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Gabriela Mendes Brito

Leitura e Produção Textual

“Como modificar o racismo na indústria do entretenimento é de nossa


responsabilidade também”

Primeiramente, para ser um leitor antirracista, precisamos entender que


vivemos em uma sociedade racista e excludente, visto que, as fontes de
entretenimento que consumimos não representam a população negra e a sua
cultura; ou você consegue nomear cincos filmes, livros ou seriados que
possuem personagens negros em destaque quando a obra não está falando
sobre escravidão? Com isso, devemos questionar por que essa realidade
persiste e por qual razão, nós como consumidores, possuímos um papel crucial
para persistência dessa situação e, ao mesmo tempo, o início da modificação
está, também, em nossas mãos.

Logo, é necessário enfatizar que quando a população negra está


presente nessas obras são em papeis de escravos, empregados domésticos ou
até mesmo criminosos. Para ser mais preciso, podemos bordar a realidade nas
novelas brasileiras, que existem desde 1950, uma vez que a população negra
(que é metade da população nacional segundo o G1) é sempre representa em
papeis secundários que reforçam os estereótipos associados a essa
comunidade. Com isso, pode-se reafirmar esse pensamento a partir do livro “A
negação do Brasil: o negro na novela brasileira” de Joel Zito Aruajo, visto que
ele cita características sobre a figura da população negra nos meios de
comunicação, já que, a partir da sua pesquisa, obteve-se a confirmação de que
a população negra é sempre representada em estereótipos negativos e que
eles ajudam a perpetuar, ainda mais, o racismo. Isso é, acabam dificultando
que o processo de quebra de falsas ideias sobre a população negra ocorra.

Além disso, podemos fazer, também, um paralelo com a falta de


representatividade na indústria do cinema, visto que uma das maiores
franquias de filmes da história - a Marvel - levou mais de dez anos para trazer
um personagem negro como protagonista em um de seus filmes. Isso foi feito
com o filme “Pantera Negra”, em que um homem negro era protagonista e o
elenco composto, praticamente, somente por pessoas negras. Tal obra foi um
marco na história da franquia, uma vez que se tornou uma das maiores
bilheteria (a décima segunda da história); foi extremante aclamado pela critica
especializada (atingindo a nota de 97% no maior site sobre cinema, o Rotten
Tomatoes) e garantiu o primeiro Oscar para a companhia. Tal situação mostra
que, é sim possível fazer obras extraordinárias em que a população negra seja
devidamente representada e que o grande público irá consumir ela- se eles
tiveram acesso, já que, por se tratar de um filme de super-herói, houve uma
divulgação muito grande.
Ademais, para conseguirmos ser um leitor antirracista devemos,
também, modificar a origem e a temática daquilo que consumimos, isso é,
buscar consumir obras que não sejam sempre oriundas dos Estados Unidos ou
da Europa. Ou seja, ler autores negros e suas histórias sobre a população
negra, histórias em que as pessoas negras sejam muito mais do que o alívio
cômico, o marginal ou que o escravo. Para isso, deve-se estudar, pesquisar e
subverter o sistema de comunicação e entretenimento, isso é, o consumo
dessas obras tem que ser divulgado e incentivado da mesma maneira do que
as obras oriundas da comunidade branca sobre eles mesmos são. Imagina se
o livro da “A Rebelde do Deserto” (livro de fantasia que conta a história de
uma menina negra que possui o destino da sua comunidade nas mãos e
precisará enfrente seres místicos e selvagens para conseguir) tivesse recebido
a mesma divulgação que a série de livros “Percy Jackson” - um menino branco
semideus que tem salvar o seu mundo das ameaças da mitologia grega -,
poderíamos ver uma história com uma protagonista negra se tornar filme,
seriado e ter influenciado uma geração inteira de adolescente a se tornar
leitores, além de proporcionar que uma grande comunidade pudesse se ver,
finalmente, representado nos livros e nas telas que o mundo consome.

Para mais, entrando mais profundamente no racismo dentro da indústria


do entretenimento, você acredita que se ao criarem o Capitão America 1941, a
fim de mostrar a força dos estados unidos durante a segunda guerra mundial,
fosse inicialmente um homem negro - já que a população negra é 13% da
população dos estados unidos - ele teria se tornado um marco na indústria das
histórias em quadrinhos e posteriormente no cinema? Se tornaria umas das
figuras mais populares americana? Tal situação é, levemente, abordada na
série de televisão “Falcão e Soldado Invernal” da Disney, visto que, mesmo
Sam - um homem negro - tenha sido escolhido pelo Capitão América para
assumir o cargo, o governo americano não permitiu; utilizando o argumento
que nunca mais haveria outro capitão América. O problema começa a partir do
fato de que, logo após Sam entregar o escudo-objeto que representava a figura
do capitão e seu ideal -, outro homem branco foi escolhido, ou seja, haveria sim
um novo capitão, mas não um homem negro.

Por fim, chega-se à conclusão de que para conseguirmos deixar de ser


um ouvinte e um consumidor racista, é nossa obrigação modificar o tipo de
conteúdo que assistimos isso é, devemos questionar o motivo de não ver
pessoas negras nas maiores bilheterias do cinema, de não lermos livros com
protagonistas que não sejam pessoas brancas e que, quando há, o
personagem negro não seja um alívio cômicos ou alguém sem importância
para a narrativa. As pessoas precisam conscientizar-se de que ainda vivemos
em uma sociedade racista, que as pessoas negras não são representadas e
que a gente possui um papel crucial para a modificação dessa realidade.

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