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VAMOS LÁ!
português brasileiro
para hispano-falantes
Nível 3
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Vamos lá!
Português 3
Unidade 1
Sumário da 1ª unidade
1. Sumário da 1ª unidade
2. Leitura “Nojo seletivo”
3. Revisão - “Como evitar gafes no exterior”
4. Continuação
5. Continuação - Vocabulário
6. Frases impessoais – Verbos Pretérito Perfeito do Subjuntivo
7. Praticando
8. “Por trás das palavras” – Apresentação Futuro do Subjuntivo
9. Vídeo e texto "Criado mudo"
10. Discurso direto e indireto
11. Praticando – Diminutivos e aumentativos
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Os gostos não se discutem Há gostos para todas as coisas Não há gosto sem desgosto
A cada um, seu gosto lhe parece o Em matéria de gosto não há O bom gosto não se ensina
melhor do mundo discussão
Quem por gosto navega, não Ao gosto estragado o doce é
Gosto não se discute, lamenta-se
deve temer a água amargo
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Traduza!
2 - Seus Gestos em Público 3 - As roupas que usamos
Em certos países, comportamentos Nos países islâmicos, principalmente. Nos mais
absolutamente normais para nós, brasileiros, ortodoxos, as mulheres andam cobertas da
podem virar grosseria se feitas em público. Na cabeça aos pés, sem _________ (exponer) braços
Coreia do Sul, ninguém assoa o nariz na rua e, ou pernas. Os cabelos também ficam escondidos
no Japão, as pessoas não espirram diante das ________ (bajo) um véu, que só pode ser retirado
outras. Em lugares como a Suíça, os pedestres _________ (delante) do marido. Dos homens,
que cruzam a rua fora da faixa ou com sinal espera-se que andem com camisas de mangas
vermelho são advertidos. No Japão, pega mal _________ (largas) e calças compridas. No
falar alto ou gargalhar de uma piada, período do Ramandan, esqueça ___________ (los
principalmente para as mulheres. Para os colores) fortes, especialmente o vermelho. Na
indianos, ser encarado por estranhos é uma Índia, a menos que queira ser mais fotografado do
forma de humilhação. Em cidades grandes que o Taj Mahal, não use roupas justas e ______
como Nova York e Paris, os inevitáveis (escotadas). No Egito, só vista ________ (morado)
esbarrões devem ser acompanhados de se estiver de luto.
"Excuse me" e "Pardon".
Imperativo!
4 - O Cumprimento social
_____________ (estar) preparado tanto para ganhar um beijo na bochecha (ou até na boca!) de um
marmanjo russo quanto uma cuspida no pé de um maori da Nova Zelândia. O universal aperto de mão vale
para muitos países, mas você vai deixar uma boa impressão se adotar a saudação típica do lugar. No
Japão, na China e na Coreia, _____________ (curvar-se) para a frente, intensificando a inclinação para
demonstrar respeito. Na Índia e na Tailândia ______________ (juntar) as mãos em forma de prece, na
altura do peito. Nos países islâmicos, __________ (utilizar) a mão direita para tocar o coração, a testa e
acima da cabeça, nesta sequência. Nos EUA, ____________ (conter-se). Não ____________ (sair)
distribuindo beijos, ___________ (preferir) o aperto de mãos. Os latinos trocam abraços e tapinhas nas
costas, mas os povos escandinavos são avessos a demonstrações efusivas. Se você ainda prefere o
tradicional aperto de mão, nunca o ___________ (fazer) com a outra no bolso, o que é visto como tremenda
falta de educação em lugares como a Alemanha.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Plurais!
5 – Pontualidade
Não são só os ____________ (inglês). Também os ____________ (suíço), ____________
(alemão), ______________ (escandinavo) e _____________ (oriental) em geral estão entre os povos mais
__________ (pontual) do mundo. Em seus ____________ (país) os __________ (trem) partem, por exemplo, em
horários quebrados - como 9h37. Nos Estados Unidos, espera-se que, ao reservar uma mesa num restaurante, a
pessoa chegue com cerca de quinze minutos de antecedência. Já na América Latina, o conceito de pontualidade
pode ser bem elástico. Mas tenha em mente que chegar atrasado é visto como um desrespeito ao tempo dos
outros.
O círculo feito com o polegar e o dedo indicador, que para nós é gesto obsceno, para os americanos significa
o.k. No Japão, quer dizer dinheiro; na França, algo sem valor; na Alemanha, equivale a chamar alguém de
idiota e, na Tunísia, é uma ameaça de morte. Na Tailândia e Bulgária, os movimentos de sim e não feitos com
a cabeça são invertidos. Na Austrália, fazer o "V" da vitória ou o conhecido gesto positivo com a mão fechada e
o polegar para cima quer dizer que você está mandando alguém para aquele lugar indevido. O gesto usado
para pedir carona vira um convite sexual na região da italiana Sardenha, na Turquia e na Grécia. No Egito,
esfregar os dois indicadores em movimentos paralelos é interpretado com segundas intenções.
Nos países árabes, mostrar a sola do sapato ao cruzar as pernas é grosseiro, pois esta é considerada a parte
mais suja. Exibir a palma da mão para um grego, com os dedos esticados e abertos é a pior ofensa. Provém
do costume bizantino de esfregar sujeira no rosto dos inimigos. Colocar as mãos nos quadris e encarar um
mexicano dá a entender que você o está chamando para uma briga. Na Bélgica e na França, não pega bem
para um homem ficar em pé, com as mãos nos bolsos, enquanto conversa com alguém. Na Itália, não apalpe
as frutas para ver se estão maduras, a menos que queira aprender palavrões.
Bote um título!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
10 - Bebidas em Geral
Nos países islâmicos, a regra é: não beba. A bebida alcoólica é proibida. Em lugares como Irlanda e Rússia, seu
anfitrião vai ficar ofendido se você não aceitar um drinque. Vários povos são afeitos a brindes, como os chineses
e escandinavos. Nessa hora, deve-se olhar para todos os presentes e só depois dar o primeiro gole. Na
Alemanha, os homens é que tomam a iniciativa do brinde, jamais as mulheres. No Japão, há uma cerimônia do
chá que é um dos costumes mais antigos e tradicionais da cultura nipônica - e dura uma eternidade. O advogado
Gustavo Araújo sentiu no corpo o peso de séculos de tradição. "Quase estraguei a cerimônia quando comecei a
ter espasmos nas pernas por ter ficado tanto tempo de joelhos", lembra.
1. Que outra questão você recomendaria levar em conta na hora de visitar um país com uma
cultura diferente da própria?
2. Que costumes, dos nomeados no texto, chamaram mais a sua atenção? Quais você já
conhecia?
3. Você diria que há costumes ridículos ou primitivos? Culturas mais evoluídas do que outras?
4. Relacione as palavras / expressões com as definições da outra coluna:
5. Complete os espaços vazios com algumas das palavras de cima. Se for preciso, faça
modificações (transformar de substantivo para adjetivo ou verbo, conjugar os verbos no infinitivo, etc):
a) Na última visita que fizemos para a Taís, ficamos muito _________________. Achamos que ela anda mal
cuidada, com uma aparência mais suja e ___________________ do que das últimas vezes que estivemos lá.
b) A peça era tão engraçada que houve uma hora em que o teatro inteiro estava dando ___________________.
c) Ontem manchei a minha blusa preferida. Botei um produto especial e ________________, mas não deu certo. A
blusa _______________________ de vez!
d) Não estou me sentindo bem, passei a noite toda ________________ e ______________ o nariz. Vou beber um
___________________ desse xarope para ver se consigo melhorar.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Frases impessoais
1. As seguintes frases retiradas do texto são chamadas de impessoais por não terem sujeito.
2. Usando essa estrutura e acrescentando informação, crie frases a partir dos elementos dados:
a) (Ler-pouco) ______________________________________________________________________
b) (Acreditar- vida depois da morte)
______________________________________________________________________
c) (Sugerir-ter paciência)
______________________________________________________________________
d) (Comer-bem)
______________________________________________________________________
e) (Precisar-empregada)
______________________________________________________________________
f) (Acostumar-cumprimentar)
______________________________________________________________________
3. Um casal de amigos seus recebeu uma herança e decidiu dar a volta ao mundo. Você que os
conhece bem e sabe que eles têm dificuldades para se adaptar a outras culturas, deseja que
tudo tenha dado certo na viagem.
Espero que o Carlos não tenha cometido nenhuma gafe na viagem!
Tomara eles tenham se informado sobre os costumes dos países antes de viajar!
Duvido que ele tenha imprimido seus cartões em diferentes idiomas.
É possível que, na Índia, ela tenha se vestido com roupas justas e de cores berrantes como sempre.
Espero que eles não tenham tirado fotos onde não está permitido.
Eu TENHA feito
Você / Ele TENHA gostado
Nós TENHAMOS recebido
Vocês / Eles TENHAM dito
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Dica: O pretérito perfeito do subjuntivo é introduzido pelas mesmas conjunções ou expressões que
usamos com o presente do subjuntivo:
a) (Japão) ____________________________________________________________________________
b) (Nova York) _________________________________________________________________________
c) (EUA) ______________________________________________________________________________
d) (Alemanha) _________________________________________________________________________
e) (Egito) _____________________________________________________________________________
f) (Austrália) __________________________________________________________________________
g) (Bélgica) ___________________________________________________________________________
h) (Tunísia) ___________________________________________________________________________
i) (África do Sul) _______________________________________________________________________
j) (França) ____________________________________________________________________________
k) (Itália) _____________________________________________________________________________
l) (Rússia) ____________________________________________________________________________
Praticando .
1. Complete com o presente (faça) ou o pretérito perfeito do subjuntivo (tenha feito):
a) É provável que ele não ______________ (fazer) o trabalho ontem. É possível que ele o ____________
(fazer) hoje.
b) Duvido que ele ______________ (falar) bem inglês, embora ele _______________ (morar) nos EUA
alguns anos.
c) É possível que ele ____________ (falar) com o chefe ontem, mas se não o fez, talvez ____________
(falar) hoje.
d) É pena que ele não _____________ (poder) ficar mais tempo ontem. Tomara que hoje ele _____________
(poder).
e) Ele estava de péssimo humor na semana passada. É provável que ele _____________________ (ter)
problemas no escritório.
f) Tomara que eles _______________________ (ter) uma boa viagem, fiquei assutada com a tormenta.
Espero que não ____________________ (continuar) chovendo hoje.
g) É injusto que nós ______________ (fazer) o trabalho sozinhos por mais que eles _________________
(avisar) há vários dias que não poderiam nos ajudar.
h) Por mais que eles __________________________ (viajar) muito, ainda não conhecem Bariloche.
Possivelmente, eles _____________________ (ir) no próximo inverno.
f) Embora meu avô __________________________ (morrer) há vinte anos, continuo sentindo sua falta.
j) Tomara ele __________________________ (dar-se) bem na entrevista de trabalho ontem!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Os textos nem sempre dizem tudo o que “querem” dizer. Para compreender melhor um texto é
bom fazer uma leitura entre linhas e descobrir o que está por trás das palavras.
Anúncio: Vendedora
Precisa-se de mulher entre 20 e 30 anos, com boa aparência, superior completo, inglês fluente, que
more perto do local de trabalho, com disponibilidade total de horário, garra e determinação para
trabalhar com metas e experiência comprovada em carteira.
"entre 20 e 30 anos" : Nova, portanto você que é mais velha está descartada.
"com boa aparência": Alta, magra, cabelo liso, olhos claros, pele branca (fator decisivo).
"superior completo": O cargo não exige, mas queremos pessoas com 3° grau completo, afinal você não
pode (nem conseguiria) estudar trabalhando num lugar mais de 8h por dia. Mas atenção: não demonstre
inteligência e senso crítico, nós não gostamos de pessoas que questionam e lutam por seus direitos.
"Inglês fluente": O cargo também não exige, mas já que todo mundo pede...
"que more perto do local de trabalho": Nós não vamos pagar mais de que a passagem "modal", você que
tire do seu bolso ou ande a pé.
"com disponibilidade total de horário": Com hora para entrar e sem hora para sair. Hora extra? O que é
isso?
"garra e determinação para trabalhar com metas": Você vai ter que ralar para atingir as metas inatingíveis
(de propósito) que vão lhe impor, oferecendo a ilusão de "premiações" que nunca acontecerão.
"experiência comprovada em carteira": Não estamos dispostos a ensinar e nem temos paciência com
novatos.
"Salário compatível com mercado": Vamos te pagar mal, porque todo mundo oferece um salário de fome.
E colocamos propositalmente a expressão "compatível com o mercado" para deixá-lo(a) ciente de que: 1° Não
somos nós que determinamos o valor, e sim o mercado de trabalho e 2° Não adianta procurar, você não vai
encontrar coisa melhor.
"VT": Ida e volta, não adianta chorar. Quem mora em comunidade já está desclassificado e quem mora longe,
se for chamado -o que é bem difícil- terá que arcar sozinho com o prejuízo.
Fonte: http://blogs.myspace.com/alexandraperiard
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
________________________________________ ___________________________________________
CRIADO MUDO
https://www.youtube.com/watch?v=C2szquntLLs PR
https://revistaforum.com.br/direitos/2019/11/22/propaganda-de-loja-de-moveis-explicando-historia-do-criado-mudo-viraliza-sensibiliza-64773.html
Revista Forum
Propaganda de loja de móveis explicando a
história do criado-mudo viraliza e sensibiliza
O termo criado-mudo ainda aparece na busca da loja.
Quando o internauta entra no site, é surpreendido pelo
nome Mesa de Cabeceira seguido da hashtag #CriadoMudoNuncaMais
Uma ação de marketing da Etna, rede de lojas especializada em móveis e objetos de decoração, feita para o
Dia da Consciência Negra, celebrado na última quarta-feira (20), viralizou nas redes. A loja resolveu abolir o
termo "criado-mudo" de seu catálogo. A explicação para tal vem através de um texto histórico lido por atores
negros. O texto lembra o escravo que passava a noite "tomando conta" dos nobres, ao lado da cama. Por ser
um objeto inanimado e ter utilidade equivalente à de um mordomo, passou a ser chamado de criado-mudo
(Leia o texto abaixo). O termo criado-mudo ainda aparece na busca da loja. Quando o internauta entra no site,
é surpreendido pelo nome Mesa de Cabeceira seguido da hashtag #CriadoMudoNuncaMais.
Em 1820, os escravos que faziam os serviços domésticos eram chamados de criados. Alguns desses homens e
mulheres passavam dia e noite imóveis ao lado da cama com um copo d’água, roupas ou o que mais fosse.
Porém, alguns senhores achavam incômodo o fato de eles falarem, e muitos chegavam a perder a língua. Outros
sofreram duras punições para “aprender" a nunca se mexer quando houvesse alguém dormindo. Um dia, surgiu a
ideia de uma pequena mesinha para ficar ao lado da cama, usada basicamente para apoiar objetos. Esse móvel
exercia a mesma função do escravo doméstico e foi chamado de criado. Então, para não confundir os dois,
passaram a chamar o móvel de criado-mudo. Dois séculos depois, sem nos dar conta, ainda carregamos termos
racistas como esse, mas sabemos que é sempre tempo de mudar e evoluir. Por isso, a Etna está começando a
abolir o nome “criado-mudo” de todas as suas lojas, virtual e físicas, e queremos que você também faça parte
desse movimento.
3. Escolha uma das campanhas abaixo e redija um texto informativo como o de cima:
a) "Joga Junto", de Nescau. Se o canudo não muda, a gente muda o canudo.
https://www.youtube.com/watch?v=BDXKBVyQ8dw&t=30s
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
c) "Cem anos de Leite Moça", da Nestlé. Há cem anos fazendo tudo dar certo.
https://www.youtube.com/watch?v=7hyvM7PyUpg
Gramática
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 1 Ana Conti Fabian Haim
Veja que também houve mudança do verbo na última frase: vim VIR ido IR. Isso acontece porque o lugar em que o
enunciado foi produzido pode não ser o mesmo lugar onde esse enunciado está sendo reproduzido.
Acontece também com os verbos trazer levar
Praticando .
1. Faça o exercício a seguir e repare nas mudanças que você teve que fazer. Escolha entre os
seguintes verbos (sugerir, propor, perguntar, questionar, contestar, responder, exigir, afirmar,
prometer, confessar, pedir). Complete seguindo o modelo:
- Sugiro que passemos o próximo fim de semana fora.
Ele sugeriu que passássemos o seguinte fim de semana fora.
Amanhã vou ligar ao pedreiro. Quero começar logo com as reformas da sala. Hoje à tarde vou passar pelo
banco para retirar dinheiro. Suponho que o pedreiro vai pedir que eu adiante parte do pagamento.
Ontem encontrei o Sílvio na rua por acaso. Foi bom a gente se encontrar porque fazia um tempo
que a gente não se via, e eu nem lembrava por quê. Fomos na lanchonete da esquina e sentamos
nos bancos do balcão. Pedimos uma cerveja e alguns salgadinhos. O Sílvio só falou de futebol e
do gol do Neymar no jogo de domingo passado. Fiquei chateada e logo logo lembrei a razão de
ter me distanciado dele... É um cara bem sem graça, de conversa maçante.
Mas no final da tarde começamos a lembrar anedotas engraçadas da época da faculdade e ...
A Mayra me disse que no dia anterior tinha encontrado o Sílvio na rua por acaso e que________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
Vamos lá!
Português 3
Unidade 2
Sumário da 2ª unidade
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
Conversa de viagem
Rubem Mauro Machado
- Até Washington?
- Pouco mais de 200, acredita.
- Vai para lá?
- Vou.
- Então devia ter pegado o ônibus direto.
- Vou descer na Philadelphia.
- Ah!
Me olha por detrás dos óculos, franzindo um pouco o nariz. De onde sou?
- From Brazil.
- Brazil? América do Sul? Muito interessante.
- É, muito. Realmente.
- Bom café.
- Sim, excelente café.
- Muito índio no Brazil?
- Um bocado. Mas já conseguimos matar quase todos eles.
A velhinha faz um ar de compreensão.
- E as cobras?
- Já estamos acostumados com elas. Passeiam por toda parte. No momento mesmo em que o avião
em que viajei levantava voo, uma, de mais de 30 metros, tomava sol na pista. O piloto passou por
cima, cortou ela em duas. O avião estremeceu.
- Que perigo, meu Deus. Você disse que ela tinha 30 metros?
- Mais ou menos. Bem, talvez tivesse um pouco menos. Em todo caso, aquela é a maior cobra que
nós temos.
- E você já foi atacado por cobras alguma vez?
- Só uma vez, quando era pequeno. Nós morávamos numa fazenda e eu estava brincando no pátio.
A cobra se enrolou em mim e começou a me apertar, assim como talvez a senhora tenha visto em
algum filme de Tarzan. Firmei o corpo e lutei com todas as minhas forças, segurando a cabeça da
cobra. Eu ouvia meus ossos estalarem, os pulmões doíam, sufocava. Meu pai veio correndo e
decepou a cabeça dela com um golpe de seu facão afiado. Até hoje nós temos o couro dessa
serpente pendurado na sala, como recordação.
- Que coisa horrível!
A velha empalidece. Resolvo encerrar o papo e olhar a paisagem, prados muito verdes salpicados
de pequenas árvores de penugem vermelha, amarela ou dourada. Mas ela gosta de conversar e daí
a pouco puxa assunto.
- Você faz o quê no Brasil?
- Eu? Eu negocio com madeiras.
- Ah, deve ser muito interessante.
- Sem dúvida.
- Eu imagino que vocês devem ter todo tipo de madeira na selva.
- Realmente temos. Por exemplo, o pau-ferro (“iron tree”). É a madeira mais dura que existe no
mundo. É impossível cravar um prego nela. O prego entorta mas não entra.
- Nem um prego grande, de aço?
- Nenhum. A madeira é como pedra ou um pedaço de ferro, o próprio nome indica. O grande
problema é serrar essa árvore. Não há serra que resista.
- E para que serve tal madeira?
- O governo brasileiro está pensando em cortar com serras de diamante chapas finas, para usá-las
na blindagem de nossos tanques de guerra. Não há tiro que fure. Isso poderá revolucionar a arte
da guerra.
- Isso é fantástico.
- Realmente. O único problema é o peso. Um homem mal consegue levantar uma lasca dessa
madeira. Mais incrível ainda é a árvore-vacum (“cow tree”), muito mais abundante no Brazil. É da
altura de um homem e tem no tronco pequenos brotos que lembram tetas de vaca. A gente acorda
de manhã e sai pela mata com um jarro. É só apertar aquela espécie de teta e esguicha leite,
aliás muito nutritivo e saboroso; nos piqueniques é preciso apenas levar corn flakes. Essa planta é
uma prima distante da soja e da seringueira.
- Para negociar com madeiras você tem de viver no meio da selva!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
- Eu vivo seis meses na selva e seis meses na famosa praia de Copacabana. É onde gasto todo o
dinheiro que ganho.
A conversa descamba para onças e conto a caçada a uma de que participei, em um lugar chamado
Nova Iguaçu. Ela se interessa pelo nome mas não consegue dizê-lo. É uma localidade onde há muitas
feras, explico, e que se ela for ao Brazil não pode deixar de visitar. Ela não parece muito
entusiasmada. Em Phil nos despedimos e eu desço.
No fim da tarde pego outro ônibus, para Washington. Senta do meu lado, pasta de executivo, um
senhor de óculos, da Virgínia. Fica espantado em saber que o Brazil tem quase o mesmo tamanho que
os Estados Unidos.
- É tão grande assim, é?
Pergunta se a capital é o Rio de Janeiro.
- Não, o Rio de Janeiro é somente a nossa cidade mais bonita. A capital mesmo é Porto Alegre, de
onde eu sou, no Sul. Nós é que mandamos no país.
- Nós?
- Sim, nós, os gaúchos. Porto Alegre é a capital dos gaúchos.
- Gaúcho! Ah, sim - está contente porque já ouviu antes a palavra gaúcho, sabe que são cowboys.
- E o governo?
Faço-me de desentendido.
- O que é que tem?
- É duro, não?
- E daí? É uma democracia.
- Democracia?
- Claro (estamos nos anos 70).
- Mas vocês têm eleições?
- Olha aqui, mister, o senhor acha que nós somos uma republiqueta de bananas qualquer da América
Central? É claro que nós temos eleições - estou indignadíssimo.
- Mas vocês elegem o Presidente?
- Não, o Presidente não, porque a nossa democracia é de tipo especial, invenção nossa, a famosa
braziliam way democracy. O senhor já deve ter ouvido falar nela, não? É uma das grandes invenções
políticas do nosso tempo.
- Eu pensei que o governo de vocês fosse uma ditadura militar.
- É para o senhor ver o grau de desinformação sobre o Brazil no exterior. Nós já inventamos um novo
tipo de democracia, que chamamos adjetivada, mas sobre isso ninguém fala, ficam repetindo que o
Brazil é uma ditadura, que nós não temos eleições. Eu posso lhe mostrar minha carteira de eleitor.
Faço menção de puxar um documento no bolso, mas o americano diz que não é preciso, ele acredita
em mim.
Eu me fecho no meu mutismo, um pouco irritado. Ele volta às boas, temeroso de haver ferido meus
brios patrióticos.
- Gosto de conversar com estrangeiros - diz. - A gente sempre aprende.
- Quanto a isso não há a menor dúvida.
- O que é que você faz?
- Sou jornalista. O senhor deu sorte de encontrar alguém bem informado.
- Os jornalistas são bem pagos no Brazil?
- Eu acho que, de modo geral, não temos de que nos queixar.
Em Baltimore ele fica, nos despedimos amigos, promete da boca pra fora que um dia vai conhecer
minha pátria. Atrapalhada com suas sacolas, sobe uma velhota. Eu a ajudo a acomodá-las, ela insiste
para que eu pegue uma maçã: it’s a good start, diz. An apple a day keeps the doctor away, retruco,
me lembrando da antiga lição de inglês. Por que fui falar! Ela ri comprada pela minha sabedoria e
não fecha mais a matraca. É de Maryland, fala dela e das filhas, felizmente estão todas bem casadas.
Saboreio a pequena maçã amarela.
Começa tudo de novo. Sim, estou a passeio nos Estados Unidos. Certamente, gostei muito de Nova
York. E as cobras? E a selva? Eu não agüento mais. Olho para fora mas já é noite, não há o que ver.
Afinal ela cala a boca. Mas tem de ser gentil: abre a sacola, insiste para que eu pegue um jornal.
- Obrigado, eu não sei ler.
- I beg your pardon!
- Eu sou analfabeto.
- Analfabeto? Você quer dizer que não sabe ler? Eu não acredito!
- Não? É triste a realidade.
- Mas você parece um jovem tão inteligente.
- Eu sou. Acontece que é muito comum no Brazil pessoas que não sabem ler. A senhora deve ter
ouvido a respeito.
A velhinha está chocadíssima.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
- Mas você devia aprender logo a ler. É muito importante.
- Eu sei. É meu grande sonho. Eu já conheço todas as letras. Sei, por exemplo, que isto aqui é um m.
Meu único problema é juntar todas elas, aí é que eu me atrapalho. Assim que eu voltar para o Brazil,
juro que aprendo a fazer isso.
- Você deve realmente.
Há uma pausa na conversa. Depois ela pergunta, suspeitosa:
- Se você não sabe ler, como é que aprendeu inglês?
- Ah, é por que eu nasci e me criei no cais. Eu não tinha pai, minha mãe vivia de vender souvenires,
de modo que a nossa casa vivia sempre cheia de marinheiros americanos e ingleses.
- Ah, compreendo - diz ela lentamente, franzindo o nariz.
E a boa senhora de Maryland não fala mais comigo, até que o ônibus é envolvido pelas primeiras luzes
de Washington.
O homem, me olhando por detrás dos óculos e franzindo um pouco o nariz, me perguntou de onde eu
era. Respondi que vinha do Brasil. Surpreso, ele pareceu querer confirmar se era mesmo do Brasil, na
América do Sul, e disse que achava muito interessante. Eu, simplesmente, concordei.
Aí ele, puxando assunto, comentou que no Brasil tínhamos bom café. Eu, mais uma vez, assenti. Porém,
sem poder dominar meu espírito nacionalista, salientei que não era bom, mas excelente.
BraSil com s
Cantam: João Gilberto e Rita Lee
Compositores: Rita Lee e Roberto de Carvalho
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
FUTURO DO SUBJUNTIVO
...e que se ela for ao Brazil não pode deixar de visitar.
Assim que eu voltar para o Brazil, juro que aprendo a fazer isso.
O futuro do subjuntivo é usado para indicar eventualidade no futuro. Assim como o Pretérito
Imperfeito do Subjuntivo (fosse, estivéssemos) deriva da 3ª pessoa do plural do Pretérito
Perfeito do Indicativo:
1. Faça as derivações destes verbos e utilize-os em frases curtas usando Quando e Se:
ESTAR SER
Eles ________________ eu _______________ Eles _______________ eu _______________
você/ele _______________ você/ele _____________
nós ______________ nós______________
eles ______________ eles_____________
TRAZER DIZER
Eles ________________ eu _______________ Eles _______________ eu _______________
você/ele _______________ você/ele _____________
nós ______________ nós______________
eles ______________ eles_____________
VIR VER
Eles ________________ eu _______________ Eles _______________ eu _______________
você/ele _______________ você/ele _____________
nós ______________ nós______________
eles ______________ eles_____________
QUERER PODER
Eles ________________ eu _______________ Eles _______________ eu _______________
você/ele _______________ você/ele _____________
nós ______________ nós______________
eles ______________ eles_____________
1. Quando você viaja, qual é a primeira coisa que você faz ao chegar? Bate-papo!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
2. Escolha um dos roteiros abaixo e descreva seu plano de viagem. Inclua todas as
informações e use expressões do tipo:
em primeiro lugar... em segundo lugar... depois... antes... em seguida... quando... se...
Veja um exemplo:
Quando eu chegar ao Brasil, a primeira coisa que eu vou fazer é procurar um apartamento.
Não quero viver num hotel por muito tempo.
Quando eu tiver minha própria casa, vou me sentir mais à vontade. Além disso, talvez eu
tenha que comer sempre fora, mas quando sentir saudades de casa e quiser comer a
comida do meu país, vou poder prepará-la eu mesmo.
Em segundo lugar, quando eu já estiver acostumado à vida no Brasil, vou comprar um
carro. Penso que um carro é necessário para poder viajar e conhecer melhor o país.
Se tiver tempo e puder viajar, quero conhecer o Rio de Janeiro, Brasília e Foz do Iguaçu.
Se o trabalho não tomar todo o meu tempo, quero fazer muitas outras coisas também:
estudar português, praticar esportes e fazer amigos.
Viagem a trabalho nos EUA Réveillon no Rio Fim de semana em Mar del Plata
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
c) O doutor dá um exemplo de pessoas que fazem viagens longas. Aonde? Quanto demora a
viagem? O que eles devem fazer?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Trânsito .
1. Complete com o modo/tempo conveniente:
Na última 4ª feira, voltando de uma festa, ……………….....……….. (aparecer) na minha frente uma lombada,
dessas que a Prefeitura …………....………… (resolver) espalhar pela cidade. Eu ……………....… (estar) a 30
Km por hora, juro!, mas não …………...………… (dar) para parar. ………………...……. (voar) por cima da
lombada, ………………....……… (bater) a cabeça no teto do carro (ainda está doendo) e
………...…...…………… (ir) aterrissar do outro lado, com um barulhão. O carro não …….........................…
(andar) mais. ……………...…………. (ficar) plantado lá, à espera de socorro, até as 4 horas da manhã e depois
……………….........……… (passar) o dia seguinte tentando juntar dinheiro para o conserto. Assim não dá!
Em vez de ficar construindo essas malditas lombadas, a prefeitura ………..........…………… (dever), em
primeiro lugar, tapar os buracos, que são muitos e cada vez maiores. Em segundo lugar
………………........…… (dever) consertar os semáforos. Aí então, …….............…………… (ser) a hora de
educar os motoristas e os pedestres. Que tal? Não ………..............……(ser) uma boa idéia? Isso já
……………… (ser) suficiente para termos um pouco de tranquilidade.
2. Se fosse o diretor de trânsito de sua cidade, o que você faria? Quais seriam suas
prioridades? Organize suas ideias. A lista abaixo pode ajudá-lo.
Use: em primeiro lugar … em segundo lugar … daí … depois … finalmente…
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
Operação Horário de Pico - comumente chamada de Rodízio
2 opiniões
Proposta de revezamento abre debate
Antes mesmo de ir à votação no plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, projeto que autoriza Executivo a implantar
sistema de rodízio na cidade pode ser alterada e divide especialistas. Qual a viabilidade e a necessidade de Porto Alegre
implementar um rodízio de automóveis? Para discutir o tema, Zero Hora ouviu dois especialistas - o urbanista Jaime Lerner,
contrário ao revezamento, e o consultor Fábio Feldmann, precursor da implantação do sistema em São Paulo.
Adaptado de http://www.detran.rs.gov.br/clipping/20080314/05.htm
20
Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
1. E o que você acha sobre o rodízio? Você pensa que esse sistema poderia funcionar aqui? Quais
são as vantagens e as desvantagens dessa medida? Como você imagina que as pessoas fazem para
driblar o sistema?
2. Crie com seu colega uma entrevista em que você exponha sua opinião sobre o assunto. (você
deverá se colocar no lugar de um especialista: funcionário público, funcionário de alguma empresa de
transporte, vereador da cidade, assessor do governo, diretor de trânsito e transporte, etc.)
Silas de Oliveira
Samba enredo da Escola de Samba Império Serrano 1964
Fragmentos de história
1. Pesquise sobre algum dos fatos históricos aqui apresentados e conte para a turma na
próxima aula.
Pesquisa!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
10 . 12 . 1825
20 . 11 . 1695
Brasil declara guerra às Províncias
Zumbi, líder do Quilombo dos Unidas do Rio da Prata (atual
Palmares, é morto pelas tropas do Argentina) pela posse da Província
sertanista Domingos Jorge Velho. Cisplatina (atual Uruguai).
1789
15 . 11 . 1889
A Inconfidência mineira, conspiração
Golpe militar depõe D. Pedro II e
separatista, é reprimida pela Coroa
instaura um governo republicano.
portuguesa. O mais famoso
inconfidente é Joaquim José da Silva
Xavier, apelidado de “Tiradentes”.
23
Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
CICLOS
e ciclosCI econômicos
ECONÔMICOS
1. Pesquise sobre os Ciclos Econômicos e complete o quadro:
2. Pesquisem acerca de algum fato histórico que tenha acontecido em cada um dos ciclos e que
possa ser relacionado a eles. Por exemplo, a mudança da capital da Bahia para o Rio de Janeiro
durante o ciclo do ouro: 24
Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
1
Desenvolva esta frase contextualizando "a chegada dos europeus”.
2
Desenvolva esta frase a partir do que você sabe sobre o assunto.
3
Localize cronologicamente a independência do Brasil e descreva suas principais características.
4
Qual era o cultivo predominante na época? Tente explicar a razão do incentivo da imigração.
5
Colônias de que origens povoam atualmente o sul do Brasil?
25
Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
Observe!
Gramática
A população brasileira foi formada com a mistura...
VOZ PASSIVA
A Voz Passiva forma-se com o Verbo SER + Particípio (irregular)
Particípio
Verbo
regular irregular
aceitar aceitado aceito
acender acendido aceso
eleger elegido eleito
entregar entregado entregue
expulsar expulsado expulso
expressar expressado expresso
imprimir imprimido impresso
incluir incluído incluso
inserir inserido inserto
matar matado morto
morrer morrido morto
pagar pagado / pago pago
pegar pegado pego
prender prendido preso
salvar salvado salvo
surpreender surpreendido surpreso
suspender suspendido suspenso
soltar soltado solto
suspender suspendido suspenso
26
Ana Conti Fabián Haim
A miscigenação ocorre na união entre brancos e negros, brancos e amarelos e entre amarelos e negros. O
senso comum divide a espécie humana entre brancos, negros e amarelos, que, popularmente, são
____________ (ter) como "raças" a partir de um traço peculiar – a cor da pele. Todavia, brancos, negros e
amarelos não constituem raças no sentido biológico, mas grupos humanos de significado sociológico.
No Brasil, há o “Mito das três raças”, ______________ (desenvolver) tanto pelo antropólogo Darcy Ribeiro
como pelo senso comum, segundo o qual a cultura e a sociedade brasileiras foram ______________
(constituir) a partir das influências culturais das “três raças”: europeia, africana e indígena.
Contudo, esse mito não é ________________ (compartilhar) por diversos críticos, pois minimiza a
dominação violenta ______________ (provocar) pela colonização portuguesa sobre os povos indígenas e
africanos, colocando a situação de colonização como um equilíbrio de forças entre os três povos, o que de
fato não houve. Estudos antropológicos utilizaram, entre os séculos XVII e XX, o termo “raça” para designar
as várias classificações de grupos humanos; mas desde que surgiram os primeiros métodos genéticos para
estudar biologicamente as populações humanas, o termo raça caiu em desuso.
Enfim, "o mito das três raças" é ____________ (criticar) por ser ______________ (considerar) uma visão
simplista e biologizante do processo colonizador brasileiro.
Orson Camargo
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAM
2. Identifique a ideia principal de cada parágrafo. Você pode sublinhar alguma palavra/sintagma
do texto ou reescrever com suas palavras:
Veja os sentidos que a palavra Mito assume neste texto: por um lado, o “Mito
das três raças” é um mito no sentido de se tratar de um relato que procura
explicar a origem do povo. Por outro, é um mito no sentido de ser uma crença
falsa, sem sustento nem evidências na realidade. Neste caso, podemos pensar
que o autor tirou proveito da polissemia (vários significados) do termo, o que,
aliás, pode ser verificado na escolha da palavra fantasia no título.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
Pingue-pongue
Quem inventou o avião? O avião foi inventado por Santos Dumont
Quem...
- escreveu Macunaíma? Lúcio Costa e Oscar Niemeyer
- compôs Garota de Ipanema? Mário de Andrade
- desenhou Brasília? Zumbi
- proclamou a independência do Brasil? Vinícius de Moraes e Tom Jobim
- pintou Abaporu? Tiradentes
- “descobriu” o Brasil? Tarsila do Amaral
- liderou o Quilombo dos Palmares? Pedro Álvares Cabral
- chefiou a Inconfidência Mineira em 1978? Dom Pedro
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
“No Brasil, a convivência entre os mais diversos tipos de religiões e crenças trazidas pelas variadas etnias que aqui
chegaram, ao invés de criar grupos e conflitos religiosos isolados, serviu como elementos propulsores na construção
de novas crenças e cultos totalmente sincréticos. O sincretismo tem sido fato determinante na construção da nossa
religiosidade. Os conflitos sociais que o Brasil tem vivido ao longo de sua história não provêm da religião. De fato,
as diferentes religiões que existem dentro do território brasileiro têm convivido até hoje de forma muito pacífica.”
“Quinhentos anos após a chegada dos portugueses, é possível encontrar indígenas vivendo no litoral, próximo do
Rio de Janeiro. São guaranis, um povo nômade, de origem tupi, que hoje habita a Serra do Mar. Eles têm
conseguido resistir ao processo de extermínio de sua gente e à ocupação de suas terras. Mesmo depois de séculos
de contato eles têm preservado boa parte de sua cultura.”
“A população indígena no País tem aumentado de forma contínua, a uma taxa de crescimento de 3,5% ao ano.
Esse número tem crescido devido à continuidade dos esforços de proteção do índio, queda dos índices de
mortalidade, em razão da melhora na prestação de serviços de saúde, e de taxas de natalidade superiores à média
nacional.”
relembrando Gramática
Este tempo é usado para falar de uma ação que começou no passado e ainda continua.
Vai acompanhado, geralmente, por expressões do tipo: ultimamente, muitas vezes, nestes dias, etc.
e) – Desde que o ministro foi demitido, ele .......................... (receber) mais de vinte telefonemas
de solidariedade por dia.
– Pois é... quando era ministro ninguém gostava dele, mas desde que começou a receber críticas,
todo mundo ................................ (apoiar)
f) – Agora no inverno, com o frio, meu carro ............................. (dar) problema para pegar.
– Carro a álcool é isso... por isso eu prefiro carro a gasolina.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
a) Tancredo Neves tem morrido de infecção hospitalar. / Muitos políticos têm morrido de infecção
hospitalar.
b) O navio de linha “Federico C” tem transportado turistas que querem festejar o carnaval em pleno
mar. / O navio Titanic tem afundado quando fazia sua viagem inaugural entre a Inglaterra e os Estados
Unidos.
c) Antes de morrer, o primeiro diretor do Masp, Pietro Maria Bardi, tem comparecido a muitas festas. /
Antes de morrer, o primeiro diretor do Masp, Pietro Maria Bardi compareceu a muitas festas.
d) Uma senhora de idade tem sido atropelada com conseqüências fatais neste cruzamento. / Neste
cruzamento tem sido atropelada, em média, uma pessoa por dia.
e) Temos feito muitas horas extras nas últimas semanas a fim de juntar um dinheirinho. / Eles têm feito
muitas horas extras durante o ano passado para poder tirar férias em janeiro.
Etnia Caduca
Lenine
1. Complete a letra com as palavras em negrito da caixa e complete as definições:
_______________ com ____________ Crioulo: Indivíduo negro; Natural de uma região, que não
_____________ com ______________ vem de fora; Nativo do estado do RS; Indivíduo branco
________________ com louro nascido nas colônias européias, principalmente na América.
_______________ com _____________
Nissei: Filho de pais japoneses, nascido na América.
É o camaleão e as cores do arco-íris Pixaim: Carapinha, cabelo crespo e lanoso dos negros.
Na maior muvuca,
Ô... etnia caduca! Curumim: Curumi, menino, rapaz índio.
A dobra e a dobra. O clone da cópia. O xerox da amostra. A versão-beta da mutação. O que seria da
genética, se começasse a ficar tão promíscua quanto a estética? De que cor fica o camaleão quando
se aproxima do espelho?
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 2 Ana Conti Fabian Haim
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Vamos lá!
Português 3
Unidade 3
Sumário da 3ª unidade
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Características da população
História
Estereótipos
Estado Capital
Parará ...........................
Santa Catarina ...........................
Rio Grande do Sul ...........................
Pesquise:
Principal atividade econômica da região.
População.
Pontos turísticos.
Aspectos culturais –comidas, música, vestimenta-
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Língua Brasileira
por Kledir Ramil
Outro dia encontrei um mandinho, um guri desses que andam pela rua sem carpim, de bragueta
1 aberta, soltando pandorga. Eu vinha de bici, descendo a lomba pra ir na lancheria comprar umas
bergamotas...".
Se você não é gaúcho, provavelmente não entendeu nada do que eu estava contando. No Rio
Grande do Sul a gente chama tangerina de bergamota e carne moída de guisado. Bidê, que a
2 maioria usa no banheiro é o nome que nós demos para a mesinha de cabeceira, que em alguns
lugares chamam de criado mudo. E por aí vai. A privada nós chamamos de patente. Dizem que
começou com a chegada dos primeiros vasos sanitários de louça, vindos da Inglaterra, que traziam
impresso "Patent" número tal. E pegou.
Ir aos pés no RS é fazer cocô. Eu acho tri elegante, poético. "Com licença, vou aos pés e já volto".
3 Uma amiga carioca foi passear em Porto Alegre e precisou de um médico. A primeira coisa que ele
perguntou foi: "Vais aos pés normalmente, minha filha?" Ela na mesma hora levantou e começou a
fazer flexão.
O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio
4 de dialetos diferentes.
No Rio é "e aí merrmão! CB, sangue bom! Vai rolá umach paradach". Até eu entender que merrmão
era "meu irmão" levou um tempo. Em São Paulo eles botam um "i" a mais na frente do "n": "ôrra
5 meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo". E no interiorrr falam um erre todo enrolado: "a
Ferrrnanda marrrcô a porrrteira". Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no
inglês é ótima.
Em Mins, quer dizer em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora e qualquer objeto
é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando
6 ouviu um apito, falou apontando as malas: "Muié, pega os trem que o bicho tá vindo".
No nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó é vóinha. E pra você
conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar sempre a primeira sílaba de qualquer
palavra numa nota mais aguda que as seguintes .
Mas o lugar mais curioso de todos é Florianópolis. Lagartixa eles chamam de crocodilinho de
parede. Helicóptero é avião de rosca (que deve ser lido rôchca). Carne moída é boi ralado. Se você
quiser um pastel de carne precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular
orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ôvo eles
7 chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. E tem mais..."BRIÓI" é como
chamam a BR-101. E a pronúncia correta de d+e é "di" mesmo e não "dji" como a gente fala.
Também t+i é "ti" e não "tchi". Dizem que vem da colonização açoriana, mas eu acho que essa
pronúncia vem sendo potencializada pela influência do castelhano, com a invasão de argentinos no
litoral catarinense sempre que chega o verão. Alguma coisa eles devem deixar, além do lixo na
praia.
Em Porto Alegre, uma empresa tentou lançar um serviço de entrega a domicílio de comida chinesa,
o Tele China. Só que um dos significados de china no RS é prostituta. Claro que não deu certo.
8 Imagina a confusão, um cara pede uma loira às 2 da manhã e recebe a sugestão de Frango Xadrez
com Rolinho Primavera. Banana Caramelada! O que é que o cara vai querer com uma Banana
Caramelada no meio da madrugada? Tudo isso é muito engraçado, mas às vezes dá problema
sério.
A primeira vez que minha mãe foi ao Rio de Janeiro entrou numa padaria e pediu: "Me dá um
cacete!!!". Cacete pra nós é pão francês. O padeiro caiu na risada, chamou-a num canto e tentou
9 contornar a situação. Ela ingenuamente emendou: "Mas o senhor não tem pelo menos um
cacetinho?
34
Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Vocabulário
1. Marque no texto os trechos em que predomina a: mandinho é garoto, carpim é meia,
bragueta é braguilha, pandorga é
pipa, bici é bicicleta, lomba é ladeira,
Narração _______________________________________ lancheria é lanchonete
Exposição/descrição _______________________________________________________
Opinião _________________________________________________________________
Crítica ___________________________________________________________________
Gênero Crônica
1. Algumas características deste gênero são:
2. Escolha a opção certa ou complete com o verbo entre parênteses no tempo adequado:
No Brasil, a crônica se consolidou ____________ (perto de - por volta de) 1930 e atualmente
_________________ (adquirir) uma importância maior em nossa literatura graças aos excelentes escritores que
resolveram se dedicar exclusivamente a ela, como Rubem Braga e Luís Fernando Veríssimo, ___________ (além dos –
aliás dos) grandes autores brasileiros, como Machado de Assis, José de Alencar e Carlos Drummond de Andrade, que
também dedicaram seus talentos a esse gênero. ____________ (Todo – Tudo) isso fez com que a crônica
________________ (desenvolver-se) no Brasil de forma extremamente significativa.
Na crônica, segundo Antônio Cândido, "Tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de
divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao
mundo da imaginação. Para voltarmos mais maduros à vida..."
A LARANJA DA CRÔNICA
Carlos Eduardo Novaes
São 25 crônicas que virão a seguir, escolhidas e selecionadas, como frutas para exportação, na plantação
de textos do meu latifúndio literário (24 livros).
O pomar da literatura, vocês sabem, é composto de diferentes espécies: a poesia, que, pela sua
delicadeza, compara à uva; o romance, que, pela sua densidade, me lembra uma jaca (não dá para
comer toda de uma vez e se presta muito para fazer doces e filmes); o conto, que, para ter qualidade,
precisa ser redondo como uma lima; a novela, que, a meio caminho entre o conto e o romance, poderia
ser um melão; e a crônica, que, pela variedade e popularidade, equivale à laranja.
O conto e a crônica, como se vê, são parecidos e às vezes até confundidos sob um olhar apressado. O
conto, como a lima, tem a casca mais fina e pode ser mais agradável a um paladar delicado. A crônica,
casca mais grossa, não requer tantos cuidados para frutificar. Cresce até em publicações periódicas, como
jornais e revistas, mas nem por isso seu valor nutritivo é menor: contém todas as vitaminas necessárias à
formação de um leitor.
As crônicas, como as laranjas, podem ser doces ou azedas; consumidas em gomos ou pedaços, na poltrona
de casa, ou virar suco, espremidas nas salas de aula.
Para quem está começando agora a percorrer os caminhos desse delicioso pomar, devo dizer que as duas
dúzias de crônicas que estou oferecendo (vai mais uma de "quebra") são azedinhas, muito cítricas (ou
críticas), mas, espero, bastante saborosas. Faço votos que vocês se deliciem com elas, que lhes matem a
sede de leitura e – último aviso – não esqueçam de cuspir os caroços.
35
Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Comparação
É a identificação de dois objetos a partir de uma característica que lhes é comum.
Ex. ...a rainha pensou: "Como gostaria de ter uma filha com a pele tão alva como a neve,
os lábios tão vermelhos como o sangue e os cabelos tão negros como a moldura de ébano
da minha janela".
Termos comparativos: como, quanto, tal como/quanto, tão como/quanto, que nem, feito.
Metáfora
É uma comparação em que não se explicitam os termos comparativos, sendo um objeto
apresentado com os valores de outro.
Ex. A menina era bela, tinha pele de neve, lábios de sangue e cabelos de ébano.
Comparações
1.Forme frases usando as comparações a seguir:
Metáforas
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Deixando o Pago
Vitor Ramil - João Da Cunha Vargas
Jogo do dicionário!
2. Em duplas: Criem definições para 3 das seguintes palavras retiradas da canção. Leiam
em voz alta sem dizer a que palavras correspondem para os colegas adivinharem.
3. Responda:
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Fonte: Leonardo Hutamárty, “Ilhas das Flores: Análise crítica e discursiva” (fragmento)
1. Depois de assistir o curta, escreva cinco palavras que na sua opinião descrevem o
filme. Compare com as dos colegas e conversem sobre as semelhanças e diferenças.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
"Sem dúvida alguma, os 12 minutos mais potentes do cinema brasileiro. (...) O texto é dirigido em tom irônico
por Jorge Furtado a 'extraterrestres' - que desconhecem tudo sobre os seres humanos, seu planeta, seus
sistemas econômicos, suas crenças, suas prioridades, seu conceito de liberdade. No fundo, Jorge Furtado e
equipe (a turma da Casa de Cinema de Porto Alegre) promovem densa reflexão sobre o destino do homem
pobre, aquele que não conquistou seus direitos de cidadão, e por isso disputa o lixo com porcos."
(Maria do Rosário Caetano, Jornal do MEC, Brasília, outubro/1998)
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
"ILHA DAS FLORES encantou as inteligências médias e globais dos artistas nacionais. Trata-se de uma obra
redundante, demagógica, apelativa e incapaz de permitir a atividade do intelecto alheio. (...) Não há uma só
novidade de conteúdo em ILHA DAS FLORES. Formalmente, é uma cartilha para analfabetos. A cena em que
as pessoas recolhem lixo é capaz de superar os piores programas globais em chantagem emocional. A
burguesia presente em Gramado delirou. (...) Usa-se um chavão sobre a liberdade, 'termo inexplicável mas de
decodificação universal', ou qualquer coisa que o valha (...) para dar o fecho de ouro. O 'efeito Collor' funcionou
outra vez."
(Juremir Silva, Zero Hora, Porto Alegre, 17/06/1989)
"O único documentário entre os 13 curtas selecionados zomba do seu próprio gênero. Desmonta com
originalidade e vigor criativo o discurso paternalista que fundamenta a maioria dos documentários brasileiros
(...), com uma narrativa engenhosa que segue num crescendo de tirar o fôlego. (...) ILHA DAS FLORES é o
resultado de uma alquimia muito especial, onde tudo dá certo. É um curta bem humorado, sem com isso
transformar a desgraça (...) em matéria de riso. Jorge Furtado inventa assim o documentário crueldade."
(Maria do Rosário Caetano, Correio Braziliense, Brasília, 17/06/1989)
"O melhor filme (do) Festival de Gramado dura menos de 20 minutos e narra a trajetória de um tomate. Depois
da exibição de ILHA DAS FLORES, o Cine Embaixador ouviu a maior ovação deste ano. Todos os outros curta
metragistas que esperavam levar o Kikito de melhor filme ficaram de cabeça baixa. (...) Não há dúvida: ILHA
DAS FLORES é uma obra-prima. Depois dele, o documentário nunca mais será o mesmo."
(Artur Xexéo, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17/06/1989)
"Hoje à noite, Jorge Furtado vai subir ao palco do Palácio dos Festivais para receber o seu Kikito de melhor
curta-metragista em Gramado. (...) Se isso não acontecer, entrarão em ação a polícia, os bombeiros, o Exército,
a Marinha e até os escoteiros-mirins. Seria uma injustiça, um roubo, um acinte, uma vergonha. O seu ILHA DAS
FLORES, apresentado anteontem, é a coisa mais original produzida pelo cinema brasileiro nos últimos dez
anos, pelo menos. E isso é o mínimo que se pode dizer."
(O GLOBO, Rio de Janeiro, 17/06/89)
"A diferença entre Furtado e os outros novos cineastas está exatamente aí: o diretor conhece seu público como
a palma da mão, e sabe o que pode e o que não vai agradar aos jovens. (...) Mas a verdadeira marca pessoal
do autor está na emoção: ninguém dentre os espectadores pode sair de um filme de Jorge Furtado sem pensar.
A proeza dele é conseguir falar do tema que quiser (miséria, futebol, prisão) para um público pouco seletivo e,
mesmo assim, fazê-lo refletir. Ponto para Furtado."
(Marco Fogel, CINE IMAGINÁRIO, Rio de Janeiro, agosto/89)
"Nunca houve uma cena semelhante nas 16 edições anteriores do Festival de Gramado: toda a plateia que
superlotava o Palácio dos Festivais aplaudindo de pé e histericamente um curta metragem. (...) O Filme ILHA
DAS FLORES, de 13 minutos de duração, bateu no Festival com o vigor de um CIDADÃO KANE: é novo,
original, engraçado, contundente e, finalmente, emocionante, ao fechar se com uma citação de Cecília Meirelles:
'liberdade é um palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não
entenda'."
(Edmar Pereira, Jornal da Tarde, São Paulo, 17/06/1989)
"Abrindo o programa, e muito mais surpreendente, o curta brasileiro Ilha das Flores, que através de uma
narração sarcástica constrói uma pirâmide de informações que envolvem a jornada de um tomate da plantação
ao lixo. Dirigido por Jorge Furtado, o filme parece fácil e irreverente em seu início, mas é construído num
crescendo de indignação que faz com que alcance o seu real propósito".
(Janet Maslin, New York Times, 1991)
3. Redija sua própria resenha crítica do curta. Nela, você pode incluir análise dos
recursos empregados, síntese do enredo, sensações que o curta gera, ideias que suscita,
comparação com outros filmes ou com obras literárias/artísticas, etc.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
Em 1982, a cobiça humana produziu uma de seus mais famosos episódios: em nome do
progresso econômico (construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu), foi destruído um dos
principais cartões-postais do Brasil e do mundo, Sete Quedas.
Hoje em dia, duvida-se que, com tanta consciência ambiental, fosse possível tamanha
arbitrariedade. Evidentemente, haverá os que dirão que Itaipu é a principal hidrelétrica
brasileira, uma das maiores do mundo. Mas, certamente, o mal causado a um patrimônio
natural que orgulhava todos os brasileiros, e que foi perdido para sempre, é irremediável.
1. Parafraseie o texto todo, isto é, redija um novo texto com as mesmas informações,
mas empregando outras palavras e estruturas. As modificações podem ser tanto léxicas
(uso de sinônimos, palavras gerais) quanto sintáticas ou gramaticais: mudança da voz
(ativa/passiva), transformação de verbos em nomes (substantivos) ou advérbios,
mudança dos conetivos ou modalizadores. Veja alguns exemplos, da frase sublinhada:
É difícil imaginar que na atualidade, e considerando a maior consciência do meio
ambiente que temos, pudesse ser realizada uma obra tão injustificada.
A importância do cuidado do ecossistema de que hoje somos cientes tornaria improvável
que episódios como esse fossem realizados.
Ditados gaúchos
1. Ligue as colunas para formar os ditados:
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
2 Opiniões
Você já deve ter lido que uma das principais bandeiras dos farroupilhas foi o separatismo, quer dizer, eles
defendiam a ideia de tornar o Rio Grande do Sul independente do Brasil. Esse ideal ainda permanece, por
exemplo, no Movimento O Sul é o Meu País.
O que James responde? Tome nota só daquilo que você achar importante:
a. O movimento pode ser considerado preconceituoso? __________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
b. Como reagem as pessoas quando conhecem o movimento? _____________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
c. A união sul-brasileira é viável? _____________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
d. Tem um prazo previsto para a criação do país união sul-brasileira? _______________________________
________________________________________________________________________________________
2. Até aqui... o que você pensa sobre o separatismo? Você conhece outros movimentos
separatistas? Escreva um texto dando sua opinião.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
sentimento de não ser ou não querer ser brasileiro tantas vezes manifesto pelos rio-grandenses, seja em
situações triviais do cotidiano, seja na organização de movimentos separatistas.
A sério ou de brincadeira, sempre se falou muito no Rio Grande do Sul em sermos um “país à parte” (nossa
bandeira atual é a mesma de quando os revolucionários farroupilhas separaram o estado do resto do país.
Vale no entanto dizer que, apesar da imagem que ficou para a história, os farroupilhas não eram separatistas
no início de seu movimento). Por ter sempre acreditado que entre falar e sentir havia uma distância enorme,
a realidade do meu sentimento era agora perturbadora. Significava que eu não precisava sair à rua pregando
o separatismo: eu já estava, de fato, separado do Brasil.
Naquela época, passagem dos anos 80 para os 90, esse tema do “país à parte” estava mais uma vez em
voga, e não se poderia encontrar em outra região do país, como ainda hoje não se pode, um povo mais
ocupado em questionar a própria identidade que o riograndense. Com isso, o gauchismo e os movimentos
separatistas estavam em alta, estes últimos a reboque dos freqüentes protestos de políticos contra o governo
federal pela precária situação econômica do estado, manifestações que, muitas vezes, traziam à tona a
retórica dos revolucionários do século XIX.
Abro parêntese para comentar o que chamei de gauchismo.
É difícil que as regiões se conheçam bem em um país tão grande como o Brasil. Acabam sempre lançando
mão de estereótipos e fixando uma imagem imprecisa umas das outras. A mídia nacional, situada no centro
geográfico, enfrenta a mesma dificuldade e, ao tentar dar conta da diversidade, adota os estereótipos
regionais, o que termina por reforçá-los. Neste processo, distorções muitas vezes se estabelecem como
definições de cores locais.
A palavra gaúcho é, hoje em dia, um gentílico que designa os habitantes do Rio Grande do Sul, e o
estereótipo do gaúcho é um dos mais difundidos nacionalmente, se não o mais difundido: misto de homem
do campo e herói, que o escritor brasileiro Euclides da Cunha, em seu clássico Os Sertões, definiu como
essa existência-quase-romanesca. Popularmente, é visto como valente, machista, bravateiro; um tipo que
está sempre vestido a caráter e às voltas com o cavalo, o churrasco e o chimarrão.
Originalmente, gaúcho é o rio-grandense do interior, que trabalha a cavalo em fazendas de criação de gado,
o mesmo personagem que, no passado, participou das guerras e revoluções em que o estado se envolveu. É
um tipo comum aos vizinhos Uruguai e Argentina, com a diferença de que nesses países gaucho (gaúcho) é
simplesmente o homem do campo, nunca um gentílico que designe os habitantes dos centros urbanos. É
significativo que, no variado leque de tipos regionais brasileiros, esse mesmo gaúcho tenha se estabelecido
como marca de representação de todos os rio-grandenses, justamente ele, que nos vincula aos países
vizinhos, que nos “estrangeiriza”.
Já o gauchismo ou tradicionalismo é um amplo movimento organizado que, transitando entre a realidade da
vida campeira e seu estereótipo, procura difundir em toda parte o que considera a cultura do gaúcho. O
empenho de grupos tradicionalistas em legitimar esse personagem e seu mundo como nossa verdadeira
identidade, e a vinculação histórica do gaúcho aos heróis da Guerra dos Farrapos contribuem de forma
decisiva para que o estereótipo seja largamente assumido pelos rio-grandenses como imagem de
representação. No estado e no país quase já não se fala em rio-grandense, mas em gaúcho.
À parte sua real significação, o gaúcho é um símbolo que, em especial nos momentos em que a auto-
afirmação se faz necessária, está sempre à mão, assim como o sentimento separatista.
Falando em identidade e separação, fecho parêntese e volto a Copacabana.
Um carnaval acontecer e ser noticiado com tanta naturalidade em pleno junho me levou a pensar nas regiões
do “calor” brasileiro, sua gente e seus costumes, e a conectá-las com o cotidiano do Rio de Janeiro. O
espírito da festa podia não repercutir em mim, mas certamente repercutia na maior parte da minha
vizinhança carioca e Brasil acima. Apesar de toda a diversidade, eu via no Brasil tropical (generalizo assim
para me referir ao Brasil excetuando sua porção subtropical, a Região Sul) linguagens, gostos e
comportamentos comuns como sua face mais visível. Sua arte, sua expressão popular trazia sempre como
pano de fundo o apelo irresistível da rua, onde o múltiplo, o variado, a mistura que a rua evoca ganhavam
forma, sendo a música e o ritmo invariavelmente um convite à festa, à dança e à alegria de uma gente
expansiva e agregadora. Havia, de fato, uma estética que se adequava perfeitamente ao clichê do Brasil
tropical. E se não se poderia afirmar que ela unificava os brasileiros, uma coisa era certa: nós, do extremo
sul, éramos os que menos contribuíam para que ela fosse o que era. O que correspondia tão bem à idéia
corrente de brasilidade, falava de nós, mas dizia muito pouco, nunca o fundamental a nosso respeito. Ficava
claro por que nos sentíamos os mais diferentes em um país feito de diferenças.
Se minha identidade, de repente, era uma incerteza, por outro lado, ao presenciar as imagens do frio serem
transmitidas como algo verdadeiramente estranho àquele contexto tropical (atenção: o telejornal era
transmitido para todo o país) uma obviedade se impunha como certeza significativa: o frio é um grande
diferencial entre nós e os “brasileiros”. E o tamanho da diferença que ele representa vai além do fato de que
em nenhum lugar do Brasil sente-se tanto frio como no Sul. Por ser emblema de um clima de estações bem
definidas – e de nossas próprias, íntimas estações; por determinar nossa cultura, nossos hábitos, ou
movimentar nossa economia; por estar identificado com a nossa paisagem; por ambientar tanto o gaúcho
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 3 Ana Conti Fabian Haim
existência-quase-romanesca, como também o rio-grandense e tudo o que não lhe é estranho; por isso tudo é
que o frio, independente de não ser exclusivamente nosso, nos distingue das outras regiões do Brasil. O frio,
fenômeno natural sempre presente na pauta da mídia nacional e, ao mesmo tempo, metáfora capaz de falar
de nós de forma abrangente e definidora, simboliza o Rio Grande do Sul e é simbolizado por ele.
Precisamos de uma estética do frio, pensei. Havia uma estética que parecia mesmo unificar os brasileiros,
uma estética para a qual nós, do extremo sul, contribuíamos minimamente; havia uma idéia corrente de
brasilidade que dizia muito pouco, nunca o fundamental de nós. Sentíamo-nos os mais diferentes em um
país feito de diferenças. Mas como éramos? De que forma nos expressávamos mais completa e
verdadeiramente? O escritor argentino Jorge Luís Borges, que está enterrado aqui em Genebra, escreveu: a
arte deve ser como um espelho que nos revela a própria face. Apesar de nossas contrapartidas frias, ainda
não fôramos capazes de engendrar uma estética do frio que revelasse a nossa própria face.
Formado pelos estados do Parana, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Sul do Brasil
reune as mais lindas paisagens serranas e litoraneas, todas elas cativantes. Tipica região
que não nega suas raizes, as cidades sulistas conquistam os viajantes por aspectos
unicos como o charme de Curitiba, o frio aconchegante e a atmosfera romantica de
Gramado, as tradições de Joinville e Blumenau, o clima praiano da badalada
Florianopolis, a modernidade de Porto Alegre e os excelentes vinhos e vinicolas de
Bento Gonçalves. Estes são alguns dos motivos que fazem do Sul do Brasil um dos
destinos mais procurados por turistas do mundo inteiro.
3. Em duplas: Um de vocês quer fazer uma viagem ao Sul do Brasil. Liga para a agência para
pedir orientação e consultar sobre preços, pacotes, passeios, hospedagem, transporte, etc.
Complemento direto
Espanhol / Português
O verbo conquistar é transitivo direto, isto é, vai ligado diretamente ao complemento (sem
preposição) sem importar se o complemento é um objeto ou um ser animado. Em espanhol,
quando o complemento tem traço humano, vai anteposto por preposição:
Espanhol Português
Conquistó su corazón Conquistó al público Conquistou seu coração Conquistou o público
Visitamos esa ciudad Lo visitamos a Jorge Visitamos essa cidade Visitamos (o) Jorge
¿Conocés el Museo? ¿La conocés a mi prima? Você conhece o Museu? Você conhece minha prima?
1. Crie frases curtas nos dois idiomas com os verbos VER, LEVAR, ENCONTRAR, PREJUDICAR:
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Vamos lá!
Português 3
Sumário da 4ª unidade
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Características da população
História
Estereótipos
Estado Capital
Pesquise:
Principal atividade econômica da região.
População.
Pontos turísticos.
Aspectos culturais –comidas, música, vestimenta-
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
48
Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
c d
e f
2. Escreva um texto descritivo de alguma das imagens usando suas palavras e as de seu
colega.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Calamidade pública
Caio Fernando Abreu
Nunca na minha vida casei, mas – imagino – minha relação com São Paulo é igual a um casamento.
Atualmente, em crise. Como conheço bem esse laço, sei que apesar das porradas e desacatos, das queixas e
frustrações, ainda não será desta vez que resultará separação definitiva. No próximo, posso dormir no sofá ou num
hotel no fim de semana, mas acabo voltando. Na segunda-feira, volto brava e masoquistamente, como se volta
sempre para um caso de amor desesperado e desesperançado, cheio de fantasias de que amanhã ou depois, quem
sabe, possa ter conserto. Este, amargamente, não sei se terá.
Porque está demais, querida Sampa. E sempre penso que pode ser este agosto, mês especialmente dado
a essas feiúras, sempre penso que pode ser o tempo, tão instável ultimamente, sempre penso que poder ser
qualquer coisa de fora, alheia à alma da cidade – para que seja mais fácil perdoar, esquecer, deixar pra lá. Não sei
se é. As calçadas e as ruas estão esburacadas demais, o céu anda sujo demais, o trânsito engarrafado demais, os
táxis tão hostis a pobres pedestres como eu ... Cada vez é mais difícil se mexer pelas ruas da cidade – e mais
penoso, mais atordoante e feio.
Feio é a palavra mais exata. A feiúra desabou sobre são Paulo feito as pragas desabavam dos céus,
biblicamente. Uma feiúra maior, mais poderosa e horrorosa que a das gentes, que a das ruas. Uma feiúra que é
talvez a soma de todas as pequenas e grandes feiúras aprisionadas na cidade, e que pairam então sobre ela, sobre
nós, feito uma aura. Aura escura, cinza, marrom, cheia de fuligem, de pressa, miséria, desamor e solidão.
Principalmente solidão, calamidade pública.
Fico fazendo medonhas fantasias futuristas. Lá pelo ano 2.000, pegue Blade Runner, elimine Harrison Ford
e empobreça mais -muito, muito mais-, encha de mendigos morando pelas ruas. Encha com gangs de pivetes
armados até os dentes, assaltando e matando, imagine incêndios incontroláveis, edifícios abandonados ocupados
por multidões sem casa. Por sobre tudo, espalhe um ar irrespirável, denso de monóxido de carbono, arsênico e sei
lá quais outros venenos que li outro dia no jornal que o ar de São Paulo tem. Nem luz nas lâmpadas, nem água nas
torneiras. E filas – muito maiores que essas de agora – para conseguir leite, carne, pão, arroz, feijão. Imagine em
cada figura cruzada em cada esquina a possibilidade de um assassino. E em cada olhar mais demorado a sombra
da morte, não do encontro ou da solidariedade.
Ah, heavy Sampa... Vacilo um pouco em pedir a ação da prefeitura e dos políticos. Pela minha cabeça
passa, intuitiva e espontaneamente, que tudo só pode ficar pior, à medida que o século e a miséria avançarem. E,
se vocês elegerem Maluf para governador, juro: mudo de cidade. Acabo de vez este casamento, porque acredito
ainda em certas coisas bem limpinhas que quero preservar em mim. E isso eu não vou permitir, querida Sampa: que
nenhuma cidade, pessoa ou instituição acabe com essas coisas muito clarinhas e muito limpinhas (talvez por isso
meio bobas, mas que se há de fazer?. São elas que me mantêm vivo) resistindo aqui dentro de mim.
Antes de ficar feio, violento e sujo feito você anda, peço o desquite. Litigioso, aos berros. Vou pra não
voltar: falar mal de você na mesa mais esquecida daquele canto mais escuro e cheio de moscas, no bar mais
vagabundo do mais brega dos subúrbios de Asunción, Paraguai.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
E foste _________________________________________________
Afasto o que ___________________________________________
E quem vem de _________________________ feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de ______________________
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
“Sampa” surgiu em razão de um programa sobre São Paulo, realizado pela TV Bandeirantes,
para o qual o produtor encomendara um depoimento a Caetano. Então, Caetano teve a ideia de
fazê-lo sob a forma de uma canção, com uma longa letra em que expunha suas impressões
sobre a cidade, canção que ele comporia em poucos minutos e que gravaria e, vídeo já no dia
seguinte. A letra de “Sampa” registra referências a muita coisa que o autor considera importante
na cidade como a poesia concreta dos irmãos Campos, as figuras de Rita Lee e os Mutantes e,
em seu arremate, a declaração “e novos baianos te podem curtir numa boa”, cantada sobre a
frase melódica final do samba “Ronda” de Paulo Vanzolini, o que é um achado. Além de difundir
a sigla, que o povo consagrou, “Sampa” impressiona como uma sincera homenagem do artista à
cidade que o acolheu no início de sua carreira. Por exemplo, a esquina das avenidas Ipiranga e
São João, que a canção converte numa referência na MPB, deve-lhe trazer boas recordações,
pois fica apenas a algumas dezenas de metros do apartamento da Avenida São Luís, onde ele
morou na época. Quase um hino a São Paulo, com suas descrições, citações e reflexões.
“Sampa” criou laços definitivos entre o poeta e a cidade, impondo-se como peça obrigatória em
seu repertório, sempre que ele a visita.
Gramática
Repare!
As palavras salientadas são Pronomes Relativos. Elas fazem referência a algo já
mencionado.
Quem (invariável, só usado para pessoas, sempre precedido por uma preposição,
exemplo: a, contra, por, para, etc.)
Ex: O escritor de quem eu te falei lançou mais um livro.
O rapaz com quem eu saí ontem era italiano.
Estes pronomes, quando precedidos de preposição, podem ser substituídos por o qual, a qual, os
quais, as quais segundo o gênero e número da palavra que substituir:
Ex: O homem com o qual falei era o gerente. (= com quem)
A estrada pela qual passei era deserta. (= por onde)
Não podemos, em português, usar o pronome QUE antecedido de artigo
Comprei o cd de que te falei ontem. Não: comprei o cd do que te falei ontem.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Praticando
1. Complete com o pronome conveniente e, caso necessário, a preposição que o verbo exige:
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
a. Na cidade de São Paulo as pessoas mal se entendem, tal é a mistura de sotaques que reúne.
b. Na cidade de São Paulo moram pessoas de muitas regiões do Brasil.
c. Não é possível definir o idioma paulistano uma vez que é formado por muitas variantes.
d. A diversidade cultural de São Paulo faz da cidade um lugar muito interessante para os estrangeiros.
2. Responda: Bate-papo!
a. São Paulo se parece com alguma cidade do seu país de origem? Em quê?
b. Por que será que São Paulo reúne pessoas de tantos lugares?
c. Que expressões próprias de diferentes províncias ou regiões da Argentina você conhece?
Repare!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Praticando
1. Complete com os verbos entre parênteses no futuro do subjuntivo:
a) – Marcelo, adianta dizer a verdade neste caso? Não adianta, não. Diga o que disser, ninguém
vai acreditar.
b) – Marisa, você ainda não desistiu do apartamento? Não desisti, não. (custar) _______________
c) – André, você não vai mudar de ideia? Não vou, não. (haver) ____________________________
d) – Doutor, o telefone está tocando. O senhor pode atender? Não posso, não. (ser) ____________
e) – Você acha que Luís será feliz lá no Pará? Não acho, não. (estar) ________________________
3. Faça frases usando os verbos na caixa, conforme o exemplo. Use diferentes conjunções:
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Falar sobre o Rio com originalidade não é difícil porque é uma cidade cheia de encantos.
A cidade se estende das praias até as montanhas
No Rio, os prédios de categoria e as favelas ficam muito próximos
O Rio foi a capital do Brasil só durante o império
O ar cosmopolita da cidade atraiu a corte portuguesa
O hotel Copacabana Palace foi inaugurado em 1926
Esse hotel foi inspirado em hotéis franceses
O Rio foi capital do Brasil até 1960
Depois da mudança da capital, o centro econômico continuou sendo o Rio
Milhares de pessoas visitam o Rio a cada mês
J. Carino
Entre o mar e a montanha Muitas vezes me sinto sem eira nem beira:
minh´alma de poeta fica por um fio: ____________________
RIO
Ai, Dona Tristeza, suma, vá pra lá:
Vida agitada, confusão maluca: ____________________
____________________
Tiro, assalto, fugas – um Armagedon:
Odeio o trabalho, quero praia e não agüento: ____________________
____________________
Não obstante, luto, sonho, tenho garra:
Eis a brisa do mar e a garota que é poema: ____________________
____________________
Saudade do que fiz e do que fazer não pude:
Suburbano sou, orgulhoso, confesso: ____________________
____________________
Ah, cidade que eu amo e que não me engana:
Formado em samba, eis o meu anel: ____________________
____________________
Minha cidade, quem te tem não troca:
Protegei-me, Santa Virgem, tenha pena, tenha: sou e serei para sempre
____________________ carioca.
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Carnaval no fogo
Crônica de uma cidade excitante demais
Ruy Castro
Contando o período de 1640 a 1763, em que dividiu responsabilidade com a Bahia, o Rio foi a capital do
Brasil durante 320 anos –até1960, quando se inaugurou Brasília, um parque temático dedicado à política e
aos negócios. Por todo esse tempo, o Rio foi também a porta oficial do país e seu principal símbolo. À
simples visão de imagens como o Pão de Açúcar, as calçadas de Copacabana, o Cristo Redentor ou o
estádio do Maracanã, qualquer estrangeiro sabia de que país se tratava. Isso não mudou com a perda da
condição de capital: o Rio ainda é a cidade pela qual o mundo identifica o Brasil.
O que tem um lado positivo e um lado negativo. Pelo fato de a geografia não ser uma das disciplinas favoritas
da humanidade, qualquer coisa, boa o ruim, que aconteça nos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do país
costuma ser vista, no exterior, como se passando aqui. Uma floresta pega fogo na Amazônia e imagina-se
que alguém no Rio tem a ver com isso –ninguém é obrigado a saber que o Rio fica mais distante de Manaus
do que Lisboa de Moscou. Pelo mesmo motivo, há quem acredite que o carioca se engalfinha à luz do dia
com jacarés no asfalto ou que cobras penetram nos apartamentos e se enroscam nas pernas de velhinhas
tricotando. É evidente que isso não acontece, mas é reconfortante saber que, de fato, em alguns bairros mais
secretos e sedutores do Rio, como o Horto, a Gávea, a Urca e o Cosme Velho, todos próximos das matas e
ainda cheios de casas com varanda e quintal, podem-se ver bandos de saguis pendurando-se nos fios
elétricos ou confraternizando com os moradores a meio metro de suas janelas.
Gramática
Na última semana de fevereiro de 2003, bandidos ligados ao narcotráfico desencadearam uma onda de
violência no Rio. Quadrilhas incendiaram ônibus nos subúrbios, trocaram tiros com a polícia nos morros
e protagonizaram perseguições de cinema das vias expressas. A cidade ficou apreensiva. O Carnaval
estava às portas e o Rio esperava centenas de milhares de turistas. Os hotéis registravam uma taxa
recorde de reservas, a meteorologia prometia para os cinco dias um sol de derreter catedrais e o
carioca já entregara sua alma à Brahma –a cerveja, não o deus. Na imprescindível tarefa de esquentar
os couros, blocos carnavalescos começavam a sair às ruas, embora, pelo calendário, aqueles ainda
____________ (ser) dias de trabalho.
Na segunda-feira anterior à festa, em represália ao endurecimento da prisão de seu chefe, pivetes em
motocicletas tentaram forçar os comerciantes de certos bairros a fechar as lojas. Cinco meses antes,
em setembro de 2002, já ___________________ (fazer) isso, com sucesso.
a) Na última semana de fevereiro de 2003, uma onda de violência foi desencadeada no Rio (por
bandidos ligados ao narcotráfico).
b) Na última semana de fevereiro de 2003, desencadeou-se uma onda de violência no Rio.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
CARIOCAS
Adriana Calcanhoto
modernos
dourados
atentos
1. Complete a letra com as palavras da caixa: diretos
espertos
Cariocas são .............................., Cariocas nascem ......................., sotaque
Cariocas são .............................., Cariocas nascem ......................., bonitos
Cariocas são .............................., Cariocas têm ..........................., sacanas
Cariocas são .............................., Cariocas são ............................, bambas
Cariocas são .............................., Cariocas são ............................, sexys
Cariocas são .............................., Cariocas são tão ......................., claros
Cariocas são .............................., Cariocas são tão .......................,
bacanas
Cariocas não gostam de dias nublados. Cariocas não gostam de sinal fechado.
craques
alegres
2. Usando de modelo esta música, descreva os portenhos.
O Verdadeiro José
L. F. Veríssimo
José morreu, com justeza poética, num avião da Ponte Aérea, a meio caminho entre São Paulo e
Rio. Coração. Morreu de terno cinza e gravata escura, segurando a mesma pasta preta com que
desembarcava no Santos Dumont todas as segundas feiras, durante anos. Só que esta vez a pasta
preta desembarcou sobre o seu peito, na maca, como uma lápide provisória.
- O velho Paulista... - disseram seus colegas de trabalho, no velório, lamentando a perda do
companheiro tão sério, tão eficiente, tão trabalhador. Seu apelido no Rio era Paulista.
A mulher e o filho de 18 anos mantiveram uma linha de sóbria resignação durante todo o velório.
Aquele era o estilo de José. Nada de arroubos ou demonstrações de sentimento. Sobriedade. Foi
idéia do filho que o enterrassem de colete.
- A verdade - cochichou um dos sócios de José na empresa - é que ele nunca se adaptou aos
hábitos cariocas...
- Sempre foi um paulista desterrado - concordou alguém.
- Desterrado?- estranhou um terceiro. - Mas vivia lá e cá...
Foi nesse ponto que entraram no velório, aos prantos, uma senhora e uma moça, ambas vestindo
jeans iguais e carregando as grandes bolsas de couro com que tinham viajado de São Paulo.
- Carioca! - gritou a mais velha, precipitando-se na direção do caixão. - É você, Carioca?
- Papai! - gritou a mais moça, debruçando-se sobre o solene defunto.
Consternação geral.
Dr. Lupércio, o advogado da família, conseguiu que as duas mulheres de José se reunissem em
algum lugar afastado da câmara ardente. O mais difícil foi arrancar a segunda mulher - na ordem
de chegada ao velório - de cima do caixão. Em pouco tempo confirmou-se o óbvio. José tinha
outra família em São Paulo. A filha tinha 15 anos. A mulher do Rio foi seca:
- A legítima sou eu.
- Meu bem... - começou a dizer a outra.
- Não me chame de seu bem. Nós nem nos conhecemos.
- Calma, calma - pediu o Dr. Lupércio.
- Agora eu sei por que o Carioca nunca quis me trazer ao Rio... - disse a outra.
- O nome dele é José. Ou era, até acontecer isto - disse a primeira, não se sabendo se falava da
morte ou da descoberta da segunda família.
- Lá em São Paulo toda a turma chama ele de Carioca.
- "Turma?" - estranhou a primeira. No Rio eles não tinham turma. Raramente saíam de casa. Um ou
outro jantar em grupo pequeno. Concertos, às vezes. Geralmente estavam na cama antes das dez.
Na câmara ardente, o filho de José evitava o olhar da sua meia-irmã. Os dois eram parecidos.
Tinham os traços do pai. A moça, com os olhos ainda cheios de lágrimas, comentara que aquela
era a primeira vez que via o pai de gravata. O filho ia dizer que não se lembrava de jamais ter
visto o pai sem gravata, mas achou melhor não dizer nada.
Era uma situação constrangedora.
- Pobre do papai - disse a moça, soluçando. - Sempre tão brincalhão...
O filho entendia cada vez menos.
O apelido dele, em São Paulo, era Carioca. Descia em Congonhas todas as quintas-feiras de
camiseta esporte. No máximo com um pulôver sobre os ombros. Uma vez chegara até de bermudas
e chinelos de dedo. Gostava de encher o apartamento de amigos, ou sair com a turma para um
restaurante ou uma boate. E se alguém ameaçasse ir embora, dizendo que "Amanhã é dia de
trabalho", ele berrava que paulista não sabia viver, que paulista só pensava em dinheiro, que só
carioca sabia gozar a vida. Com sua alegre informalidade, fazia sucesso entre os paulistas.
Inclusive nos negócios, apesar do mal-estar que causava sua camisa aberta até o umbigo, em
certas salas de reuniões.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Todas as segundas-feiras voava para o Rio. Dizia que precisava pegar uma praia, respirar um
pouco.
- Você não estranhava quando ele voltava do Rio branco daquele jeito? -perguntou a legítima.
- Ele dizia que não adiantava pegar cor na praia, ficava branco assim que pisava em Congonhas -
disse a outra.
As duas sorriram. Mais tarde, em casa, o Dr. Lupércio refletiu sobre o caso.
- Um herói de dois mundos - sentenciou.
A mulher, como sempre, não estava ouvindo. O Dr. Lupércio continuou:
- No Rio, era o paulista típico. Uma caricatura. Sim, é isto!
O Dr. Lupércio sempre se agitava quando pegava uma tese no ar com seus dedos compridos. Era
isso. No Rio, ele era uma caricatura paulista. A imagem carioca do paulista. Em São Paulo, era o
contrário.
- E mais. Quando fazia o papel do paulista proverbial, no Rio, era gozação.
Quando fazia o carioca em São Paulo, era estratégia de venda.
O advogado, no seu entusiasmo, apertou com força o braço da mulher, que disse "Ai, Lupércio!".
- Você não vê? Ele estava sendo cariocamente malandro quando fazia o paulista, e paulistamente
utilitário quando fazia o carioca. Um gigolô do estereótipo! Uma síntese brasileira! Mas qual dos
dois era o verdadeiro José?
Duas viúvas dormiam sozinhas. A do Rio sem o seu José, aquela rocha de critérios e
responsabilidades em meio à inconseqüência carioca. A de São Paulo sem o seu Carioca, aquele
sopro de ar marinho no cinza paulista. As duas suspiraram.
1. A partir das características apresentadas no texto, defina as cidades de São Paulo e Rio de
Janeiro e seus habitantes.
2. Seu colega recebeu a proposta de ir trabalhar ao Brasil. Ele pode escolher entre São Paulo e
Rio de Janeiro, mas como não conhece nenhuma das duas cidades, pediu o seu conselho.
a) Faça perguntas sobre seus gostos, costumes, preferências, etc. Por exemplo: Você gosta de
sair à noite? Você se considera uma pessoa calma? Você tem muitos amigos?
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
O movimento modernista, que influenciou tanto as artes plásticas, quanto a literatura e o teatro, teve
início com a Semana de Arte Moderna de 1922. O evento, realizado em São Paulo, fez parte das
festividades em comemoração ao centenário da Independência do Brasil e, embora na época não tenha
tido grande repercussão, sua importância foi reconhecida com o passar dos anos.
Na literatura, as principais características do Modernismo foram:
Oswald de Andrade
Foi um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil e autor dos mais importantes
manifestos modernistas: Manifesto da Poesia Pau-Brasil e Manifesto Antropófago.
Pronominais
Erro de português
Dê-me um cigarro
Diz a gramática Quando o português chegou
Do professor e do aluno Debaixo de uma bruta chuva
E do mulato sabido Vestiu o índio
Mas o bom negro e o bom branco Que pena!
Da Nação Brasileira Fosse uma manhã de sol
Dizem todos os dias O índio tinha despido
Deixa disso camarada O português.
Me dá um cigarro
(Primeiro caderno de poesia do aluno Oswald de Andrade, 1927)
(Pau-Brasil, 1925)
Manuel Bandeira
Manuel Bandeira foi o poeta brasileiro mais lírico e límpido do século XX. Era tanto o mestre da técnica,
o cultor da forma, como o iluminado de epifanias. Senhor de uma composição perfeitamente harmônica e
de extremo despojamento, foi também um lúcido espírito crítico - nos poemas e na prosa de
memorialista, historiador, cronista, articulista, ensaísta. Combativo, não fugia a desafios e polêmicas, o
que contraria a imagem de fragilidade que dele se costuma ter. Convivendo com várias gerações de
escritores, absorvendo ou rejeitando proposições estéticas, jamais traiu sua sensibilidade ou suavizou o
seu juízo crítico.
Poética e poesia em Manuel Bandeira (2004. 237 pp.), Ruy Espinheira Filho
O bicho Pneumotórax
Vi ontem um bicho Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
Na imundice do pátio A vida inteira que podia ter sido e que não foi,
Catando comida entre os detritos. Tosse, tosse, tosse.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava: Mandou chamar o médico:
Engolia com voracidade. - Diga trinta e três.
O bicho não era um cão, - Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
Não era um gato, - Respire.
Não era um rato. ...................................................................................
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
O bicho, meu Deus, era um homem pulmão direito infiltrado.
(Belo belo, 1948)
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Prefácio do autor para a “Antologia poética” (organizada pelo autor), publicado por primeira vez em 1962
No meio do caminho
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 4 Ana Conti Fabian Haim
Muitas vezes, um texto cita, explicitamente ou não, outro texto. O autor cria assim uma relação entre o
seu texto e um texto já existente e a função de tal recurso pode ser tanto a de recriar com suas próprias
palavras a forma ou o conteúdo do texto original (paráfrase) quanto a de criticar através da ironia o
modelo retomado (paródia). Ou seja, a intertextualidade serve para dar continuidade a uma ideia ou
para subvertê-la.
Para o leitor poder identificar o jogo intertextual, é necessário que compartilhe com o autor o
“conhecimento de mundo”, isto é, que conheça o texto aludido.
Veja abaixo a intertextualidade com o poema “No meio do caminho” presente numa notícia, numa
publicidade e numa charge.
2. Identifique a intertextualidade nos textos abaixo (pesquise se não reconhecer o texto original):
Vamos lá!
Português 3
Sumário da 5ª unidade
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Características da população
História
Estereótipos
Pesquise:
Principal atividade econômica da região.
População.
Pontos turísticos.
Aspectos culturais –comidas, música, vestimenta-
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Preconceito declarado, discriminação mesmo, nunca vi, mas um desconhecimento inacreditável da mais
básica geografia brasileira, isso muito.
Não posso contar, nos dedos das mãos e dos pés, quantas vezes me encontrei nesta situação: Alguma
festinha ou reunião de qualquer natureza, onde algum cidadão, minutos depois de me conhecer (quem
apresenta já diz de onde você é, como um sobrenome, mas nada contra) chega e me pergunta: “sim
amigo, mas lá em Fortaleza, tal e coisa?” como se fosse na esquina da minha casa! Então eu respondo
que Fortaleza está tão distante de Maceió quanto Belo Horizonte (aproximadamente).
Aliás, foi lá em BH que uma vez um amigo do meu amigo me disse “poxa, você é do Nordeste, quando
passar pela Passarela do Álcool, lembre que eu blá blá blá, num sei o quê por lá”. Respondi pra ele que
nunca estive em Porto Seguro, ele achou estranho, por eu ser nordestino, mas expliquei que a tal
Passarela é bem mais perto de onde ele mora que Maceió algumas centenas de km. É do lado de BH.
Muito sujeito cheio de título, curso disso e daquilo, já chegou pra me perguntar se Maceió é a capital de
Aracaju, entre outras atrocidades. Ajuda aí né amigo? Se fosse uma coisa rara de acontecer, vá lá, tudo
bem, mas acredite, é constante e corriqueiro.
Muito me estranha que o carioca seja carioca, com sua identidade e lugar no espaço territorial desse
Brasil nacional, e não sudestino. O carioca é carioca, o mineiro é mineiro, tal qual o paulista e também o
capixaba. Ninguém é sudestino.
Essa coisa do termo “nordestino”, e até do orgulho de sê-lo, é um tanto equivocada, coloca todo mundo
no mesmo saco de farinha, da mesma forma que as generalizações “baiano” e “paraíba”, tão usadas em
São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente.
Nada contra os baianos e os paraíba(nos), muito pelo contrário, mas, bem, eu sou alagoano, não porque
isso seja lá grande coisa, sem essa de nacional-fascismo do tipo “minha terra, minha cultura e minha
praia são melhores que as dos outros. Se discordar, peixeira”. Nada disso, é uma questão de dar nome
aos bois mesmo, e de recuperar aquelas aulas de geografia que, sem dúvida, muita gente Brasil afora
matou ou bombou forte.
Esse termo, tão usado, tão comum, o “nordestino”, alimenta a preguiça em relação a pensarmos melhor
o nosso País, conhecê-lo o mais de verdade possível, sem colocar “aquele amontoado de estados
pequenos”, seus povos e culturas, sotaques e costumes, na mesma categoria: “Os nordestinos”.
De Maceió até Recife são menos de 300 Km, Alagoas já fez parte da capitania de Pernambuco. No
entanto, em Maceió, eu vou à casa DO fulano, e em Recife eu vou à casa DE beltrano, entre todas as
incontáveis diferenças. E viva a diferença!
“O nordestino” é uma construção cultural e histórica que perpetua o preconceito de uma forma muito
sutil. Portanto eu digo: Pelo fim do nordestino! Vamos acabar com isso gente, deixa dessa...
Antes de terminar, preciso contar mais um causo desses, um dos meus preferidos. Estava hospedado na
casa de uma amiga de Alagoas que vive em Porto Alegre. Nessa época, ela morava com uma estudante de
Relações Exteriores (!) gaúcha de vinte e poucos anos que me disse o seguinte: “Antes de morar com uma
nordestina, eu pensava que o nordeste era ali onde tem a seca e aquela coisa toda...como chama
mesmo?” eu respondi “sertão” e ela continuou “isso mesmo, achava que o sertão era o nordeste e que o
norte era ali onde tem aquelas praias tropicais bonitas com coqueiros”.
E pra acabar com a conversa: um brinde aos paraibanos, pernambucanos, potiguares, cearenses, baianos,
sergipanos, alagoanos, maranhenses e piauienses!
Marcelo Cabral
http://www.overmundo.com.br/overblog/pelo-fim-do-nordestino
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
1. Identifique a crítica que o autor desenvolve no texto e justifique com marcas textuais:
2. Considerando a resposta acima, escolha a frase que melhor resume a ideia colocada:
Fajuto: _______________________________________________
Vocabulário
Peixeira: __________________________________________
e
Expressões
Dar nome aos bois: _________________________________
Brasil afora: ________________________________________________
Matar aulas: ________________________________________________________
Bombar exames/disciplinas: ___________________________________________________
6. Substitua o conetivo MAS por EMBORA na frase a seguir e faça as modificações necessárias:
Muito se fala sobre o preconceito que os nordestinos sofrem nas grandes capitais do sudeste, mas
em minhas andanças por essas bandas, vi pouco disso na verdade.
____________________________________________________________________________________
7. Leia os comentários que internautas deixaram no blog e escreva o seu. Retome algumas das
ideias colocadas tanto no texto quanto nos comentários:
Oi Marcelo: seu texto propõe um debate extremamente necessário, sobretudo numa época que fala tanto em cotas
etc. Sou paraibano de nascimento, mas se pensar bem me considero mais um nordestino criado em Brasília (que é
uma cidade bem nordestina, com uma maioria - acho - de gente vinda de todos os estados do Nordeste). Vi e vivi
muito preconceito contra nordestinos, tanto faz se pobres ou ricos (mas claro que para os pobres a situação é muito
pior). Meus amigos zombavam de mim na escola porque minha mãe falava (e ainda fala, ainda bem) com sotaque
nordestino (eles não sabiam diferenciar, como sabemos, o sotaque de João Pessoa do de Recife ou de Salvador).
A pergunta que tenho é: Vale a pena fortalecer esse sentimento de identidade? Identidade é como tudo na vida: tem
lado ruim e lado bom. Como fortalecer o lado bom? Ou é melhor não tentar nem isso, pois o lado ruim é mais
perigoso? Escrevi este comentário apressadamente... É só para iniciar a conversa. Volto aqui mais adiante.
Hermano Vianna · Rio de Janeiro (RJ) · 28/1/2007 14:47
Eu sinceramente tenho apenas reflexões instantâneas sobre a questão, mas como o overmundo não é restrito a
especialistas e tal, arrisco algumas opiniões. Acho que há uma identidade, com todas as suas diversidades, forte na
região Nordeste - pelo menos eu me identifico com a região em geral. Claro, isso é uma construção cultural e histórica
(isso não significa necessariamente manipulações deliberadas pelo poder constituído ou algo do tipo), mas não acho
que isso seja o principal elemento do preconceito, nem um que tenha em sua desconstrução importância central para
o fim das rotulações. O preconceito tem que ser enfrentado sem que pra isso tenha que se desconstruir as identidades
- mesmo que diversas em si - que são embaladas por ele. Do contrário, a própria identidade estadual ou nacional ou
dos negros ou dos homossexuais deveriam também ser desconstruídas. Ou seja, deve afirmar a identidade em sua
diversidade. Parece contraditório, não sei se é, mas é o que acho. Valeu!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
O futuro composto é formado pelo auxiliar TER ou HAVER no futuro do subjuntivo e o verbo
principal no particípio.
Este tempo verbal indica ação terminada no futuro:
Você vai ver... Ele vai chegar assim que eu tiver terminado o trabalho. É sempre assim!
Eu só começarei a preparar o jantar quando tiver acabado o programa que estou assistindo.
Nós compraremos o carro depois que tivermos finalizado o pagamento do apartamento.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Praticando
1. Complete com o Futuro do Subjuntivo:
g. (estar) Nós só vamos servir os pratos depois que todos ..............................sentados à mesa.
h. (trazer) Depois que o garçom .................................... a conta, vamos decidir quem vai pagá-la.
2. Indicativo ou Subjuntivo?
a. (ver) Quando eu .................................... João, quase não o reconheci de tão diferente que estava.
b. (caber) Se a mala não ........................... no porta-malas, vamos ter que deixá-la aqui.
e. (vir) Quando você ..................... à minha casa, faça um outro caminho para não pegar muito trânsito.
j. (chegar) É sempre assim: depois que ela ........................., ninguém mais trabalha.
m. (saber) Telefonei para meu amigo logo que ................................. o que tinha acontecido.
n. (saber) O repórter sempre telefona a seu jornal logo que ............................ de um caso interessante.
o. (estar) Amanhã, enquanto eu ..................... trabalhando, você estará na piscina. Não vale!
p. (estar) Antigamente, quando você .......................... com a gente, tudo era mais divertido.
q. (trabalhar) Era um horror! Quanto mais eu ....................................., mais trabalho havia para fazer!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
3. Qual o tema central das duas músicas? E qual a relação entre quem canta e a Asa branca?
____________________________ ____________________________
Mochilão
Gente, estou procurando companhia para o mochilão de 2020.
Em 2018, conheci quase todo o litoral da Bahia e a Chapada Diamantina. Em janeiro de 2020 quero conhecer as outras
capitais do Nordeste e, se der tempo, outros lugares estratégicos como Maragogi, Jericoacoara, Parnaíba, etc... Estou
começando a traçar um roteiro e estudar os lugares com calma, para ver até onde posso ir em + - 30 dias.
Alguém interessado/a em me acompanhar? É só falar!
Abraço,
Lúcio
1. Imagine que seu filho adolescente lhe pede para acompanhar o mochileiro na viagem. Você
vai deixá-lo, mas com várias condições. Veja os exemplos e escreva mais 5 condições:
1
O ciclo seco voltou. Desta vez nem tão seco assim, já que acompanhado por febres, suores abundantes,
terror generalizado e, se não generalizado, tão particularizado que num segundo parágrafo não restariam
leitores. Uma das inutilidades que ciclo seco mais gosta (“gostar” sendo aqui mera maneira de dizer: ciclo
2
seco não gosta nem desgosta de nada, só é árido, até beijo em ciclo seco tem gosto de areia) é contestar
essas expressões populares tidas como “sábias”. Pois sim...
Da vez passada, eu perguntava para ninguém da utilidade de dar nome aos bois. Para o dono dos bois ou
para os próprios bois que, Minotauro ou Mimoso, continuam bois, e, o que é mais grave, absolutamente
indiferentes ao fato de que foram batizados. Há expressões piores. Vejam por exemplo esta, muito
3
aplicável a filhos alheios: “Quem pariu Mateus que o embale .” Para começar, por que raios essa
arbitrariedade de, exatamente, Mateus? E se o parido foi João, então não deve ser embalado? Além disso,
esse “parir” é terrivelmente machista, pois que eu saiba é coisa exclusiva de mãe: pais não parem, a não
ser Schwarzenegger naquele filme idiota. Quem tem que embalar Mateus (ou João, ou Luiz) deve ser
4
então apenas a pobre mãe, jamais o pai?
5
A não ser que, vá lá, Mateus seja filho de mãe solteira, que nem saiba direito quem é o pai, isso sem levar
6
em consideração que o pai talvez nem seja um cafajeste, mas apenas tenha morrido.
A morte é outro problema – e se a mãe _____________ (ter) morrido de parto, quem há de embalar
Mateus? O espírito dela? Mais grave ainda: se Mateus ___________ (ser) filho adotivo, a outra mãe não
deve embalá-lo, posto que não o pariu? Se vocês acham tudo isso suficiente para desmontar essa
expressão, considerem finalmente o seguinte: por que esta maldita obrigação de embalar o chato do
Mateus? Por que não deixá-lo berrar à vontade? Talvez seja o que ele queira. Ou o que merece, quem
mandou ter nascido?
Pense agora em “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”, tão irritante que, fosse conhecido o
autor, eu seria o primeiro a processá-lo por danos morais e imunológicos. Vamos por partes: por que vale?
Coisa mais capitalista, por que um pássaro deve valer alguma coisa? Certo, se for rouxinol ou curió, vá lá,
pode-se, suponho, vendê-lo a algum imperador chinês ou compositor de chorinhos, e eu pelo menos não
conheço nenhum. Mas se _____________ (ser) um reles pardal, e os outros tais voando, sempre
supondo, _______________ (ser) um condor e uma garça? O que é que se faz com um pássaro na mão, a
não ser, se você não _______________ (ter) mesmo nenhum caráter, prendê-lo numa gaiola? Já com os
7
dois voando, mesmo que sejam dois pardais nem um pouco magníficos como a garça e o condor, você
pode fazer a única coisa que se deve fazer em relação aos pássaros: vê-los voar. Quanto mais longe de
sua mão, melhor. Para eles, claro.
Mas uma das mais reacionárias e repressivas que conheço é “Não se deve colocar o carro na frente dos
bois”. Ok, mas e se eu ________________ (querer) fazer justamente isso, quem me impede? Se eu
_____________ (querer) dar ré no carro, tem outro jeito? Fazer os bois andarem de costas, talvez, não
sou muito bom nessas coisas. E se eu não _____________ (estar) querendo andar, e sim fazer arte?
Afinal, ano passado na Bienal de Veneza vi um bezerro partido ao meio. E se eu ____________ (decidir)
tentar fazer com que os bois empurrem o carro com os chifres? E se, antes de qualquer reflexão, eu
___________ (achar) uma pouca vergonha forçar esses pobres bois a empurrarem aquele carro
pesadíssimo e ______________ (mandar) um fax com fotos denunciando tudo à Brigitte Bardot e
______________ (chamar) rádio, TV e jornais para armar um p... escândalo?
Ciclo seco é chato, sim, e implicante. Isso que por falta de espaço, hoje nem entrei nos méritos do tal
8
“Deus dá o frio conforme o cobertor.” Reflitam no absurdo. Se não ________________ (molhar) um pouco
este meu ciclo seco, para desgosto geral volto ao tema. Mas há de chover. Em abril.
1
Qual destas conjunções expressam a mesma ideia? mesmo que / uma vez que / contudo
2
Você conhece algum sinônimo de contestar?
3
Embalar significa aquecer, balançar ou proteger?
4
Que outra maneira você conhece para dizer isso?
5
O que significa saber direito?
6
O que significa esse mas? Traduza para o espanhol.
7
Que outras palavras poderia usar com o mesmo sentido?
8
Qual destas conjunções expressam a mesma ideia? segundo / enquanto / porém
73
Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
2. Para derrubar os ditados populares, Caio Fernando Abreu lançou mão de argumentos.
Continue a lista e faça as restantes:
A arbitrariedade do nome
O machismo do verbo parir
Quem pariu Mateus que o embale ___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________ Mais vale um pássaro na mão do que
___________________________ dois voando
___________________________
___________________________
___________________________
___________________________
Não se deve colocar o carro na frente ___________________________
dos bois ___________________________
___________________________
3. Em duplas: Questionem, como Caio Fernando Abreu, dois dos seguintes ditados populares.
Usem, no mínimo, 4 argumentos para cada um.
4. Até aqui, trabalhamos com o sentido literal dos provérbios. Qual o sentido metafórico deles?
Em que contextos poderiam ser empregados?
____________________________ ____________________________
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Cláudia Carvalho
Zapeando as emissoras de rádio de João Pessoa em seus horários comerciais é perceptível que
poucos são os spots gravados com locutores paraibanos. Não teremos aspirações tão arraigadas.
Nordestinos são minoria esmagada entre sotaques que normalmente são de São Paulo.
É um fenômeno relativamente recente e explicável pela globalização gerada pelo uso cada vez mais
massificado da internet. Simples: as produtoras de comerciais têm atualmente muita facilidade em
encontrar um banco diversificado de vozes profissionais apenas fazendo uma busca na internet.
Ouviu, gostou, mandou email, acertou preço e comprou.
No início da década de 90, os comerciais das rádios pessoenses ainda não estavam infestados com
os estrangeiros. Ouvia-se por aqui as vozes de Aldo Schueler, Clemílson Souza, Marcílio Rodrigues,
Edilane Araújo, Márcia Cabral, Marília Moreno anunciando os produtos que os paraibanos produziam
para o consumo paraibano.
Agora, inventou-se que chique é anunciar com a voz forasteira. Há bons locutores importados, mas
não raro encontram-se profissionais fraquíssimos que parecem seduzir apenas porque não falam
oxente.
Falta autoestima no paraibano também nessa hora. Não se trata de reserva de mercado, nem de
banir os locutores residentes em outros estados. O cerne da questão é de valorizar o próprio sotaque
e não desqualificar a identidade da pronúncia peculiar de seu Estado.
Há na Paraíba cursos preparatórios para a carreira radiofônica que estimulam a chamada “assepsia”
de sotaque sob a alegação de que bom locutor não expressa regionalismo. Seria razoável se não
fosse uma mentira deslavada. A única limpeza feita no sotaque é a imposta aos nordestinos.
Paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos não abrem mão de seu modo de falar e são aceitos com
normalidade no Nordeste. A recíproca, tristemente, não é verdadeira.
Com uma pesquisa rápida no Mercado Livre, encontrei um anúncio que corrobora minha tese de
autocensura do sotaque. Um talentoso locutor paraibano vende seu trabalho como se fosse residente
do interior de São Paulo (Santana de Parnaíba) e avisa: “Locução neutra, sem sotaques regionais”.
Se não fossem Francisco José e Geneton Moraes Neto na televisão aberta brasileira, poderíamos
pensar que o país nem tem Nordeste ou se ele existe seria uma região paradisíaca a que todos
acorrem nas férias e fala-se com o único intuito de divertir os turistas.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
b) Paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos não abrem mão de seu modo de falar e são aceitos com
normalidade no Nordeste.
______________________________________________________________________________________
c) Com uma pesquisa rápida no Mercado Livre, encontrei um anúncio que corrobora minha tese de
autocensura do sotaque.
______________________________________________________________________________________
sotaque: alagoas
1. Ouça o áudio e responda:
2. Compare o fenômeno analisado na pesquisa com a Argentina ou seu país de origem. Você
considera que acontece algo semelhante ou não? Procure exemplos para apoiar sua hipótese.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Praticando
1. Complete com os verbos entre parênteses:
Pode parecer que não, mas o lixo de nossa casa também pode ____________ o mosquito da
dengue. Para manter você, sua família, seus _____________ livres do risco da ___________
coloque os _____________ sempre em sacos plásticos e mantenha a _____________ fechada.
Lá ________, jogue todo tipo de objeto que possa acumular ___________ e não deixe que os
__________ de estimação cheguem perto até o ___________ pelo serviço de limpeza urbana.
Os ____________ velhos também devem ser ______________ aos lixeiros. _____________
precise deles, guarde em lugar ______________ e, claro, sem água acumulada.
E como um bom agente de combate à dengue, não se ________________ de passar as dicas
adiante.
2. Valendo-se dos conselhos dados no áudio, crie com um colega um folheto para conscientizar
sobre o problema da dengue e explicar o que pode ser feito para combatê-la. Use outras
palavras!
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Para ficar sabendo
Literatura de cordel
Alguns exemplos:
As Proezas de João Grilo
Pequeno folheto para o sertão da minha terra João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia
Cidadão, caro leitor, criou-se sem formosura
Dessa vez eu vou contar mas tinha sabedoria
Coisas de admirar e morreu depois da hora
Que vivi no interior; pelas artes que fazia.
Morando entre as serras
Onde era a melhor terra ...
Num tempo que já passou. Na noite que João nasceu
houve um eclipse na lua
Foi lá no alto sertão e detonou um vulcão
Interior de Alagoas, que ainda continua
Que um monte de coisas boas naquela noite correu
Pra minha admiração; um lobisome na rua.
Eu passei em minha infância,
Que era um tempo sem ânsia, João Martins de Athayde
No bater do coração.
...
Walter Medeiros
Acentue!
Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2019
Serão selecionadas 200 iniciativas culturais vinculadas à criação e produção, pesquisa, formação e
difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins. Estão orçados R$ 3 milhões, distribuidos entre as
iniciativas contempladas. As inscrições serão encerradas no dia 30 de julho de 2019.
O premio vem ressaltar a importancia da Literatura de Cordel como patrimonio imaterial brasileiro,
entendendo sua unicidade e papel fundamental na construção da identidade e da diversidade
cultural brasileira. Podem concorrer poetas, repentistas, cantadores, emboladores, xilografos e demais
artistas populares e profissionais da cultura em quatro categorias: Criação e Produção, Pesquisa,
Formação e Difusão.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
O nome dele tinha sido impresso com erros. Ninguém sabia lhe dizer quem tinha imprimido seu nome
daquele jeito.
1. (prender – soltar) Todos ficaram surpresos quando souberam que o criminoso que a polícia tinha
___________________ tinha sido ___________________ novamente.
2. (salvar) Embora os bombeiros tivessem _____________________ várias pessoas, aquele homem,
infelizmente, não pôde ser _______________________.
3. (aceitar) O meu trabalho teria sido _______________ se a comissão tivesse _______________ os
trabalhos escritos a mão.
4. (pegar) Se ele tivesse __________________ um avião, ele não teria sido ________________ pela
polícia.
5. (aceitar) Talvez suas sugestões sejam _____________________.
6. (matar) Ele foi ___________________ pela picada de uma aranha. Aranhas daquele tipo já tinham
_________________________________ duas pessoas antes.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
Ritmos do Nordeste
CAPOEIRA
1. Complete os espaços com os verbos entre parênteses empregando a voz passiva. Varie o
tempo verbal:
Raízes africanas: A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de
Portugal. A mão de obra escrava africana _______________ (utilizar) no Brasil, principalmente nos
engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos
______________ (levar) da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam
muitas danças ao som de músicas.
Olha só!: Em 26 de novembro de 2014, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência
e Cultura), declarou a roda de capoeira como sendo um patrimônio imaterial da humanidade. De acordo
com a organização, a capoeira representa a luta e resistência dos negros brasileiros contra a escravidão
durante os períodos colonial e imperial de nossa história. O Dia do Capoeirista _________________
(comemorar) em 3 de agosto. Hoje, a capoeira _________________ (considerar) um dos maiores símbolos
da cultura brasileira.
80
Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
MARACATU
O Maracatu é considerado símbolo da resistência negra no Brasil. Trata-se de um ritmo musical, dança e
ritual de sincretismo religioso com forte presença no estado de Pernambuco, sobre tudo no carnaval. De
origem africana, representa as cerimônias de coroação dos reis do Congo, que eram feitas na igreja e
tinham um batuque marcante em homenagem à Nossa Senhora do Rosário. Na frente vão o rei e a rainha,
seguidos por príncipes, embaixadores, dançarinas e indígenas. Todos desfilam ao som dos tambores. O
ritmo é marcado pela percussão, que chamam de “baque virado”.
Maracatu hoje
3. Joana foi a primeira mulher a assumir a regência de uma nação de maracatu.
Ouça o depoimento dela e desenvolva cada um dos tópicos abaixo:
FORRÓ
O ritmo mais popular em todo o nordeste e extremamente cativante. O forró é tão completo que o
mesmo engloba outros estilos como o Baião, Xote, Quadrilha, Pé de Serra, Eletrônico, Universitário, etc.
Pode ser dançado junto, em par, ou separado, de forma acrobata, ou coladinho e devagar. Os
instrumentos musicais utilizados são praticamente apenas a sanfona ou acordeão, o triângulo e a
zabumba.
Alguns dizem que o nome “forró” vem do inglês “for all”, que eram bailes promovidos por ingleses que
vieram construir uma ferrovia e davam um baile para os trabalhadores de Pernambuco, Alagoas e Paraíba.
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Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
FREVO
Ritmo eletrizante que é típico do carnaval de
Recife. Nascido em Pernambuco, é uma fusão do
forró, com a marcha e o maxixe, na dança
também aparecem elementos acrobáticos como
os da capoeira. Assistir pessoas dançando o frevo
com suas roupas coloridas e todo aquele fôlego é
impressionante! O nome frevo vem de fervura,
ferver, já que o ritmo é frenético. Nos anos 70 o
frevo ganhou visibilidade nacional através de Gil e Caetano que levaram o ritmo para o popular carnaval
de Salvador. Uma das vozes mais marcantes do frevo é de Elba Ramalho.
XAXADO
4. A partir das palavras abaixo, crie o texto descritivo do Xaxado. Compare com os textos dos
colegas e depois procure informação na internet para conferir:
Pesquisa
Vamos conhecer mais um pouco?
Pesquisem sobre estas danças e músicas nordestinas para depois contar à turma:
82
Vamos lá! Nível 3 Unidade 5 Ana Conti Fabian Haim
caetanave
1. Reescreva as frases sublinhadas usando outras palavras:
Mais de 50 anos depois de seu surgimento na Bahia, o trio elétrico continua saindo em cima de
um caminhão (tá certo, pra que mexer em time que tá ganhando?). Uma das poucas vezes em
que se inovou no formato do veículo foi em 1972, com a Caetanave. Segundo o Jornal do Brasil
de sexta, 4, "o carro tinha forma de foguete espacial, alto-falantes em todos os lados e era
cercado de lâmpadas coloridas".
Caetano Veloso, que naquele Carnaval de 1972 estava em Salvador, recém-chegado do exílio,
encontrava-se na Praça Castro Alves quando teve sua atenção voltada para aquele veículo de
formato inusitado que vinha subindo a Ladeira da Montanha (o que não era o roteiro usual dos
trios). Também o intrigou o fato de o carro se aproximar em silêncio. Assim que o veículo
chegou à praça, suas luzes foram acesas e o Trio Elétrico Tapajós revelou-se, passando a tocar
"Chuva, Suor e Cerveja" - justamente o frevo que Caetano gravara em Londres no final do ano
anterior e que já se tornara o grande sucesso da folia baiana. No mesmo momento, começou a
chover forte. A chuva, que durou a noite toda, não diminuiu a animação dos foliões, que
seguiram a Caetanave pela rua Chile. Já de madrugada, o Tapajós deixou a Sé e voltou à Praça
Castro Alves, onde Caetano subiu no caminhão para agradecer e, conforme conta em seu livro
Verdade Tropical (Companhia das Letras, 1996, pág. 466), "Embaixo, na rua, eu via pela
primeira vez a multidão do Carnaval de uma distância que revelava sua força e seu mistério."
A gente se embala
se embora Fonética!
se embola Pratique os sons dos pares:
Só pára na porta da igreja
A gente se olha
X/CH /∫/
Se beija se molha G/J /3 /
De chuva suor e cerveja
83