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Olhemos para a Terra, arcaica e concreta.

Para lá da persistência humana sobre a sua


extensão, a Terra manter-se-á a comunal superfície de retenção da história e sempre
a matéria de maior expressividade a que nos poderemos re-ligar. Neste início de
Milénio, em que tudo aponta para uma completude, o solo do planeta emerge
enquanto verdade única. Daí que se deva procurar o sentido que habita a terra.
Nietzsche encontrou na estética esse caminho (Shapiro 2006). Daí que exorte, em
Assim Falava Zaratustra (1883), a sair da caverna e a tomar o mundo como um
jardim. Inaugurava-se uma geo-filosofia; mas também uma geo-estética.
Com este projecto, pretendemos fazer o caminho inverso. Não aquele que vai da
Terra ao homem, como em Nietzsche, mas aquele que vai do homem à Terra. Para
isso, procuraremos na geomorfologia um plano de imanência (Deleuze). A partir daí,
da imensa plasticidade que encontramos nos fósseis, trabalharemos a geoestética
enquanto expressão da Terra.

Com este
Também Gilles Deleuze exorta para a necessidade de se encarar a terra como um
território imanente de expressividade estética.

Considerando o valor científico, cultural, estético, económico e ecológico, do


Património Geomorfológico português, o projecto Da Pangeia à Actualidade – a
geoestética do fóssil, tem como objectivo

A contemplação do mundo natural está relacionado, segundo a teoria estética kantiana,


para o exercício reflexivo do julgamento estético. E a arte, segundo Heidegger, é a
possibilidade da verdade se manifestar em acção. Ou seja, a arte como dispositivo mediador
que dá a ver. Assim, contemplando a natureza pelas suas formas deslumbrantes, cristais
radiosos e rochas sumptuosas, podemos alcançar um sentido distinto do nosso lugar na
terra: uma espécie de homeostase. Equilíbrio e superação retroalimentado pela potência
estética e tectónica deste planeta enérgico.

por meio através da contemplação do espaço natural que nos circunvizinha, é possível a
criação de uma espécie de mecanismo que nos retroalimenta e nos dá a ver a potência
estética deste planeta enérgico.

A proposta geoestética (de Friedrich Nietzsche), que é também a proposta geofilosófica de


Gilles Deleuze, encara a Terra como um plano de imanência e não um espaço de
transcendência. Neste entender, o Homem, sendo matéria ética (Deleuze), deverá procurar
imanência na geomorfologia, traçando um novo sentido: o ubermeschen. Se é na Terra que
os nossos pés assentam, e o que nos rodeia é pura matéria imanente, fonte necessária para
a expressividade, é na demanda dessa expressividade não-humana, que iremos nortear a
nossa atenção. A geoestética, que toma a terra como matéria bruta para obras de arte, deve
então ser encarada como o ponto de viragem para a reorientação de uma verdadeira
relação entre o homem, arte e natureza.
“Uma estética evolucionária, que se debruça sobre o devir, deve endereçar a possibilidade
de experienciar a natureza como sublime”

(A expressividade encontrada na natureza, tal como as obras de arte, acrescenta à nossa


compreensão a noção de tempo, de movimento, e do espaço. proporcionando dessa
maneira um alargamento, ou expansão das nossas perspectivas mentais. )

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