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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Participação Social e Políticas Públicas - Turma U


Professor: Luciano Joel Fedozzi
Aluno: Lucas Wegner Medronha - 00275179

Avaliação - Ficha de Leitura

Fichamento do texto “Instituições Participativas e Políticas Públicas no Brasil: características


e evolução nas últimas duas décadas” dos autores Felix Garcia Lopez e Roberto Rocha
Coelho Pires.

Ementa.
O referido artigo faz um apanhado histórico das formas diferenciadas de incorporação
da sociedade civil em processos de consulta e deliberação através de instituições
participativas no que diz respeito às políticas públicas, a saber: Conferências e Conselhos,
dando destaque às instituições participativas na esfera federal, sem deixar de salientar a
importância destas instituições no nível municipal. Além disso, apresenta um panorama
destas instituições no Brasil quanto a sua variedade de temas abordados, instrumentos de
criação, composições e atribuições, salientando a importância destas em aprofundar a
participação social nas tomadas de decisões políticas, ampliando a participação efetiva da
sociedade civil na democracia representativa ao transcender as decisões dos momentos
eleitorais.

Síntese do Conteúdo.
O artigo expõe em seu primeiro momento as potências das instituições participativas
ao criarem formas de mediação entre o Estado e a sociedade civil visto que estas instituições,
vinculadas à estrutura do Estado, permitem a contribuição ativa e direta de cidadãos,
incorporando as demandas de grupos organizados e da sociedade como um todo no âmago da
estrutura do Estado, com potencial de superar as limitações e obstáculos criados pelos canais
meramente representativos da democracia brasileira, originando processos deliberativos e
consultivos que, em tese, fazem que a participação do cidadão na política transcenda os
momentos eleitorais. Ainda assim, os autores ressaltam que, até o momento da publicação,
carecem de estudos rigorosos para avaliar o quanto as decisões no âmbito das políticas
públicas são influenciadas por estes canais participativos.
Além disso, o artigo apresenta, de maneira sistemática, dados envolvendo estas
instituições, com destaque a esfera federal, fornecendo um painel de suas características,
funcionamento, temas abordados e demais atribuições, painel este que até o momento de sua
publicação deixa evidente o quanto as instituições participativas estavam em plena ascensão,
fortalecimento e aperfeiçoamento. Este cenário foi profundamente revertido atualmente com
o governo de Jair Bolsonaro que, ao atacar, extinguir e esvaziar estas ferramentas
participativas, promove uma centralização evidentemente antidemocrática na construção de
políticas públicas.
Os autores se debruçaram de maneira mais sistemática em dois tipos de instituições
participativas, são elas: Conferências e Conselhos. As conferências nacionais são espaços
onde se aglutinam debates no que tange a temas pertinentes à constituição e
operacionalização das políticas públicas, dessas discussões derivam proposições e diretrizes
que servem de subsídios às instâncias do poder executivo e legislativo.
O artigo demonstra que entre 1988 e 2009 foram realizadas 80 conferências nacionais,
apresentando um quadro que separa estas em muitos grupos temáticos como Saúde; Minorias;
Meio ambiente; cada um desses grupos sendo desmembrado em subtemas, constatando a
vasta gama temática contemplada por essas conferências. Além disso, indica semelhanças e
diferenças entre as conferências, sendo algumas das características heterogêneas: A
realização de etapas subnacionais; a existência ou não de regimento interno e texto-base de
convocação; a apresentação de resoluções e/ou relatórios finais; o caráter consultivo,
deliberativo ou propositivo. Quando as características homogêneas, são elas: A convocação
destas pelo poder executivo e a periodicidade de realização, sendo majoritariamente bienais.
Os autores apontam que, mesmo considerando o início das conferências em 1988, a maior
parte destas foram realizadas durante os dois mandatos do governo Lula, somando 68% do
total. Por fim, salienta-se que estas conferências são da maior importância na estruturação de
políticas públicas, tendo impulsionado a atividade legislativa após suas realizações.
Quanto aos Conselhos Nacionais, apresentam estes como instâncias participativas
vinculadas ao poder executivo, distribuídas entre os três entes federados. Estes conselhos
auxiliam o poder público na formulação, planejamento, controle e fiscalização das políticas
públicas em suas áreas temáticas, ou seja, podem possuir caráter consultivo, deliberativo,
normativo e fiscalizador. No que tange à esfera federal, a maior parte dos conselhos
existentes foi pós 1988.
É importante destacar as formas de criação dos conselhos (lei ou decreto), suas
atribuições (consultivo, deliberativo, normativo) e sua composição (governo e sociedade
civil). Os autores apontam que ⅔ dos conselhos analisados foram criados por lei e o ⅓
restante por decreto presidencial. Os conselhos criados por lei tendem a ser mais estáveis e
apresentam maior continuidade em suas ações, diferente dos criados por decreto cuja sua
extinção depende unicamente da vontade do presidente. Quanto às atribuições dos conselhos
analisados, 18 têm caráter deliberativo e 13 têm caráter consultivo, estes últimos, segundo os
autores, aparentam ter um menor grau de influência sobre as políticas e programas que são
vinculados. Além do mais, os conselhos consultivos tendem a ter representação de membros
da sociedade civil superior aos membros governamentais, já os conselhos deliberativos
tendem a apresentar maior paridade, esta maior participação governamental em locais com
poder de decisão indica, segundo os autores, um movimento que busca contrabalancear o
poder da sociedade civil nestes espaços.
Por fim, o artigo discorre sobre as instituições participativas no nível municipal,
evidenciando a expansão numérica e temática dos conselhos de direitos no âmbito dos
municípios, sendo estes parte fundamental do processo de concepção, execução e controle de
políticas públicas locais, além de apresentarem potência relevante no fortalecimento dos
conselhos nacionais.

REFERÊNCIAS

LOPEZ, Feliz Garcia; PIRES, Roberto Rocha. Instituições participativas e políticas públicas
no Brasil: características e evolução nas últimas duas décadas. Brasil em desenvolvimento:
Estado, planejamento e políticas públicas. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, p. 564-87, 2010

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