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CURSOS AUTÔNOMOS
VIII- TRADICIONALISMO
Antonio Paim
Arsênio Eduardo Corrêa
São Paulo
2016
SUMÁRIO
I-CARACTERIZAÇÃO GERAL
1-Relevância dos acontecimentos a que se achou relacionado
2-Teses marcantes do tradicionalismo filosófico
II-PRINCIPAIS CICLOS
III-NASCE O TRADICIONALISMO EM PORTUGAL DESEMBOCANDO
NO MIGUELISMO
IV-O TRADICIONALISMO BRASILEIRO SOB O IMPÉRIO
1-Introdução
2-O papel de D. Romualdo Seixas na transição para regime
constitucional
3-Feição assumida pelo tradicionalismo brasileiro sob o Império
V- O TRADICIONALISMO NA REPÚBLICA VELHA
VI- FLORESCIMENTO E ECLIPSE DO TRADICIONALISMO NO SÉCULO XX
1-Presença transitória do Centro Dom Vital
2- Pátria Nova, fenômeno típico do ciclo de ascensão do
autoritarismo
3- As revistas Reconquista e Hora Presente
4- Tradição, Família e Propriedade (TFP)
5- O Grupo Permanência
6- Revista Vozes de Petrópolis
1. Introdução
5- O Grupo Permanência
LEITURA COMPLEMENTAR
Ubiratan Macedo
Como demonstraram as Primeiras Jornadas Brasileira de Direito Natural
(27 a 30/9/77), realizadas em São Paulo sob o patrocínio do Grupo da
Hora Presente, os tradicionalistas têm consciência de formarem um grupo
autônomo no universo cultural brasileiro. E representam a família
espiritual de mais longa vida e fôlego na cultura nacional. Ainda
recentemente voltou a funcionar, com caráter tradicionalista, a revista
Mundo econômico, político e social, sob a direção de José Orsini que
iniciou, em 1976, a publicação do Clube do Livro Cívico, de inspiração
tradicionalista.
No plano político, em primeiro lugar, é preciso frisar que o tradicionalismo
não configura um totalitarismo.
O tradicionalismo denunciou o totalitarismo em alguns dos melhores e
únicos livros sobre o tema na literatura nacional. Refirmo- a O Estado é
meio e não fim, de J. C. Ataliba Nogueira, e à obra de José Pedro Galvão
de Souza, Origens do totalitarismo. Seja o de Carl Friedrich ou de Hannah
Arendt, o tradicionalismo não pode ser arrolado como tal. Sempre situam
fora do Estado, à Igreja. Atribuem a esta ingerência na educação, na
cultura e na família, que permanecem livres, embora censuradas.
Inexiste dúvida quanto ao autoritarismo dos tradicionalistas, no sentido da
conceituação de Juan Linz.
O elitismo de sua visão política é inegável, bem como o caráter não
mobilizatório de suas doutrinas.
A adesão à monarquia é latente em todos eles, embora explícito apenas
na Pátria Nova. Alguns propendem para o parlamentarismo; todos são
corporativistas; o direito natural entendido em sentido conservador e
tomista, é outra tese comum.
Relações complexas são mantidas com o tomismo, pois o tradicionalismo
é uma ideologia e sua adesão ao tomismo dá-se porque faz parte da
tradição; o ethos filosófico dos tradicionalistas é reduzido, seu discurso
não faz apelo
à “ordem das razões” mas move-se num nível ideológico emocional.
Em comum com outros autoritarismos da década de trinta, partilham do
modelo proposto por Bolivar Lamounier (“Formação de um pensamento
político autoritário” in História Geral da Civilização Brasileira; Vol. 9; São
Paulo, 1977; pág. 359) para interpretar o pensamento da época. Isto é,
aceitam:
1) Predomínio do princípio estatal sobre o princípio do mercado;
2) Visão orgânico-corporativista da sociedade;
3) Objetivismo tecnocrático (no sentido da dicotomia país
real/abstrato), isto é, a crença que para a realidade nacional deve
corresponder um modelo político a ela adaptado e não no sentido
de defesa da tecnocracia, embora admita uma limitação da
atividade da classe política;
4) Visão autoritária do conflito social;
5) Não organização da sociedade civil;
6) Não mobilização política;
7) Elitismo e voluntarismo como visão do processo de mudança
política; e,
8) O Leviatã Benevolente