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ARTIGO: Participação, deliberação e políticas públicas: a dinâmica das Conferências Nacionais de Saúde Mental

Participação, deliberação e políticas públicas: a


dinâmica das Conferências Nacionais de Saúde Mental
Participation, discussion and public policies: the dynamics of the National Conferences of Mental Health
[Conferências Nacionais de Saúde Mental - CNSM].

Participación, deliberación y políticas públicas: la dinámica de las Conferencias Nacionales de Salud Mental.

Resumo
O objetivo deste artigo é analisar os relatórios finais das Conferências Nacionais de Saúde Mental (CNSMs), o contexto político-social
em que elas ocorreram e seus principais desdobramentos em diretrizes e propostas de leis para as políticas de saúde mental no
Brasil. À luz do arcabouço teórico sobre participação e governança, o artigo também explorou o papel das conferências nacionais na
redefinição das relações entre sociedade civil e Estado quanto ao processo de inovação institucional e à promoção de novos valores.

Palavras-chave: Participação, Deliberação, Políticas públicas, Instituições participativas, Conferências Nacionais de Saúde Mental

Tábata Moreira - tabatafmoreira@gmail.com


Possui graduação em Ciências Socias pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2010) e mestrado em Administração
Pública pela Fundação João Pinheiro (2013).

Artigo submetido no dia 02-01-2014 e aprovado em 08-12-2014

Abstract: The purpose of this article is to analyze the final reports of the Conferências Nacionais de Saúde
Mental (CNSM), the political and social context in which they occur, as well as, the main developments
thereof on guidelines and bills for mental health policies in Brazil. At the light of the theoretical framework on
participation and governance, the article also explored the role of the national conferences in redefining the
relations between the civil society and the State, in the process of institutional innovation, as well as in the
promotion of new values.
Key words: Participation; Discussion; Public Policies; Institutions Participating; National Conferences Of
Mental Health (Conferências Nacionais de Saúde Mental).
Resumen: El objetivo de ese artículo es analizar los reportes finales de las Conferencias Nacionales de
Salud Mental (CNSM), el contexto político y social en los cuales ocurrieron, así como los principales
desdoblamientos de las mismas en directrices y propuestas de leyes para las políticas de salud mental
en Brasil. A la luz del andamiaje teórico sobre participación y gobernanza el artículo también explotó el rol
de las conferencias nacionales en la redefinición de las relaciones entre la sociedad civil y el Estado en el
proceso de innovación institucional, bien como en la promoción de nuevos valores.
Palabras clave: Participación; Deliberación; Políticas Públicas; Instituciones participativas; Conferencias
Nacionales de Salud Mental.

Esta obra está submetida a uma licença Creative Commons

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 19, n. 65, Jul./Dez. 2014
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Tábata Moreira

1 Introdução Este artigo está estruturado em três seções,


a primeira traça o referencial teórico sobre
O objetivo deste artigo é analisar os rela- participação, instituições participativas e go-
tórios finais das Conferências Nacionais vernança social; a segunda diz respeito às
de Saúde Mental (CNSMs), o contexto po- CNSMs e a última refere-se às considera-
lítico-social em que elas ocorreram e seus ções finais.
principais desdobramentos em diretrizes e
propostas de leis para a política de saúde Participação e deliberação: notas intro-
mental no Brasil. Para tanto, o método ado- dutórias
tado foi a análise documental (Silva, Almei-
da, & Guindani, 2009) dos relatórios finais O objetivo desta seção é discorrer sobre
das quatro CNSMs. Essa análise consistiu as principais questões referentes à parti-
em identificar informações factuais sobre os cipação e ao processo de deliberação nas
atores que participaram das conferências, o esferas públicas. Busca-se, sobretudo, evi-
contexto em que elas aconteceram e as mu- denciar a importância das conferências
danças conceptuais concernentes às pes- nacionais na condição de dispositivo de
soas acometidas pelo transtorno mental (a participação, controle social, debate e sín-
doença) e as formas de tratamento. tese democrática das principais diretrizes e
medidas operacionais para formular, imple-
As conferências nacionais de políticas pú- mentar e monitorar as políticas públicas do
blicas consistem em práticas participati- Poder Executivo brasileiro.
vas e deliberativas organizadas pelo poder
executivo em parceria com a sociedade ci- No Brasil a democracia participativa tem
vil, convocadas com o objetivo de construir sido alvo de estudos sistemáticos, especial-
consensos, estabelecer pactos e monito- mente a partir do arcabouço legal forneci-
rar as políticas públicas. Avritzer e Souza do pela Constituição de 1988. Avelar (2007)
(2013) e Pogrebinschi (2010) apontam que elucida que a participação política diz res-
as conferências tornaram-se a principal for- peito à ação de indivíduos e grupos que têm
ma de participação em nível federal, cum- por objetivo influenciar o processo político
prindo, assim, um papel crucial no processo ou, de forma mais ampla, uma ação desen-
de diálogo e compartilhamento de decisões volvida em solidariedade com outros atores,
entre os atores da sociedade civil (tradicio- seja no âmbito de um grupo, classe, seja no
nalmente excluídos dos espaços de atuação Estado, que tem por finalidade intervir, ou
política) e os governos municipal, estadual e não, em uma estrutura formada em torno de
federal, envolvidos nos mais diversos temas. interesses dominantes.
No caso da saúde mental, as conferências
viabilizaram a continuidade do processo, ini- Relacionada à ideia de soberania popular,
ciado no Brasil nos anos 1970, de crítica ao a participação política é considerada um
modelo vigente de assistência hospitalar e instrumento de legitimação e fortalecimento
de definição de estratégias que tornassem das instituições democráticas e de amplia-
exequível a implementação da reforma psi- ção dos direitos de cidadania. Importa expla-
quiátrica a partir dos anos 1980. nar que as formas e canais de participação

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variam de acordo com o contexto histórico e debates e consultas públicas, fóruns, entre
da situação social dos que participam, o que outros (Avritzer, 2007).
nos leva a dizer que a lógica de participação
dos indivíduos nem sempre é a mesma. O estabelecimento de instâncias participati-
vas pode se dar por pelo pelos três formas:
A participação política pode ser analisada a 1) desenho participativo de baixo para cima;
partir de duas correntes teóricas: a agrega- 2) processo de partilha de poder; 3) proces-
tiva e a deliberativa (Pereira, 2007). Em sín- so de ratificação pública. Tais formas podem
tese, o primeiro grupo analisa as decisões ser diferenciadas entre si, essencialmente
coletivas a partir dos elementos eleitorais, por três variáveis – iniciativa na proposição
de maneira específica, o voto. Já o segundo do desenho, organização da sociedade civil
busca compreender a formação de prefe- na área em questão e vontade política do go-
rências a partir do estudo do diálogo. Nessa verno em implementar a participação –, que
perspectiva, a participação política ocorre determinam sua capacidade para democra-
pela articulação entre a sociedade civil e o tizar o governo. Nas palavras do autor, “(...)
sistema político-administrativo nas esferas o sucesso dos processos participativos está
públicas. relacionado não ao desenho institucional e
sim à maneira como se articulam desenho
É por meio do diálogo que os atores societá- institucional, organização da sociedade e
rios têm tematizado situações problemáticas vontade política de implementar desenhos
ou influenciado os centros decisórios e, so- participativos” (Avritzer, 2008, p. 3).
bretudo, participado do processo de formu-
lação de políticas públicas. Tal prática tem Dentre o conjunto de instituições participati-
viabilizado a produção de “novos desenhos vas, Pogrebinschi (2010) nos chama a aten-
institucionais democráticos que incorporam ção para as conferências nacionais. Sua
novas práticas culturais na esfera da política importância justifica-se pelo fato de elas
democrática” (Avritzer, 2005, p. 569). consistirem em instâncias de deliberação e
participação que têm por objetivo prover di-
Avritzer e Pereira (2001) demonstram que retrizes para subsidiar a formulação de polí-
esses “novos desenhos institucionais” são ticas públicas no âmbito federal. Para tanto,
lócus de partilhamento dos processos deli- as conferências contam com a participação
berativos entre atores sociais e políticos ou paritária de representantes dos três níveis
associações da sociedade civil. Segundo es- de governo e dos da sociedade civil.
ses autores, esses locais têm viabilizado a
ampliação da presença e participação dos Sobre a organização das conferências na-
atores sociais na apresentação de certos cionais de políticas públicas, importa ressal-
temas, como saúde, assistência social, po- tar que:
líticas urbanas, segurança e meio ambiente.
Entre esse universo de instituições partici- [...] são organizadas pelo Poder Executivo
pativas, podemos citar os conselhos gesto- em parceria com a sociedade civil, já ativa
res, conselhos de políticas públicas, confe- que esta se encontra nos diferentes con-
rências, orçamento participativo, audiências, selhos nacionais de políticas ou nos diver-

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sos grupos de trabalho constituídos nos tido, obtém-se de fato a democratização dos
ministérios e secretarias. São convocadas processos decisórios do governo.
pelo Executivo com a manifesta intenção
de prover diretrizes para a formulação de Importa ressaltar que essas novas instân-
políticas públicas, tendo como especial cias participativas não visam sobrepor ou
foco a elaboração ou revisão de planos até mesmo substituir as formas tradicionais
nacionais de políticas para as mais diver- de representação. Nas palavras de Brasil
sas áreas, setores e grupos da sociedade (2007), as formas ampliadas de participação
civil (Pogrebinschi, 2010, p. 10). nos processos decisórios e de deliberação
se colocam como elementos complementa-
Em regra, as conferências nacionais têm res aos mecanismos de representação.
ampliado o papel dos cidadãos na gestão
da coisa pública, assegurando a universali- Em consonância com Brasil (2007), Pogre-
dade na definição das políticas ali delibera- binschi (2010) elucida que:
das e a reconfiguração da proporcionalida-
de dos eventuais interesses partidários ali Se as novas práticas ampliam a participa-
representados. Pogrebinschi (2010) ressalta ção direta dos cidadãos, isso não significa
que foi a partir de 2003 que as conferên- que as instituições políticas tradicionais
cias nacionais tornaram-se mais amplas tenham se tornado menos aptas a repre-
abrangentes e inclusivas, o que significa, sentá-los. As práticas participativas fortale-
respectivamente, aumento da participação cem a democracia ao ampliar o papel dos
de representantes da sociedade civil, deli- cidadãos na mesma. Mas isso não se dá
beração de temas cada vez mais diversos em detrimento da representação política
e, sobretudo, participação de grupos hete- e suas instituições. Ao fortalecimento das
rogêneos e minoritários. formas supostamente não representativas
de democracia, não corresponde, portanto,
É por meio da dinâmica entre participação/ o enfraquecimento do governo representa-
deliberação e representação entre repre- tivo (Pogrebinschi; 2010; p. 7).
sentantes da sociedade e do Estado, reve-
lada nas conferências nacionais, que as de- Diante da evidência que novas instâncias
mandas de diversas áreas, setores e grupos participativas, como as conferências nacio-
são convertidos em proposições legislati- nais, fortalecem a representação política,
vas, sendo assim incorporadas na agenda e subsequente às práticas democráticas,
governamental (Pogrebinschi, 2010). busca-se na próxima seção ressaltar o papel
das CNSMs como espaço de deliberação de
Nessa nova forma de gestão, a sociedade propostas e diretrizes para políticas públicas,
civil participa ativamente dos processos vocalização das demandas sociais, políticas
decisórios, o que possibilita a ocorrência e econômicas e materialização de inovações
do “empoderamento” dos principais atores institucionais.
sociais e do fortalecimento do poder local,
além da comunidade se tornar correspon- A dinâmica das CNSMs
sáveis pelas políticas públicas. Nesse sen-

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Esta seção versa sobre as principais ques- rer em privação de liberdade. Em resposta
tões deliberadas nas quatro conferências na- a tal diretriz, os movimentos visaram à des-
cionais de saúde mental, com o objetivo de construção dos modelos asilares e à substi-
identificar inovações, lacunas e desafios no tuição dos serviços ofertados aos cidadãos
campo da saúde mental. As CNSMs tornou acometidos pelo transtorno mental, prezan-
evidente a viabilidade de construir um mo- do por uma nova cidadania e uma nova éti-
delo substitutivo ao hospital psiquiátrico, que ca, que, somada à ideia de emancipação do
alterasse os conceitos, os valores, a estrutu- sujeito, estivesse atenta às novas formas de
ra da rede de atenção e, sobretudo, a forma exclusão social.
de lidar com as pessoas com experiência de
transtornos mentais, a partir de seus direitos Em um contexto marcado pela transição do
de cidadania (Brasil, 2001). regime ditatorial militar à consolidação da
democracia, consolidou-se no Brasil a Re-
Inserido no cenário italiano das décadas de forma Psiquiátrica. Processo político-social
1960 e 1970, o Movimento Antimanicomial que se propôs a alterar os modelos de aten-
configurou-se a partir do questionamento e ção e gestão nas práticas de saúde mental,
da negação do sistema institucional no que defender a saúde coletiva, proporcionar a
se refere tanto à esfera psiquiátrica quanto às equidade na oferta dos serviços e promover
estruturas sociais que o sustentam. Contrá- o protagonismo dos trabalhadores e usuá-
rio à narrativa que legitimava a relação esta- rios dos serviços de saúde nos processos
belecida entre doentes, médicos e enfermei- de gestão e produção de tecnologias de cui-
ros, o Movimento Antimanicomial denunciou dado (Delgado, 2007).
a premissa de que os doentes mentais deve-
riam ser isolados do convívio social em hos- Em resposta a denúncias e reivindicações
pitais psiquiátricos, manicômios judiciários de reforma no campo psicossocial, em 1987
ou nos serviços especializados extramuros, ocorreu, em Bauru, no Estado de São Paulo,
como também a violência e os maus tratos o II Congresso Nacional dos Trabalhadores
que eles estavam sujeitos caso fossem inter- em Saúde Mental, evento no qual se cunhou
nados. o lema de ordem Por uma sociedade sem
manicômios, e legitimou-se o Movimento de
O Movimento Antimanicomial italiano tornou- Luta Antimanicomial, compreendido como
-se referência para futuras iniciativas que um fenômeno associativo de caráter mobili-
também visavam ao processo de transfor- zador e reivindicador, que congregou profis-
mação da instituição psiquiátrica. Dessa sionais de saúde mental, cidadãos acometi-
forma, iniciou-se no Rio de Janeiro a orga- dos pelo transtorno mental e familiares dos
nização de dois movimentos: Movimento de portadores de sofrimento psíquico em prol
Renovação Médica (1970) e Movimento de do fim dos manicômios (Duarte, 2008).
Trabalhadores em Saúde Mental (1978). A
constituição de tais movimentos possibilitou A necessidade por serviços de qualidade no
o questionamento das políticas psiquiátricas âmbito da saúde mental cresceu e se tor-
em voga, as quais preconizavam que o trata- nou ainda mais complexa, exigindo, assim,
mento de transtornos mentais deveria ocor- a permanente atualização e diversificação

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das formas de mobilização, de gestão e ar-


ticulação política e a construção de estraté- Ao analisar a I CNSM, observa-se a neces-
gias inovadoras de cuidado. Entretanto, as sidade de mudanças estruturais a partir do
mudanças ocorridas se entrelaçam com o processo da reforma psiquiátrica brasileira,
desafio de concretizar o processo de refor- a qual transcende o restrito campo exclusi-
ma psiquiátrica, tanto no campo legislativo, vo, ou predominante, das transformações
quanto no modelo assistencial psiquiátri- no campo técnico-assistencial, para alcan-
co ofertado aos cidadãos acometidos pelo çar uma dimensão global e complexa. Isto
transtorno mental. é, para tornar-se um processo que ocorre a
um só tempo e articuladamente, nos campos
Sob a égide dos princípios da Reforma Psi- técnico-assistencial, político-jurídico, teórico-
quiátrica, em 1987, ocorreu no Rio de Janei- conceitual e sociocultural (Amarante, 1998).
ro a I Conferência Nacional de Saúde Men-
tal (I CNSM). Sua estruturação contou com Em consonância com as questões delibe-
três temas centrais: Economia, sociedade radas na I CNSM, formulou-se, em 1989, o
e Estado: impactos sobre saúde e doença Projeto de Lei n. 3657/89. Conhecido como
mental; Reforma sanitária e reorganização projeto Paulo Delgado, previa extinção pro-
da assistência à Saúde Mental, e Cidadania gressiva dos manicômios, substituição dos
e doença mental: direitos, deveres e legisla- serviços por outros recursos assistenciais e
ção do doente mental. regulamentação da internação compulsória.
Apesar de não ter sido transformado em Lei
O desafio da I CNSM era superar o emble- de imediato, o projeto tornou-se fonte de ins-
mático modelo assistencial, baseado no mo- piração para a formulação de leis estaduais
delo médico psiquiátrico, considerado caro, e municipais, todas com o mesmo preceito
ineficaz e iatrogênico, que violava os direitos do projeto inicial (Goulart, 2006).
humanos fundamentais. Para tanto, teve-se
como proposta a implementação da Refor- Precedida de importantes eventos para o
ma Sanitária, o fomento de ações e serviços campo da Saúde Mental, como os avanços
de saúde que levassem à criação do Siste- proporcionados pela Reforma Psiquiátrica,
ma Único de Saúde (SUS), à formação de a II Conferência Nacional de Saúde Mental
Conselhos de Saúde, à democratização das (II CNSM), datada de 1992, teve como eixos
instituições da unidade de saúde, à proibição temáticos: Psiquiatria, manicômio e cidada-
da construção de novos hospitais psiquiátri- nia no Brasil, Reestruturação da assistência
cos tradicionais e à implementação de equi- psiquiátrica no Brasil e Tecnologias, modelo
pes multiprofissionais nas unidades básicas assistencial e saúde mental no Brasil.
e de recursos assistenciais alternativos aos
asilares, como hospital-dia, hospital-noite, A II CNSM representou um marco significa-
pré-internações, lares protegidos, núcleos tivo na história recente da política de saúde
autogestionários e trabalho protegido, des- mental, na qual se pôde aprofundar as crí-
centralização e maior capacitação técnica ticas ao modelo hegemônico e formalizar o
dos ambulatórios de rede pública, visando esboço de um novo modelo assistencial, sig-
melhor poder de resolubilidade. nificativamente diverso, seja no que diz res-

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peito às lógicas, aos conceitos e a valores definida pelo nível local e ofertam serviços
que deveriam reger a estruturação da rede de saúde que intermediam o regime ambu-
de atenção, seja na forma de lidar com as latorial e a internação hospitalar, contem-
pessoas com a experiência de transtornos plando, assim, a necessidade por serviços
mentais, a partir de seus direitos de cida- de urgência psiquiátrica ou de internação
dão. As discussões então realizadas legiti- hospitalar (Amarante & Torre, 2001; Torres,
maram as medidas e os processos já em 2008).
curso naquele período, apontaram as novas
iniciativas e as recomendações de afirma- Nos anos que se seguiram, diversas ini-
ção, garantia e (re)construção dos direitos ciativas foram realizadas, entre as quais o
de cidadania das pessoas com transtornos desenvolvimento de diversas experiências
mentais e de transformação do modelo as- municipais de implementação de novos mo-
sistencial, que foram assumidas como as delos de atenção em saúde mental compro-
duas diretrizes principais para o processo metidos com as diretrizes da reforma; a cria-
de reforma. ção de novas modalidades assistenciais,
dispositivos e ações, como CAPS, NAPS,
Ao encontro das demandas publicizadas na Centro de Atenção Integral à Saúde Men-
II CNSM, importa ressaltar a promulgação tal (CAIS), Centro de Referência em Saúde
das portarias n. 189/91 e n. 224/92 do Mi- Mental (CERSAM), Oficinas Terapêuticas,
nistério da Saúde. Em síntese, a portaria Hospitais-dia, Serviços Residenciais Tera-
n. 189/91 objetivou organizar os serviços pêuticos (moradias assistidas), Centros de
de saúde mental a partir dos princípios de Convivência, inclusão da saúde mental na
descentralização, universalização, hierar- atenção básica e no Programa Saúde da Fa-
quização, regionalização e integralidade das mília (PSF), Projetos de Inserção no Traba-
ações; instituir métodos e técnicas terapêu- lho e Cooperativas, Projetos de Intervenção
ticas diversas nos vários níveis de complexi- Cultural, atenção domiciliar e ações comu-
dade assistencial; garantir a continuidade da nitárias e territoriais que forjaram práticas
atenção nos vários níveis; multiprofissionali- inovadoras, entre as quais: novas formas
zar a prestação de serviços; tornar possível de cuidado da complexidade do sofrimento,
a participação nos processos de formula- transformação da relação entre usuários e
ção, avaliação, monitoramento das políticas familiares, criação de novos processos de
de saúde mental; definir os órgãos gestores trabalho no cotidiano dos serviços, inserção
locais como responsável pela complemen- no território, criação e potencialização de re-
tação da presente portaria normativa e pelo des sociais e de suporte, desenvolvimento
controle e avaliação dos serviços prestados. de múltiplos projetos de inserção no traba-
lho, acesso aos direitos e de participação
Já a Portaria n. 224/92 teve por objetivo na vida pública; publicação de portarias mi-
atribuir funções para o Núcleo de Atenção nisteriais com o objetivo de reorientação do
Psicossocial (NAPS) e para o Centro de modelo assistencial por meio da inclusão de
Atenção Psicossocial (CAPS). Por serem modalidades assistenciais substitutivas ao
unidades de saúde locais/regionalizadas, o hospital psiquiátrico na tabela de financia-
NAPS e o CAPS atendem a uma população mento; processos de vistorias, fiscalização

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e recredenciamento dos hospitais psiquiátri- naquele momento a humanidade estava en-


cos; criação de várias associações de usuá- frentando, diante da deterioração da quali-
rios, familiares e profissionais que desenvol- dade de vida, da marginalização crescente
vem uma multiplicidade de projetos, que têm de grandes contingentes populacionais e
propiciado novas formas de participação e da exacerbação das diferenças entre ricos
inserção social; criação das comissões na- e pobres, frutos da economia neoliberal
cional e estaduais de reforma psiquiátrica e concomitante ao processo de globalização.
em saúde mental vinculadas às instâncias Dessa forma, preconizou-se a reabilitação
de controle social do SUS; aprovação de psicossocial os cidadãos que apresentavam
leis estaduais e municipais orientadas pelas transtornos mentais, mediante princípios
diretrizes da reforma; aprovação da Lei n. como respeito e recontextualização de suas
9.867, de criação das Cooperativas Sociais. diferenças, preservação de sua identidade e
cidadania, envolvimento e participação ati-
Em paralelo ao reconhecimento dessas con- va no tratamento por parte dos familiares e
quistas, persistem os desafios e dificuldades responsáveis, horizontalidade nas relações,
do processo de reforma psiquiátrica no país. multiprofissionalidade com interdisciplinari-
A III Conferência Nacional de Saúde Mental dade, desinstitucionalização e autonomia.
(III CNSM), realizada em 2001, visou criar
uma oportunidade de discussão e avanço Se, por um lado, a III CNSM reafirmou os
desse processo. Para isso, assumiu-se que princípios da Reforma Psiquiátrica Brasilei-
o debate principal ocorresse em torno do ra e comemorou a promulgação da Lei n.
eixo temático “Reorientação do Modelo As- 10.216, por outro, vislumbrou a complexida-
sistencial”, dentro do qual foram indicados os de, multidimensionalidade e pluralidade das
seguintes subtemas: recursos humanos, fi- necessidades em saúde mental, o que exigiu
nanciamento, controle social, direitos, aces- de todo o campo a permanente atualização
so e cidadania. e diversificação das formas de mobilização e
articulação política, de gestão, financiamen-
Como dispositivo de discussões, buscou-se to, normatização, avaliação e construção de
encontrar meios eficazes de incluir a popu- estratégias inovadoras e intersetoriais de
lação que não têm acesso à saúde mental cuidado.
no contexto do SUS; deteriorar o modelo as-
sistencial com a reestruturação da atenção Frente a estes desafios – complexidade e
psiquiátrica hospitalar, além da expansão da caráter multidimensional, interprofissional e
rede de atenção comunitária, com a partici- intersetorial dos temas e problemas do cam-
pação efetiva de usuários e familiares e, por po –, realizou-se, em 2001, a IV Conferência
fim, no âmbito da legislação, criar um novo Nacional de Saúde Mental (IV CNSM). Essa
lócus social para a loucura. teve como eixo temático: Saúde mental – di-
reito e compromisso de todos: consolidar
 Reforma Psiquiátrica tem na essência de
A avanços e enfrentar desafios. Como subte-
sua motivação a busca incessante do direito ma, discutiu-se sobre: a) Políticas sociais e
e da cidadania. Por conseguinte, não pode políticas de Estado: pactuar caminhos inter-
ser dissociada de todas as dificuldades que setoriais; b) Consolidação da rede de aten-

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ção psicossocial e fortalecimento dos mo- quistas, entre elas, a delimitação do cam-
vimentos sociais; c) Efetivação dos direitos po da saúde mental como intrinsecamente
humanos e cidadania como desafio ético e multidimensional, interdisciplinar, interpro-
intersetorial. fissional e intersetorial, e como componen-
te fundamental da integralidade do cuidado
Ainda sobre os fatores que delinearam e social e da saúde em geral. Trata-se de um
incidiram sobre o cenário da realização da campo que se insere na área da saúde e ao
IV CNSM, importa destacar a ampliação e mesmo tempo a transcende, com interfaces
difusão territorial dos novos serviços, com importantes, necessárias e recíprocas com
incremento do número de trabalhadores de os campos dos direitos humanos, assistên-
saúde mental, em um contexto de terceiri- cia social, educação, justiça, trabalho e eco-
zação e de precarização do emprego. Em nomia solidária, habitação, cultura, lazer e
um segundo momento, destaca-se a diversi- esportes etc.
ficação do movimento antimanicomial, com
o surgimento de tendências internas orga- No campo legislativo, houve a ampliação da
nizadas; a presença e participação mais Lei n. 10.216, de 10 de abril de 2001. Como
ativa e autônoma de usuários e familiares; proposta, buscou-se a regulamentação dos
a presença de diversas agências e atores direitos da pessoa com transtornos mentais,
políticos intersetoriais; as novas caracterís- a extinção progressiva dos manicômios no
ticas do trabalho e de tecnologia em saúde país e o redirecionamento da assistência em
mental no SUS, com repercussão na organi- saúde mental, privilegiando a oferta de tra-
zação e representação política de parte dos tamento em serviços de base comunitária e
médicos no país, com novas exigências cor- dispondo sobre a proteção e os direitos das
porativistas, e, particularmente na psiquia- pessoas com transtornos mentais.
tria, com nova ênfase ao modelo biomédico,
imprimindo forte e explícita campanha con- Já as demandas sociais dos pacientes
tra a reforma psiquiátrica; uma expansão de egressos dos hospitais psiquiátricos, com
serviços públicos de saúde mental que não história de longa internação psiquiátrica
foi acompanhada por uma oferta e capacita- (dois anos ou mais de internação ininterrup-
ção compatível de profissionais psiquiatras tos), foram atendidas pelo Governo Federal
para o trabalho em saúde pública, gerando a partir da formulação da Lei n. 10.708, de
certa carência de profissionais em saúde 2003, intitulada De Volta para Casa. O obje-
mental, e pânico social gerado pela campa- tivo desse programa é contribuir e garantir
nha da mídia em torno do uso do crack no efetivamente o processo de inserção social
país, com enorme repercussão política, ge- dessas pessoas, incentivando a organiza-
rando significativas pressões e demandas ção de uma rede ampla e diversificada de
de alguns setores por serviços de interna- recursos assistenciais e de cuidados, faci-
ção hospitalar apresentados como resposta litadora do convívio social, capaz de asse-
única. gurar o bem-estar global e estimular o exer-
cício pleno de seus direitos civis, políticos e
Apesar dos desafios mencionados, a reali- de cidadania.
zação da IV CNSM obteve importantes con-

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O estudo das CNSMs nos permite perceber A concretização de tais inovações tornou-se
a transformação cultural, política e social plausível devido ao processo de democra-
viabilizada pela Reforma Psiquiátrica. Os tização pelo qual o país estava passando,
relatos evidenciam a importância da parti- cenário político-social que possibilitou a arti-
cipação no processo de construção de um culação e a mobilização de diferentes atores
modelo alternativo que preze, sobretudo, a na busca da garantia dos direitos civis, polí-
promoção de justiça e da liberdade e a re- ticos e sociais. Dessa forma, as CNSMs ma-
construção dos vínculos comunitários das terializaram a construção e o fortalecimento
pessoas com transtorno mental. de uma rede de atores (movimento social,
profissionais da saúde, familiares e usuários
Pela análise das CNSM, da legislação e dos serviços de saúde mental), que, apesar
das normativas orientadoras da política de do jogo de interesses, dos conflitos e coa-
saúde mental, percebe-se uma mudança na lizões, conciliaram ações e estratégias em
forma de entender o transtorno mental e na contexto político favorável às demandas pelo
sua própria denominação dos que por ele direito à cidadania.
são acometidos: cidadãos em estado de so-
frimento mental. A cada nova designação, Por anteceder a Constituição de 1988, as
tem-se uma reflexão na forma de compreen- CNSMs evidenciaram, a priori, questões da
der o problema e atuar sobre ele. trajetória das políticas de saúde, como fo-
mento de ações e serviços de saúde que
A título de síntese, seguem em anexo o criassem o SUS, formação de Conselhos
quadro 1 (Conferências Nacionais de Saú- de Saúde e democratização das instituições
de Mental) e o quadro 2 (Normativas e leis da unidade de saúde. Já a temática saúde
referentes à saúde mental), com o conteúdo mental se insere na agenda da I CNSM de
das mencionadas conferências e da legis- maneira incipiente e traduz os princípios da
lação relativa ao atendimento e à prestação Reforma Psiquiátrica. Se antes o portador
de serviços no campo da saúde mental. de saúde mental era percebido com indiví-
duo desprovido da razão, a I CNSM torna
Considerações finais evidente a necessidade de transformar essa
ideia e percebê-lo como indivíduo dotado de
O conjunto de questões problematizadas direitos, inclusive o de ser cidadão.
nas Conferências Nacionais de Saúde Men-
tal tornou evidente que as experiências de De maneira pontual, entretanto, inovadora,
participação e deliberação nas esferas pú- a II CNSM não só resgatou algumas ques-
blicas podem fomentar e consolidar as ino- tões já tematizadas na conferência anterior,
vações no arcabouço institucional das políti- como também introduziu a necessidade de
cas públicas. No caso da saúde mental, tais construir um modelo assistencial que trans-
mudanças resultaram na produção de novos cendesse o tradicionalismo psiquiátrico. As
significados sobre a forma de interpretar o inovações foram além dos processos de ela-
sofrimento mental e na formulação de estra- borar novos significados sobre o transtorno
tégias para seu enfrentamento. mental e configurar as agendas de políti-
cas públicas, as quais se materializaram na

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Participação, deliberação e políticas públicas: a dinâmica das Conferências Nacionais de Saúde Mental

construção dos serviços substitutivos. são social, quanto pela solidificação de uma
rede assistencial de atenção psicossocial
Não menos importante, no campo normati- que superasse e substituísse os hospitais
vo, houve a aprovação Lei n. 9.867, que per- psiquiátricos – serviços substitutivos exclu-
mitiu o desenvolvimento de programas de sivamente de caráter público estatal.
suporte psicossocial aos pacientes psiqui-
átricos em acompanhamento nos serviços Entre as diversas conquistas obtidas pela IV
comunitários. A mencionada lei significou CNSM, é notória a mudança de percepção
um importante instrumento para viabilizar os sobre as pessoas acometidas pelo transtor-
programas de trabalho assistido e, assim, no mental, agora entendidas como sujeitos
incluir os cidadãos acometidos pelo trans- de direitos e de desejos, cidadãos singula-
torno mental na dinâmica da vida diária, em res, que protagonizam na política, na socie-
seus aspectos socioeconômicos. dade e, sobretudo, em seu modo de fazer
e levar a vida. Entretanto, ainda, se faz ne-
Em um primeiro momento, a III CNSM evi- cessário superar os desafios referentes à
denciou os desafios e lacunas a serem su- mercantilização da saúde mental, à amplia-
perados no campo da saúde mental. Ainda ção da oferta de serviços, ao investimento
se discutiram a inserção dos cidadãos aco- na política, à construção de indicadores que
metidos pelo transtorno mental no SUS, a permitam monitorar e avaliar o andamento
construção de um modelo assistencial con- da política, à promoção de integração de
dizente com os princípios da Reforma Psi- ações com os diversos programas públicos
quiátrica e a expansão da rede de atenção assistenciais, ao efetivo desenvolvimento de
comunitária. Em um segundo momento, a III projetos comunitários capazes de responder
CNSM mostrou-se significativa para a cons- à proposta de reabilitação e reintegração da-
trução de novas ideias, as quais apontavam queles que se tornam usuários dos serviços
complexidade, multidimensionalidade e plu- de saúde mental e, não menos importante,
ralidade das necessidades em saúde men- à própria consolidação da reforma psiquiá-
tal. trica e à desinstitucionalização, processos
que ocorrem em longo prazo. Desafios es-
Em consonância com as demandas e desa- ses que acusam a necessidade de mobili-
fios expostos na III CNSM, a IV CNSM se zação constante e esforços sistemáticos por
configurou a partir da ideia de moldar a Polí- parte dos atores societários, que participam
tica de Saúde Mental segundo os princípios do processo de construção e inovação da
intersetoriais. A intersetorialidade consiste política de saúde mental.
em criar interfaces entre os campos dos
direitos humanos, assistência social, edu- Referências
cação, justiça, trabalho e economia solidá-
ria, habitação, cultura, lazer e esportes etc. Amarante, P., & Torre, E. (2001). A
Esse diálogo entre os mais diversos campos constituição de novas práticas no campo
levou à consolidação da Reforma Psiquiátri- da atenção psicossocial: análise de dois
ca frente aos desafios impostos tanto pelos projetos pioneiros na reforma psiquiátrica no
processos de desinstitucionalização e inclu- Brasil. Saúde em debate (Revista do Centro

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