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RESENHA CRÍTICA
1. Referências bibliográfica.
2. Credencial do Autor.
Sir Harold Nicolson nasceu em Teerã, em 1886, filho de Sir Arthur Nicolson, Barão de
Carnock. Formou-se no Balliol College, Oxford, e entrou para o Serviço Diplomático logo após
sua graduação. Serviu em vários postos e, ao término da Conferência de Paz em 1919, era
Primeiro-Secretário. Em 1927 foi designado para servir em Berlim e, em 1929, pediu demissão
para dedicar-se à política, ao jornalismo e a escrever. Era casado com a escritora Vita Sackville-
West. De 1933 a 1945 foi Membro do Parlamento e, durante a Segunda Guerra Mundial, serviu
na direção da BBC. Entre seus trabalhos publicados estão: O Congresso de Viena (1946), O Rei
George V (1953), A Evolução do Método Diplomático (1954) e Diplomacia (1950).
“Creio que li a maioria dos muitos livros que, desde 1919, foram publicados sobre a
Conferência de Paz, alguns deles admiráveis, outros pelo contrário. Todavia, de todos
extraí a impressão de que faltava algo essencial e estou convencido de que esta
omissão crucial é a do elemento de confusão. É esse ingrediente – e somente este –
que pretendi deixar bem patente neste volume” (O Tratado de Versalhes – A Paz
Depois da Primeira Guerra Mundial, pág. 22).
Essa confusão, que é o tema principal de seu volume, apresenta variáveis interessantes:
a dúvida se a correspondência entre Washington, Berlim e as capitais das Potências Associadas
constituiu um contrato de sentido legal do termo; a “interpretação” dos Quatorze Pontos, os
Quatro Princípios e os Cinco Detalhamentos que eram os fundamentos do eventual Tratado de
Paz do Presidente Wilson, feito pelo Coronel House – que era o representante dos Estados
Unidos no Conselho de Guerra em Versalhes – e que as potências inimigas não tiveram
conhecimento dessa interpretação. O autor trás esse cenário obscuro, no momento desse pré-
armistício, percebida na declaração abaixo:
“De qualquer modo, nós, a equipe técnica, os servidores civis, não tivemos
conhecimento da ‘Interpretação’ do coronel House. [...] A finalidade deste livro é dar
uma indicação, alguma tênue pista das razões daquela traição, ou melhor, da atmosfera
daquela traição.” (O Tratado de Versalhes – A Paz Depois da Primeira Guerra
Mundial, pág. 26).
O capítulo 7 – Meio Termo – o autor propõe a questão italiana como um todo isolado
que mostra a rudimentar confusão da Conferência de Paz através de três formas de abordagem
escolhidas pelos escritores: a cronológica, a fragmentada e o método de choque de vontades.
Essa questão assinala a influência corrosiva que houve sobre a base moral e diplomática da
Conferência, oferecendo, também, um exemplo apropriado e simples do tipo de complexidade
que existiu nesse Tratado de Paz.
Suas anotações decorrentes dos momentos vividos na Conferência estão divididas por
períodos entre os meses de janeiro a maio de 1919. Essas anotações, sobre o que presenciou
desde a pré-conferência, nos preparativos, encontros, visitas particulares e em grupos até a
assinatura final do Tratado, estão ligadas diretamente às suas análises mostradas nos capítulos
do Livro I.
Essas anotações tornaram-se fundamentais para a construção desse livro, pois elas
contêm não somente as causas, mas as explicações do porquê desse desastre que foi essa
importantíssima conferência. Na verdade, muitas das vezes, são mini histórias, interessantes,
vividas pelo o autor.
4. Conclusão do Resenhista.
A leitura é interessante por que o leitor entra num mundo totalmente desconhecido,
principalmente pelas características pertencentes à abordagem Diplomática: os interesses da
nação; as questões socioeconômicas envolvidas em cada área litigiosa, no caso quando a
fronteira é envolvida; o preparo dos representantes e a variada gama de conhecimentos que
cada um deve possuir para o sucesso desse papel. Nessa leitura, o leitor participa desse
imaginário que, à primeira vista, surpreende a crença que esses tipos de eventos são
determinados numa verdadeira confusão e despreparo. E se tomarmos esse tratado como um
exemplo dos outros, certamente, podemos imaginar a guerra que foi cada período para a
construção de documentos que separaram terras, raças, credos, culturas, famílias durante a
história da humanidade. Verdadeiramente, o leitor enxergará uma realidade que não é vista nos
documentos finais assinados pelos envolvidos nos mais variados tratados já realizados desde
que essa possibilidade tem sido imposta ou conquistadas pelas nações.
É inteligente, pois o autor prepara o livro para ser analisado por outros estudantes ou
pesquisadores da área para que os mesmos erros elencados não sejam repetitivos nos eventos
futuros.
Harold Nicolson preparou um livro bem dinâmico, pois suas análises descritas na
primeira parte de sua obra estão completamente ligadas as anotações narradoras do segundo
livro, ou do livro II. Essa dinâmica será percebida quando o leito juntar essa correspondência.
Um ponto bem interessante e que pode se tornar num desafio para o leitor é a presença
de muitos personagens que passam rapidamente e, muitas das vezes, não apresentam grande
importância no contexto geral do livro, mas que seu papel é fundamental para entender
pequenos eventos. Esse tratado compreendeu muitas nações que possuíam muitas delegações
que possuíam muitas equipes – imagina-se a variedade de personagens e seus papéis.
A indicação da leitura desse livro aos militares do Corpo de Fuzileiros Navais pode
somar-se à gama de conhecimento da Força, principalmente quando se percebe que há uma
grande participação dos nossos militares em similares eventos, tanto no Brasil como no
Exterior. A leitura alerta e afirma que o preparo e o conhecimento são fundamentais às
conquistas dos objetivos, não somente nos ambientes de guerra físicos – área de domínio dos
Fuzileiros Navais – mas, também, nas guerras psicológicas, quando eles participam de eventos,
no cenário internacional, cujos interesses são importantes a nossa nação.