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GAÍA & PHÚSIS

GAÍA

Na mitologia grega, Gaía, Gêía ou Gé (em grego antigo, Γαια ou


Γηια contração de Γη, “terra” e αια, “avó”, ou seja, “terra-avó”) também
chamada de Khthóniê (Χθόνιη, “da terra”) por Aiskhýlos, Titheía
(Τιθεία,“deusa titã”) por Diódôros, Phúsis (Φύσις, “natureza”) pela tradição
órfica, além de outros nomes de origem desconhecida, como, Eurystenos
(Ευρυστερνος, "amplos seios"), Kourotrophos (Κουροτροφος, "nutriz
dos jovens"), Méter Pántôn (Μητηρ Παντων, "mãe de todos"), Mégalê
Théa (Μεγαλη Θεα, "grande deusa'), Gasepton (Γασηπτον, "terra
augusta") e Olympía (Ολυμπια, "Olímpica"). Poderia ser chamada de Ops,
Tellus ou Terra Mater pelos romanos, era a Deusa Primordial e a Grande
Mãe de todos os deuses e de todos os seres vivos no universo.
MITOLOGIA

Na Theogonía de Hesíodos, Gaia é um dos Protogenos, “deuses


primordiais”, primeiros elementos a emergir do Kháos. Tal como Kháos,
Gaía, “a de amplos seios”, parece possuir uma natureza forte, pois gera
sozinha, “sem doce união de amor”: Ouranós o Céu estrelado, Póntos as
infrutíferas profundezas do Mar, e os Oúrea, as grandes e numerosas
Montanhas, belos abrigos das divinas Nýmphes.
Os Theoí Ouranioí (deuses celestiais) descendiam de sua união com
Ouranós, os Theoí Halioí (deuses do mar) de sua união com Póntos, as
Nýmphai Epigaíai (donzelas da terra) de sua união com os Oúrea, o
monstruoso Typhoeús (furacão) de sua união com Tártaros, também
emergido diretamente do Kháos. Os Gigántes (nascidos da terra), os
Autokhthónes (primeiros reis), os Prôtódêmoi (primeiros povos), além do s
Théres (monstros), dos Zóes (animais) e Phytaí (vegetais), que brotaram
ou nasceram de sua carne terrosa.
Hesíodos sugere que ela tenha gerado Ouranós com o desejo de se
unir a alguém semelhante a si mesmaem natureza. Isso porque Gaía
personifica a base onde se sustentam todas as coisas, e Ouranós é então o
abrigo dos deuses bem-aventurados.
No mito órfico, Gaía sob o nome de Phúsis emerge de Hýdros (água)
e Thésis (criação) e com ele gera Aíôn (tempo eterno) e Anánkê (tempo
necessário).
Segundo Pseúdos-Hygínos, Terra e Coelum são filhos
de Aether e Dies e mãe de Pontus e Tartarus com Aether, além de inúmeros
Daemones como, Dolor, Dolus, Ira, Luctus, Mendacium, Iusiurandum,
Ultio, Intemperantia, Altercatio, Oblivio, Socordia, Timor, Superbia,
Incestum e Pugna.
Com Ouranós, Gaía gerou os seis Titánes: Ôkeanós (água doce),
Koíos (eixo celeste) Kreíos (constelações), Hýperíôn (fogo
astral) e Iapetós (ancestral da raça humana), e as
seis Titanídes: Theía (visão),Rheía (fluxo), Thémis (ordem
natural), Mnemosýnê (memória), Phoíbê (eixo terrestre) a de dourada coroa
e a formosa Têthýs (água salgada) “em seguida nasceu o astuto rónos
(tempo), o mais jovem e terrível de seus filhos, e este odiou a seu luxurioso
pai”.
Gaía concebeu mais tarde outra descendência com Ouranós. Primeiro
os Kýklopes, gigantes de um só olho, construtores de muralhas, aos que
posteriormente lhes deram os nomes: Bróntês (“o que
troveja”), Sterópês (“o que dá o raio”) e Árgês (“o que brilha”): “Havia
força, vigor e destreza em suas obras.” Logo acrescentaram-se os três
terríveis filhos de cem braços armados com lanças,
os Hekatónkheires: Kóttos
(“forte”), Briáreos (“robusto”) e Gýgês (“terreno”), cada um com cinqüenta
cabeças.
Sendo Ouranós capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão
grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Gaía, nas
profundezas escuras do Tártaros, onde não podiam ver a luz, e se regozijou
de sua maldade. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou
seus filhos Titánes e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do
pai. Somente Krónos aceitou. Gaía então tirou do peito o aço e fez a foice
dentada. Colocou-a nas mãos de Krónos e o escondeu, para que, quando
viesse Ouranós,  durante a noite não percebesse sua presença. Ao
descer, Ouranós, para se unir mais uma vez com a esposa, foi surpreendido
por Koíos e três dos seus irmãos que armaram uma emboscada colocando-
se nos quatro pontos cardeais para agarrar o pai enquanto Krónos, atacava e
castrava-o, Koíos se posicionava no Norte como a constelação de
Draco, Hyperíôn no Leste onde nasce o sol, Iapetós no Oeste onde fica o
pilar do céu, e Kreíos no sul como a constelação de Aries, separando assim
o Céu e a Terra. 
Após a castração de seu pai, Krónos lançou primeiro a foice ao mar e
esta se transformou na ilha de Kérkuras, morada dos Phaíakes, povo
abençoado pelos deuses, depois lançou os genitais de Ouranós em Thálassa
(o mar) e gerou assim Aphrodítê (deusa do amor) da espuma que se
formara, mas algumas gotas de ikhór (sangue divino) caíram sobre Gaia,
fecundando-a. Do ikhór de Ouranós derramado sobre Gaía, nasceram os
Kourétes (jovens cretenses) com armaduras e as belas Meliádes (freixos), o
ikhór e Ouranós também jorrou sobre Nýx que gerou as três Erínyes
(vinganças): Alektó (implacável), Tisíphonê (punitiva) e Mégaira
(rancorosa) e também sobre Heméra que gerou as três Moúses (artes):
Mnémê (memória), Melétê (ensaio) e Aoídê (canto).
Ouranós chamou seus filhos de Titáanes (“os que abusam”), já que “com
temerária sensatez haviam cometido um ato terrível pelo qual logo teriam
justo castigo”, pois tal como Ouranós havia sido deposto por seu próprio
filho, Krónos também estava destinado a ser derrotado pelo seu.
Após a queda de Ouranós, Gaía gerou com  Póntos, os
Pontídes: Nereús (velho do mar), Thaúmas(maravilhas do
mar), Phórkys (nevoento), Kétos (monstro marinho), Eurybía (grande
violência) e Khárybdis (fôlego). Com os Oúrea teve as Nýmphes Epigaíai
(donzelas terrestres), Agrônomoí  (dos campos cultivados),Alseídes (dos
bosques), Anthryádes (das cavernas), Auloníades (dos pastos), Leimônídes (dos
prados), Napaíai (dos vales), Oreiádes (das montanhas). Krónos subiu ao
trono do mundo e libertou os irmãos. Mas vendo o quanto eram poderosos,
também os temia e os aprisionou mais uma vez, sendo guardados pela
monstruosa Kámpê. Gaía, revoltada com o ato de tirania e intolerância do
filho, tramou uma nova vingança.
Quando Krónos se casou com Rheía e passou a reger todo o
universo,Ouranós lhe anunciou que um de seus filhos o destronaria. Ele
então passou a devorar cada recém nascido por conselhos do pai. Mas Gaía
ajudou Rheía a salvar o último filho que viria a ser Zeús (rei divino). Rheía
então, em vez de entregar seu filho para Krónos devorar entregou-lhe uma
pedra envolta em panos, e escondeu-se em uma caverna do monte Ida na
ilha de Krétê onde pode parir com a ajuda de Gaía, no momento do parto
Rheía segurou com força a terra e dela gerou os Dáktyloi (dedos):
Hekateros, Epimedes, Paionaios, Iasios, Seilenós. O filho foi criado e
educado pelas Meliádes: Meliê, Melissa, Helikê, Kynosoura, Idê, Dyktê,
Amalteía, Adamanteía e Adrásteia, alimentado com mel dos carvalhos e
leite da cabra Górgon Aix, e protegido pelos Kourétes: Prymneus,
Pyrrikhos, Hoplodamos, Okytos, Idaios, Melisseús, Anytos, Sokos, Oxylos.
Já adulto, Zeús libertou seus irmãos, os Kronídes: Héstia (lar), Deméter
(agricultura), Héra (casamento), Haídês (submundo) e Poseidón (mares), do
ventre de Krónos com a ajuda da Ôkeanís Métis (com ela foi pai de
Athéna) que preparou um veneno que o faria vomitá-los, primeiramente
veio a pedra que foi lançada no centro do mundo em Delphoí, chamada
assim de Omphalos (“umbigo”) e se tornou o monte Parnássos, declarou
então guerra ao pai e aos demais Titánes. E durante cem anos nenhum dos
lados chegava ao triunfo. Gaía então foi até Zeús e prometeu que ele
venceria e se tornaria rei do universo se descesse ao Tártaros e libertasse os
três Kýklopes e os três Hekatónkheires.
Ouvindo os conselhos de Gaia, Zeus venceu Cronos, matou Campe e
com a ajuda dos filhos libertos da Terra, os Cíclopes lhe ofereceram o
trovão e o relâmpago como arma, para Poseidon o Tridente e para Hades, o
capacete invisível, os Hecatônquiros lutaram lançando inúmeras montanhas
contra os Titãs, somente alguns Titãs participaram, entre eles Cronos,
Iapeto, Céos, Crios, Atlas e Menecio, outros como Oceano e as Titânides
permaneceram neutros, assim se tornou o novo soberano do Universo.
Todavia, Zeus encarcerou no Tártaro apenas alguns, impondo outras
penalidades aos demais, Atlas foi condenado a sustentar o céu em seus
ombros. Por fim realizou um acordo com os Hecatônquiros para que estes
vigiassem os Titãs no fundo do Tártaro. Gaia pela terceira vez se revoltou e
lançou mão de todas as suas armas para destronar Zeus.
Num primeiro momento, ela pariu os incontáveis Andróginos, seres com
quatro pernas e quatro braços que se ligavam por meio da coluna terminado
em duas cabeças, além de possuir os órgãos genitais femininos e
masculinos. Os Andróginos surgiam do chão em todos os quadrantes e
escalavam o Olímpo com a intenção de destruir Zeus, mas, por conselhos
de Têmis, ele e os demais deuses deveriam acertar os Andróginos na coluna,
de modo a dividi-los exatamente ao meio. Assim feito, Zeus venceu.
Gaia gerou então seus inúmeros filhos Gigantes: Agrios, que foi
morto pelas Moiras que lhe golpearam com umas maças de
bronze. Alcíoneu, que era imortal enquanto lutasse em sua terra de origem,
foi morto por Heracles que o arrastou fora de Palene, após disparar-lhe uma
flecha. Alpos, foi morto por Dioníso. Clítio, foi morto por Hécate com
tochas. Ctônio foi convencido por Hera a lutar contra Dioníso, prometendo-
lhe em troca Afrodite. Damasen, criado por Éris, matou uma vez a uma
serpente que foi devolvida a vida por outra serpente, sua companheira, com
a ajuda de uma erva curativa. Efialte se rebelou contra os deuses e Apolo
lhe disparou uma flecha no olho esquerdo e Heracles no
direito. Encélado morava sobre o monte Etna, cujos estrondos eram
provocados por suas revoluções. Atena lhe arremessou encima da ilha
da Sicília. Euríto foi morto por Dioníso com seu tirso. Gracião foi morto por
Ártemis. Hipolítos foi morto por Hermes, que usava o capacete de
Hades.Mimas foi morto por Hefesto com projéteis de metal em vermelho
vivo, mas alguns dizem que foi morto por Ares. Palas foi morto por Atena,
que usou sua pele como escudo para seu próprio corpo. Peloreu foi
convencido por Hera a lutar contra Dioníso. Políbotes foi morto por
Poseidon, que rompeu um pedaço da ilha de Cós e o arremessou sobre ele.
Porfírião rasgou a túnica de Hera com a intenção de violá-la, e que esta lhe
havia prometido a Hebe por esposa si lutasse contra Dioníso, Zeus lhe feriu
com um raio e Heracles lhe rematou com uma flecha. Tífon filho do
primeiro Tífeu, igual a ele em tudo, lutou contra Dioníso. Toante foi
golpeado até a morte pelas Moiras com maças de bronze e travou-se longa
batalha.
Gaia também produziu uma planta que ao ser comida poderia dar
imortalidade aos Gigantes; todavia a planta necessitava de luz para crescer.
Mas ao saber disto Zeus ordenou que Hélios, Selene, Eós e os Astros não
subissem ao céu, e escondido nos véus de Níx, ele encontrou a planta e a
destruiu. Mesmo assim Gaia incitou os Gigantes sobreviventes a colocarem
as montanhas umas sobre as outras na intenção de subir o céu e invadir o
Olímpo. Mas Zeus e os outros deuses venceram novamente.
Como última alternativa, enviou seu filho mais novo e o mais
horrendo, Tífeu, gerado de sua união com Tártaro, para dar cabo dos deuses
e seus aliados, Tífeu começou a destruir cidades e arremessar montanhas
em fúria; Hades, com a ajuda de Quirão e dos heróis remanescentes
tentaram deter o monstro, que se aproximava do Olímpo. Cérbero recusou
enfrentar seu próprio pai, até que Hades foi imobilizado pelas muitas
serpentes de Tífeu. Quando os deuses viram Tífeu avançando em direção
ao Olímpo, fugiram aterrorizados para o Egito, onde tentaram se esconder
no deserto transformando-se em animais. Zeus tornou-se um carneiro,
Apolo um corvo, Dioníso uma cabra, Hera se transformou em uma vaca,
enquanto Afrodite tornou-se um peixe e Ares um porco. De todos os
deuses, somente Atena teve coragem de permanecer com sua própria
forma.
Repreendido por Athéna por sua covardia, Zeús, por fim, resolveu
combater o monstro. Enviando um raio contra Typhoeús, avançou contra a
criatura horrível no Olýmpos girando a foice que tinha sido utilizada por
seu pai Krónos para castrar seu avô, Ouranós. Os dois se
defrontaram. Typhoeús desarmou Zeús facilmente e usou sua arma para
arrancar os nervos essenciais da consciência e os tendões dos pés e dos
braços do deus. Então o arrastou impotente e veio trancá-lo na caverna
de Corícia, na Sikelía, onde o Zeús imortal permaneceu incapaz de mover-
se, guardado pela ira de Typhoeús,  que envolveu os músculos de Zeús em
uma pele de urso e os confiou a Delphinê, um monstro com língua de
serpente, algumas vezes dita ser o próprio monstro um
dragão. Typhoeús perseguiu Zeús por muitos anos.
Depois Hérmês e Pán, para evitar o desastre, recorreram a um
estratagema. Entraram secretamente na caverna onde Zeús permanecia
cativo e conseguiram vencer Delphinê, fazendo-a adormecer com
uma flauta. Outras versões dizem que Pán a teria assustado fazendo um
barulho enorme, visto a palavra pânico derivar justamente dessa habilidade
de Pán. Hérmês descobriu que os tendões tinham sido escondidos e os
costurou nos membros de Zeús. Mas o combate continuou.
Zeús retornou imediatamente ao Olýmpos. Montado numa biga
puxada por cavalos alados, travou luta mais uma vez com Typhoeús.  Este
arremessou montanhas inteiras contra Zeús, mas o deus usou seus raios
para fazer as montanhas voltarem contra seu arremessador. Typhoeús fugiu
e Zeús o perseguiu.
Com ajuda de Poseidón e Hades, Zeús enfrentou Typhoeús om seus
raios e trovões, e a luta violenta fez tremer o céu, a terra e o mar, e abalou o
próprio mundo subterrâneo. Venceu-o com dificuldade e soterrou
Typhoeús sob o Monte Aitna, Hephaístos colocou-lhe sobre suas cabeças
pesadas bigornas, impedindo-o de libertar-se. Esta foi à única vez que Zeús
chegou perto da derrota.
Enfim, Gaía cedeu e acordou com Zeús que jamais voltaria a tramar
contra seu governo. Dessa forma, ela foi recebida como uma deusa
Olýmpiê.
OUTROS MITOS
O Jardim das Hespérides era o pomar de Hera no ocidente, onde
cresciam em uma só árvore, maçãs douradas que outorgavam à
imortalidade, presentes de Gaia nas bodas desta com Zeus, esse jardim era
atravessado por um rio de Ambrosia. Hera colocou neste jardim
um dragão de cem cabeças que nunca dormia chamado Ladão, como
medida de proteção adicional.
Zeus escondeu certa vez a uma amante chamada Elara, de Hera ocultando-a
abaixo da terra. O filho que teve desta, o Gigás Tityós é, portanto
considerado às vezes filho de Gaia, a deusa da Terra, e de Elara.
Erikhthónios, era filho de Gaia com Hephaistos, foi o primeiro rei mítico
de Atenas, Segundo o mito, quando Hefesto tentou violar Athena, que buscava
uma arma em seu traje, o sêmen caiu sobre a coxa da deusa, e ao tentar
limpá-lo ela, fecundou Gaia, dela nasceu Erekhtheús
ou Erikhthónios (“nascido da terra”). Em união comPasíthea teve Pandíôn.
GENEALOGIA
Gaia teve numerosos filhos. As atribuições de maternidade abaixo
são devidas de Hesíodo, salvo quando especificado outro autor:
Por partenogênese:
Theoí (deuses):
                                 Póntos (mar)
                                Ouranós (céu)
                 Oúrea (montanhas): Olympos, Othrys, Oreios, Aitna, Helikon,
Kithairon, Tmolos, Nysos, Idaios, Parnassos, Pholoe, Lykaios, Kaukasos,
Rodope, Hemos, Athos, Kyllene, Mikale, Taurus, Ossa, Pindos, Apeninos,
Drios, Pelion, Parnes, Nomia, Erinx, Sinoe, Pieros e Kynthios.
                 Nêsoí (ilhas): Naxos, Krete, Delos, Rhode, Euboia, Lesbos,
Kephalonia, Khios, Kos, Korphus, Lemnos, Samos, Zakhynthos, Thasos,
Kithera, Kypros, Aigina, Ithake.
Théres (monstros):
                                 Python
                                 Skorpios
                                 Ophiotauros
                                 Drakaina Skythia
                                 Drakon Nemeios
                                 Drakon Ismenios
                                 Drakon Kolkhios
                                 Drakon Hesperios (Kétô e Phórkys)
                                 Areion (Poseidon e Demeter)
Gigántes (nascidos de Gaia):
                                 Alpos 
                                 Sykeus 
                                 Damasen 
                                 Anax 
                                 Asterios
                                 Hyllos 
                                 Argos 
                                 Gegenees 
                                 Dysaules
                                 Tityos (Zeus e Elara)
Protodemoi (primeiros povos):
                                 Daktyloi (dedos de Rheia ou Hekateros e Ankhiale)
                                 Kouretes (Ikhor de Ouranos em Gaia, Daktyloi e Hekaterides)
                                 Seilenoi (Seilenos e Melia)
                                 Phaiakoi (foice de Kronos)
                                 Kyklopes Sikelioi (foice de Kronos)
Daimones (espíritos):
                                 Pheme (rumores)
Autokhthones (nascidos da própria terra):
                                 Kekrops 
                                 Erekhtheus
                                 Palekton 
                                 Alalkomeneus 
                                 Iarbas
Por união a uma divindade masculina:
                     Com Aither:
                                 Airgia (preguiça)
                                 Algos (dor)
                                 Dolos (fraude)
                                 Lyssa (ira)
                                 Penthos (luto)
                                 Pseudos (mentira)
                                 Horkos (juramento)
                                 Poine (vingança)
                                 Anphilogiai (massacres)
                                 Lethe (esquecimento)
                                 Deimos (medo)
                                 Hysminai (disputa)
                     Com Tartaros:
                                 Typhoeus
                                 Ekhidna
                                 Kampe
                                 Heka Gigantes
                     Com Hydros:
                                 Aion
                                 Ananke
                     Com Ouranos:
                                 Kyklopes (um olho): Brontes, Sterope e Arges
                                 Hekatonkheires (cem mãos): Kottos, Briareos e Gyes
                                 Mousai Protogenoi (musas primordiais): Aoide, Melete e
Mneme (além de Arkhe e Telxione).
                                 Titanes e Titanides (tiranos e tiranas): Okeanos, Koios, Kreios,
Hyperion, Iapetos, Kronos, Theia, Rheia, Themis, Mnemosyne, Phoibe e
Tethys (além de Ophion, Eurynome e Dione).
                     Com o Ikhor da castração de Ouranos:
                                 Erinyes (vingança): Alektos, Tisiphone e Megaira. (Ikhor de
Ouranos em Nyx)
                                 Gigantes Protogenoi (gigantes primordiais): Alkyoneus,
Porphyrion, Enkelados, Ephialtes, Eurytos, Klytios, Mimas, Pallas,
Polybotes, Hippolytos, Aigaion, Agrios, Thoon, Peloreus, Pankrates,
Ouranion, Euphorbos, Euboios, Hyperbios, Agasthenes, Euryalos,
Khthonion, Emphytos, Rhoikos, Theomises, Theodamas, Eurymedon,
Damysos, Sykeus, Aristaios, Leon, Molios, Gration e Mylinos.
                                Meliades (freixo): Melie, Melissa, Kynosoura, Helike, Dikteia,
Ide, Hamadryas, Adamanteia, Adrasteia, Amalteia e Kombe.
                                Kouretes (jovens kretes): Prymneus, Pyrrikhos, Hoplodamos,
Okythoos, Idaios, Melisseus, Anytos, Sokos e Oxylos.
                     Com Pontos:
                                 Nereus
                                 Ketó
                                 Phorkys
                                 Thaumas
                                 Eurybia
                                 Kharybdis
                     Com Okeanos:
                                 Kekrops
                                 Kreousa (Asopos e Metope)
                                 Triptolemos (Keleus e Metanira)
                     Com Poseidon:
                                 Antaios
                                 Laistrygon
                                 Kharybdis (Pontos e Gaia)
                                 Orion (Poseidon e Euryale)
                                 Lamia (Poseidon e Libye)
                     Com Zeus:
                                 Manes
                                 Agdistis
                                 Kentauroi Kyprioi
                     Com Hephaistos:
                                 Erikhthonios 
          Com Epaphos (povos humanos e semi-humanos, principalmente da
África, os Protodemoi):
                                 Arismapoi
                                 Artabatitai
                                 Astomoi
                                 Blemmyai
                                 Kalingoi
                                 Khromandai
                                 Kynokephaloi
                                 Gorgades
                                 Hippopodes
                                 Makhlyes
                                 Makroboi
                                 Makrokephaloi
                                 Mandoi
                                 Melanokhrotoi
                                 Nyloi
                                 Pandai
                                 Panotioi
                                 Pygmaioi
                                 Skiapodes
                                 Sikiritai
                                 Strouthopodes
                                 Syrbotai
                                 Troglodotoi
                                 Libyes
                                 Thrakoi
                                 Spartoi
                                 Hellenes
                                 Indoi
                                 Aithiopes
                                 Skythes
                                 Hyperboreioi

NASCIMENTO DO UNIVERSO
“Antes de todas as coisas era o Kháos; e depois Gaía a de amplo
seio, assento sempre sólido de todos os Imortais que habitam os cumes do
nevado Olýmpous e o Tártaros sombrio escavado nas profundezas da terra
espaçosa; e depois Érôs, o mais formoso entre os Deuses Imortais, que
rompe as forças, e que de todos os Deuses e de todos os homens domina a
inteligência e a sabedoria em seus peitos. E de Kháos nasceram Érebos e a
negra Nýx, Aithér e Heméra nasceram, porque os concebeu ela após unir-
se em amor a Érebos. E primeiro pariu Gaía a seu igual em grandeza, a
Ouranós estrelado, com o fim de que a cobrisse por inteiro e fosse uma
morada segura para os Deuses ditosos. E depois pariu aos Oúrea enormes,
frescos retiros das divinas Nýmphes que habitam as montanhas abundantes
em vales pequenos; e depois, o mar estéril que bate furioso, Póntos; mas a
estes os gerou sem unir-se a ninguém nas suavidades do amor. E depois,
concubina de Ouranós, pariu a Ôkeanós o de redemoinhos profundos, e a
Koíos, e a Kreíos, e a Hyperíôn, e a Iapetós, e a Theía, e a Rheía, e a
Thémis, e a Mnemosýnê, e a Phoíbê coroada de ouro, e a amável Têthýs. E
o último a quem pariu foi o sagaz Krónos, o mais terrível de seus filhos,
que cobrou ódio por seu pai vigoroso.” – Hesíodos, Theogonía.

"Ele [Apóllôn] cantou a história dos deuses imortais e da negra Gaía,


como a primeira entre eles que veio a existir." – Hýmnos Homerikós IV
para Hérmês 427.

"Bem constituida Gaía, mãe de todos, a mais velha entre todos os seres." –
Hýmnos Homerikós XXX para Gaía.

De Caligena (névoa) [nasceu]: Chaos. De Chaos [nasceram]: Nox [Nýx],


Dies [Heméra], Erebus [Érebos], Aether [Aithér]... De Aether e
Dies [nasceram]: Terra [Gaía], Caelum [Ouranós], Mare [Thálassa]."
– Hygínos, Prólogos.

"Antes do mar, da terra e céu que tudo cobre, a natureza tinha, em todo o
orbe, um só rosto a que chamaram Chaos, massa rude e indigesta; nada
havia, a não ser o peso inerte e díspares sementes mal dispostas de coisas
sem nexo.

Inda nenhum Titan iluminava o mundo, nem Phoebe, no crescente, os


chifres renovava,nem a terra pendia no ar circunfuso, suspensa no seu
peso, nem, por longas margens, os seus braços havia espraiado Amphitrite.
E como ali houvesse terra e mar e ar, instável era a terra, a onda
inavegável e o ar sem luz; a nada aderia uma forma, e cada coisa obstava
outras, pois num só corpo

o frio combatia o quente, o seco o úmido, o mole o duro, e o peso o que


não tinha peso.
Tal disputa um Deus de uma melhor natureza resolveu, pois de Coelum,
Terra, e de Terra separou Pontus, e o fluente Aether separou de Coelum
espesso. Estas coisas, depois de que as separou e libertou de sua cega
acumulação, dissociadas por lugares, com uma concorde paz as uniu.
A força ígnea e sem peso do convexo Coelum atrelou e um lugar se fez no
supremo recinto. Próximo está Aether a ela em leveza e em lugar. Mais
densa que eles, Terra, os elementos grandes arrastou e presa foi pela sua
gravidade; o circunfluente gênio
por último possuiu e conteve ao sólido orbe. Assim quando disposta estava,
quem quer que fosse aquele, dos Deuses, esta acumulação sarjou, e
sarjada em membros a refez.
No princípio Terra, para que não fosse desigual por nenhuma parte, em
forma a aglomerou de grande orbe; então aos estreitos difundirem-se, e
que por arrebatadores Venti se intumescessem ordenou e que da rodeada
Terra circundassem os litorais.
Acrescentou também fontes e pântanos imensos e lagos, e as correntes
declinantes cingiu de oblíquas margens, as quais, diversas por seus
lugares, em parte são sorvidas por ela, em Pontus elevam-se em parte, e
em tal planície recebidas de mais livre água, em vez de ribeiras, seus
litorais batem. Ordenou também que se estendiessem as planícies, que se
afundassem os vales, que de folhagens se cobrissem os bosques, lapídeos
que se elevassem os Montanum.
E, como duas pela direita e outras tantas por sua parte esquerda, em
Coelum cortam umas faixas, a quinta é mais ardente que
aquelas, igualmente a carga nele incluída a distinguiu com o mesmo
número o cuidado do Deus, e outras tantas chagas em Terra se marcam.
Das quais a que no meio está não é habitável pelo calor. Neve cobre, alta,
a segunda; outras tantas entre ambas colocou e temperança lhes deu,
misturada com o frio a chama. Domina sobre elas Aether, o qual, enquanto
é, que o peso de Terra, seu peso, que o de Pontus, mais veloz, no entanto é
mais pesado que o Sol.
Ali também as névoas, ali fixar-se as Nebulae ordenou, e os que haveriam
de locomover, os trovões, as humanas mentes, e com os raios, fazedores de
relâmpagos, os Venti.
A eles também não por todas as partes o artífice do mundo que
tivessem Aether lhes permitiu. Apenas agora se pode impedir a
eles, quando cada um governa seus sopros por diverso trecho, que
destroem o Cosmos: tão grande é a discórdia dos irmãos.
Eurus, a Aurora e aos Nabateus reinos se retirou, e a Persia, e os cumes
submetidos aos raios matutinos. Lucipher e os litorais que com o obsoleto
Sol se temperam, próximos estão a Phavonius; Skythia e os
Hyperboreioi horrendo os invadiu o Austrius. A contrária região com
nuvens assíduas e chuva a umedece o Notus.
Dele em cima impôs, fluido e de gravidade carente, o Aether, e que nada
da terrena face possuí. Apenas assim com certos limites havia cercado
tudo, quando, as que presa muito tempo haviam sido de uma neblina
cega, as Astrae começaram a ferver por todo o Coelum, e para que região
não houvesse nenhuma de seus viventes órfã, as Astrae possuem o Coelum
solo, e com elas as formas dos deuses; cedeu para ser habitado pelos
nítidos peixes Pontus, Terra as feras acolheu, aos voadores o agitado
Aether.
Mais santo que eles um vivente, e de uma mente alta mais capaz, faltava
todavia, e que dominar nos demais pudesse: criado o homem foi, seja que a
ele com divina semente o fez aquele artesão das coisas, de um mundo
melhor a origem, seja que de recente Terra, e afastada pouco antes do
alto Aether, retinha sementes de seu parente Coelum; a ela, a linhagem de
Iapetus, misturada com pluviais ondas de Pontus, a modelou na efígie dos
que governam tudo, os deuses, e embora inclinados contemplem os demais
viventes Terra, uma boca sublime ao homem deu e Coelum e as Stella
ver lhe ordenou levantar erguido seu semblante.
Assim, a que pouco antes havia sido rude e sem imagem, Terra se vestiu
das desconhecidas figuras, transformadas, dos homens." – Obídios,
Metamorphóseis.

"Depois de Chaos, quando o mundo adquiriu três elementos e toda a


estrutura mudou para novas formas, a Terra [Gaía] cedeu sob seu peso e
arrastou o Mar [Póntos] para baixo, mas leve elevou-se o
Céu [Ouranós]para o alto. O Sol [Hélios], também, elevou-se, não
acorrentado pela gravidade, e as Estrelas [Ástra], e os cavalos da
Lua [Selénê]. Terra [Gaía] por um longo tempo não cedeu à
Caelus [Ouranós]. Nem as Estrelas para Phoebus [Hélios]. Todos foram
ordenados igualmente." – Obídios, Phasti 5.9.

"Gaía gerou Aithér pontilhado com sua tropa de Ástera." – Nónnos,


Dionysiakás 27.50.

"Mãe Gaía ingênita e auto-parida." – Nónnos, Dionysiaká 29. 243. 


"Antes de tudo Khthón [Gaía], fresada por Hélios com o brilho de seu
esplendor recém-criado por sobre o peito todo-maternal... Beroé primeiro
lançou para longe do cone de névoa sombria, e depois se livrou do véu
sombrio do Kháos." – Nónnos, Dionysiká.

"No princípio somente existiam Kháos e  Nýx, negro Érebos e profundo


Tártaros; Gaía, Aithér e Ouranós não haviam nascido todavia; por fim,
Nýx de negras asas pôs no seio infinito de Érebos um ovo sem gérmen, do
qual, após o processo de longos séculos, nasceu o desejoso Érôs com asas
de ouro resplandecente, e rápido como um vendaval. Érôs, unindo-se nos
abismos de Tártaros ao Kháos alado e tenebroso, gerou nossa raça, a
primeira que veio à luz. A dos imortais não existia antes de que Érôs
misturasse os germens de todas as coisas; mas, ao confundi-los, brotaram
de tão sublime união Ouranós, Gaía, Ôkeanós e a raça eterna das
divindades bem-aventuradas..." – Aristophánes, Órnithes.

"Este Khrónos, de recursos imortais, gerou Aithér e grande Kháos, de


forma ampla e que, sem limite abaixo dele, sem base, sem lugar para se
estabelecer." – Rapsódias órficas 66.

"Originalmente havia Hýdros, diz Orpheús, e lama, a partir do qual


Phúsis se solidificou: ele postula esses dois como os primeiros
princípios, água e terra... Antes dos dois havia Thésis, no entanto,
ele não deixa claro, se o seu próprio silêncio seja uma indício de sua
natureza inefável. O terceiro princípio, foi gerado em seguida por
estes, Phúsis e Hýdros, que foi é e, será uma serpente com cabeças
adicionais crescendo sobre si, uma de touro, uma de leão e o rosto
de um deus no meio, que tinha asas sobre seus ombros, e seu
nome era Khrónos e também Heraklés. Unida com ele estava
Anánkê, sendo da mesma natureza, incorpóreo, ou Adrásteia, os
braços estendidos por todo o universo e tocando suas
extremidades. Acredito que esse representa o terceiro princípio,
ocupando o lugar da essência, só que Orpheús o tornou
bissexual [como Phánes] para simbolizar a causa geradora
universal. E assumo que a Teologia das Rapsódias Órficas descartou
os dois primeiros princípios (juntamente com o anterior aos dois,
que não foi citado) [isto é, os Órficos descartaram os conceitos de
Thésis, Khrónos e Anánkê], e começou a partir deste terceiro
princípio [Phánes] após os dois, porque este foi o primeiro que foi
exprimível e aceitável aos ouvidos humanos. Pois este é o grande
Khrónos que encontramos nas Rapsódias, o pai de Aithér e Kháos
Com efeito, nesta teologia também [Hieronyman], este Khrónos, a
serpente teve filhos, em número de três: úmido Aithér, ilimitado
Kháos, e como um terceiro, nebuloso Érebos... Entre estes, diz ele,
Khrónos gerou um ovo, essa tradição também torna-o gerado por
Khrónos, e nascido "entre" estes, porque é a partir destes que a
terceira tríade Inteligível é produzida [Phánes] O que é essa tríade,
então? O ovo, a díade das duas naturezas formadas em seu interior
(masculino e feminino) e a pluralidade entre as várias sementes e
em terceiro lugar um deus incorpóreo com asas douradas nos
ombros, cabeças de touros crescendo em seus flancos, e na cabeça
uma serpente monstruosa, apresentando a aparência de todos os
tipos de formas animais... E o terceiro deus da terceira tríade nesta
Teologia também comemora como Protógonos [Phánes], e ele
chama de Zeús a ordem de tudo e do mundo inteiro, portanto ele
também é chamado de Pán. Tanto nessa segunda fonte
genealógica relativa aos princípios inteligíveis."  – Órficos,
Fragmentos 54. 

"Os deuses, como eles [os gregos] dizem, não existiam desde o início, mas
cada um deles nasceu como nós nascemos... e Orpheús, que foi o inventor
original dos nomes dos deuses e contou sobre seus nascimentos e disse o
que todos eles fizeram, e que desfruta de algum crédito entre eles como um
verdadeiro teólogo, e é geralmente seguido por Hómêros, sobretudo, a
respeito dos deuses, também fazendo sua primeira gênese da água:
Ôkeanós, que é a gênese de tudo. Hýdros (Água), era de acordo com ele, a
origem de tudo, e de Hýdros a lama foi formada, e deles um ser vivo foi
gerado com cabeças adicionais crescendo sobre ela, de um leão, e outra de
um touro, e no meio delas o semblante de um deus; seu nome era Heraklés
e Khrónos (tempo) deste Heraklés foi gerado um enorme ovo, que, sendo
completamente preenchido, pela força de sua geração foi dividido em dois
pelo atrito. Sua copa se tornou Ouranós (Céu), e o que tinha afundado
para baixo, Gaía (Terra). De lá também saiu um deus
incorpóreo [Prôtógonos-Phánes]." – Orphiká, Theogonía, Fragmento 57.

"E Epikoúrios disse que o mundo começou, semelhante a um ovo, e o


Vento [as formas entrelaçadas de Khrónos e Anánkê] Circundando o ovo
na forma de uma serpente como uma coroa ou um cinturão de flores, então
começou a contrair a natureza. Conforme tentou espremer toda a matéria
com maior força, ele dividiu o mundo em dois hemisférios, e depois que os
átomos se ordenaram para fora, os mais leves e mais finos do universo
flutuaram para cima e tornaram-se o Ar brilhante [Aíther] e o Ar mais
rarefeito [Kháos], enquanto o mais pesado e mais sujo se lançou para
baixo, tornado-se a Terra [Gaía], tanto a secura da terra quanto o fluido
das águas [Póntos]. E os átomos se movem por si mesmos e por si mesmos
dentro da revolução do céu e das estrelas. Tudo ainda está sendo
impulsionado pelo circular vento serpentiforme [Khrónos e Anánkê]" –
Epikoúrios, fragmentos.

"Khrónos... [também chamado] Heraklés gerou um ovo enorme, o que, ao


ser preenchido por completo, pela força de seu gerador foi dividido em
dois, pela fricção de suas espirais se separou. Ouranós, e a que tinha
afundado para baixo, Gaía. De lá também saiu um deus
incorpóreo [Phánês ou Prôtógonos]. – Theogonía Orphiká, Fragmento 57
(de Athenogoras).

CASATRAÇÃO DE
OURANÓS
"Dizei como nasceram em um princípio com os Theoí, Gaía e os Potamoí,
e o imenso Póntos que bate furioso e os Ástrai resplandecentes e, por cima,
o amplo Ouranós. Dizei também que Theoí, manancial de bênçãos
nasceram deles; e como, apos repartir-se na origem honras e riquezas, se
apoderaram do Olýmpos, o de numerosos cumes." – Hesíodos, Theogonía.

"De todos os filhos nascidos de Gaía e Ouranós, eram os mais poderosos.


E desde sua origem foram odiados por seu pai. E conforme nasciam, um
após o outro, os sepultou, privando-os da luz, nas profundezas de Gaía. E
se alegrava desta má ação, e a grande Gaía gemia, por sua parte, cheia de
dor. Logo, ela abrigou um desígnio mau e artificioso.
—Queridos filhos meus, descendentes de um pai culpado, si quereis
obedecer-me, tomaremos vingança da ação injuriosa de vosso pai, porque
ele foi quem primeiro meditou um desígnio cruel.
Falou assim, e o temor invadiu a todos, e não respondiam nenhum deles.
Por fim, recobrando ânimo o grande e sagaz Krónos disse assim a sua mãe
venerável:
—Mãe, em verdade te prometo que levarei a cabo esta vingança.
Efetivamente, já não tenho respeito por nosso pai, porque ele foi quem
primeiro meditou um desígnio cruel.
Falou assim, e a grande Gaía se regozijou em seu coração. E lhe escondeu
numa emboscada, e lhe pôs na mão a foice de dentes cortantes, Megas
Drepanôn, e lhe confiou todo seu desígnio. E chegou o grande Ouranós,
trazendo a noite, e se estendeu sobre Gaía por inteiro e com todas as suas
partes, cheio de um desejo de amor. E fora da emboscada, seu filho lhe
pendurou a mão esquerda, e com a direita agarrou a foice horrivelmente,
imensa, de dentes cortantes. E ceifou rapidamente as partes genitais de seu
pai, e as lançou atrás de si. E não se escaparam em vão de sua mão.
Gaía recolheu todas as gotas sangrentas de Ikhór, que manaram da ferida;
e transcorrido os anos, pariu as robustas Erinýes e aos grandes Gigántes
de armas resplandecentes, que levam na mão longas lanças; e as Nýmphai
que na terra imensa são chamadas Méliai.
E as partes que havia ceifado, Krónos as mutilou com o aço, e as lançou
desde a terra firme ao mar de ondas agitadas. Flutuaram muito tempo
sobre o mar, e de despojo imortal brotou branca espuma, e dela saiu uma
jovem. E primeiro foi levada esta até a divina Kýtheres; e dali, a Kýpros a
rodeada de ondas." – Hesíodos, Theogonía.

"O Ciclo Épico começa com fabulosa união de Ouranós e Gé, por meio do
qual geraram filhos, três Hekatónkheires e três Kýklopes nascidos
deles." – Eumelos de Korinthos, Titanomakhía Fragmento 1.

"Os Titánes, filhos de Ouranós e Khthón." – Aiskhýlos, Prometheús


Dêsmótês 207.

"Ouranós foi o primeiro a governar o mundo inteiro. Ele casou-se com Gé


e gerou primeiro os Hekatónkheires, que foram chamados de, Briáreos,
Gýes e Kóttos. Eles eram insuperáveis em tamanho e força, e cada um
deles tinha cem mãos e cinquenta cabeças. Depois destes ele se tornou pais
dos Kýklopes, que eram chamados de, Árgês, Steópês, e Bróntês, cada um
deles tinha um só olho no meio da testa. Porém Ouranós aprisionou estes e
os lançou ao Tártaros (um local do reino de Haídês tão escuro quanto o
Érebos, e tão distante da  Terra, quanto a Terra é do Céu), e gerou outros
filhos com Gé, chamados de Titánes: Okeanós, Koíos, Hyperíôn, Kreíos,
Iapetós, e Krónos, o mais jovem; também teve filhas chamadas de
Titanídes: Têthýs, Rheía, Thémis, Mnemosýnê, Phoíbê, Diónê,
Theía. Agora Gé, aflita pela perda de seus filhos lançados no Tártaros,
persuadiu os Titánes a atacar seu pai, e ela deu a Krónos uma foice feita
de ádamanthos. Então todos eles, exceto Okeanós, lançaram-se contra
Ouranós, e Krónos cortou suas genitais, atirando-as ao mar. (Das gotas de
ikhór que jorraram as Erínyes nasceram, chamadas de Alektó, Tisíphone,
Mégaira.) Assim, tendo derrubado o reinado de Ouranós, os Titánes
libertaram seus irmãos do Tártaros e deram o poder a Krónos."
– Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 1. 1 – 5.
"Os Titanes, numerados em seis homens e cinco mulheres, nasceram, como
alguns escritores do mýthos dizem a respeito, de Ouranós e Gé, mas de
acordo com outros, de um dos Kourétes e Titaia, sua mãe, de quem deriva
o nome que eles possuem. Os barões eram Kronos, Hyperion, Koios,
Iapetos, Krios e Okeanos, e suas irmãs eram Rhea, Themis, Mnemosyne,
Phoibe e Tethys [Diódôros omite Theia]." – Diódôros Siculus, Livraria da
História 5.66.1.

"De Aether [Aithér] e Terra [Gaía] [nasceram vários Daimones]... De


Caelum [Ouranós] e Terra [Gaía] [nasceram:] Oceanus, Themis, Tartarus,
Pontus; e Titanes: Briareus, Gyes, Steropes, Atlas, Hyperion e
Polus [Koíos], Saturnus [Krónos], Ops [Rheía], Moneta [Mnemosýnê],
Dione [Aphrodítê]; e as três Phuriae[Erinýes], nomeadas de Alecto,
Megaera, Tisiphone." – Hygínos, Prólogos.

"Gaía ocultaria o próprio Krónos... Foi ocultado no ventre de Gaía [ou


seja, aprisionado no Tártaros], visto que ele era filho de Ouranós."
– Nónnos, Dionysiaká 27.50.

"Os Titánes, filhos de Ouranós e Khthón." – Aiskhýlos, Prometheús


Dêsmótês 207.

TITANOMAKHÍA
"E Rheia, subjugada por Kronos, pariu uma ilustre raça, os Kronides:
Hestia, Demeter, Hera a de sandálias douradas e o poderoso Haides, que
habita sob a terra e cujo coração é inexorável; e o retumbante Poseidon, e
o sábio Zeus, pai dos Theoi e dos Anthropoi, cujo trovão locomove a terra
espaçosa.
Mas o grande Kronos os tragava à medida que desde o seio sagrado de
sua mãe lhe caiam nos joelhos. E o fazia assim com o fim de que nenhum
entre os ilustres Ouranides possuisse jamais do poder supremo entre os
imortais.
Porque, efetivamente, Gaia e Ouranos estrelado lhe inteiraram de que
estava destinado a ser dominado por seu próprio filho, pelos desígnios do
grande Zeus, apesar de sua força. E por isso, não sem habilidade,
meditava seus estratagemas e devorava a seus filhos. E Rheia estava
oprimida por uma grande dor.
Mas, quando ia partir Zeus, pai dos Theoi e dos Anthropoi, suplicou a seus
queridos pais, Gaia e Ouranos estrelado, que lhe ensinassem os meios do
qual se valeriam para ocultar o nascimento de seu querido filho e para
poder castigar os furores paternos contra os outros filhos a quem Kronos
havia devorado. E Gaia e Ouranos atenderam a sua filha bem-amada e lhe
revelaram quais seriam os destinos do rei Kronos e de seus filhos
magnânimos.
E a enviaram a Liktos, rica cidade de Krete, no momento em que ela ia
partir ao último de seus filhos ao grande Zeus. E a grande Gaia lhe
recebeu na vasta Krete, para criá-lo e educá-lo. E em seguida o levou a
Liktos, atravessando a noite negra; logo, carregando-o com suas mãos, o
escondeu dentro de um antro elevado, nos flancos da terra divina, sobre o
monte Argeus, coberto de espessas selvas. Depois, após envolver entre
mantos uma pedra enorme, Rheia a deu ao grande príncipe Ouranide, ao
antigo rei dos Theoi, e este a pegou e a lançou ao ventre.
Insensato! Não previa em seu espírito que, em troca desta pedra,
sobreviveria seu filho invencível e em segurança e dominando-lhe muito
logo com a força de suas mãos, lhe arrebataria seu poderio e mandaria
por si só nos imortais. E o vigor e os membros robustos do jovem rei
cresciam rapidamente e transcorrido um tempo, enganado pelo conselho
astuto de Gaia, o sagaz Kronos devolveu toda sua raça, vencido pelos
artifícios e pela força de seu filho.
E primeiro vomitou a pedra que havia tragado por último, a Omphalos. E
Zeus a sujeitou fortemente na terra espaçosa, sobre a divina Pythos, no
fundo da garganta do Parnassos para que fosse um monumento futuro e
uma maravilha para os Anthropoi mortais.
E Zeus livrou de suas cadeias opressoras a seus tios, os Ouranides, a quem
haviam encarcerado seus pais em um acesso de demência. E
corresponderam eles neste benefício, e lhe deram o trovão, e a branca
centelha, e o relâmpago, que até então havia escondido a grande Gaia em
seu seio. E desde aquela estação, confiado em suas armas, Zeus manda nos
Anthropoi e nos Theoi." – Hesíodos, Theogonía.

"Não bem o pai de Zeus se irritou em seu coração contra Briareos, Kottos
e Gyges, os prendeu com uma forte cadeia e pelo temor de seu valor e sua
feia aparência e seu grande tamanho, os encerrou debaixo da terra
espaçosa e ali debaixo da terra, penetrados por dores, permaneceram nas
extremidades da vasta terra, gemebundos e com o coração cheio de uma
grande tristeza. Mas o Kronide e os demais Theoi imortais que Rheia a de
formosos cabelos concebera de Kronos os reintegraram à luz, seguindo os
conselhos de Gaia.
Esta em efeito, lhes deu a entender devidamente que com ajuda dos
Gigantes eles alcançariam a vitória e uma glória resplandecentes. E
combateram longo tempo, oprimidos por rudes trabalhos, os Theoi Titanes
e todos os Theoi nascidos de Kronos, e se lançaram terríveis batalhas. E
desde o cume do Othrys os Titanes gloriosos e desde o cume do Olympos
os Theoi, manancial de bênçãos, que de Kronos concebeu Rheia a de
formosos cabelos, combatiam sem descanso, lutando uns contra os outros
com cruéis fadigas durante mas de dez anos.
E esta guerra não tinha trégua nem fim, e se perturbavam entre eles com
iguais probabilidades. Mas quando Zeus ofereceu aos Gigantes o nektar e
a ambrosia, essas mensagens excelentes do qual se alimentam os, próprios
Theoi, se elevou nos peitos daqueles com maior valor; E quando provaram
o nektar e a ambrosia, o pai dos Theoi e dos Anthropoi lhes falou assim:
— Escuta-me, ilustres filhos de Gaia e Ouranos a fim de que os diga o que
meu coração me inspira no peito. Faz já demasiado tempo que
combatemos diariamente uns contra os outros, pela vitória e por isso
imperioso, os Theoi Titanes e nós, que nascemos de Kronos, emprega vós
contra os Titanes no terrível combate vossa imensa força e vossas
invencíveis mãos. Recordais nossa doce amizade, e não esqueceis que
depois de tantos males, libertados de uma pesada cadeia, haveis sido
reintegrados à luz, por nossos cuidados, desde o fundo das negras trevas.
Falou assim, e o irreprovável Kottos lhe respondeu:
—Venerável Não ignoramos o que dizes, mas sabemos até que ponto te
destacas em sabedorias e em inteligência. Haveis rejeitado longe dos
imortais um mal horrível, a mercê de tua prudência, desde o fundo das
negras trevas voltamos sobre nossos passos, libertados de nossas rudes
cadeias, oh rei, filho de Kronos! Depois de haver sofrido
desesperadamente. E por isso com coração firme e boa vontade, te
asseguramos agora o império nesta luta cruel, combatendo contra os
Titanes, em meio de rudes combates.
Disse assim, e os Theoi, manancial de bênçãos, aplaudiram a suas
palavras e seus corações desejaram a guerra mais que nunca. E
empenharam violentas batalhas naquele dia todos que estavam, varões e
fêmeas, os Theoi Titanes e os Theoi nascidos de Kronos, e aqueles a quem
Zeus havia reintegrado à luz do fundo de Erebos subterrâneo, violentos,
robustos, possuindo forças infinitas; porque de seus ombros saiam cem
mãos, e cada um tinha cinqüenta cabeças e que se erguiam desde as
costas, por cima de seus membros robustos.
E oposto aos Titanes esta guerra desastrosa, levavam em suas mãos
sólidas enormes rochas. E por outro lado, os Titanes afirmavam suas
falanges com ardor, e em ambas as partes se mostrava o vigor dos braços
e o valor.
E o imenso Pontos ressoou horrivelmente, e Gaia mugia com força, e o
amplo Ouranos gemia estremecido, e o grande Olumpous tremiam sobre
sua base ao choque dos Theoi; e no negro Tartaros penetrou um vasto
estrépito, ruído sonoro de pés, tumulto da disputa e violência dos golpes.
E lançavam uns contra os outros os dardos lamentáveis, e seu clamor
confuso subia até Ouranos estrelado, enquanto se exortavam e se feria com
grandes gritos.
E então cessou Zeus de conter suas forças, e sua alma ao ponto se encheu
de cólera, e implantou todo seu vigor, precipitando-se chamejante de
Ouranos e do Olympos e com o trovão e o relâmpago, voavam
rapidamente de sua mão robusta as centelhas, lançando ao longe a chama
sagrada e por todas as partes mugia, chamejante, Gaia fecunda e as
grandes selvas crepitavam no fogo, e toda a terra ardia, e as ondas de
Okeanos e o imenso Pontos se abrasavam, e um vapor cálido envolvia aos
Titanes terrestres e acendia a chama, prolongando-se no Aither divino, e
nos olhos dos mais bravos estavam deslumbrados pelo resplendor
irradiante da centelha e do relâmpago.
E o imenso incêndio invadia o Khaos e parece que ainda vêem os olhos e
ouvem os ouvidos o trastorno daqueles tempos de antigamente em que se
golpeavam Gaia e o amplo Ouranos, quando com um estrépito sem limites
seriam esmagados um pelo outro, que se balançava desde acima. Tão
horrível era o fragor do combate dos Theoi!
E todos os Anemoi levantavam com raiva turbilhões de pó ao explodir o
trovão, os relâmpagos e a ardente centelha, esses dardos do grande Zeus e
lançava seu estrépito seus clamores a desafiar de ambas as partes. E uma
imensa algazarra envolvia o espantoso combate, e de ambos os lados se
exibia o vigor dos braços.
Mas a vitória se inclinou. Até então, abalançando-se uns aos outros, todos
haviam combatido bravamente no terrível combate; mas, na primeira
linha, até então acentuando uma luta violenta, Kottos, Briareos e Gyges o
insaciável de combate, lançaram trezentas rochas, uma a uma com suas
mãos robustas, e cobriram com sombra seus disparos aos Theoi Titanes, e
nas profundezas de Gaia espaçosa as precipitaram carregados de duras
correntes, tendo dominado com suas mãos a estes adversários de grande
coração e os lançou abaixo da terra, tão longe da superfície como longe
esta Gaia de Ouranos, porque o mesmo espaço há entre Gaia e o negro
Tartaros." – Hesíodos, Theogonía.

"Ai de mim! Doloroso será, para mim, vou-lhe contar, mas não menos
doloroso silenciar; tudo agrava a minha angústia. O ódio acabara de
romper entre os deuses em dissídio. Uns queriam, expulsando Krónos, dar
o cetro a Zeús; outros, ao contrário, esforçavam-se por afastá-lo do trono.
Em vão procurei dar os mais prudentes conselhos aos filhos de Ouranós e
de Khthón, os Titánes; sua audácia desprezava todo o artifício, toda a
habilidade; eles supunham triunfar sem esforço graças a seu próprio
poder. Quanto a mim, Thémis, minha mãe, e a própria Gaía, adorada sob
tantos nomes diversos, me tinham profetizado que, no combate prestes a
travar-se, a força e a violência de nada valeriam; o ardil, tão somente,
decidiria da vitória. Quando lhes anunciei este oráculo, mal consentiram
em ouvir-me! Em tal emergência, pareceu-me prudente, acompanhando
minha mãe, adotar o partido de Zeús, que insistia comigo para que o
apoiasse. Graças a mim, e a meus conselhos, foi-lhe possível precipitar nos
negros, e profundos abismos do Tártaros, o venerando Krónos e todos os
seus defensores. Após tamanho serviço, eis o prêmio ignóbil com que me
recompensou o tirano do céu! Tal é a prática freqüente da tirania: a
ingratidão para com seus amigos... Mas o que tanto quereis saber: a causa
do meu suplício, eu vou dizer agora." – Aiskhýlos, Prometheús Dêsmótês
206.

"Mas Krónos [depois de ter deposto Ouranós] mais uma vez sujeitou os


Kýklopes e os confinou no Tártaros. Em seguida se casou com sua irmã
Rheía. Devido ao fato de que ambos, Gé e Ouranós, lhe haviam dado a
advertência profética de que seu governo seria derrotado por um filho seu,
passou a tragar seus filhos ao nascer... Zeús travou uma guerra contra
Krónos e os Titánes. Depois de dez anos de luta. Gé profetizou a vitória de
Zeús se ele assegura-se os prisioneiros no Tártaros como seus aliados. Ele
então matou a sua carcereira Kampê, e os libertou de suas cadeias".
– Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 1. 6.

"Saturnus [Krónos] foi arrancado de seu governo por Jove [Zeús]. Em


fúria, ele agita os braços para os poderosos Titánes e busca a assistência
devida pelo destino. Havia um monstro fabuloso nascido da Mãe Terra
[Gaía], um touro, cuja parte traseira era de uma serpente [Ophiotauros].
Aprisionado no barulhento Stýx, advertido pelas três Parcas [Moíres], em
um bosque negro com um muro triplo. Quem alimentasse às chamas com
as entranhas do touro estava destinado a derrotar os deuses
eternos." – Obídios, Phasti. 6.
“Após o primeiro Diónysos [Zagreús] ter sido abatido, Zeús Pai aprendeu
o truque do espelho com sua imagem refletida. Ele atacou a mãe do
Titánes com sua vingativa marca, e encerrou os assassinos do cornífero
Diónysos dentro das portas do Tártaros: as árvores arderam, os cabelos
da sofredora Gaía foram queimados com o calor. Ele acendeu o Oriente:
as terras do nascente de Baktria ardiam sob ferrolhos em chamas, as
ondas assírias incendiaram, o Mar Kaspios vizinho, as montanhas
indianas, o Mar Vermelho lançou ondas de chamas e aqueceu o árabe
Nereús. O Ocidente oposto o impetuoso Zeús também explodiu com seu
raio pelo amor a seu filho, e sob o pé de Zéphyros a salmoura ocidental já
meio queimada cuspiu um fluxo brilhante, os cumes do Norte, até mesmo a
superfície do mar congelado do Norte borbulhou e queimou: sob o clima
de neve Aigiokeros no canto do Sul fervia com faíscas mais quentes.” –
Nónnos, Dionysiaká, 6.206.

GIGANTOMAKHÍA
"E quando Zeus havia expulsado de Ouranos aos Titanes, a grande Gaia
pariu seu último filho, Typhoeus, após unir-se em amor a Tartaros pela
Áurea Aphrodite.
E eram ativas no trabalho as mãos, e eram infatigáveis os pés do robusto
Theos. E de seus ombros saiam cinquenta cabeças de um horrível dragão,
com línguas negras. E sob as sobrancelhas, os olhos dessas cabeças
monstruosas flamejavam em fogo, e brotava este fogo de todas essas
cabeças que olhavam.
E saiam vozes de todas essas cabeças horrendas, produzindo sons de todas
as classes, inefáveis, semelhantes às próprias vozes dos Theoi, ou a voz de
um enorme touro mugindo feroz, ou a de um leão de alma taciturna, —
coisa prodigiosa— ao latido dos cães, ou ao ruído estridente das altas
montanhas.
E acaso naquele dia se não houvesse mandado nos mortais e nos imortais,
si não houvesse compreendido assim em seguida o pai dos Anthropoi e dos
Theoi, e trovejou com ímpeto e com força, e por todas as partes Gaia
recebeu um choque horrível, e por cima dela, o amplo Ouranos, e Pontos,
e Okeanos, e a profundidade de Gaia.
E sob os pés imortais, cambaleou o grande Olympous quando se levantou o
rei, e gemeu Gaia. E os Anemoi e a centelha ardente se espalharam por
todos os lados sobre o negro Pontos, e a chama e o trovão, e o relâmpago,
e os turbilhões de fogo do monstro.
E se queimavam toda a Gaia, e todo o Ouranos, e todo o Pontos, e as
ondas ferviam a o longe e ao longo das margens, sob o choque dos Theoi, e
o choque era irresistível.
E se espantou Hades o que manda nos mortos e se estremeceram os
Titanes encerrados em Tartaros, em torno de Kronos, ao ouvir aquele
clamor inextinguível e aquele terrível combate.
E reunindo forças, Zeus empunhou suas armas, o trovão, o relâmpago e a
centelha abrasadora, e saltando do Olympous, feriu a Typhoeus. E assim
incendiou todas as enormes cabeças do monstro feroz, e o venceu por sob
seus golpes, e Typhoeus caio mutilado, e a grande Gaia gemeu por ele.
E a chama da centelha brotava do corpo deste rei, caindo nas gargantas
frondosas de uma áspera montanha, e ardia toda a imensa Gaia em um
vapor ardente, e corria como pela terra divina corre, nas mãos de
Hephaistos, o estanho fundido pelos ferreiros em um forno de amplas
faces, ou como o ferro, que é o mais sólido de todos os metais, na garganta
de uma montanha, vencido pelo ardor do fogo. Assim corria Gaia sob o
relâmpago de fogo ardente, e Zeus, irritado, lançou Typhoeus no amplo
Tartaros.
E de Typhoeus sai a força dos Anemoi Thuellai de sopro úmido, exceto
Notos, Boreas e o rápido Zephyros, que procede de Zeus e são sempre
utilíssimos aos Anthropoi. Mas os demais Anemoi, sem utilidade,
despertam Pontos, e precipitando-se sobre o negro Pontos, terrível açoite
dos Anthropoi, formam redemoinhos violentos e sopram daqui e dali e
dispersam as naus e perdem aos marinheiros; por que não há remédio
para a ruína daqueles que se encontram em Pontos. E sobre a superfície de
Gaia imensa e florida, destroem os formosos trabalhos dos Anthropoi
nascidos dela, enchendo-os de pó e de um ruído odioso." – Hesíodos,
Theogonía.

"Agora, por causa de sua raiva contra os Titánes, Gé deu à luz aos
Gigántes, Ouranós era o pai... Agora havia um oráculo entre os Theoí que
dizia que eles mesmos não seriam capazes de destruir qualquer um dos
Gigántes, mas somente poderiam acabar com eles com a ajuda de algum
aliado mortal. Quando Gé soube disso, ela procurou uma planta que iria
impedir a sua destruição até mesmo por mãos mortais. Mas Zeús impediu o
aparecimento de Eós, Selénê e Hélios, e cortou-se a planta antes que Gé
pudesse encontrá-la... A derrota dos Gigántes pelos Theoí irritou Gé ainda
mais, então ela teve relações sexuais com Tártaros e gerou Typhoeús na
Kilikía ". – Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 1. 34-39.
"Como alguns monstruosos descendentes do ogro Typhoeús ou de Gaía por
si mesma, do tipo que ele usou para suportar nos velhos tempos de sua
briga com Zeús." – Apóllônios Rhódios, Argonautiká 2. 38.

"[Árgos aborda seus companheiros Argonaútes:] O velo não seria uma


coisa fácil de tomar sem a permissão de Aietes, guardado como está de
todos os lados por tal Drákôn, um animal imortal e que não dorme,
descendente de Gaía por si mesma. Ela o trouxe sobre as encostas do
Kaúkasos pela rocha de Typhaôn. Foi lá que, dizem, Typhaôn quando
ofereceu violência contra Zeús e foi atingido por seu raio, caiu sangue
quente de sua cabeça." – Apóllônios Rhódios, Argonautiká,  2. 1206.

"Sykeús, um dos Titánes [ou Gigántes], foi perseguido por Zeús e levado


sob a proteção de sua mãe, Gé, ela provocou o crescimento de uma
planta [figueira] por meio de seu querido filho." – Athenaios,
Deipnosophistai, 78a.

"Leúka [em Itália] é uma cidade pequena, e nela se encontra uma fonte de


água fétida, na história mítica é dito que os Gigántes que sobreviveram aos
kampanías de Phlégra e são chamados de Gigántes Leuternianoi foram
expulsos por Heraklés, e na fuga para lá em busca de refúgio foram
envoltos pela Mãe Gé, e a fonte recebeu o fluxo do ikhór fétido de seus
corpos." – Strabôn, Geographía 7. 1. 5.

"De Terra e Tartarus [nasceram os], Gigantes: Enceladus, Coeus, Elentes,


Mophius, Astreaus, Pelorus, Pallas, Emphytus, Rhoecus, Ienios, Agrius,
Alemone, Ephialtes, Eurytus, Ephphrakorydon, Theomises, Theodamas,
Otus, Typhon, Polybotes, Menephriarus, Abesus, Kolophonus,
Iapetus." – Pseúdos-Hygínos, Prólogos.

"Tartarus gerou de Tartara [Gaía], Typhon, uma criatura de imenso


tamanho e temerosa forma, que tinha uma centena de cabeças de Draco
surgindo de seus ombros. Ele desafiou Jove [Zeús] para ver se Jove lutaria
com ele pela soberania. Jove golpeou seu peito com um raio de fogo.
Quando estava queimando Jove pôs o Monte Aítna, localizado na Sikelía,
sobre ele. Mesmo depois disso, é dito que até hoje ainda queima." –
Hygínos, Mýthoi 152.
"E para que a Terra não estivesse mais segura que o árduo Aether, pois
dizem que os Gigantes aspiravam ao reino celeste, e que acumulando seus
montes elevaram-nos até as altas estrelas. Então o pai onipotente
enviando-lhes um relâmpago, rachou o Olympus e sacudiu o Pelion do
Ossa, a ele submetido; sepultados pela sua massa, ao permanecer seus
sinistros corpos estendidos, regada pela grande quantidade de sangue de
seus filhos, dizem que Terra se impregnou, e que esse quente cruor
respirou, e para que toda lembrança de sua estirpe não desaparecesse,
tornou sua face com as dos homens. Mas também aquele ramo desprezava
aos altíssimos e eram selvagens, violentos e ávido de matança: bem sabiam
que do sangue haviam nascido." – Obídios, Metamorphóseis.

"Ele [Zeús] colocou suas armas celestes bem escondidas com seu raio em


uma caverna profunda [enquanto ele estava com sua amante Ploútô]. Do
subsolo os raios expeliram uma fumaça, o precipício branco foi
enegrecido; centelhas ocultas de uma flecha farpada de fogo aqueceram
uma nascente; torrentes fervendo com espuma e vapor, despejaram no
desfiladeiro Mygdonios, até que cresceram novamente. Então, com um
aceno de sua mãe, a Terra [Gaía], o kilikios Typhoeus estendeu suas mãos,
e roubou as ferramentas de Zeús cheias de neve, as ferramentas de fogo...
ele [Týphôn] saltou [ao ouvir a música da flauta de Kádmos] e arrastado
os pés serpentinos, deixou as armas de fogo de Zeús em uma caverna com
a Mãe Gaia para escondê-los." – Nónnos, Dionysiaká 1. 154 & 1. 415.

"Agora, como o filho [Typhoeús em sua batalha contra Zeús] foi açoitado


por rajadas congelantes de denteados granizos, sua árida mãe Gaía foi
muito ferida também, e vendo as marcas de pedra e pontos gelados
embutidos na carne do Gigánte, o testemunho de seu destino, ela orou ao
Titán Hélios, com voz submissa: ela pediu a ele um ardente raio vermelho,
que, com seu aquecido fogo pudesse derreter a água petrificada por Zeús,
derramando seu semelhante brilho sobre Typhôn congelado. Ela derreteu
a si mesma junto com seu corpo machucado, e quando ela viu sua legião
de imensas mãos escaladoras queimando tudo ao redor, rogou a uma
rajada do inverno tempestuoso para surgir em uma manhã, para que ela
pudesse saciar a sede avassaladora de Typhôn com suas refrescantes
brisas. Então Kronion inclinou balanceando igualmente o feixe da luta.
Mas Gaia, sua mãe, tinha jogado fora seu véu das florestas com sua mão, e
só então foi em luto contemplar as cabeças fumegantes de Typhaôn.
Enquanto seus rostos estavam enrugando, os joelhos do Gigánte cederam,
a trombeta de Zeús zurrava, predizendo a vitória como um ribombar de
trovão; caiu a elevada estrutura de Typhoeus que antes estava erguida,
embriagado com o eixo de fogo do céu, acometido por uma ferida de
guerra, por algo mais do que o aço, e se deitou de costas em cima de Gaía
sua mãe, esticando seus membros serpentinos no pó e lançando chamas." –
Nónnos, Dionysiakás 2. 540.

"[Typhoeús estava Derrotado aos pés de Zeús:] a rochosa Gaía rasgou sua


túnica e ali ficou de luto, em vez da tesoura da lamentação, ela deixou os
ventos baterem sobre seu peito e cortarem fora um bosque por uma onda,
então ela corta os cabelos de sua cabeça coberta des florestas durante o
mês da queda das folhas, ela rasgou ravinas em seu rosto; Gaía lamentou,
enquanto as lágrimas rolavam como torrentes de rios inchando as
colinas". – Nónnos, Dionysiakás 2. 636.

"[Héra] Dirigiu suas enganosas orações para a Mãe de Todos, Gaía,


ressecada pelos feitos de Zeús e do valoroso Diónysos, que tinham
destruído aquela nuvem de numerosos “Nascidos da Terra”
(Autokhthónes) indianos, e quando a mãe que “Trás a Vida” ouviu que o
filho de Semélê tinha eliminado a nação indiana com rápido fado, ela
gemeu pensamento ainda mais em seus filhos. Então, ela armou toda a
tribo dos Gigantes, prole da própria Terra, ao redor do vão da montanha
de Bakkhos [Diónysos], e incitou os seus próprios filhos para a batalha: -
Meus filhos, iniciem um ataque elevando pedras contra Diónysos,
“Enfeitado de Guirlandas”, apanhem esse assassino de indianos, este
destruidor de minha família, o filho de Zeús, e não me deixem vê-lo
governando como um bastardo de Zeús o monarca do Ólympos! Prendam-
no, amarrem Bakkhos rapidamente, para que eu possa participar na
câmara quando conceder Hébê para Porphyríôn como esposa, e dar
Kythereia [Aphrodítê] para Khthónios, Quando eu encantar
Glaúkopos[Athéna] como a companheira de cama de Enkélados, e Ártemis
de Alkyoneús. Tragam Diónysos para mim, para que eu possa enfurecer
Kroniôn [Zeús] quando ele ver Lykaios [Diónysos] escravo e cativo de
minha lança. Ou feri-lo com o corte do aço e matá-lo para mim como a
Zagreús, que se pode dizer, deus ou mortal, Gaía que em sua fúria por
duas vezes armou seus assassinos contra a raça dos Kronídes, os Titánes
mais velhos contra o antigo Diónysos [Zagreús], os jovens Gigántes contra
Diónysos “Nascido depois”. com estas palavras ela animou todo o exército
dos Gigántes, e o batalhão dos Gegenees unidos para a guerra." – Nónnos,
Dionysiakás 48. 6.  
MÃE DOS THEOI HALIOI
"Era chamado de Ancião, porque é doce e verdadeiro, e por que não se
esquece da justiça, e porque suas decisões são equitativas e sábias. E
depois, Póntos gerou ao grande Thaúmas, e ao robusto Phórkys, e a Kétô a
de formosa face, após unir-se a Gaía, e também a Eurybía, que tinha em
seu peito um coração de aço." – Hesíodos, Theogonía.

"Os filhos de Póntos e Gé são Phórkos, Thaúmas, Nereús, Eurybía e Kétô."


– Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 1. 10.

"De Pontus e Terra [nasceram]: Thaumas, Tusciuersus, Cepheus."


– Pseúdo-Hygínos, Prólogos.

MÃE DOS THEOI NOMIOI


I) KORYBANTES, DAKTYLOI E KABEIROI 

“[Após a castração de Ouranós] Gaía recolheu todas as gotas sangrentas


de Ikhór, que manaram da ferida; e transcorrido os anos, pariu as
robustas Erinýes e aos grandes Gigántes [ou Kourétes, guardiões de
Zeús] de armas resplandecentes, que levam na mão longas lanças; e as
Nýmphes que na terra imensa são chamadas Melíai [ou Meliádes, nutrizes
de Zeús].” – Hesíodos, Theogonía.

"Gé, dizem os gregos, foi a primeira a produzir os homens... Mas é difícil


descobrir se... os primeiros homens a aparecer são... os Kourétes Idaioi,
raça divina, ou os Korybántes Phrygioi que o sol viram pela primeira vez
por cima das árvores... ou os Kabeiroi para Lemnos, prole equitativa, nos
ritos secretos." – Poema lírico grego V Anônimo, Fragmentos 985. 

"E o autor de Phoronis diz que os Kourétes... são “Nascidos da Terra”


(Autokhthónes)." – Strabôn, Geographía 10. 3. 19.

"Nove Kourétes. Alguns escritores dos mitos relatam que esses deuses
nasceram de Gaía." – Diódôros Sikoúlos, Livraria da Historia 5. 65. 1.

"A ti também, agora aço, em outro tempo fiel ao pequeno Jupiter, Celmis, e
aos Curetes, gerados pela longa chuva, e a Croco, em pequenas flores,
como Esmílace, transformado: A todos deixo de lado, e vossos ânimos com
uma doce novidade se reterei." – Obídios, Metamorphóseis 4. 282.

"Dáktyloi Idaioi, habitantes de um penhasco rochoso, Korybantes


“Nascidos da Terra” (Autokhthónes), uma geração que surgiu por Rheía
auto-geradas do solo em tempos antigos." – Nónnos, Dionysiakás 14.23.

II) SEILENOS 
"Seilenós, que elevou-se a si mesmo acima da mãe Gaía sem ser gerado e
auto-entregue." – Nónnos, Dionysiaká 29. 243.

III) ARISTAIOS 
"Algumas autoridades dão a paternidade de quatro deuses chamados de
Aristaios, como Bakkhýlidês fez: Como um filho de Karystos, outro filho de
Kheirôn, outro filho de Gé e Ouranós, e um filho de Kyrene." –
Bakkhýlidês, Fragmento 45. 

IV) KENTAUROI KYPRIOI


"Outra tribo de dupla forma, os Kéntauroi Kýprioi (de Kypros). Quando
Kypris [Aphrodítê] fugiu como o vento da perseguição de seu lascivo
pai [Zeús], que ela não poderia ver como um profano companheiro de
leito, sendo ele seu próprio gerador, Zeús pai desistiu da perseguição e
abandonou a tentativa de união, porque a relutante Aphrodítê era muito
rápida e ele não conseguiu alcançá-la: Ao invés do leito de Kypris, ele
deixou cair no solo à chuva amorosa de suas sementes sob o sulco da terra
arada. Gaía então recebeu o orvalho fecundo de Kroniôn, e gerou uma
geração de aparência estranha, com chifres." – Nónnos, Dionysiakás 14.
193.

"Eu [Zeús] desejei a Paphiê [Aphrodítê], por quem eu derramei as


sementes do sulco da terra arada e gerei aos Kéntauroi." – Nónnos,
Dionysiakás 32. 65. 

V) AÍTNA 
"Aítna é uma montanha da Sikelía, chamada depois de Aítna, filha de
Ouranós e Gé, de acordo com Alkimos em sua obra sobre a Sikelía." –
Simônídês, Fragmento 52.
MÃE DOS DAIMONES
"De Aether [Aithér] e Terra [Gaía] [nasceram]: Dolor (dor) [Álgos], Dolus
(engano) [Dólos], Ira (fúria)[Lýssa], Luctus (lamentação) [Pénthos],
Mendacium (mentira) [Pseúdos], Jusiurandum (juramento)[Hórkos], Ultio
(vingança) [Poinê], Intemperantia (intemperança) [Manía], Altercatio
(altercação)[Amphilogía], Oblivio (esquecimento) [Léthê], Socordia
(preguiça) [Aergía], Timor (medo) [Phóbos], Superbia
(soberba) [Adephagía], Incestum (desejo) [Hímeros], Pugna
(combate) [Hysminé]. [De Caelum e Terra:] Oceanus, Themis, Tartarus,
Pontus; e os Titanes: Briareus, Gyes, Steropes, Atlas, Hyperion e
Polus[Koíos], Saturnus [Krónos], Ops [Rheía], Moneta [Mnemosýnê],
Dione [Aphrodítê]; e as três Phuriae, nomeadas de Alecto, Megaera,
Tisiphone." – Pseúdos-Hygínos, Prólogos.

"Phama (rumor) [Phémê], a mais rapída viajante de todos os males da


terra, florescendo com seu movimento, ganhando força quando vai; no
início é uma coisa pequena e corvarde, mas ela logo se eleva com um
sopro, e anda sobre a terra, e enterra a cabeça na base das nuvens. O mito
diz que enfurecida com os deuses, Terra [Gaía] produziu essa criatura
como seu último filho, como uma irmã para Enceladus e Coeus, uma
criatura de pés velozes, um anjo alado da ruína, um terrível monstro
grotesco, cada pena em seu corpo, por mais incrível que pareça, possui um
olho que nunca dorme, e para cada olhar que possui também tem uma
língua, uma voz, e um ouvido atento." – Birgílios, Aineiáda 4. 174.
GÊNESIS DOS GIGNTES
I) KYKLOPES & HEKATONKHEIRES
Os três gigantes imortais, os Kýklopes de um olho só e os Hekatonkheires
de cem braços e cinquenta cabeças irmãos dos Titánes.
II) HEKA GIGANTES Gigantes de Thrake (Norte da Grécia)
Os cem Gigantes que travaram uma Guerra contra os deuses e nasceram e
cresceram inteiramente armados de Gaía e Tártaros.

III) TYPHOEUS Gigante da Kilikia (Anatolía)


O monstruoso Gigante Typhoeus que foi derrotado por Zeús pelo trono do
céu era um filho de Gaía e Tártaros.

IV) TITYOS Gigante de Phokis & Euboia (Grécia Central)


Titýos era um gigante que tentou violar a deusa Létô e foi prontamente
morto por seu filho Apóllôn.

"Titýos, filho da ponderosa deusa Gaía; estirado no chão, seu tamanho


estende-se ao longo de nove acres." – Hómêros, Odysseía 11. 576.

"Tityós, filho de Gaía." – Hómêros, Odysseía 7. 324. 

"Tityos era filho da donzela Elara; mas ele foi amamentado e gerado da
Mãe Gaia." – Apóllônios Rhódios, Argonautikás 1. 758.

"Tityos também, nutrido por Tellus [Gaía] que é a mãe de todos, pode ser


visto [no Tártaros], com seu corpo atrelado ao longo de um total de nove
acres, um enorme urubu com bico em forma de gancho mordendo para
sempre seu fígado incansavelmente ." – Birgílios, Aineiáda 6. 595.

"A cidade de Tityos [em Phokis], onde o corajoso filho de Gaía marchando
pela justa e frondosa floresta de Panopeús ergueu o manto sagrado de
Létô e tentou violá-la." – Nónnos, Dionysiakás 4. 331.

V) ORION, Gigante da Boiotía (Grécia Central)

"Ártemis matou Oríôn em Délos. Ele dizia ser um Gigas de grandes


proporções nascido de Gé." – Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 1. 25.

"Jove [Zeús], Neptunus [Poseidón], e Mercurius [Hérmês] vieram como


convidados do rei Hyrieús de Thrákê. Uma vez que eles foram recebidos
com hospitalidade por ele, prometeram-lhe que ele poderia pedir qualquer
coisa. Ele pediu uma criança. Mercurius [Hérmês] trouxe o couro de um
boi que Hyrieús tinha sacrificado para eles; então urinaram nele, e
enterraram-no na terra [Gaía], e dele nasceu Oríôn." – Pseúdos-Hygínos,
Mýthoi 195.
"[Zeús, Poseidón e Hérmês] juntos com o couro do boi. Tenho vergonha de
falar mais [os três deuses urinaram na pele]. Então eles cobriram o local
encharcado com terra. Já se passaram dez meses, nasceu um menino.
Hyrieus o chamou de Uríôn pela forma como nasceu; a primeira letra
perdeu seu antigo som. Ele cresceu imensamente." – Obídios, Phasti
5. 493.

"Hyria, era uma terra hospitaleira que entreteve aos deuses, em


homenagem ao hospitaleiro Hyrieús; onde nasceu um imenso Gigante de
nenhum leito conjugal, os três pais de Oríôn, surgiu por meio de sua mãe
terra [Gaía], depois de banhada com a urina de três deuses cresceu da
fecunda geradora sob a forma auto-criada de uma criança, engravidada
por um frutífero couro de boi enrugado. Em seguida um buraco foi feito na
terra para parir o filho ingênito da terra." – Nónnos, Dionysiakás 13. 96.

VI) ARGOS PANOPTES Gigante de Argos (Sul da Grécia)

"Um moscardo (oistros), um fantasma nascido da terra (gêgenês) Árgos...


Um pastor de inúmeros olhos." – Aiskhýlos, Prometheús Desmótês 566.

"Árgos, prole de Gé, que Hérmês matou." – Aiskhýlos, Suppliant Women


306. 

"Argos Panoptes... Akousilaus disse que ele era um nascido da terra


(autokhthón)." – Pseudo-Apollodorus, Bibliotheké 2. 4.

"Árgos o guardião de Héra, um boieiro, um filho de Gaía tão fértil no


mal." – Nónnos, Dionysiakás 20. 35.

VII) ANTAIOS Gigante da Libya (Norte da África)


Antaios era um gigante da Libya que foi morto por Heraklés.

"Antaios era mais forte quando seus pés estavam no chão, é por isso que
alguns diziam que ele era um filho de Gé." Pseudo-Apollodorus,
Bibliotheca 2. 115.

"[Ostensivamente uma descrição de uma antiga pintura grega em


Neapolis:] Esta é a Libya, e Antaios que Gé gerou para fazer o mal aos
estrangeiros praticando, imagino, um estilo de luta-livre pirata. O gigante
realizava estes concursos e sepultava aqueles que ele matava na luta-livre
no próprio solo, como vês, a pintura tráz Heraklés... Quanto à Antaios,
acredito que tu deves temê-lo, meu jovem; pois ele se assemelha a uma
besta selvagem, sendo quase tão largo quanto alto... Tu o vês envolvido na
luta-livre, ou melhor, na conclusão de seu ataque, e Heraklés no momento
de sua vitória. Mas ele coloca seu oponente um pouco acima da terra, pois
Gé estava ajudando Antaios na luta arqueando-o para cima e
levantando seus pés novamente sempre que ele era arremessado para
baixo. Então Heraklés, perplexo sem saber como lidar com Gé, capturou
Antaios pelo meio, acima da cintura, onde as costelas estão, e o colocou
em pé acima de suas coxas, ainda segurando seus braçossobre ele;
pressionando seu ante-braço contraa boca do estômago de Antaios, agora
flácido e ofegante, ele aperta seu fôlego e o mata forçando os pontos de
sua costela contra seu fígado. Sem dúvida vês Antaios gemendo e olhando
para Gé, que não pode ajudá-lo, enquanto Heraklés é forte e sorri por seu
feito." – Philostrátos o velho, Imagens 2. 21.

"Eu [Heraklés] afastei o feroz Antaeus de sua


mãe [Gaía] nutritiva." Obídios, Metamorphóseis 9. 183.

VIII) LAISTRYGON Gigante da Itália

"[Os alados Boreádes perseguindo as Hárpyiai por toda a trajetória até a


Itália] sobre a íngreme montanha da corça e a árida Aitna até a ilha de
Ortygía e o povo originado de Laistrygôn eu era filho do amplo reinante
Poseidón [e Gaía]." – Hesíodos, Catálogo das mulheres, Fragmento 40A.

IX) GEGENEES Gigantes de Mysía (Anatolía)

Está [Montanha do Urso em Propontis] é habitada por uma feroz e bárbara


tribo de aborígenes, que apresentam um espetáculo impressionante aos
seus vizinhos. Cada um destes monstros “Nascidos da Terra”
(Autokhthónes) estão equipados com seis grandes braços, dois brotam se
seus ombros, e quatro abaixo de seus prodigiosos flancos." – Apóllônios
Rhódios, Argonautikás 1. 901.

X) HYLLOS Gigante de Lydía (Anatolía)

"Agora o cadáver [sepultado na Lydía superior] não era inferior a dez


côvados, mas de seu tamanho nunca teriam pensado que... Os guias dos
lydioi relacionariam a verdadeira história, de que o cadáver era de Hyllos,
como filho de Gé, por quem o rio foi nomeado." – Pausanías, Descrição da
Grécia 1. 35. 7.

XI) ANAX Gigante de Lydía (Anatolía)


"Antigamente a cidade dos Milesioi [Miletos] era uma ilha chamada de
Lade, e dela, certas ilhotas são destacadas. Uma delas, eles chamaram a
ilhota de Asterios, e disseram que Asterios foi sepultado nela, e que
Asterios era filho de Anax, e Anax era filho de Gé. Agora o cadáver não é
inferior a dez côvados [mais de 5 metros]." – Pausanías, Descrição da
Grécia 1. 35. 6.

XII) DAMASEN Gigante de Lydia (Anatolia)

"Damasên [da Mysía], um gigantesco filho de Gaía, a quem sua mãe certa


vez concebeu e gerou por ela mesma. Em seu nascimento, Éris era sua
nutriz, sua papinha materna era a lança, a carnificina era seu banho, a
couraça era sua frauda. Sob o forte peso de seus longos membros robustos,
um guerreiro bêbe, ele arremessava lanças quando menino; tocando o 
céu, desde seu nascimento ele balançava uma lança nascida com ele." –
Nónnos, Dionysiakás 25. 452.

XIII) ALPOS Gigante da Sikelía (Itália)

"Diónysos com sua estaca cortante de hera atravessa Alpos, que era um
divino guerreiro filho de Gaía, Alpos com uma centena de víboras em seus
cabelos." – Nónnos, Dionysiakás 25. 238. 

"A mão divina de Diónysos o “Matador do Gigánte”, certa vez ao lado da


base tyrsenia do Peloros [na Sikelía] esmagou Alpos, o filho de Gaía que
lutou contra os deuses, golpeando com pedras e lançando colinas." –
Nónnos, Dionysiakás 45. 174.
"Para quem [Diónysos] Alpos ousou dobrar os joelhos, como filho de Gaía
com o enorme corpo elevando próximo das nuvens." – Nónnos,
Dionysiakás 47. 626. 

XIV) SYKEUS Gigante da Kilikia (Anatolia)

"Androtion, no manual do agricultor, conta a história de que Sykeús, um


dos Titánes [ou Gigántes], foi perseguido por Zeús e levado sob a proteção
de sua mãe, Gé, e que ela gerou uma planta [figueira] do qual cresce seu
amado filho; dele também a cidade de Sykea na Kilikia recebeu seu nome."
– Athenaios, Deipnosophistai 78a.

XV) AZEIOS Gigante da Arkadía (Sul da Grécia)


"Khthón [Gaía] antiga fervilhava e deu à luz a um filho, Azeios, que
cresceu até a idade adulta em meio à grande batalha dos Titánes." –
Fragmentos Anônimos.

A GÊNESIS DOS HOMENS: REIS


PRIMORDIAIS
Similar aos Gigántes, os reis Autokhthónes (nascidos da terra) eram
frequentemente descritos como os fundadores indígenas das tribos e reinos
humanos:

"Gé, dizem os gregos, foi a primeira a produzir os homens, conquistando


esse grande privilégio, desejando ser mãe não de plantas insensíveis, nem
de bestas irracionais, mas de um ser civilizado, uma criatura amante dos
deuses. Mas é difícil de descobrir, ele diz, se o beócio Alalkomeneús na
margem do lago Kephissos foi o primeiro homem a aparecer, ou se foram
os Kouretes Idaioi, raça divina, ou os Korybantes phrygioi que o sol viram
pela primeira vez acima das árvores; ou se Arkadia deu á luz aos pré-
lunares Pelasgoí, ou de Eleusís por Dysaulês, habitando em Rharia, ou de
Lémnos por Kabeiros, justa prole, nos ritos secretos, ou de Pellénê pelo
phlegraios Alkyoneús, o mais velho dos Gigántes. Os libyes dizem que
Iarbas foi o primeiro a nascer, elevando-se das áridas planícies para
oferecer os primeiros frutos da doce castanha á Zeús. No Neilos, ele diz,
enriquecendo o lodo egípcio  e gerando vida até hoje, produzindo criaturas
feitas de carne pela umidade e o calor. Os assirios dizem que Oannes o
comedor de peixe nasceu em sua terra, e o Adão caldeu na deles." – Poema
lírico grego V, Anônimo, Fragmento 985. 

I) ERIKHTHONIOS, Primeiro rei da Attikê (Sul da Grécia)

Os que habitavam na bem edificada cidade de Athénai e constituíam o


povo do magnânimo Erekhtheús, a quem Athéna, filha de Zeús, criou
(havia-lhe dado à luz a fértil terra [Gaía]) e pôs em seu rico templo de
Athénai, onde os jovens atenienses oferecem todos os anos sacrifícios
propiciatórios de touros e cordeiros a deusa – Hómêros, Iliáda 5. 124

"[Hephaístos] deixou-se exciter por Athéna, e começou a perseguí-la


enquanto ela corria dele. Quando ele a alcançou com muito esforço, pois
era alejado, ele tentou entrar, mas ela... não permitiu; de modo que ele
ejaculou, seu sêmem caiu sobre sua coxa. Em repulsão Athéna limpou-se
com um pouco de lã, que ela jogou no chão. E enquanto ela fugia o sêmem
caiu na terra (gé), Erikhthonios veio a nascer. Athéna criou Erikthonios,
evitando aos outros deuses." – Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 3. 188.

"Pállas [Athéna] colocou [Erikhthonios] a antiga semente de Hephaístos


dentro de um cesto, até que ela estabeleceu uma rocha em Aktê (Attikê)
para os filhos de Kekrops; um nascimento misterioso e secreto, cuja
linhagem eu não sabia e nem aprendi, mas elas mesmas [as filhas de
Kekrops] declararam, de acordo com o relato entre as aves primordiais,
que Gaía lhe deu a Hephaistos." – Kallímakhos, Hecale Fragmento 1.2
"Os homens dizem que Erikhthonios [o primeiro rei de Athénai] não tinha
pai humano, mas seus pais eram Hephaístos e Gé." – Pausanías, Descrição
da Grécia 1. 2. 6.

"Quando ele [Hephaístos] entrou em sua câmara, [Athéna] defendeu sua


virgindade com as mãos. Enquanto lutavam, algumas de suas sementes
cairam na terra [Gaía], e delas nasceu um menino, a parte inferior do
corpo era formado por uma cauda de serpente. Eles o chamaram de
Erichthonius, porque éris em grego significa “conflito”, e khthón significa
“terra”. Quando Minerva decidiu cuidar dele secretamente, ela o entregou
em uma cesta para Aglaurus, Pandrosus, e Herse, filhas de Cecrops, como
guardiãs."– Pseúdos-Hygínos, Mýthoi 166.

"Eurípidês faz o seguinte relato de seu nascimento [Erikhthonios].


Vulcanus [Hephaístos], inflamado pela beleza de Minerva [Athéna], ele a
pediu em casamento, mas ele foi recusado. Ela escondeu-se num lugar
chamado Hephaestius, em razão do amor de Vulcanus. Eles dizem que
Vulcanus, a seguiu, cançado de tentar forçá-la, e quando, cheio de paixão
tentou envolvê-la, ele foi repelido, e algumas de suas sementes caíram na
Terra [Gaía]. Minerva ultrajada pela vergonha, com seu pé espalhou
poeira sobre ele. Por causa disso o serpentino Erichthonius nasceu, que
deriva seu nome da terra e de sua luta. Minerva o escondeu, com um
objeto de culto, em uma cesta." – Pseúdos-Hygínos, Astronomica 2. 13.

"O coxo [Hephaístos] infeliz em seu casamento derramou sua semente em


um desnaturado amor [por Athéna], e a ardente espuma de amor caiu dele
sobre a terra [Gaía que foi impregnada e deu à luz a Erekhtheús]." –
Nónnos, Dionysiakás 13. 176.

"Hephaístos, amava a donzela [Athéna], mas era noivo da criativa


Gaía [isto é, Hephaístos amava Athéna, mas acidentalmente impregnou
Gaia ao invés disso], que você fique quieto e não cuide de Marathôn, onde
a tocha matrimonial da deusa virgem está brilhando? Eu não o lembrarei
de sua centelha mística, de sua luz sempre ardente. Lembrarei da urna na
qual  a criança foi acalentada na câmara da donzela, que era filho de
Gaía, na qual a jovem cuidou de sua prole auto-gerada com peito viril." –
Nónnos, Dionysiakás 27. 316.

"Ela [Athéna] querendo fugir de Hephaistos, pois ela se lembrava da união


improvisada com o nutritivo solo, e não querendo cuidar de outro filho de
Gaía em seu peito viril, o irmão mais novo de Erekhtheus agora que o
primeiro morreu." Nónnos, Dionysiakás 29. 334.

"A forma selvagem de Erekhtheús, que Hephaístos gerou em um sulco de


Gaía com fertilizante orvalho." – Nónnos, Dionysiakás 41. 58.

II) KEKROPS, Primeiro rei da Attiké (Sul da Grécia)

"Havia uma vez na Attikê um certo Periphas, elevando-se já formado da


terra (Autokhthón), que vivia ali antes mesmo de Kekrops, filho de Gé, ter
surgido." – Antoninus Liberalis, Metamorphóseis 6

"Rei dos atenienses. Cecrops [Kékrops], filho de Terra [Gaía]." – Pseúdo-


Hygínos, Phabulae 48.

"Primordial [nascido da terra] Kekrops, que rastejava e arranhava a terra


com seus pés reptilianos, que lançava veneno quando se movia, drákôn por
baixo, mas por cima dos lombos a cabeça ele se parecia com a metade de
um homem feito, estranho na forma e na carne de dupla forma." Nonnus,
Dionysiaca 41. 58

III) PALAIKHTHON, Rei de Argos

"Eu sou Pelasgos, descendente de Palaikhthôn, que a terra (gê) gerou, e


senhor desta terra; e depois de mim, seu rei, é que justamente se nomeou a
raça dos Pelasgoi, que cultivam esta terra." – Aiskhýlos, Mulheres
suplicantes 250

IV) TRIPTOLEMOS & DYSAULES, Princípes de Eleusis


"Pherekydes diz que ele [Triptólemos de Eleusís] nasceu de Okeanós e
Gé." – Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 1. 32.  

"Gé, dizem os gregos, foi quem primeiro produziu os homens... mas é


difícil de descobrir... quem foi o primeiro homem a aparecer... ou Eleusis
por Dysaules, que habitava em Rharia." – Poema lírico grego V
Fragmento Anônimo 985. 

V) EUENOR, Primeiro rei de Atlantis.

"Nesta montanha [no centro de Atlantis] vivia um dos nascidos da terra


(Autokhthónes) um homem primordial daquele país, cujo nome era Euenor,
e ele tinha uma esposa chamada Leukippe, e eles tiveram uma única filha
que era chamada de Kleitô [mãe com Poseidón dos reis de
Atlantis]." Plátôn, Kritías 113c. 

A GÊNESIS DOS HOMENS: TRIBOS


Gaia era a mãe da humanidade: as tribos dos homens eram principalmente
descritos como Autokhthónes (nascidos da própria terra). No mýthos de
Prometheús, o Titán moldou o primeiro homem a partir do barro. Mais
tarde, após a destruição dessas raças no Grande Dilúvio, uma nova geração
nasceu quando o rei thessalios Deukalíôn lançou "os ossos de sua mãe
terra" (as pedras). Tribos em outras partes da Grécia e do resto do mundo
também retrataram como nasceram diretamente de sua terra natal.

"Ó mãe Gaía, dos deuses e dos homens, origem." - Hýmnos Orphikós XXVI
para Gé.

"Oh [Gaía] eterna criadora dos deuses e dos homens, que trouxeste a


existência os rios e florestas e sementes da vida em todo o mundo, a obra
de Prometheús e as pedras de Pyrrha [os homens nascidos das pedras]." –
Státios, Thebais 8. 295.

I) A RAÇA DOS HOMENS DE OURO 

"Quando Cura [Kórê] estava atravessando um certo rio, ela viu um pouco


de lama argilosa. Ela a pegou pensativa e começou a moldar um homem.
Enqanto ela estava pensando sobre o que tinha feito, Jove [Zeús]surgiu;
Cura [Kórê] pediu-lhe para dar vida a imagem, e Jove [Zeús] prontamente
concedeu isso. Quando Cura [Kórê] queria dar-lhe seu nome,
Jove [Zeús] a proibiu, e disse que seu nome é que deveria ser dado. Mas,
enquanto eles discutiam sobre o nome, Tellus [Gaía] elevou-se e disse que
ele deveria ter o seu nome, uma vez que foi ela quem deu seu próprio
corpo. Ele tomaram Saturnus [Krónos] como juiz; ele parece ter decidido
para que: Jove [Zeús], por ter lhe dado a vida... [Gaía] por ter-lhe deixado
receber seu corpo; por Cura [Kórê] ter-lhe moldado, deixou que ela o
possuísse enquanto ele vivesse, mas ainda existe controvérsia sobre seu
nome, que ele seja chamado de homos, já que ele parece ser feito de
húmus." – Pseúdos-Hygínos, Mýthoi 220.

"Eles [a raça dourada dos homens, criada por Phusis (Mãe Natureza) não
tinha a forma do primordial Kekrops [com pés reptilianos]... Mas agora
apareceu pela primeira vez a safra dourada dos homens [a raça dourada da
humanidade] produzidos à imagem dos deuses, com as raízes de sua
existência na terra." – Nónnos, Dionysiakás 41. 58.

II) NASCIDOS DA TERRA, Tribos da Grécia


Uma raça de homens que nasceram dos ossos da mãe Gaía, isto é, as
pedras, lançados sobre os ombros dos sobreviventes do grande dilúvio,
Deukalíôn e Pýrrha.

III) OS SPARTOI, Tribo de Thébês, Boiotia (Grécia Central)


Uma tribo de homens guerreiros que cresceram a partir de Gaía já
totalmente formados, quando ela foi semeada pelos dentes de um Drákôn.

"Sua raça nasceu dos Spartoi [homens semeados], de um daqueles a quem


Árês poupou, e assim Melanippos é o verdadeiro nascido de nossa
terra... [os deuses] enviaram este homem adiante para manter a lança do
inimigo sob a mãe [Gaía] que lhe deu à luz." - Aiskhýlos, Os sete contra
Thébês 412.

"Sua [as forças de Thébês indo para Troía] foi comandada pelo “Nascido


da Terra” Leitos [provavelmente significando um descendente dos
Spartoi]." – Eurípidês, Iphigenia em Aulis 259

IV) OS THRAKOI, Tribos de Thrákê (Norte da Grécia)


"E para que a Terra não estivesse mais segura que o árduo Aether, pois
dizem que os Gigantes aspiravam ao reino celeste, e que acumulando
seus montes elevaram-nos até as altas estrelas. Então o pai onipotente
enviando-lhes um relâmpago, rachou o Olympus e sacudiu o Pelion do
Ossa, a ele submetido; sepultados pela sua massa, ao permanecer seus
sinistros corpos estendidos, regada pela grande quantidade de sangue
de seus filhos, dizem que Terra se impregnou, e que esse quente cruor
respirou, e para que toda lembrança de sua estirpe não desaparecesse,
tornou sua face com as dos homens. Mas também aquele ramo
desprezava aos altíssimos e eram selvagens, violentos e ávido de
matança: bem sabiam que do sangue haviam nascido." –
Obídios, Metamorphóseis. 1. 156. 

V) OS LIBYES, Tribos da Libya (Norte da África)

"As terras dos Massagetai e dos orgulhosos homens meio cães


(Hemikunoi), do povo subterrâneo (Katoudaioi) e dos frágeis Pygmaioi
(pigmeus); e das tribos infinitas de pele negra (Melanokhrotoi) e dos
Libyes. Grande Gaía deu estes a Epaphos... Aithiopes, Libyes e Skythes,
ordenhadores de éguas. Na realidade Epaphos era filho do onipotente filho
de Krónos, e dele surgiram os escuros Libyes (africanos), e Aíthiopes
(etíopes) de elevadas almas, e o povo subterrâneo (Katoudaioi) e os frágeis
Pygmaioi (pigmeus).Todos esses são filhos desse senhor, o
Tempestuoso [Zeús]. Ao redor de todos estes, os filhos de Boréas
apressados lançam-se em vôos... Hyperboreioi, bem montados, que Gé,
toda nutriz, despe longe das correntes do profundo fluxo do Eridanos... de
âmbar, alimentando sua ampla prole dispersa." – Hesíodos, Catálogos das
mulheres, Fragmento 40A.  

VI) OS INDOI, Tribos da Índia (Sul da Ásia)

"Como eles [os indianos atacados pelas tropas de Diónysos] caíram e


caíram, Gaía escurecida pelo derramamento de rios de sangue, lamentou
por seus filhos [a raça indiana], e clamou com uma torrente de palavras,
pelo filho [Aíakos] de Zeús, o carniceiro benevolente, pois você é o senhor
das chuvas frutíferas e do dilúvio de sangue... Então chorou Gaía, a mãe
da vida." – Nónnos, Dionysiakás 22. 274.
"Os inconquistáveis indianos, nascidos de Gé, a terra." – Nónnos,
Dionysiakás 36. 160. 

"Morrehus [o líder indiano] não era como os homens desta terra, mas ele
se assemelhava a força nacional dos “Nascidos da Terra” Indoi no
elevada estatura e gigantescos membros; ele tinha nascido da terra uma
raça que o imponente Typhon gerou." – Nónnos, Dionysiakás 34. 182.

A GÊNESIS DOS ANIMAIS

"Um número de criaturas cujos mal arranjados membros declarou não


serem nem homens e nem animais haviam se reunido ao redor [Kírkê a
feiticeira] como um grande rebanho de ovelhas seguindo seu pastor no
redil, monstros indescritíveis como estes, equipado com diversos
membros, certa vez foram produzidos espontaneamente por Gé de sua
lama primordial, quando ela ainda não tinha se solidificado sob um céu
sem chuva e derivado nenhuma umidade pelo sol escaldante. Mas
Khrónos [Aíôn], combinando isto com aquilo, trouxe a criação dos
animais uma ordem." – Apóllônios Rhódios, Argonautikás 4. 673.

"Gé, dizem os gregos, foi a primeira a produzir os homens, conquistando


esse grande privilégio, desejando ser mãe não de plantas insensíveis, nem
de bestas irracionais...”  – Poema lírico grego V, Fragmentos Anônimos
985.
“muitos seres encontram seus cultivadores ao mexer nos terrenos (gé) e
entre eles existem alguns apenas começados, no próprio espaço de seu
nascimento, alguns inacabados e se vê cortados em suas proporções, e no
mesmo corpo frequentemente uma parte vive, a outra parte é rude terra
(gé).

Porque quando uma temperança tomam a fumaça e o calor, concebem, e


desses dois se originam todas as coisas e, embora o fogo e a água seja
distintos, o vapor úmido todas as coisas cria, e a discórde concórdia é apta
para as crias.

Assim pois, quando do dilúvio recente Tellus enlodada com os sois etéreos
se incandeceu e com seu alto fervor, deu à luz a inumeráveis espécies e em
parte suas formas antigas devolveu, em parte novos prodígios criou.”
– Obídios, Metamorphóseis 1. 416. 

A GÊNESIS DAS PLANTAS


"Ao amanhecer, cai uma névoa frutífera sobre a Terra [Gaía] do estrelado
Céu [Ouranós] sobre os campos dos homens bem-
aventurados: Desenhada pelos rios de eterno fluxo e erguida acima da
terra por um vendaval... Gé, mãe de todos, trazendo novamente os seus
variados frutos." – Hesíodos, Érga kai Hemérai 547.

"Senhora (potnia) Gé, generosa doadora de toda a riqueza de doce-


coração, como amavél, ao que parece, você é para alguns, e como
intratável e árida é para aqueles com a qual você se enfurece." – Hómêros,
Epigramas VII. 

“De Gaía eu canto, Mãe firme de tudo, a mais antiga, que alimentou a vida
na terra, sempre que caminhava no solo ou nadasse no mar ou voasse; Ela
sustentou cada uma de suas riquezas. Através de ti os povos são
abençoados de filhos e frutos, Ó Rainha, que dá e reclama a vida dos
mortais; enriqueça quem quer que te agrade e honre; toda a abundância
para eles; que suas terras férteis sejam frutíferas; através dos campos seus
rebanhos prosperem; sua casa seja repleta de deuses. Eles regem os
estados bem-ordenados com formosas mulheres, e ampliam as riquezas dos
que os seguem; seus filhos exultam com júbilo jovial; suas filhas brincam
em danças de espalhar flores com o coração feliz, e pulam pelos campos
floridos. Tal coisa tu dás, Rica Divindade Sagrada. Então te saúdo, Deusa-
Mãe, Esposa do Estrelado Céu[Ouranós]; recompense minha canção com
um sustento prazeroso! De ti eu me recordo, e de outra canção também.” –
Homerikós Hymnós 30 para Gaía.

"Gé, dizem os gregos, foi a primeira a produzir os homens, conquistando


esse grande privilégio, desejando ser mãe não de plantas insensíveis, nem
de bestas irracionais, mas de um ser civilizado, uma criatura amante
dos deuses." – Poema lírico grego V Anônimo, Fragmento 985.

"Própria Gaía, que da à luz a todas as coisas, e tendo nutrido, deles


recebe seu crescimento, por sua vez." –Aiskhýlos, Portadores da Libação
127.

"O sagrado céu (ouranós) anseia ferir a terra (khthón) [Gaía], e espera


ansiosamente se espraiar sobre a terra para se unirem em casamento; a
chuva, caindo do amoroso céu, impregna a terra, e dá à luz para a
humanidade o alimento dos rebanhos e manadas e presentes de
Deméter [grãos]; e por meio desse úmidorito do casamento os bosques
vestem suas flores. Eu sou o motivo de todas essas coisas [Aphrodítê]." –
Aiskhýlos, Danaides, Fragmento 25.

"[Na Akrópolis, Athénai] uma imagem de Gé suplicando a Zeús para


chover por sobre ela; talvez os próprios athenaioi precisassem de um
aguaceiro, ou pode ser que todos os gregos tenham sido atormentados pela
seca." – Pausanías, Descrição da Grécia 1. 24. 3.

"As Peleiádes [sacedotisas de Dôdónê] dizem que foram... as primeiras


mulheres a cantar estes versos:... Gé envia as colheitas, portanto, cantam o
louvor de Gé como Mater (Mãe)." – Pausanías, Descrição da Grécia
10. 12. 10.  

"[A partir da descrição de uma pintura grega antiga que representa a raça de
Pélops com Hippodameia:] Os montes ao longo da pista de corridas
marcam as sepulturas dos pretendentes mortos por Oinomaos adiando o
casamento de sua filha, 13 jovens ao todo. Mas a terra (gê) agora faz
brotar flores em seus túmulos, Para que eles também possam compartilhar
o semblante de ser coroado por ocasião do castigo de Oinomaos."[N.B.
Gaia provavelmente foi personificada na pintura.] – Philóstratos o velho,
Imagens 1. 17.
"As Hórai (estações), vem à terra em suas próprias formas
adequadas, com as mãos postas estão dançando pelo ano através de seu
curso, acredito, e Gé em sua traz para elas todos os frutos do ano." –
Philóstratos o velho, Imagens 2. 34.

“... Vamos, deusa abençoada, ouça minha oração, e faça aumentar as


frutas com teu constante cuidado; com férteis estações (Hórai) em teu
comboio próximo, e com mente propícia teus suplicantes ouça." – Orphikós
Hymnós 26 para Gé.

"Há um banho nupcial dos Érôtes (deuses do amor) sob a forma de


chuva, derramando seus presentes de casamento por sobre o divã da Mãe
Terra (gaíê), abraça o fértil sulco com a esperança de sorte na
lavoura... Uma saraivada de nuvens, arauto propício de Eilithyeiê uma
deusa que trás a chuva para o nascimento... Terra (gaía) produziu os
frutos de seus amplos flancos, e comprometeu seus filhos com o céu e as
nuvens." – Fragmentos Anônimos.

"[durante a Era de Ouro dos homens] Ela mesma [Gaía] também, imune, e


por rastelo intacta, e por nenhumas grelhas ferida, lhes dava tudo
Tellus [Gaía] por si mesma, e, contentando-se com alimentos sem que
niguém os obrigasse a cultivá-los, recolhiam as crias do medronheiro e os
morangos montanheses, e os cornizos, e as amoras presas nos duros
espinheiros, e as bolotas que haviam se desprendido da ampla árvore de
Jupiter [Zeús]." – Obídios, Metamorphóseis 1. 102.

"Tu, gentil Tellus [Gaía], que fazes para os magos potentes


ervas fornece." – Obídios, Metamorphóseis 7. 196. 

"Se as plantas fixam e enraizam na terra, devem suas vidas e vigor à arte
da natureza, certamente Terra[Gaía] deve se sustentar pelo mesmo poder,
na medida em que, quando impregnada com sementes ela traz de seu
ventre todas as coisas em profusão, nutre suas raízes em seu peito e faz
com que elas cresçam, e ela mesma, por sua vez, é alimentada por
elementos superiores e exteriores. Além disso, suas exalações
proporcionam alimento para o ar, o éter e todos os corpos celestes." –
Kikérôn, De Natura Deorum 2. 33.

"Se o nome de Ceres [Dêmétêr] é derivado de seus frutos, como dissestes, a


própria Terra [Gaía] é uma deusa (e por isso acreditam que ela seja, pois
ela é a mesma divindade Tellus). Mas se Terra é terra divina, assim
também é o mar." – Kikérôn, De Natura Deorum 3. 20.

"Oh [Gaía] eterna criadora dos deuses e dos homens, que trouxeste a


existência os rios e florestas e sementes da vida em todo o mundo, a obra
de Prometheús e as pedras de Pyrrha [os homens nascidos das pedras]." –
Státios, Thebais 8. 295.

"Gaía desdobrou sua abundante fragrância, e trouxe um lote de plantas


para o prazer de Diónysos. Um emaranhado de estacas com videiras
espalhadas, ergueu uma ampla cobertura carregada com cachos de uva, e
sombreou o leito com suas folhas; uma auto-crescida árvore de
vinhedo cobriu de folhagens o divãcom seu rico crescimento,
e muitos cachos de frutas arroxeadas agitavam para cima, por sobre as
brisas Kypries." – Nónnos, Dionysiakás 16. 270.

A GÊNESIS DOS THÉRES

"Muitos são os horrores, medos e pavores, produzidos pela terra (gê), e os


braços do profundo enxame com odiosos monstros." – Aiskhýlos,
Prometheús Desmótês 585.

"O terreno onde estamos [Árgos] é a própria terra Apiana [Peloponnésos],


e tinha esse nome desde a antiguidade em honra de um curandeiro. Por
causa de Apis, vidente e curandeiro, filho de Apollon, veio de Naupaktos
na margem mais distante e Purificou esta terra de monstros mortais para o
homem, que a terra (gaia), contaminada pela poluição das obras
sangrentas da antiguidade, causando o surgimento de pragas cheias de
ira, uma ameaçadora colônia de pululantes serpentes (drakonthomilos).
Destas pragas, Apis trabalhou a cura por meio de feitiços e encantos para
o contentamento da terra Argeia." – Aiskhýlos, Mulheres Suplicantes 260.
I) EKHIDNA, Drakaina da Kilikia (Anatolía) ou Argos (Sul da Grécia)

"Ekhídna... ela era uma filha de Tártaros e Gé, que raptava os viajantes
que ali passavam." – Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké 2. 4.

II) PYTHON, Drakaina de Phokis (Grécia Central)

"De Terra [Gaía] [nasceu]: Python uma divina serpente." – Pseúdos-


Hygínos, Prólogos.

"Python, prole de Terra [Gaía], era um enorme Draco que, ante do tempo


de Apollon, usado para dar respostas oraculares no Monte Párnassos." -
Pseudos-Hygínos, Mýthoi 140. 

"Ela [Gaía] certamente não queria, mas a ti também, máximo Python,


gerou, desconhecida serpente, eras o terror dos povos novos: ocupavas o
imenso espaço de um monte.

A ela, o deus senhor do arco, que nunca tais armas havia usado, senão nos
gamos e corças fugazes, afundou com mil disparos, exausto, quase perdeu
sua aljava, derramando por suas negras feridas seu veneno.
E para que a fama dessa obra não pudesse ser destruida pela antigüidade,
instituiu os sagrados jogos Pythios, de reiterado concurso, denominados
com o nome da domada serpente.

Esses jovens que com sua mão, seus pés ou a roda vencesse, ganhava uma
coroa de folhas de azinheiro. Todavia não havia loureiro e, suas formosas
têmporas com seu longo cabelo, Phoebus cingia de qualquer árvore." –
Obídios, Metamorphóseis 1. 434.

III) DRAKON KHOLKIKOS, Drakon de Kholkhis (Leste do Mar Negro)

"[Árgos aborda seus companheiros Argonaútes:] O velo não seria uma


coisa fácil de tomar sem a permissão de Aietes, guardado como está de
todos os lados por tal Drákôn, um animal imortal e que não dorme,
descendente de Gaía por si mesma. Ela o trouxe sobre as encostas do
Kaúkasos pela rocha de Typhaôn. Foi lá que, dizem, Typhaôn quando
ofereceu violência contra Zeús e foi atingido por seu raio, caiu sangue
quente de sua cabeça." – Apóllônios Rhódios, Argonautiká, 2. 1206.

IV) OPHIOTAUROS, Touro-Serpente de Styx

"Saturnus [Krónos] foi arrancado de seu governo por Jove [Zeús]. Em


fúria, ele agita os braços para os poderosos Titánes e busca a assistência
devida pelo destino. Havia um monstro fabuloso nascido da Mãe Terra
[Gaía], um touro, cuja parte traseira era de uma serpente [Ophiotauros].
Aprisionado no barulhento Stýx, advertido pelas três Parcas [Moíres], em
um bosque negro com um muro triplo. Quem alimentasse às chamas com
as entranhas do touro estava destinado a derrotar os deuses
eternos." – Obídios, Phasti. 6.

V) DRAKON NEMEIOS, Drakon de Nemeia (Sul da Grécia)

"Uma Serpente nascida da terra (serpens terrigena), o abominável terror


do bosque Akhaios, surge no campo [bosque de Nemeia], e arrastando
vagarosamente sua enorme massa, a leva agora para frente, a leva agora
para trás." – Státios, Thebais 5. 505.

VI) AREION, cavalo imortal


Alguns autores diziam que Areíôn era filho de Dêmétêr e Poseidón.

"Antimakhos diz que Gaia era sua mãe [cavalo imortal Areíôn]: Adrastos,
filho de Talaus, filho de Kretheeus, o primeiro dos Danai a conduzir esses
famosos cavalos, veloz Kairos e Areion de Thelpousa, que próximo do
bosque de Apóllôn Onkaios, a própria Gaía os enviou, uma maravilha para
a visão dos mortais. Mas, apesar de surgir a partir de Gaía o cavalo podia
ser de linhagem divina e a cor de sua crina ainda podia ser negra" –
Pausanías, Descrição da Grécia 8. 25. 5.

VII) SKORPIOS, escorpião gigante

"Oríôn partiu para Krétê e passou seu tempo caçando em companhia de


Ártemis e Létô. No entanto ele ameaçou matar todos os animais que
haviam na terra, por isso, em sua fúria, Gé enviou contra ele um Skorpiós
imenso para que ele fosse picado e assim perecesse." – Hesíodos,
Astronômica, Fragmento 4.

"Scorpios. Este signo é dividido em duas partes, em virtude da grande


envergadura das garras. Uma parte que nossos escritores chamaram a
Balança (Libra). Mas o conjunto foi colocado no céu, dizem, pelo seguinte
motivo: Orion já estava costumado a caçar, e sentia-se confiante de que
era o mais habilidoso de todos na perseguição, dizendo até mesmo para
Diana [Ártemis] e Latona [Létô] que ele era capaz de matar qualquer
coisa que fosse produzida. Terra [Gaía], irritada com isso, enviou
Skorpiós que alguns dizem que o matou. Jove [Zeús], no entanto,
admirando a coragem de ambos, colocou o Escorpião entre as estrelas,
como uma lição para os homens para não serem muito
autoconfiantes. Diana [Ártemis], depois, por causa de sua afeição por
Orion, pediu a Jove para mostrar ao seu pedido o mesmo favor que ele
tinha dado por sua própria vontade para Tellus [Gaía]. E assim, a
constelação foi estabelecida, de tal forma que, quando Scorpion sobe,
Orion se afasta." – Pseúdos-Hygínos, Astronomica 2. 26.  
NUTRIZ E PROTETORA DOS JOVENS
Gaía era intitulada de Kourotrophos (nutriz de jovens) e aparece em vários
mýthos sob esse disfarce.

"Vocês [defensores da cidade na guerra] devem ajudar, seus filhos também,


e a mãe Gé, sua amada nutriz.Para acolher toda a angústia de sua
infância, pois quando você era jovem e rastejava sobre seu solo, ela o
ergueu para habitar nela e ostentar seu escudo, e para provar sua
fidelidade neste momento de necessidade." – Aiskhýlos, Os sete contra
Thébês 16.

I) NUTRIZ DE ZEUS

“Mas, quando [Rheía] ia partir Zeús, pai dos deuses e dos homens,


suplicou a seus queridos pais, Gaía e Ouranós estrelado, que lhe
ensinassem os meios do qual se valeriam para ocultar o nascimento de seu
querido filho e para poder castigar os furores paternos contra os outros
filhos a quem Krónos havia devorado.
E Gaía e Ouranós atenderam a sua filha bem-amada e lhe revelaram quais
seriam os destinos do rei Krónos e de seus filhos magnânimos. E a
enviaram a Lyktos, rica cidade de Krétê, no momento em que ela ia partir
ao último de seus filhos ao grande Zeús.
E a grande Gaía lhe recebeu na vasta Krétê, para criá-lo e educá-lo. E em
seguida o levou a Lyktos, atravessando a negra Nýx; logo, carregando-o
com suas mãos, o escondeu dentro de um antro elevado, nos flancos da
terra divina, sobre o monte Argeús, coberto de espessas selvas.” –
Hesíodos, Theogonía.

II) NUTRIZ DE ARISTAIOS

"Então ela [Kyrénê] teve um filho [Aristaíos], que o glorioso Hérmês


levará de seu apreciado peito materno, e o levará as entronadas Hórai
(estações) e a mãe Gaía; e elas irão gentilmente amamentar o bêbe em
seus joelhos, e em seus lábios destilam ambrosía e néktar, e devem torná-lo
um ser imortal, por Zeús ou o sagrado Apóllôn, uma alegria para os
homens que o amam." – Píndaros, Ode Pythia 9. 3.

III) NUTRIZ DE NYKTIMOS

"[Zeús] atingiu Lykáôn e seus filhos com um raio. Apenas o mais


novo [Nyktimos], foi poupado, pois Gé conseguiu agarrando Zeús pela sua
mão direita e acalmando sua fúria." – Pseúdos-Apollódôros, Bibliotheké
3. 99.

O CASAMENTO DE ZEÚS & HÉRA


 
I) A MACIEIRA DOURADA DE HÉRA
 

 
"[As maças de ouro das Hesperídes] Estas maçãs não estavam, como
alguns sustentam, na Libya, mas estavam com Atlas entre os Hyperboreioi.
Gé as tinha dado a Zeús quando ele se casou com Héra." – Pseúdos-
Apollódôros, Bibliotheké 2. 114
 

 
"Quanto às chamadas, maças das Hesperídes, Asklepíades, no sexto livro
de sua História Egípcia, disse que Gé as trouxe em honra das núpcias,
como eram chamadas, de Zeús e Héra." – Athenaíos, Deipnosophistai
3. 83c.
 

 
"Pherekydês disse que quando Jupiter [Zeús] desposou Juno [Héra], Terra
[Gaía] surgiu, portando um ramo com maças douradas, e Juno, em
admiração, pediu a Terra para plantá-las em seu jardim próximo ao
distante Monte Atlas." – Pseúdos-Hygínos, Astronomica 2. 3
 

 
II) O LEITO NUPCIAL DE ZEÚS & HÉRA
 

 
"[sobre o pico do monte troiano, Idê] Após ter falado, nos braços o filho de
Krónos [Zeús] apertou a consorte [Héra]. Fez logo que erva florida da
divina terra (khthón) [Gaía] crescesse loto rociado e virente açafrão
prazenteiro e jacinto que numa alfombra adensados o par solevou do chão
duro. Ambos aí se deitaram cobertos por nuvem dourada bela de ver donde
gotas de orvalho luzente caíam. – Hómêros, Iliáda 14. 345
 

 
"Gaía espalhou seus abundantes perfumes e coroou o leito conjugal [de
Zeús e Héra] com lindas flores: ali brotou açafrão
Kikilios, ali brotou corriola, e para envolver sua virilidade deixou
aproximar-se a planta fêmea ao seu lado, contudo, respirando desejo, e ele
mesmo, no mundo das flores, era igualmente delicado.Então o crescimento
dos dois adornou o leito do casal, cobrindo Zeús com açafrão e Héra sua
esposa comcorriola; amável íris saltando sobre a
anêmona descrevendo por um significativo silêncio o exasperado amor de
Zeús." – Nónnos, Dionysiakás 32. 76.

O RAPTO DE PERSEPHÓNÊ

"Os narcisos, que Gaía fez brotar pela vontade de Zeús e para agradar ao
Anfitrião de muitos [Haídês]para ser uma armadilha para a
florescente donzela [Persephónê], uma maravilhosa e radiante flor. Foi
uma coisa tão fabulosa para ambos, deuses imortais ou
homens mortais, verem: De sua raiz cresceram uma centena de flores
e cheirava tão docemente, que o amplo Ouranós acima e Gaía e
salgada Thálassaintumesceram, rindo de alegria. E a donzela ficou
surpresa e estendeu ambas as mãos para pegar o gracioso
brinquedo: Mas a terra de amplos caminhos se abriu na planície do
Nysa, e o lorde, Anfitrião de muitos, com seus cavalos imortais saltou por
sobre ela." – Hýmnos Homerikós 2 à Dêmétêr, 5.

"[Persephónê dirigi-se a sua mãe Dêmétêr:] Os narcisos que a ampla terra


(Khthón) fez brotar, amarelos como açafrão (krokos). Que
eu arranquei em minha alegria; mas a terra se partiu por baixou, e dali o
Poderoso Lorde [Haídês], o Anfitrião de muitos, saltou em sua carruagem
dourada." – Hýmnos Homerikós 2 à Dêmétêr, 405.

O NASCIMENTO DE DIÓNYSOS

O deus da vegetação selvagem, Diónysos, era naturalmente associado com


Gaía.

"[A partir da descrição de uma pintura que descreve o nascimento do ígneo


Diónysos:] Talos de thyrsosbrotam da solícita terra, de modo que
alguns brotam no próprio fogo. Nós não deveriamos nos surpreender se em
honra de Diónysos, o fogo (pýros) fosse coroado pela terra (gé), a
terra fosse participar com o fogo no festejo Bakkhikós
e tornasse possível para os foliões tomar vinho das nascentes e para
extrair leite de torrõesde terra ou de uma rocha a partir do seio da
vida." – Philóstratos o velho, Imagens 1. 14. [N.B. Nesta pintura os
elementos são todos personificados.]
A IRA DE GAÍA: ORÍÔN
Quando o gigante caçador, Oríôn, ameaçou matar todos os animais da terra,
Gaia produziu um Skorpiós para destruí-lo.

"Oríôn partiu para Krétê e passou seu tempo caçando em companhia de


Ártemis e Létô. No entanto ele ameaçou matar todos os animais que
haviam na terra, por isso, em sua fúria, Gé enviou contra ele um Skorpiós
imenso para que ele fosse picado e assim perecesse." – Hesíodos,
Astronômica, Fragmento 4.

"Skorpiós... Oríôn já estava costumado a caçar, e sentia-se confiante de


que era o mais habilidoso de todos na perseguição, dizendo até mesmo
para Diana [Ártemis] e Latona [Létô] que ele era capaz de matar qualquer
coisa que fosse produzida. Terra [Gaía], irritada com isso, enviou Skorpiós
que alguns dizem que o matou." – Pseúdos-Hygínos, Astronomica 2. 26.  

"[Ártemis] tornou [Oríôn] seu companheiro; ele guardava a deusa e a


servia. Palavras imprudentes incitar a ira dos deuses: Não há besta, ele
disse, que eu não possa derrotar. Tellus [Gaía] enviou um Skorpiós. Seu
impulso era apunhalar a deusa dos gêmeos com seu ferrão em forma de
gancho. Orion o bloqueou [e morreu]. Latona [Létô] se juntou a ele entre
as brilhantes estrelas, e disseram, recebeu a recompensa por seu
serviço." – Obídios, Phasti 5. 539.
METAMORPHÓSIS DE PESSOAS EM
PLANTAS
I) TRANSFORMAÇÃO DE DAPHNE NO LOUREIRO

"Quando Apollo estava perseguindo a virgem Daphne, fillha do rio


Peneus, ela implorou por proteção para a Terra [Gaía], que a recebeu, e a
transformou em um loureiro. Apollo quebrou um ramo dela e colocou-o em
sua cabeça." – Pseúdos-Hygínos, Mýthoi 203.

"Gaía se abriu próximo a ampla boca de um pântano e recebeu a donzela


caçadora [Dáphnê que estava sendo perseguida por Apóllôn] em seu seio
compassivo... O deus nunca capturou Dáphnê, quando ela foi
perseguida, Apóllôn nunca a violou... e [ele] para sempre culpou Gaía
de ter engolido a jovem antes de esta ter conhecido o matrimônio." –
Nónnos, Dionysiakás 33. 210.

II) TRANSFORMAÇÃO DE PITYS NO PINHEIRO

"Cante também sobre Pitys que odiava o matrimônio, que fugindo veloz


como o vento por sobre as montanhas para escapar do ilícito cortejo de
Pán, e seu destino – Como ela desapareceu no próprio solo;por culpa de
Gé! [que a transformou em um pinheiro]" – Nónnos, Dionysiakás 45. 257.

III) TRANSFORMAÇÃO DE AMBROSIA NA VIDEIRA

"Ambrosía de péplos cor de açafrão, fugiu do homem


vigoroso [Lykourgos] e orou a Mãe Gaía para salvá-la de Lykourgos. E
Gaía, mãe de todos os frutos, abriu um golfo, e recebeu Ambrosía, a nutriz
de Bromios[Diónysos], vivam em um amoroso abraço. A Nýmphê
desapareceu e mudou sua forma para uma planta."– Nónnos, Dionysiakás
20. 22.

IV) TRANSFORMAÇÃO DE SYKEUS NA FIGUEIRA

"Sykeus, um dos Titánes [ou Gigántes], foi perseguido por Zeús e levado


sobre a proteção de sua mãe, Gé, epor isso ela gerou a planta [a
figueira] crescendo pelo prazer de seu filho." – Athenaíos, Deipnosophistai
1.78a.
CAVERNAS & ABISMOS DE GAIA
I) HEKATONKHEIRES APRISIONADOS NAS CAVERNAS DE
GAIA

"E depois, de Gaía e de Ouranós nasceram outros três filhos, os


Hekatónkheires, grandes, muito fortes, horríveis de nomear: Kóttos,
Briáreôs e Gýges, raça soberba. E de seus ombros saiam cem mãos
indomáveis, e cada um deles tinha cinqüenta cabeças que se erguiam sobre
as costas, por cima de seus membros robustos. E sua força era imensa,
invencível, devido seu grande tamanho. De todos os filhos nascidos de
Gaía e Ouranós, eram os mais poderosos. E desde sua origem foram
odiados por seu pai. E conforme nasciam, um após o outro, os sepultou,
privando-os da luz, nas profundezas de Gaía. E se alegrava desta má ação,
e a grande Gaía gemia, por sua parte, cheia de dor." – Hesíodos,
Theogonía 126.

II) GORGON AIX ESCONDIDA NAS CAVERNAS DE GAIA

"Alguns a chamavam de Aex a filha do Sol [Hélios], que superava em


muito na beleza do corpo, mas em contraste com essa beleza, tinha a mais
horrível face. Aterrorizados por isso, os Titánes imploraram a Terra
[Gaía] para escondeu seu corpo, e Terra disse tê-la escondido em uma
caverna na ilha de Crete [ou seja, ela a escondeu dentro de seu próprio
corpo, a terra]. Mais tarde ela se tornou nutriz de Jove [Zeús], como tinha
dito anteriormente." – Pseúdos-Hygínos, Astronomikás 2. 13.

III) INFANTE ZEÚS ESCONDIDO NAS CAVERNAS DE GAIA

"Mas, quando ia partir Zeús, pai dos deuses e dos homens, suplicou a seus
queridos pais, Gaía e Ouranós estrelado, que lhe ensinassem os meios do
qual se valeriam para ocultar o nascimento de seu querido filho e para
poder castigar os furores paternos contra os outros filhos a quem Krónos
havia devorado. E Gaía e Ouranós atenderam a sua filha bem-amada e lhe
revelaram quais seriam os destinos do rei Krónos e de seus filhos
magnânimos. E a enviaram a Lýktos, rica cidade de Krétê, no momento em
que ela ia partir ao último de seus filhos ao grande Zeús. E a grande Gaía
lhe recebeu na vasta Krétê, para criá-lo e educá-lo. E em seguida o levou a
Lýktos, atravessando a noite negra; logo, carregando-o com suas mãos, o
escondeu dentro de um antro elevado, nos flancos da terra divina, sobre o
monte Argeús, coberto de espessas selvas. Depois, após envolver entre
mantos uma pedra enorme, Rheía a deu ao grande príncipe Ouranídê, ao
antigo rei dos deuses, e este a pegou e a lançou ao ventre." – Hesíodos,
Theogonía 881.

IV) AMPHIÁRAOS DEVORADO POR UMA FENDA DE GAÍA

"A terra [Gaía] se abriu e o engoliu [Amphiaraos] com seus cavalos e a sua


carruagem junto, longe do profundo e infinito, Alpheios." – Hesíodos,
Catalogos das mulheres, Fragmento 99.
"[O vidente Theiodamas filho de Melampos] preparou-se para
apaziguar Tellus [Gaía, após ter se aberto e engolido o herói
Amphiáraos]... Ele imediatamente ofereceu dois altares para serem
coroados com árvores vivas e relvado bem crescido, e sobre eles, em honra
da deusa, ele lançou inúmeras flores, sua própria doação, e montes de
frutas e a nova produção do incansável ano, e derramando intocável leite
sobre os altares, ele começou assim: - Oh, Eterna Criadora de deuses e
homens... Sem nenhum esforço carregas a ti mesma, Átlas, que sustenta as
estrelas, cambaleia sob o peso do reino celestial; a nós sozinha, Oh, deusa,
tu te recusas a suportar? [Amphiáraos um dos Sete contra Thébês havia
sido engolido pela terra] Porventura o nosso peso te maltrata? Que
crime, eu oro,nós devemos inconscientemente expiar?... Não nos
esmague, enterrando tão repentinamente nossos corpos ainda respirando;
não nos precipite, pois nós iremos pisar por todos os caminhos, por
caminhos permitidos; ouça, todavia, nossa oração, e mantenha firme para
os pelasgoi a instável planície, sem evitar as velozes Parcae [Moírai]. Mas
tu [Amphiáraos], caro aos deuses, que nem a violência e nem a lâmina
Sidônía [de Thébê] matou, mas a poderosa Natura (natureza) abriu  seu
peito para envolvê-lo em união com ela mesma, como se por teus méritos
ela o estivesse sepultando no abismo de Cirra,
alegrementecondescendente, eu oro, para que eu possa aprender tuas
súplicas, conciliar-me aos deuses e aos altares proféticos, destacando-me o
que tu designa para dizer aos povos; eu realizarei teus ritos de divinação,
e na ausência de Phoebus ser o profeta da tua divindade e convocar teu
nome. Naquele lugar aonde tu é mais poderosa, eu creio, do que
qualquer Delos ou Cirra, e mais augusta do que em qualquer santuário.
Tendo assim falado ele lançou no solo uma ovelha negra e rebanhos de
escuros tons, e acumulou montes de areia revolta em seus corpos
vivos, devidamente pagos à vidente emblemas da morte." – Státios, Thebais
8. 295.
DIVERSOS
I) APODRECIMENTO DOS MORTOS

"[Apóllôn aborda ao cadáver de Pýthôn:] Mas aqui, devem Gaía e o


brilhante Hyperíôn fazer você apodrecer." – Hýmnos Homerikós 4 à
Hérmês 3. 300.
II) NASCIMENTO DOS FLUXOS

Gaia era a mãe de Ôkeanós e Têthýs, os Titánes dos rios, fontes e fluxos.
Têthýs atrai as águas de Ôkeanós (o fluxo que circunda a terra) através das
fendas da terra.

"E protegida do perigo [Tinha dado à luz a Zeús numa árida Arkadía


e requerindo auxílio] a senhora Rheia disse, Querida Gaía, dê a luz tu
também! Tuas dores de parto são leves. Assim falou a deusa, e elevando
seus imensos braços ela feriu a montanha com seu
apoio; e foi imensamente fendida em dois por ela ederramado um
poderoso fluxo [o rio Lymas]." – Kallímakhos, Hymnos 1 a Zeus 28.

"Oh, [Gaía] Eterna criadora dos deuses e homens, que trouxestes a


existência, rios e florestas e sementes da vida através do mundo." – Státios,
Thebais 8. 295.

III) PEDRAS DA TERRA

"[Amphíôn edificou os muros de Thébês com a música de sua


lýra:] Certamente ele mantém sua menteatenta na harpa, e mostra um
pouco os dentes, apenas o suficiente para um cantor. Sem dúvida ele está
cantando um hýmnos à Gê porque ela, criadora e mãe de todas as coisas,
está dando-lhe suas paredes, quejá estão se elevando por conta própria." –
Philostratos o velho, Imagins 1. 10.

N.B. As pedras eram descritas como os ossos da Terra na história de


Deukalíôn e Pýrra. O casal foi instruído a lançar estas por sobre seus
ombros para formar uma nova raça de homens após o Grande Dilúvio.

IV) TESOUROS ENTERRADOS

"Um fazendeiro lutando com seu arado enfiou uma parte na terra viu um


tesouro saltar do sulco. Tudo em um ímpeto, ele imediatamente abandonou
o vergonhoso arado, levando seus bois à melhor semente.Imediatamente
ele construiu obedientemente um altar para a deusa Gé/Tellus, que de bom
grado lhe outorgou a riqueza contida dentro dela. A deusa Týkhê/Fortuna
(fortuna), sentindo-se menosprezada, pois ele não tinha pensado nela do
mesmo modo, digna de uma oferenda de incenso, advertiu o
fazendeiro,pensando no futuro, enquanto ele estava regozijando-se em sua
nova descoberta: - Agora você não oferece os presentes que encontrou ao
meu santuário, mas você prefere promover outros deuses como
particiantes de sua boa fortuna. No entanto, quando o seu ouro é
roubado e você está acomedido de tristeza, você faz as reclamações a mim
antes de todos, chorando a sua perda." – Aisópos, Mýthoi 84 & Avianus,
Mýthoi 12.

V) MAGIA DAS FEITICEIRAS

[Médeia preparando um feitiço] “Noite” (nox) [Nýx], disse, “fidelíssima


aos arcanos, e sucedeis com a lua (luna) [Selénê], aos áureos astros
diurnos (Astra) [Ástra Planéta], e tu, tricéfala Hecate [Hekátê], que
cúmplice de nossas empresas e fautora, vêns, e cantos e artes aos magos, e
Terra (tellus) [Gaía], que aos magos, de potentes ervas equipa, e brisas
(aurae) [Aúrai] e ventos (venti) [Anemoí] e montes (montanum)
[Oroí] e rios (phuminae) [Potamoí] e lagos (amnes) [Límnai] e todos os
deuses dos bosques (di omnes nemorum) [Theoí Nómioi], e todos os deuses
da noite (di omnes noctis) [Theoí Khthónioi], vejam, com cuja ajuda
quando quis perante suas assombradas margens as torrentes aos seus
mananciais retornaram; e estando agitados, os acalmo, e estando quietos,
os agito, com meu canto os estreitos; as nuves (nebulae)[Nephélai] expulso
e as nuvens (nebulae) [Nephélai] congrego, os ventos
(venti) [Anemoí] afugento e chamo,vipéreas faces rômpo com minhas
palavras e canção, e rochas vivas e carvalhos convulsos de sua terra, e
florestas movo e mando tremer os montes e mugir o sólo e aos fantasmas
( manes) [Spéktros] sair de seus sepulcros. – Obídios, Metamorphóseis
7. 192.
GAIA QUEIMADA PELO AURIGA PHAÉTHÔN
"[Descrição de uma antiga pintura grega:] Em seu ardente desejo por
dirigir, este filho de Hélios [Phaéthôn] se aventurou a montar o carro de
seu pai, mas por ele não ter mantido firmemente as rédeas, ele sentiu
dor e caiu no Eridanos... Veja [na pintura]!... Desesperada, Gé eleva as
mãos em súplica, como o fogo furioso se aproximava dela. Agora o
jovem é lançado para fora do carro e está caindo de cabeça, seus
cabelos estão em chamas e seu peito ardendo com o calor; sua queda
tem fim no rio Eridanos." – Philóstratos o velho, Imagines 1. 11.
"A nutritiva Tellus, ainda assim, como estava circundada por Póntos, entre
as águas do pélago e, contraídas por todos os lados, suas fontes, que
haviam se escondido nas vísceras de sua opaca mãe, sustentou até o
pescoço, árida, seu rosto devastado e pôs sua mão sobre a testa, e com um
grande tremor sacudindo tudo, um pouco se firmou e mais abaixo do que
poderia estar, permaneceu, e assim com voz ressequida falou:
“Se isto te agrada e se mereci, porque, oh, teus raios cessam, dos Theoí,
supremo? Possa a que há de perecer pelas forças do fogo, pelo teu fogo
perecer, e sua calamidade por seu autor aliviar. Apenas eu, certamente,
minhas faces para estas mesmas palavras libero” –lhe oprimia a boca o
vapor– “queimados, ai, olhe meus cabelos, e em meus olhos tanta brasa,
tanta sobre mi cara. Estes frutos, este prêmio de minha fertilidade e de meu
serviço me devolves, porque as feridas do curvo arado e dos rastelos
suporto, e tudo me assedia no ano, porque ao gado folhagens, e ternos
alimentos, os grãos, ao gênero humano, a vós também incensos,
forneço? Mas ainda assim, este final dê-me porque eu mereci.  O que as
ondas, o que há merecido teu irmão? Por que, a ele entregadas à sorte, as
superfícies decrescem e do Aether mais longe se afastam? E si nem a graça
de teu irmão, nem a minha te comovem, mas compadeçe do teu céu. Olhe
ambos os lados: fumega um e o outro pólo,  os quais o fogo corrompe, os
vossos átrios despencarão. Atlas, ai, mesmo padece, e apenas em seus
ombros ardentes sustenta o eixo. Si os estreitos, si as terras perecem, si a
realeza do céu:no antigo Kháos nos confundimos. Arrebata as chamas pelo
quanto, todavia permanece, e vela pela soma das coisas.
Havia dito isto Tellus, visto que nem tolerar o vapor mais além podia nem
dizer mais, e sua boca voltou-se para si mesma, e a suas cavernas aos
Manes mais próximas." – Obídios, Metamórphoseis 2.272.

A VOZ ORACULAR DA TERRA


Gaía era frequentemente considerada como uma deusa profética. Aiskhýlos
a compara com o oráculo de Thémis.

"E o vigor e os membros robustos do jovem rei [Zeús] cresciam


rapidamente e transcorrido um tempo, enganado pelo conselho astuto de
Gaía, o sagaz Krónos devolveu toda sua raça, vencido pelos artifícios e
pela força de seu filho." – Hesíodos, Theogonía 462.

"Mas o Kronídê [Zeús] e os demais Theoí imortais que Rheía a de


formosos cabelos concebera de Krónos os reintegraram à luz [aos
Kýklopes e Hekatónkheires encarcerados por Krónos no Tártaros],
seguindo os conselhos de Gaía." – Hesíodos, Theogonía 617.
"E em seguida, Zeús, o rei dos Theoí, tomou por esposa Métis, a mais sábia
entre os Theoí imortais e os homens mortais mas, quando ela ia parir a
Théa Athéna, a dos olhos claros, enganando-lhe o espírito com astúcia e
com lisonjeiras palavras, Zeús a encerrou em seu ventre por conselho Gaía
e de Ouranós estrelado. E o haviam aconselhado istos para que não
possuísse o poder real nenhum outro senão Zeús entre os Theoí eternos;
Porque estava predestinado que de Métis nasceriam filhos sábios, e
primeiramente a virgem Tritogenía, a dos olhos claros, tão poderosa
quanto seus pais e tão sábia. Logo, haveria de parir Métis um filho, rei dos
Theoí e dos homens, que possuiria grande valor mas, antes disso, a
encerrou Zeús em seu ventre, com o fim de que a Théa lhe desse a ciência
do bem e do mal. " – Hesíodos, Theogonía 886.

"Héra orou, golpeando o terreno plano com suas mãos, e falando


assim: Ouça agora, eu oro, Gaía e amplo Ouranós acima, e vós Titánes,
deuses que habitam debaixo da terra sobre o grande Tártaros, e de quem
surgiram ambos, deuses e homens! Escuta-me agora, uma entre todos, e
fazei com que eu possa ter um filho além de Zeús, não menos sagaz do que
ele em força ou, ainda melhor, que ele seja mais forte do que
Zeús, como Zeús, que tudo vê, era mais forte do que Krónos. Assim, ela
gritou e atacou a terra com suas fortes mãos. Então a vivificante
(pheresbios) Gaía se moveu: E quando Héra viu que ela estava com o
coração contente, ela acreditou que sua oração seria cumprida." –
Hýmnos Homerikós III para Apóllôn Pýthios 300.

"Do topo da fenda na testa de seu pai, Athéne saltou no ar, e pelada para o
amplo céu deu seu estridente grito de guerra. E Ouranós tremeu ao ouvir,
e a mãe Gaía." – Píndaros, Pythía Ode 7 ep 2.

"Quanto a mim [Prometheús], Thémis, minha mãe, e a própria Gaía,


adorada sob tantos nomes diversos, me tinham profetizado que, no
combate prestes a travar-se, a força e a violência de nada valeriam; o
ardil, tão somente, decidiria da vitória. Quando lhes anunciei este
oráculo [aos Titánes], mal consentiram em ouvir-me! Em tal emergência,
pareceu-me prudente, acompanhando minha mãe, adotar o partido de
Zeús, que insistia comigo para que o apoiasse." – Aiskhýlos, Prometheus
Desmótês 211.
"[em Olympía] No qual era chamado de Gaíon (santuário de Gaía), um
altar de Gé; que também era de cinzas. Em dias mais antigos, diziam que
havia um oráculo também de Gé neste local. No qual era chamado de
Stomion (boca) um altar construído para Thémis." – Pausanías, Descrição
da Grécia 5. 14. 10.

"Antes da batalha contra os Gigántes em Krétê [ou Titánes], diziam-


nos, Zeús sacrificou um touro a Hélios, Ouranós e Gé; e em relação com
cada um dos ritos foi revelado a ele qual era a vontade dos deuses no
caso, os presságios indicaram a vitória dos Theoí e uma deserção para o
lado do inimigo [certos Titánes desertaram para o lado de Zeús]."
– Diódôros Sikoulos, Biblioteca de História 5. 71. 2.

O ORÁCULO DE DELPHOÍ
"Esta palavra falado pela mãe Gaía, revestida de árvores, na pedra-
umbido [Delphoí]." – Píndaros, Ode Pythía 4 trecho 4.

"A Pythía [sacerdotisa profética do oráculo de Delphoí]: Primeiramente,


nesta minha oração, eu dou o lugar de maior honra para a primeira
profetisa, Gaía; e depois dela para Thémis, pois ela foi a segunda a tomar
a sede oracular de sua mãe, como dizia a lenda. E na terceira divisão, com
o consentimento de Thémis e não pela força, outra Titanís, filha de Khthon,
Phoíbê, tomou seu lugar. Ela deu como presente de aniversário
para Phoíbos [Apóllôn]." – Aiskhýlos, Eumenídes 1.

"Muitas e diferentes, são as histórias sobre Delphoi, e ainda mais canções


sobre o oráculo de Apóllôn. Pois eles diziam que em tempos remotos a
sede oracular pertencia a Gé, que nomeou como sua profetisa
Daphnís, uma das Nýmphai das montanhas. Existia entre os
gregos um poema hexâmetro, cujo nome é Eumolpia, e é atribuido
a Mousaios, filho de Antiophemos. Nele o poeta afirmava que o oráculo
pertencia a Poseidón e Gé em comum; que Gé dava seus próprios
oráculos, mas Poseidón usava Pyrkon como seu porta-voz para dar suas
respostas. Os versos são estes: - Imediatamente a voz de Khthonies
proferia uma palavra sábia, e com ela Pyrkon, servo do renomado
Tremedor de Terra. Dizem que depois Gé deu sua parte para Thémis, que
deu a Apóllôn como um presente. Dizem que ele deus a Poseidón
Kalaureia, que se encontra distante de Troizenos, em troca de seu
oráculo." – Pausanías, Descrição da Grécia 10. 5. 5.
"Aquela [pedra] que é chamada de Ómphalos (umbigo) pelos délficos é
feita de mármore branco, e os délficos diziam que era o centro de toda a
terra (Gé). Píndaros em uma de suas odes apóia sua visão." – Pausanías,
Descrição da Grécia 10. 16. 3  

"A tradição mais comum [para a nomeação da cidade de Pytho, em


Phokís] diz que a vítima das flechas de Apóllôn apodreceu aqui... Os
poetas dizem que a vítima de Apóllên era um Drákôn postado por Gé para
ser um guardião do oráculo." – Pausanías, Descrição da Grécia 10. 6. 5.

"Python, descendente de Terra [Gaia], era um enorme Draco que, antes do


tempo de Apollo, era usado para dar respostas oraculares no
Monte Parnassus [por Gaía]." – Pseúdos-Hygínos, Mýthoi 140.

JURAMENTO DE GAIA
“Héra a magnífica de olhos bovinos de medo estremece; e principiando a
falar lhe dirige as palavras aladas: - Que tome ciência Gaía bem como o
vasto Ouranós de cima e a água do Stýx que se precipita –esta é a máxima
jura e a mais terrível de todos os deuses bem-aventurados– tua cabeça
sagrada e também nosso leito de núpcias que num perjúrio jamais poderia
invocar falsamente: não por meus rogos e instâncias Poseidón que a terra
sacode dana aos Troiádes e a Héktor e aos Argeioi na pugna auxília.
Provavelmente incitado se viu por seu ânimo próprio a socorrer os Akhaioi
que perto das naus padeciam. Mas estou pronta a instruções transmitir-lhe
a seguir induzindo-o somente a via por onde Zeús grande quiseres levá-
lo.” – Hómêros, Iliáda 15. 36.

“[Agamémnôn sacrificando cordeiros aos deuses] No meio deles o Atreidê


alça as mãos implorando em voz alta: - Zeús pai que no Idê demoras
senhor poderoso e supremo; Hélios que tudo divisas e todas as coisas
escutas; Potamoí e Gaía também e vós outros ó deuses de
baixo [khthónioi] que castigais nas moradas subtérreas os homens
perjuros; vós testemunhas nos sede e fiadores dos votos sagrados: Se a
Menelaios conseguir Aléxandros matar na contenda dono de Helénê há-de
ser e de todas as suas riquezas enquanto nós cruzaremos de novo nas
naves as ondas. Se o louro Atreidê, porém da existência privar a
Aléxandros presto nos dêem os Troiádes Helénê assim como as riquezas
sobre se verem forçados a multa pagar aos Argeioi porque a memória do
feito entre as gentes vindouras se estenda. Se se escusarem, porém uma vez
Páris morto ou vencido Príamos e os filhos porque não me paguem a multa
devida hei-de seguir combatendo visando cobrar essa multa sem nos
movermos daqui até vermos o fim da contenda. Tendo assim dito com
bronze cruel degolou as ovelhas que sobre Gaía feraz colocou nos
arrancos agônicos todas da vida privadas que o bronze o vigor dissolvera.
O vinho logo, depois da kratéra nos copos deitaram e suplicaram aos
deuses eternos e beatos do Ólympos.” – Hómêros, Iliáda 3. 278.

“O nobre filho de Atreús, Agamêmnon, tira o cutelo que sempre junto à


bainha da espada cortante trazia e após cortar as primícias do pêlo da
vítima, as palmas à Zeús estende e suplica ficando os Akhaioi restantes
como de praxe em silêncio sentados a ouvir o monarca que contemplando
o céu vasto profere a oração deste modo: - Saiba primeiro o maior e o
mais forte dos deuses, Zeús grande e Gaía e Hélios e as Erinýes também
que nos reinos subtérreos têm por função castigar quem houver perjurado
na vida: nunca na jovem Briseis toquei nem por força de amores nem por
que em mim tenha actuado outra força qualquer porventura. Em minha
tenda durante esse tempo ficou ela intacta. Se quanto digo é inverdade que
os deuses me dêem sofrimentos indescritíveis tal como costumam punir os
perjuros.” – Hómêros, Iliáda 19. 259.

"E jurou Lêtó o grande juramento dos Theoí: Agora ouçam isto, Gaía e o
amplo Ouranós acima, e derramando as águas do Stýx." – Hýmnos
Homerikós III para Apóllôn Délios 84.

"Ó divino Aither (diós aithêr)! Ó sopro alado dos ventos (takhypteroi
pnoiai)! Regatos e rios (pêgai potamôn). Ondas inumeráveis, que agitais a
superfície dos mares (Póntos)! Ó Gaia, mãe de todos os viventes (panmêtôr
gê), e tu, ó Hélios, cujos olhares aquecem a natureza (panoptês kyklos
hêlios)! Eu vos invoco!... Vede que sofrimento recebe um deus dos outros
deuses! " – Aiskhýlos, Prometheus Desmótês 88. [O Titán Prometheús
apela a todos os deuses da natureza para testemunhar o seu tormento:]

"Terei meu melhor testemunho da poderosa mãe dos Theoí Ólympioi,


negra Gé." – Solôn, Fragmento 36.

"[Khalkiópê aborda sua irmã Médeia:] Jure por Gaía e Ouranós que tu


manterás o que digo a ti mesma e trabalhará em aliança comigo... [Médeia
para Khalkiópê] eu juro que farei o que tu me pedires e farei o juramento
solente dos cólquios, jurando pelo poderoso Ouranós e pela Gaia abaixo, a
Mãe dos Theoí, que desde que suas demandas não sejam impossíveis
ajudarei como queres, com todo o poder que está em mim." – Apollónios
Rhódios, Argonautica 3. 697
"Ambos [os Theoí] fizeram um juramento comprometedor, por
Kronídês [Zeús] e Gaía, por Aithér [Ouranós]e as correntes do Stýx; e
pelas Moírai formalizando o testemunho da barganha." – Nónnos,
Dionysiakás 42. 526.

GAIA E OS ESPÍRITOS DOS MORTOS


Gaía era invocada quando eram feitas as ofertas para os mortos, geralmente
sob a forma de libações derramadas sobre um túmulo. Ela também era
invocada em orações para vingar o crime de homicídio, pois a terra era
manchada pelo sangue derramado no crime.

"Com o intuito de afastar o mal com uma deselegante graça, Oh, mãe
Terra (gaía maía), ela [Klytaimnestra acorda de um pesadelo enviado pelo
fantasma de seu marido assassinado] envia-me, mulher ímpia como ela
é[para derramar libações como oferenda para aplacar seu fantasma]. Mas
tenho medo de pronunciar as palavras que ela me encarregou de falar. Por
que a expiação existe pelo sangue caído na terra? Ah, coração cheio de
tristeza! Ah, casa prostrada em ruínas! Escuridão sem sol, detestada pelos
homens, encobre nossa casa devido a morte de seu
mestre [Agamémnôn]." – Aiskhýlos, Portadores de Libações 30.

"Eléktra [em pé diante do túmulo de seu pai]: Supremo arauto do mundo


superior e do mundo inferior, Oh, Hérmês Khthónios (do subterrâneo),
venha em meu auxílio, chame até mim os espíritos [ancestrais] abaixo da
terra para ouvir minhas orações, espíritos que vigiam a casa de meu pai, e
a própria Gaía, que dá origem a todas as coisas, e tendo nutrido os acolhe
e deles recebe o respectivo aumento. E enquanto isso,enquanto derramo
essas oferendas lustrais aos mortos, eu invoco meu pai... Eu pronuncio
estas orações em nosso favor, mas eu peço que o seu vingador apareça aos
nossos inimigos, pai, e que seus assassinos possam ser mortos pela justa
retribuição. Então eu interrompo minha oração para o bem para oferecer
esta oreação para o mal. Mas que seja portadora de bênçãos para nós no
mundo superior, com a ajuda dos Theoí e de Gé e Díkê coroada com a
vitória." – Aiskhýlos, Portadores de Libações 124.

"Eléktra: E quando o poderoso Zeús irpa derrubar suas mãos sobre


eles [os assassinos, Aigisthos e Klytaimestra] e dividir suas cabeças ao
meio? Que seja uma promessa para a terra! Depois da injustiça exigo a
justiça como meu direito. Ouça, Oh, Gé, e vós honrados poderes
subterrâneos [as Erinýes]!" –Aiskhýlos, Portadores de Libações 394.
"Orestes [preparando-se para matar os assassinos de seu pai]: Oh Gaía,
envie até meu pai [o fantasma] para assistir a minha batalha!" – Aiskhýlos,
Portadores de Libações 489.

"Oh, sagrada terra (khthôn), e sagrado túmulo que agora se encontra


na forma real do comandante da frota [Agamémnôn], agora ouça-me,
agora empresta-me teu auxílio! Agora é a hora para... Hérmês Khthónios
(do subterrâneo), que trabalha no sigilo, para direcionar o encontro da
espada mortal [em vingança do assassinato de Agamémnôn]." – Aiskhýlos,
Portadores de Libações 721.

GAIA E O ESPÍRITO DOS PESADELOS


Na seguinte invocação em uma peça de Aiskhýlos, Gaía é aparentemente
chamada para afastar a visão de um pesadelo. Presumivelmente, isto
ocorreu porque acreditava-se que os sonhos eram emitidos diante do
submundo, assim Gaía a Terra precisa levá-los de volta.

"Como uma aranha, ele [um estrupador] está me levando [uma


mulher] passo a passo em direação ao mar – um pesadelo (onar), um
negro pesadelo (melas onar)! Oh! Oh! Mãe Terra (Ma Gé), Mãe Terra
(Ma Gé), evise seus gritos de medo! O pai Zeús, filho de Gé!" – Aiskhýlos,
Mulheres suplicantes 886.

TÍTULOS E EPÍTETOS DE GAIA


ANÊSIDÓRA (Ανησιδώρα), a que espalha os dons, um sobrenome de
Gaía e de Demeter, esta última tinha um templo com esse nome em Phlios
na Attiké.
KALLIGÉNEIA (Καλλιγένεια), um sobrenome de Deméter ou de sua
nutriz e comanheira, ou de Gaía.
EURYSTERNOS (Εὐρύστερνος), isto é, a deusa de amplos seios, um
sobrenome de Gé, sobre o qual ela tinha um santuário em Krathis perto de
Aigai em Akhaia, com uma estátua muito antiga.
PÁNDÔROS (Πάνδωρος). Um sobrenome de Gaía, no mesmo sentido de
Pandóra, e de Aisa.
Gaía tinha um número de nomes alternativos, títulos e epítetos, tanto
poéticos e culturais.
Nome grego Nome romano Tradução
Χθών Chthon Terra
Χθόνιη Chthonie Terra
Εὐρύστερνος Eurysternus Amplos seios
Κουροτρόφος Curotrophus Nutriz de jovens
Μήτηρ Πάντων Mater Omnius Mãe de todos
Μεγάλη Θεά Magna Dea Grande Deusa
Ὀλυμπία Olympia do Ólympos
Γασηπτον Gaseptum Terra Augusta

CULTO GERAL DE GAIA
A Terra era adorada geralmente sob a forma da Théa Olympía Demétêr. A
própria Gaía tinha poucos cultos, e em sua maioria eram inseparáveis dos
cultos de Demétêr. Animais negros eram sacrificados a Gaía e outros Theoí
Khthónioi.

"Presto um cordeiro trazei para Hélios de cor branca e uma ovelha preta
também para Gaía; que um terceiro a Zeús daremos." – Hómêros, Iliáda
3. 104

"[o indiano Deriádês convoca seus companheiros para orar aos


deuses:] Oro para ambos, estendendo as mãos para a água [do Potamós
Hydaspes] e oro para a Mãe Gaía, e com lábios verdadeiros prometo dois
sacrifícios depois da vitória; no altar deixarei para Hydaspes, que tem a
forma de um touro, mantendo um touro de chifres fortes, e deixarei para a
negra Gaía receber um carneiro negro [tradicionalmente são oferecidos
animais negros aos Theoí Khthónioi]." – Nónnos, Dionysiaká 29. 62

"Gé: uma vez que a terra é a base de cada cidade, como, sustentando as
cidades, sua imagem é a de uma portadora de torres." – Soúdas verso Gé

"Demétêr: A Terra, como se fosse Gé-méter (terra-mãe). Como a Terra é a


fundação de cada cidade, como protadora das cidades ela é representada
usando torres [como uma coroa]." – Soúdas verso Demétêr.

"Gés agalma (Uma estátua da Terra): Eles modelaram Hestía como uma
mulher, como a terra, segurando um tímpano, uma vez que a terra encerra
os ventos abaixo de si mesma." – Soúdas verso Agalma.
TÍTULOS E EPÍTETOS DE GAIA
ANÊSIDÓRA (Ανησιδώρα), a que espalha os dons, um sobrenome de
Gaía e de Demeter, esta última tinha um templo com esse nome em Phlios
na Attiké.
KALLIGÉNEIA (Καλλιγένεια), um sobrenome de Deméter ou de sua
nutriz e comanheira, ou de Gaía.
EURYSTERNOS (Εὐρύστερνος), isto é, a deusa de amplos seios, um
sobrenome de Gé, sobre o qual ela tinha um santuário em Krathis perto de
Aigai em Akhaia, com uma estátua muito antiga.
PÁNDÔROS (Πάνδωρος). Um sobrenome de Gaía, no mesmo sentido de
Pandóra, e de Aisa.
Gaía tinha um número de nomes alternativos, títulos e epítetos, tanto
poéticos e culturais.

Nome grego Nome romano Tradução


Χθών Chthon Terra
Χθόνιη Chthonie Terra
Εὐρύστερνος Eurysternus Amplos seios
Κουροτρόφος Curotrophus Nutriz de jovens
Μήτηρ Πάντων Mater Omnius Mãe de todos
Μεγάλη Θεά Magna Dea Grande Deusa
Ὀλυμπία Olympia do Ólympos
Γασηπτον Gaseptum Terra Augusta

CULTO
Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas
culturas Indo-Européias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois
devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá
sustento e possibilita a ordem do mundo. Nos mitos gregos, os conflitos
entre Gaia e as divindades masculinas representam a ascensão do poder
patriarcal e da sociedade grega sobre os povos pré-existentes.
Na mais antiga cosmologia grega, a Terra era concebida como um
disco chato cercado por Okeanos (rio principal), coberta pela cúpula de
Ouranos (céu) e tendo por baixo o abismo do Tartaros (subterrâneos). Ela
suporta Pontos (mar) e os Ourea (montanhas) sobre seu seio.
Segundo algumas fontes Gaia pode ter sido a divindade original por
trás do Oráculo de Delphos, transpassando seus poderes sucessivamente
para Themis, Phoibe e finalmente Apollon. Apollon, porém já estava há
muito estabelecido como senhor do oráculo no tempo de Homeros, depois
de ter matado a serpente Python, filha de Gaia e usurpado seu poder
ctônico. Por isso, Gaia teria punido Apollon, enviando-o para servir o rei
Admetos como pastor por nove anos.
Na arte clássica Gaia era representada de duas formas. Nos vasos
gregos, Gaia era representada como uma matrona robusta, meio erguida do
solo e com freqüência dando o bebê Erekhthonios a Athena para que esta o
criasse. Nos mosaicos, costuma aparecer como uma figura completa,
reclinada, freqüentemente vestida de verde e às vezes acompanhada
pelos Karpoi, crianças que representam os frutos da Terra, as colheitas, as
estações ou os espíritos dos grãos.
Os juramentos prestados em nome de Gaia, na antiga Grécia,
estavam considerados entre os mais sagrados.

CULTO EM ATTIKÉ (SUL DA GRÉCIA)

I) ATHÉNAI Cidade da Attiké

"[Comédia descrevendo o festival de Thesmophoria de Demétêr e


Persephónê:] Mulher arauto: Silêncio! Silêncio! Ore para as
Thesmophorai, Demétêr e Korê [Persephone]; ore para Ploutos (riqueza),
Kalligeneia, Kourótrophos [Hekate], Gé, Hérmês e as Khárites, que tudo
possa acontecer de melhor nesse encontro, tanto pela maior vantagem de
Athénai e para nossa felicidade pessoal! Que o prêmio seja dado a ela
que, tanto por atos e palavras, que tem mais merecimento pelo povo
ateniense e das mulheres! Mando essas orações para os céus e a felicidade
demandada por vós. Ió Paian! Ió Paian! Alegremo-nos!" – Aristophánes,
Thesmophoriazousai 280.

"Dentro do recinto [do santuário de Zeús Olympíos na parte baixa da


cidade de Athénai] haviam antiguidades: um Zeús de bronze, um templo de
Krónos e Rheía e an recinto de Gé denominada de Olympía. Aqui o chão se
abre na largura de um côvado, e dizem que ao longo deste leito fluía
a água do dilúvio que ocorreu na época de Deukalíôn, e nele eram
lançados a cada ano uma mistura de trigo com mel... Os atenienses diziam
que o antigo santuário de Zeús Olympíos foi construído por Deukalíôn, e
citam como prova de que Deukalíôn viveu em Athénai um túmulo que não
fica muito longe do atual templo." –Pausanías, Descrição da Grécia 1. 18.
7.
"Há também um santuário de Gé Kourótrophê (nutriz de jovens) [em
Athénai], e de Demétêr Khloé (verde). Tu podes aprender tudo sobre seus
nomes, conversando com os sacerdotes." – Pausanías, Descrição da
Grécia 1. 22. 3. 

"Sólido era [o tribunal do Areopágos em Athénai] o santuário das


deusas que os atenienses chamam de Eumenídes (Benevolentes), mas
Hesíodos em sua Theogonía as chama de Erinýes... Havia imagens de
Ploútôn [Haídês], Hérmês e Gé, pelos quais sacrificavam aqueles que
receberam uma absolvição no Areopágos." – Pausanías, Descrição da
Grécia 1. 28. 6. 

"[Na Akrópolis, Athénai] uma imagem de Gé suplicando a Zeús para


chover sober ela; talvez os próprios atenienses precisassem de chuva, ou
pode ser que todos os gregos tenham sido atormentados pela seca." –
Pausanías, Descrição da Grécia 1. 24. 3. 

II) PHLYA & MYRRHINOS Povoados da Attiké

"Phlya e Myrrhinos havia altares de Apóllôn Dionysodotos, Ártemis


Selasphoros (portadora da luz), Diónysos deus florescente, das Nýmphai
Ismenídes (do rio Ismenos) e Gé, que era nomeada de Théa Megálê
(grande deusa); um segundo templo continha altares de Demétêr
Anesidora (doadora de dons), de Zeús Ktésios (deus dos ganhos), de
Athéna Tithronê, de Kórê Prôtógonês (a primogênita donzela) e das deusas
denominadas de Semnai (augustas). A imagem de madeira em Myrrhinos
era de Kolainis [Ártemis]." – Pausanías, Descrição da Grécia 1. 31. 4

CULTO EM LAKEDAIMONIA (SUL DA GRÉCIA)

I)      SPARTE Cidade de Lakedaimonía

"Em seu mercado local espartanos tinham imagens de Apóllôn


Pythaíos, de Ártemis e de Lêtó... Não muito longe delas havia o santuário
de Gé e de Zeús Agoraíos (da praça pública) outro de Athéna Agoraía (da
praça pública) e de Poseidón denominado Asphalion (seguro),
e igualmente um de Apóllôn e de Héra..." – Pausanías, Descrição da
Grécia 3. 11. 9.
Pausanías, Descrição da Grécia 3. 12. 8.  "Os lacedemônios tinham
um altar de Apóllôn Akritas, e um santuário, denominado Gasepton, de
Gé. Acima dele está localizado um de Apollon Maleates. No final do
caminho de Aphetaidos [conduzindo do mercado local para um dos portões
de Spartê], muito próximo da muralha, está um santuário de Diktynna."

CULTO EM ELIS (SUL DA GRÉCIA)

I)      OLYMPIA Santuário em Eleias

"Naquele que foi chamado de Gaion (santuário de Ge) [em


Olympía] está um altar de Gé; que também era de cinzas. Em dias mais
antigos dizem que havia um oráculo também de Gé neste local. Naquele
que era chamado de Stómion (boca) o altar de Thémis foi construído." –
Pausanías, Descrição da Grécia 5. 14. 10. 

CULTO NA AKHAIA (SUL DA GRÉCIA)

I)      PATRAI Cidade da Akhaia

Pausanías, Descrição da Grécia 7. 21. 11. "Eles [os patraianos de


Akhaia] também tinham um bosque a beira-mar, proporcionando em
tempos de verão passeios muito agradáveis e geralmente um meio
agradável de se passar o tempo. Neste bosque também havia dois templos
de divindades, um de Apóllôn, outro de Aphrodítê... Próximo ao bosque
havia um santuário de Demétêr; ela e sua filha [Persephónê] estão de pé,
mas a imagem de Gé está sentada." 

II) AIGAI Cidade da Akhaia

Pausanías, Descrição da Grécia 7. 25. 13.  "é uma viagem de cerca


de trinta estádios [a partir da correnteza do Krathis perto das ruínas de
Aigai, Akhaia] no qual era chamado de Gaíôn, um santuário de Gé
denominada de Eurýsternos (amplos seios), cuja imagem de madeira era
uma das mais antigas. A mulher que de vez em quando era sacerdotisa
permanecia doravante casta, e antes de sua eleição não deve ter tido
nenhuma relação sexual com mais de um homem. O teste aplicado era
beber o sangue de um touro.Qualquer mulher que pudesse ter a
oportunidade de não falar a verdade era imediatamente punida como
resultado deste teste. Se várias mulheres competirem pelo sacerdócio, o
lote será lançado pela honra."
CULTO NA ARKADIA (SUL DA GRÉCIA)

I)      TEGEA Cidade de Arkadía

"Próximo do santuário de Eileíthyia [no Mercado local de


Tegea] está um altar de Gé, ao lado do qual está uma laje de mármore
branco. Nesta foi esculpido Polybios, o filho de Lykortas, enquanto na
outra laje foi esculpido Elatos, um dos filhos de Arkas [mítico rei epônimo
da Arkadía]." – Pausanías, Descrição da Grécia 8. 48. 8. 

HINOS E INVOCAÇÕES
"Para Gaía a Mãe de Todos. Eu cantarei sobre à bem fundada Gaía, mãe
de todos, a mais velha de todos os seres. Ela alimenta todas as criaturas
que estão no mundo, todas que andam sobre a terra fértil, e todas que
estão nos percursos dos mares, e todas que voam: todos são alimentados
por sua provisão. Através de ti, Oh, rainha, homens são abençoados por
meio de seus filhos e abençoado por meio de suas colheitas, é a vós que
pertence o fornecimento dos meios de vida dos homens mortais e para
levá-los embora. Feliz é o homem a quem tu deleitas com honras! Ele tem
todas as coisas em abundância: Sua terra fecunda está carregada com
milho, seus pastos estão cobertos de gado, e sua casa está repleta de coisas
boas. Tais homens governam organizadamente em suas cidades por belas
mulheres: Grande riqueza e fartura os seguirão: seus filhos exultarão com
renovado deleito, e suas filhas carregando feixes em flor brincando e
pulando alegremente sobre as flores suaves do campo. Assim é com
aqueles a quem tu honras, Oh, Sagrada Deusa (semne théa), Oh, Generoso
Espírito (aphthone daímôn). Saudação, Mãe dos Deuses (theôn mater),
esposa do estrelado Ouranós; liberdade conceda-me para este meu canto
substancial que alegra ao coração!" – Homerikós Hymnós XXX para Gaía.

"Ó, mãe universal (panmêtôr gê), Terra [Gaía]." – Aiskhýlos, Prometheús


Dêsmótês 90.

"[Plátôn construiu etimologias filosóficas para o nome dos


deuses:] Sokrátês: devemos indagar o que os homens pensaram ao dar [aos
deuses] seus nomes... Os primeiros homens que deram nomes [para os
deuses] não eram pessoas comuns, mas pensadores elevados e grandes
oradores... Mas porque não dizer sobre outros tipos de deuses, como o sol,
a lua, as estrelas, a terra, o éter, o ar, o fogo, a água, as estações, e os
anos?... Sokrátês: A palavra gê (terra) apresenta um sentido melhorado na
forma gaía; pois gaia é a palavra correta para ‘mãe’, como Hómêros disse,
pois ele usa gegaasin para significar gegenêsthai (nascer)." – Plátôn,
Kratylos 400d & 401e.

"Sem dúvidas ele está cantando um hymnos a Gé por que ela é a criadora e
mãe de todas as coisas." – Philostrátos, o velho, Imagens 1. 10.

"Para Gaía, Fumigação de todos os tipos de sementes, exceto


asaromáticas e o feijão. Oh, mãe Gaía, origem dos deuses e dos homens,
que sustenta com fertilidade, força que a tudo destrói; origem de todas as
coisas, delimitada, cujos poderes prolíferos produzem uma provisão de
formosos frutos e flores. Criadora de variadas coisas, a base imortal do
mundo, eterna, abençoada, coroada com toda a graça; de cujo amplo
ventre por meio de uma raiz interminável, que muitas frutas formou,
madura, e disparando gratidão. Profundos seios, abençoada, satisfeita
com planícies gramadas, de odor adoçicado, e com chuvas prolíferas.
Daímôn toda florida, centro do mundo, em torno de tua orbe as belas
estrelas são lançadas com rápidos giros, eterna e divina, cujas armações
com hailidade incomparável e brilhante sabedoria. Vamos, deusa
abençoada, ouça minha oração, e faça aumentar as frutas com teu
constante cuidado; com férteis estações (Hórai) em teu comboio próximo, e
com mente propícia teus suplicantes ouça." – Orphikós Hymnós 26 para
Gé.

"Ele [o mítico vidente Theiodamas] imediatamente ofertou dois altares


para serem envolvidas com árvores vivas e relvado bem crescido, e neles,
em honra da deusa [Gaía], lançou inúmeras flores, sua própria
generosidade, e montes de frutas e as novas produções do incansável ano,
e derramando intocável leite sobre altares assim ele começa: - Oh, eterna
Criadora de deuses e homens, que trouxe a existência de rios e florestas e
sementes da vida em todo o mundo, a obra de Prometheus e as pedras de
Pýrra, tu que primeiro proporcionaste o sutento e variados alimentos para
homens famintos, que envolves e suportas o mar; em teu poder está a gentil
raça bovina e a raivosa de bestas selvagens e o repouso das aves; em torno
de ti, sólida, força inabalável do inesgotável universo, como tu estas
pendurada no vazio ar, na veloz moldura do céu ou seja no carro da roda
do acaso, Oh, centro do mundo, não compartilhada pelos poderosos
irmãos [Zeús, Poseidón e Haídês na divisão do universo deixaram a terra
comum a todos os deuses]. Portanto tu és abundante para tantas
raças, tantas nobres cidades e povos, enquanto que por cima e por baixo tu
és toda suficiente, e com nenhum esforço carrega teu movimento estelar
Átlas que vacila sob o peso do reino celestial." – Státios, Thebais 8. 295.

“A nutritiva Tellus, ainda assim, como estava circundada por Oceanus,


entre as águas do mar e, contraídas por todos os lados, suas fontes, que
haviam se escondido nas vísceras de sua opaca mãe, sustentou até o
pescoço, árido, seu rosto devastado e pôs sua mão sobre a testa, e com um
grande tremor sacudindo tudo, se firmou um pouco e mais abaixo do que
geralmente está permaneceu, e assim com voz ressequida falou:
“Se isto te agrada e se mereci, porque, oh, teus raios cessam, dos Deuses,
supremo? Possa aquela que há de perecer pelas forças do fogo, pelo teu fogo
perecer, e sua calamidade por seu autor aliviar. Somente eu, certamente, meu
lábios para estas mesmas palavras libero” – o vapor lhe oprimia a boca–
“queimados, olhe, meus cabelos, e em meus olhos tanto, tanto carvão sobre
minha face. Estes frutos a mim, este prêmio de minha fertilidade e de meus
serviços me devolves, porque as feridas do curvo arado e dos rastelos,
suporto, e tudo me assedia o ano, porque ao gado folhagem, e ternos
alimentos, os grãos, ao gênero humano, a vós também incensos, forneço?
Mas ainda assim, este final dê-me que eu mereci. O que as ondas, o que
mereceu teu irmão? Porque, a ele entregadas na sorte, as superfícies
decrescem e do Aether mais longe se afastam? E si nem a graça de teu irmão,
nem a minha te comovem, mas compadece do teu céu. Olhe ambos os lados:
fumega um e outro pólo, os quais o fogo se viciara, os vossos átrios
despencarão. Atlante, mesmo padece, e apenas em seus ombros sustenta o
eixo fumegante. Si os estreitos, si as terras perecerem, si a realeza do céu: no
antigo Chaos nos confundimos. Arrebata as chamas quanto todavia
permaneça e vela pela soma das coisas.”
Havia dito isto Tellus, visto que nem tolerar o vapor mais além pôde nem
dizer mais, e sua boca se voltou para si mesma, e a suas cavernas aos
manes mais próximos.” – Obídios, Metamórphoseis.
ORIGENS GRECO-ROMANAS
Etimologicamente, Gaia é uma palavra composta por dois
elementos. Ge, que significa “Terra”, se encontra em muitos neologismos,
como Geografia (Ge/graphos, “escrever sobre a Terra”)
e Geologia(Ge/logos, “palavras sobre a Terra”). Ge é uma palavra
substrato pré-grega que alguns relacionam com asuméria Ki, que também
significa “Terra”. Aia é um derivado de uma raiz indo-européia que
significa “avó”. Portanto, a etimologia completa de Gaia parece ter sido
“Avó Terra”.
Algumas fontes, afirmam que Gaia como a Mãe Terra é uma
evolução da Grande Mãe pré-indo-européia, uma deusa da vida e da morte,
que protege e alimenta, generosa e temida, que já era venerada desde o
tempo Neolítico no Oriente Próximo, em Anatólia, zona de influência da
cultura egéia, mas também mais além nas terras etruscas. A crença em uma
Mãe Terra fértil é com freqüência uma característica do moderno
culto neopagão a “Deusa”, e sua tríade que também faz parte da mitologia
celta e que foi vinculado pelos praticantes desta religião com a teoria da
deusa neolítica.
A separação que Hesiodos fez de Rheia e Gaia não foi seguida
rigorosamente, nem sequer pelos próprios mitógrafos gregos, que as
consideraram como uma mesma divindade. Já os mitógrafos modernos,
bem como gerações anteriores, interpretam as deusas: Persephone, "a
donzela", Demeter, "a mãe"  e Hekate, "a velha", como três aspectos de
uma Grande Deusa mais antiga, que pode ser identificada como Rheia ou
como a própria Gaia. Os gregos também recordavam que o antigo lar da
Mãe da Montanha era Krete, onde uma figura às vezes identificada com
Gaia foi adorada como Potnia Theron ("Senhora dos Animais") ou
simplesmente Potnia ("Senhora"), cognome mais tarde aplicado a
Demeter, Artemis e Athena.
A chegada dos deuses do Olympous com os imigrantes
ao Aigeus durante o II milênio a. C., provocou em várias ocasiões, violenta
luta por suplantar Gaia, impregna a mitologia grega de sua característica
tensão. Ecos da força de Gaia persistem na mitologia da Grécia clássica,
onde seus papéis estão divididos entre Hera, consorte de Zeus, Demeter,
Hestia, Artemis, Aphrodite e Athena.
Em Roma, a deusa frigia Cibele era venerada como Magna Mater,
"Grande Mãe" ou como Mater Nostri, "Nossa Mãe". Foi levada a Roma
depois de um augúrio da Sibila de Cumas, segundo o qual Roma não
derrotaria o cartaginês Anibal enquanto seu culto não fosse estabelecido em
Roma. Por isso, tornou-se uma das deusas favoritas dos legionários
romanos e seu culto espalhou-se pelos acampamentos e colônias militares.
Era identificada com a romana Ceres, deusa do grão que era uma
contraparte aproximada da grega Demeter, mas que tinha características
diferentes e era venerada com outro culto.
ORIGENS EM OUTROS MITOS
A idéia de que a própria terra fértil era feminina e nutria a
humanidade não estava limitada ao mundo greco-romano. Estas tradições
se viram influídas em grande medida por culturas anteriores da zona central
do antigo Oriente Médio. Na mitologia suméria, Tiamat influenciou nas
noções bíblicas do abismo de Gênesis.
O título de "Mãe da Vida" foi dado à deusa acadiana Kubau e à
hurriana Hepa, associadas à hebraica Heva e a frigia Kubala. Em Anatólia
Rheia era conhecida como Kybeles, uma deusa derivada
da Kubaba mesopotâmica, da Kebat hurrita.
Na mitologia nórdica, a terra era personificada como Jörð, Hlöðyn, e
Fjörgyn e Fjörgynn.
Os celtas irlandeses adoravam Danu e os gauleses, Dôn. Dana teve
um papel importante na mitologia hindu e variantes de seu nome parecem
estar associados aos nomes dos rios Don, Danúbio, Dniéster e Dniéper,
sugerindo origem comum em uma antiga deusa proto-indo-européia.
Na mitologia lituana, Gaia - Žemė é filha do Sol e da Lua, ou filha de
Dangus (equivalente ao hindu Varuna).
Nas culturas do Pacífico, a Mãe Terra era conhecida sobre tantos
nomes e com tantos atributos como as culturas que a reverenciavam.
Na cultura maori, a Terra Mãe era conhecida como Papatuanaku e
era companheira de Ranginui, o Céu Pai. Nos Andes, ainda sobrevive o
culto de Pachamama (Pacha, "terra" e Mama, "mãe" em quechua). Os
astecas referiam-se à Coatlicue (“a de saia de serpentes” em nahuatl),
enquanto as antigas culturas mexicanas se referiam a ela como  Tonantzin
Tlalli, "reverenciada Mãe Terra".
Em religiões da Índia, a Mãe de toda criação é chamada Gayatri,
embora não seja a deusa mãe e sim Sarasvati, Lakshimi, Parvati, Durga e
Kali. Na Tailândia e outros países do sudeste asiático, a deusa da terra é
Phra Mae Thorani.
Somente na mitologia egípcia ocorre o contrário: Geb seria o Pai
Terra enquanto Nut seria a Mãe Céu.
As "Vênus" do paleolítico superior foram às vezes explicadas como
representações de uma deusa da Terra similar a Gaia.
MITOLOGIA MODERNA
Gaia do Milênio, de Oberon Zell. Nesta imagem neopagã, o ventre da
deusa grávida é o planeta Terra, com Delfos no umbigo. Os relevos nas
pernas representam a evolução da vida marinha, os dos braços, as
florestas, o seio direito, frutas e vegetais, o seio esquerdo, a Lua, o rosto,
folhas de árvores sagradas, o ombro esquerdo uma borboleta monarca
(Sol), o ombro direito uma mariposa da Lua e o cabelo abriga flores,
insetos e a evolução da vida terrestre, com um cachalote na culminação do
hemisfério direito e uma criança humana sobre o esquerdo.

Muitos cultos neopagãos contemporâneos adoram Gaia. Segundo a


crença mais comum na Wicca, Gaia é a Terra, sua deusa ou seu aspecto
espiritual. Cultos de orientação feminista a consideram a deusa suprema de
toda a criação, a Deusa-Mãe da qual surgem todos os demais deuses,
englobando a Terra, os planetas e, às vezes, o Universo inteiro. As formas
de culto incluem prostração e rituais supostamente druídicos ou xamânicos.

Gaia é associada a espaços fechados: a casa, o pátio, o útero, a


caverna. Seus animais sagrados são: a serpente, a vaca, o porco e as
abelhas.
Carl Gustav Jung sugeriu que a mãe arquetípica era uma parte
do inconsciente coletivo de todos os humanos e vários estudantes
jungianos, argumentaram que dito arquétipo aponta muitas mitologias e
precede a imagem do pai em ditos sistemas religiosos. Tais especulações
ajudam a explicar a universalidade de esta imaginária de deusa madre.

Este nome mitológico foi resgatado em 1979 para sua hipótese Gaia.


A hipótese propõe que os organismos vivos e as matérias inorgânicas
formam parte de um sistema dinâmico que da forma a biosfera da Terra. A
própria Terra se considera um organismo com funções auto-regulatórias.

PHÚSIS
Nome grego Nome romano Tradução
Φύσις Natura Natureza, origem
Πρωτογένεια Primagena Primogênita
Na mitologia grega, Phúsis (em grego Φυσις, “natureza”) também
podia ser chamada de Protogéneia (Πρωτογενεια, “a primeira”), era a
divindade primordial da natureza e um dos primeiros seres a surgir no
principio dos tempos. Os romanos a chamavam Natura.
Era filha de Hýdros e Thésis, surgiu da lama que se formou após a
união desses dois deuses, Phúsis então se uniu à seu pai Hýdros e gerou um
ovo, do qual saíram Aíôn (eternidade) e Anánkê (necessidade). Estes dois
por sua vez deram início á ordem no universo, o Kósmos.
Atribuíam-lhes, ambos os sexos, e em ocasiões a identificavam com
Gaía (a mãe terra), com Érôs (o desejo sexual) ou com Phánes
(consciência) e Thésis (criação).

PHYSIS, DEUSA DA NATUREZA

"Para Phýsis (natureza), Fumigação de Aromáticos: Phýsis, mãe de


todos, antiga e divina, ó mãe de muitos mecanismos, a arte é tua, celestial,
abundante, venerável rainha, vista em todas as partes dos teus
domínios. Indomável, que a todos domina, luz sempre esplêndida, que a
todos governa, honrada, e extremamente brilhante. Imortal, Prôtogéneia
(primogênica), sempre imutável, noturna, estrelada, radiante, poderosa
dama. Teus pés ainda traçam um curso circular, mudados por ti, com
incessante força.Ornamento puro de todos os poderes divinos, finita e
infinitamente, igualmente você brilha, para todas as coisas comuns e para
todas as coisas conhecidas, ainda incomunicáveis e solitária. Sem um pai
de tua maravilhosa estrutura, pai de ti mesma, de onde veio a tua
essência, misturada, totalmente florescente,extremamente sábia, e laço
conector da terra e do céu. Líder, rainha doadora da vida, de variados
nomes, de gracioso comando e famosa beleza. Justa, suprema em poder,
cuja influência, em geral, as águas das profundezas inquietas obedecem.
Etérea, terrena, para o piedoso, feliz, para o bem, doce, mas para o mal,
amarga: toda sábia, toda generosa, providente, divina, o rico aumento do
alimento é teu, para o amadurecimento do que quer que possa surgir, a
decadência e a dissolução trazes. Pai de todos, grande nutriz, e mãe
amável, abundante, abençoada, de mente totalmente espermática:
madura, impetuosa, de cujas sementes férteis e mão maleáveis esta
mudança de cena procede. Poderosa mãe de todos, um visível impulso
vital, eterna, móvel, rainha totalmente sagaz. Por ti o mundo, cujas partes
em rápido fluxo, assim como velozes fluxos descendentes, nenhuma trégua
conhecem, em uma engrenagem eterna, com um curso constante, girando
com incomparável, com incansável força. Entronizada em um carro
circular, tua mão poderosa mantém e dirige as rédeas do amplo
comando: De variadas essências, honrada e de melhor
julgamento, também, o fim geral e o teste. Intrépida, fatal, dama que a
todos subjuga, a vida eterna, o destino (Aisa), o fôlego ardente. Imortal
providência, o mundo é teu, e tu és todas as coisas, a arquiteta divina. Ó,
bendita Deusa, ouça a oração dos suplicantes e tornas tuas vidas futuras e
teus cuidados constantes, dando estações de fartura e riqueza suficientes, e
coroa os nossos dias com paz e saúde duradouras".

"Aqui [Beroé, no Líbano] habitava um povo na mesma idade que o


amanhecer, a quem physis (Natureza) por sua própria criação, de alguma
forma não desposada gerou, sem noivo, sem casamento, sem pai, sem mãe,
por nascer: quando os átomos se misturaram em uma combinação
quádrupla, e o lodo sem sementes moldou a forma de uma prole inteligente
misturando a água com calor ardente e o ar [os quatro elementos - Ar,
Terra, Água, Fogo], e vivificou a lama fervilhante com o sopro de vida. A
este Phýsis deu forma perfeita... Agora apareceu pela primeira vez a safra
de ouro dos homens [a Raça de Ouro da Humanidade] produzidos à
imagem dos deuses, com as raízes de suas ações na terra.  E estes
habitavam na cidade de Beroé, esse lugar primordial no qual Krónos se
edificou." – Nónnos, Dionysiaká 41.51.

"[A partir da descrição de uma pintura grega antiga:] Não há dúvida


de que você vê o bosque ao redor da nascente, o trabalho da sábia
Natureza (phýsis), eu acredito, pois a Natureza (phýsis) é suficiente para
tudo o que ela deseja, e não tem necessidade da arte, na verdade, é ela que
é a própria origem das artes" – Philostrátos, o Jovem, imagem 3.

"Então, Phýsis, que governa o universo e recria sua


substância [depois da batalha entre Zeús e Typhôeús que abalou o mundo],
fechou as fendas abertas na superfície violada da Terra, e selou mais uma
vez com a união da marcenaria indivisível os rochedos da ilha que tinha
sido aberta em seu leito." – Nónnos, Dionysiaká 2. 650.

"recém-nascida da salmoura; quando a água impregnada pelo sulco


de Ouranós entregou do auto-mar, Aphrodítê, quando sem matrimônio, as
sementes lavraram a inundação com a fertilidade masculina, e da própria
espuma formou uma filha e phýsis (Natureza) foi a parteira - chegando
com a deusa havia aquele correia bordada que corria ao redor de seus
quadris como um cinto [Cestus], definido envolta do corpo da rainha, em
um cinto de si mesma". – Nónnos, Dionysiaká 41.98.

NATURA, DEUSA DA NATUREZA

Natura era a equivalente romana da Physis grega.

"Não como um fugitivo deixei minha casa [Oidípos]; por minha


própria vontade, desconfiado de mim, ó Natura [Phýsis], eu fiz tuas leis
asseguradas [ou seja, ele saiu de casa para evitar a profecia na qual ele iria
matar seu pai e casar com sua mãe]." – Seneca, Oedipus 23.

"Oh, Natura [Phýsis], mãe poderosa dos deuses [talvez Rheía ou


Gaía], e tu, portador do fogo, senhor do Olympus [Zeús]... Por que tu
moras longe, muito indiferente aos homens, e nada ansioso para trazer
bênção para os bons e para os maus, maldição?" – Seneca, Phaedra 959.

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