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OBRAS COMPLETAS
DE

RUI BARBOSA

VOL. XLVII. 1920


T O M O IV

O ART. 6.° DA CONSTITUIÇÃO


E A

INTERVENÇÃO DE 1920 NA BAHIA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA


FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA
RIO DB JANEIRO
OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA
VOL. XLVII TOMO IV
F U N D A Ç Ã O CASA DE R U I BARBOSA
Rua São Clemente, 134 — Rio de Janeiro — Brasil

Presidente
AMÉRICO JAOOBINA LACOMBE

Diret or-Executivo
I H A P O A N C A V A L C A N T I DE L Y R A

Diretor do Centro de Pesquisas


HOMERO SENNA

Setor Ruiano
Chefe
NORAH LEVY

Pesquisadora permanente
REJANE M. M. DE ALMEIDA MAGALHÃES

Colaboraram na preparação do presente volume:


Organização do plano geral
Américo Jacobina Lacombe
SupervisSo
Norah Levy
Preparação dos originais
; Solange Campello Taraciuk
Sydnei Cordeiro Kenupp
Bibliografia e indice onomástico
Beatrix Ruy Barbosa Guerra Martins
Maria Salet Ferreira Novellino
Solange Campello Taraciuk
Revisão
Eni Valenüm Torres
Sydnei Cordeiro Kenupp
Coordenação na impressão
Sylvino Gonçalves

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aftfreîtos dos adve*sarfds pbr ia*io dos c^íes 4$s ser­
viços fédérées. Clowda aautraljdade da UMo S£$ g ^ i s ^ ^ T^­AQ

partidárias, e vistojjae pouns m«*s depais & í£?i* <i*


rea&ar a eleíçSo do governador do Es!ado; tr.Mú de re&sr
4a *fej|J3_0S funcekmarfos accasadv. o.v> J*}*! fj»^'!:­}?
Estados do atde ma vinham gu&cas {$&*$&$ g oora S ^<L.Cf>0--
Resignei pessoas itiielrameate jantes.â.gojmja local. A
ultima s­.iteiituic.So que fis foi­a d» comando ­'sR.glSo
Militar, q?í3 ­confiai ao fsneral C ardoso d.' Ag;ûar, _Q q ^ ,
paio etevado e ner­':ido4>;or*ca'íab£in qua á íído .­3 pa%
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aft;^Jo3, difUidos por chefes locals, 8&.f.aVîam UAÍÜÍ­ '•*
nos r;«u­4;iptOS <lo sartSa d<a Esîado Matra as 2 ..:>
rîdaùcs .TOiîitU.iida­s. O objc^t'vo deafós cbífcs, cor««ornj
aa&aacíavàsí os aeys^iraafcns poiHfcSs» era aiarcî;** —. ** JULft^stiiSvjL^ }<­<rÙ.bj<_o­»­
sobra a capiiai, iüipeilír 0 i;z?J,z:\i".:nto do :aiîdida:>
govemista, Dr. i­555 Joiiju'ni Scîa'ra, » s•.poj.jar .10 g>
vw.:3 o caa­fofo!? Jfa v^jsUfo "Dr. Ü3&& .Ma.ii.ni
FonUs.
Ap;i.;;ii>:> 0 mavbic.u} aSo t c . î ^ . g& inporvandaj ^. olA.«3Vwj " J ­ ^ ' ­ a j ' . '■*t.towt>»iaS'.
pouco a £­34:% porim, foi S3 avolumando, 2 a J 7 d e j >
vîrejro o tpvtfuarfor d> Esla­Jo, seadndo­se impotente ? %j$
«íjutfaaí­?. dirigiu­n:: 0 segui^îitetegratn>­•:;;

* t M tô co.iltcciraeaío de V. r..;. q^çTcaflit*


Oînir.Ca cm abâoluía calma, sem a manor pcmr»
îja/ÇîEa 2i3 SiíS vida «orfiisï, r^naado gai gm quasi
fodo 0 forai?; d) Estaio. gnffî2îîct>, 33?îsar dii
îîoN,ir»s ifc ao^nôîfea$®3 eoa LÎIÎÇ5C 5 e Î?cmaff9^ •»
*4- â­o­'a' u«ipü»-jn C*AA>A^-.<á
játóís !n;:­;":i:> ^ia [jàgan^os armado^)oarcha^ <n
§oW|íSKtó v. Vi':la Nows opr* o ­'in de asiaUarôía
Catas sf^^^^j E ^ ï pap^uíaçüjs esi^o alarmadas.
Cam^.'.Mïc tt­' :Ja áii5ada,'iÍ|»<>coatÍf)geutepo'hrfal
.'2 i03 n^rc­­., §K« c­jv?ei ao local, acampado 2«
Aâûm:% &Ï ,:o. ví;­Jndo, «oM^adã d? m lm CV »
ft0A^cUci^-
sniãcíeni?, 'íi;:­r o j j ^ ^ i ^ j . fâàméím onrirrJa
îîfûi^ p >?::'­:! io ­5? ­^íís^ajÈ^íJsV a C i iiiAy
Enviei !■:? rij­'.s o?.­i í ^ a í o r a «aîrfcla .ûc S»?

Recorte de jornal contendo trecho da mensagem do P residente Epitâcio P es­


soa com anotações de Rui. (Arquivo da C.R.B. Ver p. 5 e 6 deste tomo.)
OBRAS COMPLETAS
DE

RUI BARBOSA

V O L . XLVII. 1920
T O M O IV

O ART. 6.° DA CONSTITUIÇÃO


E A

INTERVENÇÃO DE 1920 NA BAHIA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA


FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA
RIO DB JANEŒO
PCRB - MulQTEC.*
•e*çAOî.
j£g£Á afrjpisa

Foram tirados tris mil exemplares em papel verge,


do presente volume das O b r a s C o m p l e t a s d e
Rui Barbosa, mandadas publicar, sob os auspícios
do Governo Federal, pelo Ministro Gustavo Capanema,
dentro do plano aprovado pelo decreto-lei n.° 3.668,
de 30 de setembro de 1941, baixado pelo Presidente
Getálio Vargas, e de acordo com o decreto n.° 21.182,
de 27 de maio de 1946, promulgado pelo Presidente
Eurico Gaspar Dutra e referendado pelo Ministro
Ernesto de Sousa Campés
ADVERTÊNCIA
ADVERTÊNCIA

Para melhor compreensão do método de trabalho e do


empenho despendido por Rui Barbosa nas causas que defen-
dia, e que não abandonou até mesmo nos últimos anos de sua
vida, acharam os organizadores desta edição, que seria de
interesse e de utilidade a publicação deste tomo como com-
plemento do anterior.
Nele incluímos a Mensagem Presidencial, que, aliás.
o próprio Rui incluiu na sua obra publicada em 1920 com
referências marginais às páginas em que o assunto era
tratado no seu texto. A ela acrescentamos em notas de pé
de página anotações por ele feitas, ora repetindo o texto
ora esclarecendo-o, num recorte de jornal onde se acha trans-
crita a Mensagem, recorte existente no arquivo desta Casa,
e, a seguir, outros comentários encontrados em vários
documentos.
Também do arquivo desta Casa transcrevemos as notas
e a bibliografia (esta em clichê) que serviriam para a elabo-
ração do 2" volume de O Artigo 69 da Constituição e a
Intervenção de 1920 na Bahia que Rui pretendia, mas não
chegou a redigir.

Casa de Rui Barbosa


março de 1973
O ART. 6.° DA CONSTITUIÇÃO
C À

INTERVENÇÃO DE 1920 NA BAHIA

É
RÜY BARBOSA

0 ART. 6." DA CONSTITUIÇÃO

A INTERVENÇÃO DE 1920 NA BAHIA

TOMO I

M A N I F E S T O A NAÇÃO

RIO ot /nnciRo
LIVRARIA CASTILHO
A J, de Castilho. Editor
RUA s. JOSÉ. t14
*CMXX

Frontispício da ediç&o original com assinatura do autor


(N* 402)
Exemplar da Col. José Câmara
123 x 16cms.Q
MENSAGEM D O PRESIDENTE D A REPÚBLICA
AO CONGRESSO NACIONAL
EM 3 DE MAIO DE 1920

PARTE CONCERNENTE AO CASO DA BAHIA

De algum tempo a esta parte as lutas políticas no


Estado da Bahia têm-se salientado por uma extrema exalta-
ção. Entre as acusações articuladas contra a situação ali
dominante figurava, quando assumi o governo, em primeiro
plano a de exercer toda sorte de compressão contra oi
direitos dos adversários, por meio dos chefes dos serviços
federais. Cioso da neutralidade da União (l) nas questões
partidárias, e visto que poucos meses depois se teria de rea-
lizar a eleição de governador do Estado, tratei de retirar
da Bahia os funcionários acusados, como fiz em outros
Estados de onde me vinham queixas idênticas, e para lá
designei pessoas inteiramente estranhas à política local. (*)
A última substituição que fiz foi a do comando da Região
Militar, que confiei ao general Cardoso de Aguiar, (*) o
qual pelo elevado e merecido conceito em que é tido no país,
oferecia a ambos os partidos todas as garantias de isenção
e imparcialidade.
Vide p. ZM e 204 do Tome
III dorto Tolurae.
A 29 de dezembro verificou-se a eleição apaixonada-
mente disputada pelas duas facções. Uma e outra, como
acontece quase sempre, ( 4 ) atribuíram-se a vitória. Logo

(1) Falso.
(2) Falso.
(3) Falso. C . d* Aguiar.
(4) <Como acontece quase sempre>.
1

6 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

em seguida divulgava-se nesta capital a notícia de que


bandos armados, ( 3 ) dirigidos por chefes locais, se haviam
levantado nos municípios do sertão do Estado contra as
autoridades constituídas. O objetivo destes chefes, con-
forme anunciavam os seus mentores políticos, (6) era
marchar sobre a capital, impedir o reconhecimento do candi-
dato governista, Dr. José Joaquim Seabra, e empossar no
governo o candidato da oposição, Dr. Paulo Martins Fontes.
A princípio o movimento não teve grande importância;
pouco a pouco, porém, foi se avolumando e a 17 de feve-
reiro ( 7 ) o governador do Estado, sentindo-se impotente para
dominá-lo, dirigiu-me o seguinte telegrama:
«Levo ao conhecimento de V. Ex» que a capital continua
em absoluta calma, sem a menor perturbação em sua vida
normal, reinando paz em quase todo o interior do Estado.
Entretanto, apesar das notícias de normalização em Lençóis
e Remanso, estou informado que jagunços armados (*)
marcham sobre Juazeiro e Vila Nova com o fim de assal-
tarem estas cidades, cujas populações estão alarmadas.
Campestre ainda sitiada, tendo o contingente policial de 100
praças, que enviei ao local, acampado em Andaraí, não con-
seguindo, em virtude de ser insuficiente, bater os bandidos. (B)
Em Juazeiro continua a força policial de 150 praças a de-
fender a cidade de Nazaré. Enviei 100 praças para defen-
der a estrada de Nazaré, visto correrem boatos de que seria
atacada pelos clavinoteiros, (10) chefiados por Horácio
Matos. Como sabe V . Ex* esses bandidos, que sempre
existiram ( u ) em certa zona do sertão baiano, fazendo
de vez em quando incursões nas localidades onde possam
satisfazer os seus instintos de pilhagem, ( l3 ) estão sendo
agora insuflados ( " ) e aproveitados pelas facções oposi-
(5) cBandos armados>.
(6) «Mentores politicos>.
(7) Moniz requer intervenção.
(8) «Jagunços armados».
(9) «Bandidos».
(10) «Clavinoteiros».
(11) « . . . que sempre existiram».
(12) «Instintos de pilhagem».
(13) «Agora insuflados pela oposiç8o.»
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 7

cionistas, que lhes fornecem armas, munições e dinheiro,


impelindo-os ao saque (14,) pelo ataque a cidades abertas e
arregimentando-os para a luta armada contra as autoridades
constituídas nos municípios, com manifesta perturbação da
ordem e tranqüilidade públicas. Nestas condições, confiado
no comprovado patriotismo de V. Ex* e baseado no art. 6"*,
n. 3, (1S) da Constituição da República, venho solicitar de
V. Ex* o auxílio federal para o fim de restabelecer a ordem
e tranqüilidade nos pontos acima referidos. Esta medida será
da maior eficiência, pois creio que a certeza de que a força
federal vai auxiliar o governo estadual na manutenção da
ordem pública, na defesa da vida, liberdade e propriedade
das populações brasileiras ameaçadas de assalto violento de
clavinoteiros, explorados pelas paixões sediciosas, logo bas-
tará para restabelecer plenamente a tranqüilidade em todo
o Estado. Estou certo que V. Ex» atenderá este justo
pedido, que encerra providência constitucional, prestando
desta forma um relevante serviço às nossas instituições repu-
blicanas. (16)
«Cordiais saudações — -Antônio Moniz.*

No dia imediato recebia eu do Dr. Bráulio Xavier,


presidente do Supremo Tribunal de Justiça do Estado, este
despacho: (17)
«Agravando-se a situação do Estado devido ao movi-
mento estender-se, várias comarcas (18) e termos do interior
estão abandonados das autoridades judiciárias, determinando
completa acefalia da justiça. Em razão de tais aconteci-
mentos, está o poder judiciário suspenso em grande parte
do território baiano. O governo, causador desta situação
anômala, é impotente para reprimir tão sério e extenso movi-
mento. Dada perturbação da ordem constitucional e a im-
possibilidade de exercício do poder judiciário, cumpro o

(14) «Impelidos ao saque».


(15) Pede a Intervenção (art. 6o, n* 3 ) .
(16) «Relevante serviço às nossas instituições republicanas.* (Des-
tarte invoca implicitamente o n* 2 do art. 6°).
(17) Telegrama do Bréulio.
(18) Pede a intervenção, por estar «suspenso o poder Judiciário»,
e haver «impossibilidade de o exercer.»
8 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

dever de comunicar a V. Ex* estas ocorrências, solicitando


providências e intervenção, a fim de dominar esta crise que
compromete o regimen.
«Cordiais saudações. — Bráulio Xavier, presidente do
Tribunal Superior.»
Não me parecendo que os fatos tivessem ainda uma
gravidade excepcional, (19) e julgando conveniente tentar
um acordo entre as duas partes contendoras deixei de res-
ponder logo a essas requisições. Os acontecimentos, porém,
foram-se precipitando. No dia 21 o general Cardoso de
Aguiar enviava-me este telegrama: i20)
Vide p. 101 a 104, 115 e
seguintes, 144 a 165. 229 e
231 do Tomo m deste vo-
lume.
« . . . Espalhando pelo sertão boatos de apoio federal,
o movimento alastra-se. Bandoleiros ávidos convergem de
toda a parte, com fito em ganhos fáceis e depredações.
Quanto maior demora houver na intervenção, mais se avolu-
mará a onda. dificultando o apaziguamento. O governo
do Estado, com dois mil homens de polícia, não pode atender
a tão grande zona, (21) guardando ainda a capital, onde a
oposição procura perturbar a ordem. (n) Não pode também
armar jagunços por falta de recursos pecuniários, armamento
e munições. A desordem no sertão atrairá jagunços dos
Estados limítrofes, já habituados a essas lutas e depredações,
tornando-se então muito difícil dominar o movimento.»
No dia 23 frustravam-se inteiramente os meus esforços
pelo acordo. {a) Um apelo que eu dirigira aos chefes da
oposição, para aconselharem os seus amigos a deporem as
armas, não tivera melhor resultado.
Vide p. 158 a 160 do Tomo
III deste Tolume.
A oposição anunciava que o movimento, dominado já
dois terços do Estado, se precipitava vitorioso e irresistível
sobre a capital.

(19) Epitácio ainda não considera «bastante graves os fatos alega-


dos> e «deixa de atender logo>.
(20) C de Aguiar telegrafa. Como ele qualifica os revolu-
cionários.
(21) Tão grande zona.
(22) A oposição procura perturbar a ordem na capital. Confira
telegrama de Moniz, que assegura estar ela em plena pax.
(23) Frustraram-se esforços pelo acordo. Falso.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 9

(2*) Não era mais possível contemporizar. Decretei


então a intervenção pedida pelo governador. Fi-la com a
consciência de cumprir um dever iniludível. Não obedeci à
solicitação ou influência política de quem quer que fosse.
Nem antes nem depois da intervenção, tive uma palavra
sequer dos governos dos Estados (25) aconselhando ou aplau-
dindo o meu ato. A responsabilidade deste é toda minha.
Decretando a intervenção, dei à publicidade os seguintes
documentos: (26)

«Rio, 21 de fevereiro de 1920.

«Sr. presidente do Superior Tribunal de Justiça — Bahia..

«Respondo ao seu telegrama de 18. Como V. Ex* sabe,


os casos de intervenção do governo federal em negócios
peculiares aos Estados estão enumerados no art. 6* da Consti-
tuição. Excluída a hipótese da invasão, que evidentemente
não ocorre, só nas três outras hipóteses poderia o governo
federal, cm vista dos acontecimentos que aí se desenrolam
intervir nesse Estado. Mas, quanto ao caso n. 2 (manu-
tenção da forma republicana federativa), (^7) à parte a s
questões doutrinárias que se têm suscitado, quer em relação
ao órgão do governo a quem compete autorizar a interven-
ção, quer no tocante aos requisitos que caracterizam a forma
republicana federativa, é fora de dúvida que não se pode con-
siderar subvertida essa forma em um Estado onde existem le-
galmente organizados e em função (28) os três poderes consti-
tucionais — o legislativo, o executivo e o judiciário. Pelo
que diz respeito ao caso do n. 4 (29) (execução de leis c
sentenças federais), se as leis desrespeitadas são como se.

(24) «A responsabilidade é toda minha.>


(25) Como o frade: «Por aqui não passou. . .>
(26) Telegrama de Epitácio a Bráulio Xavier.
(27) Nâo estava transtornada (diz Epitácio) a forma repu-
blicana. N . 2 do art. 6*. Por quê?
(28) O presidente do Supremo Tribunal do Estado acabava de
lhe atestar que o judiciário estava suspenso e impossibilitado de se
exercer.
(29) Quanto ao n. 4", também nâo cabia.
10 OBRAS C OMPLETAS DE RUI BARBOSA

alega, as que garantem os direitos e liberdades do cidadão,


■a intervenção compete ao poder judiciário, que é aquele a
quem a C onstituição confiou a proteção de tais direitos e
liberdades e, portanto, a execução coerciva de tais leis, cum­
prindo apenas ao poder executivo assegurar pela força, se
for necessário, o cumprimento das sentenças respectivas.
«Resta o caso do n . 3 í 30 ) (restabelecimento da ordem e
tranqüilidade). Nesta hipótese, a intervenção só se pode
dar à requisição do governo do Estado e no intuito de
fortalecer a sua autoridade. Ora, precisamente o gover­
nador do Estado, invocando o art. 6', n. 3, da C onstituição,
acaba de requisitar a intervenção federal. Partindo a re­
quisição dum governo cuja legitimidade todos reconhecem,
(31) e tratando­se de fatos cuja gravidade (32) os seus
próprios adversários proclamam, corre­me o dever consti­
tucional í 33 ) de atender à requisição. Renovei tentativas de
acordo que já fizera antes da eleição. Nada tendo conse­
guido ainda desta vez, acabo de dirigir um apelo aos repre­
sentantes federais contrários ao governo do Estado, pedindo
intervenham junto aos seus amigos do interior para porem
termo ao movimento. Se nada obtiver, o governo da União
cumprirá o seu dever de intervir, fazendo­o todavia com a
moderação que a exaltação das paixões políticas no Estado
aconselha, reservando à autoridade federal a direção exclu­
siva de suas forças e prescrevendo ao comandante desta o
maior comedimento em sua ação.

«Atenciosas saudações. — Epitácio P essoa.»


«Decreto n. 14.077. de 23 de fevereiro de 1920. (34) .
«O presidente da república dos Estados Unidos do
Brasil :
«Considerando que o governo do Estado da Bahia,
invocando o art. 6 \ n. 3, da C onstituição, e alegando a
insuficiência das forças de que dispõe, requisitou a intervenção

(30) O caso do n. 3'.


(31) Legitimidade do governo.
(32) Gravidade dos fatos.
(33) Dever.
(34) Decreto de intervenção.
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 11

do governo federal para restabelecer a ordem e a tranqüi-


lidade no Estado;
«Considerando que a requisição é feita por um governo,
cuja legitimidade não se contesta; í 35 )
«Considerando que a perturbação da ordem (36) e tran-
qüilidade na Bahia é um fato de notoriedade pública, cuja
extensão e gravidade os próprios adversários do governo
local não cessam de proclamar;
«Considerando, portanto, que ao governo da União
incumbe atender à requisição do governo local;
«Resolve intervir no Estado da Bahia, nos termos do
art. 6*, n. 3, da Constituição, mandando que o comandante
daquela região restabeleça a ordem e tranqüilidade no dito
Estado, de acordo com as instruções que nesta data lhe são
dadas pelo ministro dos Negócios da Guerra.
«Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1920, 99 da In-
dependência e 32 da República — EPITÁCIO PESSOA. —
Alfredo Pinto Vieira de Melo. — João Pandiâ Calógeras.»

«Rio, 23 de fevereiro de 1920.


«Sr. governador do Estado — Bahia.
«Atendendo à requisição de V. Ex'. acabo de expedir
decreto que ordena a intervenção nesse Estado nos termos
do art. 6V, n. 3, da Constituição federal. Ao comandante
da região são enviadas as necessárias instruções. A força
federal agirá com inteira autonomia, parecendo conveniente,
dada a exaltação dos ânimos nesse Estado, que a policia
ou deixe de tomar parte nas operações ou não o faça senão
sob o comando do general. Estando no desejo, interesse
e dever do governo federal usar do maior comedimento e
tolerância em sua ação, espero que V . Ex* autorizará o
general-comandante da região a assegurar às populações
revoltadas que todas as garantias lhe serão dadas pelo go-
verno do Estado, depois de efetuada a pacificação.
«Saudações atenciosas. — Epitácio Pessoa.»

(35) Legitimidade do governo.


(36) Gravidade dos fatos.
12 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Rio. 23 de fevereiro de 1920. (")

«Sr. comandante da Região Militar — Bahia.


«Atendendo à requisição do governador, resolvi intervir
nesse Estado, a fim de restabelecer a ordem e tranqüilidade.
Para este fim, deve V. Ex» pôr em ação a força federal do
seu comando, de acordo com as instruções do Sr. ministro
da guerra. No desempenho desta missão procederá V. Ex*
com inteira autonomia e exclusiva responsabilidade, rece-
bendo ordens apenas do governo federal, o que não exclui
entendimento com as autoridades do Estado para melhor
esclarecimento de sua ação. Dada a exaltação das paixões
partidárias aí, convém que a força de polícia ou não tome
parte nas operações ou o faça sob o comando de V . Ex ? .
Neste sentido telegrafei ao governador. Antes de qualquer
ataque a grupos armados, deverá V . Ex» convidá-los a
deporem as armas, prometendo-lhes todas as garantias (38)
ainda depois de feita pacificação, de acordo com a autori-
zação que o governador deverá dar. O governo da União
não tem intuitos hostis contra tais grupos (39) : seu pensa-
mento é unicamente pacificar o Estado, sem se envolver de
qualquer modo nas dissensões políticas locais. Deve, pois,
V . E x ' esgotar em qualquer emergência os meios suasórios,
regular-se sempre pela mais rigorosa imparcialidade e jus-
tiça (*") e não esquecer jamais que são Brasileiros os que
tem diante de si.

«Saudações. — Epitácio Pessoa.»

A intervenção federal no Estado da Bahia provocou,


como era natural, grande abalo na opinião. O ato do go-
verno foi alvo de severas críticas: umas eivadas de paixão
partidária, e, por isto mesmo, sem jus a uma contradita;
outras, porém, de natureza jurídica que me sinto no dever
de tomar em consideração.

(57) Instruções ao general.


(38) «Prometendo-lhes todas as garantias*. A anistia? A pros-
crição dos adversários?
(39) O governo federal «não tem intuitos hostis a tais grupos*.
Como, se eram bandidos?
(40) «Imparcialidade e justiça>.
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO '3

Destas últimas, a primeira é que o governo da União


não era obrigado a atender à requisição do governo local,
e não devia tê-lo feito em benefício de uma situação re-
pudiada pela maioria do Estado ( 4 1 ). Dispondo a Consti-
tuição que o governo federal não poderia intervir nos Es-
tados, salvo nos casos que ela indica, deve-se entender, pela
análise gramatical do texto, que nesses casos o governo
federal pode intervir, isto é, rem a liberdade de intervir ou
não. Outro também não é o espírito da nossa Carta Polí-
tica, pois a inteligência contrária reduziria o governo da
União a protetor incondicional das autoridades locais, por
mais desenfreadas que fossem.
Nem sempre a exceção aberta a uma frase proibitiva
importa uma faculdade; muitas vezes, pelo contrário, traduz
um rigoroso dever. í 42 )
As nossas leis estão cheias de exemplos desta lingua-
gem. Na própria Constituição encontra-se mais de um. (^3)
Segundo o art. 72, § 89, a polícia não pode intervir em
uma reunião senão para manter a ordem. Isto não quer dizer
que, no caso de desordem, a policia possa intervir ou não.
Pelo contrário, todos sabem que ela rem o dever de intervir.
O § 11 dispõe: «A casa é o asilo inviolável do indivíduo;
ninguém pode ai penetrar, de noite, sem consentimento do
morador, senão para acudir a vítimas de crimes ou desastres».
Terá a autoridade a faculdade de penetrar ou não penetrar em
uma casa onde se pratica um crime ou, ao invés disso, é ela
rigorosamente obrigada a fazê-lo?
Pelo § 13, a prisão não pode efetuar-se, à exceção do
flagrante delito, senão depois da pronúncia do indiciado.
Ninguém decerto pretenderá que, no caso de flagrante ou
depois da pronúncia, a autoridade pode prender ou deixar
de prender o criminoso.
Em todos estes casos a exceção, aberta embora a uma
regra proibitiva, encerra também um dever. (**)
(41) NSo; cm beneficio de um governo, que era o autor da
subversão.
(42) Isto é: um pode eqüivale a um mando.
(43) Os textos onde o Epitácio entende que o cpode» significa
<deve».
(44) O critério gramatical «é inseguro» aqui, porque esta cons-
trução se usa nos dois sentidos.
14 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA .

O mesmo sucede com o art. 6*. Quando a Constituição


diz que o governo federal não poderá intervir em negócios
peculiares aos Estados, salvo nos casos que em seguida
enumera, não quer dizer que nestes casos o governo pode
intervir ou não. O critério gramatical aí é inseguro e falho,
porque esta construção se emprega num e noutro sentido. ( " )
Por isto, para bem compreender o texto é indispensável in-
quirir do seu espírito, do objetivo que teve em vista, do
pensamento do seu autor. Não pode haver, por exemplo,
quem, de ânimo desapaixonado, sustente que o governo fe-
deral tem, não o dever, mas a faculdade de intervir num
Estado invadido por um exército estrangeiro (art. 6*, n. 1),
ou de onde se tenha abolido a forma republicana federativa
e proclamado o regimen monárquico (art. 6', n. 2 ) . (*•)
(4T) Os que defendem a interpretação que combato
sentindo todo o absurdo desta conclusão, procuram esca-
par-se com uma evasiva: «A transposição das fronteiras de
um Estado por tropas estrangeiras, ou de outro Estado, pode
ser um acidente momentâneo ou involuntário, que aparente,
mas não tenha em realidade o caráter de invasão* A forma
republicana federativa pode sofrer em qualquer Estado vio-
lações acidentais e transitórias, que não demandem a inge-
rência do poder federal para a manter.. . Nestes diferentes
casos, como em todos os outros do exercício de poderes dis-
cricionários, o governo em que estes residem, é o juiz das
circunstâncias pelas quais se determina a oportunidade e a
competência na interposição da sua autoridade».
(48) Mas estas hipóteses não entram de modo algum
nas cogitações da Constituição. O art. 6', n. 1, não pensou
jamais numa simples transposição de fronteiras momentânea
ou involuntária, o que ele figura é precisamente uma invasão,
(*s) isto é, uma transposição de fronteiras deliberada, hostil,
agressiva. Do mesmo modo. não é uma simples violação
acidental e transitória da forma republicana que preocupa o
legislador constituinte, mas uma violação intencional, grave
(45) Critérios propostos cm substituição deste: circulo vicioso.
(46) Argumentos por confusão de espécies e alteração do texto
constitucional.
(47) Citação de palavras minhas.
(48) Como o Epitácio define invasão.
(49) Mas quem o juiz de que cia tem este caráter?
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO Í5

c duradoura. (80) E, assim, insistimos em assegurar que


não pode haver quem esteja sinceramente convencido de
que. em tais casos, a intervenção é ato de puro arbítrio do
governo federal.
Mesmo nas hipóteses imaginadas pelos censores do go-
verno, este não tem a liberdade de ação que se lhe atribui.
Tratando-se de uma incursão passageira e casual ou de uma
rápida e insignificante transgressão da forma republicana,
o governo ainda assim está adstrito a um dever, o de, em
respeito à autonomia do Estado, não intervir. A discrição do
poder federal, reside apenas em examinar se os fatos cons-
tituem ou não as condições impostas pelo legislador ao dever
de intervenção. Se constituem o governo rem o dever de
intervir. Se não constituem, é dever do governo não in-
tervir. Não há arbítrio em qualquer das hipóteses. Só há
dever. Mas não sendo admissível que entre três disposi-
tivos subordinados à mesma cláusula exceptiva do mesmo
preceito proibitório, dois signifiquem faculdade e o terceiro
obrigação, força é convir que, se as exceções abertas pelos
n. 1 e 2 do art. 6", à regra proibitiva da sua frase inicial
não representam permissões, de permissão também não co-
gita a exceção do n. 3.
E assim é. O que o art. 67 da Constituição quer dizer
é que o governo federal não poderá intervir em negócios
peculiares aos Estados, salvo em tais e tais casos, porque
nestes casos é obrigado a intervir. (")
Nem jamais tal preceito [oi entendido 4e outro modo.
Vide p. 167 e 192 do Tomo
III deste volume.
Nem aqui nem nos países de igual sistema político. Ninguém
decerto mais autorizado para dar a interpretação genuína de
um texto legal do que o profissional que o concebeu. Mas
quem concebeu o princípio contido no art. 69, n. 3, da nossa
Constituição, não foi como se tem dito, o legislador brasi-
leiro. Foi o americano. O argentino copiou deste. O bra-
sileiro copiou dos dous. Não há neste ponto nada de original
na Constituição do Brasil.
Logo que se proclamou a república, o Governo Pro-
visório nomeou uma comissão para elaborar o projeto de
Constituição. Este projeto dizia no art. 6. 9 :
(50) Aqui, a mesma questão.
(51) Tudo «copiou>.
16 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«O governo federal não poderá intervir em negócios


peculiares aos Estados, salvo: . . . 3, para restabelecer a
ordem e tranqüilidade no Estado, à requisição do seu res-
pectivo governo.»
O Governo Provisório, no seu Decreto n. 510, de 22
de junho de 1890, copiou ipsis verbis este dispositivo, apenas
substituindo as palavras finais à requisição do seu respectivo
governo por estas, à requisição dos poderes locais. Convém
assinalar que esta mesma insignificante modificação resultou
de uma emenda feita pelo marechal Deodoro (que às pala-
vras ã requisição do seu respectivo governo, mandou acres-
centar c dos poderes locais), e não por qualquer outro mem-
bro do Governo Provisório (52) (Gomes Ribeiro, Constituição
Federal, p. 230). Mas o Congresso Constituinte não aceitou
nem mesmo essa pequenina alteração, e voltou aos termos
de projeto da Comissão. De sorte que no dispositivo atual
não há nada que seja do Governo Provisório. (53) Tudo
é da Comissão. Se aí houvesse qualquer cousa de original, a
Comissão é que poderia gabar-se (51) da autoria do texto
e arrogar-se, como autoraF maior autoridade no interpretá-lo.
Mas não há. A idéia veio, como disse, da Constituição dos
Estados Unidos, que a tirou do projeto de Pinckny. O
legislador argentino adotou-a. A Comissão brasileira to-
mou-a de ambos. O Governo Provisório copiou-a í 55 ) da Co-
missão. Assim, os membros do Governo Provisório têm tanta
autoridade, como qualquer outra pessoa que dele não tenha
feito parte, para dizer o sentido genuíno do texto no caso
vertente.
Mas, se é o autor da lei, e não quem a copiou em
terceira mão, que nos pode explicar o seu verdadeiro pensa-
mento, vejamos como nos Estados Unidos e na república
argentina se entende o caso do art. 6*. n. 3, da nossa
Constituição.
Quer nos Estados Unidos, quer na república argen-
tina, a intervenção neste caso tem caráter obrigatório.
Vide p. 1$ a 28 do Tomo
III deste volume

(52) Em itálico.
(53) Ainda o grifo.
(54) cPoderia gabar-se>. Quem se gabou?
(55) <Copiou-a>. O s copistas são os que adotam um original. Ê
o caso do regulamento sanitário. Estupendissimo, Duas vezes <copiou».
ARTIGO 6 n DA CONSTITUIÇÃO 17

A Constituição americana usa até de linguagem im-


perativa :
«Os Estados U n i d o s . . . protegerão cada um deles (Es-
tados da U n i ã o ) . . . à requisição da legislatura (ou do
executivo, quando a legislatura não puder ser convocada)
contra a desordem interna». (Art. ,IV, secção 4»).
Entre os escritores americanos nunca se suscitou a
menor dúvida quanto à obrigatoriedade deste preceito. A
intervenção foi sempre considerada como um dever inilu-
dível do governo federal.
Vejam-se, por exemplo:
STORY (Commentaries on the Constitution, 412):
«É um cfei>er imperioso do governo federal, mediante
requisição da legislatura ou do executivo do Estado, aju-
dá-lo a dominar tais insurreições.»
WALKER {American Law. 67) :
«Esta linguagem (do art. IV, secção 4», da Consti-
tuição americana) faz da proteção geral aqui garantida não
simplesmente um poder, mas um dever. Ela obriga o todo
a proteger as partes.»
TUCKER ( Constitution of the United States, v. 2', 813) :
«Os Estados Unidos são obrigados a auxiliar os Es-
tados que o requisitem por intermédio da sua legislatura
ou do seu executivo, a dominar a insurreição.»
A Constituição argentina dispõe no art. 6*:
«O governo federal intervém no território das pro-
víncias . . . à requisição de suas autoridades constituídas
para sustentá-las ou restabelecê-las, se houverem sido de-
postas pela sedição...»
Também na república argentina todos estão de acordo
em que o governo federal, uma vez verificada a legitimi-
dade do pedido de intervenção, não tem a liberdade de
recusá-la.
18 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Basta ver o que dizem:


ESTRADA (Derecho Constitutional, 134):
«De sorte que, quando uma revolução interna toma
certo vulto, é absolutamente impossível que os governos
provinciais lhes resistam, se não recebem auxilio ou pro-
teção do governo federal; e como não podem receber esta
proteção ou auxílio sem requisitar a intervenção, é claro
que onde quer que uma insurreição rebente, o governo está
forçado a pedir a intervenção, e pode acrescentar-se o
governo nacional está obrigado a conceder-lha.»

BARRAQUERO {Constitution Argentina, p. 188):


«Quando estalam rebeliões ou sedições nas províncias
e as autoridades constituídas requerem a intervenção, o
poder federal esrá no restrito dever de concedê-la.»
GONZALEZ {Constitution Argentina, n. 719, 727 e
728) divide os casos de intervenção em intervenção por direito
e intervenção como dever. A intervenção como dever é
precisamente a que incumbe ao executivo, em vista de requi-
sição das autoridades constituídas, no caso de perturbação
da ordem no Estado.
ARAYA (Comentário à la Constitution, v. 1, p . 149),
explicando a reforma constitucional de 1860. diz que ela tratou
de corrigir a forma defeituosa do art. 6* da Constituição
argentina e «o redigiu de modo mais alto, distinguindo
genericamente em que casos se devia exercer o direito de
intervenção, e em quais estava obrigado o governo federal
a intervir à requisição das autoridades da província».
Eis aí. Assim nos Estados Unidos como na repú-
blica argentina, que foi onde «se concebeu» a idéia con-
tida no art. (?, n. 3, da nossa Constituição, a intervenção
não é uma faculdade, mas um dever.
No México, país em que vigora igualmente o regimen
federativo, a Constituição consagra o princípio também em
termos obrigatórios:
«Art. 116. Os poderes da União têm o dever de
proteger os Estados contra toda invasão ou violência ex-
terior. Em caso de sublevação ou desordem interna, près-
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 19

tar-lhes-ão igual proteção, sempre que sejam requeridos pela


legislatura do Estado, ou pelo seu executivo, se aquela
não estiver reunida.»
Vejamos se no Brasil é diversa a doutrina.
O primeiro ato do governo republicano que consagrou
o princípio da intervenção nos Estados, foi o Decreto n. 1,
de 15 de novembro de 1889, isto é, o mesmo ato que pro-
clamou a república no Brasil. Esse decreto, que suponho
ser da lavra do Sr. Rui Barbosa, instituiu a intervenção,
no caso que nos ocupa como um dever do governo federal.
Eis aqui o seu texto:
«Art. 69 Em qualquer dos Estados ora/e a ordem
pública for perturbada e onde faltem ao governo local meios
eficazes para reprimir as desordens e assegurar a paz e
tranqüilidade pública, EFETUARÁ O Governo Provisório a
INTERVENÇÃO NECESSÁRIA para, com o apoio da força, asse-
gurar o livre exercício dos direitos dos cidadãos e a livre
ação das autoridades constituídas.»
Veio depois a Constituição, e não foi de outro modo
que a entenderam os seus comentadores, aqueles que a es-
tudaram fora do ambiente perturbador dos casos concretos
e dos interesses contrariados.
Eis como se exprime JOÃO BARBALHO:

«Não tivesse a União o poder ou antes o dever de


intervir neste caso (restabelecimento da ordem e tranqüi-
lidade nos Estados) para remover perigos e conflitos in-
teriores que põem sem segurança os governos dos Estados
e as garantias dos cidadãos e o regimen federal seria sem
vantagem e sem valor; os Estados facilmente se consti-
tuiriam preia das facções e a tirania suplantaria a lei e o
direito.
«A União é obrigada a ir em defesa do governo amea-
çado, atacado ou derrubado e a manter ou restabelecer a
autoridade legitima. Este é mesmo um dos fins da institui-
ção de um poder central em nossa forma de governo.-»

«O Estado sabe até onde chegam seus recursos, em-


prega os de que dispõe contra a desordem e sedição e, ve-
20 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

rificado que não as pode dominar, então reclama o auxílio


federal, que é neste caso um dever da União.» (Comentá-
rios, p . 25 e 2 6 ) .
O Sr, CARLOS MAXIMILIANO suscita diretamente a
questão:
«A intervenção é facultativa ou obrigatória?»
E responde com COELHO RODRIGUES:
«Verificando-se de modo inequívoco algum dos casos
do art. 6* É OBRIGATÓRIA, porque os agentes dos poderes
públicos, como tais, não têm direitos, só têm deveresf visto
que a lei só lhes confere aqueles como meios de cumprirem
estes. » ( Comentários, n . 131).
Mais adiante :
«Há a proibição geral; nos quatro casos excepcionais,
é um dever intervir.» ( N . 133).
E especialmente sobre o n . 3 do art. 6.9:
«É este (o governo do Estado) o juiz da gravidade
da situação; desde que requisita [orcas, deve ser atendido.»
( N . 153).
O Sr. RODRIGO OTÁVIO:
«Assim, quando haja requisição, ou mesmo sem ela
nos casos indicados, tem o governo [ederal o DEVER de
intervir para restabelecer a ordem comprometida.» (Direito
Público e Constitucional, 2* éd., n . 239).
MILTON :
«Sustento, entretanto, que em face do n. 3 do art. 6.°
da nossa Constituição, o governo federal efetue intervir
para restabelecer a ordem e a tranqüilidade em todo o Es-
tado, quando o governo deste o requisitar, não lhe ca-
bendo entrar em qualquer apreciação sobre a conveniência
da medida solicitada, para que seja uma verdade o recurso
que a lei faculta.» (Constituição brasileira, nota ao art. 6 Ç ).
BULHÕES CARVALHO:
« . . . Uma vez reconhecida ou não contestada a legiti-
midade do presidente do Estado, o dever do poder exe-
cutivo é defender a autoridade legítima, restabelecer a ordem
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 21

perturbada e reprimir o tumulto.» {Parecer apresentado


ao Instituto dos Advogados &m 1895) .
«Desde que o presidente de Sergipe solicitou o auxí-
lio do governo federal, nos termos do art. 6*. n. 3, da
Constituição da república, doutrinava a Comissão de Cons-
tituição da Câmara dos Deputados em 1906, era dever (e
não faculdade) do mesmo governo prestá-lo, para manter
a ordem e a tranqüilidade.»
O Sr. ANÍBAL FREIRE:
«No direito federal, a intervenção, desde os seus mais an-
tigos comentadores, é reputada um dever da União, e re-
ciprocamente um direito de Estado.» (Poder Executivo,
p. 186).
Nos anais do Congresso, em projetos, pareceres, dis-
cursos, sempre a mesma linguagem.
Vide p 167 e seguintes
do Tomo m deste volume.
Não há pois, divergência. Todos proclamam que a inter-
venção é um dever constitucional, não é um ato de arbítrio
do presidente da república.
Vide p. 177, 182 e 184 do
Tomo m deste volume.
Mas dizes, desta maneira o governo da União fica
incondicionalmente subordinado aos caprichos do governo
local, poder hierarquicamente inferior.
Há nesta objeção confusão intencional ou mero jogo
de palavras. Ninguém pretende que a União seja obrigada
a atender mecanicamente à requisição do Estado; o que se
afirma é que ela não tem liberdade para conceder ou recusar
a intervenção, desde que se realizem as condições previstas
no texto constitucional, isto é, o pedido do governador e
a grave perturbação da ordem.
Formulada a requisição, o presidente da república
tem, é verdade, o direito de examinar os fatos, para verificar
se representam uma simples desordem sem importância, que
a timidez; do governo local tenha exagerado, ou uma per-
turbação capaz de comprometer a estabilidade das autoridades
legítimas.
Ê este o seu direito, decorrente não só da natureza de
suas funções, mas ainda do disposto no art. 48, n. 15, da
Constituição, em virtude do qual compete ao poder executivo
22 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

declarar o estado de sítio neste caso do art. 69, n. 3, desde


que a perturbação da ordem constitua «uma grave comoção
intestina». Mas, apurado que se trata de «uma insurreição
de certo vulto», como diz Estrada, cessa o arbítrio do go-
verno e surge o dever de acudir ao Estado.
Foi sempre esta a minha desautorizadíssima opinião.
Dela ainda não variei. Custo muito aliás a mudar de
idéias, porque não as fotmo ao sabor dos interesses de oca-
sião.
Vide p. 177. 182 » 184 e 185
A 188 do Tomo III deste
T oi ame.

Citam-se, em contrário, algumas palavras que proferi


em 1893, na Câmara dos Deputados:
«Se o presidente da república fosse obrigado a intervir
nos negócios peculiares aos Estados sempre que os gover-
nadores requisitassem o seu auxílio, teríamos de ver o poder
executivo a cada momento arrastado de atoagem após os
caprichos dos governadores impopulares ou covardes, e o
governo da União tornar-se-ia um mero instrumento do
governo local, . .»
Mas, não há aí nenhuma divergência da opinião que
hoje sustento, pois é inexato que eu tenha afirmado alguma
vez ao intervir na Bahia, que o poder executivo, no caso
do art. 69, n. 3, da Constituição, é obrigado a acorrer cega-
mente, automaticamente, ao apelo do governo do Estado.
Pelo contrário, agora como em 1893, reivindiquei para o pre-
sidente da república, além do direito de intervir previamente
da legitimidade do governo requisitante. o de examinar se
a desordem é um .simples caso policial sem influência ou
alcance na vida da Federação ou se. invés disto, apresenta
tal gravidade que faça presumir a insuficiência da força local
para debelá-la e ponha assim em risco a segurança dos
poderes legais.
Ora, entre este direito e o de tornar a intervenção a
critério exclusivo do governo federal, dependente da justiça
ou injustiça do movimento insurrecional, do número dos seus
adeptos, dos fatos que os provocaram, da oportunidade do
momento e de todas as outras circunstâncias com que os
meus contraditores queriam para este caso dilatar as facul-
dades do presidente — há imensa distância. Até aí não ia
eu em 1893, como não vou hoje, apesar da ampliação que
>

ARTIGO 6« DA CONSTITUIÇÃO 23

tal doutrina traria aos poderes de que hoje me acho in-


vestido .
Se o presidente da república tivesse o arbítrio que
agora e só agora lhe querem dar, todos sentem que ele teria
nas mãos a chave da Federação; a autonomia dos Estados
seria uma mistificação grosseira; o regimen federativo uma
verdadeira burla. As oposições que gozassem das simpatias
do poder central não tardariam em promover, com o apoio
até, se preciso fosse, de elementos estranhos ao Estado,
desordens e levantes contra o governo local, e a União,
impassível, deixaria que as minorias audaciosas consumassem
a obra da usurpação e do crime. Mais do que isto o próprio
governo federal iria provocar nos Estados, onde não con-
tasse com o apoio dos governadores, a sublevação dos adver-
sários, animando-os, fornecendo-lhes recursos, desprestigian-
do as autoridades constituídas e recusando, afinal, para ati-
rá-las de uma vez por terra, o auxilio que lhe pedissem!
Todos nós sabemos que esta última hipótese já ocorreu no
Brasil, por entre os brados de indignação de revolta dos
que hoje me acusam.
Se é este o regimen que ambicionam os meus opositores,
força é convir que não seria ele um regimen democrático,
um regimen federativo, o regimen da Constituição de 24 de
fevereiro; seria sim, a mais revoltante autocracia, diante de
cujos caprichos se iriam quebrar impotentes todas as aspira-
ções de liberdade e de democracia.
Felizmente o arbítrio do governo federal não chega
até ai: está apenas em investigar se é legitimo o governador
que faz a requisição e se os fatos não são meras desordens
locais, da alçada da polícia do Estado. Uma vez verificados
estes pontos, a intervenção é obrigatória e inadiável; o go-
verno da União não se pode esquivar a esse dever. Mani-
festada a insurreição dizia o presidente Tyler em 1842
«eu não me julgo com a liberdade de fugir ao cumprimento
de um dever que, sendo o mais aflitivo, é ao mesmo tempo o
mais imperioso*. ( W A T S O N , On the Constitution, v. II,
p. 1.295).
Foi de inteiro acordo com estes princípios que procedi
no caso da Bahia. Não me contentei com a simples requisição
do governador, autoridade aliás cuja legitimidade ninguém
punha em dúvida. Recebida a requisição no dia 17 de feve-
24 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

reiro, só atendi no dia 2 3 . Neste intervalo, enquanto tentava


um acordo entre os dous partidos, procurei informar-me com
segurança da situação.
« O movimento, dizia-me o comandante da região,
alastra-se; bandoleiros ávidos convergem de toda a parte,
com fito em ganhos fáceis e depredações; quanto maior [or
a demora na intervenção, mais se avolumará a onda difi-
cultando o apaziguamento; o governo do Estado, com dous
mil homens de polícia, não pode atender a tão grande zona,
guardando ainda a capital, onde a oposição procura per-
turbar a ordem; não pode também armar jagunços por [alta
de recursos pecuniários, armamento e munições; a desordem
no sertão atrairá jagunços dos Estados limítrofes, já habi-
tuados a essas lutas e depredações, tornando-se então muito
difícil dominar o movimento.*
Por seu lado a oposição, justamente a mais interessada
em evitar a intervenção que iria contra ela, amparar o
governo do Estado, apregoava que a insurreição tinha tal
extensão e gravidade que já dominava mais de dous terços
do Estado e ameaçava de perto a segurança da capital;
e anunciava que os seus intuitos eram impedir pela [orça o
reconhecimento do candidato governista e pela [orça em-
possar o seu candidato, isto é, entrava nos planos d o movi-
mento a deposição de um dos poderes políticos do Estado,
o legislativo, ao qual. pela Constituição, compete verificar a
eleição de governador.
Finalmente, o governo da Bahia denunciava a sua im-
potência diante dos acontecimentos, já cedendo à pressão
dos bandos revolucionários, cujo avanço não lograva deter,
j á pedindo o auxílio das forças federais.
N ã o se tratava, pois, de simples desordem de caráter
policial. Tratava-se, sim, de vasta insurreição, que de dia
a dia se agravava, que, vitoriosa, subverteria a ordem cons-
titucional do Estado, e contra a qual nada podiam os ele-
mentos de resistência deste. Caracterizava-se assim o caso
de intervenção previsto no art. 6*. n . 3. da Constituição.
A discrição do governo federal, restrita ao exame prelimi-
n a r da natureza e importância dos fatos em que se apoia
a requisição, cedia o lugar ao dever de intervir, resultante
d a concomitância das condições que sempre julguei necessá-
rias, segundo expus aos meus companheiros de governo.
ARTIGO 6« DA CONSTITUIÇÃO 25

lembrei ao presidente do Superior Tribunal da Bahia no


telegrama que lhe dirigi, e logo exarei no decreto de inter-
venção:
«Considerando que a requisição é feita por um governo,
cuja legitimidade não se contesta: .
«Considerando que a perturbação da ordem e tranqüili-
dade da Bahia é um [ato de notoriedade pública e cuja
extensão e gravidade os próprios adversários do governo
local não cessam de proclamar;
«Considerando, portanto, que ao governo da União in-
cumbe atender à requisição do governo do Estado:
«Resolve... etc.»
Mas era, dizia-se, a maioria do povo baiano que repelia
a situação dominante.
Que o fosse: num simples Estado federado não é lícito
esse meio de reivindicar direitos.
O Sr. REGO MONTEIRO, apreciando uma vez este ponto
no Congresso jurídico de 1900, assim se exprimiu:
«Aqui pode surgir a questão de saber se o governo
federal tem o direito de negar a intervenção solicitada, sob
o fundamento de dever ser respeitada a vontade popular com
a qual se incompatibilizou o governo do Estado. Uma
solução afirmativa eqüivaleria a sancionar o chamado direito
de reivolução, transformando-o de cataclisma que deve apa-
vorar como o mais terrível dos terremotos, em um meio
normal e comum de substituir os governos legalmente cons-
tituídos.-» (Primeiro Congresso Jurídico, p . 161-162).
«Se é certo, diz JOÃO BARBALHO, que o poder que têm
as autoridades estaduais procede como na sua Constitui-
ção, da vontade do povo, daí não se segue que elas possam
ser depostas, nem a Constituição alterada ou reformada, por
meios violentos empregados ainda mesmo pelo povo do
Estado.» (Obra citada, p . 2 6 ) .
E esta velhíssima objeção das maiorias já caiu de moda
desde o tempo de Madison, que a fulminou em termos irres-
pondíveis. (The Federalist, n. XLIII).
E como demonstrar o fato? O estar quase triunfanie
a sublevação nada prova. Uma pequena minoria audaz pode
26 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

dominar uma grande maioria. A História encerra inúmeros


exemplos disto. É mesmo da decisão e coragem das mino-
rias que têm nascido as grandes transformações políticas do
mundo. Demais, no momento da intervenção na Bahia, todas
as presunções neste particular eram em favor das autoridades
constituídas porquanto contra a legitimidade do governador
de então nenhuma dúvida jamais se levantara, e, quanto ao
candidato cuja eleição provocou a desordem o Congresso
do Estado, eleito com a solidariedade dos oposicionistas
atuais, logo depois, pela unanimidade dos votos presentes e
a quase totalidade dos seus membros, o proclamava o esco-
lhido do povo baiano.
Outra crítica que se fez ao ato da intervenção foi não
ter o governo federal nomeado um interventor que, dando
por inexistente a eleição feita na Bahia, presidisse a um
novo pleito.
O maior dos nossos constitucionalistas, o Sr. Rui Bar-
bosa, entendia em 1906 que «à nomeação de interventor se
opõe o regimen constitucional analisado como deve ser».
Mais tarde, em 1913, S. Ex» modificou essa opinião, admi-
tindo que o Congresso Nacional, mas não o presidente da
república pode nomear interventor: «O interventor não pode
ser nomeado senão pelo poder legislativo e nunca pelo poder
executivo». Outros sete anos depois em 1920. o nobre se-
nador corrigiu ainda uma vez o seu modo de ver, para cair
no extremo oposto e ensinar que também o poder executivo
pode nomear interventor em qualquer dos casos do a r t 6*.
mesmo no caso do n. 3 . O eminente jurisconsulte» funda
na jurisprudência a sua terceira opinião, apesar de entender
que «aos precedentes da administração, num país como este,
de administração irresponsável, não se pode atribuir grande
peso», e apesar de não existir em relação ao caso do n. 3
essa invocada jurisprudência, pelo [menos] até hoje, em nossa
história política, nem uma nomeação de interventor para esse
caso ainda se fez.
Vide p. 33 e 184 a 185 do
Tomo III deste volume.
Sempre entendi que a figura jurídica do interventor se
acomoda perfeitamente dentro dos termos da Constituição.
Desde que a Constituição confere ao governo federal o
direito de intervir, não pode recusar os poderes necessários
ao exercício desse direito.
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 27

Nem é possível conceber intervenção sem interventor,


seja este o próprio presidente da república ou um seu re-
presentante. Mas este representante pode ser ou um mero
agente incumbido apenas de executar as ordens do governo
federal, sem nenhuma ingerência na administração do Es-
tado, como foi o general Cardoso de Aguiar, ou um emissá-
rio político, com atribuições amplas, autonomia e iniciativa
dentro de certas linhas gerais, que à semelhança do que se
pratica na república argentina, ou na Suíça com o comis-
sário federal, se vá investir no governo do Estado. É este
o interventor propriamente dito, que o governo da União
devia ter nomeado para a Bahia e que, assumindo atribuições
do Congresso e do governador, teria de anular o pleito e
ordenar a nova eleição.
Ora, a intervenção, quando pedida pelo governador do
Estado e decretada com fundamento exclusivo no art. 6o,
n . 3, da Constituição, como se fez na Bahia, não comporta
absolutamente essa espécie de interventor. A intervenção
nesse caso é feita em favor do governo constituído, é um
auxílio que a União lhe presta para garantir-lhe a autoridade
e, conseguintemente, não pode ter como primeiro efeito des-
pojá-lo dessa autoridade, destituí-lo de suas funções, depô-lo
do seu cargo.
«Os Estados Unidos, diz a Constituição americana, pro-
tegerão cada um deles, à requisição da legislatura (ou do
executivo, quando a legislatura não puder ser convocada)
contra a desordem interna».
«O governo federal, dispõe por sua vez a Consti-
tuição argentina, intervém no território das províncias, à re-
quisição de suas autoridades constituídas, PARA SUSTEN-
TÁ-LAS, ou restabelecê-las. se houverem sido depostas...»
Eis aí o fim da intervenção no caso que nos ocupa:
é manter, amparar, fortalecer a autoridade do governo local.
Seria, portanto, uma violência inqualificável e um ato de
revoltante deslealdade política prevalecer-se o governo fe-
deral da requisição do governo do Estado para substitui-lo
por uma entidade estranha.
Perguntam: Onde na contextura do art. 6" essa dis-
tinção que exclui o interventor só na hipótese de intervenção
requisitada?
28 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

A distinção está na natureza das cousas. na significação


dos vocábulos, no espírito da Constituição, prescrutado. como
acabamos de fazê-lo, através das suas fontes: {«.proteger*
um governo não é arrebatar-lhe a autoridade; €sustentá-lo*
não é depô-lo).
Todos os escritores americanos e argentinos estão de
acordo com este parecer.
Entre os brasileiros também não há discrepância.
Comentando o art. 6Ç, n. 3. doutrina JOÃO BARBALHO:

«A União — obrigada a ir em defesa do governo amea-


çado, atacado ou derribado, e a manter ou restabelecer a
autoridade legítima.> (Comentários, p . 2 5 ) .
O Sr. CARLOS MAXIMILIANO:

«Concedida a intervenção, não pode ter outro objetivo


senão repor ou amparar o poder leal. executivo, legislativo
ou judiciário. É o que se refere do ensinamento do Federa-
lista, transcrito nestes Comentários; é a doutrina escorreita,
exposta pelo presidente Pelegrini, em mensagem de 14 de
julho de 1891, ao Congresso argentino, a propósito da re-
quisição do governador de Catamarca, D. Gustavo Ferri.»
(Comentários, n. 156).
BULHÕES CARVALHO:

« . . . Uma vez reconhecida ou não contestada a legi-


timidade do presidente do Estado, o dever do poder exe-
cutivo é defender a autoridade legítima, restabelecer a ordem
perturbada e reprimir o tumulto». (Parecer citado).
O Sr. ministro SEBASTIÃO LACERDA, no voto vencido
que proferiu no acórdão n. 3.513, de 1 de abril de 1915,
exarou estas palavras que parecem escritas para o caso atual:
« . . . A ordem pública estava gravemente perturbada por
um movimento sedicioso, e o governo do Estado, sentindo-
se sem os elementos de força necessários para restabelecê-la,
requisitou a intervenção federal. Neste caso, a intervenção
só e legitima e acorde com a Constituição, se o governo
federal intervém para assegurar a autoridade dos poderes
do Estado legitimamente constituídos contra a rebelião que
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 29

ameaça aniquilá­la, ainda que nessa rebelião tome parte a


maioria do povo*.
O governo federal andou, por conseqüência, com in­
teira lealdade e exata correção constitucional, ao eximir­se
de enviar um interventor à Bahia.■ Seria inovação incoerente
e absurda.
Todos que, entre nós, têm estudado este ponto, só cogi­
tam de interventor no caso do art. 6o, n . 2. quando não
existe governo legítimo no Estado. Vejam­se, por exemplo,
os projetos: Justiniano de Serpa (1892), Anfilófio (1894),
Martins Júnior (1894), Erico C oelho (1895), Eduardo
Ramos ( 1895). Gaspar Drummond e Gonçalves Maia ( 1895),
C. Braga (1896), o citado parecer de Bulhões C arvalho, etc.
E que iria fazer o interventor na Bahia?
A principio o que se queria é que [osse impedir a posse
do candidato governista e empossar o adversário. Mais
tarde as pretensões moderaram um pouco; o interventor de­
veria anular a eleição e mandar proceder a uma outrai De
maneira que o que os apóstolos do constitucionalismo pleitea­
vam é que o governo da União, pelo só fato de afirmar um
grupo político, sem a minima prova, que vencera a eleição
de governador do Estado, interviesse violentamente nesse
Estado, depusesse o governador em exercício, contra cuja
legitimidade nunca se articulara a mais leve argüiçáo, depu­
sesse o poder legislativo, único competente pela Constituição
para julgar da regularidade do pleito, e, assumindo funções
de ambos, anulasse a eleição e convocasse novamente os co­
mícios eleitorais!
Vide p. 101 e i l l do Tomo
III deste volume.
É o caso de perguntar com o senador Rui Barbosa,
quando em 1906 combatia no Senado a figura jurídica do
interventor:
«Com que direito iria o C ongresso (e com maioria de
razão, dizemos nós, o poder executivo) autorizar a depo~
sição — que outra coisa não é — do governador constitucio­
nal para o substituir pelo seu interventor?!*
Pois se é isto que se entende ser o regimen constitucio­
nal do Brasil, prefiro manter­me no «erro» que me atribuem.
30 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Creio ter demonstrado que o governo federal, dada a


profunda perturbação da ordem que explodira na Bahia, nada
mais fez do que cumprir o seu dever constitucional, quando
atendeu à requisição do governador do Estado e interveio,
por intermédio do comandante da Região Militar, para o res-
tabelecimento da tranqüilidade pública.
Pretende-se, porém, que a intervenção devia ser feita
com fundamento não no n. 3, mas no n. 2 do art- 69 dã
Constituição.
Vide p. 35 a M e 111 a
113 do Tomo HI deste vo-
lume.

Por quê? Quais os fatos que atestavam a subversão da


forma republicana na Bahia? Não teriam acaso sido eleitos
os poderes legislativo e executivo do Estado? Opunha-se o
governador ao livre exercício dos outros poderes constitu-
cionais? Estava absorvendo-lhes as atribuições, ou recusando
execução aos seus atos ou decisões? Procurava a Bahia se-
parar-se da União? Disputavam-se entre si o poder dois
governadores ou duas assembléias? Estava o governo do
Estado tolhendo aos cidadãos o livre exercício dos seus
direitos?
Antes da eleição de 29 de dezembro, nunca da Bahia se
pedira a intervenção do governo federal, sob essas ou
qualquer outras alegações. O governo do Sr. Antônio
Moniz estava prestes a findar e a oposição, durante esses
quatro anos, uma só vez não se apercebera de que a
forma republicana federativa desertara do Estado. Assumi
o governo. Os adversários da situação local, nas repe-
tidas conferências que comigo tiveram, jamais me falaram
de intervenção nem me apontaram fatos que a autorizassem
com fundamento no n. 2 do art. 6Ç: limitavam-se a dizer-
me, em termos vagos e com evidente exagero — do qual
era prova a incontinência de linguagem de sua imprensa,
levada aos maiores excessos — que no Estado não havia
garantias para os oposicionistas, cujos direitos eram desco-
nhecidos, cujas liberdades eram vilipendiadas.
Foi só depois da eleição de governador que se começou
a falar em intervenção. Foi, portanto, o pleito que ocasio-
nou a subversão da ordem republicana federativa no Estado.
E como a ocasionou?
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 31

Impedindo o governo o exercício do direito de voto,


opondo-se pela fraude e pela violência a que o povo esco-
lhesse livremente o seu governador e introduzindo assim na
organização política do Estado, contra a natureza do regi-
men republicano, um poder executivo sem origem na von-
tade popular. Sirva de exemplo a eleição da capital, onde
a oposição dispõe de elementos muito superiores aos do
governo e este se demandou em violências inqualificáveis.
Era esta a linguagem da oposição.
Mas onde a prova desses fatos? Sim, porque o go-
verno da União não pode intervir num Estado, sob o funda-
mento de se achar aí subvertida a forma republicana federa-
tiva, sem se apoiar em fatos concretos e comprovados.
«Essas intervenções, diz Rui Barbosa, para se autorizarem,
têm de exibir os títulos constitucionais em que se apoiem».
Não basta que a oposição se proclame vítima, vaga e
indeterminadamente, de fraudes e violências; do contrário,
a intervenção ficaria à mercê dos seus caprichos. É indis-
pensável que aponte os fatos, que os particularize e os prove
perante o poder interventor, o qual neste caso, como diz
ainda aquele ilustre senador, «é o juiz das circunstâncias
pelas quais se determina a oportunidade e a competência na
interposição da sua autoridade».
Ora, esses fatos nunca mos individualizaram; essas
provas nunca mas forneceram. Quando eu as pedia invo-
cavam os oposicionistas a sua palavra honrada, como se o
governo pudesse fundar nessa palavra, embora muito res-
peitável, mas por outros contestada, o decreto de inter-
venção .
O comandante da região, pessoa inteiramente estranha
à política do Estado e cuja integridade é de todos conhecida,
dizia o seguinte, em telegrama dirigido ao ministro da
guerra sobre a eleição da capital:
«Bahia, 30 de dezembro de 1919. Comunico-vos que
a eleição de governador nesta cidade correu sem perturbação
da ordem geral e em plena liberdade, havendo contudo à
tarde e à noite alguns tiros nas ruas, dados a esmo e para
o ar, por indivíduos desclassificados de ambos os partidos».
32 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Os professores das Faculdades Superiores do Estado,


cidadãos da mais alta respeitabilidade, telegrafavam-me logo
após a eleição:
«Bahia. 29 de dezembro de 1919. Pedimos permissão
para levar ao conhecimento de V. Ex», como baianos e sob
nossa responsabilidade pessoal, que a eleição hoje realizada
nesta capital, para governador do Estado, dando grande
maioria ao Dr. Sc abra. correu em ordem em plena calma,
mantida a liberdade nas urnas e o respeito ao direito de
cada eleitor. Foram atendidos os reclamantes não incluídos
nas listas de chamada. Nesse sentido foram as ordens do
Ex"*1 Sr. governador, que tem evitado qualquer pertur-
bação da ordem. Houve um incidente no colégio eleitoral
do distrito de Nazaré, que cessou após o comparecimento
do chefe de policia. Respeitosas saudações. Antônio Car-
neiro da Rocha, diretor da Faculdade de Direito; Salvador
Matos Sousa, lente da Faculdade de Direito; Dr. Freire de
Carvalho Filho, professor da Faculdade de Medicina; Dr.
A. Batista dos Anjos, professor da Faculdade de Medicina;
Dr. Alexandre Cerqueira, professor da Faculdade de Medi-
cina; Dr. Menandro Meireles Filho, professor da Faculdade
de Medicina».

Representantes da imprensa desta capital, para ali


enviados com o fim especial de testemunharem as peripécias
do pleito, transmitiam-me a seu turno as seguintes infor-
mações :

«Bahia, 31 de dezembro de 1919. Cumpro o patriótico


dever de levar ao conhecimento de V. Ex* com toda a impar-
cialidade e como representante da imprensa carioca, que o
pleito para governador do Estado correu na melhor ordem,
havendo inteira liberdade de voto. O governador do Estado
garantia a ordem. Só depois da apuração, houve exaltação
de alguns partidários no largo do Teatro, sem graves conse-
qüências.
«Respeitosas saudações. — Rosendo de Almeida.-»

«Bahia, 31 de dezembro de 1919. Os jornais abaixo,


da imprensa carioca, com representantes especiais na Bahia,
afirmam a V. Ex*, com o seu testemunho, que a eleição para
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 33

governador do Estado correu animada e na melhor ordem.


Entretanto, depois de apurada a eleição, ao entardecer,
deram-se incidentes entre grupos diversos, resultando num
deles a morte de um guarda civil em um dos distritos subur-
banos. Continuam os jornais da oposição a circular livre-
mente e com a mesma incontinência de linguagem. A cidade
mantém-se na melhor ordem e o governo prestigiado pelas
autoridades constituídas e pela opinião pública. — Rio Jornal,
Gazeta de Noticias. A Razão, O País, A Rua. A Tribuna.
O Jornal. A Noticia. A Atualidade, O A.B.C., A Mundial.»
Pelas notícias aqui publicadas e até hoje não contes-
tadas, funcionaram na capital todas as secções urbanas c
suburbanas. Perturbação de ordem só houve no distrito de
Nazaré; deduzida a votação deste distrito, a maioria seria
ainda do candidato governista. Mesmo não computando
senão as eleições cujos boletins foram assinados pela oposi-
ção, ainda assim o candidato da situação apresenta uma supe-
rioridade de 20% em relação ao seu competidor: 3.397
por 2.614 votos.
Eis aí o valor real das argüições formuladas contra a
eleição da capital.
Quanto às eleições do interior, informaram-me os opo-
sicionistas que seu candidato possuía declarações de inúmeros
eleitores, acompanhadas dos respectivos títulos, provando a
falsidade daquelas eleições.
Nunca me fizeram ver essas declarações nem esses
títulos.
Ao presidente da república, portanto, não foi presente
nenhuma prova de que o governo do Estado tolhera ao
povo o direito de voto e declarava eleito quem fora de fato
repelido pela vontade popular. Ao governo federal trazia-se
apenas a afirmação pura e simples de que o eleito fora o
candidato oposicionista.
Imagine-se o que seria a autonomia dos Estados e com
ela todo o aparelho federativo, se o governo da União
tivesse o arbítrio de considerar violada a forma republicana
em um Estado e nele intervir sob a égide do art. 6o, n. 2, da
Constituição, sempre que o candidato da oposição alegasse
que fora ele e não o seu competidor o vitorioso nas urnas?
O Estado, diziam-me ainda, por efeito do movimento
armado que ali rebentou, tornou-se presa da anarquia, e a
34 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

anarquia é a negação de todas as formas de governo; não


há, pois, mais forma republicana federativa na Bahia. João
Barbalho ensina que «se a ordem constitucional está de
tal modo comprometida que o Estado se vê absolutamente
sem governo, campeando a anarquia, sem ter sido reclamada
a intervenção federal, a União não há de assistir queda e
impassível à aniquilação desse Estado; e o caso, desde que
não há ali governo, nem autoridade legítima, nem ordem
nem lei. é o do art. 6', n. 2.»
Mas um simples fato mostrava que não era esta, como
se pretendia, a situação do Estado; uma simples observação
tornava evidente que a Bahia não estava «absolutamente
sem governo, sem autoridade, sem ordem e sem lei», e é
que os três poderes constitucionais, legalmente organizados,
continuavam a funcionar.
Contra esta observação encheram-se colunas e colunas
dos jornais, para demonstrar esta coisa tão sabida: que o
que caracteriza a forma republicana não é só a existência dos
três poderes constitucionais, pois estes são comuns a outras
formas de governo.
Vide p. 35 a 56 da Tomo
m deste volume.
Mas ninguém afirmou o contrário. De minha parte,
o que eu disse no telegrama dirigido ao presidente do Supe-
rior Tribunal da Bahia foi que em um Estado (de uma repú-
blica federativa) onde existem os três poderes constitucionais
LEGALMENTE organizados e em função, é um contra-senso
dizer que não existe a forma republicana federativa.
Alegava-se que a forma republicana federativa desapa-
recera da Bahia; por isso mesmo é que se pedia a intervenção
do governo federal para restabelecê-la. Mas a Bahia é
um Estado do Brasil; o Brasil é uma república federativa.
Ora, se os poderes constitucionais da Bahia estão legalmente
organizados e em função, é evidente que estão organizados
e funcionam de acordo com a Constituição do Estado federado.
que, por sua vez, terá sido votada de harmonia com a Cons-
tituição da república (art. 63). Isto significa que aqueles
poderes estão organizados e funcionam nos moldes repu-
blicanos federativos, e dizer que não há forma republicana
federativa em um Estado constituído em moldes republicanos
federativos, é afirmar simplesmente um despautério.
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 25

O que caracteriza a forma republicana federativa, diz-se,


é o fato de procederem do voto popular os poderes legis-
lativo e executivo. Mas se na Bahia, que ninguém contesta
ser um Estado republicano, regido por uma Constituição
republicana, e pertencente a uma nação republicana, eu digo
que os poderes legislativo [e] executivo estão legalmente
organizados, ipso facto tenho dito que estes poderes estão
constituídos de conformidade com a lei republicana e, por-
tanto, emanaram da eleição popular.
Eis aqui, tal qual foi escrito e expedido, o texto do
telegrama que enviei ao presidente do Superior Tribunal
da Bahia:
«Como V. Ex» sabe, os casos de intervenção do governo
federal em negócios peculiares aos Estados estão enume-
rados no art. 6* da Constituição. Excluída a hipótese da
invasão, que evidentemente não ocorre, só nas três outras
hipóteses poderia o governo federal, em vista dos aconteci-
mentos que aí se desenrolam, intervir nesse Estado. Mas,
quanto ao caso do n. 2 (manutenção da forma republicana
federativa) à parte as questões doutrinárias que se têm susci-
tado, quer em relação ao órgão do governo, a quem compete
autorizar a intervenção, quer no tocante aos requisitos que
caracterizam a forma republicana federativa, é fora de dúvida
que se não pode considerar subvertida essa forma em um
Estado onde existem LEGALMENTE organizados e em função
os três poderes constitucionais — o legislativo, o executivo
e o judiciário.>

Como se vê, o telegrama refere-se ao governo federal


do Brasil, aos Estados do Brasil, à Constituição do Brasil,
à intervenção na Bahia, que é um Estado do Brasil. Ora,
todo o mundo sabe que o Brasil é república federativa.
Logo. todo mundo conclui que, se um Estado federado da
república federativa do Brasil tem os seus poderes consti-
tuídos legalmente, é que estes poderes estão organizados de
harmonia com a lei da forma republicana federativa, e,
portanto, razão tinha o telegrama em dizer que nesse Estado
tal forma não se podia considerar subvertida.
Os argumentos com que se pretendia que o governo
federal interviesse no Estado da Bahia, de acordo com o
n. 2 do art. 6' da Constituição, não eram de molde, acabamos
36 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

de vê-lo, que autorizasse essa medida. Eu não podia


apoiar-me em fundamentos dessa ordem. O meu ato dei-
xaria então de ser uma defesa da forma republicana federativa
para constituir justamente uma violação dessa forma de
governo.
«O que iria direta e violentamente de encontro à ga-
rantia da forma republicana federativa que a nossa Consti-
tuição pretende assegurar, ensina Rui Barbosa, é a hiper-
trofia dos poderes da União pelo oportunismo das concessões
sucessivas à sua tendência absorvente, mediante as quais
se imagina converter o governo federal em interventor
continuo na vida constitucional dos Estados, a pretexto de
sanear os males que nos governos estaduais se produzem.
Não se concilia nem com o caráter nem com a Constituição
do regimen esse papel, atribuído ao Congresso Nacional e
ao presidente da república, de reparadores gerais dos erros
e desvios correntes na administração dos Estados.
«Na administração nacional não são menos graves esses
desmandos e enormidades. Sobrecarregá-la com a missão
de tutelar a gerência dos interesses dos Estados, seria apenas
transferir dos governos destes para a autoridade, já imensa,
daquela, a facilidade nos abusos. Se. porém, o que se quer é
que mudemos de sistema político, façamo-lo então leal c
abertamente, reformando a Constituição atual, paia substituir
a Federação, com o seu princípio essencial da autonomia dos
Estados, pela centralização administrativa. Mas enquanto
não chegarmos, por esse modo regular, transformados os
moldes republicanos, à forma unitária centralizada, e manti-
vermos Estados autônomos na adoção e execução das suas
leis constitucionais, não podemos converter o governo da
União em instância revisora dos atos dos poderes estaduais
no exercício de suas naturais atribuições.
*Não é forjicando teorias aeomodatícias para cada em-
baraço constitucional que havemos de consolidar a situação
do nosso dificílimo regimen. Não é desnaturando-o. sem
o reformar, que o havemos de escoimar dos seus defeitos.»
Pretendeu-se também que o governo da União inter-
viesse na Bahia para assegurar a execução da lei federal
que ali estava sendo violada.
Essa lei era a Constituição, na parte em que define os
direitos e liberdades dos cidadãos. Mas quais os fatos?
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 37

Ninguém mos disse. As alegações não eram por forma


alguma comprovadas.
Vide p. 57 e seguintes do
Tomo III deste volume.
Foi-me atribuída a afirmação de que «o art. 6o, n. 4,
sô autoriza a intervenção para assegurar a execução das
sentenças», e não também das leis federais. Não é exato.
O que eu disse é que, se a lei violada na Bahia era a que
define e protege os direitos individuais, como se afirmava,
a intervenção devia ser pedida ao poder judiciário e não
ao executivo.
Eis aqui a confirmação no telegrama que passei ao
presidente do Superior Tribunal:
«Pelo que diz respeito ao caso n. 4 (execução de leis
e sentenças federais) se as leis aí desrespeitadas são, como
se alega, as que garantem os direitos e liberdades do cidadão,
a intervenção compete ao poder judiciário, que é aquele a
quem a Constituição confiou a proteção desses direitos e liber-
dades, e, portanto a execução coerciva de tais leis cumprindo
apenas ao poder executivo assegurar pela força, se for
necessário, o cumprimento das sentenças respectivas.»
Não há dúvida que o executivo pode intervir no Estado
para assegurar a execução de leis federais. Se por exemplo,
o Estado se opõe à aplicação no seu território de uma lei
de impostos votada pelo Congresso Nacional, o presidente
da república deve intervir para fazê-la cumprir. Do mesmo
modo, se o Estado vota uma Constituição contrária à da
União.
Mas, tratando-se de um direito individual ofendido, não
é o executivo e sim o judiciário que deve ir em seu socorro.
Se a autoridade local prende um eleitor adversário para
evitar que ele vote, não há de ser o presidente da república
que lhe abra as portas da cadeia para pô-lo em liberdade.
Certamente só o poderá fazer em cumprimento de uma sen-
tença judicial. Tenta-se contra a vida do adversário, ataca-
se-lhe a propriedade, tolhe-se o comércio, amordaça-se a
imprensa. . . A lei indica o caminho a seguir: o apelo aos
tribunais, em alguns casos aos tribunais federais, direta-
mente ou por via de recurso, para restabelecimento do direito
e punição dos criminosos!
38 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Forçar o presidente da república a intervir nestes casos


será muitas vezes converter o princípio constitucional da
autonomia dos Estados em uma coisa inconsistente e ridícula.
Um inspetor de quarteirão prende sem culpa formada um
oposicionista, violando assim um preceito expresso da Carta
Constitucional. Qual o remédio para esse atentado? O
remédio é simples. O governo federal, obrigado a fazer
observar a Constituição, «a lei das leis, a lei magna, a lei
máxima, a lei fundamenta] da Nação», intervirá no Estado,
por meio de um interventor que, «juntando nas suas mãos
aos poderes da administração central os da administração
estadual necessários ao desempenho da sua missão extraor-
dinária e à gravidade extraordinária das suas responsabili-
dades» deponha o governador que não soube ou não quis
punir o inspetor criminoso!...
Felizmente a nação brasileira sabe que não é isto o que
dispõe a sua Carta Política.
Decretada a intervenção, o governo fez seguir imedia-
tamente para o Estado da Bahia as forças necessárias ao
restabelecimento da ordem. De como se efetuou essa mobi-
lização, guarda o país grata lembrança: não obstante todos
os meios, qual mais impatriótico. com que o desvairamento
partidário procurou arrastar o exército à desobediência e à
indisciplina, os batalhões designados apresentaram-se em
curtíssimo espaço de tempo, e daqui, do Rio Grande do Sul,
de Minas, de Alagoas, embarcaram em horas, entoando hinos
e dando aos seus maus conselheiros um belo exemplo de
honra e de civismo.
Vide p. 137 e sem lotes do
Tomo m deste volume.
O governo federal, «dado o seu natural constrangi-
mento em empregar forças brasileiras contra cidadãos
brasileiros», pedira aos dirigentes da oposição baiana que
aconselhassem os seus amigos a deporem as armas, e pres-
tassem, assim, «mais um servição à república, concorrendo
para evitar uma luta fratridda, em que ela seria a primeira
e a mais profundamente atingida.»
Este apelo não [oi atendido. Apesar disto, as reco-
mendações do governo ao comandante da região foram,
como vimos, as mais insistentes no sentido de não recorrer
à força senão depois de esgotados todos os meios suasórios,
de regular-se sempre pela mais rigorosa imparcialidade e
ARTIGO 6 f DA CONSTITUIÇÃO 39

justiça, e não esquecer que eram compatriotas, os que ia


ter diante de si. A estes propósitos de conciliação e de
paz corresponderam a principio os oposicionistas da Bahia
incitando os seus amigos, em manifestos, telegramas e artigos
de jornais, a resistir às forças da União, enquanto parte de
sua imprensa, alucinada e delirante, investia contra o chefe
da nação em insultos ignóbeis, sem lhe respeitar sequer os
mais íntimos recessos de sua vida privada.
Felizmente, também a esses lamentáveis incitamentos
não deu ouvidos o patriotismo dos sertanejos baianos, que
logo anuíram às propostas de paz do comandante da região.
Negociaram-se acordos. Dei ordem para que nenhum se
concluísse sem a livre aquiescência do governo do Estado,
a cuja autoridade mais de perto interessavam. Os ânimos
em seguida serenaram. Os sombrios prognósticos de carni-
ficinas horríveis e Canudos multiplicados não se realizaram;
e, graças aos esforços e habilidade do general, e às dispo-
sições conciliatórias daqueles sertanejos, que, parece, não
se haviam revoltado por causa da eleição, como se dizia,
tanto que se declararam todos prontos a acatar a autoridade
do novo governador, o restabelecimento da ordem operou-se
no Estado sem que as forças federais houvessem tido necessi-
dade de recorrer uma só vez ao emprego das armas.
Vide p. 266 a 267 do Tomo
III deste volume.
Um mês depois da intervenção, a 24 de março, o
general Cardoso de Aguiar comunicava ao governo a inteira
pacificação da Bahia.
Vide p. 269 a 315 do Tomo
ill deste volume.

NOTAS À MENSAGEM Do PRESIDENTE EPITÁCIO PESSOA

- P. 9 - ( * )
« O critério gramatical aí é inseguro e falho.»
P. 9 princípio. Por quê?
«Porque esta construção se emprega nos dois
sentidos.» P. 9.
(*) N.R. — Corresponde à nota (44). p. 13 deste tomo.
40 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Então qual o critério?


«O do espírito do texto.» O do «seu obje-
tivo.» « O do pensamento do seu autor.» P. 9
M a s isso é justamente o que se procura.
E é exatamente o que a interpretação gramatical
nos há de revelar.
— Argumentos do Epitácio. Ibi, em seguida.
— V A hipótese de «um estado invadido por
um exército estrangeiro.»
M a s a Constituição não especifica as invasões
por exércitos estrangeiros.
Fala em «invasão estrangeira ou de um Estado
em outro.»
Mesmo a invasão estrangeira pode não ser
devida a um exército. Pode ser popular. Revolu-
ções. Sedições. Além das invasões estrangeiras,
há as nacionais.
Estas podem ser de grande gravidade. Podem
não ter gravidade alguma.
Para as reprimir, podem bastar as forças do
próprio Estado invadido.
Em tal caso não se há mister de intervenção
federal.
Porque não é necessária.
E o governo federal é o juiz dessa necessidade.
Logo, não é obrigado a intervir pelo [ato da
invasão.
Intervém segundo o seu juízo apreciativo da
importância da invasão.
A intervenção, pois, não lhe é obrigatória, mas
facultativa, segundo o aspecto da gravidade que a
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 41

invasão tiver aos seus olhos, e o da indispensabili-


dade ou dispensabilidade com que se lhe apresente
à consciência a providência da intervenção.
Pela teoria presidencial à notícia da invasão, a
intervenção é imediata, obrigatória, fatal.
Pela nossa o governo federal julga da sua
conveniência, da sua precisão, da sua inevitabili-
dade, e, se o caso não reveste esse caráter, não inter-
vém, embora exista a invasão.
Não é, pois, um instrumento constitucional, de
que a invasão lhe imponha o uso, mas uma arma de
cujo emprego, dada a invasão, a Constituição brasi-
leira lhe deixa o poder de usar ou não usar, conso-
ante a sua apreciação discricionária do caso.
- ? A hipótese de um Estado, «onde se
tenha abolido a forma republicana, e proclamado o
regimen monárquico».
Outra vez o mesmo sistema de argumentar, alte-
rando o texto constitucional, e confundindo como
equivalentes, situações que não o são.
Proclamado o «regimen monárquico», está, de
feito, «abolida a forma republicana federativa».
Mas a forma republicana federativa por estar
abolida, sem que tenha havido proclamação da mo-
narquia.
E quem é o juiz de quando, sem estar procla-
mada esta forma de governo, deixou de existir aquela?
O governo federal em primeira e derradeira
instância.
Ora com poder, cujo detentor seja o árbitro
exclusivo do seu uso, é um poder entregue à sua dis-
crição, e, portanto, não um poder de que ele esteja
42 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

adstrito a servir-se, mas que lhe cabe, para a ele


recorrer, ou não, conforme lhe parecer que deve, ou
não deve.

- P . 8 - C )
O art. 4' da Constituição, poderia redigir-se com
a mesma construção do art. 69, assim:
«Os Estados não podem incorporar-se entre si,
subdividir-se, ou desmembrar-se, para se anexar a
outros, ou formar novos Estados, salvo mediante
aquiescência das respectivas assembléias etc.»
Esta nova redação diz o mesmo que a consagrada
no art. 69.
Ora, dada a redação agora figurada aqui, qual
o verbo, que regiria o segundo membro do art. 49?
O verbo poder, aí oculto e expresso no anterior.
Seria, pois, como se disséssemos:
«Os Estados não podem incorporar-se, etc.»
mas
«poc/em incorporar-se etc.»
Destarte ambas as orações estariam subordinadas
ao verbo poder, e em ambas esse verbo conservaria
a sua significação de facultativo, e não determinativo.
Ora é o que se daria, se, na redação dada pela
Constituinte ao art. 6', procedêssemos à sua decom-
posição nos dois membros, que a compõe.
Mostra.

(*) N.R. — Corresponde à nota (42). p. 13 deste tomo.


I

ARTIGO 6« DA CONSTITUIÇÃO Í3

- P. ío ~ V)
1. — Mas qual é «essa liberdade de ação, que
se lhe atribui»?
2. «— Ainda assim, «está adstrito a um dever».
Mas como do verbo poder resultaria um dever?
Ou, porventura, o período gramatical do art. 69,
regido no seu primeiro membro pelo verbo poder,
negativamente empregado, se regerá no membro sub-
seqüente por um verbo distinto?
Ou, se é o mesmo verbo, o verbo poder, o que
rege as duas orações, como poderá ser que, ali sendo
o verbo um só, com a negação na primeira e sem a
negação na segunda, exprima na primeira uma facuU
dade, que se recusa, e, na segunda, um dever, que
se impõe?
3 . —- «A discrição do poder federal consiste
apenas e m . . . »
Mas, se do exercício dessa discrição, suas apre-
ciações, resoluções e determinações não há recurso
nenhum; se ela, portanto, é absoluta; se, em conse-
qüência, a invasão existirá, ou não, e, do mesmo modo,
existe, ou não a forma republicana, segundo o poder
federal reconhece, ou não, a existência de uma, ou
outra, — em que vem a parar, então, politicamente,
praticamente, realmente, esse dever, a respeito do
qual a entidade sobre quem ela recai é, ao mesmo
tempo, o juiz das condições em que ele é exigível?
Se o poder federal a quem compete uma função,
é o árbitro da existência das condições, que a tornam
obrigatória, reunidos, nesse caso, aí, em uma só
pessoa, o caráter de obrigado e o de juiz do cumpri-
mento da obrigação, — que obrigação é essa? Onde
(*) N.R. — Corresponde & p. 15 deite tomo.
41 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

o vínculo juridicamente compulsivo, essencial a toda


a obrigação jurídica? E em que se discriminará essa
ínculcada obrigação de uma pura faculdade?
4 . — Mas, se no membro inicial do n. 3, o
«não poderá» quer dizer «não tem a faculdade», como
é que, no membro imediato, é substituído o «não po-
derá» pelo «poderá», passa o verbo «poder», idên-
tico em ambos os membros, de exprimir, num deles,
a faculdade, que se nega, para expressar, no outro
«o dever», que se estabelece? Como é que, com um
«não», anteposto, o «poder» exclui uma faculdade, e,
logo depois, com a negativa, dita uma obrigação?
Como é que, em dois lanços contíguos de um só
período, o verbo poder ora, com a negativa, quer dizer
que alguma coisa não é facultada, ora (sem a ne-
gativa) quer dizer que se «é obrigado» a certo e
determinado ato?
BIBLIOGRAFIA
PARA O 2/ VOLUME
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MANUSCRITOS DE RUI BARBOSA


[1] INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

— Na dúvida, não se admite a que contrariar


os princípios correntes de justiça e liberdade.
Ruling Case Law, v. 6, p. 49-50.
— «El deber dei gobierno federal es limitado y
expresso ai significado literal de las palabras.»
— GONZALEZ, n. 728, p. 770. —

Este preceito, que o autor, nesse tópico, aplica


especialmente aos vocábulos sustentar (sostener) e
restabelecer, usados no art. 69 da Constituição ar-
gentina, como no da brasileira, evidente é geral a
todo o texto, e se estende à inteligência de todo ele.
Isso porque, em matéria de colação de poderes
tão extraordinários, tão graves e tão perigosos quanto
os da intervenção concedida ao governo federal para
intervir nos Estados, o intérprete não pode sair das
indicações que a mais rigorosa literalidade lhe dá,
senão quando ela, estritamente observada, conduzir
à inconseqüência ou ao absurdo.
«Verba sunt rerum notae, itaque imprimis con-
siderandum est quod verbis caveatur: nee temere
recedendum est a verbis.» D O N E L L I : Opera,
v. XI, col. 1683-84.
5i OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

[2] INTERPRETAÇÃO

— Só é lícito sair da literal, «quando se ache


demonstrado que o legislador disse coisa diversa do
que queria dizer».
BAUDRY, t. I. n. 258 — cf. PLANIOL I, n. 216,
217 apud P A N D . Fr. v. 37, p. 778, n. 200; p. 779,
n. 210.

«Haec prima lex in verbis statuatur, in re dúbia


verbis legis standum este, ut neque plus contineatur
lege, neque minus, quam verba contineatur. Proinde
et hoc jus esse. L. 1 § licet, vers, in re igitut, D. de
exerc. act. Mérito. Cum enim verbis utamur ad
voluntatem demonstrandam: non est existimandum
quisquam dixisse quod non senserit.
«At si verborum ipsorum aut orationis signifi-
cado obscura erit, cuia idem termo plures sententias
exprimât, quid hie fiet? Respondebimus hoc primum,
quod regula juris traditur, in ambiguis orationibus
maxime sententiam spectandam esse ejus, qui eas
protulisset, L. in ambiguis orationibus, D . de regulis
juris, scilicet qui ambiguë loquitur non utrumque dicit,
sed quod sensit et voluit. L. 3 D. de reb. dub.
«Sed ex hoc responso incidimus in eamdem diffi-
cultatem. Quid enim, sic hoc ipsum incertum est,
quid in obscura oratione lex senserit?
«Omnis ambiguitas, atque obscuritas orationis
nascitur aut ex ambiguitate singulorum verborum, aut
ex compositione orationis, aut ex incertitudine natu-
rae que inest in ea re, de qua ius statuitur.
«Ex ambiguitate verborum, cum verbum ipsum
unum, aut plura, ambiguum est, id est plura significat.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 55

«Hie primum praecipitur, a verborum signifi-


cations id est proprietate, non aliter recedi opported,
quam cum manifestum est aliud sensisse scriptorem...»
HUGONIS DONELLI: Op. Omnia, t. I (1762),
col. 119-121, sec. I a V .

[3] INTERPRETAÇÃO
«The rule which the courts have constantly
acted on of late years, in constructing acts of Parlia-
ment, or other instruments, is to take the words in
their ordinary grammatical sense, unless such a cons-
truction would be obviously repugnant to the in-
tentions of the framers of the instrument, or would
lead to some other inconvenience or absurdity.
'The current of authority at the present day', says
the Supreme Court of New York, 'is in favor of
reading statutes according to the natural and obvious
import of the language, without resorting to subtle
and forced constructions, for the purpose of either
limiting or extending their operation'.»

THEODORE SEDGWICK : A Treatise on the Rules


which govern the interpretation and construction of
Statutory and Constitutional Law. Second edition,
by J.N. Pomeroy. New York, 1874, p. 220.
Não é de apetecer a responsabilidade nas origens
de uma constituição violada e abastardada quase
desde o seu berço, de uma constituição a que só se
extrai o mal, e nunca se tolera o bem, de uma consti-
tuição a cujos ombros os seus exploradores lançam a
carga das culpas da sua má execução, de uma consti-
tuição, que, concebida como instrumento de liberdade,
se converteu em um pretexto de ( * )
(*) Incompleto no original.
56 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Se isso que averbado a ela aí se vê, por afortu-


nados se deveriam ter os que a geraram em a repu-
diar como prole desnaturada, que renega do seu
sangue, e atraiçoa a seus pais. Estes, em vez de se
Hsonjearem da criatura, mais estava com a razão que
a deixassem correr como rebento de outra semente,
escondendo a sua paternidade em descendência
tão ruim:

«Yo ei menor padre de todos


Los que hicieron ese nino. (*)

DIOGO DO COUTO

«Afrontou-me V. S* no que me disse, que me


faz dizer o que tenho para calar: e, pois o direito
permite que possa homem matar em sua defensão,
também poderei dizer a verdade, se a fala é em de-
fensão de honra.»
Parte segunda, p. 50.
«Os famosos escritores, assim gregos como
latinos, não se esmeravam tanto em escrever os
feitos, que os grandes capitães faziam, como o que
diziam; porque entendiam que pelas palavras se co-
nhecem as obras.»
Parte l, p, 126.
«Tibério César, dizendo-lhes alguns de má incli-
nação que em Roma havia alguns, que praguejavam
dele, respondeu muito prudente que na cidade livre
haviam de ser livres as línguas.»
Ibid., ib.
(*) QLTEVEDO: El Parnaso Espeftol. musa sexta.
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO 57

«E porque devem Vossas Mercês estar enfa-


dados, isto é tempo, dêem-me licença: e certo que
não cuidei que me estendesse tanto; mas o fervor
me foi embebendo as horas.»
Ib., p. 127.

«As palavras são testemunhas do coração: o


alterado, e inquieto, e tacanho nem sabe dar, nem
sabe falar.»
lb., p. 124.

«Na boca do homem está o bem e o mal; tenha


quantas bondades quiser, não tenha boca prudente,
tudo se lhe escurece, e desdoura.»
lb., p. 125.

«Pítias, grão-duque que foi dos atenienses


(segundo Plutarco), foi príncipe honrado, temido, e
muito esforçado capitão; mas todas estas grandezas
barrou com suas indiscretas palavras; porque aos
capitães mais se olha pelo que dizem, que pelo que
fazem.»
lb., p. 125.

«Uma vez me aconteceu ir em Goa a cavalo


com um fidalgo velho, e ver pela rua um tambor que
parecia que vinha rompendo batalha, e o cavalo do
fidalgo começou-se a inquietar; o que ele sentiu
muito, e, passando pelo que tangia, o fez calar, e lhe
perguntou cujo era, e onde ia: ao que respondeu
que do governador, e que ia lançar um pregão; ao
que o fidalgo lhe disse: 'Vai-lhe dizer que vá
58 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

beber de tal; que os malavares andam senhores do


mar, e ele anda cá pela cidade quebrando-nos as
cabeças com o seu tambor; que mande apregoar que
nenhum Malabar navegue, que isso é o que releva;
e que esse outro que vás apregoar é parvoíce, que
nem importa, nem se há de guardar'.»
lb., p. 136.

«Está assim muito bem! seja como for, manda


El-Rei, faça-se: rou, rou, faça-se o que El-Rei
mandou.»
Ib., p. 143.

MATIAS A I R E S RAMOS DA SILVA DE E Ç A : Re-


flexões sobre a vaidade dos homens. Lisboa, 1752.
«Os homens a quem a concorrência de acasos
felizes faz chamar grandes, presumem que, ainda que
deles não depende a existência do mundo, contudo
depende deles a ordem e a economia das cousas:
todos falam nas suas ações, e nisto consiste a sua
maior e mais estimada vaidade.»
- P . 53 -

«A vaidade pode enganar a cada um, pelo que


respeita a si, mas não pode enganar a todos, pelo
que respeita a cada um. Contra a imaginação não
há poder, contra as ações, sim; o pensamento, enquan-
to não sai da sua esfera, tem uma liberdade inteira,
impenetrável, e muitas vezes invencível. Creia pois
a grandeza o que quiser de si, porque também nós
havemos de crer dela o que quisermos.»
Ib., p. 154-5.
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO 59

[4] EPÍGRAFES E CITAÇÕES

1* epígrafe

«Trataremos de salvar los escollos, que motivan


Ia variedad de opiniones y la falta de jurisprudência
constitucional. Uno es Io influxo de Ias pasiones po-
líticas Otro es Ia pretendida identidad en-
tre Ias instituciones norte-americana y las nues-
trás. »
BARRAQUERO, 176 pr.

Quando quisermos penetrar as instituições de um


povo, havemos de ouvir a palavra dos seus escri-
tores .
BARRAQUERO, 177.

Diversos em BARRAQUERO, p. 202-3 (Sobre a


regulamentação do art. 6 9 ).
— «Quando se enuncia una verdad como esta,
dei mismo modo que quando se levanta una luz, no
se necesitan mayores demostraciones para probar
que Ia luz brilla y alumbra.» M I T R E : Arengas, p. 308.
— «Dicen que la mijor lección que puede darse
para corregir dei vicio de la embriaguez, es mostrar
un ebrio. No sucede esto, al parecer, en el vertigo
politico que perturba la razón serena de los nom-
bres . » lb., p . 320.
— «Una de las causas permanentes de anar-
quia en las províncias es la fuerza de linea destaca-
da en sus capitales: ella ha servido siempre para
sostener los gobernadores que hacen ostentaciôn de
la mentira y dei abuso, o como base de las conspi-
60 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

raciones.» A L E X . GANCEDO: Reformas à la Cons-


titution Argentina. 1909. P. 112-13.
«Gomes de Castro. — Ninguém acreditará que.
no Brasil, se chegue ao ponto de enxotar o poder
executivo de um Estado.
«O Sr. Erico Coelho. — D e modo que, se A n -
tônio Silvino tomar conta de Pernambuco. . .
« O Sr. Gomes de Castro. -* Fica. (Riso).
« O Sr. Erico Coelho. — Está direito, está re-
gulando . ( Riso ) .
«O Sr. Gomes de Castro. — O que não acho
prudente, é entregar-lhe o governo.»
Documentos Parlamentares, v. 4 9 , n. 332.
«O argumento de que é um perigo conferir-se
ao executivo o direito de intervenção, pelos abusos
que podem resultar, não é de impressionar, nem
mesmo no direito a constituir; porque como no caso
presente, o Congresso nos revela maior escrúpulo,
quando salta por cima de quaisquer considerações,
para fazer a vontade a um chefe de governo sem
escrúpulos e resolvido a tudo para alcançar os seus
fins.» CÂNDIDO M O T A . 24 setembro 1910. Documen-
tos Parlamentares, V , 265.

«La Republica Argentina . . . en una palabra


necesita ei impulso de una poderosa palabra guberna-
mental, LA ADMINISTRAQÓN HONRADA. (**)
«Aprendamos a respetar las leyes, y entonces
sabremos Io que valen.»

(*•) Ê do autor na edição argentina de 1889, o versalcte, em que


se acham impressos esses três vocábulos.
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO Cl

P. 203
COUTO: Soldado prático, p . 106.
50. (A legítima defesa me obriga a dizer o
que tinha para calar).
42. «Dizem as velhas: Tudo passa, senão as
cabeças dos pregos.»
54. «O cão com raiva seu dono morde.»

1* parte.
p . 143. «Rou, rou, faça-se o que El-Rei man-
dou . »
136. «Vá beber de tal. »
124-6. A prudência no falar.
«O que não experimentares,
Não cuides que o sabes bem.»
SÁ DE MIRANDA: Êcloga 8*

«Victor féroces impetus primos habet.»


SÊN EC A, in Troade.
. «Oh compadre, quanto esta vez, mais vejo eu,
cego, que vós com ambos os olhos.»
BERNARD. I, 382.

A estopa que se queima na coroação dos papas.


V. BERNARD. V, 497

Trop Allemand.
lb., p . 319.
62 OBRAS COMPLETAS DE RUt BARBOSA

«Creia a grandeza o que quiser de s i . . .»


AIRES RAMOS: Vaidades, p. 155.
«Os homens a quem a concorrência dos acasos
felizes faz chamar grandes . . . »
lb., p. 53.
Conhecer o pano pela ourela.
«Miséria grande de que mais participam os que
mais favores têm da fortuna gostarem mais de enga-
nos que de verdades.»
PARADA, fl. 139.

— Os corvos (aduladores)
PARADA, fl. 139 v.

— Alexandre e Clito
lb., fl. 139-40.
— O ídolo de Serápis : dedo na boca.
lb., fl. HO.
— Os cretenses pintavam Júpiter sem orelhas.
Ibid., col. 1*.

i— S*° Agostinho: «Mais mata a língua de um


lisonjeiro que a mão de um facinoroso.»
lb., c. T.

— «Nunca um rei se persuade que os validos o


enganem, por mais erros que lhe aprovem.»
lb., v. [não indicado no original]
ARTIGO 6° DA CONSTITUIÇÃO C3

•— Idem est facere et non prohibere, cum


possis.
— Impunitas semper ad deteriora invitât.
— Mala grammatica vitanda est. 22 Cyc.
(*) 500.
— In maxima potentia, minima licentia. 22
Cyc. 1067.
— In re lupanari testes lupanares admititun-
tur. 22 Cyc. 1102.
*~ In suo quisque negotio hebetior est quam
in alieno. 22 Cyc. 1379. ( B L A C K ) .
— Interest reipublicae ne maleficia remaneant
impunita. 22 Cyc. 1586.
— Interest reipublicae ut bonis bene sit, et
male malis, et suum cuique. 22 Cyc. 1586.
— Ita lex scripta est. 23 Cyc. 370.
— Judex non reddit plus quam quod petens
ipse requivi. 23 Cyc. 498.
— Justitia est libertate prior. 24 Cyc. 791.
— Leges figendi et refigendi consuetudo est
periculosissima. 25 Cyc. 180.
— Leges humanae nascuntur, vivunt et mo-
riuntur. 25 Cyc. 180.
— Legis minister non tenetur, in executione
officii sui, non fugere aut retrocedere. 25
Cyc. 182.

'(*) Refcre-se à Cyclopaedia o/ Law and Procedure, em inglês.


61 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Maxima illecebra est peccandi impunitatis


sper. 26 Cyc. 1590.
— «As causas e motivos das sedições vêm a ser
a inobservância de leis e costumes, a violação das
liberdades, opressão geral e o proverem-se os cargos
em pessoas indignas.»
BACON: Ensaios morais. ( V . BACON'S Works,
v. 6', p. 409. Ed. Spedding). (*) V . hic infra.
— Nunca houve no México vida constitucional,
O pensamento dominante da Nação está e estará
em arrancar os seus destinos das mãos da ditadura.
D . IGNACIO R A M I R E Z

V . prólogo de RODOLFO REYES ao livro de


RABASA: La Organization Política de México, p .
XXXV.
— «You say: Magna est ventas, et praevale-
bit. Poha! Great lies are as great as great truths, and
prevail constantly, and day after day.»
THACKERAY.

— Ailes Grosse must im Tod bestehen


Toda a grandeza há de sofrer morte.
( Provérbio alemão).
ALBERDI: Bases, XXIII, p . 158 (ed. de 1915)
Ed. de 1886, t. III, p. 491-2.

«Pero no Io obvideis: Ia paz solo viene por ei


camino de la ley. La constitución es el medio mas

( * ) <The Causes and Motives of seditions are, . . . alteration of


laws and customs; breaking of privileges; general oppression; advance'
ment of mtworthy persons . . . >
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO 65

poderoso de pacificación y de orden. La dictadura


es una provocación perpetua a la pelea; es un sar-
casmo, un insulto sangriento a los que obedecen sin
reserva. La dictadura es Ia anarquia constituída y
convertida en institución permanente.»
— «Ne sis sapiens apud temetipsum.»
Ill Proverb., 7. (Não sejas sábio a teus pró-
prios olhos).

—. «Nec emuleris hominem injustum, nec imíte-


ris vias ejus.»
«Não invejes o homem injusto, nem lhe imites
os caminhos.»
— «Vidi sub sole in loco judicii impietatem et
in loco justitiae iniquitatem.
«Et dixi in corde meo: Justum et impium judi-
cabit Deus, et tempus omnis rei tunc erit.
«Vi debaixo do sol a impiedade no lugar do
juízo e a iniqüidade no lugar da justiça.
«E disse no meu coração: Deus julgará o justo
e o ímpio, e então será o tempo da conta para tudo. »
(III Eclesiastes, 16-7).

— «Melior est puer pauper et sapiens sege sene


et stulto, qui nescit praevidere in posterum.»
I V Eclesiastes, 13.

«Viro, qui corripientem dura cervice contemnit,


repentorus ei supervenient interitus, et eum sanitas
sequetur.» X X V I I I Prov., 1.
66 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

15] CITAÇÕES

«Celeberrimos auctores habeo.»


TÁCITO, Histor. III, c. 51. Narrando certa
monstruosidade incrível, atestada pelas fontes.
FABIA: Les Sources, p . 238.
«Ipsa enim verba referam.» TÁCITO, ib., Ill, 39.
FABIA, p. 268.

Elogio de Tácito (Hist. Il, 80) a Vespasiano,


que, surpreendido com a aclamação de imperador,
apenas teve um instante de atordoado, e, arrebatado
pela fortuna, que, inesperadamente, o assentava no
trono, soube ocupá-lo com serenidade, sem que lhe
descobrisse vaidade, arrogância, ou qualquer mu-
dança no seu ânimo no meio de tamanha qual a da
sua sorte:
«Mens a metu ad fortunam transierat. In ipso
nil tumidum, adrogans, aut in rebus novis novum fuit:
ut prim um tantae multitudinis off usam oc u lis caligi-
nem dissecit . . . »
A primeira nuvem com que lhe turvara os olhos
o grande movimento, se dissipara passara de todo,
sem que a torrente das prosperidades o tonteasse,
ou ensoberbecesse.
FABIA, 292.
Epist. obscur. viroTum. Edição de Francis
Griffin Stokes. Londres, 1909:
«Unde habetis istam subtilitatem? . . . Cer-
tissimum est quod spiritussanctus infudit huic viro
talem doctrinam.»
I. 28, p. 74.
( F R A T E R CONRADUS D O L L E N - K O P F F I U S ) .
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO 67

— « . . . seio eas exponere quadrupliciter, scili-


cet naturaliter, literaliter, historialiter et spirituali-
ter . . .» Ib., p. 73.
(/d.)
— «Et vos ridebitis, ego scio, quia est mirabile
factum. »
I, 4, p. 14. (JOHANNES CANTRIFUSORIS).

— «Vos estis mirabilis homo, et deus dédit vo-


bis magnam gratiam quod scitis aliquid in omni sci-
bili. »
«
I, 6, p. 20. (NICOLAUS CAPRIMULGIUS).

— «Si non timerem excommunicationem, ego


vellem dicere quod papa errare ibi.»
I, 12, p . 37. (HILTBRANDUS MAMMACIUS) .

— «Secundum meum obtuscum intellectum. »


I, 42. p. 107.

— «Tune ego tetigi eum et dixi: Cum licentia,


domine, Nihil ad propositum.»
Epist., v. II, I, 1, p . 131. (JOANNES LABIA).

«qui est bene maior quam Plato,


Doctior philosophis, in subtilitatibus istis.»
II, 2, p. 135. (JOHANNES GRAPP) .

— «Theologi non curant grammaticam . . . etc.»


V. p. 192. (BERNHARDUS G E L F F ) .
J
I

6$ OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— «Non sumit términos sic stricte, et prout in


sua prima impositione significant.»
Vide, p . 193. (Ib.).

— «Melius est offendere Papam et Imperato-


rem quam veritatem, id est deum. Quia Deus est
Veritas. »
Ib. II, 28. P. 195 [Id.).

— «Quod omnium maximum et grandissimum


et terribilissimum et horribilissimum et diabolicissi-
mum et infemalissimum est.» (Ib., p. 197) (Id.).

— «Veniunt hue cum suis novis terminis, et


confundunt antiquam grammaticam.»
II, 31, p. 202. (ALBERTUS S T R U N C K ) .

— «Respondit quod pro parte sic, et pro parte


non. »

Ib. II, 37, p. 211. (FRATER GEORGIUS B L E C K ) .

«Quid nobis cum Proverbiis Erasmi, quum ha-


bemus proverbiis Salomonis?»
Ib. II, 38, p. 213. (DEMETRIUS P H A L E R I U S ) .

«Sed nunc possetis me instruere: et ego non de-


berem verecundari quod essem vester discipulus.»
II, 41, p. 218. ( S I M O N POCOPORICES).

«Quid mihi cum graeco?» II, 44, p. 224.


( P E T R U S DE IWORMATIA) .
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 69

— Ninguém muda de natureza. O caso do ju-


deu de Colônia.
II. 47, p. 231-2. (V. hic p. seguinte).
— O papa e o elefante. II, -48, p. 233-4.
— «Praeceptor in pluribus scibilibus experte.»
II, 68, p. 263. (JOHANNES DE SCHWINFORDIA).
— «Scientia non tantum esset in cuculla.»
II, 63, p. 265. (JOHANNES DE SCHWINFORDIA) .

CITAÇÕES

«As virtudes mais ordinárias em qualquer par-


ticular falecem muita vez aos homens, que falam
pelos povos: um estadista, que representa a sua N a -
ção, poderá, sem incorrer em censuras de grande
severidade, revelar-se vingativo, pérfido, egoísta.»
J O H N MAYNARD KEYNES: The economic con-
sequences of the peace. 1920. Apud Rev. des D.
Mondes, maio 1920, p. 287.
«There is no human wisdom but collective wis-
dom. There is no basis for human government
except the consent of the governed.»
CHARLES EDWARD RUSSELL: Bolshevism and the
United States.
Frei Servando Teresa de Mier diz no Con-
gresso Constituinte do México que ninguém do povo
das galerias responderia senão trinta mil desatinos,
se lhes perguntassem que coisa era república
federativa.
PEREYRA: Alhetdi, p. 148, not.
i Memórias de Mier, p. X I X .
70 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA |

Dizia ALBERDI (Ap. PEREYRA, p. 9 ) :


«Yo seré vengado, sin ejercer venganza.»

«Poderosos y pecadores son sinônimos en el


lenguaje de Ias Escrituras, porque ei poder los llena
de orgullo y envidia, les facilita los médios de opri-
mir, y les asegura la impunidad.»
FRAY SERVANDO TERESA DE M I E R : Memórias,
\* parte, I, p . 1.

«Pero vi ai injusto exaltado como cedro dei


Libano, pasé, y ya no existia.»
Ibid.

«Nunquam fuimus in sermone adulationis, sicut


sei tis.»
S. PAULO

A propósito dos nossos desatinos na aplicação


da forma federativa

«La prosperidad de esta vecina repu-


blica ha sido y está siendo ei disparador
de nuestras Americas.»
M I E R , p. XIX.

A loucura de imitarmos os Estados


Unidos, federando-nos, para nos desunir,
quando eles, separados, se federaram, para
se unirem.
Ibid.

V . hic supra, p . 14, in fine as palavras de MIER


no Congresso Constituinte»
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 71

«Si no se pusieran a rebuznar, sin duda impon-


drian más los burros por su seriedad y sus orejas.»
MIER, p . 122.

«Diligite hominem, interficite errores.»


S.to AGOSTINHO.

<~ «Non remittitur peccatum, nisi restituatur


ablatum.»
S.to AGOSTINHO.
V. MIER, 139.

— «Aliud est Sedes et aliud Sedens.»


S. LEÃO. MIER, p . 169.

—A liberdade na Grã-Bretanha e nos Estados


Unidos.
MIER, p . 427-8.

— MIGUEL DO COUTO GUERREIRO: Epigramas


portugueses, 1793:
«Queres-te mostrar agudo
No modo de discorrer;
Porém eu só posso crer
Que é sempre o melhor de tudo
O que deixas de dizer.»
L. VII. ep. 116, p . 338.

«Os conselhos vão direitos;


Mas para serem perfeitos.
Falta-lhes que tu os tomes.»
L. VIII, ep. 53, p . 443.
72 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Eu sou mal, que o mal emendo;


Tu és bom, que esse mal fazer.»
L. VIII, ep. 145, p . 478.

«Pele de leão achou


Um burro; e, por precaução,
De modo ali se embrulhou,
Que, entretanto não zurrou,
Sempre passou por leão.»
L. V, ep. 73, p . 262.

«Ora eu não sei se sou rudo;


Porém, sem dúvida alguma,
Tenho por verdade suma
Que quem presume de tudo,
Nada tem de que presuma.»
lb.f ep. 67, p. 260.

«Se cae muy facilmente en la imbecilidad, impro-


visando libros con citas de autoridades que no
conocemos y que somos incapables de juzgar.»
CARLOS PEREYRA: Rosas y Thiers. 1919, p. 222.

Isso não trepidou o autor em dizer com respeito


a um ciente e sociólogo da marca de Le Bon a
propósito dos seus juízos quanto às repúblicas espa-
nholas da América.

Querer amigos da mesma sorte que o Flaco de


Marcial queria as amantes: nem muito contentadiços
nem exigentes demais.
MART. I, 58 (t. I, p. 96):
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 73

«Nolo nimis facilem, difficilemque nimis.»


Ver ibi.

«Sive plus, sive minus, sive idem praestas, lauda


vel inferiorem, vel parem. Superiorem, quia nisi
laudandus ille est, non potes ipse laudari: inferiorem
aut parem, quia pertinet ad tuam gloriam quam
maximum videri, quem praecedis, vel exaequas.»
PLÍNIO, lib. I, epist. 17.

«A ti, te importa acreditares o engenho de


qualquer outro, porque ou o consideres superior, ou
igual, ou menor que o teu, sempre será glória tua que
seja grande o do outro que vences, que igualas, ou
a que cedes. Se é maior, porque não pode ser grande
coisa o teu, sem que seja muito o que te excede. Se
é menor ou igual, porque tanta mais glória merecerá
o teu, quanto maior será aquele que vences, ou que
igualas.»
CAVALEIRO DE OLIVEIRA: Memórias das viagens
~- Amsterdã, 1741, p. 4-5.

«Porque os príncipes que se deixam governar


por homens que lhes falam à vontade, são como os
homens frascários, e sujeitos a mulheres, que aquela
que é mais nova na conversação, lhes é mais aceita.»
JOÃO DE BARROS: Da Ásia, Parte I, Dec. IV,
L. 5, c. 15, p . 627 (ed. de 1777).
Os que se honram com a cabaia regia depois dos
açoites d'El-Rei.
JOÃO DE BARROS : Dec. IV, p. 458.
74 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Vos bene scitis illud exemplum ad sanctum


Andream Coloniae: qualiter unus Decanus eiusdem
ecclesiae Iudaeus baptisatus diutissime mansit in fide
Christiana, et vixit rectissime. Sed postea in articulo
mortis iussit sibi portare unam leporem et canem. et
misit eos currere: tune statim canis apprehendit
leporem. Tune iterum iussit currere unum Catum et
murem: et Catus apprehendit murem. Et dixit multis
circumstantibus 'Videtis quod ista animalia non
dimittunt naturam suam? Sic etiam ludaeus nun-
quam dimittunt fidem suam: ergo etiam volo mon
sicut bonus ludaeus'; et mortus est.» (Epistolae,
p. 232. BENEDICTUS DE SCOCIA) .

D . FRANCISCO MANUEL DE M E L O : Apólogos


dialogais. Lisboa Oco, 1721:
— « . . . pondo em pés de verdade suas men-
tiras. ..» p. 16.

— «Não há alfaiate bem vestido.» p. 4.

— «Justiça de canhotos, ou esquerda jus-


tiça.» p. 4.

— «De ordinário o corte não é do mesmo pano


que a amostra.» Ibid.

— «Relógio da Cidade. Muita graça tinha


aquele escolar, que consultava à candeia que horas
eram pelo relógio do sol.
«Relógio da Aldeia. Que me dizeis?

«Relógio da Cidade. Pois acrescentai-lhe que


morreu ministro do maior tribunal do seu tempo.»
ARTIGO 6» DA CONSTITUIÇÃO 75

«Relógio da Aldeia. E como sentir do outro,


que, desmentindo o sol do seu relógio, jurava e terju-
rava que o sol era errado?

«Relógio da Cidade. Esse era como o nosso


Barraca, que queria matar o sol, porque lhe não
enxergara seu mantéu enrocado. Esta é uma relê
de malhadeiros gloriosos, que tem por certo que tudo
o seu é melhor que o da outra gente.» p. 14.

— «Se quereis conhecer o homem, dai-lhe


mando.» p. 18.

— «Eu desmentido das minhas verdades, ele


aplaudido pelas suas mentiras.» lb., p. 27.

— Figuras e cifras: figuras e pessoas, lb.,


p . 28.

— A fortuna é como os abades: cria galinhas


e leitões, para matar primeiro o que está mais gordo.
lb., p . 32.

— O bate-folha fazendo sapatos e o sapateiro


amassando pães de ouro. p . 47.

— «Ora digo que o poder ainda é pior em mão


de vilões que as armas nas mãos dos doudos.»
Ib., p . 132.

— A fidelidade do cão: muito interesse e pouca


vergonha, p . 133-4.

— De como as casas de meu pai são a melhor


parte do mundo. p . 139.
76 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— O mundo é feira, onde só vendem bem os


charlatães. p . 163-164.

— «Mal vai ao mundo, quando o diabo é


pregador.» p. 177.

— Os que vão ao governo com mil programas,


e dão com tudo em pântanos. 249.

— Cada ministro é um reformador. 250.

— Os governos que se prezam de honestos, e


deixam roubar. 256.

— Gramáticos, p . 260-262.

— Pêssegos e homens, ruins em sua terra e


bons na aldeia, p . 268.

— Antes justiça para ninguém que para uns


e outros não. p . 269-271.

— Os homens em seus negócios são como a


hera e o muro. p . 272.

— «A justiça é tão poderosa que ata as mãos


aos reis algumas vezes.» p. 274.

— «Guimarães, onde prendem a gente, e sol-


tam os cães», p. 276.

— «Mal haja quem mal cuida». 278.

— «Meteu o nome de poeta entre patife e


filho da p . . . » 310.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 77

— «Os antigos também foram modernos, e nós


também havemos de ser alguma hora antigos.»
p . 318.

— «O maior mal que hoje padece o mundo, e


os mundanos, é de pouca vergonha.» p. 370.

— «Do descuido à culpa há tão pouco, como


da culpa ao castigo.» 390.

«Locum loco si compares, pudendam invenies


differentiam.»
MACR. V. c. 13, p . 314-15.

«In tanta ergo differentia paene erubescendum


est comparare.»
lb., p . 316.

«Quanta sit differentia utriusque loci, lectori


aestimandum relinquo.»
Ibidem.

«Hoc nee a Pindaro scriptum, nee unquam


fando auditum, et omnium, quae monstra dicuntur,
monstruosissimum est.»
L. IV. c. 17, p. 327.

«Sed haec quae diximus auctoritatibus appro-


banda sunt.»
L. V, c. 19, p. 333.

«Absoluta est, existimo, et auctoribus idoneis


asserta explanado.»
L. V, c. 19, p. 324.
?b OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Si fastidium facere non timerem, ingentia


poteram volumina de his.. . . implere.»
L. V, c. 22, p. 341.

«Sub specie observationis emergebat major


confusionis occasio.» I, c. 14, p. 186. (O motivo
da exatidão fornecia ensejo de introduzir confusão
maior. )

«Santo Agostinho disse, porventura que lem-


brado deste efeito da adulação, que mais matava a
língua de um lisonjeiro que a mão de um facinoroso,
porque se um tira a vida do corpo, outro a d'alma,
que não fica com ela quem de tal maneira segue a
mentira, que foge da verdade, e, em respeito daqueles
que prejudicam com a peçonha de sua língua, tiram
a honra, porque inclinam a vontade do príncipe a
cometer injustiças, umas vezes desacreditando os
que merecem honrados, outras autorizando os que
merecem castigados.»
(ANTÔNIO CARVALHO DE PARADA: Arte de
reinar, p. fl. 141).

«Disse Sêneca prudentemente que, sendo os


príncipes a todos os homens superiores, e avanta-
jados em poder e bens temporais, eram mais pobres
que todos em lhes faltar quem lhes falasse verdade,
e quanto mais sobem ao cume da felicidade humana,
tanto neste particular padecem maior miséria; por-
que, além de terem em si a causa dela, no gosto com
que recebem os enganos, que resultam de seu louvor,
estão cercados de homens cujo ofício e ocupação é
granjear vontades, e pera isto nunca falam o que
entendem.... O filósofo Epíteto lhes chama com
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 79

muita propriedade corvos, por ser seu ofício tirar


os olhos do entendimento, e fazerem andar às escuras
aqueles contra quem exercitam sua malícia.»
(/6., fl. 140)

— Afflavit Deus, et dissipantur.

— Amare inepte nil ab ódio discrepat.

— Amor tussisque non celantur.

— Animo et fide.

— Astra regunt homines, set regit astra Deus.

— Clarior e tenebris.

— Cor unum, via una.

— Cruci, dum spiro, fido.

— Damnum appellandum est cum mala fama


lucrum.
— Deo duce, ferro comitante.

— Deo, non fortuna.


— Dies diem docet.
— Ducit amor patriae.
— Dum spiro, spero.
— Empta dolore docet experientia.
SO OBRAS COMP LETAS DB RUI BARBOSA

— Ex quovis ligno non fit Mercurius.

— Fide, sed cui, vide.

~­ Porti et fideli nil difficile.

— Fortiter geret crucem.

— Fortuna favel fatuis.

— Fortuna nimium quem fovel, stultum faut.

— Furor fit laesa sapientia.

— Graviora quaedam sunt remédia periculis.

— In ferrum pro libertate ruebant.

— Ingratum si dixeris, omnia dicis.

— In pace leones, in proelio cervi. — Cobardes.

—■ Insanus omnes furere credit ceteros. «—


HERMES

~ In te, Domine, speravi.

— Integra mens augustissima possessio.

— Lucri bonus odor ex re qualibet.

— Lupus pilum mutât, non mentem. ( V E N ­


CESLAU )

— Maio mori quam foedari.


ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO £1

— Malum maio proximum.

— Manu forte.

— Manus haec inimica tyrannis.

— Mihi cura futuri.

— Miserrima fortuna est quae inimico caret.

— Moniti meliora sequamur. — Sucessão


HERMES .

— Montani semper liberi.

— Mu tare vel timere sperno. Eu

— Nec prece, nec pretio. — O governo honesto.

— Non sibi, sed patriae.

— Nunc aut nunquam. Se esta providência


não nos melhorar.

— Pátria cara, carior libertas.

— Pro magna charta. Pela Constituição.

— Pulcrum est accusari ab accusandis.

— Qualis vir, talis natis.

— Qui male agit, odit lucem. Liberdade


imprensa.
82 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Semper graculus assidet graculo.

— Sene, bis puer. Casamento HERMES.

— Si tacuisses, philosophus mansisses.


— Vincit qui se vincit.

— Volo, non valeo. Quero, mas não pago.


— Peritis in arte credendum est.
— Cognitio morbi inventio est remedii.
— Qui respicit ad pauca, de facili pronuntiat.

— Argüição de incoerência contra homens


públicos :
ADDISON'S Works IX, 471, 473, 476.
«Alberdi.. . ha profesionalizado el magistério
de Ia libertad en el destierro de toda su vida. Y
quando Mitre le hace el reproche de no entender Ia
historia sino como una comedia, él contesta que no
es comedia escribir de un modo con que en vez de
ganar se pierda todo: posición y pátria.»
CARLOS PEREYRA: El Pensamiento Político de
Alberdi, p. 271.
«Es condición dei entendimiento humano tocar
siempre en los extremos antes de opinar con el
medio.»
MIER, p . 99.
«Ego sum Deus, et non mutor.» MIER, 127.
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO ?3

[6] FLORIANO

Sessão de 3 de novembro de 1892 — Epitácio


terminava com estas palavras:

« . . . Venho, pelo contrário dizer a o Sr. vice­


presidente d a república: —■ Basta de hipocrisia,
sede franco, ao menos uma vez na vossa vida
pública; atirai para o rol das cousas imprestáveis a
Constituição, e assumi francamente a d i t a d u r a . A o
menos teremos a vantagem de saber em que regimen
vivemos.»
Anais da Câmara — v. V I I — p. 33, sessão
3 novembro 1892.

[7] VISITA DO REI ALBERTO

O REI DOS BELGAS C HEGA AMANHA

( E x t r a í d o do jornal A P átria. Rio d e Janeiro,


18­9­920. Edição das 5 da manhã, p . 1)

Não é possívetl

Chegam amanhã ao Rio os soberanos belgas. A cidade


enfeita­se, lavam­se as paredes e a iluminação já estridente
multiplicou de modo tal que mesmo as praias remotas parecem
incêndios. É a festa em preparo, e a segura apoteose.
Mas estará o povo contente para receber o homem
preclaro, cuja glória foi e é ter sido, antes do mais, soldado
da Justiça? E esse homem, rei Alberto, simples, modesto,
cujo maior prazer é viver com o povo e cuja sensibilidade
se irrita com os salamaleques forçados dos protocolos, verá
o povo carioca na sua alegria renovada pela glória da
ilustre visita?
84 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

N ã o ! É pena dizer. M a s não! Um açodamento ridículo


em fingir o que não somos, quando devíamos mostrar-nos
tal qual somos, o governo — querendo provar que não tem
medo, às voltas com os fantasmas de uma verdadeira doença
de perseguição, farão no recebimento do rei dos belgas,
que andava simplesmente pelas ruas em Paris, em Bruxelas
sem que ninguém se lembrasse senão de respeitá-lo — uma
verdadeira praça de guerra.
A s perseguições, as prisões, a cenografia impressionante
d a polícia nas ruas são conseqüências do desejo de acabar
à velha maneira, com a opinião proletária, aproveitando a
chegada de um rei autor direto da maior parte das adian-
tadas reformas sociais do seu pais!
O povo vê que os senhores chamados por aqui de idéias
avançadas — não entraram nem em intenção no sentimento
de subversão da ordem. E que tudo isso é uma sinistra e
ridícula pantomima de autoridades incompetentes, prendendo
gente que nem suspeita é.
Esse é o desgosto do povo. Recebemos o rei não com
o estado de sítio declarado, mas com o estado de sítio sem
declaração — com a suspensão das garantias que a Consti-
tuição manda respeitar.
Será esse erro do S r . presidente Epitácio Pessoa?
Não é possível. O Sr. Epitácio foi defensor das
liberdades.
Ele escreveu em tempo:
— « £ as violências, de tal natureza, traduzidas na
suspensão de garantias, quando uma crise política não
irrompeu do meio social, caracterizadas pelo emprego de
medidas da penalidade condenadas pela Constituição, que
os signatários deste voto não podem prestar apoio sem que
sintam abatida a sua consciência de representantes da nação,
sacrificados os seus deveres de membros de um tribunal que
julga, firmada a sua conivência nos atentados contra a liber-
dade, contra a lei e contra o direito cujo respeito é a 6ase
única da ordem social e do engrandecimento das instituições
políticas.»
Será com consentimento d o Sr. Epitácio Pessoa, que, sem
motivo algum, tudo em plena paz, as suas autoridades
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 85

prendem transeuntes nas ruas — por causa de umas bombas


cujos autores ninguém pode descobrir como se descobriu a
polícia pregando boletins?
— Não! Ele disse no Parlamento em tempo:
— «Acima de uma homenagem ao poder, [alsa garantia
de uma ordem que não edifica, armada sobre cs destroços
dos direitos individuais, há a restauração da lei constitu-
cional, ponto para que devem convergir os esforços de
quantos se empenham peia verdade das instituições.»
Nós alimentamos a esperança de que o chefe da nação
mande sustar essa irrisória mise-*en-scène dos seus auxiliarzs;
nós estamos convencidos de que, quase trinta anos depois
de atacar Floriano por salvar a república num momento
gravíssimo, o Sr. Epitácio Pessoa presidente, com o peso
da idade e da responsabilidade, diante das críticas francas
e sinceras não faça com que se repita, apenas mudando
pelo seu o nome que ele atacava:
— «Está na consciência pública que o intuito do
marechal Floriano Peixoto, ao prender e desterrar tantos
cidadãos, foi evitar a crítica severa, verdadeira e patriótica
desses homens, que pesaria sobre seu governo como uma
maldição.»

[8] VARIAÇÕES DO EPITÁCIO

— I. Mensagem em 1919 condenando as


emissões.
Daí a um ano, dia por dia, se apresenta ao
Congresso pelo líder d o governo o projeto d a
emissão ilimitada.
— I I . N a mensagem de abertura em 1920
preconiza o voto secreto e o obrigatório (dando-os
como «ensinamentos da lei Saenz P e n a » )
Agora (em setembro) opõe-se ao voto obriga-
tório, que teria entrado, com o secreto, na emenda
do Senado, se não fosse esse veto.
I

86 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

III. Pedro Lessa descobre e Prudente Filho


apresenta, no seu parecer à Câmara sobre os tri-
bunais regionais, uma sentença de Epitácio no
Supremo Tribunal Federal, onde ele declara que
nenhuma questão suscitada no foro da União pode
deixar de ir ter ao Supremo, se as partes recorrerem.

IV. Os ataques ao Floriano


As prisões epitacianas à chegada do rei.
V . Pátria de 18 de setembro
— O presidente não pode intervir, sem que
primeiro decrete o sítio, sustentava ele em 1893.
Documentos Parlamentares, II, 145-6.
No mesmo sentido. V. III, 335-6. (Filgueiras)
— O presidente não é obrigado a intervir,
sempre que os governadores o requisitem.
Ib., 146. A gravidade do caso. lb., 457
(Luís Adolfo).
— Epitácio contra Floriano. lb., 142 e 147-9.
Aqui são os florianistas os que variaram.
Agora, homenagens ao Floriano.
— Epitácio contra Júlio de Castilhos. lb., 142.
Aqui os castilhistas é que variam.
— Como são «oportunas» as minhas opiniões.
lb., 172 (Homero Batista a meu respeito. ) (

Essas minhas opiniões foram adotadas no


Supremo Tribunal, quando decidiu a causa.
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 87

— Entre «os desacatos e crimes» do Floriano


citava o Sr. Justiniano de Serpa a anistia aos revo-
lucionários mineiros. Ib., 208.
Esse crime é o que acaba de imitar o senhor
Epitácio, verberador tão severo dos crimes de Flo-
riano. É um crime, de que só temos dois exem-
plos: o de Floriano e o de Epitácio.
— Epitácio, o apóstolo da economia
Epitácio, o pródigo
Gazeta de Notícias. 28 julho 1920, V p., col.
I* c 2 \
— As suas regras no Projeto do Código de
Direito Internacional.

e o seu bochismo.
Assistiu indiferente à trucidação da Bélgica.
Agora convida, festeja o rei dos belgas.

«— Perseguição aos monarquistas. (*)


Agora adulação.

~- Contrário às acumulações.
(Ver acórdão do Lessa, ainda não publicado. )
Agora, acumulador pertinaz.

— Contra o bombardeio, no Projeto de Código


Internacional.

(*) A propósito. V. as palavras de Frei Servando Teresa de


Mler a Iturbide, quando este, proclamandose imperador, quis fazer-se
ungir.
Memórias de Mier, p. XXI.
88 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

A favor n o c a s o d o bombardeio d a Bahia.


— M u d a n ç a s de opinião.

MITRE: MATIENZO. El Gob.Repr. Federal.


p. 280. 267. 269. 270 RIVAROLA: Del régimen
federativo, p. 278-80.

SARMIENTO: M A T I E N Z O . 266. 280.

RIVAROLA: Del régimen federativo ai unitário,


p. 203. 200. 204. 205.

V. Evolução

VARIAÇÕES D O EPITACIO

Medeiros e Albuquerque:

AS ACUMULAÇÕES DO SR. EPITACIO

O Sr. Cunha Pedrosa, epitacíssimo amigo do Sr. Epitàcio,


fez inserir no Diário do Congresso um trabalho aparecido
no Jornal do Comércio, no qual se justifica o direito do
presidente receber vencimentos acumulados.
O trabalho em questão é. de fato, muito bom. Deve-se.
porém, considerar tratando-se do senhor Epitàcio, vários
pontos de vista.
O primeiro é o constitucional. Há na Constituição o
art. 73. Ele diz: «Os cargos públicos, civis ou militares, são
acessíveis a todos os brasileiros, observadas as condições de
capacidade especial que a lei estatuiu...> — e depois de
uma simples vírgula, como uma restrição a essa regra geral,
acrescenta: «sendo, porém, vedadas as acumulações remu-
neradas.»
Está, portanto, claramente indicado que as acumulações
remuneradas, que se proíbem, são as de cargos públicos.
Se na Constituição houvesse um artigo, à parte, inde-
pendente, dizendo: «São vedadas as acumulações remune-
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 89

radas», — esse artigo abrangeria até as de cargos particulares.


Ninguém, mesmo na vida privada, poderia receber remune-
ração por dois lugares distintos.
Embora essa medida fosse violenta, a Constituição tinha
competência para decretá-la. Certamente ela figurará nas
Constituições socialistas.
Assim, é positivo que a nossa Constituição só proibiu
a acumulação remunerada de CARGOS PÚBLICOS. A frase em
que está essa proibição é uma simples restrição à primeira
parte do artigo em que se declara a acessibilidade de todos
os brasileiros àqueles cargos.
Diante disso, resta uma pergunta, para tudo decidir:
— ser aposentado, jubilado ou reformado é exercer um
cargo público?
Evidentemente não. Exercer um cargo público é ter
a seu cargo o encargo de fazer um certo número de obriga-
ções. Não há cargo público que não tenha a seu encargo
alguma obrigação a preencher. Tanto é assim que de todos
os cargos se pode ser «exonerado». E «exonerar», como a
palavra o está proclamando, é tirar de si algum trabalho.
O aposentado, jubilado ou reformado não tem a seu
cargo nenhum encargo ou ônus. Só tem uma vantagem:
receber a pensão de aposentadoria.
É. por conseguinte, positivo que a Constituição não
inseriu nenhuma disposição, visando acumulação de qualquer
pensão com qualquer cargo público.
Isso é a questão de tese e diante dela o Sr. Epitácio
seria desculpável. Mas há, no seu caso especial, duas circuns-
tâncias que o tornam imoralíssimo.
Por um lado, como juiz, ele sustentava doutrina contrá-
ria. Era católica e feroz. Não queria acumulação alguma,
mesmo das pensões de aposentadoria com vencimentos de
cargos públicos. Redigiu sentenças nesse sentido e assinou
outras igualmente absolutas.
Só descobriu uma nova interpretação, quando se tratou
do seu interesse pessoal.
Essa é a primeira imoralidade do seu caso.
Há a segunda.
90 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Até dezembro de 1919, o Sr. Epitácio não tinha mandado


receber no Tesouro sua pensão de aposentado. Nessa
ocasião, discutiu-se o aumento aos funcionários públicos. A
isso ele se opôs o mais que lhe foi possível. Acabou» consen-
tindo a custo na elevação transitória de alguns, mas não quis,
de modo algum, que isso se estendesse aos que ganhassem
9 contos de réis ou mais. Pareceu-lhe que quem já ganhava
9 contos tinha largamente com que viver.
Ora, exatamente nessa ocasião, ele, que tem 120 contos
de vencimentos, obteve do Congresso, para suas despesas
particulares no Catete, mais 165 contos por ano e mandou
receber no Tesouro a aposentadoria que até então não
recebera.
É este conjunto de circunstâncias que torna indefensável
o caso do Sr. Epitácio.
Juiz, ele não queria que os aposentados acumulassem
as suas pensões com os vencimentos de cargos públicos;
presidente, ele se manda pagar de tudo.
Presidente, ele acha que quem ganha mais de 9 contos
não deve ter aumento; ganhando, porém, 120 contos,
pede ao Congresso mais 165 e vai ao Tesouro buscar os
38:133$324 de sua aposentadoria.
Todas as publicações que o Sr. Cunha Pedrosa requeira
não poderão apagar estes vergonhosos contrastes.
A Folha — 27 julho 920.

AS ACUMULAÇÕES DO LUCENA
EPITÁCIO — . . . d i s s e o nobre deputado (Costa Júnior)
que o Sr. barão de Lucena, ao mesmo tempo que exercia
o cargo de governador de um Estado, recebia aqui, por
intermédio de um procurador, os vencimentos de juiz de
direito dos feitos da Fazenda. Pois bem, esta acusação, que
pela sua natureza especial, pela posição que ocupa o nobre
deputado, só poderia ser lançada neste recinto com as provas
mais convincentes, esta acusação que fere direta e profun-
damente a honorabilidade de um homem que ocupa elevado
posto na administração do pais, esta acusação que não pode
deixar de refletir-se no poder público de que o Sr. barão de
Lucena tem em suas mãos uma parcela, esta acusação também
não é verdadeira I
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 91

Costa Júnior — Levo ao conhecimento de V. Ex» e da


Nação que esta comunicação me foi feita pelo Sr. Silveira
Lobo...
João de Sequeira — Oh! Ohl
Costa Júnior — . . . escrivão dos feitos da Fazenda, de
que era juiz o Sr. Lucena, declarando-me que os ordenados
foram recebidos por um procurador. O Sr. Silveira Lobo
toma a responsabilidade da informação, com a diferença,
porém, de que não dispõe dos arquivos do Tesouro para
o comprovar.
EPITÁCIO — Pois o nobre deputado está muito mal
informado.
O escrivão do juízo dos feitos da Fazenda não era o
Sr. Silveira Lobo; era o Sr. Pamplona, e o procurador de
Sr. barão de Lucena era o Sr. Dr. Sève Navarro etc. etc. etc.

Por conseqüência, a acumulação de vencimentos só


poderia ter-se dado nos meses de agosto, setembro e outubro.
Sessão 1* de agosto de 1891
Anais da Câmara dos Deputados, v. II — p. 11

EPITÁCIO PESSOA

( E x t r a í d o d e O Imparcial 10 d e n o v e m b r o d e
1914, p . 2 ) :

o CAMELEXO

O Sr. senador Epitácio Pessoa teve ontem a infelicidade


de ser escalado pelo Sr. senador Pinheiro Machado, para
mascarar no Senado a verdadeira significação politiqueira
da última reunião militar e para disfarçar o profundo
arranhão que acaba de sofrer a dignidade do poder civil, mais
uma vez vitimado pelas levianas impaciências do P.R.C.
O Sr. Epitácio Pessoa julgou-se no direito de privar
o Senado de sua palavra quando aí se discutiram as violências
brutais do governo contra os direitos dos Estados na
92 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Federação e contra os direitos e garantias individuais, assegu-


rados na Carta Constitucional. Além de se excluir desses
importantíssimos debates, onde a sua notável capacidade
jurídica encontraria oportunidade para ilustrar os Anais do
Senado, o Sr. Epitácio Pessoa ausentou-se da tribuna de
sua Câmara, quando aí eram tratados os relevantíssimos
negócios das finanças nacionais.
Nenhuma dessas crises conseguiu interromper o silêncio
em que se mantinha o Sr. senador Epitácio Pessoa; esse
poder estava reservado às conveniências e interesses da
camarilha assanhada em torno do Sr. senador Pinheiro
Machado, que se não pode resignar com a fatalidade do
crepúsculo de seu poderio.
O Sr. Epitácio Pessoa recuou da empreitada de elogiar
a reunião promovida pelo Sr. general Sousa Aguiar. Reco-
nhecendo o ato de indisciplina, praticado pelo Sr. comandante
da 9* Região, pretendeu negar-lhe o seu autêntico caráter
de manifestação política e imaginou explicar essa manifestação
como produzida pela revolta dos melindres do exército,
ofendidos na pessoa do chefe do estado.
Ora, nós já demonstramos, irrecusavelmente, que o
exército não foi ofendido, não foi referido nem lembrado
na campanha de oposição ao governo. É inteiramente falso
que os parlamentares, os jornalistas, os estudantes e o público
de todas as classes, que têm manifestado contra o governo,
hajam envolvido por qualquer forma as classes armadas nas
suas manifestações. As alegações do Sr. general Sousa
Aguiar, neste sentido, ontem reproduzidas pelo Sr. senador
Epitácio Pessoa, não são verídicas. Um único incidente, citado
pelo Sr. inspetor da 9* Região, ocorrido com um capitão e
algumas praças, constituiu fato isolado, sem significação e
logo altamente reprovado por todos que dele tiveram conhe-
cimento. Esse próprio insignificante incidente teve lugar no
dia seguinte ao em que foi feita a convocação para a reunião
dos generais.
O Sr. Epitácio Pessoa declamou ruidosamente contra
desrespeitos e ofensas dirigidas à família do Sr. presidente
da república, assegurando que essas virulentas manifestações
eram produto do ódio nacional contra o chefe do estado.
O Sr. Epitácio Pessoa exagerou formidavelmente a signifi-
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 93

cação de alguma troça de rapazes, mais infeliz e censurável,


entre outras muito felizes e interessantes. O Sr. Epitácio
faltou com a verdade quando declarou que havia lido nos
jornais da oposição essas torpezas contra senhoras, que
levantou no tapete do Senado.
Ê totalmente falso que esta folha, que se preza de sua
atitude política, mantida à custa de uma firmeza de que
muitos senadores não se poderiam gabar em idênticas circuns-
tâncias, tivesse em qualquer época ofendido ou melindrado
intencionalmente qualquer senhora da nossa sociedade.
O Sr. Epitácio Pessoa, no entusiasmo de satisfazer a
sua incumbência partidária, esqueceu o respeito que deve
aos jornais que têm defendido nobremente a dignidade
nacional, o renome de nossa civilização e cultura, indigna-
mente vilipendiados por uma política a cujo serviço S. Ex* se
dedicou.
Por uma tristíssima coincidência, os argumentos do
Sr. Epitácio Pessoa reproduziram os botes do despeito
odiendo de estrangeiros, que exercem o meretrício jornalístico,
e que não se podem resignar com o desprezo que merecem
os seus papéis, comparado com o êxito monumental dos jornais
nacionalistas.
Passando sobre a parte do discurso do senhor senador
Epitácio que esposa, tão infelizmente, as intrigas de crimi-
nosos desmascarados, devemos nos ocupar, demoradamente,
do tópico principal de sua oração, com o respeito que
S. Ex* nos merece.
A incumbência do Sr. Epitácio Pessoa determinava
baralhar intencionalmente o movimento de ilegítima ambição
militar agora fracassado, com os mais nobres sentimentos de
dignidade das classes armadas.
É preciso que o Sr. senador Epitácio saiba que no
exército e na marinha há uma grande maioria de oficiais
profundamente apaixonada pela profissão e que em caso
algum se prestaria a manobras e planos políticos. É mesmo
uma felicidade incrível para o nosso país, uma anomalia
providencial e quase inexplicável, que o sentimento das
responsabilidades técnicas tenha amadurecido entre nós, não
obstante o esforço anárquico e corrosivo do caudilhismo,
graças ao calor de um patriotismo infatigável e invencível.
94 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Um grande núcleo de oficiais do exército e da armada


tem lutado constantemente, resistindo com a disciplina,
reagindo no trabalho obscuro, estudando, refazendo pelo seu
próprio esforço, com sacrifício, com resignação corajosa, o
prestígio de uma autoridade cada vez mais decadente e de
um espírito militar cada vez mais dissolvido.
Sobre esta maioria laboriosa zumbem os machões inúteis,
que pretendem transformar a farda em ponte para outras
profissões maus lucrativas, que se servem do prestígio da
classe abandonada, para colherem proveitos na política, na
administração e nos negócios.
O Sr. conselheiro Rui Barbosa começou ontem o seu
formidável discurso sobre as administrações militares. O
Sr. Epitácio Pessoa, se quiser acompanhar o formidável
trabalho do senador baiano, vai reconhecer que as admi-
nistrações militares deste quatriênio militar não se fizeram
senão para servir os machões que exploram a farda, abando-
nando e envergonhando os que preferem se gastar nos
trabalhos profissionais.
Quando o Sr. marechal Hermes, depois de ter humilhado
as oficialidades da armada, depois de lhes ter feito tragar
a anistia, depois de lhes ter imposto o castigo da destruição
lenta pela inércia, mantendo um ministro agonizante por
mais de seis meses, mandou buscar o Sr. Alexandrino de
Alencar para completar a liquidação da marinha, daqui
protestamos contra esta volta injustificável ao passado, que
tão trágico desfecho tivera, qualificando o novo ministro
com o ferrete de cameleão.
Poderíamos agora antecipar o trabalho do Sr. senador
Rui Barbosa, dando o balanço neste ano de ministério do
mestre do mimetismo político.
Basta-nos, porém, salientar, documentando, um aspecto
de seu caráter. O Sr. Epitácio Pessoa vai ver como à revelia
da marinha, contra a sua vontade expressa, um ministro
inconsciente e leviano, pode urdir longamente, a pretexto de
governar, a teia de seu próprio reclame, a publicidade de
seu prestígio, envergonhando e achincalhando a disciplina,
a compostura, a hierarquia, sacrificando os dinheiros da
Nação na bambochata da caudilhagem.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 95

O Sr. Epitádo Pessoa nos dirá depois se estes processos


de governo, que documentamos, devem produzir nas mani-
festações militares outros efeitos que os da mais odiosa
ambição política e militarista.
Quando o Sr. Alexandrino de Alencar regressou da
Europa com o ramo de oliveira, veio carregado de insaciável
sentimento de ódio contra os seus dois antecessores no
quatriênio do presidente a quem servia.
O primeiro ato do ministro, insensível ao melindre e ao
decoro da sua classe, foi mandar proceder a uma devassa,
para provar a desonestidade de seus antecessores, seus cama-
radas e companheiros de armas.
Enquanto uma comissão de amigos procedia à triste
exumação, o Sr. Alexandrino de Alencar gastava a sua
impaciência perseguindo ferozmente os oficiais que se não
acotovelavam na sua rodinha. Nunca os direitos mais legítimos
foram tão indignamente desconhecidos. Nunca se cometeram
mais afrontosas injustiças. A ordem do mérito, da compos-
tura e da honestidade parecia invertida. A reorganização
de todos os serviços foi o instrumento máximo de sua malque-
rença. O Sr. Alexandrino de Alencar precisava conter nas
mãos toda a vida de sua classe. Para consegui-lo não recuou
nem vacilou. A Escola Naval foi arrasada e seus destroços
deram à costa na praia da Tapera. A esquadra entrou em
leilão. Os navios foram vendidos por necessidade de economia,
enquanto o dinheiro saía a rodo para as necessidades de
reclame.

Mas o inquérito da comissão de amigos chegou final-


mente à conclusão. O Sr. Alexandrino de Alencar ao folheá-lo
teve, porém, a triste surpresa de ver que os documentos
comprometedores eram precisamente os que definiam a sua
responsabilidade criminal perante a Nação. A comissão de
amigos estendera ao quatriênio 1906-1910 a sua rede pesqui-
sadora, e o único pescado gordo que colhera fora o próprio
ministro Alexandrino!!
Nós destacamos, a esmo, desse inquérito, cujo original
está furiosamente guardado no cofre secreto do ministério,
muitas folhas edificantes. Dessas publicamos algumas. O
Sr. Epitácio Pessoa examinando os documentos nos dirá
96 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

se a administração da marinha se move para organizar a


nossa defesa naval ou se para perturbar a nossa política
interna.
Mas, para que o senador pela Paraíba possa compre-
ender o verdadeiro caráter das manobras do Sr. Alexandrino,
precisa conhecer o «depósito especial». O Sr. Alexandrino
é o inventor da maravilha. As verbas de seu ministério não
dão saldo. Quando isto acontece é feito o documento de
despesa correspondente ao saldo e esta quantia é escriturada
sob o título de «depósito especial», ficando escamoteada de
qualquer fiscalização, entregue sem defesa ao arbítrio do
ministro da marinha.
O «depósito especial» é o fornecedor de dinheiro para
todas as tratantadas. O Sr. ministro precisa de um artigo
laudatório e festivo. O «depósito especial» tem o dinheiro
para o jornalista gazua.
A publicidade regular que o governo precisa manter
nos jornais é remunerada pelo processo administrativo que
começa pela autorização escrita e conclui na pagadoria do
Tesouro. O «depósito especial» paga o artigo de fundo, paga
o suborno sistemático do mercenário.
A manobra do «depósito especial» é, no gabinete do
ministro, clandestina e fraudulenta.
Os documentos, que hoje publicamos, são recibos de
um jornal português, da paga das opiniões de seu foliculário;
outro é de um jornal inexistente que nem faturas impressas
tinha para suas fintas, assinado pelo incorruptível parlamentar
que quer esmagar os jornais independentes...
Outro é de um conto de réis. por serviços gratuitos.
que um cidadão prestou ao ministério. Outro é de fotografias
do próprio Sr. Alexandrino, que seu secretário precisava ter
na secretaria, para fins de propaganda!
Assim o honrado ministro Alexandrino malbaratava os
dinheiros públicos, preparando a sua reclame pessoal,
soltando os foguetes pelas próprias glórias à custa do Tesouro!
Foi este processo de corrupção sistemática que deu em resul-
tado a desmoralização da autoridade na marinha, o afrouxa-
mento da disciplina, a revolta e a anistia.
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO 97

Se o Sr. Alexandrino não tivesse a preocupação de


lisonjear a própria vaidade, de satisfazer a sua ambição
crescente, se não pusesse esse apetite acima de todas as
coisas, resumindo nele todo o exercício de seu cargo, o
Sr. Epitácio Pessoa não teria ocasião de vir atribuir aos jornais
a indisciplina que reside exclusivamente na leviandade e na
inconsciência de certos chefes militares.
Tudo nos induz a crer que a Marinha vai finalmente
entrar em um caminho de regeneração técnica. A atmosfera
em que vive a nobre corporação se vai transformar como
por encanto. O mal tão aparente que nela nos répugna não
interessou as molas profundas do organismo, que não se
deixou nem se deixará corromper.
A marinha repeliu energicamente a manobra pouco
inteligente do Sr. Garnier e riu-se da esperteza trapalhona
do Sr. Alexandrino, que quis comer a fatia pelas duas pontas.
Toda esta tranquibérnia de gananciosa politicagem vai
desaparecer com os últimos despojos deste quatriênio infecto.
Brevemente, quando os negócios da Paraíba estiverem
resolvidos, o próprio Sr. Epitácio Pessoa será o primeiro a
reconhecer, com a sua clara inteligência, que a indisciplina
das classes armadas não se pode mascarar com a fútil indig-
nação produzida pela troça de estudantes. Que essa indisci-
plina é. pelo contrário, o fruto legitimo de quatro anos de
incursões militares, coroando um longo período de decadência
e inatividade técnica.
O remédio para corrigir a indisciplina é fácil e eficaz.
Basta que se restabeleça a administração honesta. Basta que
o caráter volte a subir das fileiras, dos navios, dos quartéis
para alguns altos postos de comando, de que desertou. Basta
que o «depósito especial» pague carvão, pólvora e bala, em
vez de se escoar para os bolsos dos gazuas, para pagar retratos
dos ministros ansiosos de vaidades e de toleima.
A reunião militar revelou um mal extenso mas pouco
profundo. O remédio não está nas declamações eloqüentes
do senador Epitácio. mas na aplicação de um específico de
honestidade, patriotismo, amor à farda e à profissão.
Basta de cameleão.
98 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

A PROBIDADE INDIVIDUAL
. . . A probidade individual é cousa muito grave
e muito séria; é o cabedal mais rico do homem de
honra e como tal tem direito a exigir a máxima consi-
deração e respeito de todos aqueles que não querem
ser publicamente confundidos, de todos aqueles que
não querem ver-se condenados como levianos ou
difamadores pelo juízo severo da opinião pública.
— Discurso em 11 agosto 1891 —
EPITÁCIO
Anais [da] Câmara dos Deputados, v. II, p. 168.

MUDAR DE OPINIÃO

EPITÁCIO (falando sobre reconhecimento de


poderes):

«Para o fim que tenho em vista, basta-me


declarar que divirjo da opinião admitida no voto
em separado pelo ilustre representante do Ceará e
que, entretanto, foi em algum tempo a minha opinião,
e aceito a doutrina consagrada no parecer da maioria
da comissão.»
Anais da Câmara dos Deputados, 1893, v. II,
p. 483, sessão de 13 de junho.

EPITÁCIO CONTRA FLORIANO


Não sei, Sr. presidente, que surpresas ainda nos reserva
o governo do Sr. marechal Floriano Peixoto.
S. Ex* veio restituir ao pais o domínio da lei, e a lei
em suas mãos tem-se convertido em instrumento dócil de
ARTIGO 6° DA CONSTITUIÇÃO 99

seus caprichos e conveniências, em clava assassina para os


adversários, em manto tutelar para os validos.
S . Ex» VEIO RESTITUIR ao país A MAIS SEVERA ECONOMIA
DOS DINHEIROS PÚBLICOS, e OS DINHEIROS PÚBUCOS TÊM-SE
ESCOADO EM DispÊNDios criminosos e presentes imoralíssimos,
e a bancarrota ameaça o Tesouro etc.

O n d e a coerência e seriedade desse governo, se depois


de haver dito à nação que se postara às portas do Tesouro
como sentinela fiel, TEM MENTIDO à confiança nele posta,
xnalbaratando os dinheiros públicos em misteres inconfes-
sáveis . . . etc., etc.

Discurso em 24 de julho de 1893.

Anais da Câmara, v. III, p. 434.

RESISTÊNCIA POPULAR

Embora todo o povo baiano se insurgisse, diz


Epitácio, — «não é lícito esse meio de reivindicar
direitos».
Resposta, aqui, dele mesmo, a este seu dogma
de meia cara.
O Sr. EPITÁCIO lê vários telegramas da Paraíba
«-» sobre violências policiais contra a imprensa.
EPITÁCIO — Sr. presidente, estes fatos não se comentam.
O u a lei é uma validade e a autoridade deve ser a primeira
a prestigiá-la e cumpri-la, ou então, muna-se cada cidadão
de um bacamarte para se precaver contra as investidas do
poder público.

Anais da Câmara, v. VII, p. 81, 5 novembro 1892.


100 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

OS SÍRIOS DO ESPÍRITO SANTO MANDADOS


REST^TUIR PELO EPITACIO AOS SEUS
DOMICÍLIOS

N a Bahia manda banir brasileiros.

«Telegramas . . . um dirigido à Presidência da Repú-


blica, noticiaram a alteração ordem Vila Itapemirim. no
Estado [do] Espírito Santo, verificada pela agressão feita
por turbulentos contra os negociantes sírios ali estabelecidos
em grande número, e que FORAM COMPEUDOS A ABANDONAR
SUAS CASAS de residência e de comércio e a embarcar preci-
pitadamente com suas famílias para esta cidade.
«Por essa razão, expediram-se telegramas, a 19 e 23
do mesmo mês, ao presidente do Estado, ao juiz federal e
ao procurador seccional, no intuito de colherem-se infor-
mações exatas sobre os fatos, e requisitando providências
para que fossem dadas GARANTIAS DE VOLTA aos ditos
negociantes, a fim de serem empossados de suas propriedades.»
Relatório do Ministro da Justiça, de 1899 — p . 9

O EPITACIO SUSTENTANDO AS MINHAS


PROPOSIÇÕES
de que
«o governo pode intervir, sem requisição, para
fazer respeitar a liberdade d e imprensa» e, portanto,
os demais direitos individuais garantidos no art. 72
da Constituição
e
para fazer respeitar, não só as sentenças, mas
a s Leis federais.

!•

Sobre o governo da Paraíba — ataque à im-


prensa paraibana.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 101

EPITÁCIO — O governador foi nomeado pelo Sr. mare-


chal Floriano Peixoto, conforme ele próprio declarou na
mensagem que dirigiu ao Congresso paraibano, e ultimamente
foi eleito pelo povo; mas eleito aqui é um modo de dizer.
A vista da indiferença com que S. Ex* vai consentindo. . .
França Carvalho — V. Ex* ora censura porque o
governo intervém, ora porque não intervém. Realmente é
forçoso confessar que é difícil contentar ao nobre deputado.
EPITÁCIO — Não há razão para o aparte do nobre
deputado. O governo (p. 79) federal pode intervir em
qualquer Estado, mesmo organizado, mesmo definitivamente
constituído, para fazer efetiva a Constituição federal; é do
art. 69 da Constituição, que V. Ex* não tem o direito de
desconhecer.
França Carvalho — Pelos termos da Constituição, ele
não pode fazê-lo ex autoritate propria: é preciso que o
governo do Estado requisite.
EPITÁCIO — V. Ex9 não tem presente a disposição
constitucional e tomo a liberdade de lhe pedir que releia
a Constituição. O art. 6" só exige a requisição do gover-
nador do Estado, quando a intervenção se tenha de dar
para o estabelecimento da ordem e da tranqüilidade
públicas.
França Carvalho — Em que termos quer que ele
intervenha?
EPITÁCIO — Quero que ele intervenha para fazer efetiva
a Constituição federal, que está sendo desrespeitada no
art. 11 § 2" que garante a liberdade de imprensa em todo
o território da república.
Anais da Câmara — v. V I I *- S e s s ã o d e 5
n o v e m b r o , 1892 — p . 79 e 8 0 .

2*
Para fazer respeitar as leis federais.
Intervir, p a r a fazer a c a t a r as leis.
p . 81 — ( 5 n o v e m b r o )
102 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Repetia Epitácio Art. 72 § 11


5 novembro 1892. — v. VII — p . 81. Anais da
Câmara.
EPITÁCIO — Sr. presidente, não preciso reproduzir aqui
artigos da Constituição que são por todos nós conhecidos.
Não tenho necessidade, pois, de dizer que, pelo art. 12, § 11
da Carta Constitucional, é garantida, em todos os assuntos,
a livre manifestação do pensamento pela imprensa e pela
tribuna, independentemente de censura, sujeitando-se cada
qual pelos abusos e pelo modo estabelecido na lei. Não
tenho igualmente necessidade de dizer que, em face do
art. 69, § 4 ' da Constituição, o governo da União tem
o dever de velar pela guarda da Constituição e fazer efetivas
nos Estados as leis de caráter federal.

A V A I D A D E EPITACIANA

Por que, fazendo tanta questão de se lavar da


tacha de ter violado a Constituição no art. 69, não
gastou uma palavra em se justificar de a ter trans-
gredido em tantos outros, quatro ou cinco?
Porque o conculcar a Constituição, ou ver-se
argüir de a ter conculcado, pouco lhe importa.
São atos de grandeza, de soberania, de governo
pessoal, de rasgado absolutismo, que lhe magnificam
a individualidade, que o equiparam aos heróis da
força, aos grandes subjugadores de povos, aos intré-
pidos esmagadores de constituições, e, destarte,
magnificando-o aos próprios olhos e aos dos admi-
radores do poder emancipado, lhe lisonjeiam o
amor-próprio.
Ao passo que a increpação de haver errado na
inteligência de um texto constitucional, de o não ter
sabido entender, arranhando-o no conceito de juris-
consulte, de mestre na ciência das leis, o rebaixa das
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 103

alturas de oráculo jurídico às contingências de mero


mortal, arriscado a claudicar, a ignorar, a passar
por censura nas suas opiniões.
Esse desmentido público à sua infabilidade,
não o tolera o delírio da autoridade na situação baju-
lada, em que se saboreia há meses e ainda por meses
se desvanecerá.
Ilimitabilidade, irresponsabilidade, infalibili-
dade, são os três elementos do poder pessoal, que,
em decaindo num deles, já não está seguro de se
agüentar nos outros.
Do crime de haver transgredido a descoberto e
conscientemente a Constituição pouco a ele se lhe
dá. Mas com a suspeita de erro, quando a inter-
preta, argumentando a sério para coonestar o seu
ato com as solenes aparências de legalidade e sabe-
doria, não se acomoda a vaidade, o orgulho, a into-
lerância, em que o estonteia a vertigem do poder
adulado.
Não cuide o Sr. Epitácio que eu me sinto
magoado com os seus desdéns. Ainda quando eles
me pudessem humilhar, seria de agradecer como
salutar expiação dos meus erros. Não porque as
arrogâncias presidenciais tenham mais importância
ou mais eficácia de humilhação que os outros. Mas,
porque, sendo o espetáculo da vaidade oferecido,
assim, ao mundo inteiro pelos maiorais dentre os
grandes, mais ao vivo mostram aos pequenos da
minha marca ínfima quão miserável é a grandeza
humana, e quão baixo estão os que mais alto se
cuidam.
Abater-me, porém, isso não, que porquanto não
se poderia abater quem tão abatido já se acha na
consciência do seu nada. Tanta, Sr. Epitácio Pessoa,
104 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

tanta chega ela a ser em mim, que me não julgo


melhor nem mesmo do que um presidente da repú-
blica no regimen brasileiro.

19J ARCAÍSMOS

Palavras arcaicas. Não se devem repudiar.


São tesouros do idioma esquecidos que sobram à flor
da terra, dando testemunho das variedades insus-
peitáveis da sua opulência, sepultadas no desuso.
Por que só algoz, se temos carrasco? Por que não
verdugo? E saião também? Mas, se eu, num dos
meus acessos de arcaísmo filológico, em vez de car-
rasco, algoz, ou verdugo, exumasse o antigo saião,
não poderia vir a dar-se que essa mania de entrever
ataques ao lar doméstico em certas liberdades naturais
à palavra me acusasse de estar desvenerando lares,
melindrando famílias, e mexendo com as cinzas de
antepassados?

O s mais caipiras, os mais lansudos, os mais


ursos, colocados no poder, vêm a tornar-se às vezes
os que mais presumem de elegâncias, e idolatram o
protocolo. Petrônios. Calças de Alecrim. Ba-
nharão e Paraíba.
MINISTROS
— Mulana ( ant. ) : espécie de ministro da
Justiça entre os moiros.

[10] A MINHA INCOERÊNCIA


Em 1913

— O direito de mudar de opinião.


V . 12, p. 139
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 105

— Não era verdadeira em 1913 a increpação


de tal mudança. Eu negava, então, ao poder exe-
cutivo a competência para nomear interventores.
Mas a reconhecia ao Congresso, lb., p. H1-45.

— Demonstração de que o Congresso tem o


direito de constituir interventores. (Feita por mim
em 1913), v. 12, p. 155-165. 166-171.

— Com as mesmas razões, com que eu, então,


provei que o Congresso tem essa atribuição, nos
casos em que lhe cabe intervir, se demonstra que ela
pertence também ao executivo, nos casos em que é
deste, e não daquele a função interventiva.
V. notas sobre «poderes implícitos».

— «Sempre me repugnou este meio de salvação


constitucional.» Mas tenho cedido à necessidade,
quando inevitável.
V . 12, p. 186.

— O que eu pedi agora, no caso da Bahia, é o


mesmo que eu propugnava no do Amazonas, propondo
um novo apelo à própria população do Estado, desde
que a nova eleição não se realizasse sob a direção
do governo estadual.
V . 12, p. 187.

— Consideram positivo e definido o caso do ar-


tigo 69, n. 3. Mas Filgueiras sustenta ser o mais
complexo. ( Documentos Parlamentares, III, 335m. )

— Sustenta Filgueiras, outrossim, que é o


único que pode depender de ato legislativo, quando
se ache reunido o Congresso. V. III, 335.
106 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Variações maiores são as de um grande


constitucionalista na mesma obra. BARBALHO nos
seus Comentários. Documentos Parlamentares, 3 1 3 .

DOCUMENTOS PARLAMENTARES

— 1906. O caso de Mato Grosso, segundo a


própria mensagem que solicitava a intervenção.
V . 6', p. 155-6.

A mensagem. Ib., p. 145.

— Ali, um movimento pela liberdade contra o


governo.
Ib., p. 150, 154.

«— Já então Rodrigues Alves declarava não


hesitaria em nomear ele mesmo, na ausência do
Congresso um interventor.
lb., p. 145. ~ V . 4. p. 73.

— Estava eu impressionado ainda com a inter-


venção de Canudos, cuja memória invoquei no meu
discurso.
Ib., p. 164-6.

— Há casos, em que as resoluções «são neces-


sárias, humanas e dignas.» Ib., p. 168-9.
Nobreza do movimento de Mato Grosso.
Ib., p. 174.

— O caso então era judiciário, lb., p . 170,


172, 174 f.
ARTIGO 6 o DA CONSTITUIÇÃO 107

— «Não conheço a entidade do interventor.»


lb., p. 171.

i— Mas a esse motivo juntava eu outro para


negar a medida solicitada: o de que ela, em vez
de pacificar, renovaria a conflagração, lb., p. 170-71.

— Desvarios da nossa jurisprudência parla-


mentar quanto a intervenções. Um exemplo: uma
intervenção para se opor a uma execução de
sentença federal.
V. 8, p. 119-20.

— Palavras minhas a esse respeito em 1914.


lb., p. 180.

— 1913. O Estado do Amazonas, definido ou


descrito.
V . 12. p . 117.

— Propus a intervenção no Amazonas, sem me


embaraçar de que a medida significasse um ato de
confiança no governo, de que eu era o mais intran-
sigente adversário.
Ib., p. 118, 136-7, 151.

— E indiquei para interventor o filho do


Hermes.
Ib., p. 119.

— A minha coerência: surgindo um caso


destes, toda gente sabe de antemão o meu sentir.
lb., p. 13.
108 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— O s «anarquistas.» Ib., p. 28.

— «Como político sou apenas o eco dos clamo-


res do país, da raça e do povo, a que pertenço.»
Ib., p. 95.

— As intervenções militares. Com essas não


há escrúpulos. Quando eles aparecem, é a respeito
das civis. Palavras minhas em 1913 — V . 12,
p. 165.

— Coelho Rodrigues dá por obrigatória,


quando o caso é «inequívoco», mas não, se é
«duvidoso.» Documentos Parlamentares, I, 423.

Mas quem julga se é uma ou outra coisa?

— Prudente não considera de intervenção os


casos de duplicatas de governos e congressos.
Documentos Parlamentares, I, 293. (Prudente, o
Presidente ).

— A expressão ordem, no art. 6*, não se refere


à ordem constitucional, mas só à ordem material.
V . 3', 447. V . 155.

Contra :

— Também diz respeito à ordem constitucional.


Documentos Parlamentares, V, 294-5.

— O caso de Mato Grosso, julgado por Galeão


Carvalhal.

Foi uma deposição.


ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 109

Se não cabia ali a intervenção, a disposição


constitucional é letra morta.
V. 3, p. 448.
(V. variações do Epitácio).

— Coelho Campos e Sales dão como de unâ-


nime consenso que a intervenção nos casos de quebra
da forma republicana é privativa do Congresso.
Documentos Parlamentares, I, 379 f.
— Quintino o nega. Ibid.
— Ramiro não admite recurso ao direito ame-
ricano. Documentos Parlamentares, I, 391.
— A Constituição rio-grandense é uma das
mais constitucionais da república, diz Ramiro.
Documentos Parlamentares, I, p . 393.

Opinião de Campos Sales. Documentos Parla-


mentares, I, 308.
Opinião contrário de Epitácio. V . II, 143.
144. 145.
De Gonçalves Chaves I, 324.

— «Andamos ainda às apalpadelas. Não temos


jurisprudência nossa.» Documentos Parlamentares,
I, 386 f.
— Jurisprudência dos outros povos. Campos
Sales e Quintino sustentam não se dever apelar para
«Ia. Documentos Parlamentares, I, 312.
—* Regulamentação. Documentos Parlamen-
tares, I, 287, 289, 305, 320, 402, 404 f. 554. II. 60.
110 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Despropósitos do Campos Sales. Documentos


Parlamentares, I, 287, 308, 309.

— Idem, do Quintino. Documentos Parla-


mentares, I, 364.

— Anfilófio: do Congresso nos casos do


art. 69, n. 1, 2, c 4, do Presidente, no mesmo artigo,
n. 3. V. 3, p. 471.

— Compete ao executivo nos casos do art. 69,


n. 1 e 3. V. 5, p. 11.
— Em Pernambuco ( 1893 ) havia duas magis-
traturas, dois poderes executivos e dois poderes
municipais.
Entretanto sustentava João Barbalho que o
governo federal não tinha o direito de intervir.
Documentos Parlamentares, II, 63.

[11] OS ESTADOS GRANDES SOBERANOS


NA POLÍTICA NACIONAL

Constituinte — Sessão em 29 de janeiro de


1891

EPITÁCIO — Senhores, na primeira discussão


tive a honra de apresentar-vos e justificar uma
emenda referente à igualdade das representações
dos Estados, pela qual chegava até a unidade do
corpo legislativo.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 111

Não venho restabelecer a emenda e, sem querer


fazê-lo, peço, entretanto, licença para chamar ainda
uma vez a vossa atenção sobre essa parte do projeto.
O projeto constitucional, a meu ver, labora em
completa confusão e incoerência. Se ele se funda
na teoria de que a Câmara representa o povo e, por
conseqüência, o número de seus membros deve ser
proporcional ao número da população, e, que o
Senado representa os Estados e por conseqüência
o número dos senadores deve ser igual para todos os
Estados, porque estes têm iguais direitos, perante a
União, neste caso, se se pode estabelecer esta distin-
ção tão clara e tão precisa entre interesses do povo
e interesses dos Estados, é conseqüência lógica que
os representantes desiguais do povo não possam
decidir de assuntos relativos exclusivamente aos
Estados, cujos interesses são iguais, e vice-versa, os
representantes iguais dos Estados não possam decidir
de assuntos exclusivamente referentes às populações,
cujos interesses são desiguais.
Se assim não se faz. temos por terra toda a
fictícia teoria em que se funda o projeto, temos o
direito das populações que é desigual dependente
do voto igual do Senado, e o direito dos Estados
que é igual dependente do voto desigual da Câmara
dos Deputados.
Constituinte. Anais, v. II, p. 610.

Creio que Stuart Mill, diz que três são as con-


dições indispensáveis para que uma federação possa
conseguir os seus fins: a primeira é que haja a mais
completa identidade de raça, de religião, de costumes
entre as populações federadas; a segunda é que
nenhum dos Estados estejam em condições de repelir
112 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

por si só qualquer agressão estrangeira; e a terceira


é que não haja grande desigualdade de forças entre
os diversos Estados.
A respeito desta última condição, diz ele, que é
essencial que não haja um Estado tão superior aos
outros, que possa lutar com muitos deles reunidos;
se há um nestas condições, ele quererá dominar as
deliberações comuns, e, se existe mais de um, quando
estiverem de acordo, tornar-se-ão irresistíveis, e
quando não estiverem, haverá choque de interesses
entre eles, haverá encarniçada luta pelo poder
público, e isto entorpecerá o progresso do país e
dificultará a marcha dos negócios sociais.
Pois bem, no Brasil é o que se vai dar; os
Estados grandes disputarão entre si a gestão dos
negócios públicos, e os Estados pequenos, arras-
tando uma vida inglória e obscura, não hão de ter
a mínima interferência nos negócios de nossa pátria,
hão de ser sempre esmagados pela enorme superio-
ridade com que aos outros dotou a Constituição
do pais.
Discurso de 29 janeiro 1891.
Anais da Constituinte, v. II, p. 611.

[12] DIFERENÇAS ENTRE A CONSTITUIÇÃO DOS


ESTADOS UNIDOS E A BRASILEIRA QUANTO À
INTERVENÇÃO FEDERAL NOS TEXTOS
QUE A REGULAM

Art. 4 secç. 4 da Constituição americana.


2 — A americana é imperativa. i
A nossa facultativa.
ARTIGO 6° DA CONSTITUIÇÃO 113

3 — A americana exige que a requisição parta


do corpo legislativo do Estado e só admite que do
executivo, quando aquele não puder ser convocado.
Texto da Constituição.
Federal aid in domestic disturbances, p . 257, pr.
Todos os autores.
9 — A «violência doméstica» da americana
significa somente insurreição.
Documentos Parlamentares, v. I, p. 400.
1 — A americana diz que os Estados garantirão.
A brasileira que o governo federal.
10 — Invasões, nos Estados Unidos, são
invasões estrangeiras. PASCHALL. CALVO: Dig.,
v. I, p. 506.
— 4 — A nossa fala em ordem pública. Esta
expressão carece de sentido legal. BARRAQUERO,
184, m.
— 5 — A fórmula argentina define os carac-
teres da forma republicana. BARRAQUERO, 186.
—- 6 — Outras diferenças. BARRAQUERO, p. 187,
2,3.
— 7 — Segundo a Constituição argentina
intervir importa em absorver todos os poderes pro-
vinciais, até onde necessário seja. BARRAQUERO,
188, f.
— 8 — Ainda se entende na Argentina que
a intervenção requisitada se limita aos casos de
deposição. ARAYA, p. 168, pr.
114 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— 11 — A nossa Constituição acrescentou o


o
n. 4 . Documentos Parlamentares, v. I, p. 548.

— Na argentina os casos são três; aqui, quatro.


Documentos Parlamentares, v. I, 322.

— N a argentina (art 69) só intervém (à


requisição) para manter ou restabelecer as autori-
dades, se houverem sido depostas pela sedição ou
invasão.
Aqui (art. 69) os casos de requisição, muito
mais amplos, abrangem todas as situações, em que
seja mister restabelecer a ordem e tranqüilidade
pública.

— B U L H Õ E S pretende que o nosso art. 6* vem


da argentina. Documentos Parlamentares, I, 296.
QUINTINO, que da americana. Ibid.
CAMPOS SALES e GONÇALVES CHAVES, que
das duas. Documentos Parlamentares, I, 322.

— Quase reprodução da americana. V . 4,


p. 299 (AZEREDO).
— Muito diferente, lb., 299 ( M O N I Z F R E I R E ) .

— Nos abusos, entre nós, se chegou à equipa-


ração do estado de revolta ao de guerra externa.
Documentos Parlamentares, I, 290.
Examine, a respeito, o Código Epitácio.

— A Constituição brasileira, no art. 69, fun-


dou um sistema seu, diverso dos outros. Documentos
Parlamentares, III, 343.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 115

«—» Melo Franco mostra as diversidades pro-


fundas, que existem na nossa Constituição para a
dos Estados Unidos e a da Argentina. Documentos
Parlamentares, V, 194-6, 198-201 pr. 226.
lb., 202 (Filgueiras) 226.

— A Constituição argentina muito mais inter-


vencionista que a nossa. V . 225 m. ( M E L O F R A N C » ) .

~ PRUDENTE [DE MORAIS] FILHO: — «O


art. 6* da Constituição federal é completamente dife-
rente do da argentina. Este não é a sua fonte.»
Documentos Parlamentares, v. 9, p. 158 e 159.

— LUCIANO PEREIRA, concordando, diz:


«Completamente, não.»
Mas, em seguida, mostra as grandes diferenças.
Documentos Parlamentares, v. 9, p. 158-9.

— Diferenças entre a Constituição argentina e


a americana.

ESTRADA, V. 3 9 , p. 154 f. — 155 m. f. — 159 f.


— 60, 160 f. — 161, n. 137. Documentos
Parlamentares, IX, 77 f. 7S.

ESTRADA: La política liberal y la tyrania


de Rosas. Buenos Aires, 1917. p. 239-40.

— A garantia da Constituição brasileira não


tem semelhança alguma com a da Constituição brasi-
leira . * Documentos Parlamentares, v. ÏX, 69.
'(*) Nos Documentos Parlamentares está: c.. .com a da Constituição
americana.»
116 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

[ A Constituição brasileira, ao contrário da ame-


ricana, não encontrou nas províncias, já estabele-
cido, um governo republicano, que ela precisasse
garantir;. . . ]
(MELO FRANC») V . refro, p. 3 .

— E ainda se distingue mais profundamente da


da argentina. lb„ v. 9, p. 70 ( M E L O F R A N C O ) .
V . retro, p . 3 .

— A R N O L F O A Z E V E D O reconhece que as cons-


tituições americana e argentina, quanto ao n. 2 d o
nosso art. 69, «não são perfeitamente idênticas».
Documentos Parlamentares, IX, 81 pr.

— «La question de si por ei hecho de haber


a d o p t a d o Ia forma de gobierno americana se ha
a d o p t a d o à la vez su propia doctrina y jurispru-
dência constitucional h a sido ya definitivamente
resuelta en sentido afirmativo, para aquellos casos,
vuelvo à decirlo, en que los textos de que se trate
sean substancialmente iguales.»
JUAN A. GONZALEZ CALDERÓN: Derecho
Constitucional argentino, T . I, 1917, p. 385.

Gonzalez Calderón torna ao assunto, na página


imediata, dizendo que se deverá utilizar ali essa
jurisprudência
«en todo aquello que no hayamos querido alte-
rar por disposiciones peculiares». É ele mesmo que
sublinha, insistindo:
«Deberán tenerse muy en cuenta esas diferen-
cias y disposiciones peculiares de nuestra constitu-
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 11 7

ción, porque como dice la misma Corte» [a Suprema


Corte argentina] «si bien es cierto que hemos adop-
tado un gobierno que encontramos funcionando,
cuyos precedentes y cuya jurisprudência deben
servimos de modelo, también Io es que en todo Io
que expresamente nos hemos separado de aquél,
nuestras instituciones son originales y no tienen
más precedentes y jurisprudência que los que se
establezcan en nuestros propios tribunales.»
Ib., p . 386.

«De manera que la utilización de la jurispru-


dência de los Estados Unidos y su aplicación à las
cláusulas de la nuestra, tiene que ser muy cuidado-
samente elegida, para determinar primero si real-
mente concuerda la cláusula citada con la que trata-
mos de aplicar, y luego, si su texto literal estuviese
conforme, siempre habia que averiguar si la inter-
vención de los autores que lo redactaron, y la de los
constituyentes que lo adoptaron entre nosotros, fué
darles ei mismo sentido literal originário u otro
espiritu o alcance mucho más extenso.»
(J. V. G O N Z A L E Z : Debates constitucionales.
1904, p. 51-2.)

Diferenças entre a Constituição argentina


e a americana
quanto à intervenção
( M O N T E S DE O C A ) T. I

— Não adotou à letra a americana — nem


quanto às autoridades competentes, para decidir a
intervenção —- nem quanto às que a devem pedir.
P. 251. pr.
118 OBRAS COMP LETAS DE RUI BARBOSA

QUADRO COMPARATIVO (INTERVKNÇAO)


[13]
Emenda/ aprovadas
Projeto de Constituição pela comissão eUiia Emendas rejeitadas
dos para dar parecer ou prejudicadas.
Estado* Unidos do Brasa sobre o projeto

Art. 5.»
O governo federal n l o Ao art. 5.* e no n, Ao n. 3 do art. 5.»
poderá intervir em negó­ 3.°, depois da palavra — Em vex da exprès»
cios peculiares aos Esta­ — tranqüilidade — di­ s5o — dos poderes lo­
dos, salvo; ga­se — nos Estados à cais ■— diga­se — do
!.• P ara repelir invasão requisição dos respec­ governo do Estado ou
estrangeira, ou de um Es­ t'vos governos. de sua Assembléia Le­
tado em outro; gislai íva. — Virgí
l io
Damásio.
2.° P ara manter a for­
ma republicana federati­
va;
3 . ­ P ara restabelecer a
ordem e a tranqüilidade
noa Estados, à requisição
dos poderes locais;
4." Para assegurar a exe_
cuçSo das leis do Congres.
s o e o cumprimento da
sentenças federais.

Anais da Constituinte, sessão de 10 de dezembro de 1890, p. 88

IH] NOTA AO 19 ARTIGO

~ A propósito dos atos arbitrários que o pre­


sidente, por meio do general praticou na Bahia»
violando a C onstituição:
Ainda mesmo quando se trate de restabelecer
a forma republicana, e dar nova organização ao
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 119

Estado, como no caso do Texas durante a guerra


de separação ( 1865 )
(Sentença de Chase, Texas v. White, 7 W a l -
lace, 721. 19 L. E d . , 238-9.)
Luís VARELA: Estúdios, p. 262.

— A propósito disso (em epígrafe?) o Brasil


e a Turquia.
ERICO COELHO. Documentos Parlamentares,
v. 4, p. 316-17.

[15] A IMPACIÊNCIA DE EPITÂCIO COM A


CONSTITUIÇÃO

Para o lç capítulo

— O discurso da Associação Comercial.


Procurá-lo.

— O editorial do Correio da Manhã em 20 de


junho.

— A nota do mesmo jornal em 22 desse mês.

— O regulamento da higiene.
Procurar o artigo do Alberto Cunha.

— O ataque do Epitácio ao Supremo Tribunal


por ter consignado, reproduzido ou transplantado
no artigo do seu regimento a disposição constitu-
cional relativa aos tribunais regionais.
V . nota d'A Noire.
Î20 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

[16] OS DESDÊNS DO EPITACIO COMIGO

V. a sua obra: A fronteira oriental do Amazonas


Rio, 1917.
Logo no frontispício: a dedicatória a mim.

N. 21, p. 63:
«O príncipe dos nossos constitucionalistas, o
autor mesmo do projeto da Constituição, aprovado,
nesta parte sem alteração, pelo Congresso Consti-
tuinte, de que foi membro também, liquida a contro-
vérsia com esta admirável clareza e precisão.»
(Refere-se aos arts. 4* e 34, n. 10: território
e limites dos Estados.)

N . 21, p. 66:
«E, por último, esta síntese luminosa.»

— N. 81, p. 118: « . . . citados pelo Sr. Rui


Barbosa na obra extraordinária que escreveu sobre
a reivindicação do Acre pelo Amazonas.»

— N . 128, p . 159. Cite todo.

— N . 130, p . 160 : « egrégio homem


público...»

— N. 326, p. 331: «o Sr, Rui Barbosa chega,


no seu notável trabalho, a esta conclusão fulminante.'»

— N. 3-42, p. 343: «Sobre o assunto aqui


temos a palavra autorizada do Sr. Rui Barbosa.»

*
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO }2í

«Sem falar da minha ação como homem de par-


tido, em que a minha dedicação e lealdade não pede
meças às de quem quer que seja, pois delas não me
aproveitei jamais, ouso rememorar, em abono do
mandato que hei exercido até este momento — os
meus esforços eficientes em favor da promulgação
do Código Civil, os meus trabalhos da Comissão de
Legislação e Justiça, que tive a honra de presidir, a
minha colaboração decisiva na lei de cheques, na
lei de extradição, na recente lei de alistamento elei-
toral (do que me penitencio), na lei que mandou
organizar os projetos de Código Penal e de Código
Comercial, o meu empenho pelo estudo do projeto
deste código, a cuja Comissão Especial tenho a
honra de presidir, a minha contribuição nos trabalhos
da Comissão de Finanças, como relator dos orça-
mentos da Marinha, da Viação e, interinamente, da
Agricultura e do Interior e, agora, como relator da
Receita. A MINHA INTERVENÇÃO nas memoráveis
discussões de direito constitucional, aqui travadas,
desde 1908, nas quais só me penitencio, com
verdade, da culpa de ter, por vezes, ousado con-
trariar, como intérprete da opinião da maioria do
Senado, que me apoiava, a do excelso representante
da. nossa cultura e da nossa mentalidade, o incom*
parável Sr. Rui Barbosa,

'Maestro dl color che sano...


Tutti l'ammiran, tutti onor gli [armo'.» ( * )

(•) SSo os versos 131 e 133 de DANTE, no Inferno, c. IV, onde


o florentino alude a Aristóteles:
«Poi che innalzai un poço plù le dglia,
VidI il maestro di color che sano
Seder tra filosófica famiglia.
«Tutti Io mi ran, tutti onor gli fanno.>
122 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

JOÃO L U Í S A L V E S : Discurso 26 agosto 1918.


Diário do Congresso, 27 agosto 1918, p. 2.617.
*

— «MADISON, COOLEY e Rui BARBOSA.»


Documentos Parlamentares, v. 5*. p . 14, 121.

— « O Sr. Rui Barbosa, cuja competência é


sem par nestes assuntos.»
(EPITÁCIO): V . 7, p. 36. ( « O maior dos
nossos constitucionalistas») P R U D E N T E . Documentos
Parlamentares, X I , 160.

« O maior dos constituintes brasileiros». « O


maior dos constituintes vivos.» JOÃO L U Í S , V. 12,
p . 133-4.
João Barbalho.

—. A minha autoridade.
E m que termos eu a invoco
E m que termos a invocam, e quando
V . S\ p. 90.
V e r hic, p . 6

Versos que LITTRÉ. cm francês da mesma época assim verteu:


«Puis, regardant un peu plus loin aval.
Je vi le mestre de ceux qui ont science
Seoir parmi la gent philosophai.
cA lui tuit porten honor et reverence.»
(EMILE LITTRÉ: Dante. L'Enfer mia en vieux langage feançois.
Paris, 1879.)
O nosso Xavier Pinheiro os tirou cm linguagem deste modo:
«Alçando os olhos, de respeito entrado,
O mestre vejo dos que mais se acimam
Em saber, de filósofos cercado.
«Todos com honra e acatamento o estimam.»
(A Divina Comédia. Tradução brasileira. Inferno, p. 50).
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 123

«O eminente mestre, o maior dos nossos consti-


tucionalistas, o senador Rui Barbosa.» M E L O FRAN-
CO. Documentos Parlamentares, v. 5, 194.
— VIVEIROS DE CASTRO: Estudos de Direito
Público, p. 172: «Depois de transcrever um parecer
de Rui Barbosa, seria tão desrespeitoso quanto
inútil insistir no assunto: 'Roma locuta est'.»
V. ainda, p. 327.
Ainda, a p. 559: «O pontífice máximo do cons-
titucionalismo pátrio, Rui Barbosa. . . » E repete que,
falando ele, «Roma locuta est».
—\ ARTUR LEMOS: «A máxima dentre todas
as autoridades constitucionais do nosso país.»
Documentos Parlamentares, v. VII, 5 1 .
Discurso [de] Epitácio, no Senado, em 15 de
outubro de 1914.
«O Sr. Rui Barbosa, cuja competência é sem
par nestes assuntos, assim se manifesta:
'Uma questão pode ser distintamente
política, altamente política, puramente
política, fora dos domínios da justiça e,
contudo, em revestindo a forma de um
pleito, estar na competência dos tribunais,
desde que o ato legislativo ou executivo
contra o qual se demanda, fira a Consti-
tuição rezando ou negando um direito nela
consagrado.'
«O Sr. Rui Barbosa, nesta como em muitas
outras matérias, é mestre incontestável. Só não o [oi
no caso da Bahia, em que o reduziram a discípulo
merecedor de palmatoadas.»
Correio da Manhã, 28 julho 1920, p. 2, col. 3*
J 24 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Rui Barbosa. . . pontífice máximo do nosso


direito constitucional.»
Correio da Manhã, 28 julho 1920, p. 2, col. 3*

[I7J FORMA REPUBLICANA DE GOVERNO

— 34 Cyc. 1.622.
— American and English Encyclopaedia, v. VI,
p . 1.006.
— 2 Dali 457. 1 L. E. 456.
— 139 U . S. 461, 462. 35 L. Ed. 224, 225.

— A forma republicana federativa desaparece


com os movimentos subversivos da ordem pública
num Estado, quando o seu governo os não pode
vencer.
Comissão [de] Constituição e Justiça da Câmara
em 1914. IX, 61.

— Essa garantia procede, não só contra as


desordens das facções e sedições, mas contra as usur-
pações dos governos.
Federalist p. 122, 2Ç.

— Exterioridades da forma republicana sem


a sua realidade.
Luís VARELA: Estúdios, p. 249-50.

— Para garantir a forma republicana federativa


também intervém competentemente o executivo.
Documentos Parlamentares, IX, p. 64-5.
I

ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 125

— A forma republicana federativa é a que


observa «os princípios constitucionais da União»,
que pelo art. 63 da Constituição, «os Estados devem
respeitar, nas constituições e leis que adotarem».
COELHO CAMPOS. Documentos Parlamentares, v. 4,
p. 356.
— Há violação da forma republicana federa-
tiva, em havendo dualidade [de] assembléias legis-
lativas. Documentos Parlamentares, v. 5, 103 f. (JOÃO
Luís) BARBALHO(*), ibid.
ESTÊVÃO LOBO, ibid. V. XI, 161-2.

V . contra, hic infra.


— Nas hipóteses dessa dualidade a intervenção
compete
1 ) havendo iminência de guerra civil, ao exe-
cutivo (n. 3 do art. 69);
2) não havendo perturbação da ordem, ao
legislativo enquadrando~se no art. 69, n. 2.
ESTÊVÃO LOBO. Documentos Parlamentares,
V, 236 3, 4.
— No art. 69, n. 2 não cabem as questões pro-
venientes de duplicatas de governos ou assembléias.
CÂNDIDO MOTA. Documentos Parlamentares,
V. 290-291.
— «Forma republicana de governo» não é o
mesmo que forma republicana federativa.
ARNOLFO AZEVEDO. Documentos Parlamentares,
v. 9, p. 76.
— Atos oficiais em que se substitui insistente-
mente as expressões constitucionais «forma republi-
c s Assim no manuscrito.
126 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

cana federativa» pelas de «forma republicana de go-


verno» .
Documentos Parlamentares, IX, 77, 2.
•— A forma republicana federativa do art. 6*,
n. 2, é exatamente o mesmo que com essas palavras
se indica na Constituição arts. 1* e 90, § 4 9 .
ARNOLFO AZEVEDO. Documentos Parla-
mentares, IX, 77, 79, 1.
— Barbalho sustenta que nessa disposição do
art. 6Ç n. 2 está compreendido também o gozo e efe-
tivo exercício das instituições locais.
Documentos Parlamentares, X, 313.
A forma republicana implica a realidade das
instituições que a constituem.
—» Ruling Case Law, v. 6, p. 43 (Não se
guarda forma republicana, quando não se mantém a
pureza das eleições).
— BARBALHO. Documentos Parlamentares,
v. I, p. 441-443.
— FILGUEIRAS. lb., p. 549.

Segundo FILGUEIRAS «A forma republicana


federativa» não é a forma interior do governo
de um Estado, mas a forma interestadual do
governo da União. Documentos Parlamen~
tares, III, 332, 333, V, 202-4.
V. infra M E L O FRANCO: V. 204. 210. 228
[FREIRE]
FELISBELO, v. V, 260: «No caso do § 2o, art.
69, a União só poderá intervir, para garantir
a indissolubilidade da União pela separação
dos Estados.»
ARTIGO 6Ç DA CONSTITUIÇÃO 127

*— Contra:

O Senado: V . 228m.
— V . supra, n. (nesta página)
— QUINTINO BOCAIÚVA, V, 265 f.-266.
— Forma republicana, quid?
Segundo a Constituição dos Estados
Unidos
— W H A R T O N , p. 631.

— Cyclopaedia of American Government,


p. 188.
— ORDRONAUX, p. 330.

~ W A T S O N , V. 2, p. 1287-9.
— BURGESS, I, p. 239. (É, sobretudo, «a forma
representativa». )
*-> HOLCOMBE: Sfare Government, p. 39.
— MUNRO: The Government o/ the United
States, p. 395.
— CHAMBRUN, 280-81.
— Federalist, 77. 270-71.
— TOWNSEND: Our Constitution, p. 203. (Pa-
lavras de Hamilton em 1788. )
— MARTINS JÚNIOR. V . 270.

— BEARD: American Government, p. 474.


— WOODBURN AND MORAN, p. 179.


128 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— W I L L O U G H B Y : Principies, p. 60-61.
— GARNER: Government in the United States,
p. 60.
— W I L L O U G H B Y : Rights, p. 72 («are elected»)
— COOLEY: Principles, p. 213-14.
~ G O N Z A L E Z , p. 765. G O N Z A L E Z CALDERÓN,
t. I, p. 389 e seg.
— BARRAQUERO, 177 f. 178.
— C U R T I S : História da Constituição, citada
por M I T R E : Arengas, p. 306.
— Documentos Parlamentares, I, 338-370.
— Documentos Parlamentares, V, 168-9 (Dis-
curso [de] Gordo e autores aí citados.)
— ESTÊVÃO LOBO. Documentos Parlamentares,
V, 236 1.
— Congresso Jurídico. Apud VIVEIROS, p. 543.
(COELHO ROIZ.)*
— Nos Estados Unidos, quando se fez a
Constituição, só se pensava, como formas anti-repu-
blicanas, na monarquia e aristocracia. STORY, V 2,
p. 593, n.
V O N H O L S T , p. 236.
M I T R E : Arengas, p. 303-5.
GOURD, V. 3, p. 477-9.
— Nunca houve «an authoritative definition».
V O N HOLST, p. 238.
— Não se considera republicana a forma de
governo, que não assegura aos cidadãos «completa
(*) Assim no original.


ARTIGO 6*> DA CONSTITUIÇÃO \29

liberdade e imunidade à opressão». V O N HOLST,


p. 240. not.
— Nunca houve nos Estados Unidos aten-
tado contra a forma republicana. V O N H O L S T ,
p. 241.
— Facultad, p. 154 f.
— Autoriza, p. 155, p. 156, n. 130.
— Está obligado, p. 158, 159.
— Puede, non puede, p. 156, n. 130.
— Puede, p. 157, n. 133.
— Não é mister que a forma republicana se
tenha mudado. Basta se tenha corrompido, e as
instituições se hajam abastardado. P . 156, n. 131
a 157 m.
— Forma republicana:
MONTESQUIEU.- De L'Esprit des Lois, liv. II.
c. 2. Oeuvres Complètes, éd. E D . LABOULAYE, t. III,
p. 102-3:
«Le peuple, dans la démocratie, est, à certains
égards, le monarque; à certains autres, il est le sujet.
«// ne peut être monarque que par ses suffrages,
qui sont ses volontés. La volonté du souverain est le
souverain lui même. Les lois qui établissent le droit
de suffrage sont donc fondamentales dans ce gou-
vernement. En effet, il est aussi important de régler
comment; par qui, à qui, sur quoi les suffrages doi-
vent être donnés, qu'il l'est dans une monarchie de
savoir qui est le monarque, et de quelle manière il
doit gouverner.
130 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Le peuple qui a la souveraine puissance doit


faire par lui même tout ce qu'il peut bien faire; et ce
qu'il ne peut pas bien faire, il faut qu'il le fasse par
ses ministres.
«Les ministres ne sont pas à lui, s'il ne les
nomme: c'esr donc une maxime fondamentale de ce
gouvernement que ce peuple nomme ses ministres,
c'est à dire ses magistrats.»
in v9 Repu-
W E S T E L W O O D B U R Y WILLOUGHBY,
blican Form of Government, na Cyclopaedia of
American Government, v. Ill (1914), p. 188:
«The Constitution does not define, and the
courts have not attempted to give an exact and com-
prehensive definition to a republican form of govern-
ment. T h e definition given by judge COOLEY in his
Principles of Constitutional Law has, however been
generally recognized as a substantially accurate one.
'By a republican form of government' he says 'is
understood a government by representatives chosen
by the people; and it contrasts, on the one side, with
a democracy, in which the people or community as
one organized whole wield the sovereign powers of
government, and, on the other side, with the rule of
one man as king, emperor, czar, or sultan, or with
that of one class of men, as aristocracy'.»

F O R M A R E P U B L I C A N A D E GOVERNO

Political Science and


J O H N W I L L I A M BURGESS:
Comparative Constitutional Law, v. I, ( 189), p. 239.
«The constitution expressly provides that the
United States shall guarantee to every commonwealth
a republican form of government. It is not easy to
define the republican form; but it seems to me that
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 131

one of the prominent characteristics is the preserva-


tion of all governmental powers by the government
and their divestment only by the act of the sovereign.
The most direct antithesis to the republican govern-
ment is the feudal form, because republican govern-
ment is above all things representative government. »
— No ânimo dos autores da Constituição dos
Estados Unidos, a cláusula de garantia e a proibição
dos títulos de nobreza tinham o mesmo fim: acaute-
lar de contaminação monárquica ou aristocrática as
instituições republicanas.
É o que diz CoOLEY:
«The purpose of these ( * ) is to protect a Union
founded on republican principles, and composed enti-
rely of republican members, against aristocratical
and monarchical innovations.»
.A Treatise on Constitutional Limitations, 7* ed.
Boston. 1903, p. 4 5 .
A forma de governo em vigor nos Estados que
constituíram a União, quando ela se constituiu, nos
mostra o que os autores da Constituição dos Estados
Unidos tinham por «forma republicana de governo».
«All the States had governments, when the
Constitution was adopted. In all the people parti-
cipated to some extent, through their representati-
ves, elected in the manner specially provided. These
governments the Constitution did not change. They
were accepted precisely as they were, and it is the-
refore to be presumed that they were such as it was
the duty of the States to provide. Thus we have
unmistakable evidence of what was republican in

(•) «of these»; Isto é: destas; a saber: destas duas disposições


constitucionais.
132 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

form within the meaning of that term as employed in


the Constitution. »
JOHN ORDRONAUX: Constitutional Legislation
in the United States. Philadelphia, 1891, p. 329.
Dito isto, continua ORDRONAUX:
«The practical interpretation of this decision is
that a republican form of government in a State
means a political society, which acknowledges its su-
bordination to the Federal Constitution and adminis-
ters its government through representatives of the
people specially provided by its own Constitution.»
lb., p . 329-330.

Forma republicana

«The participation of the people in a republic


consists merely in the choice of officers to represent
them and to carry out their wishes. Hence this poli-
tical form is termed a representative government or
representative democracy.
«It is to be observed that the principle of repre-
sentation of the people by elective officers may exist
in other than republican governments. For exam-
ple, in all of the limited monarchies of Europe at
least a portion of the members of the Lawmaking
bodies are elected by the people. But that which dis-
tinguishes the republic from all other forms is that
the chief executive and all (*) of the members of
the legislature are elected, and all other governmental
officers hold their positions by appointment for limi-
ted periods of time, and not by virtue of birth or other
right.»
(*) O «all», aqui. está em itálico no original. [N.R. O restante
em grifo é de Rui Barbosa. ]
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 133

— WESTEL WOODBURY WILLOUGHBY: The


Rights and Duties of American Citizenship.
«It is made the duty of the United States to
guarantee to every state in the union a republican
form of government, that is a government by the
chosen representatives of the people of the state.»
JAMES W I L F O R D GARNER ( * ) : Government
in the United States, National, State, and Local,
p. 60.
Hamilton, em 20 junho 1788, num discurso à
Convenção de New York:
«After all, sir, we must submit to this idea, that
the true principle of a republic is that the people
should choose whom they please to govern them. . .
This great source of free government, popular
election, should be perfectly pure, and the most
unbounded liberty allowed.»
Apud EDWARD W A T E R M A N T O W N S E N D : Our
Constitution, why and how it was made, who made
it and what it is. New York, 1906, p. 203.
Ao que acrescenta esse autor:
«That republican form of government which is
guaranteed to the States by the Constitution is repre-
sentative democracy or government by periodically
(**) delegated authority.»
Ibid,
Forma republicana
«The comments of the Federalist on this clause
are striking. The words, it is said ( * * * ) 'presuppose'

(*) Professor de Ciência Política na Universidade do Illinois.


(**) A palavra «periodically^ está em grifo no original.
(N.R. O restante em grifo é de Rui Barbosa.]
(***) Pederali*, n. 43.
134 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

a preexisting government of the form that is guaran-


teed. As long, therefore, as the existing forms are
continued by the States, they are guaranteed by the
Federal Constitution. Whenever the states may
choose to substitut other republican forms, they have
a right to do so, and to claim the Federal guaranty
for the latter. The only restriction imposed on them
is that they shall not exchange republican for anti-
republican institutions. ( * )
«When we recall the variety of the constitutions
of the states, which composed the Union, we will see
the force of these remarks. They agreed only in the
acknowledgement of the general rule that Executive
and Legislative should be elective, and that there
should be no hereditary title to office, wether Exe-
cutive, Judicial, or Legislative. In other respects they
differed.»
— FRANCIS W H A R T O N : Commentaries on Law,
1884, § 549, p. 631.
Assim :
Todas as Constituições dos Estados que primiti-
vamente compuseram e compõem hoje a União, se
consideram, pelo mero fato de a ela serem admitidas,
consoantes à forma republicana.
Ora:
Essas Constituições todas, quanto à forma de
governo, só a dois respeitos são contestes: o de não
tolerarem nenhum cargo hereditário e o de obedece-
rem à regra de que o poder legislativo e o executivo
são eletivos.

(*) Este período se acha em itálico no original.


ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 135

Logo:
Temos de concluir que a característica da forma
republicana consiste em que as funções legislativas
e as executivas (no seu mais alto magistrado) são
providas eletivamente, não se admitindo que nenhu-
ma se transmita por sucessão hereditária.

— A intervenção nos casos de conflito entre


dois governos rivais num Estado não assenta na cláu-
sula relativa à manutenção da forma republicana fe-
derativa, mas na que autoriza o governo federal a
intervir, para restabelecer a ordem e a tranqüilidade
nos Estados.
Cite WOODBURN, p . 172.
— Aliás nos Estados Unidos a intervenção
poderia caber também sob aquela cláusula, pela razão
especial de que ali os senadores federais são eleitos
pelas assembléias dos Estados.

— No caso Rhode Island «os cidadãos do mes-


mo Estado se achavam em armas um [sic] contra os
outros, e as autoridades constituídas se viam inibidas
de executar as leis». Luther v. Borden, L. ed. 44.

Forma republicana de governo nos Estados


(Constituição, art. 69, n. 2.)

— MILLER, p. 327-32.
— GOURD III, p. 81.
— BURGESS, I, p. 239.
— SUTHERLAND, p. 605-7.
136 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— BLACK, p. 239-44.

— O primeiro caso de intervenção federal sob


esta cláusula, nos Estados Unidos, foi em 1841.
W I L L O U G H B Y : Constitutional System, p. 115.

— WILLOUGHBY: Constitutional System, p.


111-121.
~ CooLEY: Principies, 213-17.
— BOUTWELL, p. 343-50.

— As questões relativas à interpretação desta


cláusula decididas na Suprema Corte são duas.
BOUTWELL, p. 343, § 562, p. 349-50.
— Luther v. Borden, BOUTWELL, p. 343-6.
STORY II, p. 591-3.
Texas v. W h i t e . BOUTWELL, p. 346-50.

— A competência para decidir nesta matéria


tem cabido sempre ao Congresso. MILLER, p. 329.
V O N HOLST, p. 238-9. HINSDALE, p. 336.

— Recebendo os senadores e os deputados de


um Estado, o Congresso lhe reconhece a forma repu-
blicana . Luther v. Borden. MILLER, p. 329. STERNE,
p. 60.
— V O N H O L S T , p. 236-42.
— W H A R T O N , p. 630-34.
— Também se reconhece a competência ao pre-
sidente:
H A R E I, p. 124 segs. M A C C L A I N : Constitutio-
nal, p . 211-12.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 137

HART: Actual Government p . 119. WEBSTER


V I , 237.
— HURD: National existence. V . índice.
— CENTZ: Republic of Republics. V . index.
~ MlYAKAWA, p . 32-6.
~* HINSDALE, p. 336-9, 375-6.
~» HART: Actual Government p. 118-19.
~ STORY II, p. 591-8.
— ORDRONAUX, p. 327-32.
-— Casos de intervenção. Segundo H A R T , não
menos de quinze. {Actual Government, p. 119)
*— Louisiana Case *— STORY II, p. 593.

[18] REVOLUÇÃO. GOVERNOS REVOLUCIONÁ-


RIOS. SUCESSÃO LEGITIMA

— A cláusula de garantia não tem por fim per-


petuar a sucessão legítima dos governos. A Consti-
tuição é revolucionária, e revolucionários são todos
os governos dos Estados nos Estados Unidos.
Todos são, mais ou menos remotamente, gover-
nos de fato.
W H A R T O N : Commentaries on American Law
p. 632-3.
— AZEREDO, LAURO SODRÉ e PINHEIRO M A -
CHADO. Documentos Parlamentares, v. 4, p. 310-311.

— Revolução.
Não é um direito; mas é um fato capaz de criar
direitos. Luís VARELA: Estúdios, p. 253.
138 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— A ausência de eleições. Pura revolução.


Todo o governo do país pelo país, em que con-
siste a liberdade moderna, está encerrado nesse direito
dos direitos. Governo eleito pelo governo.
A máxima que sanciona qualquer eleição como
fato consumado, acabaria por destruir toda a moral
política de uma república.
ALBERDI, v. 7, p. 157-9. 160.

— Eleição e revolução. Toda a falsa eleição


importa numa revolução do governo contra o povo.
Um governo eleito pelo governo não é governo. A
eleição.não é título de legitimidade constitucional,
senão quando verdadeira:
«Confiscar Ia libertad individual es ei menor
de los actos de improbidad en que consiste la bar-
barie política de los Facundo. Mayor es la barbarie
que consiste en robar o confiscar ai país entero Ia
suma de sus libertades o, Io que es igual, su poder
soberano de elegir y darse un gobierno. Este crimen
non se opera con la franca simplicidad del salvaje,
porque non se practica nunca por la barbarie iletrada.
«Privilegio de la barbarie instruída, ella Io per-
petra con el nombre culto de candidatura oficial, que
non es sino el robô hecho al país del mas santo de
sus derechos soberanos: ei de elegir a sus gobernan-
tes por si mismo. Todo ei gobierno del país por ei
país, en que consiste Ia libertad moderna, esrá encer-
rado en el ejercicio real y sincero de ese derecho de
los derechos.
«El gobierno que se apodera dei derecho de ele-
gir, como Io hace ei que interviene en las elecciones
directa o indirectamente, comete un hurto de Ia sobe-
ARTIGO 6'DA C ONSTITUIÇÃO 139

rania nacional, un golpe de Estado, un acto de con­


quista, una revolución, un malón político, que los caci­
ques de Ia Pampa, menos bárbaros en eso que los
caciques letrados de las ciudades, se guardarian de
perpetrar. El gobierno elegido por ei gobierno no es
un gobierno dei país. Solo representa à su elector,
que es el gobierno que ha dejado de existir; de modo
que en realidad es un heredero, que se representa a
si mismo.
«La máxima que aconseja sancionar la peor elec­
ción, por la mera razón de ser un hecho consumado,
acabaria por destruir la moral política de una repú­
blica, si no tuviese limites. »
JUAN BAUTISTA ALBERDI: P alabras de un au­
sente. Obras Completas, T . 7. Buenos Aires, 1877,
p. 158­9.
Ao presidente (dos Estados Unidos) é que
compete determinar se o Estado se acha em insur­
reição.
«The court ( * ), therefore, considers Federal
interference as a political subject and holds that the
Constitution and the laws (Act of February 28,
1795) give to the president the power to determine
whether or not a State is in a condition of insurrec­
tion . »
W O O D B U R N : The American Republic, p. 174.

■— Direito de revolução:
«The right of revolution may be said to exist,
when the government has become so oppressive that
its evils decidedly overbalance those which are like­
(*) A Suprema C orte, em 1848. no caso Luther v. Borden. 7 Ho­
ward, I. — pleito que nasceu da Dorr Rebellion, que agitou Rhode
Island, em 1842.
MO OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

ly to attend a change, when success in the attempt is


reasonably certain, and when such institutions are
likely to result as will be satisfactory to the people. »
COOLEY: The General Principles of Constitu-
tional Law, 3» éd., de 1898, p. 25-6.

Estas palavras sintetizam as longas explanações


de W O O L S E Y sobre o direito de revolução, a que o
magistrado americano se reporta, invocando a Poli-
tical Science desse publicista, v. I, p. 402, —- con-
siderações que, nessa obra, se alongam dali até à
p . 430, onde o autor do famoso tratado acerca da
ciência política ultima a sua apologia da ação revo-
lucionária do povo contra os governos legalmente
incorrigíveis, dizendo:

«The right of revolution, when resorted to as


an extreme measure, ought to be and has been of
great benefit to the world. If it were understood by
wicked rulers that conscientious citizens could never
engage in such movements, they would be far more
unscrupulous. But if this is to be calculated upon as
a possibility, it will make oppressors cautious; they
will not dare to go beyond certain point; they will
fear the opinion of society. If the best men in a
community believe in this right as a remedy for evils
in the last resort, their cooperation will give strenght
and sobriety to an incensed people; and they will be
best able to determine what securities shall be given
for the future — where, in short, a revolution shall
stop. If they stand aloof, when success with their
concurrence seems possible, and the demand for vio-
lent reforms is imperative, on them will be laid the
guilt of failure, and the reproach will be theirs that
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 141

they were too cautious and not self-sacrificing


enough to attempt to save their country.»
THEODORE W O O L S E Y : Political Science, v. I,
New York, 1886, § 135, p. 430.
«Revolution is an extreme, exceptional, reme-
dial measure, emanating from the judgement and
will of a community, which is living at the time of
the attempted change, in civil order. None but the
community have a right to decide wether the change
shall be made, and they have the right.»
— lb., p . 427.
O direito e a jurisprudência americana reconhe-
cem os governos de procedência revolucionária, os
governos que se estabelecerem de [ato, contanto que
revistam os caracteres do tipo republicano.
«Nor does the guaranty extend to the perpetua-
tion of the legitimate and regular succession of exis-
ting state governments. It could not have done this,
without denying its own title. ( * ) T h e Constitution
itself was adopted, as we have seen, by a sovereign
act of the people of the several states, casting aside,
[or this purpose; the legitimate mode of amendment
provided [or by the articles of confederation.
«The new government instituted by the Cons-
titutions was revolutionary, just as the prior confe~
deracy was revolutionary.
«It was so with the states themselves: not one
among them possessed at the time of the adoption of
the Constitution a government which was the legiti-
mate successor of the prior provincial government.
By every one of them not only had subjection to the
British crown been cast aside, but the ties which
(*) FRANCE WHARTON, p. 426-7, 429, aqui transcritos adiante.
J42 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

bound the new system to the old had been more or


less completely ruptured.
«The guaranty of the Constitution is not, the-
refore, a guaranty of legitimacy of succession of the
existing state governments. (*) Nor has it ever been
pretended that such succession was guaranteed. In
numerous states constitutions have been subsequen-
tly amended by calling conventions and submitting
the result to the popular vote, though the old consti-
tutions did not provide for this mode of amendment.
In no one of this cases, however, has the authority
of the de facto government, thus instituted, been
questioned; nor has it ever been claimed that the
Federal government could step in, and prohibit this
breach of legitimate succession.
«It is true that it has been held that, when the-
re is an attempt to overthrow by force the legal
government of a state when in the due exercise of
its functions, the Government of the United States,
when called upon under the Constitution to interve-
ne, will be bound to intervene; and that the Judiciary
will follow the Executive in recognizing the conti-
nuing authority of such state government. The
recognition by the Executive, in such case, of the
titular government will bind all the departments of
the United States Government. But so does the
recognition of a de facto government; and there is
no state government, that is not more or less remo-
tely de facto. »
FRANCIS W H A R T O N : Commentaries on Ame-
rican Law.
Philadelphia, 1884.
(*) V . bem: com «a cláusula de garantia> a Constituição nSo
assegura legitimidade à sucessão de uns a outros governos estaduais.
«Nem tal se pretendeu nunca.>
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 143

DOMESTIC VIOLENCE

— Constituição [dos] Estados Unidos,


art, IV, § 4'.
— Brasileira, art. 69, n. 3.
~ TUCKER, II. 640-41.
— WiLLOUGHBY: Constitutional System,
p. 119.
— MILLER, p. 331-2.
— HINSDALE,p. 336-7, 338-9.
— MACCLAIN, p. 211-12.

— ASHLEY, p. 292-3.
~ CLEVELAND: Presidential Problems.
— WOODBURN, p. 172-6.
— A greve de Chicago em 1894. DEWEY:
National Problems, p. 292-4.

A cláusula de garantia, na Constituição dos


Estados Unidos:
Que é o que ela garante?
«This is called the 'guarantee clause' of the
Constitution. It guarantees to each State (a) a re-
publican form of government, (b) freedom from do-
mestic violence, (c) a settlement between rival State
governments. For these three purposes the United
States MAY interfere within a State.»
WOODBURN: The American Republic, p . 172.
144 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Luther v . Borden, 7 Howard 42.12 L. E d .


589. col. 1*.

— A quem cabe decidir, na União, qual o legi*


timo governo do Estado:

— Em primeira instância, ao executivo:


«According to our system, it devolves upon the
executive to determine, in the first instance, what are
and what are not governments.»
DANIEL WEBSTER: Works, v. V I . Boston,
1851. p . 237.
«Si hubiera un conflicto armado, este es un caso
de Violência domestica' y una de las partes debe
estar en insurrección contra el gobierno legal. Como
la ley da un poder discrecional al presidente, para ser
exercido por el, segun su propia opinion de ciertos
hechos, el es ei único y exclusivo juez de la existên-
cia de esos hechos. Si se equívoca, el Congreso
puede aplicar el remédio conveniente.»
GEORGE W A S H I N G T O N PASCHAL :
Anotaciones
à la Constituciôn de Estados Unidos — Trad. Calvo.
T . I. Buenos Aires, 1888. p. 506.
1 ) Poder discricionário. Logo, é faculdade, e
não dever.
2) Único juiz dos fundamentos da requisição.
Logo, o único árbitro de a dar, ou não dar.
3) Quando o presidente se engana, o Con-
gresso remédia. Logo: o Congresso é a 2* instância.
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 145

— A Dorr Rebellion. Rhode Island. Estados


Unidos, 1848.

Fontes:
— Messages, v . 4, p . 283-307.
— T Y L E R : Letters and Time of the Tylers,
v. 2, p. 192-9.
— CURTIS: Life of Daniel Webster, v. 2, p .
127, 315.
— DANIEL W E B S T E R : Works, v. 6, p. 217-242.
— SCHOULER: History, v. 4, p. 461-4.
— M C M A S T E R : Hist, v. 7, p. 165-178.
—- Luther v. Borden, 7 Howard 1 e segs.

No caso Tyler o presidente não interveio.


Quintino. Documentos Parlamentares, II, 89.

— Qual a ordem e tranqüilidade, a que alude o


art. 6', n. 3.
Segundo a comissão da Câmara em dezembro
de 1915 podem ser a ordem e a tranqüilidade cons-
titucionais. XI, 156. 160.

Contra :
Prudente de Morais. XI, 157-8. 164.

[19] RESPONSABILIDADES

«Todas as vezes que o poder executivo, seja


qual for a razão, recuse executar a sentença desse
346 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

tribunal» (a Suprema Corte) «incorre em crime de


atentado contra a Constituição, e ficando respon-
sável em primeira instância perante a legislatura, e
ultimamente para com o grande tribunal a que todos
os poderes do Estado são responsáveis: o tribunal
do povo. In every case in which the executive, [or
any reason whatsoever, refuses to enforce the )ud-
gement of the Court, he is guilty of a violation of the
constitution, and is responsible primarily to the
legislature, and ultimately to that great tribunal to
which each department is responsible, the people.»
(WILLIAM BONDY: The Separation of Go-
vernmental Powers, p. 67-68).

Moreau

N o seu primoroso Manual de Direito Adminis-


trativo, um dos melhores livros que eu conheço acer-
ca do assunto, não obstante as suas modestas
proporções de obra elementar, FELIX MOREAU, no-
tando que as interpretações ordinariamente dadas ao
princípio da separação dos poderes deixam impunes
muitos atos ilegais e tirânicos do poder executivo,
deplora que em relação ao legislativo o sistema de
arbítrio, muito mais grave, não conheça limites.
«Em quase todos os regimens», diz ele, «não há
sanções, que coíbam o poder legislativo. Este que-
branta impunemente a Constituição, e viola os direi-
tos por ela assegurados. A lei é soberana; porque
as recomendações e os preceitos dirigidos ao Parla-
mento são meramente platônicos.»
Qual, porém, a sanção mais aconselhável con-
tra esse defeito fatal?
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 1*7

«A melhor sanção», opina o professor M O R E AU,


«a melhor sanção consiste na interferência dos tri-
bunais, tal qual se acha regulada nos Estados
Unidos e, a seu exemplo, em várias repúblicas ame-
ricanas: os juizes denegam todo efeito às leis
inconstitucionais, às leis que infringirem os direitos
individuais afiançados pela Constituição.
«Em todos os demais países com que se conta,
para evitar leis tirânicas, é com a virtude nativa, o
liberalismo imanente ao regimen representativo e ao
sufrágio universal. Certas regras mais precisas ten-
dem ao mesmo fim: a existência de duas câmaras
é uma garantia para a liberdade, e o chefe do
estado pode tentar opor embaraços a uma lei con-
trária à liberdade, exigindo outra deliberação. Pode-
rá também, dissolvendo a Câmara dos Deputados,
conjurar os esforços antiliberais do Parlamento.
Este recurso, todavia, requer o assentimento do Se-
nado, e, sobretudo, não mais pode vingar senão com
o concurso da maioria do país. Se o país for cúmpli-
ce do Parlamento, a liberdade está perdida.»
(Manuel de Droit Administratif, p . 424-5).
Louis PROAL, na Rev. Polit, et Parlem.

[20] PODER JUDICIÁRIO

Countryman

Já se vê que neste regimen quem define lei são


os tribunais, e, portanto, quem a define em derra-
deira instância, soberana e inapelavelmente, é o
Supremo Tribunal Federal. O poder executivo
executa as leis tais quais o judiciário as explana.
M8 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

É o ainda que no mais recente dos expositores


do assunto, no livro de Countryman estampado há
pouco mais de um ano, se precisa lucidamente. «A
distinção entre o poder legislativo e o poder judi-
ciário», diz ele, «é fundamental. O primeiro se
exerce, fazendo ou emendando as leis para a
direção dos atos futuros; o segundo exerce-se, de-
terminando os direitos segundo as leis existentes,
interpretando as leis em vigor, e aplicando-as aos
fatos particulares. O poder executivo se emprega
em executar as leis tais como o judiciário as expõe.»

Eis o texto de COUNTRYMAN:

«The distinction between the legislative and ju-


dicial powers, as use have seen, is fundamental.
T h e former is exerted to make or amend laws for
future guidance, and the latter is exercised to deter-
mine rights under existing laws —i to interpret the
laws in force and apply them to particular facts and
circunstances. The executive power is employed to
enforce the laws as expounded by the judiciary.»
( The Supreme Court o/ the United States by EDWIN
COUNTRYMAN, 1913, ch. II, p. 75).

COUNTRYMAN, mais moderno dos exposito-


O
res do assunto define os casos de competência judi-
cial assim:
«Quando é, pois, que um caso é de natureza
judicial? Manifestamente, quando o caso é uma con-
trovérsia entre partes capazes acerca de uma preten-
são de caráter definível e tangível, onde se envolva
uma questão de lei ou de fato, relativa a assuntos de
ordem particular ou pública, com os quais os piei-
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 119

teantes estejam ou tenham estado ligados, e dos quais


se ache averiguado ter provindo algum dano ou per-
da a certos direitos ou interesses.»
(Op. cit., p. 193).

«Não há», diz ele, «não há exceção ou exclusão


contra os casos, que apresentem questões de natu~
reza política, ou envolvam atos oficiais dos ramos
políticos do governo. Quando quer que se impugna-
rem medidas políticas, legislativas, executivas ou
administrativas, num pleito legal, como causa próxi-
ma de uma lesão, donde resulte dano, alegando-se
que tais medidas náo são autorizadas pelas leis do
país, ou as transgridem, esses atos se tornam sujei-
tos ao conhecimento da justiça; entendendo-se que,
ou emanem do presidente, ou provenham dos seus
subordinados, ou sejam diretamente autorizados pelo
Congresso, investido está o Tribunal de Jurisdição
para, na lide pendente, de direito ou eqüidade, caso
ela envolva esses atos, quanto à sua constitucionali-
dade, investigar e decidir se são válidos, ou nulos.
O essencial, para existir a jurisdição, é, unicamente,
que uma pessoa idônea como autora no pleito haja
sido lesada ou prejudicada por certo e determinado
ato oficial, ou do governo, e com ele se averigúe
ter-se contravindo a Constituição.»
«O critério, pois», continua luminosamente este
expositor, «o critério não consiste em ser a questão de
natureza política, ou não política, mas em ser suscep-
tível de se propor sob a forma de uma ação em
juízo . . . A conclusão geral, portanto, podê-la-emos
enunciar nestes termos: as lides políticas vêm a cair
sob a competência do poder judicial, toda a vez que
envolverem a questão de se o ato, que se discute, do
150 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

poder executivo ou legislativo, infringe ou não in-


fringe preceito da Constituição.»
(COUNTRYMAN: The Supreme Court of the
united States, 1913, p. 191-192).

ATTILIO BRUNIALTI, professor de Direito Cons-


titucional e conselheiro de estado em Roma:
Discorrendo sobre a obra da Convenção de Fi-
ladélfia, mãe da Constituição dos Estados Unidos,
escreve o sábio catedrático italiano no seu vasto tra-
tado de Direito Constitucional:
«Aqueles ilustres fundadores da república ati-
naram que não era possível, especialmente num
Estado federal, deixar a legislatura e o poder exe-
cutivo sem repressão (senza controllo). A Consti-
tuição não teria tido mais que uma autoridade moral,
balda de sanção legal; e todos os poderes lograriam
dobrá-la aos seus caprichos ou aos seus interes-
ses. . . . As decisões em matéria de constitucionali-
dade são a pedra de toque (la pietra de pavagone)
da validade das leis e dos atos impugnados como
avessos à lei fundamental. O poder judiciário, como
escreve A U G U S T E CARLIER, reprime deste modo o
legislativo (tiene cosi in iscacco il legislativo), mas
na medida justa, por onde se admita a cada um dos
poderes que ele só representa fracionadamente o
povo, e que só da harmonia entre todos emana a boa
ordem necessária à mantença da Constituição. »

(// Diritto Costituzionale e Ia Política, v . II»


1900, p. 568-569).
ARTIGO Ó* DA CONSTITUIÇÃO 151

LUIGI PALMA, professor de Direito Constitu-


cional na Universidade de Roma e conselheiro de
estado:
N o seu ensaio sobre a Constituição dos Estados
Unidos, inserto nos Estudos acerca das constituições
modernas, o célebre lente de Roma, um dos maiores
constitucionalistas da Itália, qualifica a Suprema Cor-
te Americana desta maneira:
«A Corte Suprema, julgando a respeito da
conformidade entre as leis ou as decisões dos pode-
res, quer legislativos, quer judiciários locais e as leis
dos Estados Unidos, bem como acerca da conformi-
dade enrre as leis do Congresso e a Constituição
federal, que não se pode emendar senão mediante
os termos nela prescritos, veio a tornar-se o verda-
deiro centro de gravidade daquele complicado siste-
ma de governo (è divenuta il vero centro di gravita
di quel compîicato sistema di governo) e o árbitro
entre o governo federal e os dos Estados, deter-
minando os limites dos seus poderes, e sendo o
guarda da Constituição contra as usurpações {contro
le usurpazioni), assim dos Estados, como do Con-
gresso.»

(Studi sulle costituzioni moderne, 1892, p . 4 6 ) .

A mais moderna das obras existentes sobre


o governo dos Estados Unidos é a Enciclopédia do
governo americano, dada a público há seis meses.
Aí se encontra, apurada pelas melhores autoridades,
a flor da jurisprudência e doutrina sobre os vários
assuntos que aquela denominação abrange. Dos
tribunais se ocupam vários jurisconsultes e constitu-
cionalistas. Dois deles, em palavras breves, mas in-
cisivas, lhe frisam essa autoridade máxima de vigia.
152 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

censura e coibição aos atos legislativos, de árbitro


dos árbitros e oráculo inapelável na elaboração da
lei americana.
«As decisões do poder judiciário federal, quan-
do interpreta as leis e a Constituição dos Estados
Unidos», diz o professor E M L I N M A C C L A I N no seu
artigo sobre a jurisdição das cortes federais, «cons-
tituem, por inferência necessária, uma parte da su-
prema lei do país». (Cyclopaedia o/ American
Government, v. I, 1914, p . 511).

Exercendo a função de hermeneuta, essa justiça


colabora na própria obra legislativa. A obra do le-
gislador ordinário e a do próprio legislador consti-
tuinte não revestem, praticamente, a força coercitiva
de lei suprema no país, senão depois de atravessar o
cadinho dessa interpretação verificadora e depura-
dora. Nesse trabalho de evolução e elaboração cria-
dora o órgão culminante é a Corte Suprema, e a
autoridade por esta exercida, diz o professor B U S H -
NELL H A R T , é a de uma jurisdição irrecorrivel, a final
jurisdiction. ( Cyclopaedia of American Government,
v . III. V 9 Supreme Court, p . 4 6 1 ) .

— Contra o mal das más administrações a


cura natural consiste «na mudança de homens».
Fed. S. Am., v. IX, p. 214.
Federalist, p . 122.

Mas como será possível essa mudança, num Es-


tado onde não há eleições?

— Intervenção na Suíça por motivos eleitorais.


Documentos Parlamentares, I, 302.
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 153

[21] RIOS NAVEGÁVEIS

Definição.
— The American and English Encyclopaedia
of Law, v. 4, p. 822 (Em materia de limites).
— 5 Q r c p . 894.

122] PODER

A lei de 10 J e setembro [de] 1860

Termos dessa lei, art. I. 9 :

«O direito que regula no Brasil o estado civil


dos estrangeiros aí residentes sem ser por serviço
da sua nação, poderá ser também aplicado ao estado
civil dos filhos destes mesmos estrangeiros, nascidos
no império, durante a menoridade somente, e sem
prejuízo da nacionalidade reconhecida pelo art. 69
da Constituição.»
Essa lei, a que era adverso o imperador, e que
emanou do substitutivo MURITIBA ao projeto, que
PIMENTA B U E N O apresentara, em 1859, no Senado,
tinha por objeto resolver as questões excitadas sobre
a inteligência da Constituição imperial, art. 69,
n. I 9 , cuja disposição, concernente aos filhos de
estrangeiros nascidos no Brasil, sustentada, até
então, pelo governo brasileiro, como «imperativa, e
não facultativa» ( x ), punha, como disse NABUCO,

1) BARAO DE CAIRU: Relatório do Ministério de Estrangeiros


em 1846.
J 54 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

a doutrina brasileira «em colisão com as leis de todo


o mundo». ( 2 )
Foram de excepcional vivacidade os debates
parlamentares donde se originou a Lei n. 1.096. de
1860, debates nos quais se chegou a opor à inicia-
tiva de PIMENTA BUENO a autoridade jurídica de
TEIXEIRA DE FREITAS, que se declarava resolvido a
deixar a elaboração do Código Civil, cometida aos
seus cuidados, se prevalecesse a fórmula adotada no
projeto daquele senador, que a comissão do Senado
aceitava.
Mas, como quer que se julgue da solução ali
dada às controvérsias acesas em volta daquela cláu-
sula constitucional, certo é que, dada a linguagem
desse ato legislativo, caracterizada no «poderá» do
seu texto inicial, para logo se notou ser facultativa,
e não imperativa, a sua norma.
É o que NABUCO DE ARAÚJO, com a sua autori-
dade superior a de todos os seus pares, acentuou
explicitamente, combatendo o projeto, que não
logrou vencer. «A nova lei», dizia ele, «será objeto
de muita dúvida, porque se resume em um simples
poderá. Durante a menoridade, o estatuto pessoal
do estrangeiro poderá ser aplicado ao filho nascido
no Brasil. Poderá, como? poderá, quando? É
o que o Parlamento deixa à responsabilidade do
governo.» ( a )
Não tratamos aqui (nem caberia) ventilar a
questão da inconstitucionalidade, irrogada a essa lei
pelos tribunais deste regimen, (*) e que o próprio
(2) JOAQUIM NABUCO: Um estadista do império, t. II. p . 64.
(3) Ibid., p . 66.
(4) Supremo Tribunal Federal, acórdão unânime de 29 janeiro 1898.
Jurisprudência do Supremo Tribunal, 1898, p. 5.
'

ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 155

governo imperial já reconhecera. ( s ) Pelo contrá-


rio, essa inconstitucionalidade resulta, exatamente,
de que essa lei, com o «poderá» em que se exprime,
impôs o caráter de facultativa a um princípio, que a
Constituição de 1824 formulara coercitivamente.
Que, servindo-se desse poderá, o ato legislativo
de 1860 articulou uma disposição meramente permis-
siva, nunca deixou de o reconhecer, além do consenso
dos nossos jurisconsultes, a jurisprudência adminis-
trativa e a doutrina corrente.
Do consenso dos jurisprudentes já tivemos a
prova nas palavras do mais representativo deles, o
senador Nabuco.
Da hermenêutica administrativa nos deparam
dois atestados [ : ] a circular do Ministério de Estran-
geiros expedida em 20 de agosto de 1861 e o rela-
tório desse ministério no ano subseqüente.
A circular de 1861, dirigida aos presidentes de
província, rezava assim:
«Devo prevenir a V . Ex* que por aquela reso-
lução» (a Lei n. 1.096 de 1860) «não se estabelece
desde logo um direito, mas sim uma faculdade, para
que seja aplicável aos menores, filhos de estrangeiros,
nascidos no império, o estatuto pessoal de seus pais;
ela diz poderá, e não será assim regulado o estado
civil dos ditos menores.»
É o que o relatório da mesma Secretaria de
Estado, o ano imediatamente posterior, busca expla-
nar, dizendo:
«Declarando-se no art. V dessa resolução
que o direito que regula no Brasil o estado civil dos
(5) Aviso n. 291 do Ministério de Estrangeiros em 11 de agosto
de 1873.
156 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

estrangeiros, aí residentes, sem ser por serviço de


sua nação, poderá ser também aplicado ao estado
civil dos filhos desses mesmos estrangeiros nascidos
no império, durante a menoridade somente e sem
prejuízo da nacionalidade reconhecida pelo artigo 6.v
da Constituição, entendeu o governo imperial que
não ficava estabelecido desde logo um direito, mas
sim uma faculdade para ser aplicável aos menores,
filhos de estrangeiros nascidos no império, o esta-
tuto pessoal de seus pais.
«Esta matéria deve ser regulada por decreto,
acordo ou convenção, a fim de que a referida lei
possa ter a devida aplicação nos casos ocorrentes.»
T a l lei, como se vê, refere-se ao estado civil
dos nacionais, filhos de estrangeiros, durante a meno-
ridade, e das mulheres brasileiras que casem com
estrangeiros e estrangeiras que casem com brasi-
leiros .
Em relação à primeira parte sobre que a lei
estatui, e é a que nos interessa aqui, registre-se desde
logo que ela não tem aplicação rigorosa, pois não
estabelece uma disposição obrigatória, mas apenas
consigna uma faculdade. Atenda-se que o texto diz
— poderá ser regulado e não, ~* será assim regulado
o estado civil dos menores filhos de estrangeiros.
Não foi, pois, mais que uma faculdade com que
se armou o governo para, por meio de reciproci-
dade, alcançar igual favor para os filhos de brasi-
leiros nascidos no estrangeiro e porventura também
considerados, por esse fato, filhos do país onde
nasceram, em virtude da respectiva legislação.
RODRIGO OTÁVIO — Direito do estrangeiro no
Brasil, p. 98.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO î 57

DEVER — EM QUE SENTIDO?

— O Congresso tem «o dever», nos casos de


dualidade de assembléias. Mas como?
Documentos Parlamentares, v. 5, p. 106.

Poder: dever
Lei n. 27, de 7 de janeiro 1892.
Art. 2':
«Ê permitido a todo cidadão denunciar o
presidente da república, perante a Câmara dos
Deputados pelos crimes comuns ou de responsa-
bilidade.
«As comissões da Câmara deverão denunciar os
delitos, de que tiveram conhecimento pelo exame de
quaisquer negócios; as do Senado, por intermédio da
mesa deste, remeterão os papéis, em original ou por
cópia, à Câmara dos Deputados, para proceder de
acordo com os arts. 5" e seguintes.»

SILVA M A R Q U E S : Elementos de Direito Público


e Constitucional, p . 161:
«Como se vê deste texto, o que é simplesmente
facultativo a todos os cidadãos, é, para as comissões
da Câmara e do Senado, uma obrigação. Qualquer
cidadão pode denunciar o presidente da república
por crime comum ou de responsabilidade; as comis-
sões da Câmara e do Senado devem denunciar os
delitos, de que tiverem conhecimento pelo exame de
quaisquer negócios.»
15P OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Poder.
— Latim.
— FREUND-THEIL: Grand Dictionnaire, t. II,
p . 842.
«Possum, potui, posse: pouvoir, être en état de,
avoir les moyens, la faculté de.»

— FORCELLINI: Totius Latinitatis Lexionem,


v. 4', p. 751:
«Possum. Verbum. , . contractuel ex potis,
h. e. potens et sum.
«Possum propiie est valeo, polleo ( * ), facultas
mihi est, vires habeo, potere, aver possa.»

~ BENTO PEREIRA: Prosódia, 1697, p. 523.


«Possum, potes, potui. Poder, ter força, direito.»

— Espanhol.
— Dicionário das Autoridades (Diccionario de
Ia Lengua Castellana compuesto por la Real Aca-
mia Espanola. T . 5, 1737, p . 308).
«Poder, v. a. Tener expedita Ia facultad o
potência de hacer alguna cosa.»
—* Francês.
— LITTRÉ: Dictionnaire, t. 3, p. 1.260.
— «Pouvoir. 1* Avoir la faculté de, être en
état de.»
— HATZFELD & DARMESTETER, t. 2, p. 1.791.
(*) Ibi., p. 720: «polleo proprie est possum, valeo, vigeo, vim
viresque multas habeo; potere, aver potenza, forza, virtü, valore.»
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 1 59

«Pouvoir. Etre en état de faire quelque chose,


ayant la force, l'habilité ou le droit, l'autorité néces-
saire.»

— Espanhol.

— Diccionario de la Lengua Castellana por la


Real Academia Espanola, 14 éd. (1914), p. 814.
«Poder, v. a. 1. Tener expedita la facultad o
potência de hacer una cosa. 2. Tener domínio, auto-
ridad o manejo.»
N a s mesmas palavras o Diccionario Enciclo-
pédia de Ia Lengua Castellana, 2* éd., t. 2, p. 548.

— Latim.

— FONSECA: Dicionário Português e Latino.


«Poder, verbo Posse. Quire. Valere. Pollere.»

— Italiano.
— PREMOLI: Vocabulário Nomenclature, v. 2,
p . 987.

— PETROCCHI, v. 2, p. 572. Transcriptos allures.


— RIGUTINI E F A N F A N I : Vocabolario Italiano
delia Lingua Parlata, p . 933:
«Potere. Aver forza, facoltà.
«Potere. Facoltà de fare checchessia.»
— BALLESIO: Fraseologia Italiana, p. 996.
«Potere. Essere in istato di fare checchessia;
avère Ia facoltà. Ia forza. »
160 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— FERRARI & CACCIA: Gran Dizionario Italia*


ncrFrancese, p. 623.
«Potere, aver possanza, facoltà, forza, lena.»
FREI DOMINGOS VIEIRA, V. 4, p. 820-21.
«Poder, s. in.
«Força física.
«Faculdade moral.
«Autoridade, valia, valimento.
«Senhorio, jurisdição, império.
«Autoridade.
«Faculdade.
«Potência.

«Poder é a liberdade, o não obstáculo, de fazer


uma ação, sem que nada se oponha à sua execução.»
«Poder, v. a.
«Ter força física.
«Ter força, ânimo.
«Ter direito, faculdade moral.»
V . 3, p . 555:
— «Faculdade.
«Poder, potência.
«Licença, permissão.»
V. 3, p. 556:
«Facultativo.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇXO

«Que dá faculdade.
«Que confere certa faculdade ou
— Dizer
— Rezar
— Declarar
— Consignar
— Exarar
— Mandar
— Ordenar
— Determinar
— Estabelecer
— Estatuir
— Assentar
— Prescrever
— Preceituar
— Impor
— Dispor
— Legislar
— Estipular
— Definir
— Individuar
— Instituir
— Decidir
— Resolver
— Prometer
— Formular
OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Precisar
— Intimar
— Expor
— Precisar
— Especificar
— Particularizar
— Taxar
— Individuar
— Acautelar
— Prevenir
— Garantir
— Assegurar
— Afiançar
— Abonar
— Precatar
— Pactuar
— Decretar
— Significar
— Deliberar
— Designar
— Traçar
— Regular
— Afirmar
— Prover
— Providenciar
— Exigir
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 163

— SILVA MARQUES, p. 161.

— EPITÁCIO: Compilação de Direito Interna*


cional, p . 6-7.
— EPITÁCIO: Projeto [do] Código de Direito
Internacional, art. 645.
— A idéia de outorgar um poder é tão subs-
tancialmente distinta da de impor uma obrigação,
a idéia de receber uma faculdade tão essencialmente
antagônica à de contrair um dever, que o verbo
poder nem no latim, nem no português, nem no
francês, nem no espanhol, nem no italiano, em
nenhuma das línguas, em suma, onde ele existe, tem
imperativo.
(LITTRÉ: Dictionnaire, in v. pouvoir. — LA-
VEAUX: Dictionnaire des Difficultés de la Langue
Française, 1910, 6* éd., p. 570. FORCELLINI, in v.
possum.
— PEREIRA E SOUSA: Dicionário jurídico,
v. faculdade. TR.
— BLUTE AU, in verbis Faculdade e Poder TR.
— RODRIGO OTÁVIO: Direito do estrangeiro,
p. 97-99.
Opinião do autor;
Relatório do Ministério de Estrangeiros em
1862, fl. 35;
Circular de 20 de agosto de 1861, do mesmo
ministério.
— N A B U C O : Um estadista do império, t. II,
p . 56.
Argumento tirado da linguagem de Barra-
quero, p. 189. pr.
164 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— JOÃO BARB ALHO: Sobre o «poderá». Do-


cumentos Parlamentares, I, 463.

— PRUDENTE DE MORAIS: « . . . nos casos em


que ela é permitida.»
Ib..p. 546. 550.
— É então que a lei está fora da gramática.
— Ou que há uma gramática especial para
as leis.
— O verbo poder, nas orações afirmativas,
faculta, e nas proibitivas impera.
— Sem um não o poder permite. Com um não
o poder ordena.
— Regra nova.
— Não há autoridade, que a consagre.
— Os casos citados.
— Poder passa a ter dois sentidos : o concessivo
e o determinativo: o de permitir e o de mandar.
— Certamente quando se diz «não poderá»,
a frase é proibitiva. Porque negar o poder, negar
a faculdade, negar a licença, é proibir. Tanto vale
dizer: não poderá fazer, como não fará. Porque
quem diz diz: Não poderá fazer, tira, recusa, exclui
poder ou fazer. E quem não tem o poder de fazer,
não tem essa proibidade. E quem não pode ou não
tem a possibilidade de fazer, não faz.
Mas quem diz — poderá (por isso mesmo) diz
dá o poder, outorga a faculdade, estabelece a pos-
sibilidade .
Mas nunca ordena ( por isso mesmo ).
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 165

« . . . a hipótese do n. 3 do art. 6* da Consti-


tuição federal, em que o governo federal é autorizado»
( e não é obrigado ) «a intervir...»
Documentos Parlamentares, v. 9, p. 71, 74.
( M E L O FRANCO)

EPITÁCIO

Presente Pode Futuro Imperativo

Arts. 3.463 Arts. 19.291 Arts. 7.437


8.489 20.297 12-471-3
10.4% 26.312 21
11.499 85.319 47
18 107.326 49-51
22 108.378 65-6
25 136. S único 394 75-6
27-30 145.412.508 127
32-35 148.428.514 129
39 163-5.535 201-2
42 170.690 283
52 173
56 214 A . l l l (a nfio ser que)
131 220 lò. (senão quando)
178 223 158 (salvo). 330
207-8 280 293 (exceto). 566.568
219 645 {Faculdade) 329 (salvo; exceto)
345 (senSo). 389.448
Deve -Exceto: 450
Obrigados -Art. 204
A. 124 249 -Senffo: 457.490.501
507.605.685.686
134 387
218 526.527, § 2.»
451-2 528.566 -Salvo: 494.526.616
714
- A menos que: 571
166 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Contraste

— Art».
60. H L » « 2.»
71. S 2.«
85
151-5.
182-190
461
462
658-9
660-61
679. S 2.»

E* lícito
A. 143
236
248
255
272.322
334.342
398.557
462,690, S ánico~_69l
513
524

«Legis virtus haec est: imperare, vetare, per-


mittee, punire.»
T r . 7 D. de legibus.
Daí a classificação antiga de leis imperativas,
proibitivas e permissivas.
DoNELLO. t. I, col. 24. 25

Caso do Amazonas em 1898.


Projeto da comissão especial da Câmara.
Redação imperativa: Intervira. Submeterá.
Documentos Parlamentares, III, 253. V, 155.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 167

Projeto Melo Franco em 1910.


Emprega a linguagem imperativa nos casos de
obrigação e a concessiva nos de faculdade.
Entre estes se acha particularizado o do n. 3,
art. 69 da Constituição federal.
Documentos Parlamentares, V, 213-14.
Linguagem de Campos Sales em 8 agosto 1895.
Documentos Parlamentares, V, 279.

ALCINDO GUANABARA, A presidência Campos


Sales, p. 170, diz que o caso de Mato Grosso em
1899 «abriu ensejo a que fosse afirmada praticamente
a interpretação, que o presidente deu ao art. 69 da
Constituição», e gi«* «o présidente fcrmcu a doutrina
de que», intervindo pelo art. 69, «lhe cabe o direito
de julgar da conveniência e da oportunidade da
intervenção».
Documentos Parlamentares, V, 277-79.

— «May» exprime permissão.


36 Cue. 1160. WIDDIELFIELD: Words and
terms, p . 232.
SUTHERLAND, p. 594-5 (STORY). — SEDG-
WICK, p . 377.

— «Shall», determinação.
36 Cue. 1160. — HARDCASTLE: Construction,
p . 179 f."
•— Leis permissivas.
26 Encyclopaedia 533. «A permissive statute is
one, which allow certain acts to be done, without
commanding them.»
16* OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— «It shall be lawful.» HARDCASTLE, p. 179, pr.


ENDLICH, p . 528.

— A lei deve ser (primariamente) entendida


segundo o seu sentido gramatical e vernáculo.
BLACK, p . 70.

— Lei imperativa é a que encerra o manda-


mento de fazer. Pandectes Beiges, v. 60, col. 434,
n. 2.

— O imperativo da Constituição americana,


a. 4, s. 4 .

— T A N E Y , desdobrando esse texto. Luther v.


Borden, 7 Howard 42. 12 L.E. 599, col. 1».

— O projeto de intervenção no caso de Sergipe


em 1895 (Gonçalves Chaves. Paulino. C. de
Araújo. Coelho Rcdriguec. Benedito Leite, [membro
da Câmara] diz: «Intervirá» e, quanto às despesas,
declara que «ficam autorizadas». (*)
Documentos Parlamentares, V, 244.

(*) Senado. Projeto Moniz Freire. 21 julho 1908.


« O poder executivo é autorizado a intervir no Estado do Rio de
Janeiro. . . . » Documentos Parlamentares, IV, 291.
Como se entendeu?
Por esse projeto o presidente poderia, a seu livre arbítrio, intervir
ou não. Azeredo. Documentos Parlamentares. IV, 299. V, 253.
— Projeto Geminiano Brasil. Documentos Parlamentares II, 235.
«É o poder executivo autorizado a intervir, nos Estados de Sergipe...»
«Esta intervenção limitar-se-â. ...»
«Dos atos. que praticar em execução desta íei, dará o poder executivo
conta ao Congresso Nacional. . . . »
— Projeto Moacir em 1914 (Ceará) : «O poder executivo manda-
r á . . . » Documentos Parlamentares, IX, 94.
.

ARTIGO 6° DA CONSTITUIÇÃO 169

— O de 1905. concernente ao caso da Bahia


(Freitas. Santos Pereira. José Inácio. Sebastião
Landulfo. Flávio de Araújo. César Zama) diz:
«garantirá».

— Vide nestas notas, caderno n. 1, o meu


argumento fundado em que o «poderá» do art. 6' se
aplica ao presidente e ao Congresso e em que a este
se acha reconhecida a discrição de examinar os fatos
e indeferir a requisição.

— Prudente de Morais.
«Aí se autoriza o governo federal a intervir . . »
XI, 160.
<cA faculdade da intervenção consignada pelo
disposto no art. 6", a, 2 . . . »
lb., 161-2.

— Projeto Joaquim Pires. Junho 26, 1916.


«O presidente da república intervirá no Estado
do P.auí, para. . .»
XI, 7.

— Projeto [da] Comissão [da] Câmara.


Dezembro 20, 1915.
«Art. V O governo federal intervirá em
Alagoas . . . »
«§ l 9 Com esse intuito nomeará o presidente
da república um interventor. . . . »
«§ 2" Ao interventor . . . »
— IMPERATIVOS —
O

— « O vice­presidente da república será presidente do Senado, onde só terá voto de qualidade, e será substituído^
nas ausências e impedimentos, pelo vice­presidente da mesma C âmara. »

& & A. 32.


< < A. 33, § § 1" e 2' ­ A. 52. § 2o — A. 72, § § 5° a 7°,
| | A. 36, e § § 1°, 2° e 3 o — A. 53 e § único 16, 19, 22, 23, 25,
A. 38. ­ A. 55. 26, 27, 29
A. 39 e seus § § — A. 56. — A. 76.
A. 41, § 2o ­ A. 57, § § 1« e 2o — » 77 e seus § §
A. 42. — A. 58 e § 2o — » 80. § § I o a 3 o
A. 43 e § § 2o, .3° e 4o — » 59, § I e c 2a ­ » 82, § único
■c .
A. 44. — > 61. pr. e parte final — > 85.
•5 too
A. 47 e § § I o a 3' — » 63 — » 87 e § § Io, 2° e 4«
A. 49. — > 64 § único — > 89.
A. 50. — » 68. — » 90, § § 1° a 3»
o o o e
M M f «5 A. 51 (duas vezes) — » 71, § 2* — » 91.
A A A A
— Poderá — Pode —
& i Mil
— A. 33, § 3»
— A. 39, § 1°
— A. 72, § 10
— » 80 pr.
— Não poderá — N5o pode

A. 40. — A. 62 (duas vezes) — A. 90, § 4U


» 43. § 1« — » 70, § 1-
» 45. — » 72, § 28
» 50. » 79.
» 51. — » 81, § 2"
>
73

— O presente do indicativo como imperativo — 0\


O
A. 41 : « Exerce o poder executivo . . . » _
A. 49 : « O presidente da república / auxiliado pelos ministros de estado, ^
que lhe subscrevem os a t o s . . . » c/>
A. 52 : (duas vezes). ^
» 57. S
õ
» 60. § 2" (sâb executados). >»
• 64 (pertencem aos Estados).
» 67 (é administrado).
» 69 (são cidadãos).
» 70 (são eleitores) (são inelegíveis).
» 71 (só se suspendem. Suspendem-se. Perdem-se.)
» 72, § § I-, 2-, 3 ' , 4", 17, 31. . _
» 73. 2
— » 78.
— » 80, § 4» 3
— » 81, § 3«
— » 82.
— » 83.
— » 84.
— » 86. g
— » 87, parte final.

= Não poderá... Je não I


— Art. 6o
Ou
Não poderá.... salvo.
I
S
— Art. 72, §
» §
17.
13. 1
» §
» §
14.
30.
I
(— V. Art. 81 pr. e § Io) S
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

Governo Governo da UniSo Governo federal Poder Executivo


A. 54. 11 (execativo) — A. 34,30. — A. 6» A. 23.
— » 60, b, e, } . — A. 8° (legislativo e executivo) • A. 29.
— » 72, § 7' — A. 24 ( > » ) » 34. 2°
o
— » 84. — A. 28,§ 2 (legislativo eexecutivo) » 34, 21
— » 54, n. 2. » 37, pr. (o presidente) e§3°
— Disposições transitórias: ■ > 39, pr. (idem)
A. 3 o » 41. ) I
A. 4' (abrir » 83.§ §1'' e 2' (presidente 8
créditos). A. 60 ■o

A. 8° A. 71. § 2", b
— Gnverno Nacional A. 89 g
Ar*. 48. n. 4. — presidente da república 8
— A. 16, pr.
— » 33.
— » 36, § § 1» e 2» C
— » 38­
— » 41. pr. e § § Io e 3 o f
— > 43. pr. e § 2o
— > 44 a 48.
— » 49 a 54.
— » 58, § 2"
— » 59, I, a.
— » 80. § 3°
I

174 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Enciclopédia e Dicionário Internacional:

( W . M . Jackson, editor.)
V . XV, p . 9.035-9.036:
«Poder, v. tr. Ter a faculdade ou a possibi-
lidade de. .. | Estar sujeito ou exposto a. .. Ter
ocasião ou oportunidade de. . . Ter força de
ânimo, energia de vontade para. . . |Ter domínio,
ocasião ou oportunidade de. . . Ter força de
ter razão ou motivo para. . . ||V. intr. Ter influên-
cia, [orça, autoridade, valimento.»
«Poder. s.rn. Possibilidade, faculdade. Força
física, vigor do corpo, ou da alma. \\Império, sobe-
rania. . . ||Mando, autoridade. . . ||Força ou influên-
cia. . . || Posse, jurisdição, domínio, atribuição.»
Enciclopédia e dicionário internacional, v. XV,
p. 9.035.
— Poder
«Ter a faculdade ou a possibilidade de.
«Estar sujeito ou exposto a.
«Ter ocasião ou oportunidade de.
«Ter força de ânimo, energia de vontade para.
«Ter domínio, autoridade ou influência para.
«Ter o direito de, ter razão ou motivo para.
«Ter influência, força, autoridade, valiMento.»
BLUTEAU. t. VI

«Poder. Verbo. Posse (Possum, potui), quite,


quivi, quitum.
«Poder. Jer poder. Ter autoridade. Posse,
valere, potestatem et auctoritatem habmre. VaUac
avtoritate. No seu tanto pouco pode.
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO Î 75

«Poder. Nome. Faculdade para mandar.


Domínio. Império.
«Poder. Autoridade,.
«Poder. Faculdade. Jurisdição. »
P. 562Ó65.
Assim que o vocábulo poder corresponde a ter
faculdade, ter autoridade, ter domínio, ter império,
ter jurisdição.
Mas nunca a ter obrigação.
E como define BLUTEAU esses nomes, pelos
quais se define a idéia contida no verbo poder?
«Faculdade. (Termo forense.) Poder e direito,
que uma pessoa tem para fazer alguma coisa.»
{T. IV, p. 11.)
«Autoridade. Poder, crédito, força, peso.»
(V. I, p. 685.)
«Domínio. Poder, mando.»
(V. III, p. 287.)
«Império. Mando. Autoridade. Senhorio.
Domínio. »
(T. IV, letra I, p. 69.)

«Jurisdição. É um poder que o público concede,


e que o bom governo introduziu para a decisão das
causas. .. . Geralmente falando, jurisdição é a auto-
ridade de ofício de Justiça, ou de outra qualquer
cfigrnidade. »
( T . IV, letra J, p. 250-51.)
176 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

«Mando. Direito e poder para mandar. Impe-


rium, ti. Potestas, atis.
«Ter alguém a seu mando. Jus, potestatemque
alicui imperandi habere. Terent Impehum in ali-
quem tenere. Cie.»
( T . V , p. 286.)

Por qualquer lado, pois, que se encare, e seja


qual for a minudência com que se esmerilhe a noção
de poder, nele se nos não depara o mais tênue ou
remoto conceito de ser obrigada a pessoa que pode,
aquela em que o poder reside. Obriga ele aos
sobre quem se exerce, mas não aos que o têm, e o
exercitam.

ADOLFO C O E L H O : Dicionário manual etimoló-


gico, p . 973-74:
«Poder, v. n. Ter a faculdade, estar em estado
de. Ter possibilidade, alta probabilidade. V. a. Ter
faculdade, autoridade, crédito, meio para fazer.

«Poder, s.m. Faculdade de fazer. Direito


faculdade de obrar em nome de outrem. Autori-
dade, direito de ordenar. Força. Predomínio.
Influência. »

Ib., p . 193:
«Autoridade, s.f. Poder de se fazer obede-
cer. . . Licença, permissão, autorização.»

Ib., p . 647:
«Faculdade. Meio, poder de fazer. Potência
física ou m o r a l . . . . Licença...

ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 177

«Facultar. Permitir, facilitar.


«Facultativo. Que dá uma faculdade, um
poder. Extensivo. Que dá ou deixa a faculdade de
fazer ou de não fazer alguma coisa.»

Ib., p . 519:
«Direito . . . Faculdade reconhecida, natural
ou legal, de fazer ou não fazer um ato. »

Ib.,p. 810:
«Licença. Autorização para dizer ou fazer.
Permissão.»

Ib., p . 956:
«Permissão. Ação de permitir.
«Permitir. Dar concessão ou licença para.
Autorizar a.»

Ib.,p. 193:
«Autorizar Dar autoridade. Conceder a
alguém uma faculdade, permissão.»

Ib., 379-380:
«Conceder. Outorgar; permitir.
«Concessão. Ato pelo qual se concede uma
graça, um direito, um privilégio.»
De sorte que o poder consiste em dispor de
autoridade, direito, faculdade, licença, permissão,
concessão para alguma coisa, algum ato, algum
mando, isto é: para mandar, ou não mandar, para
obrar, ou não obrar, para fazer, ou não fazex.
178 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

N ã o nos diz coisa diversa JOÃO DE D E U S no


seu Dicionário prosódico:
«Poder, v . a. ter a faculdade de; ter ocasião
de; ter direito a; ser capaz de. V. n. ter [orça ou
vaiimento.»

As mesmas noções nos ministra SILVA BASTOS,


no seu Dicionário etimológico, prosódico e orto-
gráfico da Vingt ia portuguesa:
«Poder, v.tr. ter a faculdade de; ter autoriza-
ção ou direito para; estar exposto a; ter força paia;
v. intr. ter possibilidade ou força para.» (p. 945.)

Semelhantemente LACERDA, no Dicionário enci-


clopédico:
«Poder, v.a.: ter força, física ou moral, ener-
gia, para obrar, fazer, executar, sofrer, suportar,»
(v. II. p. 796.)
Ter força, ou energia, para obrar, fazer, ou
executar; a saber: estar em condições de, achar-se
habilitado a, reunir os meios de ação material ou
jurídica, legítima ou natural, moral ou política, para
ordenar, ou não, fazer, ou não, executar, ou não, os
atos cuja possibilidade se alega, ou cuja prática
se requer. Ter força; quer dizer: ter capacidade,
idoneidade, competência, e não obrigação, ou neces-
sidade.

PEREIRA E SOUSA, no seu Dicionário jurídico


(Esboço de um) não regista em artigo especial o
vocábulo poder, verbo ou nome; mas bem claramente
o define, ao estabelecer as acepções de faculdade e
facultativo.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 179

«Faculdade», nos diz ele, «é o poder de fazer


alguma coisa, física ou moral.»
E, no artigo subseqüente:
«Facultativo se diz em direito do que dá o
poder e a faculdade de fazer alguma coisa.»
Poder e faculdade, logo, se confundem num só
sentido. Ambos os termos exprimem o direito, a
possibilidade jurídica.

ANTÔNIO MARIA Dicionário da


DO C O U T O :
maior parte dos termos homônimos e equívocos da
língua portuguesa (Lisboa, 1842).
P . 306:
«Poder, v . a . e s.m. Quando v. significa
homonimamente v . n . ter posse, forças físicas para
pôr em movimento, levar, fazer, suster. Também
se usa reciprocamente poder-se. Como nome, força
física, vigor do corpo, ou alma. Resistir com todo
o poder, isto é, com todas as forças e meios. Item,
sujeição, domínio, faculdade moral, império, jurisdi-
ção, forças militares; potências, ou Estados sobe-
ranos, superioridade, etc. e»

— Italiano
PREMOLI: Vocabolario Nomenclature, v. II,
p . 987:
«Potere. Avere facoltà, forza, modo, possibi-
lita di fare, di operare checchessia; essere, mettersi,
trovarsi in grado di [are o di non fare una cosa
secondo volontà: aver donde, aver fiato, avere in
mano, in pod está: aver licenza, opportunitàde, po-
180 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

destade, opera, aver potere, valore; bastare, bastare


i mezzi, la forza, le forze.»

POLICARPO PETROCCHI: NUOVO Dizionario


Universale delia Lingua Italiana, v. II, p. 572:
«Potere. Aver facoltà, forza, modo.»

Dicionário de autoridades

{Diccionario de Ia Lengua Castellana, en que se


explica ei verdadero sentido de las voces, su natu-
raleza y caridad, etc. Dedicado ai Rey Noestro
Sehor D. Phelipe V . Compuesto por la Real Aca-
demia Espanola.)
T . V (1737), p . 308-9:
«Poder, v. a. Tener expedita Ia facultad o
potência de hacer alguna cosa. . .
«Poder. Significa tambien tener domínio, auto-
ridad o manejo.
«Poder. Significa assimismo tener fuerza y
actividad, o para obrar, o para resistir o sufrir.
«Poder. Tener facilidad, tiempo o lugar de
hacer alguna cosa."»

BARCIA:Primer Diccionario General Etimoló-


gico de Ia Lengua Espanola.
T . I V (1882), p . 299:

«Poder, a c t i v e Tener expedita Ia facultad o


potência de hacer alguna cosa. IjTener domínio,
autoridad o manejo. |Tener fuerza y actividad
ÁRTICO 6° DA CONSTITUIÇÃO 151

para obrar, o para resistir o sufrir. ||Tener facilidad,


tiempo o lugar de hacer alguna cosa.»

VALDEZ: Diccionario Espanol-Portugués.


T . III (1866), p. 436:
«Poder, a. . . Ter facilidade ou potência para
fazer qualquer coisa; — poder, ter domínio, autori-
dade etc. Dignitate, auctoritate valere; — poder,
ter força, atividade para resistir, sofrer, etc.»

«Propiedad es dei verbo poder, Ia facultad,


fuerza, valor, dominio, facilidad posibilidad de
alguna cosa o peisona.»
— JUAN M I R Y NOGUERA: Prontuário de His-
panismo y Barburismo, t. II (1908), p. 443.

PODER. M A Y .

«By the Interpretation Acts the word 'may'


shall be construed as permissive. R . S . C . ch. 1
sec. 34 (24); R . S . O . ch. 1 sec. 29 ( 1 ) .

«It has more than once been pointed out that


these clauses of the Interpretation Acts do not
introduce any new rule, but are declaratory only
of that established by judicial decision. Re Lin-
coln Election (1878) 2 A . R. 324, per Moss,
C . J . A . , at p . 341; In Re Township of Nottawa-
saga and County of Cincoé (1902) 4 O . L . R . 1«
15. W e b b v. Box (1909), 20 O . L . R . p . 222.»

Judge WIDDIELFIELD: Words and Terms Judi-


cially Defined. Toronto, 1914, p. 232.
182 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

LEIS PERMISSIVAS

«The epithets 'obligatory' and 'permissive' are


applied according as the persons affected by such
statutes have an option or not about doing the
thing which the statute deals with. If there is no
option, the statute is called obligatory'; but if there
is, it is called 'permissive'.»
A treatise on construction
H E N R Y HARDCASTLE:
and effect of statute law. London, 1892, p . 7 3 .

*— Leis Permissivas.
«Les lois sont: l 9 imperatives, quand elles com-
mandent quelque chose. . . 29 permissives, quand
elles permettent quelque chose. . . 3 9 prohibitives,
quand elles défendent quelque chose.»

Pandectes Françaises, v. Lois er décrets, n. 5.


T . 37, p . 766.
«A permissive statute is one which allows cer-
tain acts or things to be done, without commanding
them. »

The American and English Encyclopaedia of


Law. 2nd ed. V . 26, p. 533.
In v. Statutes, II, n. 3, a.

[23] INTERVENÇÃO

— Intervenção para assegurar o respeito a


direitos consagrados pelas leis da União (ordinárias
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 183

ou constitucionais), que o governo do Estado não


pode ou recusa proteger.

«During the late civil strife in Kentucky bet-


ween the two rival governments, M r . TAYLOR, the
Republican Government, appealed for federal aid
against an opposing Democratic Legislature.»

Intervenção recusada.

«The aid was refused by president MacKin-


ley's administration. It was explained that the exact
functions of the United States Army, when acting
within a State, have been most carefully defined
and set out in General Order 26, promulgated July
24, 1894. Under the terms of this order the Govern-
ment of the United States can, of its own volition,
used the federal troops within a State only when
insurrection, violence, unlawful combinations or
conspiracies in any State so obstruck or hinder the
execution of the laws thereof and of the United
States as to deprive any person or class of people
of such State of any of the rights, privileges, or
immunities or protection named in the Constitution
and secured by the laws for the protection of such
rights, privileges, or immunities, and the constituted
authorities of such State are unable to protect, or
from any cause fail in or refuse protection of the
people in such rights.»

Ib.t p . 176.
184 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Intervenções requisitadas ( nos Estados


Unidos) por governos de Estados e recusadas pelo
da União:

— O caso do Kentucky.
WOODBURN: The American Republic, p . 176.
(Já extratado nestas notas. )

— É perigoso o poder de intervenção dado ao


presidente?
Resposta da Suprema Corte. Luther v. Borden,
7 Howard 44. 12 L. Ed. 600.
M A Y , em vez de SHALL .

WOODBURN:The American Republic, p . 172,


(Tópico já reproduzido nestes apontamentos.)

A autoridade estadual é o juiz da necessidade


da intervenção requisitada:
«Of the necessity for aid the State authorities
are to be the judge. »
— W O O D B U R N : The American Republic, p. 175.

Taney, proferindo a sentença da Suprema Corte,


em 1849, no caso Luther v. Borden, disse, citando
a lei de 28 de fevereiro de 1795:
«By this Act the power to decide wether the
exigence had arisen upon which the Government of
the United States is bound to interfere, IS GIVEN TO
THE PRESIDENT.»

Luther v. Borden, 7 Howard 43. 12 L. Ed. 599.


2* c.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 185

Intervenção para assegurar a execução de leis


federais.

«In case a domestic insurrection within a State


violates United States Law and obstructs the instru-
ments or interrupts the operations of the functions
of the United States Government, the president
may intervene without waiting the application of
State government or legislature. A notable ins-
tance of this is seen in president Cleveland's action
in the great strikes of Chicago in 1894, in which he
interfered to enforce the United States posta) laws
and the Interstate Commerce Act.
«This is the president's duty under another
clause of Constitution, — that which requires
him to 'take care that the laws be faithfully exe-
cuted'.»
JAMES ALBERT W O O D B U R N : The American Re-
public and its Government. New York, 1916, p. 175.

Intervenções requisitadas

— A obrigação imposta ao governo federal


apenas lhe deixa ensancha para examinar se a auto-
ridade requisitante é a legítima.

~ Fed. St. Am., v. 3, p. 522-3, sec. 5.297.

— W A T S O N , V. 2, p. 1.295.

— W O O D B U R N , p. 175 («of the necessity for


aid the State authorities are to be the
judge.»).
186 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— KASSON: Evolution o/ United States Cons-


titution («The necessity for national inter-
view was to be determine the by state
authority. » )

— Contra

— A intervenção depende do juízo do presi-


dente saber se é ou não caso dela. (Isto mesmo no
caso da intervenção requisitada.)
~ W A T S O N , p. 1297-1299.
— No mesmo sentido a secção 5.297 das leis
americanas. Fed. S. Am., v. 3, p. 522.
Analise-lhe os termos. ( * )
— Federal aid in domestic disturbance, pági-
na 257 f. e nol.
(Aí: «o de judge»; «to his judgement»; «wether
the oppos. to is one, that justifies the term insurrec-
tion»; «He may refuse to render any aid whatever»)
P . 258, p r .
— O caso dos Estados do Sul em 1870 e a
emenda constitucional então proposta.
Proposed Amendments, p . 171-2.
— Martin v. Mott, 12 W h e a t , 29-31. (Aí.
entre outros, se discute o ponto do alcance dos po~
deres discricionários, quando quer que sejam outor-
gados) .
— PASCHAL. Apud MITRE : Arengas, p. 312,
f. 313.
(*) Lins VARELA: Estúdios, p. 248 f. 249. pr.
E m lei americana de 1795 é complementar da Constituição. UBRU-
TIA: lntervenciones. p. 249, 250-51.
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 157

— LUTHER V. BORDEN, 7 Howard 43, 12 L.


E . 599.
Aí o ato de fevereiro 28, 1795, seu texto.
Por esse ato compete ao presidente decidir
«wether the exigence has arisen».
«The president is the final judge.»
lb., p . 613.
Logo, se esse poder é cometido ao juízo do pre-
sidente, e não ter recurso, é um poder discricioná-
rio.
O presidente pode, logo, recusar a intervenção,
alegando não ser, a seu juízo, o caso dela.
— PASCHAL — CALVO: Dig., v. I, p. 506.

— M A C C L A I N : Constitutional Law in the


United States, p. 211, 258 («This power is dis-
cretionary.» )

— MITRE : Arengas, p. 307.

— Documentos Parlamentares, III, 449.

— Documentos Parlamentares, V, p. 133


(Pinheiro Machado).

— O governo brasileiro desatende a requisição


de governadores de Estados.
Ceará — 1912. Documentos Parlamentares,
IX, 78-9, 86. 87.
— Coelho Rodrigues (nos Estudos de Direito
Público de Viveiros de Castro) é, talvez, o único
188 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

jurisconsulte nosso, que buscou discutir a signifi-


cação do «poderá» do art. 69t para sustentar a tese
de que, aqui, o pode quer dizer deve.
Por quê? Pelo elemento lógico. Pretende esse
jurista que, na inteligência dessa disposição, esse ele-
mento exclui a interpretação gramatical.
Mas como? Por quê? Porque pelo art. 54 da
Constituição «incumbe ao presidente da república
manter a forma de governo e a segurança interna
do país, sob pena de responsabilidade».
Perfeitamente. Mas o que a tese oposta a essa
mantém, não é nem que esse dever não exista, nem
que o presidente o possa descumprir, mas, simples-
mente, que, nas hipóteses do n . 3, esse dever não
resulta necessariamente da requisição. Esta é uma
condição da oportunidade para o exercício desse
dever, porém, não tira ao presidente o direito de
examinar os fatos, para averiguar se a requisição
tem base, ou não tem, se procede, ou não procede.
Se ele se convence de que a requisição é justa, é
inegável o dever de intervir. Se ela não tem funda-
mento, o que ele, pelo contrário, deve, é não intervir.
Mas, como a ele cabe julgar entre os dois deveres
entre si contrários, a Constituição não manda que a
requisição o obrigue a intervir, mas que, dada ela,
a intervenção não seja obrigatória, mas eletiva,
consoante os fatos autorizarem ou desautorizarem a
solicitação do governo do Estado.
Por isto, não diz o texto que o governo fe-
deral intervira à requisição do governo estadual,
senão que, a essa requisição poderá intervir.
Por outra. A requisição não impera: requer.
O ato do governo estadual não determina: solicita.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 189

O governo da União não obedece: examina, julga,


resolve.
Se a linguagem do art. 6.°, § 3.°, estabelecesse
que «o governo federal intervirá à requisição dos
governos dos Estados», em requisitando eles a inter-
venção, o governo federal a teria de exercer, esti-
vesse, ou não, alterada «a ordem e tranqüilidade
pública» ao extremo de exigir tão extraordinária
medida.
Mas, como o objeto da intervenção, por esse
texto, consiste em «restabelecer a ordem e a tran-
qüilidade pública nos Estados»; como, em segundo
lugar, o fim da requisição está em invocar para a
repressão dessa desordem o concurso do governo
central, avisando-o da impotência das autoridades
locais em a coibirem, — duas condições havia, além
da requisição a desordem, além da desordem a requi-
sição, e era mister que as duas se reunissem, para
se realizar o caso da intervenção constitucional.
Se não se admitiria a intervenção pelo n. 3 9 do
art. 6.°, a não ser em o desaparecendo «a ordem e
tranqüilidade nos Estados», e se o governo federal
não é instrumento dos governos estaduais, para lhes
acudir contra uma desordem, que ele veja não exis-
tir, embora o contrário lhe assegure o governo do
Estado, claro está que, com a requisição deste, ape-
nas se instaura a jurisdição política do governo da
União, para julgar dos fatos alegados, e, consoante
a sua realidade, a sua importância, a sua moralidade,
conceder ou negar a providência requisitada.
Dizemos, também, «sua moralidade», porque, se
um governo de Estado subverter, notoriamente, a
ordem, se atentar, visivelmente, contra o sossego pú-
blico, e, ainda por cima, chamar o governo federal
a valer-lhe contra as populações oprimidas, não po-
190 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

dia estar no pensamento da Constituição que, sem


embargo dessa evidência, a União não tivesse outra
alternativa mais que a de correr, com olhos e ouvidos
para um só lado, em auxílio desses crimes, cumpli-
ciando-se monstruosamente com a sua violência e
cinismo.
Eis o que a Constituição teve em mente, levan-
do, assim, vantagens às Constituições, que a prece-
derem, quando, com o «poderá intervir», em vez do
«intervirá», forrou a União à situação servil de ma-
nivela das políticas estaduais, em que se veria, se
elas pudessem constranger o governo da república
a condescender cegamente com requisições arbitrá-
rias, gratuitas e mentirosas, para alentar oligarquias
desmoralizadas com o prestígio e a força dos poderes
da nação.
Aqui está o que nos dita esse «elemento lógico»,
a que se abraça Coelho Rodrigues. Neste ponto a
interpretação decorrente do espírito da lei harmoniza
com a que lhe emana da letra.
Num país de costumes políticos tão baixos como
os nossos, incalculáveis seriam os extremos, a que se
havia de rebaixar a União, se o nosso pacto consti-
tucional lhe desse o poder de intervir como simples
bastão de cego, para cair sobre a cabeça das popu-
lações esmagadas a um aceno dos governos esta-
duais, em nome da ordem e tranqüilidade geral por
eles mesmos transtornadas justamente para envolve-
rem na sua imoralidade e impopularidade o governo
federal.
O argumento desse eminente jurisconsulto incor-
re no mais claro dos ilogismos.
Exatamente porque, nos termos do art. 48,
§ 15, à intervenção acarreta o estado de sítio, medida
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 191

que resulta em suspensão das garantias constitucio-


nais, por isso mesmo é que a Constituição não pode-
ria ter submetido o governo da república a intervir
nos Estados, a pretexto de alteração da ordem, só
porque e toda a vez que lho requisitem qualquer dos
governos estaduais.
Essa «grave responsabilidade», a que aludia
Coelho Rodrigues, moral com relação ao Congres-
so, ou criminal com relação ao presidente pressupõe
em ambos esses poderes a intervenção da sua cons-
ciência e o emprego do mais alto critério, para deli-
berar e resolver à luz das ocorrências examinadas
com liberdade e madureza, recusando as medidas
solicitadas, se o forem com descoberta malícia, con-
trariando-se a verdade óbvia das coisas, para servir
a caprichos, interesses ou paixões.
Mas o próprio Coelho Rodrigues ultima a sus-
tentação da sua teoria, admitindo que o «poderá» do
art. 6.° não seja imperativo, mas facultativo, na cláu-
sula terceira desse artigo, isto é, na parte desse texto
que respeita às intervenções «para restabelecer a
ordem e tranqüilidade nos Estados», na disposição,
justamente, que trata das intervenções requisitadas
pelos governos estaduais.
Eis as suas formais palavras:
«Como quer que seja, o poderá do art. 6.° não
importa uma faculdade, mas uma obrigação do go-
verno federal, pelo menos no lç, no 2? e no 49
caso.»
Dos quatro casos do art. 6.° separa esse autor,
destarte, o 3°, admitindo que, no tocante a este, di-
versamente do que se dá por certo quanto aos três
outros, o poderá desse texto não exprima uma obri-
gação do governo federal, mas uma faculdade sua.
192 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Ora, é precisamente sobre o caso do art. 6.°,


n. 3*, que tem versado a nossa argumentação. A
respeito dele é que temos sustentado não revestir o
caráter de obrigação, mas o de faculdade a função
designada naquele poderá.
Aliás, seria, porventura, admissível essa distin-
ção? Se o período é um só, e os quatro membros cor-
respondentes aos quatro números, em que ele se
ramifica, se acham todos subordinados à oração prin-
cipal, cujo verbo é o «poderá intervir», como seria
lícito supor que esse poderá, tendo sentido imperativo
a respeito do primeiro, segundo e quarto casos, passe
a ser meramente permissivo no terceiro, ou expri-
mindo, nestes, ação mais facultativa, assuma, dife-
rentemente, expressão imperativa nos três outros?

— A requisição nem sempre é necessária.


Não o é, quando, além de estar alterada a ordem
e tranqüilidade, se ache perturbada a ordem consti-
tucional, reinando a anarquia.
VIVEIROS: Relatório geral [do] Congresso
Jurídico (Estudos de Direito Público, 460).
Ib. Opinião de COELHO RODRIGUES. lb„
p. 510 f.

Igualmente o não é, quando se trate da violação


dos direitos individuais.
Ibidem :

— Contra.
REGO MONTEIRO. Congresso Jurídico, Apud.
VIVEIROS: Estudos, p . 553-4.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 193

« . . . O chefe centralizara em suas mãos todos


os poderes. O legislador era ele. E os seus atos
legislativos operavam-se por decretos firmados com
a sua assinatura, sob a referenda de cada ministro,
conforme a pasta, a que a deliberação dizia respeito.
Apenas se abriu exceção, a este respeito, para algu-
mas medidas de ordem pública e certas reformas, que
interessavam à organização constitucional do Esta-
do». Rui BARBOSA: Finanças e política da repúbli-
ca, p . 342.
w * *

« . . . na questão do saneamento . . . Vimos dis-


solvido, naquela ocasião, o Governo Provisório; an-
tes que houvéssemos, sequer apresentado ao país o
programa da revolução no projeto constitucional, que
devia definir a organização da república, e servir
de centro dos trabalhos da Constituinte. A nossa
dispersão, nessa conjuntura, seria um verdadeiro
naufrágio nacional, cujas conseqüências ninguém po-
deria calcular. A tentativa, a que os meus colegas
me animaram perante o chefe do estado, surtiu, po-
rém, o efeito, que nem eles nem eu esperávamos. E
pudemos então entregar-nos aos trabalhos constitu-
cionais, cujo malogro nos chegara a parecer inevi-
tável .

«Diariamente me davam S. Ex. 35 a satisfação


de reunir-se em minha casa; às 2 horas da tarde, ali
colaboravam todos comigo até às 5 1/2, e, depois de
jantarmos juntos ali mesmo, dirigíamo-nos, reunidos,
a Itamarati, onde eu, por delegação de todos os meus
colegas presentes funcionava no caráter de seu vogai
perante o chefe do estado, justificando, como intér-
prete do pensamento deles, o nosso projeto consti-
194 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

tucional. Isso durante 12 ou 15 dias. Assim se fez


a Constituição.»
Rui BARBOSA: Finanças e política da república,
p. 391-392.

Saneamento do Rio de Janeiro.

Parecer Rui Barbosa datado de 26 junho 1890


publicado no Diário Oficial de 1.° de julho de 1890,
1* página.

Remetido por Cesário Alvim ao Conselho Mu-


nicipal, em data de 28 junho 1890.

Parecer da Contabilidade assinado pelo barão


do Rosário, tem a data 16 junho 1890.

[24] SOBRE A EMENDA DEODORO AO ART. 6*

— Primeiro. Segundo a nota que lhe atribui


Sena (p. 12) o texto devia receber como acrescen-
tamento as palavras «e dos poderes locais».
Disparate deste aditivo:
O texto do projeto ali transcrito é o do Projeto
da Constituição, onde se dizia, como ali (p. 12) está
exarado:
«Para restabelecer a ordem e tranqüilidade no
Estado à requisição do seu respectivo governo.»
Admitido, pois, o acrescentamento, que Deodo-
ro, segundo este testemunho, teria sugerido, o resul-
tado seria redigir-se o art. 69, n. 3 nestes termos.

».
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 195

«Para restituir a ordem e tranqüilidade no


Estado à requisição do seu respectivo governo e dos
poder es locais.»
Despropósito.
Em vez disso, ficou:
« . . . à requisição cios poderes locais.»
Logo o que ficou não foi, como Deodoro pro-
pusera, o acrescentamento das palavras «e dos pode-
res locais» à frase «à requisição do seu respectivo
governo», anteposta àquela outra.
N ã o . Foi a substituição, no projeto da Comis-
são, de uma frase por outra, passando-se, onde ali
se dizia «do seu respectivo governo», a dizer-se «dos
poderes locais».
— Segundo
Mas teria sido isso obra da emenda atribuída a
Deodoro?
Não; porquanto segundo o livro de Sena, o
debate, que ele figura, sobre «o projeto da Consti-
tuição», teria começado aos onze de julho de 1890
e acabado aos dezoito do mesmo julho.
Equívoco, aí, da parte dos autores dessa versão,
não poderia ter havido; pois a data de julho de 1890
se reitera, nessa narrativa, três vezes, à p . 11, à p . 18
e à p . 19, lugares esses, no primeiro dos quais se
pretende que «se começou a discussão do projeto»
em onze de julho de 1890, declarando-se, nos dois
outros, que, «a discussão do projeto terminou» em
dezoito de julho.
Assim que a tal discussão do projeto em que,
segundo o teor desse depoimento, Deodoro teria lan-
çado por escrito aquelas notas, se encetou e concluiu


196 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

naqueles oito dias de julho decorrentes de onze a


dezoito.
Ora «a Constituição dos Estados Unidos do
Brasil», a esse tempo, já tinha um mês de nascida e
conhecida.
O Governo Provisório, com efeito, a «publica»,
(assim reza a rubrica do seu ato) em 22 de junho de
1890, mediante o Decr. n. 510, que se nos depara
na Coleção dos Decretos do Governo Provisório
da República dos Estados Unidos do Brasil, sexto
fastículo, p. 1.365 a 1.386, e cuja data se repete
quase quase [sic] página a página nos Comentários
de JOÃO BARBALHO, assim como em todos quantos
manuais, compêndios, tratados reproduzem, expla-
nam e anotam a nossa lei fundamental.
Veja-se bem. Publicada estava a Constituição,
que o Governo Provisório submetia à Constituinte
por ele convocada para 15 de novembro, — publi-
cada estava, torno a dizer, desde vinte e dois de
junho.
Nesse ato o art. 6.° (então 5.°) já se concebia
nestes termos:
«O governo federal não poderá inter-
vir em negócios peculiares aos Estados,
salvo:

«3 9 Para restabelecer a ordem e a


tranqüilidade nos Estados, à requisição
DOS PODERES LOCAIS.»
(Coleção dos Decretos do Governo
Provisório, p. 1.366).
Logo, aos onze de julho já não podia existir um
«projeto de Constituição», em cujo art. 59, n. 3,


ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 197

Deodoro encartasse a sua emenda aditiva, — «e dos


poderes locais» —, visto que havia, então, já vinte
dias que o Governo Provisório publicava em decreto
[ormal, e, portanto, muito mais tempo que ele a
estudara, discutira, emendara, concluíra, e resolvera,
entregando-a, depois, à publicidade, com as assina-
turas de todos os seus membros, como consumado ato
seu.
Como é, pois, que, tendo já três semanas de
publicada «a Constituição», é que o Governo Provi-
sório lhe começaria a examinar e discutir «o projeto»?
Mais tarde examinarei este mistério inconcebí-
vel.
Mas, como quer que houvesse meio de o expli-
car, o certo é que o projeto do Governo Provisório
já estava convertido em ato público no Decreto
n. 510 de 22 de junho.

Emendas Deodoro
A qual dos dois' decretos de Constituição se
referem?
— Art. 5'. É 6* no Projeto da Constituição.
Projeto da Constituição.
— A. 69. É 8* no Projeto da Constituição.
O § 59 é do Projeto do Governo Provisório.
— A. 11. Do Projeto da Constituição.
— A. 22. Do Projeto da Constituição.
— A. 23. Do Projeto da Constituição.
— A. 25. Do Projeto da Constituição.
— A. 29. Do Projeto da Constituição.

»
198 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— A. 33, n. 10. Do Projeto da Constituição.


— A. 33, n. 11. Do Projeto da Constituição.
— A. 33, n. 12.
— A. 33, n. 13. Do Projeto da Constituição.
— A. 33, n. 9.
— A. 43. Projeto da Constituição.
— A. 48. Projeto da Constituição.
— A. 49. Projeto da Constituição.
— A. 54, n. 10, a. Projeto da Constituição.
— A. 54, n. 10, b. Projeto da Constituição.
— A. 62. Projeto da Constituição.
— A. 64. Projeto da Constituição.
— A. 65. Projeto da Constituição.
— A. 66, parágrafo único. Projeto da Consti-
tuição.
— A. 67 e parágrafo único. Projeto da Consti-
tuição.
— A. 68, c. Projeto da Constituição.
— A. 72. Projeto da Constituição.
— A. 85, parágrafo único. Projeto da Consti-
tuição.
— A. 89, n. 10. Projeto da Constituição.
— A. 95. Projeto da Constituição.

Notas do Deodoro
— 1.° Não foi aceita a indicada por Epitá-
cio.
ARTIGO 6' DA CONSTITUIÇÃO 199

— 3.° Todas são ao projeto da comissão.


— 4.° Quase nenhuma foi aceita.
— 2.° Não são do Deodoro.
— 5.° Não houve tal discussão do projeto em
julho, quando a Constituição já estava
decretada.
— As expressões «à requisição dos poderes
locais», que Epitácio dá como do Deodoro, já esta-
vam na Constituição do Governo Provisório, publi-
cada em 22 junho de 1890. (Decr. n. 510. Coleção
dos Decretos do Governo Provisório, p. 1 . 3 6 6 ) .
Ora, segundo o tal documento divulgado por
Ernesto Sena e invocada por Epitácio, a emenda
Deodoro teria sido apresentada em julho de 1910,
numa discussão principiada em onze e finda em
18 desse mês. (V. hic retro, p. 1 e segs.)
P . de Barbalho:
20. 66. 69. 82. 94. 114. 126. 160. 174.
230. 233. 290. 303. 354.
— Gomes Ribeiro.
184. 185. 186. 188. 190. 216..
194. 195. 197. 199. 200.
Dos 126 arts., em que se dividia o projeto da
comissão, apenas em 21 tocam as emendas ali atri-
buídas a Deodoro.
E delas apenas quatro vingaram.

— Salvo quanto ao art. 5.°, o primeiro a que


elas se referem, a numeração indicada nas notas de
Deodoro é a do projeto da comissão.
200 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Nunca, nos vinte artigos restantes, de que elas


se ocupam, o número designado, nas observações que
se pretendem ver no marechal, é o do projeto do
Governo Provisório.
— Nunca igualmente, nos vinte e um artigos
anotados, se nos depare um, cujo o texto seja o do
projeto do Governo Provisório. Em todos o texto
que o marechal teria comentado, é sempre o do pro-
jeto da comissão.
— Iguais nos dois projetos de Constituição
do Governo Provisório.
A r t . 5.°: «à requisição dos poderes locais».
(Coleção dos Decretos, p. 1.366).
Assim ficou. (/&., p . 3 . 0 1 1 ) .
A r t . 6.°: «A criação e manutenção de alfân-
degas.» (Ib., p. 1.366).
Ficou tal qual. (Ib., p. 3 . 0 1 2 ) .
As notas do marechal transcrevem um art. 11,
redigido nestes termos:
«Igualmente à União como aos Estados cabe o
direito de legislar sobre estradas de ferro e navega-
ção interior.»
Deodoro teria anotado com a censura de «inad-
missível» .
Isso em julho de 1890, quando, já em junho, a
Constituição do Governo Provisório já não encerra-
va tal artigo, o qual também não aparece na edição,
que ela recebeu em outubro. (Coleção dos Decretos
do Governo Provisório, p. 1.367 e 3.012 a 3.013).
Onde estava, pois, esse artigQ?
No projeto da comissão. ( G O M E S RIBEIRO: A
gênese histórica da Constituição federal, p . 184 ) .
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 201

Art. 22.
Também aqui o texto do artigo exarado nas
supostas notas deodorianas é, quer pela numeração,
quer pela redação, o do trabalho da comissão no-
meada pelo Governo Provisório. ( G O M E S RIBEIRO,
p . 185).
A esse texto Deodoro teria posto este comentá-
rio singular: «O homem sério, verdadeiro e de cará-
ter nobre não admite o disposto neste artigo.»
Que monstro seria esse, inadmissível às almas
sérias, nobres e verdadeiras?
Simplesmente a norma, comum a quase todas as
constituições existentes, que, em defesa da indepen-
dência do poder legislativo, estabelece a imunidade
peculiar aos deputados e senadores, contra a prisão
ou processo, enquanto não autorizados pela Câmara,
de que forem membros.
Essa disposição constitucional tinha, no projeto
da comissão, contextura diversa da que o Governo
Provisório lhe deu tanto no Decr. n. 510 de 22 de
junho e 914 A de 23 de outubro de 1890. ( G O M E S
RIBEIRO, p. 185. — Coleção dos Decretos, p. 1.368
e314).
Pois bem: a redação, de que Deodoro teria co-
nhecido, e a que teria posto o seu estigma é a do
projeto da comissão.
Nos dois decretos, mediante os quais o Governo
Provisório deu a público a Constituição por ele
redigida, esse artigo, designado pelo n. 22, a redação,
diferente daquela, se conservou inalterada.
A censura do marechal, pois, teria passado como
se nem houvesse existido. Posterior à primeira Cons-
tituição do Governo Provisório (Decr. 22 de junho),
202 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

nela não poderia ter atuado. Anterior à segun-


da (23 de outubro), nela poderia ter influído, mas
nenhuma influência exerceu. Esta reza literalmente
o que aquela rezava.
M a s o que o próprio livro de Ernesto Sena
materialmente estabelece, é que a crítica do mare-
chal, neste como a respeito de todos os demais arti-
gos, recaía sobre o texto do projeto da comissão; e
o que a edição oficial dos atos do Governo Provi-
sório, neste caso como nos demais, invariavelmente
mostra, é que a segunda Constituição (23 de ou-
tubro) reproduz, invariavelmente, a primeira (22
de junho) em todos os tópicos, onde o marechal
teria achado que dizer, quando examinava o trabalho
da comissão nos lugares correspondentes àqueles.
Assim quanto ao art. 23 (compromisso e sub-
sídio parlamentar), correspondente aos arts. 22 e
23 nos dois decretos; quanto ao art. 25 (número
dos membros da Câmara ), correspondente ao art. 27
nesses decretos; quanto ao art. 29 (duração do man-
dato senatório), substituído pelo art. 30 nos decre-
tos de junho e outubro; quanto ao art. 33, n. 10
(mobilização das forças dos Estados), trocado pelo
art. 33, n. 21, nos mesmos decretos; quanto ao
art. 33, n. 13 (codificações), transformado em n. 24
do art. 33, nos ditos decretos; quanto aos arts. 43,
48, 49 (eleição do presidente e vice-presidente)
que, naqueles decretos, se mudaram no art. 45;
quanto ao art. 62 (acusação e processo do presi-
dente), sobre cuja matéria dispõe, em ambos os de-
cretos, o art. 52;
quanto aos arts. 64, 65, 66, 67 e 68 (Supremo
Tribunal Federal), a que, nos dois atos pelos quais
o Governo Provisório decretou a Constituição, cor-
respondem os arts. 54, 55, 56, 57 e 58;
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 203

quanto ao art. 72 (Constituições dos Estados),


que o Governo Provisório, nas duas eleições do seu
plano de constituição, veio a substituir pelo art. 62;
quanto ao art. 89, n. 10 (igualdade perante a
lei), cujo assunto se transferiu, na obra daquele go-
verno, para o art. 72, § 2.°;
quanto ao art. 95 (pena de galés), cuja aboli-
ção Deodoro, segundo o livro de Ernesto Sena,
teria reputado inadmissível, e que, entretanto, o
Governo Provisório aboliu no art. 72, § 21, do seu
projeto constitucional;
quanto, enfim, ao art. 106 (responsabilidade
legal dos funcionários ), sobre cujo objeto, em ambos
os decretos constitucionais desse governo, dispõe o
art. 79;
os textos, que, consoante ao depoimento de
Ernesto Sena, as observações do marechal ementam,
criticam, ou rejeitam, são invariavelmente, as do
projeto da comissão, discutido, segundo essa versão
inexplicável, nos dias onze a dezoito de julho,
quando já tinha recebido publicidade solene, no
Diário Oficial, a Constituição projetada pelo Go-
verno Provisório e por ele sujeito ao exame da Cons-
tituinte, convocada, naquele próprio ato, art. I 9 , para
dali a cinco meses.

Ora, cotejadas uma por uma essas emendas com


o primeiro decreto (22 de junho) e o segundo (23
de outubro), duas coisas positiva e rigorosamente se
apuram e liquidam:
A primeira, que de tais notas e correções não
há o menor traço em nenhum dos dois decretos do
Governo Provisório;
204 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

A segunda que o Decr. de 23 de outubro con-


serva absolutamente com a mesma numeração e a
mesma linguagem todas as disposições, cujas corres-
pondentes no projeto da comissão teriam (a crermos
nos papéis de Ernesto Sena) passado pelos comen-
tos, censuras e rejeições do marechal.
Logo, de duas uma:
Ou não é verídico esse rol de notas, a que o
presidente da república, sem o mais leve exame, le-
vado pelo açodamento de cevar o seu gênio apaixo-
nado, associou, num documento oficial da maior
altura, a sua responsabilidade, estribando nele uma
asserção peremptória, com que se está saboreando
no gozo de nos amesquinhar.
Ou, se, pelo contrário, esse papel é verdadeiro,
só o que ele vem provar, trazendo-nos a evidência
material de que as idéias ou sugestões do marechal
não penetraram em nenhum dos decretos, pelos quais
o Governo Provisório deu a lume o seu projeto de
Constituição, é que a constituição pessoal do chefe
desse governo para aquela obra se reduziu a nada.
23 junho 1890 — segunda-feira. Diário Ofi-
cial publica Decr. 510 de 22 de junho de 1890 —
Constituição.
Ano X X I X — 2* da República — n. 166.

Domingo 22 junho 1890 — p . 2.679 — noti-


ciário:
CONSTITUIÇÃO: Hoje, à noite deve ser assinado
pelo Sr. generalissimo chefe do Governo Provisó-
rio o decreto que promulga a Constituição Federal
da República dos Estados Unidos do Brasil.
ARTIGO 6 ' DA CONSTITUIÇÃO 205

O ministério ofereceu a S. E x \ para realizar


esse ato soleníssimo de nossa vida política, uma ri-
quíssima pena de ouro com uma bela safira e bri-
lhantes .

Diário Oficial de 24 de julho 1890. Atos do


poder executivo. Constituição dos Estados Unidos
do Brasil. ERRATA. N O art. 59 b), leia-se: «os litígios
entre um Estado e cidadãos de outro, ou entre
cidadãos de Estados diversos, diversificando as leis
destes».

tinha saído antes


b) os litígios entre um Estado e cidadãos de
outro, ou entre cidadãos de Estados diversos;

Diário Oficial, sábado 28 junho 1890 publica o


Decr. n . 510 (novamente). Reproduzem-se este
decreto e a Constituição por terem saído com algumas
omissões e erros tipográficos.

Diário Oficial de segunda-feira 30 de junho de


1890. Publica pela 3* vez o Decreto n . 510.
«Por ter saído ainda com uma omissão, no art. 29,
reproduz-se hoje este decreto.»

/orna/ do Comércio — 11 junho 1890 — 1* pá-


gina. — Gazetilha — 3* notícia.
Projeto de Constituição — Sob a presidência
do generalissimo chefe do Governo Provisório, reu-
niu-se ontem o ministério no palacete Itamarati, a fim
de discutir o projeto de Constituição.
A conferência começou às 7 horas da noite e
terminou às 10. Foram aprovados.


206 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Jornal [do] Comércio. 13 junho 1890. 1* p. Ga-


zetilha — 2* notícia.
Projeto de Constituição — Sob a presidência
do generalissimo chefe do Governo Provisório, reu-
niu-se ontem, pela segunda vez, o ministério para
continuar a discutir este projeto.
A conferência começou às 8 horas da noite e
terminou às 10 Y2.
Amanhã continuará a discussão.
Jornal do Comércio. Domingo 15 junho 1890.
Gazetilha — 1* notícia.
Conferência Ministerial — Não houve ontem
despacho nem conferência ministerial.
Jornal do Comércio — quarta-feira, 18 junho
1890. 1* página. — Várias Notícias — Segunda
notícia:
«Ontem, à \x/z horas da tarde, houve conferên-
cia ministerial na residência do Sr. ministro da fa-
zenda, terminando cerca das 5.
«Das 7 às 11 da noite houve também conferên-
cia no palácio do generalissimo chefe do Governo
Provisório e por ele presidida. Tratou-se do projeto
da Constituição.
«Hoje, às 7 horas da noite, haverá outra con-
ferência para o mesmo fim e no mesmo palácio, tam-
bém presidida pelo generalissimo.
«Talvez termine hoje a discussão do projeto,
indo depois de amanhã a imprimir. »

Jornal do Comércio — quinta-feira, 19 junho


1890. 1* p. Gazetilha — Primeira notícia:

i
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 207

Projeto de Constituição: N a conferência minis-


terial de ontem ficou aprovado o projeto de Cons-
tituição .
«Consta-nos que compõe-se de 94 artigos e que
as disposições transitórias estão contidas em 11.»
— A fim de rever todo o projeto, o ministério
deve reunir-se hoje, às 2 horas da tarde, no palácio
do Sr. chefe do Governo Provisório.

Jornal do Comércio — sexta-feira 20 junho


1890. Gazetilha — Primeira notícia:
Projeto de Constituição: O ministério reuniu-
se ontem sob a presidência do Sr. chefe do Governo
Provisório, para tratar do projeto da Constituição.
«Depois de breves observações foi adiada a
discussão para amanhã à 1 hora da tarde.»

Jornal do Comércio — domingo, 22 de junho


1890. Gazetilha — Primeira notícia:
Projeto de Constituição: Sob a presidência do
Sr. chefe do Governo Provisório, reuniu-se ontem o
ministério e concluiu a revisão da Constituição.
«O ministério janta hoje com o Sr. generalissi-
mo e à noite será assinada a Constituição.
«Ontem, ao findar a conferência, foi entregue
ao Sr. chefe do Governo Provisório uma pena de
ouro com brilhantes e pedras preciosas, com a qual
deverá S. Ex* assinar o decreto da Constituição.»
208 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Jornal do Comércio — segunda-feira, 23 de


junho de 1890. Gazetilha — Primeira notícia:
«Constituição Política — Na seção Atos Ofi-
ciais, publicamos hoje o decreto que promulga a
Constituição Política da República dos Estados Uni-
dos do Brasil, o qual foi assinado, pelo chefe do
Governo Provisório e todos os ministros de Estado,
na sala das sessões do mesmo governo, às 5 horas e
15 minutos da tarde de ontem. Tem a data de ontem
e o n . 510. -, * J
«A promulgação foi noticiada oficialmente, pelo
telégrafo, aos governadores dos Estados.»

De 11 a 19 de julho de 1890 não existe uma


única noticia sobre a Constituição no Jornal do Co-
mércio .

[25] DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA


QUANTO AO ART. 6*

— Em 1894. Projeto Milton atribui ao Supremo


Tribunal a competência de resolver, mediante recla-
mação, todas as questões que se originarem de
conflitos resultantes da duplicata de assembléias ou
governadores de Estados.
V . I, p. 203.

O projeto n. 179 da Câmara, no caso de


Sergipe, declara, pelo contrário, ser tal atribuição
exorbitante das do poder judiciário, reivindica essa
competência para o Congresso.
Ib.,p. 207-8.

*
ARTIGO Ó9 DA CONSTITUIÇÃO 209

Com o projeto Milton concorda o substitutivo


da comissão ( p . 2 1 0 ) . Vide. A Câmara, em 2* dis-
cussão, aprova esse projeto. Mas é rejeitado em
3* discussão. P. 266.
— Em 1894 (dezembro).
Projeto João Barbalho, Justo Chermont e
outros. 269-70.
— Mais divergências sobre a questão da com-
petência. V . I. 397. 277. 369 e segs. 329-41.
397-401-2. 403. 404-9. 415-18. 419. 432. 448.
454. 456. 505. 463. 467.
V . 4, 28.
Ainda o projeto Milton. Documentos Parla'
mentares I, 203. 219. 211. 221. 223. 261-2. 493.

[26] DISTRIBUIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES


ENVOLVIDAS NO ART. **, § 4'

— Tem-se entendido que,


no tocante à garantia da forma republicana a
competência é do Congresso,
e no que respeita ao caso da insurreição {do-
mestic violence ), é do presidente.
BRYCE, I (1» é d . ) . p . 7 0 - 7 1 .
WOODBURN, p . 174.
— Outros entendem que ambas pertencem ao
presidente.
M A C C L A I N : Constitutional Law in the United
States, p. 211 m e f.
210 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

BARRAQUERO,p . 198-201. (Nem na Argentina


nem nos Estados Unidos a questão se acha defini-
tivamente resolvida). h j

MITRE : Arengas, p . 307.


~ VIVEIROS: Estudos [de] Direito Público,
p . 461-2. p. 499. 504.
A faculdade de intervir compete aos dois
poderes essencialmente políticos.
— Congresso Jurídico (VIVEIROS: Estudos,
p. 506, 567.
A expressão governo federal abrange todos os
órgãos da soberania nacional.

[27] O INTERVENTOR

— Dada a intervenção, há sempre um inter-


ventor .
Quando não há um interventor especialmente
nomeado pelo chefe do executivo, este é o inter-
ventor, embora exerça o cargo de longe e funcione
mesmo do palácio do governo na capital.
OCA, I, 2 6 1 .
Mostre. Explane.
Isto posto, a questão, aqui, se reduziria a saber
se esse interventor, que, pela própria natureza das
suas funções constitucionais, o é em geral para todos
os casos de intervenção e, particularmente, para cada
um dos ocorrentes, — não poderia delegar essas atri-
buições a mandatários seus, agentes de sua confian-
ça, que o representem, no Estado onde correr a
desordem, e ali desempenhem o chefe da nação da
ARTIGO 6Ç DA CONSTITUIÇÃO 211

tarefa, que as circunstâncias lhe não consentirem


executar à distância e diretamente.
A tal respeito nenhuma dúvida se poderia sus-
citar na república argentina, onde vedado é ao presi-
dente sair do território da capital.
Nos países, onde, porém, não existe proibição
tal, evidentemente não resultará menos do princípio
de necessidade o caráter legítimo dessa delegação.
Pois, na intervenção, o seu exercício regular, pela
natureza dos seus atos, condições e fins, exige de
ordinário a ação presidencial do órgão da União,
no lugar onde ela é chamada a intervir, e não poden-
do o chefe da nação, transferir da metrópole para
ali a sede do seu governo, força é cometer a um
encarregado especial das suas instruções a missão
de o substituir e por ele atuar no teatro dos aconte-
cimentos .
Nem outra coisa é o que se faz, ainda não quan-
do se não constitua declaradamente um interventor
assim nomeado; porquanto há de haver sempre um
ou mais funcionários, mediante quem o presidente
leve a efeito, no território estadual, as medidas, que
a intervenção requer da sua autoridade, e que só a
ele cabem.
Que foi, na Bahia, o general Aguiar, senão um
interventor, embora se lhe não desse tal designação?

[28] PODERES IMPLÍCITOS

— 26 Encyclopaedia, 614.
— «Quando lex aliquid concedit, conceditur
et id sine quo res ipsa esse non potest.»
WiLBERFORCE: Statute Law. 1881. P . 50. —
HARDCASTLE: Construction, p . 271-2.
212 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— GOURD III, 300-301.


— IRINEU Documentos Parlamentares, V,
147, m.
— AMARO Documentos Parlamentares, II,
79. 86-7.
— FELISBELO Documentos Parlamentares, V,
261.
— LUCIANO PEREIRA Documentos Parlamen-
tares, I X , 1 6 7 .

[29] AS INTERVENÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS

Documentos Parlamentares, I, 319

— O s fios telegráficos e as revoluções. ( A


propósito do que ocorreu na Bahia). «Se se retira-
rem os fios telegráficos, que ligam todo o Brasil,
de modo que não haja mais nenhuma comunicação
telegráfica, nesse dia, em todos os Estados da repú-
blica, irromperá a revolução.» (Hilaridade) Do-
cumentos Parlamentares, v. 4, p. 311.
— No caso de Mato Grosso em 1899 cabia a
intervenção. Mas Campos Sales recusou intervir.
Circunstâncias eloqüentes desse caso. Documentos
Parlamentares, V , 157-8. Ib., 211 ( M E L O F R A N C O ) .
— Os que aplaudiram essa atitude anti-inter-
vencionista foram os mesmos, que, em 1910, no caso
do Rio de Janeiro, em três dias votaram atropelada-
mente, no Senado, um projeto de intervenção, man-
dando reconhecer uma assembléia determinada,
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 213

praticando assim verdadeiramente um ato de veri-


ficação de poderes, e usurpando por este modo uma
atribuição da Assembléia Legislativa do Rio.
Documentos Parlamentares, V, 163-4. 170. 173.
— Divergências nos Estados Unidos.
Quem decidirá se a forma é republicana?
O Congresso. V O N HOLST, p . 238.
— Poucas ocasiões ali tem havido de se exer-
cer esse poder.
M A C C L A I N : Constitutional Law in the United
States, p. 259.
Nos Estados Unidos «as intervenções quase
que não têm precedentes».
Luís VARELA: Estúdios, p. 248.
«Ainda hoje, em cada caso concreto, continua a
dúvida se o poder de intervir compete ao legislativo,
ao judiciário, ou ao executivo, e, nos Estados, quem
tenha autoridade, para requisitar a intervenção: se
o presidente do Estado, se a Assembléia, ou se outro
poder.»
Documentos Parlamentares, V, 212 (MELO
FRANCO),

— No caso 39 do art. 6* só se pode intervir,


havendo perturbação «da ordem material». V , pá-
gina 238 ( M E L O F R A N C O ) .
— Contra.
— A intervenção nos casos do art. 69, cabe
aos 3 poderes separada, ou concorrentemente, con-
soante o caso. Documentos Parlamentares, V, 215.
224 ( M E L O FRANCO).
214 OBRAS COMPLETAS DE RU! BARBOSA

— Assim «qualquer dos poderes» (e, portanto,


o judiciário) pode pedir a intervenção. Documentos
Parlamentares, V , 224,2 ( M E L O FRANCO) .
— O fato do poder executivo estadual ter
entrado em relações com uma das assembléias du-
plicadas não a legaliza, não resolve a dualidade,
não a exclui.
Documentos Parlamentares, V, 229-30. ( MELO
FRANCO).
— Contra.
— «A opinião em contrário, sustentada pelos
colegas...»
Ib.,p. 230, 2 . 3 . 4 . 5 .
— Os que reservam ao poder legislativo a
competência no caso do art. 69, n. 2.
«Por que essa discriminação de competências?»
pergunta CÂNDIDO MOTA, V , 265 m.
— Quem julga do poder legítimo num Esta-
do onde isto se questiona?
Até hoje não é líquido nos próprios Estados
Unidos, diz Quintino em 1910. V, 268-9.
— Ao executivo exclusivamente compete a
intervenção em rodos os casos do art. 6 o .
Projeto Martins Júnior ( 27 junho 1904 ) .
V , 270.
— «O Congresso Nacional, todas as vezes
que foi provocado a pronunciar-se sobre os casos de
intervenção, ou declarou-se incompetente, ou esqui-
vou-se»; CÂNDIDO M O T A .
V , 272-3. 270 m. e f. 271 pr. 274. 290.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 215

— Nos casos de dualidade de governos tam-


bém o presidente da república exerce a iniciativa
da intervenção. IX, 62.

[30] INTERVENÇÃO NA ARGENTINA

— O mau exemplo argentino em matéria de


intervenção. Inversão dos seus fins. Consolidação
dos governos incondicionais e eliminação dos inde-
pendentes — ARAYA, v. I, p. 147.
Luís VARELA, 262.
— O texto do art. 69 da Constituição argentina.
Em ARAYA, I, p . 146.

— O texto desse artigo não é idêntico ao


americano.
ARAYA, I, p . 155-6. — VEDIA, p . 55-6. —
ESTRADA: Corso, t. 3, p. 400-401. 403-404, 154-6,
157, f. 159m-160, 161.
— Ali, quando não reunido o Congresso, se
reconhece o mesmo direito que a este, se estivesse
reunido, para intervir nos casos de subversão da
forma republicana. ARAYA, I, p. 153-4.
Diversamente nos Estados Unidos. Luís
VARELA, p. 249.

— Cabe a intervenção, quando «os colégios


eleitorais das províncias vejam menoscabada a sua
autoridade. »
ARAYA, I. 159-160. — VEDIA, p . 54.
MONTESQUIEU, V. 3, p . 102-3. (SUMNER
M A I N E : Popular Government, p . 2 1 9 ) .
216 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— O direito de intervenção a pedido dos cida-


dão. ARAYA, I, p. 161-3.
— O governo federal pode recusar a inter-
venção, quando solicitada por um governo provin-
cial opressivo, para esmagar o povo ( *V. adiante* )
ARAYA, I, 168.

— Forma republicana Quid? (**V. adiante**)


Art. 59 da Constituição argentina. ARAYA, I,
126-147. — Luís VARELA: Estúdios, p. 233 (na
Argentina e nos Estados Unidos).
BARRAQUERO, 189-191.
— O governo tem intervindo, na Argentina,
à requisição das autoridades constituídas, mas con-'
tea elas. VEDIA, p . 58.
—» Necessidade da regulamentação. VEDIA, 60.
BARRAQUERO, 196-197.

— O interventor na Argentina. VEDIA, 59.

— O critério político.
Por ele se resolve tudo, com desprezo das dis-
posições constitucionais, que se torna ridículo invo-
car. Palavras do senador Cané.
MATIENZO, 299.

— Síntese da jurisprudência política na Ar-


gentina. Suas contradições.
MATIENZO, p. 300-301.
'■

I ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 217

— Estatística das intervenções na Argentina.


MATIENZO, p. 304­307.

— Os textos podem ser os mesmos nas cons­


tituições de dois países, mas serem diversos os casos
que eles se destinam a remediar. É o que sucede
entre a norte­americana e a argentina quanto a esta
instituição. BARRAQUERO, 178­181, 183, m.187, pr.
V. nas notas relativas à «forma republicana»,
página 4.

— A forma republicana está alterada, sempre


que o governo não surja da vontade popular,
quando os seus poderes não a representem, ou
quando sejam irresponsáveis os que os exercem.
BARRAQUERO, 181. (A propósito desta última
cláusula, o caso da Bahia, denunciado pelos relató­
rios do Tribunal de C ontas).

— A intervenção é direito e dever nas repú­


blicas federativas.
BARRAQUERO, 182.

— As perturbações domésticas também são


causadas pelos governos provinciais. É, até, o mais
freqüente. Em tais casos quem pediria a interven­
ção? O povo, aí, estaria no seu perfeito direito, der­
ribando os seus opressores. E então a razão acon­
selha a intervenção federal por direito próprio.
BARRAQUERO, 185 f. ­ 186 pr. 193, m. (Ver
aqui).
— Mesmo nos casos de requisição, o poder
federal não é automático, «não está obrigado a ir
218 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

aonde o chamem». Deve examinar, só interferindo,


«quando creia que seja seu dever fazê-lo», para
não servir à fraude e à violência, cuidando acudir
aos direitos e liberdades populares. BARRAQUERO,
186.
V., acima, ARAYA. V. p. 2. ( * Ver p. anterior* )
— Intervenção por direito próprio, para ga-
rantir o povo no exercício dos seus direitos.
BARRAQUERO, 191-92.
MITRE, citando a Àta Federal Suíça. Arengas,
p. 306.
— Quando as autoridades provinciais já se
julgam impotentes para reprimir a insurreição, estão
já comprometidas as condições do governo repu-
blicano, e a União aí não precisa de requisição para
intervir: pode fazê-lo por direito próprio.
BARRAQUERO, 193.

— A forma republicana pode achar-se altera-


da pelo estabelecimento de oligarquias, «ou por abu-
sos de poder»; e, em casos tais, derribadas as
autoridades, não cabe a intervenção, para reintegrar
os governos flagrantemente inconstitucionais, mas
para abrir ao povo uma era de reorganização do seu
governo e reconstitucionalização do seu regimen.
Assim se tem procedido na república argentina
«em muitíssimos casos». GANCEDO: Réf. à la
Constitu. Nac, p. 108-109Í. (** *V. adiante* ** )

— A Constituição argentina garante, não só a


forma republicana, senão o exercício regular das ins-
tituições.
ARTIGO 6 P DA CONSTITUIÇÃO 219

V . o art. 59 daquela Constituição ( V E D I A , p.


51-2).
ESTRADA: Corso, t. 3, p . 156-7.

— Os precedentes argentinos.
Não estabelecem regras quanto à inteligência do
art. 6 9 . Luís VARELA, p. 248.
«Não há jurisprudência constitucional em ma-
téria de intervenções.» BARRAQUERO, 174. 176 pr.

— Apesar de imperativa a forma do art. 69 da


Constituição argentina, ali se tem recusado conce-
der intervenções requisitadas pelos governadores.
A questão posta por Luís VARELA à p. 252 do
seu livro e o caso de Córdoba em 1888, ali narrado
por esse autor. P. 253-262. 266.
O caso de San Juan em 1869. M A T I E N Z O ,
p . 284.
MITRE : Arengas, 342.

— Casos de intervenção operada sem requi-


sição, quando o art. 6.° parece torná-la indispensá-
vel.
O de Entre-Rios em 1870. MATIENZO, p. 284-7.

— Casos de revoluções em várias províncias


( 1893 ), nas quais o governo federal interveio, não
para salvar os governos ameaçados, mas para pro-
ceder a novas eleições, e negar o restabelecimento
das autoridades depostas. Cinco províncias.
MATIENZO, p. 292-4 (***V. p. anterior***)
220 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— Caso de Santiago dei Estero. Considera-


se violada a forma republicana de governo, por ter
sido assassinado pela polícia local um deputado, e
se haverem transgredido disposições da Constituição
provincial concernentes a acumulações de empregos.
M A T I E N Z O . p. 296. (**V. p. anteriores**).

— Variações quanto à competência. Documen-


tos Parlamentares, I, 372.

[31] CÓPIAS

— De como a Constituição dos Estados Unidos


copiou o rei inglês.
— SUMNER MAINE: Popular Government,
p. 207-8.
—* E L L I S STEVENS: Les sources de la Consti-
tution des Êtas Unis, p. [não indicada no original]
— TAYLOR: Origin.

Citados por BARTHÉLÉMY: Pouvoir Exécutif,


p. 95.
— BRYCE, v. I, p. 35.
— TAYLOR: Origin, p. 252.
— HAMILTON. Apud SUMNER M A I N E : Popu-
lar Government, p. 209.

[32] AÇÃO PERVERSIVA DA POLÍTICA NA


DISCUSSÃO DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS
CONCERNENTES A INTERVENÇÃO FEDERAL
NOS ESTADOS
COOLEY: Const. Lim., p. 45, not.
ARTIGO 61? DA CONSTITUIÇÃO 221

[33] CASOS DE INTERVENÇÃO OCORRIDOS


NO BRASIL ATÉ 1910

Documentos Parlamentares, v. 59, p. 11.

— Nos casos do art. 69 n. 3, só à requisição


pode intervir o governo. V. 5, p. 53 ( A L F R E D O
E L L I S ) . 54. V . 224.

— Casos há em que (no art. 6", n. 2) «o


poder executivo pode intervir, sem submeter o seu
ato ao Congresso». Documentos Parlamentares,
v. 59, p. 88 f. 89 (CASTRO P I N T O ) .

— Intervindo o poder executivo, deve sempre


dar ciência do seu ato ao Congresso. V . 5, p. 89 pr.

— Abusos. «O Senado se informa sem do-


cumentos, estuda sem atas ou autênticas, e resolve
sem competência.»
ALFREDO ELLIS, 1910. V. 5, p . 68.

— Nos casos de dualidade legislativa o Con-


gresso tem de verificar qual a assembléia legítima.
Mas de que legitimidade se trata?
A «legitimidade orgânica», responde JOÃO L U Í S .
V. 5*, p. 106-7. 167.

Contra. Documentos Parlamentares, V , 167-8


(GORDO). 173.

— Dualidade de assembléias. Casos de inter-


venção parlamentares que o tem sustentado. Do~
cumentos Parlamentares. V, 218.
222 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— A intervenção nos casos dos n. 1, 3 e 4


cabe «em regra» ao executivo. ESTÊVÃO LOBO.
Documentos Parlamentares, V, 236 2.
É, pela natureza desses casos, função do exe-
cutivo. Documentos Parlamentares, IX, 80, 2,4.
(ARNOLFO).

— Opiniões de Pinheiro Machado. V . 5.°,


p . 110-111.
— A comissão de legislação e justiça, no Se-
nado, em divergência com este. V . 5, p . 125.
— Constituições contrárias à Constituição.
V. V, 142-3.
— Interventores.
Pode-os nomear o Congresso ou o executivo.
ESTÊVÃO LOBO. Documentos Parlamentares,
V. p . 236, VIII.

No caso do Ceará, em 1912, o presidente dissol-


veu a legislatura do Estado, depois o governador,
nomeou o interventor, e mandou proceder a novas
eleições. Abuso. Documentos Parlamentares, IX, 80,
81-2, 83. 86. 87.
— A intervenção também pode ser requisitada
ao Congresso, nos casos em que a este compete.
Nesses casos é com ele o «poderá intervir» da
Constituição, do mesmo modo como é com o poder
executivo o mesmo «poderá intervir», quando a com-
petência é do poder executivo.
Ora naqueles casos cabe ao Congresso
«apreciar os fatos alegados» {Documentos Parla-
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 273

mentares, v. 9, p. 72), e, portanto, negar a inter-


venção, quando lhe parecer que tais fatos a não
justificam.
Apontar os muitos casos, em que, requerida
ela ao nosso Congresso, ele a tem recusado.
Logo, se nos fatos da sua competência, o Con-
gresso pode não atender à requisição, por que será
que, nos da do presidente este não há de ter a
mesma discrição, e terá sempre de atender? (*)
— Nos casos do art. 69, n. 2, a intervenção é
primariamente legislativa, não tocando ao executivo
senão quando o Congresso não funciona. Documen-
tos Parlamentares, IX, 90. 91-2 (e autores aí cita-
dos). 159.
— Havendo dualidade de governadores ou
congressos, há violação da forma republicana. V. 12,
p. 147 f.-148 f. (Até aí, JOÃO LUÍS). — 150 ( P I -
NHEIRO). — V. 5", p. 9 ( N I L O PESSANHA), 11 f* —
V. 5. p. 88 (COELHO CAMPOS). ~ 104-5 (JOÃO
LUÍS).
— Interventor. JOÃO LUÍS sustenta que o Con-
gresso pode intervir, mas não nomear interventor.
V . 12, p . 147, 124-6.
— A intervenção no caso do art. 69, § 29, é
da competência exclusiva do legislativo. V . 12,
p. 149 (JOÃO LUÍS) — V. I, 372-374. V. 5, p. 104-5
(JOÃO LUÍS, BARRADAS, etc).
— A expressão «governo federal» compre-
ende os três poderes. V. 12, p. 122 f.-123. V. 5,
p. 88 pr. 215 e seg.
Abrange só o poder executivo. III, 306. 346.
352.
(*) V. notas sobre *Poder>, a que também esta se refere.
224 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— O mesmo, com relação aos Estados. V. 12,


p. 123, pr.
— No caso do art. 6.°. § 1.* a competência
é do executivo. V. 12, p. 123. IX, 80. ( M E L O
FRANCO). 91 (MOACIR).

— No do § 3', é também do executivo. V. 12,


p. 123. IX, 80. 91 (MOACIR).

— Idem, no § 4'. V. 12, p. 123. IX, 80.


91 (MOACIR).

— Compete ao executivo ou ao legislativo,


somente. V. 5, 326, I.
— As intervenções militares; seu perigo e ma-
les. (Aplique o caso atual da Bahia). V . 12, p.
171-180. V . IX, 87 f. (Ceará).
— Três intervenções militares na Bahia.
A de Canudos. V. 6, p. 164-5.
— Intervenção para se opor à execução de uma
sentença federal. V. 8'» p. 61. 64. 67. 120.
267-8. 508. Rejeitado na Câmara. Ib„ 548, 192.
196.
— O Congresso tem sancionado todas as vio-
lações dos principais artigos da Constituição. V. 8,
p. 180.
— Nos abusos se chegou até à equiparação
do estado de revolta ao de guerra. Documentos
Parlamentares, I, 290.
— Outras enormidades. lb.. 288-9.
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 225

— Competência.
Na opinião de Amaro é dos 2 poderes. Do-
cumentos Parlamentares, II, 81-2.
Do judiciário não. Documentos Parlamentares,
II, 82 (AMARO) .
— O governo brasileiro tem intervindo para
nomear e depor governadores, assim como para
manter a forma republicana. Gordo sustenta que
abusivamente III, 309. V. caso do Ceará. IX, 80.
81-2. 86-7.
— O governo federal interveio na Bahia sem
requisição. V. III, 362.
— O caso de Mato Grosso em 1906.
— As mensagens presidenciais. V . 4, pági-
nas 70-72.
— Na ausência do Congresso Rodrigues Al-
ves declara não hesitaria em nomear interventor.
/ 6 . , 73.
— O caso entra nos termos do art. 69, n. 2,
isto é, nos casos de intervenção por quebra da forma
republicana, quando um Estado se coloca fora da
sua própria Constituição, violando-lhe os princípios
essenciais. V. 4, p. 330-31 ( M O N I Z FREIRE).
— Interventor.
Nomeados pelo Congresso. Projeto Moacir,
Irineu. Para nove Estados. V. 5, p. 148-9. Voto
Irineu. V, 147. 146.
Nomeado pelo executivo. V, 146.
226 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— No caso de insurreição contra o governo


de um Estado, as leis americanas reconhecem ao pre~
sidente o direito de intervenção.
Fed. Stat. Am., v. IX, p. 216.
— Intervenção nos casos do art. 69, n. 2. Na
Argentina.
Prepondera a opinião que a competência é do
legislativo.
Documentos Parlamentares, IX, 159-60,3
(LUCIANO P E R E I R A ) , 161. (Nomes de apoiadores).
(*) Constituições. IX, 161,2. — Assim pensava
Floriano, mensagem e a comissão dos 21. Documen-
tos Parlamentares, IX, 162,6,7, VFD pr. — Assim
x
Prudente, em 1895.
Contra. Documentos Parlamentares, 161,1,2
(competência exclusiva do executivo).
— CÂNDIDO M O T A , sustentando, no caso do
artigo 69, n. 2, a competência exclusiva do exe-
cutivo, o considera obrigado a prestar contas ao
Congresso. Documentos Parlamentares, IX, 162,2.
165.
LUCIANO PEREIRA, IX, 166 — IRINEU, IX.
215 pr. — RODRIGUES ALVES, PENA, H E R M E S , IX,
165. — Comissão da Câmara, 1914. Documentos
Parlamentares, IX, 228.
Contra. O parecer do caso Ceará em 1914 sus-
tenta que o Congresso não tem tal função. IX, 64.
162, 3. 163 pr. 60 m. (**)
Do mesmo modo FELISBELO desde 1892. IX,
162,4. 211.
(*) Acrescente-se a esses o de Cândido Mota. Documentos Pac
lamentaresv IX. 161 f. e 162.
{**) E a Câmara aprovou esse parecer. IX, 166 m., 203.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 727

— Nos casos de quebra da forma republicana,


não estando reunido o Congresso, cabe ao executivo
a iniciativa da intervenção IX, 209-210 ( F E L I S B E -
L O ) . 214 (IRINEU).

— Sobre a competência, nos casos do art. 6",


n. 2, se é do executivo se do legislativo, até 1914.
1°) não há nenhum precedente;
29) a opinião dos escritores não forma dou-
trina;
3*) e, se Barbalho pensa que é do Congresso,
outros divergem.
Documentos Parlamentares, IX, 228.
— Mas a comissão entende que é do executivo.
IX, 229 e 230. f.
— Quanto aos casos contemplados nos outros
n. do art. 69, não há dúvida que é do executivo.
Parecer supracitado. Documentos Parlamen-
tares, IX, 227.
— Mas, estando reunido o Congresso, a este
cabe a iniciativa da intervenção. Documentos Par-
lamentares, IX, 228.

[34] OBRIGAÇÃO DE INTERVIR, NOS ESTADOS


UNIDOS

— Embora as autoridades estaduais não requi-


sitem, o presidente deve intervir, quando os direitos
constitucionais do povo sofrem, e as autoridades es-
taduais não cumprem o seu dever de os assegurar.
Fed. Statutes Am., v. 3, p. 523, oc. 5.299.
228 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— A insurreição pode existir palpavelmente,


e, todavia, o executivo do Estado «ser parte nela ou
com ela simpatizar».

Federal aid in domestic disturbance, p. 258, m.

— A intervenção, assim como pode ser para


defender o governo, também se deve aplicar à pro-
teção do povo.
COOLE Y : Principles, p . 215.
Documentos Parlamentares, I, 290. 339.
V , 134. (Intervenção em favor «da maioria do
povo do Estado». A propósito do caso do Rio.
Opinião que sustentara também no caso de Mato
Grosso. )

— A ordem jurídica é mais freqüentemente


perturbada pelo arbítrio governamental que pela in-
subordinação do povo. Mas em ambos os casos a
União deve intervir, para restabelecer a lei.
Congresso Jurídico Brasileiro — VIVEIROS,
p. 460 (relatório geral).

— Evolução Constitucional.

— A Constituição dos Estados Unidos, no


art. IV, s. 4, apenas cogitava, como anti-republi-
cana, da forma monárquica. E, todavia, essa dispo-
sição tem vindo a ser aplicada a casos, que não
envolviam tal mudança.
V O N HOLST, p. 237.
ARTIGO 6" DA CONSTITUIÇÃO 229

— Nem todos os princípios do governo, nem


mesmo os mais importantes, se acham entre os qua-
tro cantos de uma constituição.
GOODNOW: Principles of Constitutional Go-
vernment, p. 10-11.

— TAYLOR: Origin, 408.


— WooDBURN and MORAN, p . 185-6.
— A cláusula do art. IV, s. 4', na Constituição
dos Estados Unidos, foi ali posta a benefício dos
senhores de escravos.
Setenta anos depois servia ela, para redimir os
escravos, em nome da reforma republicana, assegu-
rada a todos.
— MITRE : Arengas, p . 303-304.

[35] DESMENTIDOS DO GOVERNO DE QUE


HOUVESSE REVOLUÇÃO

(Em 1893 como em 1920)

EPITÁCIO:
«A revolução federalista, esta mesma revo-
lução que o governo há tantos meses e com um
despejo incomparável anuncia estar estrangulada,
acaba de chegar ao seu período agudo, ameaçando
derruir os últimos baluartes do despotismo e libertar
a bela terra rio-grandense do jugo aviltante da
tirania que a tem ensangüentado e poluído.

I «A revolução, Sr. presidente, surge agora


mais do que nunca pu jante e intemerata; o Itamarati
230 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

oculta-se confundido e ludibriado diante deste des-


mentido formal perante a nação. . .»
Anais da Câmara dos Deputados, 1893, sessão
de 12 julho, V . III, p. 221.

[36] EXCITAÇAO AS TROPAS QUE FORAM


PARA A BAHIA

. . . «A maioria governista se recusa


EPITÁCIO:
a colaborar conosco na pacificação do Rio Grande
do Sul. . .

«Se não vos demovem as injunções da lei, se


não vos obriga o dever do patriotismo, sede dóceis
ao menos aos sentimentos de humanidade e tende
compaixão de tantos infelizes, de tantos irmãos tru-
cidados, de tantas noivas poluídas, vós que também
sois irmãos, vós que sois noivos, vós que sois pais.»

Anais da Câmara, sessão de 23 de maio de


1893, V . I. p . 182.

JAGUNÇOS

EPITÁCIO: . . . «Inimigos da república! Sua


Ex* invoca a lealdade das classes armadas para
combater os inimigos da república.
«Inimigos da república são aqueles que se batem
denodadamente em uma luta desigual, heróica e
gloriosa, pela libertação da sua pátria!

«Inimigos da república são aqueles a quem I


S . Ex f envia emissários para suplicar a paz!
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 231

«Inimigos da república somos nós também, nós


membros da oposição, que diariamente pedimos a
observância da Constituição e das leis!»
Anais da Câmata, sessão de 12 de julho de
1893, V . III. p. 223.

[37] ALISTAMENTO ELEITORAL ILEGAL

Orava FRANCISCO GLICÉRIO na Câmara.


Apartes de EPITÁCIO

MOREIRA DA SILVA: A Câmara é sempre


soberana.
GLICÉRIO: Responde que dentro da lei.
Mas, se o alistamento é ilegal,
EPITÁCIO:
V . Ex* acha que ele deve produzir todos os seus
efeitos?
GLICÉRIO: Perfeitamente.

«Então V . Ex* admite o absurdo


EPITÁCIO:
de um ato ilegal produzir efeitos legais.»

GLICÉRIO: diz que a Câmara não pode entrar


em exame de alistamentos, mas a resposta que dá
ao nobre deputado é em um sentido geral porque há
na lei o recurso individual. Por que não usaram dele?

«V. Ex* dê-me licença. Não no


EPITÁCIO:
Rio Grande do Norte, mas na Paraíba, eu mesmo
232 OBRAS COMP LETAS DE RUI BARBOSA

fui autor de trinta e tantos recursos, mas nenhum


deles seguiu porque a comissão brilhantemente
recusou­se a dar­lhes andamento.
«Agora mesmo, talvez, na Paraíba, tenham sido
eliminados 3.000 eleitores.
«Não deve haver um Tribunal Superior para
corrigir estes desmandos dos cabos eleitorais dos
governadores?»
pede que atenda­lhe S. Ex*. Supo­
GLICÉRIO:
nha que um Tribunal de Justiça dá uma decisão
monstruosa: poderia o poder legislativo intervir no
caso!

EPITÁCIO: «Mas V . Ex* não compare um


Tribunal Judiciário que gira em uma órbita elevada
com essas juntas políticas e partidárias.»

EPITÁCIO:exclamava na sessão da C âmara


em 12 de julho de 1893:
«A Federação, sufocou­a o fumo dos bom­
bardeios . . . . »
Anais, 1893, V . III, p. 223.

[38] C ENSURA TELEGRAFIC A

EPITÁCIO: (referindo­se a desacatos à imprensa


oposicionista ) :
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

«Ê sobre este fato e outros não meno:» graves,


verdadeiras violações de liberdades constitucionais,
tais como o impedimento do telégrafo à correspon­
ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 233

dência do comércio, da imprensa e dos particulares


. . . que vou mandar à mesa um requerimento de
informações».
(Anais da Câmara dos Deputados, V. III,
sessão de 12 julho 1893, p . 233).

R E Q U E R I M E N T O EPITÁCIO:

«Requeiro que peçam com urgência, ao poder


executivo, as seguintes informações:

«3', se vedou às repartições telegráficas desta


cidade o recebimento de telegramas do comércio, da
imprensa e de particulares para todos ou alguns
pontos do país;
«49, no caso afirmativo, em que lei se fundou
para tomar suas providências;

Sala das sessões, 12 de julho de 1893


EPITÁCIO PESSOA»

[391 O DISCURSO AOS OFICIAIS DO SAO PAULO

Partida do São Paulo — p. 3


Jornal do Comércio — Terça-feira, 27 de
julho de 1920
( * ) « . . . nição do vaso de guerra, que desfilou
ao som de um dobrado, o Sr. Dr. Epitácio Pessoa
pediu que a oficialidade formasse no tombadilho.
(*) Do recorte do jornal existente no arquivo da Casa não consta
o inicio do artigo.
234 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Formada a oficialidade o Sr. chefe do estado fez


uso da palavra. S. Ex* começou dizendo que a
missão que cumpria era de maior importância. —
Ides buscar — disse o Sr. Dr. Epitácio Pessoa —
um chefe de estado que deseja visitar o Brasil.
Ides buscar um chefe de estado que nos momentos
mais críticos deu ao mundo um atestado veemente
de sua energia e de seu patriotismo, como agora
está dando um exemplo edificante pela reconstrução
econômica de seu país, reabrindo todas as minas e
fábricas, fazendo seu país reerguer-se pelo trabalho
sem desânimo. Mas não é somente sob este duplo
aspecto que deveis considerar a delicadeza de vossa
missão. Ides também levar a longes terras e a estra-
nhas gentes uma impressão da nossa cultura e da
nossa educação militar. De tudo o que em vós
houver de excelente e nobre, não só os tesouros de
vossa cultura, não só os vossos predicados morais,
mas também o vosso tato, e vossa finura, as delica-
dezas de vosso coração, os hábitos de boa sociedade,
de tudo deveis dar prova agora, como um reflexo
que sereis da nossa civilização e do nosso adian-
tamento .

Senhores oficiais do encouraçado São Paulo.


Faço votos, como chefe de estado, e como brasi-
leiro pela mais completa felicidade de vossa viagem e
êxito de vossa missão. O Brasil espera que suas
tradições sejam representadas dignamente pelo vosso
patriotismo e pelo vosso pundonor de soldados. »
O discurso do Sr. presidente da república
comoveu a oficialidade do S. Paulo.
ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 235

[40] DUALIDADE DE GOVERNOS ESTADUAIS E


INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS UNIDOS

— JOHNSTON: American Politics; p. 221. 224-6.


228. (Caso da Louisiana: dois governadores e dois
congressos; um sustentado pelas decisões de um
juiz federal. Avanços e recuos do governo federal)
D U N N I N G : Reconstruction, 217-19. 246-7. 272-7.
~~ BURGESS: Reconstruction, p. 269-72. (Loui-
siana) .
«— Nesses casos a regra é que o governo
federal não intervenha, ( * ) presumindo-se que o
Estado tenha na sua própria organização os meios
de resolver o conflito. Nele não cabe à União inter-
vir senão quando tem de proteger contra a violência
o Estado, ou lhe é indispensável pronunciar-se entre
os dois governos existentes, para desempenhar
alguma função federal. COOLEY: Principies, p. 216-
17. WiLLOUGHBY: Constitutional System, p. 117-18.
MILLER, 332.

— WiLLOUGHBY: American Citizenship, pa-


gina 255.
— TUCKER, II, p. 641 in fine e 642.
— WOODBURN, p. 172-6.
— O caso Rhode Island (1841-9).
Unit. St. Rep. 12 Law E d . , p . 58
— A competência para decidir pode caber
a qualquer dos três poderes federais. Como.
M A C C L A I N , p. 212.

(*) VON HOLST. p. 239. ORDRONAUX, p. 332.


236 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

— As decisões dos tribunais do Estado, a esse


respeito, obrigam os tribunais federais. Luther v.
Borde*, 12 L. Ed., col. 39-40.

— Caso da Louisiana. STORY II, p . 593.


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Citizen and the Republic. New York, Longmans, Green
and C*. (1919).

[
ÍNDICE ONOMÁSTICO
Volume XLVII — Tomos III e IV

ADDISON, Joseph
T . IV, p . 82.
ADOLFO, Luis v. COSTA, LUÍS Adolfo Correia da
AFONSO XIII. Rei da Espanha
T . Ill, p . 42.
AGOSTINHO. Santo
T . IV, p . 62. 71, 7&.
AGUIAR, Alberto Cardoso de
T . III, p . XV, 9, 12, 143, 193, 194, 195, 200, 201, 202, 203.
207, 208, 210, 214, 217, 218, 220, 226, 248, 249, 257.
2Ó5, 266. 268, 271, 273, 274, 276, 287, 307.
T . IV, p . 5t 8, 27. 39, 211.
AGUIAR, Antônio Geraldo de Sousa
T . IV, p . 92.
AGUIAR, Cardoso de v. AGUIAR, Alberto Cardoso de
ALBERDI, Juan Bautista
T . IV, p . 64. 70, 82, 138, 139.
ALBERTO I, Rei da Bélgica
T . III, p . 42.
T . IV, p . 8 3 .
ALBUQUERQUE, José Joaquim de Campos da Costa Medeiros e
T . IV, p . 88.
ALENCAR, Alexandrino de v. ALENCAR, Alexandrino Faria de
ALENCAR, Alexandrino Faria de
T . IV, p . 95, 96, 97.
ALENCAR, Sabóia de
T . III, p . 268.
ALEXANDRE, O Grande v. ALEXANDRE III, Rei da Macedonia
ALEXANDRE III, Rei da Macedonia
T . IV, p . 62.
242 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

ALIGHIERL Dante
T . IV, p . 121.
ALMEIDA, Félix Gaspar Barros e
T . III, p . 196.
ALMEIDA, Joaquim de Toledo Pisa e
T . III. p . 77.
ALMEIDA, Rosendo de
T . IV, p . 32.
ALVES, Antônio Rodrigues
T . III, p . X V I .
ALVES, Francisco de Paula Rodrigues
T . III, p . XII, XIII, XIV, 169, 171, 199. 231, 236.
T . F / , p . 106, 226.
ALVES, João Luís
T . III, p . XIII, XIV, 143.
T . IV, p . 122, 125, 221, 223.
ALVIM. Cesário v. ALVIM, José Cesário de Faria
ALVIM, José Cesário de Faria
T . IV, p . 194.
AMARAL, Aquilino do v. COUTINHO, Aquilino Leite do Amaral
ANFILÓFIO V. CARVALHO, Anfilófio Botelho Freire de
ANJOS, Antônio Batista dos
T . IV, p . 32.
ARAGAO, Antônio Ferrão Moniz de
T . III, p . 32, 103, 152, 212, 220. 249.
T . IV, p . 7, 30.
A R A Ú J O , Abílio Rodrigues de
T . III. p . 276, 278, 291.
A R A Ú J O , Correia de v. ARAÚJO, Joaquim Correia de
ARAÚJO, Flávio de
T . IV, p . 169.
ARAÚJO, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de
T . III, p . X V I .
T . IV, p . 154, 163.
ARAÚJO, Joaquim Correia de
T . IV, p . 168.
ARAÚJO, José Tomás Nabuco de
T . IV, p . 154.
ARAÚJO, Nabuco de v. ARAÚJO, José Tomás Nabuco de
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 243

ARAYÀ, Perfecto
T . IV, p . 18. 113. 215. 216. 218.
ARISTÓTELES
T . III. p . 40.
T . IV. P . 121.
ASHLEY, Roscoe Lewis
T . IV, p . 143.
ATALIBA LEONEL
T . Ill, p . X V I .
AULETE* Caldas v. AULETE, Francisco Júlio Caldas
AULETE, Francisco Júlio Caldas
T . III. p . 49.
AZEREDO, Antônio v. AZEREDO, Antônio Francisco de
AZEREDO, Antônio Francisco de
T . III, p . XII, XIII, 195.
T . IV, p . 114, 137. 168.
AZEVEDO, Arnolfo v. AZEVEDO, Arnolfo Rodrigues de
AZEVEDO, Arnolfo Rodrigues de
T . IV, p . 116. 125, 126.
AZEVEDO MARQUES, José Manuel de v. MARQUER, José Manuel
de Azevedo
BACON, Francis
T . IV. p . 64.
BALLESID, G. B.
T . IV, p . 159.
BARBALHO, João v. CAVALCANTL João Barbalho Uchoa
BARBOSA* Rui
T . Ill, p . XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, 145, 147, 148, 193,
194, 195, 197. 199, 202.
T . IV, p . 19, 26, 29, 31, 36, 94, 120, 121, 122, 123. 124, 193, 194.
BARCELOS, Ramiro v. BARCELOS, Ramiro Fortes
BARCELOS, Ramiro Fortes
T . IV. p . 109.
BARCIA, Roque
T . IV, p . 180.
BARRACA
T . IV, p . 75.
IBARRADAS* Joaquim da Costa
T . IV, p . 223.
244 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

BARRAQUERO, Julian
T . III. p. 109.
T . IV. p. 18. 59, 113. 128. 163. 210. 216. 217. 218, 219.
BARROS, Antônio Pais de
T . III. p. XII. 168, 171. 174.
BARROS, João de
T . IV. p. 73.
BARROS, Prudente José de Morais
T . IV, p. 108. 122. 145. 164. 169. 226.
BARTHÉLÉMY, Joseph
T . IV. p. 220.
BASTOS* José Timóteo da Silva
T . IV. p. 178.
BATISTA, Homero
T . IV. p. 86.
BAUDRY-LACANTINERIE, Gabriel
T . IV, p. 54.
BEARD, Charles Austin
T . IV. p. 127.
BERNARDES, Artur da Silva
T . III. p. 144.
BERNARDES, Manuel, Padre
T . IV. p. 61.
BLACK, Campbell v. BLACK, Henry Campbell
BLACK, Henry Campbell
T. III. p. 26. 44.
T . IV. p. 136. 168.
BLECK, Georghis. Frater
T . IV. p. 68.
BLUTEAU, Rafael
T . IV. p. 163. 174.
BOCAIÚVA; Quintino v. BOCAIÚVA, Quintino de Sousa
BOCAIÚVA, Quintino de Sousa
T . III. p. XII.
T . IV. p. 110. 114. 127. 214.
BONAPARTE, Napoleão v. NAPOLEAO I. Imperador dos franceses
BONDY, William
T . IV. p. 146.
BOUTWELL, George Sewall
T . IV. p. 136.
O ARTIGO 6* DA CONSTITUIÇÃO 245

BRAGA, Cincinato César da Silva


T . IV, p . 29.
BRÁS, Venceslau v. GOME^, Vencesteu Brás Pereira
BRASIL» Geminiano v. Góis, Gemlniano Brasil de Oliveira
BRUNIALTL Attilio
T . IV. p. 150.
BRYCE, James, Visconde de
T . IV, jp. 209, 220.
BUDA
T . III, p. 134.
BUENO, José Antônio Pimenta, Marquês de São Vicente
T . IV, p. 153, 154.
BULHÕES, Leopoldo de v. JARDIM, José Leopoldo de Bulhões
BULHÕES CARVALHO, João Evangelista Saião de v. CARVALHO, João
Evangelista Saião de Bulhões
BURGESS, John William
T . IV, p. 127, 130, 135. 235.
CACCIA,Joseph
T . IV, p. 160.
CAIRU, Barão de v. LISBOA, José da Silva, Barão de Cairo
CALDAS AULETE, Francisco Júlio v. AULETE, Francisco Júlio Caldas
CALDERON, Juan A. Gonzales
T . IV. p. 116, 128.
CALOGERAS. João Pandiá
T . III. p. 14, 217. 251, 252.
T . IV. p . 11.
CALVO, Carlos
T . IV, p . 187.
CÂMARAS João Pedro Xavier da
T . III, p . 174.
CAMPOS, Bernardino de
T . III. p . XII.
CAMPOS. José Luis Coelho
T . III. p . 9 1 .
T . IV. p . 109. 125. 223.
CAMPOS. Olímpio de Sousa. Monsenhor
T . I l l p . XII.
246 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

CAMPOS SALES, Manuel Ferraz de v. SALES, Manuel Ferraz de


Campos
CANEV Miguel
T . IV, p. 216.
CANTRIFUSORIS, Johannes
T . IV. p . 67.
CAPRIMULGIUS, Nicolaus
T . IV. p . 67.
CARDOSO DE AGUIAR, Alberto v. AGUIAR, Alberto Cardoso de
CARDOSO, Fausto de Aguiar
T . III. p . XII.
CARLIER, Auguste
T . IV, p . 150.
CARNEIRO, Mário
T . III. p. 195.
CARSON, Hampton Lawrence
T . Ill, p. 81.
CARVALHAL, Galeão v. CARVALHAL, João Galeão
CARÍVALHAL, João Galeão
T . IV. p. 108.
CARVALHO, Anfilófio v. CARVALHO, Anfilófio Botelho Freire de
CARVALHO, Anfilófio Botelho Freire de
T . IV. p . 29. 110.
CARVALHO, Carlos Antônio da França
T . IV. p . 101.
CARVALHO, João Evangelista Saião de Bulhões
T . IV. p . 20. 28.
CARVALHO FILHO, José Eduardo Freire de
T . IV, p . 32.
CASTELO BRANCO, Anfilófio
T . III. p. 276, 278. 291. 293.
CASTTLHOS, Júlio de v. CASTILHO,* Júlio Prates de
CASTILHOS, Júlio Prates de
T . III. p. 89.
T . IV. p. 86.
CASTRO, Augusto Olímpio Gomes de
T . IV, p. 60.
CASTRO, Augusto Olímpio Viveiros de
T . IV, p . 123. 128. 187. 192, 210. 228.
CASTRO PINTO, João Pereira de v. PINTO, João Pereira de Castro
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 247

CAVALCANTI, Amaro v. CAVALCANTI, Amaro Bezerra


CAVALCANTI, Amaro Bezerra
T . IV, p . 212, 225.
CAVALCANTL João Barbalho Uchoa
T . III, p . 16, 59, 61, 97, 98, 106, 108, 110, 111.
T . IV, p . 19. 25, 28, 34, 106, 110, 122, 125, 126, 164. 196, 199,
209, 227.
CAVALCANTL João de Sequeira
T . IV, p . 9 1 .
C Ê N T Z , P. C.
T . IV, p . 137.
CERQUEIRA, Alexandre Evangelista de Castro
T . IV, p . 32.
CÉSAR, Tibério v. TIBÉRIO CÉSAR
CHAMBRUM, Adolphe de
T . IV, p . 127.
CHAVES, Antônio Gonçalves
T . IV, p . 109. 114, 168.
CHERMONT, Justo v. CHERMONT, Justo Leite
CHERMONT, Justo Leite
T . IV, p . 209.
CLEVELAND, Grover v. CLEVELAND, Stephen Grover
CLEVELAND, Stephen Grover
T . IV, p . 143, 185.
CLITO
T . IV, p . 62.
COELHO, Adolfo v. COELHO, Francisco Adolfo
COELHO, Erico v. COELHO, Erico Marinho da Gama
COELHO, Erico Marinho da Gama
T . IV, p . 29, 60, 119.
COELHO, Francisco Adolfo
T . IV, p . 176.
COELHO CAMPOS, José Luís v. CAMPOS, José Luís Coelho
COELHO RODRIGUES, Antônio v. RODRIGUES, Antônio Coelho
COLONIAE, Andream
T . IV, p . 74.
CONTREIRAS, Mirandolino
T . III, p . 194.
248 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

COOLEY, Thomas Mac Intyre


T . III. p. 43. 45, 47.
T . IV, p. 122, 128. 130, 131, 136, 140, 220, 228, 235.
CORDEIRO DE MIRANDA, José v. MIRANDA. José Cordeiro de
COSTA, Frederico Augusto da Gama e
T . III, p. 162.
GOSTA, LUÍS Adolfo Correia da
T . III, p. 173.
T . IV. p. 86.
COSTA JÚNIOR, Antônio José da
T . 'IV, p. 90. 91.
COUTINHO, Aquilino Leite do Amaral
T . III. p. 170, 173, 175, 180, 181, 182.
COUNTRYMAN, Edwin
T . IV, p. 147, 148.
COUTO, Antônio Maria do
T . IV, p . 179.
COUTO, Diogo do
T . IV, p. 56, 61.
CRISTIANO X, Rei da Dinamarca
T . III, p. 42.
CUNHA, Alberto
T . IV, p. 119.
C U N H A PEDROSA, Pedro da v. PEDROSA, Pedro da Cunha
CURTIS»George Ticknor
T . IV, p . 128, 145.
DAMÁSIO, Virgílio v. DAMÁSIO, Virgílio Qímaco
DAMÂSIO, Virgílio Clímaco
T . IV, p. 118.
DANTE, V. ALIGHIERI, Dante
DARMESTETER, Arsène
T . IV, p. 158.
DEUS
T . IV. p. 65, 68.
D E U S , João de v. RAMOS, João de Deus
DEWEY, Davis Rich
T . IV, p. 143.
DOLLEN, Conradus, Frater
T . IV, p. 66.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 249

DONELLL Hugonis v. DONELLO, Hugo


DONELLO, Hugo
T . IV, p . 53, 55, 166.
DRUMMOND, Gaspar
T . IV, p . 29.
DUNNING, William Archibald
T . IV, p . 235.
EÇA, Matias Aires Ramos da Silva de
T . IV, p . 58, 62.
ELLIS. Alfredo
T . IV, p . 221.
ENDLICH, Gustav Adolf
T . IV, p . 168.
EPÎTETO
T . IV, p . 78.
ERASMI v. ERASMUS, Desiderius
ERASMUS, Desiderius
T . IV, p . 68.
ESTRADA, José Manuel
T . III, p . 99.
T . IV, p . 18, 22, 115, 215, 219.
ESTRELA,, Lindolfo de Sousa
T . III, p . 276.
FABIA, Philippe
T . IV, p . 66.
FABRÎCIO
T . III, p . 272, 274, 297, 298.
FANFANL Pietro
T . IV, p . 159.
FERRARI, Constanzo
T . IV. p . 160.
FERREIRA, Artur Leal
T . III. p . 193. 194.
FERREIRA, Joaquim de Lima Pires
T . IV. p . 169.
FERRI, Gustavo
T . IV, p . 28.
FIGUEIREDO, Antonio Cândido de
T . III. p . 49, 152.
250 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

FIGUEIREDO, Cândido de v . FIGUEIREDO, Antônio Cândido de


FILGUEIRAS, Leovigildo Ipiranga do Amorim
T . IV. p . 86, 105, 115, 126.
FLACO
T . IV, p . 72.
FONSECA:, Aníbal Freire da
T . IV, p . 2 1 .
FONSECA, Deodoro da v. FONSECA, Manuel Deodoro da
FONSECA, Hermes da v. FONSECA, Hermes Rodrigues da
FONSECA, Hermes Rodrigues da
T . III, p . 77f 191. 289, 307.
T . IV, p . 80, 82, 94. 226.
FONSECA, Manuel Deodoro da
T . IV, p . 194, 195, 197, 198, 199, 200, 201, 202, 203. 204.
FONSECA, Pedro José da
T . IV, p . 159.
FONTES, Fiel
T . III, p . 207.
FONTES, Paulo Martins
T . III, p . 123. 124. 205, 265, 266, 267, 269, 289, 305, 310.
T . !V, p . 6.
FORCELLINI, Egidio
T . IV, p . 158, 163.
FORMAN, Samuel Eagle
T , III, p . 48.
FRANÇA CARVALHO, Carlos Antônio da v . CARVALHO, Carlos Antô-
nio da França
FRANCISCO JOSÉ, Rei da Áustria
T . III, p . 43.
FRANCO, Afonso Arinos de Melo
T . III. p . X V I .
FRANCO, Afrânio de Melo
T . IV. p . 115. 116, 123, 126, 165, 167, 212, 213, 214, 224.
FREIRE, Aníbal v. FONSECA, Aníbal Freire da
FREIRE, Felisbelo v. FREIRE, Felisbelo Firmo de Oliveira
FREIRE, Felisbelo Firmo de Oliveira
T . IV, p . 126, 212, 226, 227.
FREIRE, José de Melo Carvalho Moniz
T . IV, p . 114, 168, 225.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 251

FREITAS, Augusto de v. FREITA,S, José Augusto de


FREITAS, Augusto Teixeira de
T . IV, p . 154.
FREITAS. José Augusto de
T . IV, p . 169.
FREUND, Guillaume
T . IV, p . 158.
GANCEDO, Alexandre
T . IV, p . 60, 218.
GARNER, James Wilford
T . IV, p . 128, 133.
GARNIER, Gustavo
T . IV, p . 97.
GASPAR, Félix v. ALMEIDA, Félix Gaspar Barros e
G E L F F , Bernhardus
T . IV, p . 67. à

GLICÉRIO, Francisco v. LEITE, Francisco Glicério de Cerqueira


Góis, Geminiano Brasil de Oliveira
T . IV, p . 168.
GOMES, Venceslau Brás Pereira
T . Ill, p . 199.
T . IV, p . 80.
GOMES DE CASTRO, Augusto Olímpio v. CASTRO, Augusto Olímpio
Gomes de
GOMES RIBEIRO, João Coelho v. RIBEIRO, João Coelho Gomes
GONÇALVES CHAVES, Antônio v. CHAVES, Antônio Gonçalves
GONÇALVES VIANA, Aniceto dos Reis v. VIANA, Aniceto dos Reis
Gonçalves

GONZALEZ, Joaquin Victor


T . IV, p . 18, 53. 117, 128.
GONZALEZ CALDERÓN, Juan A . v. CALDERÓN, Juan A. Gonzalez

GOODNOW, Frank Johnson


T . IV, p . 229.
GORDO, Adolfo v. GORDO, Adolfo Afonso da Silva
GORDO, Adolfo Afonso da Silva
T . IV, p . 128, 221, 225. i
GOURD, Alphonse
T . IV, p . 128, 135, 212. * j
252 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

GRANT, Ulisses Simpson


T . Ill, p . 240.
GRAPP, Johannes
T . IV, p . 67.
GUANABARA, Alcindo
T . IV, p . 167.
GUERREIRO, Miguel do Couto
T . IV, p . 7 1 .
GUILHERME II, Rei da Alemanha
T . Ill, p . 43.
GUSTAVO V, Rei da Suécia
T . III. p . 42.
HAMILTON, Alexander
T . IV. p . 127, 220.
HARDCASTLE, Henry
T . IV, p . 167, 168, 182, 211.
HARE. John Innes Clark
T . IV, p . 136.
HART, Albert Bushnell
T . IV, p . 137, 152.
HART, Bushnell v. HART, Albert Bushnell
HATZFELD, Adolphe
T . IV, p . 158.
H ERODES
T . Ill, p . 37.
HINSDALE, Burke Aaron
T . IV. p . 136, 137, 143.
HOLCOMBE, Arthur Norman
T . I V , p . 127.

HOLST, Hermann Edward von


T . IV. p . 128. 129, 136, 213, 228. 235.
INÁCIO, José v. SILVA, José Inácio da
ITURBIDE, Augustin de
T . IV. p . 87.
JACKSON, Andrew
T . Ill, p . 240.

JARDIM, José Leopoldo de Bulhões


T . IV, p . 114.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 253

JOÃO FÉLIX
T . III. p . 173.
JOHNSTON, Alexander
T . IV, p . 235.
JORGE. V, Rei da Inglaterra
T . Ill, p . 42.
JÚPITER
T . IVf p . 62.
KAS,SON, John Adam
T . IV, p . 186.
KEYNES, John Maynard
T . IV, p . 69.
LABIA, Joannes
T . IV, p . 67.
LACANTINERJE, Gabriel Baudry v. BAUDRY-LACANTINERIE, Gabriel
LACERDA* José Maria de Almeida e Araújo Correia de
T . IV, p . 178.
LACERDA, Sebastião Eurico Gonçalves de
T . IV. p . 28.
LACOMBE, Américo Jacobina
T . III, p . XIII.
LANDULFO, Sebastião v. MEDRADO, Sebastião Landulfo da Rocha
LAGO, Pedro Francisco Rodrigues do
T . III, p . 153. 155, 156. 163, 214.
LAVEAUX, Jean Charles Thibault de
T . IV, p . 163.
LEÃO, Hermelino
T . III. p . 272, 274, 298.
LEÃO, Liberato Agnez
T . III, p . 272. 274, 298.
LEÃO, São
T . IV, p . 71.
LEITE, Benedito v. LEITE, Benedito Pereira
LEITE, Bened.to Pereira
T . IV. p . 168.
LEITE, Francisco Glicério de Cerqueira
T . III. p . XIII.
T . IV. p . 231, 232.
254 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

LEME. Ernesto de Moraes


T . III, p . XIV, X V .
LEMOS, Artur v. LEMOS, Artur de Sousa
LEMOS, Artur de Sousa
T . IV, p. 123.
LEONEL, Ataliba v. ATALIBA LEONEL
LESSA» Pedro v. LESSA, Pedro Augusto Carneiro
LESSA, Pedro Augusto Carneiro
T . IV. p. 06. 87.
LINCOLN, Abraham
T . Ill, p . 240.
LISBOA, José da Silva, Barão de Cairo
T . IV, p. 153.
LITTRÉ, Émile v. LITTRÉ, Maximilien Paul Émile
LITTRÉ, Maximilien Paul Émile
T . IV, p. 122, 158, 163.
LOBO, Aristides v. LOBO, Aristides da Silveira
LOBO, Aristides da Silveira
T . IV, p . 91.
LOBO, Estêvão v. PEREIRA, Estêvão Lobo Leite
LOPES» Ildeíonso Simões
T . III, p . 179, 181.
LUCENA, Barão de v. LUCENA, Henrique Pereira de, Barão de
LUCBNA, Henrique Pereira de, Barão de
T . IV, p . 90, 91.
Luz, Alexandrino da
T . III, p . 276.
MACCLAJN, Emlin
T . III, p . 46.
T . IV, p . 136. 143, 152, 187, 209, 213, 235.
MACHADO, Irineu v. MACHADO, Irineu de Melo
MACHADO, Irineu de Melo
T . IV, p . 212, 225. 226, 227.
MACHADO, José Gomes Pinheiro
T . III. p. XIII, 179. 181, 182, 183, 187, 231, 232.
T . IV. p . 91. 137, 187, 222. 223.
MACHADO, Pinheiro v. MACHADO, José Gomes Pinheiro
MdKiNLEY, William
T . IV, p . 183.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 255

McMASTER, John Bach


T . IV, p. 145.
MACROBE, Ambrosius Theodosius
T . IV, p. 77.
MADISON, James
T . III, p. 97.
T . IV, p. 25, 122.
MAIA, José Gonçalves
T . IV, p. 29.
MAINE, Henry Sumner v. MAINE, Sir Henry James Sumner
MAINE, Sir Henry James Sumner
T . IV, p. 215, 220.
MAÍNE, Sumner v. MAINE, Sic Henry James Sumner
MAMMACIUS, Hiltbrandus
T . IV, p. 67.
MARQUES, Antonio Pedro da Silva
T . IV, p. 157, 163.
MARTIAL
T . IV, p. 72.
MARTINS, Enéias
T . Ill, p. 179.
MARTINS JÚNIOR, José Isidoro
T . IV, p. 127, 214.
MATIENZO, José Nicolas
T . IV, p. 88, 21Ó, 217, 219, 220.
MATOS, Horácio de
T . III, p. XV, XVI, 272, 273. 274. 291.
T . IV. p. 6.
MAXIMILIANO, Carlos v. SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos
MEDEIROS, Antonio Augusto Borges de
T . III. p. X .
MEDEIROS E ALBUQUERQUE, José Joaquim de Campos da Costa v. AL-
BUQUERQUE, José Joaquim de Campos da Costa Medeiros e
MEDRADO, Sebastião Landulfo da Rocha
T . IV, p. 169.
MEIRELES, Menandro dos Reis
T . IV. p. 37.
MELO, Alfredo Pinto Vieira de
T . IV, p. 11.
256 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

MELO, Francisco Manuel de


T . IV. p. 74.
MELO FRANCO* Afrânio de v. FRANCO, Afrânio de Melo
MENESES, Nazaré
T . III. p. 70.
MENESES, Rodrigo Otávio de Langgaard
T . IV. p. 20.
METELO, José Maria
T . III. p. 174.
MIER, Servando Teresa de. Frei
T . IV. p. 69, 70, 71. 82. 87.
MILL, John Stuart
T . IV, p. 111.
MILL, Stuart v. MILL, John Stuart
MILLER, Samuel Freeman
T . IV. p. 135. 136. 143.
MILTON, Aristides Augusto
T . IV. p. 208, 209.
MIRANDA, Francisco Sá de
T . IV. p. 61.
MIRANDA, José Cordeiro de
T . Ill, p. 195, 276.
MIRANDA, Sá de v. MIRANDA, Francisco Sá de
MIR Y NOGUERA, Juan
T . IV, p. 181.
MITRE, Bartolomeu
T . IV, p. 59, 82, 88. 128. 186, 187, 210, 218, 219, 229.
MIYAKAWA, Masuji
T . IV, p. 137.
MOACIR, Pedro v. MOACIR, Pedro Gonçalves
MOACIR, Pedro Gonçalves
T . IV, p. 168, 224. 225.
MONIZ, Antônio v. ARAGÃO, Antônio Ferrão Moniz de
MoNiz FREIRE, José de Melo Carvalho v. FREIRE, José de Melo
Carvalho Moniz
MONTEIRO, César do Rego
T . IV. p. 192.
MONTES DE OCA, Manuel Augusto

T . IV, p. 117.
-

O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 257

MONTESQUIEU, Barão de la Brède e de v. MONTESQUIEU, Charles


Louis de Secondât, Barão de Ia Brède e de
MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondât, Barão de la Brède e de
T . III, p . 40, 90.
T . IV, p . 129, 215.
MORAIS, Prudente v. BARROS, Prudente de Morais
MORMS FILHO, Prudente de
T . IV, p . 86. 115.
MORAIS SILVA, Antônio de v. SILVA, Antônio de Morais
MORAN, Thomas Francis
T . III. p . 46.
T . IV, p . 127, 229.
MOREAU, Felix
T . IV, p . 146, 147.
MOREIRA, Delfim v. RIBEIRO, Delfim Moreira da Costa
MOREIRA DA SILVA, Antônio v. SILVA, Antônio Moreira da
MOTA, CÂNDIDO V. MOTA, Cândido Nazanzeno Nogueira da
MOTA. Cândido Nazianzeno Nogueira da
T . IV, p . 60, 125, 214, 226.
MUNRO, Benêt v. MUNRO, William Benet
MUNRO, William Benet
T . III, p . 47.
T . IV, p . 127.
MURITIBA, Manuel Vieira Tosta, Marquês de v. TOSTA, Manuel
Vieira, Marquês de Muritiba
MURITIBA, Marquês de v. TOSTA, Manuel Vieira, Marquês de
Muritiba
MURTINHO, Irmãos [Joaquim Duarte e José Antôno]
T . III. p . XII.
MURTINHO, Joaquim Duarte
T . III. p . XIII.
NABUCO, Joaquim v. Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de
ARAÚJO,
NABUCO DE ARAÚJO V. ARAÚJO, José Tomás Barreto Nabuco de
NAPOLEÃO I, Imperador dos franceses
T . III. p . 311.
NASCIMENTO, Alexandre Cassiano do
T . III. p . 186.
NASCIMENTO, Cassiano do v. NASCIMENTO, Alexandre Cassiano do
NAVARRO, Antônio Caetano Sève
T . IV, p . 9 1 .
NAZARÉ V. MENESES, Nazaré
258 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

NOGUERA, Juan Mir y v. Mm Y NOGUERA, Juan


OCA, Manuel Augusto Montes de v. MONTES DE OCA, Manuel
Augusto
OLIVEIRA, Cavaleiro de v. OLIVEIRA, Francisco Xavier de
OLIVEIRA, Francisco Xavier de
T . IV, p. 73.
ORDRONAUX, John
T . IV, p. 127, 132, 137, 235.
OTÁVIO, Rodrigo v. MENESES Rodrigo Otávio de Langgaard
PAIS DE BARROS, Antônio v. BARROS, Antôn O Pais de
PALMA, Luigi
T . IV, p. 151.
PAMPLONA, Iclirerico Narbal
T . IV, p. 91.
PARADA, Antônio de Carvalho
T . IV, p. 62, 7&.
PASCHAL, George Washington
T . IV, p. 144, 186. 187.
PAULO, São
T . IV, p. 70.
PEDROJSA, Pedro da Cunha
T . IV, p. 88, 90.
PEDCOTO, Floriano v. PEIXOTO, Floriano Vieira
PEIXOTO, Floriano Vieira
T . III. p. 77, 81, 186.
T . IV, p. 83, 85, 86, 87. 98, 101, 226.
PELEGRÍNI, Carlos
T . IV, p . 28.
PENA, Afonso v. PENA, Afonso Augusto Moreira
PENA, Afonso Augusto Moreira
T . III, p. XIII. 199. !
T . IV, p. 22*6.
PEREIRA, Bento ,
T . IV, p. 158.
PEREIRA, Bráulio Xavier da Silva
T . IV. p. 8.
PEREIRA, Estêvão Lobo Leite
T . IV, p . 125, 128. 222.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 259

PEREIRA, Francisco Santos


T . IV, p . 169.
PEREIRA, Luciano v. SILVA, Luciano Pereira da
PEREIRA, Santos v. PEREIRA, Francisco Santos
PEREIRA E SOUSA, Joaquim José Caetano v. SOUSA, Joaquim José
Caetano Pereira e
PEREYRA, Carlos
T . IV, p . 69, 70, 72, 82.
PESSANHA, Nilo
T . IV, p . 223.
PES,90A, Epitácio v. PESSOA, Epitácio da Silva
PESSOA, Epitácio da Silva
T . III, p . XIV, XV, XVI, 33, 91, 123, 124, 167, 178, 180, 181,
182, 183, 184, 185, 186, 187, 190, 191, 210, 230, 232, 236,
237, 242, 247, 249, 251, 289, 292, 299, 301.
T . IV, p. 10, 11, 12, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95,
97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 109, 110, 114, 119, 120, 122,
123, 163, 165, 198, 199, 231, 232, 233, 234.
PETROCCHL Policarpo
T . IV, p . 159, 180.
PHALERIUS, Demetrius
T . IV, p . 68.
PÍNDARO
T . IV, p . 77.
PINHEIRO, José Pedro Xavier
T . IV, p . 122.
PINHEIRO MACHADO, José Gomes v. MACHADO, José Gomes Pinheiro
PINTO, Alfredo v. MELO, Alfredo Pinto Vieira de
PINTO, João Pereira de Castro
T . IV, p . 221.
PIRES, Joaquim v. FERREIRA, Joaquim de Lima Pires
PISA, Joaquim de Toledo v. ALMEIDA, Joaquim de Toledo Pisa e
PÍTIAS
T . IV, p . 57.
PLANIOL, Marcel Fernand
T . IV, p . 54.
PLÍNIO
T . IV, p . 73.
PLUTARCO

T . IV, p . 57.

i
260 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

POCOPORICES, Simon
T . IV, p. 68.
POMEROY, John Norton
T . IV, p. 55.
PONCE, Generoso Paes Leme de Sousa
T . Ill, p. XII, 168. 173.
PREMOLI, Palmiro
T . IV. p. 159, 179.
PROAL, Louis
T . IV, p. 147.
QUEVEDO Y VILLEGAS, Francisco Gomez de
T . IV, p. 56.
RABASA, Emílio
T . IV, p. 64.
RAMALHO, João Emídio
T . III. p. 69, 198, 210.
RAMÍREZ, Ignacio
T . IV, p. 64.
RAMQS, Aires v. EÇA, Matias Aires Ramos da Silva de
RAMOS, Eduardo Pires
T . IV, p. 79.
RAMOS, João de Deus
T . IV. p. 178.
REGO MONTEIRO, César do v. MONTEIRO, César do Rego
REYES, Rodolfo
T . IV, p. 64.
RIBEIRO, Delfim Moreira da Costa
T . III. p. 71.
RIBEIRO, Demétrio Nunes
T . III. p . XII.
RIBEIRO, João Coelho Gomes
T . IV. p. 199, 200, 201.
RIGUTINI, Giuseppe
T . IV, p. 159.
RIVAROLA, Rodolfo
T . IV, p. 88.
ROCHA, Antônio Carneiro da
T . IV, p. 32.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 261

ROCHA* B . Rosalvo Teixeira da


T . III, p . 276.
ROCHAU Plínio
T . III, p . 262.
RODRIGO OTÁVIO V. MENESES, Rodrigo Otávio de Langgaard
RODRIGUES, Antônio Coelho
T . IV, p . 20, 108, 128, 168, 187, 190, 191, 192.
RODRIGUES ALVES, Francisco de Paula v. ALVES, Francisco de Paula
Rodrigues
ROSÁRIO, Barão do v. ROSÁRIO, Joaquim José do, Barão do
ROSÁRIO, Joaquim José do, Barão do
T . IV, p . 194.
RUSSELL, Charles Edward
T . IV, p . 69.
SÁ, César de Andrade
T . III, p . 272, 274, 298.
SABÓIA DE ALENCAR V. ALENCAR, Sabóia de

SÁ DE MIRANDA, Francisco v. MIRANDA, Francisco Sá de


SALES, Manuel Ferraz de Campos
T . III, p . XI, 167, 172, 179, 183, 186, 187, 231, 236, 242.
T . IV, p . 109, 110, 114, 167, 212.
SALOMÃO
T . III, p . 134.
T . IV, p . 68.
SANTOS, Carlos Maximiliano Pereira dos
T . I V . p . 20, 28.
SANTOS Pereira, Francisco v. PEREIRA, Francisco Santos
SÃO VICENTE, Marquês de v. BUENO, José Antônio Pimenta, Mar-
quês de
SARMIENTO, Domingo Faustino
T . III. p . X I .
T . IV, p . 88.
SCHOULER, James
T . IV, p . 145.
SCHWINPORDIA, Johannes de
T . IV, p . 69.
SCOCIA, Benedictus de
T . IV, p . 74.
262 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

SEABRA, José Joaquim


T . III. p . 32. 144. 152. 194. 195. 196. 216. 220. 230. 236. 249.
268. 271, 272, 273. 274. 281. 283. 292.
T . IV, p . 6, 32.
SEDGWICK, Theodore
T . IV, p . 55. 167.
SENA, Ernesto
T . IV. p . 194. 199. 202, 203. 204.
SÊNECA
T . IV. p . 61. 7S.
S ERA PIS
T . IV, p . 62.
SERPA, Justiniano de
T . IV, p . 29. 87.
SEVE NAVARRO, Antônio Caetano v. NAVARRO, Antonio Caetano Sève
SILVA, Antônio de Morais
T . Ill, p . 28, 49.
SILVA, Antônio Moreira da
T . IV, p . 231.
SILVA, José Inácio da
T . IV, p . 169.
SILVA, Lauro Nina Sodré e
T . IV, p . 137.
SILVA, Luciano Pereira da
T . IV, p . 115. 212. 226.
SILVA* Moisés Alves da
T . III, p . 276.
SILVA MARQUER, Antônio Pedro da v. MARQUES, Antônio Pedro da
Silva
SILVEIRA LOBO, Aristides da v. LOBO, Aristdes da Silveira
SIMÕES LOPES, Ildefonso v. LOPES', Ildefonso Simões
SEQUEIRA, João de v. CAVALCANTI, João de Sequeira
SODRÉ, Lauro v. SILVA, Lauro Nina Sodré e
SOUSA, Joaquim José Caetano Pereira e
T . IV. p . 163, 178.
SOUSA, Marcionílio Antônio de
T . III, p . 19ó, 256, 265. 266. 267, 306.
SOUSA, Salvador Matos
T . IV, p . 32.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 263

SOUSA AGUIAR, Antônio Geraldo de v. AGUIAR, Antônio Geraldo


de Sousa
SOUSA Estrela, Lindolfo de v. ESTRELA, Lindolfo de Sousa
SOUSA JÚNIOR, Paulino de v. SOUSA JÚNIOR, Paulino José Soares de
SOUSA JÚNIOR, Paulino José Soares de
T . IV, p. 168.
SOUTO, Teodoreto Carlos de Faria
T . III, p. XII.
SPEDDING, James
T . IV, p. 64.
STERNE, Simon
T . IV, p. 136.
STEVENS, Charles Ellis
T . IV, p. 220.
STORY, Joseph
T. IV, p. 17, 128, 136, 137, 167, 236.
STRUNCK, Albertus
T . IV, p. 68.
SUTHERLAND, William Angus
T . III, p. 45.
T . IV, p. 135, 167.
TÁCITO
T . IV, p. 66.
TANEY, Roger Brooke
T . IV, p. 168, 184.
TAYLOR, Hannis
T . IV, p. 220, 229.
TAYLOR, William Henry
T . IV, p. 183.
TEIXEIRA DE FREITAS, Augusto v. FREITAS, Augusto Teixeira de
THACKERAY, William Makepeace
T . IV, p. 64.
THEIL, Jean François Napoléon
T . IV, p. 158.
TIBÊRIO CÉSAR
T . IV, p. 56.
TOSTA, Manuel Vieira, Marquês de Muritiba
T . IV, p. 153.
264 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

TOWNSEND, Edward Waterman


T . IV, p . 127.
TUCKER, John Randolph
T . IV. p . 17. 143, 235.
TYLER, John
T . IV, p . 23. 145.
URRUTIA, Manuel Alberto
T . IV, p . 186.
VALDEZ, Manuel do Canto e Castro Mascarenhas
T . IV, p . 181.
VARELA, Luís Vicente
T . IV. p . 119. 124. 137, 186, 213. 215. 216. 219.
VEDIA, Agustin de
T . IV. p . 215, 216. 219.
VESPA?VIANO
T . IV, p . 66.
VIANA, Aniceto dos Reis Gonçalves
T . Ill, p . 152.
VIEIRA, Antonio
T . Ill, p . 163.
VÍTOR EMANUEL III. Rei da Itália
T . Ill, p . 42.
VIVEIROS DE CASTRO, Augusto Olímpio v. CASTRO, Augusto Olímpio
Viveiros de
WALKER, Timothy
T . IV, p . 17.
WASHINGTON, George
T . III, p . 240.
WAT.SON, David Kemper
T . IV, p . 23, 127, 185.
WEBSTER, Daniel
T . IV, p . 137, 144, 145.
WHARTON, Francis
T . IV. p . 127, 134. 137, 141, 142.
WIDDIELFIELD, Charles Howard
T . IV, p . 167, 181.
WILBERPORCE, Edward
T . IV, p . 211.
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 265

WILLOUGHBY, Westel Woodbury


T . III. p . 47.
T . IV, p. 128. 130, 133, 136, 143. 235.
WILSON, Thomas Woodrow
T . III. p . 240.
WOODBURN. James Albert
T . III. p . 46.
T . IV, p . 127, 135. 139. 143. 184. 185. 209, 229, 235.
WOOLSEY, Theodore Dwight
T . IV. p . 140, 141.
WORMATIA, Petrus de
T . IV, p . 68.
XAVIER, Bráulio v. PEREIRA, Bráulio Xavier da Silva
XAVIER PINHEIRO, José Pedro v. PINHEIRO, José Pedro Xavier
YOSHIHITO, Imperador do JapSo
T . III. p . 43.
ZAMA, Aristides César Espinola
T . IV. p . 169.
ZAMA, César v. ZAMA. Aristides César Espinola
ZARATUSTRA
T . III. p . 134.
INDICE
ADVERTÊNCIA IX
MEN.SAGEM DO PRESIDENTE EPITÁCIO PESSOA 3
Mensagem do Presidente da República ao Congresso Na-
cional em 3 de maio de 1920 5
Notas à mensagem do Presidente Epitácio Pessoa 39
BIBLIOGRAFIA PARA O 2 9 VOLUME 45
MANUSCRITOS DE R U I BARBOSA 51
[ 1 ] Interpretação constitucional 53
[ 2] Interpretação 54
[ 3] Interpretação 55
[ 4] Epígrafes e citações 59
[ 5] Cifafões 66
Citações 69
[ 6] Floriano 83
[ 7] Visita do Rei Alberto 83
[ 8] Variações do Epitácio 85
As acumulações do Sr. Epitácio 88
As acumulações do Lucena 90
O cameleão 91
A probidade individual 98
Mudar de opinião 98
Epitácio contra Floriano 98
Resistência popular 99
O s sírios do Espírito Santo mandados restituir pelo
Epitácio aos seus domicílios 100
O Epitácio sustentando as minhas proposições 100
A vaidade epitaciana 102
[ 9] Arcaísmos 104
Ministros , 104
[10] A minha incoerência (Em 1913) 104
Documentos parlamentares 106
[11] Os estados grandes soberanos na política nacional . . . 110
[12] Diferenças entre a Constituição dos Estados Unidos
e a Brasileira quanto à intervenção federal nos textos
que a regulam 112
[13] Quadro comparativo (intervenção) 118
[14] Nota ao 1« artigo 118
[15] A impaciência de Epitácio com a Constituição 119
268 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

[ 16]Os desdéns do Epitácio comigo 120


[17]Forma republicana de governo 124
Forma republicana de governo 130
[18] Revolução. Governos revolucionários. Sucessão legí-
tima 137
Domestic violence 143
[19] Responsabilidades 145
[20] Poder Judiciário 147
[21 ] Rios navegáveis 153
[22] Poder 153
Dever — em que sentido? 157
Poder 158
Epitácio 165
Imperativos 170
— Não poderá — Não pode 171
Constituição brasileira 173
[23] Intervenção 182
Intervenções requisitadas 185
[24] Sobre a emenda Deodoro ao art. 6 f 194
Emendas Deodoro 197
Notas do Deodoro 198
[25] Distribuição de competência quanto ao art. 6* 208
[26] Distribuição das atribuições envolvidas no art. 4 9 , § 4* 209
[27] O interventor 210
[28] Poderes implícitos 211
[29] As intervenções nos Estados Unidos 212
[30] Intervenção na Argentina 215
[31] Cópias 220
[32] Ação perversiva da política na discussão das questões
constitucionais concernentes à intervenção federal nos
Estados 220
[33] Casos de intervenção ocorridos no Brasil até 1910 x- 221
[34] Obrigação de intervir, nos Estados Unidos 227
[35] Desmentidos do governo de que houvesse revolução 229
[36] Excitação às tropas que foram para a Bahia 230
[37] Alistamento eleitoral ilegal 231
[38] Censura telegráfica 232
Requerimento Epitácio 233
[39] O discurso aos oficiais do São Paulo 233
[40] Dualidade de governos estaduais e intervenção federal
nos Estados Unidos 235
BIBLIOGRAFIA 237
INDICE ONOMÁSTICO 241

.
OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA
TOMOS PUBLICADOS
Vol. I - 1865 - 1871 ~ T . I — Primeiros trabalhos
T. II - Poesias
Vol. V I * 1879 - T . I - Discursos parlamentares [Câmara dos
Deputados]
Vol. VII ~ 1880 - T . I - Discursos parlamentares [Câmara dos
Deputados]
Vol. VIII - 1881 - T . I - Trabalhos diversos
Vol. IX - 1882 - T . I - Reforma do ensino secundário c su-
perior
T . II - Discursos parlamentares. Centenário
do marquês de Pombal. O desenho
e a arte industrial
Vol. X - 1883 " T . I * Reforma do ensino primário e várias
instituições complementares da ins-
trução pública
T . II - Reforma do ensino primário e várias
instituições complementares da ins-
trução pública
T . III - Reforma do ensino primário e várias
instituições complementares da ins-
trução pública
T . IV - Reforma do ensino primário e várias
instituições complementares da ins*
trução pública
Vol. XI - 1884 - T . I - Discursos parlamentares. Emancipa-
ção dos escravos
Vol. XIII - 1886 - T . I - Lições de coisas (tradução)
T . II - Trabalhos diversos
Vol. XIV - 1887 - T . I - Questão militar. Abolicionismo. Tra-
balhos jurídicos. Swift
Vol XV - 18M> T . I - Trabalhos diversos
270 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Vol. XVI * 1889 - T. I - Queda do império [Diário de Notí-


cias]
T. II - Queda do império [Diário de Notí-
cias]
T. III - Queda do império [Diário de Notí*
cias]
T. IV - Queda do império [Diário de Notí-
cias]
T. V - Queda do império [Diário de Notí-
cias]
T. VI - Queda do império [ Diário de Notí-
cias]
T. VII " Queda do império [ Diário de Notí-
cias]
T. VIII - Queda do império [Diário de Notí-
cias]
Vol. XVII - 1890 - T. I - A Constituição de 1891
Vol. XVIII - 1891 - T. I ~ Discursos parlamentares. Jornalismo
T . II - Relatório do Ministro da Fazenda
T. III - Relatório do Ministro da Fazenda
T. IV - Anexos ao relatório do Ministro da
Fazenda
Vol. XIX - 1892 - T. I " Discursos parlamentares
T. II - Discursos c pareceres parlamentares
T. III " Trabalhos jurídicos. Estado de sitio
T. IV - Trabalhos jurídicos
VoL XX - 1893 - T . I - Visita à terra natal. Discursos par-
lamentares
T . II ~ A ditadura de 1893 [Jornal do
Brasil]
T . III - A ditadura de 1893 [Jornal do
Brasil]
T. IV " A ditadura de 1893 [Jornal do
Brasil]
T. V - Trabalhos jurídicos
Vol. XXII - 1895 - T. I - Discursos parlamentares. Trabalhos
jurídicos
VoL XXIII - 1896 - T. I - Cartas de Inglaterra
T . II - Impostos interestaduais
T. III " Posse de direitos pessoais. O júri e a
independência da magistratura
O ARTIGO 6 9 DA CONSTITUIÇÃO 271

Vol . XXIV ­ 1897 ­ T. I ­ O Partido Republ icano Conservador


Discursos parl amentares
T. II " Trabal hos jurídicos
• T. Ill - Trabal hos jurídicos
Vol. XXV ­ 1898 ~ T. I ­ A imprensa
T. II - A imprensa
T. Ill " A imprensa
T. IV * Trabal hos jurídicos
T. V ~ Trabalhos jurídicos
T. VI ­ Discursos parl amentares

Vol. XXVI * 1899 * T. I - Trabal hos jurídicos


T. II ­ Discursos parl amentares
T. Ill - A imprensa
T. IV * A imprensa
T. V ­ A imprensa
T. VI ­ A imprensa
T. VII " A imprensa
Vol. XXVII ~ 1900 ­ T. I ~ Rescisão de contrato. Preservação
de uma obra pia
T. II ­ Trabal hos jurídicos
T. Ill ­ Discursos parl amentares
T. IV " A imprensa
T. V ­ A imprensa
T. VI - A imprensa
Vol. XXVIII ­ 1901 ­ T. I ­ Discursos parl amentares
Vol. XXIX ­ 1902 ­ T . I ~ Parecer sobre a redação do Código
CivÜ
T. II - Répl ica
T. Ill ­ Répl ica
T. IV - Anexos à Répl ica
T. V ­ Discursos parl amentares
Vol. XXX ^ 1903 ­■T . I - Discursos parl amentares
Vol. XXXI ­ 1904 « T. I - Discursos parl amentares
T. II ~ Trabalhos jurídicos. Pareceres
T. Ill - Trabal hos jurídicos
T. IV ­ Limites entre o Ceará e o Rio Gran-
de do Norte
T. V Limites entre o Ceará e o Rio Gran*
de do Norfç
272 OBRAS COMPLETAS DE RUI BARBOSA

Vol. XXXII - 1905 - T. I * Discursos parlamentares


T. II - Trabalhos jurídicos
T. III * Código Civil. Parecer jurídico
VoL XXXIII - 1906 *T. I * Discursos parlamentares
T. II * Trabalhos jurídicos
Vol XXXIV . 1907 - T . I * Discursos parlamentares
T. n " A Segunda Conferência da Paz
Vol XXXV - 1908 * T. i * Discursos parlamentares
T. ii * Trabalhos jurídicos
Vol. XXXVI - 1909 * T. i * Excursão eleitoral
T. II * Discursos parlamentares
Vol. XXXVII - 1910 - T . i - Excursão eleitoral
T. II - Memória sobre a eleição presidencial
T. m * Discursos parlamentares
Vol. XXXIX * 1912 - T . i * O caso da Bahia. Petições de habeas*
corpus
T. ii " Trabalhos jurídicos
Vol. XL - 1913 - T. i * Cessões de clientela e a interdição de
concorrência nas alienações de es*
tabelecimentos comerciais e indus*
triais
T. II * Trabalhos jurídicos
T. III * Trabalhos jurídicos
T. IV * Discursos parlamentares. O caso do
Amazonas
T. V * Discursos parlamentares e jornalismo
Vol. XLI - 1914 . T. I * Discursos parlamentares
T. II * Discursos parlamentares
T. III * Discursos parlamentares
VoL XLII - 1915 - T. I - Limites interestaduais
Vol. XLIII - 1916 - T . II * Trabalhos jurídicos
Vol. XLV . 1918 - T . I * Questões de portos no Brasil
Vol. XLVI * 1919 - T . I * Campanha presidencial
T. II * Campanha presidencial
Vol. XLVII - 1920 .- T. III * O artigo 69 da Constituição c a in*
tervenção de 1920 na Bahia
VoL XLVIII - 1921 - T . I * Cláusula enquanto bem servir. De*
missão ilegal

Roteiro das obras completas de Rui Barbosa


AOS 10 DIAS DO MÊS DE DEZEMBRO DE 1976,
ACABOU-SE DE IMPRIMIR NAS OFICINAS DO
DEPARTAMENTO DE IMPRENSA NACIONAL,
NA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO, PARA A
FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA,
ESTE TOMO IV

DO VOLUME XLVII, 1920


DAS

Obras Completas de Rui Barbosa

MANDADAS PUBLICAR PELO GOVERNO DA


REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
DEPARTAMENTO DE IMPRENSA NACIONAL
1976

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