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FRANCIELLE KARLA LOPES DA SILVA¹*, SIRLENE APARECIDA FELISBERTO² & DANÚZIA BATISTA DA SILVA E SOUZA

¹ Instituto de Ciências Biológicas, Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal, UFG; e-mail: franciellekls.bio@gmail.com


² Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal, UFG
³ Instituto de Especialização e Pós-Graduação, Pós-Graduação em Ciências Forenses, Faculdades Oswaldo Cruz

INTRODUÇÃO TÁXONS ENCONTRADOS

As algas possuem uma grande importância em ambientes de água doce (Bellinger & Sigee, 2010) e provavelmente o
número de espécies reconhecido subestima grandemente o número real de espécies existentes. Quando se encontram em
conjunto com outros microorganismos formam uma importante e complexa comunidade, o perifíton (Wetzel, 1983)
representado por um biofilme que atua na interface entre o substrato e a água circundante. E nesta comunidade, aderida a
substratos, estão as Zygnemaphyceae. A classe Zygnemaphyceae abrange duas ordens, as Desmidiales e as Zygnematales.
Na primeira ordem está uma das maiores famílias em número de gêneros e espécies, as Desmidiaceae, as quais em
maioria possuem uma constrição mediana que define o estreito istmo que une a duas metades (semicélulas) da célula
(Brook, 1981; Coesel, 1996), como por exemplo, os gêneros alvo deste estudo. Os gêneros Euastrum e Micrasterias,
pertencem a ordem Desmidiales, em geral, espécies desta ordem são encontradas em ambientes aquáticos oligo-
mesotróficos (Coesel, 1996; Gerrath, 2003).

OBJETIVO

Levantamento taxonômico de espécies dos gêneros Euastrum e Micrasterias da comunidade perifítica em dois períodos
(seco e chuvoso) na represa Samambaia visando contribuir com o conhecimento, em termos de biodiversidade e de novos
registros de desmidioflorula para a Região Centro Oeste e consequentemente para o Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

I. ÁREA DE ESTUDO REPRESA SAMAMBAIA

CONSTRUÇÃO: Construída em 1972 através do represamento do


córrego Samambaia (Brandão & Kravchenko, 1997).

LOCALIZAÇÃO: Campus II da Universidade Federal de Goiás no


município de Goiânia, região Centro Oeste do Brasil, em Goiás.
(Figura 1).

CLIMA: Considerado tropical de acordo com a classificação de


Köppen-Geiger (Peel et al. 2007).

CARACTERIZAÇÃO: Apresenta uma profundidade média de 3,5 m,


Figura 1. Mapa de localização da represa Samambaia (A); Estações tendo sido caracterizada como um ambiente de oligo a
amostrais da represa Samambaia (B): P1 a P5.; Imagens do
substrato coletado (C); Plantas aquáticas da Represa Samambaia mesotrófico (Nogueria, 1999).
(D).

II. OBTENÇÃO DOS DADOS E TRATAMENTO TAXONÔMICO

COLETAS AMOSTRAGEM ANÁLISE DOS DADOS:


Seca (24/09/10 e 04/11/10) Remoção do perifíton do substrato Triagem, identificação e
Chuva (06/01/11 e 02/03/11) e fixação com solução Transeau descrição das espécies

Figuras 3 a 27 : Euastrum e Micrasterias da represa Samambaia. Fig. 3. Euastrum abruptum. Fig. 4. E. bidentatum. Fig. 5. E. denticulatum. Fig. 6. E. didelta
var. quadriceps. Fig. 7. E. evolutum. Fig. 8. E. gayanum var. angulatum. Fig. 9 e 10. E. gemmatum var. monocylum (Fig. 10, foco na ornamentação da
parede). Fig. 11. E. subintegrum var. brasiliense. Fig. 12. E. subornatum var. brasiliense. . Fig. 13. Micrasterias abrupta. Fig. 14. M. borgei var. borgei Fig. 15.
M. foliacea. Fig. 16. M. furcata. Fig. 17. M. laticeps var. acuminata. Fig. 18. M. laticeps var. laticeps. Fig. 19 e 20. M. mahabuleshwarensis var. amazonenses
(Fig. 20: foco na ornamentação da parede celular). Micrasterias da represa Samambaia. Fig. 21. Micrasterias pinnatifida. Fig. 22. M. radiosa. Fig. 23. M.
radiosa var. elegantior. Fig. 24 e 25. M. radiosa var. ornata (Fig. 25: foco na ornamentação da parede). Fig. 26. M. torreyi. Fig. 27. M. truncata var. pusilla.
Barra de escalas = 10 µm.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na represa Samambaia, dos 22 táxons registrados, 17 correspondem a novas citações para o estado, sete
táxons de Euastrum e 10 de Micrasterias, sendo o táxon Euastrum bidentatum possivelmente nova citação
para o país. Independentemente do período analisado, Micrasterias apresentou a maior riqueza especifica,
Figura 2. Fotos da Represa Samambaia no Período de seca (A) e no período de chuva (B); Coleta do pecíolo (C), Remoção do perifíton (D) e Tratamento taxonômico (E) quando comparado a Euastrum. Desta forma, confirma-se a importância de estudos sobre levantamentos
RESULTADOS E DISCUSSÃO florísticos, os quais contribuem com o conhecimento sobre a biodiversidade e distribuição geográfica de
Zygnemaphyceae no Estado de Goiás e também no Brasil.
Foram identificados 22 táxons, sendo nove do gênero Euastrum e 13 do gênero Micrasterias. Quanto à frequência de
ocorrência de táxons nos pontos amostrados, observou-se que a maioria foi enquadrada em raros (19) e apenas três táxons REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
comuns. Nove táxons foram exclusivos do período de seca (Euastrum didelta var. quadríceps, E. gayanum var. angulatum, BELLINGER, E.G. & SIGEE, D.C. (2010) COESEL, P.F.M. 1996. Biogeography of desmids. Hydrobiologia, 336: 41-53.
BRANDÃO, D. & A. KRAVCHENKO. 1997. A biota do Campus Samambaia: história, situação atual e perspectivas. Goiânia, Editora da UFG, 157 p.
BROOK, A.J. 1981. The biology of desmids. Blackwell Scientific Publications. Oxford, London. 276 pp.
Micrasterias abrupta, M. laticeps var. acuminata, M. laticeps var. laticeps, M. mahabuleshwarensis var. amazonenses, M. COESEL, P.F.M. 1996. Biogeography of desmids. Hydrobiologia 336: 41-53.
GERRATH, J. F. Conjugating green algae and desmids. ‒ In: WEHR, J. D.; SHEATH, R. G. (Ed.) (2003). Freshwater algae of North America: ecology and classification. ‒ San Diego: Elsevier Science Academic
radiosa, M. radiosa var. elegantior e M. radiosa var. ornata), enquanto quatro táxons no período de chuvas (Euastrum Press, p. 353-382.
NOGUEIRA, I. S. 1999. Estrutura e dinâmica da comunidade fitoplanctônica da represa Samambaia, Goiás, Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
PEEL, M.C., FINLAYSON, B.L. & McMAHON, T.A. 2007. Updated world map of the Köppen-Geiger climate classification. Hydrology and Earth System Sciences 11: 1633-1644.
abruptum, E. subintegrum var. brasiliense, Micrasterias borgei e M. torrey), os demais apareceram em ambos períodos. WETZEL, R.G. Recommendations for future research on periphyton. In: WETZEL, R.G. (Ed.). Periphyton of freshwater ecosystems. The Hague: Junk, 1983. p. 339-346.. Freshwater Algae: Identification and
Use as Bioindicators. ‒ Wiley-Blackwell, West Sussex.

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