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ISSN ELETRÔNICO 2316-381X

O DIREITO ENTRE O ESTADO E O ESTADO DE DIREITO:


REVISITANDO A TEORIA DO DIREITO E DO ESTADO DE LEÓN DUGUIT
Ian Pimentel Gameiro1

Resumo
O artigo objetiva oferecer uma leitura ampla e de- Estado e do Direito a partir de fenômenos como o
talhada da pouco estudada obra de León Duguit. constitucionalismo multinível e o cosmopolitismo
Inicia, pois, com a reconstituição dos antecedentes societal, pode oferecer respostas interessantes e daí
teóricos que sustentam o seu pensamento, a saber, a necessidade de revitalizá-la.
as teorias de Herbert Spencer e Émile Durkheim, e
segue, a partir daí, com a sua concepção do Estado, PALAVRAS-CHAVE
do Direito, e do Estado de Direito. A teoria de Duguit,
no contexto atual em que se questiona o papel do Estado. Direito. Estado de Direito.

Interfaces Científicas - Direito • Aracaju • V.2 • N.3 • p. 9 - 21 • Jun. 2014


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ABSTRACT
The article aims to provide a comprehensive and de- the role of the State and Law from phenomena such
tailed reading about the little studied Leon Duguit’s as multilevel constitutionalism and societal cosmo-
work. It starts, then, with the reconstitution about the politanism, can offer interesting answers and hence
theoreticala background underpinning their thinking, the need to revitalize it.
namely the theories of Herbert Spencer and Emile
Durkheim, and continues from there, with his con- Keywords
ception of the State, the Law, and the Rule of Law.
Duguit’s theory, in the current context, questioning State. Law. Rule of Law.

RESUMEN
El artículo pretende ofrecer una lectura compren- do el papel del Estado y la Ley de fenómenos como el
siva y detallada de la obra de Leon Duguit, que muy constitucionalismo multinivel y el cosmopolitismo de
poco ha sido estudiada. Comienza, entonces, con la la sociedad, puede ofrecer respuestas interesantes y
reconstitución de la base teórica que sustenta su por lo tanto la necesidad de revitalizarlo.
pensamiento, a saber, las teorías de Herbert Spencer
y Emile Durkheim, y continúa desde allí, con su con- Palabras clave
cepción del Estado, la ley y el Estado de Derecho. La
teoría de Duguit, en el contexto actual, cuestionan- Estado. Derecho. El estado de derecho.

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1 INTRODUÇÃO
O Direito entre o Estado e o Estado de Direito pro- É desse ponto de partida que se deve ler Duguit, e
põe-se a dissertar sobre antiga, porém atualíssima, partindo dele, então, traçar-se-á as linhas da sua con-
teoria do Estado, do Direito, e da relação que estes cepção do Estado e do Estado de Direito, a partir do Di-
dois elementos da vida social mantém entre si. reito, permeando a exposição com a reconstrução dos
diálogos que estabeleceu com Spencer e Durkheim,
O tema se justifica não só porque se ocupa do pen- os teóricos que lhes forneceram as bases fundamen-
samento de León Duguit1, mas, sobretudo, porque re- tais sobre as quais se assenta seu pensamento.
vigora no contexto específico do constitucionalismo
multinível, interconstitucionalidade, multiculturali- A despeito das inúmeras “certidões de óbito”
dade e cosmopolitismo a discussão em torno da con- que lhe foram sendo passadas ao longo da his-
cepção do Estado, do seu real papel social e da sua tória, o Estado, assim entendido como produto
relação de subordinação com o Direito. cultural e político da humanidade, vai resistindo,
e, portanto, buscar no passado as respostas para
Isso implica, pois, em se considerar necessário as dificuldades presentes, marcadamente as que
reconhecer o contexto jurídico-político e social em revigoram os questionamentos em torno da sua
que está inserta a doutrina de Duguit: a França da real função social em um contexto político cada
segunda metade do século XIX até o primeiro quartel vez mais condicionado às exigências jurídicas do
do século XX. Aliás, a boa leitura da sua obra, a sua plano internacional se afigura alternativa viável.
compreensão adequada, implica em reconhecer as
influências, dessa específica condicionalidade histó- Não constitui objetivo deste artigo, no entanto, cum-
rico-social, sobre o seu pensamento. pre logo advertir, oferecer a partir de Duguit as respostas
para as inquietudes e complexidades contemporâneas
Isso porque Duguit acompanhou de perto uma envolvendo a estatalidade. É seu objetivo, na verdade,
França efervescente politicamente. Uma França que instigar o leitor a refletir e encontrá-las, considerando
se afirmava republicana, como o Estado da “coisa pú- agora a proposta formulada por esse autor em tempo
blica”, pelo menos sob o ponto de vista espiritual, mas igualmente conturbado na história do Estado.
que não conseguia se sustentar politicamente como
tal; um Estado que basicamente alternava entre cur-
tas Repúblicas e longas monarquias. 2 ANTECEDENTES TEÓRICOS
Duguit se afirmava republicano, e toda sua cons- A concepção de Estado e de Estado de Direito
trução doutrinária do Estado e do Estado de Direito desempenha papel fundamental na Teoria do Direi-
tinham como objetivos se opor às teorias autoritárias to, proposta por León Duguit. Melhor dizendo: só se
da Herrschaft que prosperavam na Alemanha e se explica qual sua concepção de Estado e de Estado
prestavam, de certo modo, a sustentar o poder polí- subordinado ao Direito, perpassando por imperiosa
tico como “direito subjetivo” dos que estavam à testa necessidade metodológica, pela sua compreensão
do ente estadual. acerca do Direito e de seu fundamento.
1. Pierre Marie Nicolas León Duguit (1859-1928) foi um jurista francês
especializado em direito público, nomeadamente em Direito Constitucional
Como Duguit é pouco estudado no contexto bra-
e Teoria do Estado, que exerceu sua carreira acadêmica na Universidade sileiro, seja pela Filosofia do Direito no que concerne
de Bordeaux, onde posteriormente se tornou decano, no período da França
oitocentista (REALE, 2002, p. 439).
à sua concepção da normatividade, seja pela dogmá-

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tica constitucional no que se refere à sua concepção suas leis e o peso intelectual que detinham os seus inves-
de Estado e de Estado de Direito, quase nada se sabe tigadores ditaram os rumos da Ciência naquele período.
sobre os precedentes teóricos que esteiam toda a sua
doutrina, quer seja a do Estado quer seja a do Direito. As explicações sobre a vida, antes dadas numa
perspectiva algorítmica, passaram a ser oferecidas
Assim, em obséquio ao apego e rigor científi- na perspectiva naturalística/biológica. E a vida em
co, exigidos pela proposta do autor, é justo iniciar sociedade não tardou em ser, também, analisada
esse percurso de reconstrução a partir dos teó- segundo esse ponto de vista.
ricos que forneceram a Duguit as bases sobre as
quais sustenta o seu pensamento e com quem este O marco teórico que sustentou o organicismo evo-
dialogou intensamente. lucionista enquanto teoria sociológica fora, inques-
tionavelmente, o estudo acerca da evolução biológica
No entanto, uma nota preliminar é importante: das espécies lançado por Charles Darwin, e vários
a razão pela qual propositalmente excluiu-se Jean- foram aqueles que se serviram das bases teóricas lan-
-Jacques Rousseau e o seu republicanismo liberal do çadas por Darwin para explicar a vida em sociedade.
objeto de análise, a despeito de sua influência sobre o
autor, só se justifica porque tal concepção é adotada Foi com Herbert Spencer, no entanto, que a escola
por Duguit na perspectiva da filosofia política. orgânica se destacou.

Isto é, o autor não dialoga diretamente com Rous- A ideia de Spencer (COSTA, 2005, p. 70), represen-
seau; não utiliza suas ideias para fundamentar um tando aqui o núcleo em torno do qual girava o pen-
dado pensamento. Duguit adota a ideia da república samento da escola orgânica evolucionista, consistia
rousseauniana e a defende como um ideal político, basicamente em reconhecer a sociedade como um orga-
como concepção politicamente adequada da vida em nismo vivo, dotado de sistemas e funções específicas, in-
sociedade e do Estado. terdependentes e dispostas com vistas à manutenção do
todo social, que teria evoluído do mais primitivo ao mais
Assim como poderia entender que a monarquia é a complexo “[...] através de um processo de diferenciação
forma política adequada de Estado por favorecer tais estrutural apoiado na superioridade de adaptação atra-
ou quais benefícios à sociedade, e construir uma tese, vés da seleção natural” (BUTTEL, 1992, p. 72).
defendendo tal forma de constituição da unidade po-
lítica, Duguit o faz em relação à República. Daí porque Orgânica a sociedade, porque estaticamente
se diz que a ideia de república em Duguit é assumida identificada suas funções pelos diversos, porém co-
na perspectiva da filosofia política, uma vez que de- nexos, órgãos que a compõe; evoluída haja vista ser
pendente, por isso mesmo, da sua concepção da vida dotada de órgãos mais adaptados estruturalmente
e da boa vida em sociedade. às suas funções, em razão da seleção natural pela
qual passaram e, consequentemente, porquanto
2.1 O ORGANICISMO EVOLUCIONISTA DE HERBERT SPENCER mais integrados ao complexo social em razão da
sua maior especialização.
Se os séculos XVI e XVII foram os séculos das ciências
exatas, das transformações matemáticas, físicas e astro- Por ora é a noção que importa ter presente, mas
nômicas, o século XVIII sem dúvida foi o das ciências bio- ver-se-á adiante que a ideia vendida pela escola orgâ-
lógicas (LARAIA, 2005, p. ?). Os grandes descobrimentos nica evolucionista fora fundamental para que Duguit
sobre a natureza, a revelação científica de algumas de desenvolvesse sua concepção do Estado.

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2.2 A SOCIOLOGIA EXPERIMENTALISTA DE ÉMILE DURKHEIM Durkheim articula, então, essas duas constata-
ções para afirmar que se uma dada sociedade se man-
Embora Durkheim fosse adepto com reservas do tém vinculada, e os seus órgãos assim se relacionam,
organicismo defendido por Spencer (BUTTEL, 1992, tendo como nota de coesão os “fatos sociais” dos cos-
p. 73), assim como Marx, Engels (SOARES, 2009, p. tumes, da tradição, da religião ou da mera semelhan-
65) e praticamente todos os teóricos clássicos, outras ça, o tipo de solidariedade que lhe é particular é o da
foram as suas contribuições para a ciência, particu- “solidariedade mecânica”.
larmente para a sociologia: a noção de solidariedade
e a concepção do fato social. Tais sociedades impõem aos seus membros deveres
particularmente rígidos. Todos devem respeitar as re-
gras estabelecidas pela autoridade. Os valores sociais
Do organicismo e da sua ideia fundante de que a decorrem da tradição e da religião e o grupo organiza-
sociedade é segmentada em órgãos com funções es- -se como uma verdadeira comunidade, fundamentada
pecíficas, porém interconexas, Durkheim assentou em relações de parentesco e na preservação da pro-
priedade coletiva. (SABADELL, 2010, p. 48).
sua concepção de solidariedade como fundamento da
lei social que impelia os homens a se acharem vincu-
lados uns com os outros e com o todo. Da psicologia Se, por outro lado, essa mesma sociedade passa a se
experimental de Wilhelm Wundt (ARAÚJO, 2009, p. vincular, e os seus órgãos a se relacionar, a partir do “fato
214), de quem foi aluno, Durkheim se serviu do mé- social” do trabalho, especializado e interdependente, es-
todo da observação para constatar que o comporta- tará presente em causa, então, a “solidariedade orgânica”.
mento humano não era moldado somente por regras
A sociedade moderna caracteriza-se, ao contrário, pela
escritas ou prescrições explícitas; tal regramento solidariedade orgânica (ou por dessemelhança). Trata-
comportamental implícito, também, exercia sua influ- -se de uma sociedade complexa, fundamentada na di-
ência sobre o homem (SABADELL, 2010, p. 47). visão do trabalho, segundo o princípio da especializa-
ção. O indivíduo não se vincula diretamente a valores
sociais, não está submetido a liames tradicionais, a
A construção de Durkheim se inicia, pois, com es- obrigações religiosas ou comunitárias. A solidariedade
sas duas constatações. cria-se através de redes de relacionamento entre indiví-
duos e grupos, onde cada um deve respeitar as obriga-
ções assumidas por contrato. (SABADELL, 2010, p. 49).
A primeira consiste em perceber que o homem não
se basta; está condenado a uma vida gregária, mais
ou menos intensa conforme se ache em maior ou me- À maior interdependência entre os órgãos caracte-
nor grau de relacionamento com os demais, vínculo rizadora da sociedade mais complexa, Durkheim deu
ao qual se referiu como “solidariedade social” em seu o nome de “solidariedade orgânica”; à menor interde-
célebre “A divisão do trabalho social” (DURKHEIM, pendência típica da sociedade menos complexa o au-
1999, p. 85-109). tor chama de “solidariedade mecânica” (DURKHEIM,
1999, p. 85-109).
A segunda, pois, resulta da percepção de que essa
interrelação entre os homens é determinada por um A ideia de solidariedade social e da sua dupla dis-
conjunto de condições, de maneiras, de pensamen- tinção, como originalmente pensada por Durkheim,
tos, enfim, por um conjunto de normas, prescritas e será fundamental para Duguit desenvolver a sua te-
não prescritas, que exercem certa influência sobre os oria acerca do que constitui para si o fundamento
seus comportamentos, circunstância que denominou do Direito, a sua concepção sobre a normatividade e
de fato social (DURKHEIM, 2007, p. 1-14). como ela se constrói, e o porquê, ao fim e ao cabo,
deve o Estado se submeter ao Direito.

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3 O ESTADO tado de sistemas e funções específicas e interde-


pendentes que teria evoluído do mais primitivo ao
As bases teóricas fincadas em ensinamentos da so- mais complexo por meio da seleção natural pela
ciologia de Durkheim, de Spencer e de todos os outros qual foram selecionados os órgãos mais adapta-
que de uma ou outra forma se perfilhavam à corrente dos estruturalmente às suas funções.
do organicismo evolucionista e do experimentalismo
sociológico dos séculos XVIII e XIX, forçosamente fi- E afirma: não se trata o Estado de uma ficção jurí-
zeram Duguit incluir-se, segundo classificação epis- dica; tampouco de pessoa coletiva e soberana. O Es-
temológica do Direito e do pensamento jurídico, na tado nada mais é do que o resultado de um processo
escola sociológica e antiformalista do Direito. diferencial, de natureza social e histórica, pelo qual
se distinguiram os fracos dos fortes. É, pois, uma di-
É sociológica porque nega, de um lado, a autono- ferenciação provocada pela própria sociedade, que se
mia do Direito e do pensamento jurídico e o explica a explica como produto da evolução social, e cujo pro-
partir dos esquemas e métodos próprios da sociolo- duto (o Estado) necessita receber uma legitimação so-
gia, predominantemente sob o prisma do fato social; mente atribuível pela própria comunidade, por meio
antiformalista, de outro, porque repudiava a lei como do Direito, tendo em conta a necessidade de reforço
forma e questionava “[...] o rigor conceitualista e o ou proteção da “solidariedade social”, da interdepen-
distanciamento entre a teoria jurídica da época e a di- dência social (DUGUIT, 1903, p. 1).
nâmica social” existente (DRI, 2010, p. 5).
Isso é claro em seu pensamento, conforme exposto:
Essa é a pedra de toque do modo de pensar do autor
Para nos conformar com o hábito, e porque é cômo-
e nesse contexto é que se insere a sua teoria do Estado. do, utilizaremos ordinariamente a palavra Estado; fica
bem entendido, porém, que, no nosso modo de pensar,
A doutrina de Duguit rejeita de modo veemente a esta palavra não designa, em absoluto, essa pretensa
ideia de que o Estado constitui-se como entidade co- pessoa coletiva e soberana, que não passa de um fan-
tasma, mas os homens reais que de fato são os deten-
letiva autônoma e soberana, que existe por si e para tores da força. (DUGUIT, 1923, p. 31).
si sem considerar que “[...] a sociedade é formada de
indivíduos e de que só estes possuem realidade con- Isto corresponde a dizer que Duguit, consideran-
creta em razão de cujas exigências a coletividade se do o Estado como o grupo de pessoas detentoras da
organiza” (REALE, 2002, p. 440). maior força em virtude da natural evolução social dos
indivíduos, julga ser necessário legitimar-se, pelo
Billier e Maryioli (2007, p. 270) afirmam que “O Es- Direito, em benefício da solidariedade social e com
tado, começa ele por observar, não existe sob a forma o escopo de evitar a sua utilização arbitrária, a força
de poder público ou de soberania. Estes são conceitos maior e superior da qual esse específico corpo de in-
vazios, desprovidos de qualquer referência semântica, divíduos se vale.
por detrás dos quais está a diferenciação entre os go-
vernantes e governados”. Daí se extrai, então, dois pontos capitais da Teoria
do Estado de Duguit.
Para construir sua teoria do Estado, Duguit re-
toma, então, como se disse antes, a ideia básica do O primeiro diz quanto à natureza do poder políti-
organicismo evolucionista, segundo a qual a so- co, da força maior que faz o todo prestar obediência
ciedade se assemelharia a um organismo vivo do- a alguns, e se traduz em palavras da seguinte forma:

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O poder governamental existe, respondeu ele, não há Duguit inicia sua tese, então, considerando como
dúvida, e não pode deixar de existir. Eu tão-somente
a verdadeira razão que aproxima os homens e os obri-
nego que seja um direito. Afirmo que aqueles que
detêm esse poder detêm um poder de fato e não um ga a viver em comunidade, a sua incapacidade para
poder de direito. Dizendo que eles não têm o poder pú- dar conta da vida, sua insuficiência em dar respostas
blico, quero dizer que eles não têm o direito de formu- satisfatórias a todas as necessidades quotidianas.
lar ordens e que as manifestações de sua vontade não
se impõem como tais aos governados. (DUGUIT apud
REALE, 2000, p. 77). O homem, para ele, não é uma ilha, e não tem pos-
sibilidade de ser, sob o prisma particular da sua capa-
A segunda, pois, diz quanto ao fato de o Estado cidade, autossuficiente; ao contrário, a limitação da
somente legitimar-se quando utilizar sua maior força força humana é uma realidade irrecusável, e qualquer
em benefício da sociedade, reforçando ou protegendo teoria ou pensamento social que escape dessa con-
a “solidariedade orgânica” ou interdependência entre sideração está invariavelmente fadada ao insucesso.
os indivíduos. Essa noção, aliás, é fundamental para
que se compreenda sua Teoria do Direito. Dessa trágica e inelutável condição da existência
humana, Duguit extrai duas verdades para si funda-
mentais.
4 O DIREITO
Uma, a de que o homem está condenado a viver,
Como se viu, a noção de evolução social e diferen- por sua própria natureza, uma vida de comunidade,
ciação dos indivíduos em dada sociedade, própria do uma vida de partilha. Diz ele:
organicismo evolucionista, foi fundamental para que
Duguit constatasse a verdadeira realidade que esta- Nosso ponto de partida é o fato incontestável de que o
va associada ao termo Estado: grupo de pessoas que homem vive em sociedade, sempre viveu em sociedade
e não pode viver mais que não em sociedade com seus
detém a maior força ou poder no âmbito de certo con- semelhantes, e que a sociedade humana é um fato pri-
texto político. mário e natural, e em maneira alguma produto ou re-
sultado da vontade humana. Todo homem, forma, pois,
E dessa ideia de evolução e diferenciação social, parte de um grupo humano; o tem formado e formará
sempre, por sua própria natureza. (DUGUIT, 1923, p. 5.
“temperada” com a doutrina de Durkheim, acerca da Tradução nossa).
divisão do trabalho e da dicotomia essencial que esta-
belece em relação à solidariedade social é que Duguit Segunda, pois, a de que na vida em sociedade, vida
parte para a elaboração da sua concepção do Direito, comunal pensada nos termos do organicismo evolucio-
do que constitui seu fundamento e como a normativi- nista, considera operar-se uma natural evolução e dife-
dade surge ou se forma na sociedade. renciação social, afinal de contas os indivíduos possuem
interesses e predisposições diferentes, carências distin-
O autor deixa, aliás, textualmente expressa sua tas, e vocações indeterminadas para um campo igual-
vinculação ao pensamento de Durkheim mente múltiplo e indeterminado de ação (REALE, 2002,
p. 442). Sua concepção mesmo do Estado se assenta,
É Durkheim, em seu belo livro “A divisão do trabalho so-
cial”, o primeiro a determinar a natureza íntima da soli- como foi mostrado em tópico precedente, nessa ideia.
dariedade social e a mostrar suas formas essenciais: a
solidariedade por similitudes e a solidariedade por divi- Diante dessas duas verdades, Duguit afirma: “a
são do trabalho; ele denomina a primeira, também, de
solidariedade é um fato social”. Um fato social, por-
solidariedade mecânica, e a segunda de solidariedade
orgânica. (DUGUIT, 1923, p. 9. Tradução nossa). que ante a incapacidade natural do homem, impele-
-o, condiciona-o a uma vida de sociedade, de permuta

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com seus semelhantes, a fim de que as suas neces- Solidariedade mecânica é aquela que se estabele-
ce quando duas ou mais pessoas, tendendo a um
sidades singulares sejam supridas pelas respostas e
mesmo fim, praticam a mesma série de atos. Num
habilidades dos outros. exemplo elementar, podemos lembrar o esforço con-
jugado de cinco ou dez indivíduos para levantar um
A vida comunal só se justifica mesmo na medida bloco de granito. Este é um caso de coordenação do
trabalho, que tem como resultado a solidariedade
em que, reconhecendo o indivíduo sua incapacidade
mecânica. Quando, porém, os indivíduos, para rea-
diante da vida e da natureza, busca em seus seme- lizar determinados fins, para alcançar determinada
lhantes as respostas e soluções das quais precisa para meta, não praticam os mesmos atos, mas atos dis-
continuar dando curso ao seu plano de vida. tintos e complementares, temos a divisão de traba-
lho orgânica, que tem como resultado a solidarieda-
de orgânica. (REALE, 2002, p. 441-442).
Com efeito, ainda que Duguit considere a existência
de comunidades cuja coesão ainda se assente em ele-
Duguit considera, pois, que o Direito é a um só
mentos particularmente rígidos como os da religião, dos
tempo um fato social e uma necessidade da socie-
costumes e da tradição, ainda assim, nessas sociedades,
dade. Um fato posto que se traduz em um conjunto
um nível ínfimo de divisão do trabalho terá se operado,
de regras sociais expressas condicionantes da vida
porque mais uma vez volta-se ao fato inescapável de que
humana; e uma necessidade porque predispõe-se
nem todos poderão solucionar a integralidade dos seus
vocacionalmente a regular um modo predetermi-
problemas privados, e a solução para questões singular-
nado e organizado de reação da sociedade ante a
mente insolvíveis será buscada no próximo.
violação do seu princípio fundante, a “solidarieda-
Os homens distribuem-se em campos múltiplos de
de orgânica“.
ação. Cada qual realiza uma tarefa, que pode estar ou
não de acordo com as suas tendências naturais, mas Em uma sociedade especializada, fragmentada
que ele deve realizar, momentânea ou definitivamente, de acordo com o trabalho, cada indivíduo detém uma
para poder subsistir. A atividade particular de cada ho-
mem deve harmonizar-se com as atividades dos outros,
função social específica, um trabalho a desenvolver.
daí resultando o estabelecimento de uma divisão geral E é dever de cada membro desenvolver sua função da
do trabalho, que é o fato fundamental da sociedade, melhor maneira possível, entregar para a sociedade a
segundo Duguit. O que constitui a sociedade e lhe dá melhor prestação que puder dar consideradas as suas
estrutura é a divisão do trabalho. (REALE, 2002, p. 442).
habilidades e limitações; ao fim e ao cabo, sua atua-
ção deve aumentar e realizar ainda mais a solidarie-
Assim, para Duguit, importando nesse ponto o pen-
dade orgânica.
samento de Durkheim, uma sociedade será mais evolu-
ída quanto mais se operar a divisão social do trabalho,
Quando o indivíduo deixa de cumprir seu papel, a
com o consectário lógico de, quanto mais especializada,
sociedade especializada deixa de receber certa pres-
mais coesos e interdependentes estarão os indivíduos.
tação com a qual contava, e, consequentemente, uma
reação em retaliação a essa conduta transgressora
A essa interdependência entre os indivíduos, ori-
deve ocorrer. O fundamento do Direito, portanto, é
ginada pela divisão e especialização do trabalho,
este: o fato incontestável da interdependência social
Durkheim chamou de “solidariedade orgânica” e Du-
dos membros de certa comunidade; e o seu papel con-
guit, aproveitando integralmente essa noção, a tem
siste exatamente em estabelecer regras preordenadas
para si como o “fundamento do Direito”.
de reforço da solidariedade social, de um lado, e um
modo predeterminado e organizado de reação ante a
A propósito, Miguel Reale traduz em exemplos a dicotomia
ofensa à solidariedade, de outro.
que Durkheim estabelece em relação à solidariedade:

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O Estado mesmo, tido por Duguit como o conjunto Usar determinada vestimenta em certa ocasião,
de pessoas que historicamente se diferenciaram das manter conduta proba e urbana no trato com os de-
demais pela força, só se legitima quando, por meio mais, ser honesto, praticar caridade, dentre várias
das regras jurídicas, fornece aos cidadãos os serviços outras regras de essência eminentemente moral tra-
públicos de que necessitam para reforçar a solidarie- duzem o que aquela determinada comunidade espera
dade, a um tempo, e quando oferece proteção à soli- dos seus componentes na relação que são obrigados
dariedade, por meio do uso juridicamente autorizado a manter. É a reprodução da velha máxima popular: se
da força, pelas punições que impõe àqueles que a ani- somos obrigados a nos relacionar, procuremos fazê-lo
quilam de certo modo. da melhor maneira possível.

Bem, mas se o fundamento do Direito é o fato da A violação de uma regra moral corresponde, então,
“solidariedade orgânica” e a sua razão de existir re- ao fim e ao cabo, a uma ofensa dirigida a toda coletivi-
pousa na necessidade de se estabelecer um modo dade, e não a um indivíduo em específico. Tal conduta
predeterminado e organizado de reforço e proteção à afrontosa, como andar desnudo pelas ruas, comporta
incontestável interdependência humana, no que con- um juízo crítico e uma tomada de postura por parte da
sistiria ao fim e ao cabo o próprio Direito? coletividade, que sente ameaçada a sua unidade pela
prática do ato violador em referência.
Duguit responde essa questão da seguinte forma.
E aí a sua repreensão será tanto mais intensa, quan-
Cada sociedade possui no seu interior um modo to mais ameaçador for o ato infrator à coesão social.
muito particular de agir, pensar e de sentir. Esse Daí se explica o fato de Duguit entender que a moral
conjunto de pensamentos, de sentimentos e de ati- social representa o regramento mais favorecedor da
tudes coletivas constitui um verdadeiro regramento solidariedade orgânica, uma vez que sua violação sem-
da vida em sociedade, e inquestionavelmente exer- pre e em todo caso corresponderá a uma ofensa irroga-
ce influência sobre os indivíduos, seja para reprimi- da contra a própria sociedade (REALE, 2002, p. 445).
-los seja para estimulá-los, tendo-se em conta o de- Mas se as regras morais representam o regramen-
ver de reforço à solidariedade. Foi o que Durkheim to mais geral e particularmente mais rígido da vida
chamou de “fato social”. social, o mesmo já não se pode dizer das regras eco-
nômicas. Isso porque o regramento econômico da so-
Esse regramento da vida social, e nisso consiste o ciedade traduz-se na ideia de como os recursos devem
ineditismo de seu pensamento, está escalonado em ser socialmente geridos pelos indivíduos para reforça-
três patamares distintos, segundo a intensidade do rem a solidariedade orgânica; de como esses devem
risco que a violação das suas disposições implicam à administrar os bens para que vivam bem.
solidariedade: o das regras morais, o das regras eco-
nômicas e o das regras jurídicas. Fazer economias, utilizar somente o essencial e
não consumir mais do que se possui traduzem-se em
As regras morais representam o regramento mais pequenas mensagens emitidas pela sociedade acerca
geral e particularmente mais rígido da vida social. do que espera dos indivíduos que a compõe, em rela-
Isso porque traduzem implicitamente a ideia de como ção à gestão dos bens e recursos disponíveis.
os indivíduos devem se relacionar para que a solida-
riedade orgânica seja reforçada; de como devem agir Diferentemente do que ocorre quando uma regra
para coletivamente viver bem. moral é violada, é perfeitamente possível que a viola-
ção de uma regra econômica não atinja a sociedade,

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que diga respeito somente ao indivíduo que a violou, indivíduos dos serviços públicos dos quais necessitam
sendo ele mesmo o seu principal prejudicado (REALE, para desempenhar mais adequadamente suas funções,
2002, p. 445). e, de outro, quando utiliza essa mesma força pelo Di-
reito para punir aqueles que violem as regras jurídicas.
A regra segundo a qual não se deve gastar mais do
que se possui interessa a toda coletividade, é verdade, Eis o Direito para León Duguit.
haja vista não fosse assim os recursos disponíveis fa-
cilmente se esgotariam. Mas ao mesmo tempo em que Uma última curiosidade antes de encerrar o tópico
interessa à integralidade social, interessa mais ainda presente.
ao próprio indivíduo, o primeiro e imediato prejudicado.
Duguit é conhecido, e assim foi chamado por Mau-
Com efeito, a violação de uma regra moral sempre rice Hariou (REALE, 2000, p. 76), um de seus contem-
importa numa ofensa irrogada contra toda a socieda- porâneos, de “anarquista de cátedra”. E assim foi cha-
de, mas nem toda violação de ordem econômica im- mado não somente pela sua concepção do Estado e
portará assim num imediato desacato diferido contra do Direito completamente revolucionária e avessa ao
a coletividade. pensamento dominante no período, mas, sobretudo,
pela introdução da ideia de função social no Direito.
E nisso é que se diferenciam as normas morais das
normas econômicas segundo Duguit. Para Duguit, aquilo que se concebe por direito
subjetivo deve ser concebido, na verdade, como o de-
Mas e o Direito? ver jurídico de reforço da “solidariedade”. Isto é, as
garantias jurídicas postas em benefício do indivíduo,
Bem, para Duguit, o Direito consiste, em suma, no como o direito a liberdade, por exemplo, devem ser in-
regramento da vida social composto por normas mo- terpretadas como um dever que obriga o indivíduo a
rais e econômicas, as mais importantes, consideradas agir em reforço da solidariedade; no caso, sendo livre
essenciais para o reforço e proteção da solidariedade o suficiente para desenvolver suas potencialidades
orgânica, que a sociedade entende devam ser elas ga- (DUGUIT, 1912, p. 37).
rantidas pela força do Estado.
Assim, as concessões jurídicas grafadas sob a no-
Isto é, o Direito se forma, e assim é concebido, menclatura de “direitos subjetivos” que se fazem aos
como o conjunto de normas morais e econômicas ga- indivíduos têm uma função social, qual seja, a de pro-
rantidas pela força estatal por exigência da própria piciar a partir do seu âmbito normativo o reforço da
sociedade. Diz ele que “Uma regra econômica ou mo- solidariedade social.
ral torna-se norma jurídica quando na consciência da
massa dos indivíduos, que compõem um grupo social
dado, penetra a ideia de que o grupo ou os detentores 5 O ESTADO DE DIREITO
da maior força podem intervir para reprimir as viola-
ções dessa regra” (DUGUIT, 1923, p. 53). A concepção de Duguit acerca do État Légal é tran-
quilamente dedutível da sua construção acerca do Es-
Por isso o autor afirma categoricamente que o Esta- tado e do Direito.
do, o grupo dos detentores da maior força, só se legiti-
ma quando, de um lado, usa sua potência para reforçar A ideia de que o Estado constitui o grupo das pes-
a solidariedade orgânica por meio da concessão aos soas detentoras da maior força, quando articulada

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com a ideia de que o Direito constitui o conjunto de Por isso fez-se necessário investigar as bases fun-
regras morais e econômicas que a sociedade exige damentais em que se assenta a sua doutrina, a saber,
sejam garantidas pela força, deixa em evidência a o organicismo evolucionista, cujo maior expoente foi
concepção de Duguit acerca do tema: o Estado é de Herbert Spencer e a sociologia experimentalista de
Direito, e só pode ser assim, porque somente a socie- Durkheim, para desvendar até que ponto foram deci-
dade tem o poder de formá-lo e a autoridade de dizer sivas para Duguit, e em que ponto o autor as utilizou.
quando o ente estadual pode, por meio das regras ju-
rídicas, usar a força em seu benefício. E viu-se que o diálogo com esses autores, aliada à
influência recebida, foi intensa e decisiva para o de-
Em outras palavras: a sociedade compreende que senvolvimento da sua obra.
o Estado, à maneira como todos os outros indivídu-
os, está a serviço de uma função dentro do contexto Essa consistiu, aliás, em uma das maiores pre-
social, ofício igualmente submetido à realização da ocupações da pesquisa: deixar claro, ante a mal-
solidariedade orgânica. E compreende, também, que versação da sua teoria e das suas bases, em que
a sua peculiaridade é justamente a de deter a maior sentido Spencer e Durkheim influenciaram o pen-
força. O Estado é de Direito, é condicionado à norma- samento de Duguit.
tividade, porque as regras jurídicas surgem a partir da
criação social, no momento em que a sociedade exige De outro lado, buscou-se elaborar uma pesquisa
do Estado, posto estruturalmente a serviço da solida- que não apenas deixasse evidenciado o percurso decor-
riedade social, a garantia de determinada norma mo- rido pelo autor, mas, sobretudo, as suas ideias marcan-
ral ou econômica pela força. tes dentro da Teoria do Estado. A introdução da ideia de
que o Estado está a serviço da sociedade para reforço e
O Direito se impõe ao indivíduo, então, da mesma proteção do seu traço marcante, a solidariedade, recu-
forma que se impõe ao Estado. Daí porque somente pera a noção do contrato social de Rousseau e a reaviva
se legitima o ente estadual quando usa sua força nos em tempos de transformações estruturais da socieda-
momentos predeterminados pela coletividade, por de, da economia e do Direito a discussão em torno da
meio do Direito, e em benefício desta, para reforço da função social do Estado e da sua razão de existir.
solidariedade social.
Aliás, a ideia de função social sempre muito viva
Assim, portanto, o Estado que não presta respeito na obra de Duguit introduziu importantes e necessá-
à regra de Direito não é um Estado legítimo, porque rias transformações na concepção atual dos direitos
usa sua força e sua elevada potencialidade em mo- subjetivos, isto é, implicou no reconhecimento de que
mento não autorizado pela sociedade, em benefício os direitos individuais exercem determinada função
de si próprio e dos seus interesses (BILLIER; MARYIO- social e cedem determinado perímetro espacial em
LI, 2007, p. 270). benefício da sociedade.

A restrição do objeto de pesquisa em torno da elu-


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS cidação das suas ideias a partir da reconstrução his-
tórica das influências teóricas que recebeu teve, por
Constituiu objetivo desta pesquisa, reconstruir o isso mesmo, somente uma motivação: oferecer um
percurso teórico trilhado por Duguit para sua cons- texto claro e “limpo” de juízos críticos ante a conside-
trução doutrinária do Estado e do Estado de Direito ração de que León Duguit ainda é pouco estudado e
pelo Direito. mal compreendido.

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As considerações críticas da obra ficam para um DUGUIT, León. Manuel de droit constitutionnel. 4.ed.
próximo artigo que tenha tal propósito. Até lá, no en- Paris: Anciennes Maisons Thorin et Fontemoing, 1923.
tanto, ficam-se as reflexões, que agora tomam como
ponto de partida, ou pelo menos consideram, o pensa- DUGUIT, León. Traité de Droit Constitutionnel. 3.ed.,
mento de Duguit. v.2. Paris: Acienne Librarie Fontemoing & Cie, 1923.

DUGUIT, León. Les transformations générales du droit


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Recebido em: 26 de março de 2014 1. Advogado, Mestrando em Direito Constitucional pela Faculdade de Direi-
Avaliado em: 02 de abril de 2014 to da Universidade de Coimbra. pimentel.ian@hotmail.com
Aceito em: 02 de abril de 2014

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