próximo com a lusofonia.
Deste modo, foram renovados os acordos sobre a utilização da Base das Lajes e
continuamos inseridos na NATO. Em relação à América Latina, Portugal faz parte da
Organização dos Estados Ibero-Americanos, participando ativamente nas respetivas cimeiras,
tendo em vista a internacionalização da economia portuguesa em mercados emergentes.