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ANAGÊNESE E CLADOGÊNESE

Na figura, o cladograma representa as relações filogenéticas entre as principais


linhagens viventes da superclasse Tetrápode. Na classificação tradicional (cujas classes
são representadas pelas elipses azuis), a classe Reptilia, para ser monofilética, deveria
incluir também as aves, além de Lepidosauria*, Chelonia* e Crocodylia*. Contudo, as
aves foram retiradas de dentro de Reptilia e consideradas, sozinhas, em sua própria
classe, Aves. Isto foi feito para enfatizar o intenso processo de anagênese que teria
ocorrido na espécie ancestral imediata das aves (quando elas teriam, por exemplo,
adquirido as penas, as asas, os ossos pneumáticos e o esterno em forma de quilha;
quando teriam perdido os dentes e tido as vértebras caudais fundidas em uma única
estrutura óssea).

Classificações alternativas de Tetrápode representando apenas a cladogênese foram


propostas, considerando a mesma hipótese filogenética mostrada acima. Veja a figura
abaixo:
A figura acima mostra a mesma hipótese apresentada anteriormente para as relações
filogenéticas entre as principais linhagens viventes de Tetrápode. Duas classificações
alternativas representando apenas a cladogênese e, portanto, incluindo apenas táxons
monofiléticos têm sido defendidas, com base nesta filogenia. A primeira destas
classificações representa todos os eventos de cladogênese e não se preocupa com a
hierarquia lineana padronizada. Ela é a seguinte:

Tetrapoda
Amphibia
Amniota
Mammalia
Sauropsida
Chelonia
Diapsida
Lepidosauria
Archosauria
Crocodylia
Aves

Note que cada evento de cladogênese é representado, na classificação acima, por um


par de táxons correspondentes às linhagens originadas nesses eventos (linhagens
originadas em um mesmo evento possuem a mesma coloração, semelhante à
das elipses correspondentes na figura acima).

Vocabulário

• Chelonia: táxon que reúne as tartarugas, cágados e jabutis.


• Crocodylia: táxon que reúne os crocodilos, jacarés, caimões e o gavial.
• Esterno: osso longitudinal frontal da caixa torácica a que várias das costelas
encontram-se unidas.
• Lepidosauria: táxon que reúne as serpentes e os lagartos.
• Politomia: divisão, em um cladograma, de uma espécie ancestral em três ou
mais espécies descendentes, em um único evento de cladogênese. Em geral,
considera-se que uma politomia reflita informação insuficiente para a
elucidação acurada das relações entre os táxons envolvidos, embora, em tese,
admita-se que elas eventualmente possam representar um evento múltiplo de
especiação.
• Tetrápodo: literalmente, portador de quatro pernas. Refere-se ao grupo de
vertebrados (tradicionalmente considerado como a superclasse Tetrapoda do
subfilo Vertebrata, na classificação dos animais) que possuem quatro
membros. Note que alguns organismos deste grupo, como as serpentes,
perderam um ou mais pares de membros, secundariamente, ao longo da
evolução.
• Vivente: táxon que é representado por espécies atuais, não extintas (um táxon
vivente pode, também, possuir grupos extintos, por exemplo, a classe Aves é
uma táxon vivente porque possui espécies atuais, mas também possui
espécies extintas, como o dodo).
Cladogênese e anagênese são formas de especiação, isto é, são diferentes processos
que originam espécies distintas. A cladogênese ocorre quando uma população
ancestral comum se fragmenta e origina dois grupos distintos. A anagênese, por sua
vez, consiste na modificação temporal e gradual de uma população ancestral que se
modifica até originar outra.
Ao compararmos as formas possíveis de especiação é possível notar que a cladogênese
proporciona aumento da biodiversidade, afinal, duas espécies distintas passam a
existir. Por outro lado, a anagênese não tem impacto sobre a diversidade de espécies
já que uma mesma população de modifica homogeneamente deixando de existir e
originando outra.
Figura : cladograma do gênero Homo
Ao observamos o cladograma que representa as relações evolutivas entre todos os
integrantes do gênero Homo é possível perceber que a especiação que originou
o Homo sapiens se deu por cladogênese. Portanto, a imagem recorrente de uma
evolução linear de um primata, como o chimpanzé, evoluindo até a forma humana
atual não corresponde ao processo real que originou a única espécie e hominídeo
atual.

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