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Comparação e Problematização dos Modelos de Organização de Informação: Dublin

Core / Metainformação para Interoperabilidade (MIP)

Hoje em dia somos confrontados com uma crescente necessidade de digitalizar e


automatizar os dados informacionais disponíveis no mundo e, consequentemente,
disponibilizar esses dados através de uma biblioteca digital, repositórios virtuais, entre
outros médiuns digitais. Mas, os métodos convencionais de armazenamento e
recuperação de dados, na forma de uma estrutura lógica de dados numa base de dados,
não satisfaz totalmente os requisitos para a definição conceptual de dados. Isto,
porque há limitações na implementação de uma estratégia de sistema de gestão de
base de dados1. Portanto, a necessidade de definir os dados de um ponto de vista
conceptual levou ao desenvolvimento de técnicas de modelagem de dados semânticos.
Isto é, técnicas para definir o significado dos dados de informação dentro de um
contexto de inter-relações com outros dados. Por exemplo, o actual modelo de
Bibliotecas digitais apenas permite aos seus utilizadores consultar cada sistema de
bibliotecas separadamente. Torna-se então imperioso e desejável a concretização de
uma confluência conceptual e tecnológica para colher a interoperabilidade - entre
bibliotecas digitais. Esta mecânica de convergência iria permitir aos utilizadores a
realização de pesquisas, em todos os sistemas, com apenas uma consulta.

Para o trabalho que nos compete de análise à metainformação para interoperabilidade,


iremos debruçar a nossa atenção sobre as bibliotecas digitais, tendo também em conta
uma visão interorganizacional (B2B). Ancorando desta forma o nosso estudo no
documento da Direcção-Geral de Arquivos: Governo Electrónico e
Interoperabilidade: documento metodológico para a elaboração de um esquema de
metainformação para a interoperabilidade e de uma macroestrutura funcional
(2008). Neste documento são apontados quatro níveis de intervenção para uma
interoperabilidade sólida. Ao nível macro, a proposta é de uma agregação política e
social dos colaboradores para novas formas de trabalho de interrelacionamento e de
ligações com o cliente. Ao nível micro-organizacional, a interoperabilidade irá obrigar
uma reformulação para uma tomada de consciência interorganizacional no que
concerne os processos. Já no nível tecnológico, há necessidade de uma comunicação
entre equipamentos e software, de maneira a dar «satisfação global de necessidades,
internas e externas, pressentidas ou solicitadas»(pag4). Por último, no patamar da
informação transmitida, o documento menciona dois factores extremamente
importantes: a sintaxe e a semântica.

Interoperabilidade uma breve análise –


A interoperabilidade é a capacidade entre dois ou mais sistemas de informação, de
comunicar, de executar instruções e compartilhar dados de informação, algo que é
fundamental num ambiente de Rede. Como tal, a interoperabilidade pode ser
alcançada através de estratos semânticos, sintácticos e físicos. A interoperabilidade
1
DBMS – database management system, é uma colecção de programas que possibilitam ao
utilizador, o arquivo, modificação e extracção de informação de uma base de dados. Há vários
tipos de DBMS, que fornecem pequenos sistemas que correm em computadores pessoais, a
sistemas maiores. Alguns exemplos são, sistemas bibliotecários computorizados, sistemas de
reservas de voos, a sistemas de inventários. Consultado em:
http://www.webopedia.com/TERM/D/database_management_system_DBMS.html
semântica é a interoperabilidade ao nível do conhecimento, com a capacidade de
colmatar conflitos semânticos decorrentes de diferenças de significados implícitos,
perspectivas e pressupostos, criando assim um ambiente de informação
semanticamente compatível com base nos conceitos acordados entre diferentes
entidades. Por outro lado, a interoperabilidade sintáctica, é a capacidade de um
sistema interagir e comunicar com outro sistema ao nível aplicativo, permitindo a
aplicação de vários componentes de software, como implementação de linguagens,
interfaces, e plataformas de execução. Enquanto que a interoperabilidade física é
apreendido como o nível de comunicação que incide sobre as infra-estruturas,
protocolos de rede ou outras aplicações. No entanto é ao nível do significado que é
pretendido mais intervenção, pois trata-se da classe de interoperabilidade mais difícil
de atingir.

A interoperabilidade semântica implica a partilha e reutilização de meta-dados num


ambiente que se caracteriza por diversas fontes de conteúdo, estilos de gestão de
conteúdos e abordagens para descrição de recursos. Como tal, nas bibliotecas digitais
o princípio de interoperabilidade semântica torna-se alcançável através da
disponibilidade de padrões de meta-dados tais como o MARC2, IEEE LOM3, ou o
Dublin Core. Estes padrões de metadados fornecem as informações descritivas para a
criação, organização e administração de metadados para a acessibilidade do acervo
digital e sua recuperabilidade. Mas à medida que cada biblioteca digital com a sua
vasta colecção de objectos informacionais como livros, jornais, manuscritos, teses e
artigos, e que cada colecção é vista cuidadosamente em termos dos seus metadados,
torna-se necessário a escolha de um esquema de metadados que normalize todos estes
activos. Pois os elementos de metadados são realmente recursos importantes que
trazem benefícios em termos de redução de custos, maior oferta, indexação, maior
acessibilidade e disponibilidade. Dito de outro, devido à variação de padrões e
elementos usados, cria-se um problema de inconsistência dos elementos de metadados
utilizados para descrever a colecção de objectos informacionais em cada biblioteca, o
que resulta no impedimento de interoperabilidade em bibliotecas digitais. Devido a
esta situação, a interoperabilidade semântica necessita de elementos de metadados
consistentes e normalizados.

2
MARC é o acrónimo para Machine-Readable Cataloging (catalogação legível por máquina).
Define um formato de metadados, que fornece um mecanismo pelo qual os computadores
trocam, usam, e interpretam informação bibliográfica.
3
O IEEE 1484.12.1-2002 é uma norma para a descrição de “objectos de aprendizagem”. O
trabalho de grupo do IEEE, desenvolveu a norma que define os objectos de aprendizagem
como qualquer entidade digital ou não, que pode ser usada para o ensinamento, educação ou
treino. O modelo LOM específica quais os aspectos de um objecto que deve ser descritos e
que vocabulários podem ser usados nessas descrições. Consultado em:
http://zope.cetis.ac.uk/lib/media/WhatIsLOMscreen.pdf
Referências:

http://www.isrjournals.org/journals/
computerscience_information_technology_journals/
interoperabilityinsemanticdigitallibrary1403862447.pdf

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