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A 1ª Escolha Profissional: Quem Influencia?

Quem tem um adolescente em casa sabe, sente na pele, a pressão e a ansiedade do momento da primeira
escolha profissional. O ano do vestibular é, inegavelmente, tenso.

Isso porque o processo de decisão não envolve apenas o estudante. Afeta a todos ao redor. Instiga cada
membro da família que, no anseio de ajudar, começa a pensar alternativas. As sugestões são construídas
com base na busca de seus próprios sonhos.

As reações são variadas. O jovem é visto como um papel em branco. Pronto para receber qualquer história.
Pode servir para salvar um projeto pessoal, que não teve sua chance no passado. Pode confirmar as próprias
escolhas realizadas, que devem portanto, ser repetidas. Trata-se de uma tentadora oportunidade de resgatar a
ou reafirmar desejos.

Como resultado, surge um bombardeio de dicas, cobranças, informações contaminadas tanto de esperança,
como de perspectiva negativa e pessimista. O tom do conselho vai depender da dor ou alegria da
experiência do conselheiro. Entretanto, existe um ponto em comum em todo esse cenário. É o desejo velado
de controlar, guiar, direcionar.

Vulnerável, o jovem corre o risco de decidir a partir de expectativas de outros. Isso ocorre tanto quando
adota mecanicamente alguma proposta, como quando a nega veementemente com reações de rebeldia,
agressividade e rivalidade. Tudo isso atrapalha o amadurecimento de um momento de vida tão importante.
Em vez de ajudar, as intervenções exilam o indivíduo de si mesmo abrindo espaço para frustrações.

Para os pais, o alerta consiste em estar atento às próprias intenções. Para isso, devem perguntar a si mesmos,
honestamente: Por que desejo sugerir esse caminho? Por que acredito que determinadas carreiras são
interessantes e outras nem tanto? De que maneira minhas sugestões se relacionam com minha história
pessoal? As respostas são muitas vezes reveladoras e fonte inesgotável de auto-conhecimento. Isso vale para
todos que participam desse momento – avós, tios, primos e até amigos.

É importante lembrar que ouvir pontos de vista diversos é saudável. Mesmo que pareçam tendenciosos, uma
visão crítica é capaz de filtrar aquilo que é de fato relevante. Todas as informações são preciosas quando, ao
invés de conduzir a uma conclusão, acrescentam mais aspectos a serem analisados no amadurecimento da
escolha.

A primeira escolha simboliza a etapa inicial, o grande marco de transformação rumo à vida adulta. Diante
da escolha profissional, damos um passo marcante rumo à independência.

A melhor saída não está em abandonar o jovem à deriva com suas dúvidas, nem tão pouco apontar respostas
imediatas às incertezas. O caminho consiste em ensiná-lo a procurar alternativas próprias, fortalecê-lo e,
principalmente, fortalecer a si mesmo para tolerar o vazio e a insegurança que o medo perante o futuro
suscita. Afinal, não existem decisões certas ou erradas, mas caminhos que vão sendo construídos ao longo
da trajetória.

Anaí Auada www.profissoesecarreiras.com.br

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