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SUMÁRIO
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4.4 ANÁLISE COMPARATIVA DO CONTRATO SOCIAL EM HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU .. 30
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Estamos falando dela para justificar a divisão proposta para nossos estudos
acerca das teorias e do pensamento de filósofos, sociológicos, demais cientistas das
áreas sociais, qual seja: dividimos em dois módulos, este para teoria política
moderna e outro para teoria política contemporânea.
A idade moderna para os historiadores vai de 1453 até 1789 e daí para cá já
estamos na idade contemporânea, mas Karl Marx (1818-1883); Aléxis de
Tocqueville (1805-1859) e Gramsci (1891-1937) ultrapassam a marca proposta
pelos historiadores e suas teorias, podemos dizer, são atemporais.
Aos 16 anos, Bodin entrou para a Ordem Carmelita, mas, em 1551, foi
dispensado dos votos e dedicou-se ao direito civil, primeiro como aluno, depois
como professor, na Universidade de Toulouse, lá ficando até 1561, quando se
estabeleceu em Paris, como advogado do rei.
Nessa obra, Bodin expõe claramente seu objetivo: fortalecer o poder do rei.
Caberia ao monarca o poder soberano, sendo este perpétuo e absoluto, o único
responsável pela organização política da República (FERRER; SILVA, 2007). Por
isso, ele é considerado um dos principais teóricos do absolutismo.
autor tomou a teologia e a política como temas centrais de sua reflexão, já em sua
época e por longo tempo considerados campos minados.
Toda a teoria política, segundo Bodin, deveria ser fruto de uma exaustiva
análise da experiência humana, acumulada durante a história. A história, campo da
experiência prática, deveria fornecer os dados sobre os quais poderia ser fundado o
saber político.
Segundo Leinz (2003), por detrás da preocupação de Bodin com uma forma
perfeita de governo, está a motivação implícita pela prosperidade material, no
sentido de possibilitar a formação intelectual dos súditos. Logo, pode-se concluir
que, Bodin foi um precursor da Ilustração, tendo em vista a sua busca pela felicidade
a partir da prática política e do conhecimento em benefício da correta elaboração
das leis, para a manutenção da ordem e da paz do país, com vistas à formação
cultural e espiritual dos seus.
Chauí (2006) expõe alguns aspectos dessa teoria que nos leva compreender
melhor as ideias políticas de Espinosa. Vejamos:
Dentre o que podemos reduzir da filosofia espinosana que não é nada fácil
para aqueles que se encontram longe das elucubrações filosóficas é que ele
demonstra ser possível a liberdade, não em seu sentido vulgar, mas como a
possibilidade que temos de escolher, entre várias opções, aquela que melhor nos
aprouver. Nesse sentido, estaremos sempre presos a essa possibilidade, já que o
fato de termos consciência da escolha não demonstra o porquê dessa mesma
escolha.
Ele também nos demonstra de forma categórica que nossa alma não é
superior ou melhor do que o corpo, como entende a tradição platônico-cristã. O
corpo, tal como a alma, pode fruir, no seu atributo, nas apreensões intuitivas
necessárias do real que se traduzem nos afetos de alegria. Espinosa resgata o
corpo, tornando-o também via de conhecimento. O modo corpo, assim como a alma,
age no nível do terceiro gênero de conhecimento quando não há interferência do
modo pensamento, já que, apesar de independentes, são interativos e simultâneos
os modos, pela unicidade da substância (REZENDE, 2006).
Uma vez que o direito é medido pelo poder e que ser livre é ser senhor de si,
a medida do direito, do poder e da liberdade exige a compreensão de cada forma
política a partir da distribuição proporcional das potências que a constituem. Por esta
medida, saberemos qual estado é melhor, qual é superior e qual é livre. De maneira
genérica, cada forma política é melhor quanto menor o risco de tirania, isto é, de
passagem do direito soberano ao direito natural de um só homem ou de um
punhado de homens. Cada regime político é superior a outro quanto menor for o
número de disposições institucionais necessárias para impedir o risco da ditadura. E,
enfim, um corpo político é mais livre do que outro quando nele os cidadãos correm o
menor risco da opressão porque sua autonomia é tanto maior quanto maior o poder
da Cidade. Consequentemente, quanto mais livre for uma cidade, menor será seu
risco de ser oprimida por outras (CHAUÍ, 2006).
Hobbes quis fundar a sua filosofia política sobre uma construção racional da
sociedade, que permitisse explicar o poder absoluto dos soberanos. Mas as suas
teses, publicadas ao longo dos anos, e apresentadas na sua forma definitiva no
‘Leviatã’, de 1651, não foram bem aceitas, nem por aqueles que, como Jaime I, o
primeiro rei Stuart de Inglaterra, defendiam que o que diz respeito ao mistério do
poder real não devia ser debatido, nem pelo clero anglicano, que já, em 1606, tinha
condenado aqueles que defendiam que os homens erravam pelas florestas e nos
campos até que a experiência lhes ensinou a necessidade do governo.
Frateschi (2006), em linhas gerais, afirma que Hobbes constrói uma espécie
de física da política. Em Aristóteles, o homem é um indivíduo politikon, para pólis, já
em Hobbes, o homem busca seu interesse particular, firma pactos políticos tendo
em vista seu próprio benefício. Assim, o conceito de homem está dentro de uma
perspectiva mecânica de natureza (exterior) e não teleológica (interior) como em
Aristóteles.
Assim, o homem em Hobbes é puro desejo, ele não tem livre-arbítrio. Seu
pensamento é mera representação (aparência), não tendo, portanto transcendência
em sua cognição, sua base são as sensações e não o espírito. Portanto, a imagem
não tem valor ontológico como em Aristóteles, mas apenas gnosiológico.
Dessa forma, paira uma espécie de luta de todos contra todos para defender
os direitos próprios. Para superar tal perspectiva, somente com o erigir do Estado,
do Leviatã, que defenderá não apenas um ou um grupo, mas é o responsável pela
tranquilidade, pela instauração da paz social, já que no primeiro caso, o que reina é
uma selvageria e uma degradação generalizada de todos contra todos. É, portanto,
com a criação do Estado que experimentará a paz e a prosperidade, visto que todos
entregam suas liberdades individuais nas mãos do soberano para que o mesmo em
um poder unívoco administre e controle, corrija as posturas destoantes (do Estado
de Natureza) e, assim, garanta o desenvolvimento sadio da vida em sociedade.
A segunda das condições põe a descoberto uma das mais graves falhas da
teoria do contrato social, bastante evidente na obra de Hobbes. Deve-se ter em
mente que nenhum pacto é eterno. Qualquer contrato tem que prever a possibilidade
de dissolução do vínculo, seja por cumprimento ou descumprimento do avençado.
Sem dúvida, quando cumprimos nossos acordos, eles deixam de existir, já que são
simples meios para se alcançar determinada finalidade.
outro, naquelas escassas hipóteses nas quais Hobbes entende ser legítima a
desobediência civil e a revolução.
John Locke é descrito por Bertrand Russell como o mais afortunado dos
filósofos, pois sua visão política e filosófica foi amplamente entendida e
calorosamente recebida por muitos dos seus contemporâneos (COLLINSON, 2006).
As ideias simples tais como amargo, azedo, frio, quente, as quais não
incorporam nenhuma outra ideia e que não podem ser criadas por nós. As ideias
complexas são produzidas pela mente quando compõem e combinam ideias
simples. Ideias compostas podem ser coisas estranhas como unicórnios ou sátiros,
que não possuem nenhuma existência real, mas sempre serão analisáveis numa
mistura de ideias simples adquiridas por meio da experiência (COLLINSON, 2006).
Por exemplo, quando sabemos que branco não é preto, ao perceber que
ambas as ideias (“branco” e “preto”) estão em desacordo; ou que os três ângulos de
um triângulo são iguais a dois retos, ao perceber a igualdade entre eles.
Com base em sua classificação dos tipos de conhecimento, Locke diz que
as certezas provenientes da matemática e a moral são indubitáveis e evidentes, pois
são alcançáveis pelo raciocínio com ideias presentes na mente humana, enquanto
as ciências empíricas, como a física, que necessitam de uma verificação e confronto
com a realidade sensível, não configuram verdades universais (SALATIEL, 2009).
Kritsch (2010) nos conta que o período em que Locke viveu e escreveu foi
profundamente marcado por lutas internas e disputas de poder entre atores sociais
de peso que desembocaram numa sangrenta guerra civil, a qual levaria à
decapitação do rei Carlos I, em 1649, e só teria fim com a Revolução Gloriosa, em
1688, e a ascensão da casa de Orange ao trono inglês.
Vejamos:
podendo fazer aos seus súditos tudo quanto lhe aprouver, sem o menor
questionamento ou controle por parte daqueles que lhe executam as vontades,
devendo ele se submeter, seja lá o que for que ele faça, levado pela razão, pelo erro
ou pela paixão? Muito melhor será no estado de natureza, no qual os homens estão
obrigados à vontade injusta de outrem; e se aquele que julga julgar erroneamente no
seu próprio caso ou no de terceiros, é responsável pelo julgamento perante o
restante dos homens (LOCKE, 1973, p. 44).
A maior parte das coisas realmente úteis à vida do homem são, em geral,
de curta duração e, tal como a necessidade de subsistência, obrigou os
primeiros membros das comunidades a procurar por elas, (...), se não forem
consumidas pelo uso, estragar-se-ão e perecerão por si mesmas: o ouro, a
prata e os diamantes são artigos que a imaginação ou o acordo atribui valor,
mais do que pelo uso real e sustento necessário da vida (...).
Mas como o ouro e a prata são de pouca utilidade para a vida humana em
comparação com o alimento, vestuário e transporte, tendo valor somente pelo
consenso dos homens, enquanto o trabalho dá em grande parte a medida, é
evidente que os homens concordaram com a posse desigual e desproporcionada da
terra, tendo descoberto, mediante consentimento tácito e voluntário, a maneira de
um homem possuir licitamente mais terra do que aquela cujo produto pode utilizar,
recebendo em troca, pelo excesso, ouro e prata, que podem guardar sem causar
danos a terceiros, uma vez que esses metais não se deterioram nem se estragam
nas mãos de quem os possui (LOCKE, 1973, p. 59).
A respeito do assunto, Weffort (1991, p. 86) também nos informa acerca dos
problemas existentes no estado de natureza, tais como o desrespeito ao direito de
propriedade, entendida como vida, liberdade e bens, a inexistência de juiz isento,
imparcial, fato que conduziria à inclinação do homem para ser juiz em causa própria,
e, também, a ausência de uma força coercitiva para impor a execução das
sentenças. Esses elementos, segundo Weffort, causariam a guerra entre os
indivíduos.
concentrar uma soma muito grande de poder e direitos, enquanto que aos súditos só
resta o direito de preservação da própria vida, enquanto no segundo, os direitos
naturais dos indivíduos são mantidos, e o contrato é celebrado com a finalidade de
proporcionar maior proteção aos referidos direito, principalmente ao de propriedade.
Outra diferença importante é que, para Hobbes, o soberano, a autoridade
constituída, não pode ser destituída em hipótese alguma, enquanto Locke admite o
direito de resistência, que seria a prerrogativa detida pelo povo no sentido de depor
governantes tiranos, opressores e que não governassem visando ao bem comum.
Para finalizar este item relativo ao contrato social, tem-se uma passagem na
qual Locke disserta sobre a essência do contrato social, qual seja, o compromisso
de cada contratante de que respeitará as decisões do corpo político representativo
da sociedade, respaldadas pelo beneplácito da maioria, mesmo que tal decisão vá
de encontro ao interesse particular, individual, e, também, acerca das implicações do
referido pacto social:
De todo modo, não há como não ligá-lo à Revolução Francesa, tanto que
dos três lemas (liberdade, igualdade e fraternidade), apenas o último não foi objeto
“Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem
muito falam pouco”.
“O primeiro homem que, tendo erguido uma cerca em volta de seu terreno e
proclamado – isto me pertence! – encontrou gente ingênua o suficiente para
acreditar nele, foi o fundador da sociedade civil”.
A política seria colocar o bem comum acima dos interesses particulares, mas
existe um vício essencial do governo quando está contra a soberania, quando a
vontade particular está acima da vontade geral que ele traduz na corrupção que faz
parte de qualquer forma de governo.
Mas frisamos que muito pode ser lido e pesquisado sobre esses pensadores
que trouxeram contribuições muito valiosas para nossa compreensão.
O Estado existe a partir do contrato social. Tem as funções que Hobbes lhe
atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da propriedade.
Famoso pela teoria da separação dos poderes que influencia muitas das
modernas constituições internacionais.
civilizações ao longo da história, existem certas leis dotadas de uma validade a priori
porque são relações imanentes a determinadas configurações de elementos que
não precisam necessariamente manifestar-se no mundo empírico – da mesma forma
como a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é sempre de 180°, ou,
para citar o exemplo dado pelo próprio autor, como um círculo, antes mesmo de ser
traçado, deve ter todos os seus raios de igual comprimento (MOSCATELI, 2004).
c.1) que todos os seres do mundo (inclusive Deus) são governados por leis
(naturais ou positivas que sejam) e que:
f) Causa das variedades das leis: as causas que Montesquieu aponta para
diferenciar as leis que sustem essas organizações são:
para que essa liberdade seja garantida, é necessário que o “poder detenha o
poder”, isto é, que o poder não esteja unido nas mãos de um ou de poucos
cidadãos, mas distribuídos e separados, em diferentes mãos. Eis que então
temos a separação dos poderes! Ou seja, definir diferentes funções:
a) Fazer leis.
Como distribuir o poder? Dando força social para o povo, nobreza e monarca.
Pois bem, chegamos no governo misto proposto por Montesquieu, o qual ele
entende como sendo a estrutura da organização social que melhor alcança e
mantém a “estabilidade” – uma espécie de “Governo Misto” composto por um
Poder Legislativo, Executivo e outro Judiciário. Assim temos:
Uma vez que o povo não age por si mesmo, mas por seus representantes,
Montesquieu coloca que, por meio do sufrágio universal e o voto por circunscrição
ou distrito eleitoral, deveriam ser eleitos os representantes do povo para constituírem
o que na Inglaterra seria a Câmara dos Comuns. A nobreza também tem interesses
que devem se defendidos, mas respeitando a natureza dessa força social-
hereditária. Montesquieu separa a Câmara dos Lords para que ela possa discutir
seus propósitos. Como é ela que detém o dinheiro, é um direito dela julgar sobre
esse tema (matéria de finanças, orçamento).
Certo é que, em suas obras, Tocqueville não parece querer mostrar o que
poderia ou deveria ser uma nova organização política, um novo sistema de
organização de poderes ou uma nova filosofia explicativa do nascimento e do
desenvolvimento da dominação e do poder político no mundo. Tampouco busca
indicar como devem se comportar os homens para adquirir poder. Talvez por isso
não apareça para a maioria dos seus comentadores como um filósofo político. Suas
investigações estão sempre voltadas para poder compreender e explicar uma dada
realidade sociopolítica. E, apesar de arriscar-se a apresentar cada uma como parte
de um processo mais geral, não é particularmente favorável à construção de
grandes teorias explicativas sobre o desenvolvimento da humanidade (SANTOS,
2007).
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Não em sentido pejorativo, mas em seu sentido correto: aquele que não tem conhecimento de
determinada coisa.
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do grupo Prominas.
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Estes são os três cientistas nos quais nos fiaremos para discutir a teoria
política em seu viés marxista.
Desde o início das suas proposições filosóficas, o “jovem Marx” aponta que
o caminho para a liberdade, não se apresentava em um estado livre de religião
oficial, mesmo não negando o aspecto progressista de um deste estatuto político
não religioso. O pensamento dele não compreende a liberdade do ser humano no
estado laico, ou seja, mesmo que seja um avanço, ele considera que a humanidade
deve buscar a emancipação total.
Marx escreveu que, até ali, “os filósofos apenas têm interpretado o mundo
de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”. Era essa a sua razão
para elaborar o Manifesto comunista. Ele troçava dos reformadores sociais
“utópicos”, para os quais a melhor forma de mudar a situação seria estabelecer
idílicas comunidades de trabalhadores longe das chaminés fumarentas das fábricas.
Para mudar a difícil situação dos trabalhadores, Marx acreditava ser necessário
participar do processo histórico de luta entre as classes e combater os capitalistas
em seu próprio terreno.
Quando o Manifesto foi publicado, Marx tinha 29 anos e Engels 27. Essa foi,
portanto, uma obra de jovens. É ambiciosa, entusiástica e de amplo alcance, não
mede palavras ao atirar contra os rivais da alma comunista — socialistas
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Até Marx devia saber que o comunismo na prática não lhe agradaria muito.
Numa ocasião, uma amiga insinuou a ele que não conseguia imaginá-lo vivendo
satisfeito numa sociedade igualitária. “Nem eu”, concordou ele. “Esse dia chegará,
mas até lá já não estaremos por aqui.” (BOYLE, 2012).
teorias e sua prática política foram marcadas pela ruptura com qualquer tipo de
dogmatismo, que vinha fossilizando o marxismo, procurando recuperar o vigor da
polêmica com outras concepções de mundo como método de crítica política e de
produção do conhecimento.
[...] era voltado para política, não somente por paixão, mas, sobretudo, pela
necessidade revolucionaria, enquanto sujeito ativo no seu contexto,
participou dos movimentos operários de Turin na Itália, durante a Primeira
Guerra Mundial e, consequentemente, libertários do mundo, ao entrar no
Partido Socialista e Comunista Italianos. Após a Primeira Guerra Mundial, a
Itália caracterizou-se pela disputa entre os partidos progressistas e
conservadores que culminou com a instalação e avanço do fascismo no
início da década de 20, ancorado na supressão dos direitos políticos, com
forte repressão e censura aos movimentos e intelectuais de esquerda,
levando a sua prisão. E no plano internacional, destacava-se a derrota na
Europa dos movimentos socialistas revolucionários apoiados em grande
parte pelas classes trabalhadoras. Nesse contexto, cheio de conflitos, ele
buscou construir uma estratégia político-teórica e revolucionária de
construção do socialismo na conjuntura específica da Itália de seu tempo.
Não foi senão com o colapso das esperanças revolucionárias, no início dos
anos 20, que se tornou premente, mais uma vez, a necessidade de uma
reflexão sistemática sobre a política. Ela deveria abranger tanto a natureza
dos regimes socialistas quanto a natureza de luta pelo poder, no decorrer
de um período em que uma ‘longa guerra por posição’ fosse mais provável
do que uma batalha decisiva. A derrota da revolução soviética na Europa, a
necessidade de analisar e explicar esta derrota e de encontrar uma
estratégia alternativa, mais promissora, constituíram o ponto de partida do
pensamento maduro de Gramsci.
Numa terceira via de reflexões, ele pode ser também tomado como
pensador marxista cuja obra é perpassada por uma visão crítica e histórica dos
processos sociais. Isto porque Gramsci não toma o marxismo como doutrina
abstrata, mas como método de análise concreta do real em suas diferentes
determinações. Debruça-se sobre a realidade enquanto totalidade, desvenda suas
contradições e reconhece que ela é constituída por mediações, processos e
estruturas. Essa realidade é analisada pelo pensador a partir de uma multiplicidade
de significados, evidenciando que o conjunto das relações constitutivas do ser social
envolve antagonismos e contradições, apreendidos a partir de um ponto de vista
crítico que leva em conta a historicidade do social, sendo este, segundo Gramsci, o
único caminho fecundo na pesquisa científica. Se o pensamento dialético funda-se
na perspectiva da totalidade e da historicidade, não é outra a perspectiva do autor
em questão (SIMIONATTO, 1997).
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
BARROS, Alberto Ribeiro de. Estado e governo em Jean Bodin. Disponível em:
http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_27/rbcs27_08.htm
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. Introd. de J.W. Gough; trad.
de Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 1994, (Coleção
Clássicos do Pensamento Político).
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil. São Paulo: Editora Abril
Cultural, 1974.
RIBEIRO, Renato J. Ao leitor sem medo: Hobbes escrevendo contra o seu tempo. 2
ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
ROUSSEAU, Jean Jacques. O contrato social. Trad. Lourdes Machado. São Paulo:
Abril Cultural, 1973.
SILVA, Dario da. Antonio Gramsci e o conceito de hegemonia (2012). Disponível em:
https://dariodasilva.wordpress.com/2012/11/30/antonio-gramsci-e-o-conceito-de-
hegemonia1/