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CLADÍSTICA DE Hennig não estabeleceu um critério para se obter a

ESPERMATÓFITAS filogenia de um grupo, mas demonstrou que,


diante de uma filogenia obtida a partir da
Durante muitos anos, o conceito comunhão do maior número de informações,
evolutivo foi incorporado de maneira arbitrária no apenas aqueles grupos monofiléticos, ou seja,
sistema de classificação dos organismos e na definidos por sinapomorfias possuem significado
suposta evolução dos caracteres. A reunião de evolutivo.
grupos de organismos em um táxon era A difusão da idéia de Hennig aconteceu
geralmente justificada pelo compartilhamento de apenas 11 anos mais tarde, com a tradução do seu
caracteres que, para o autor, pareciam mais trabalho em inglês. A partir dai, a prioridade da
relevantes. classificação na sistemática foi transferida para as
As espermatófitas, por exemplo, eram reconstruções filogenéticas. Uma hipótese
divididas em dois grupos principais: as filogenética pode ser apenas empírica, onde o
cicadóides, incluindo as Cycadales, as extintas autor parte de idéias preconcebidas sobre a
pteridospermas e Bennetittales, eram evolução dos caracteres, inferidas através da
caracterizadas por possuírem caule manoxílico, gradação de caracteres entre grupos relacionados,
folhas pinadas e semente com simetria radial por exemplo. Cronquist (1989), por exemplo,
(radiospérmicas); e as coniferóides, incluindo as acreditava na hipótese antostrobilar para origem
coníferas, os Ginkgo e as extintas Cordaitales, das angiospermas; assim, as angiospermas
caracterizadas por caule picnoxílico, folhas primitivas seriam semelhantes ao que
simples e semente com simetria bilateral encontramos em Magnoliidae, mais
(platispérmicas). As primeiras aparentemente especificamente nas arbóreas, como Winteraceae.
pareciam ter derivado de Aneurophytales e as Entretanto, essas hipóteses empíricas passaram a
segundas de Archeopteridales, ambas incluídas ser substituídas por hipóteses sustentadas por
nas progimnospermas. Nesse caso, a semente teria métodos mais objetivos, passíveis de críticas mais
surgido duas vezes por convergência. claras.
Eventualmente, teorias intermediárias eram
criadas. Takhtajan (1969), por exemplo, sugeriu Estudos cladísticos
que as angiospermas teriam um ancestral comum Métodos numéricos para elaboração de
mais recente com as Bennettitales, e que as hipóteses filogenéticas surgiram por volta da
Gnetales teriam derivado das Bennettitales e década de 60. Na botânica, elas se estabeleceram
assim seriam o grupo vivo mais relacionado com cerca de 20 anos mais tarde. A partir dai,
as angiospermas. sistemática filogenética passou a estar baseada em
A relação entre as angiospermas e as uma série de procedimentos que procuram
demais plantas com semente apresentava um reconstruir a história evolutiva dos grupos. O
problema semelhante. Conforme a importância primeiro passo desse protocolo é a composição de
que se dava para algumas características, uma matriz, com terminais (táxons cuja relação se
poderiam ser defendidas duas teorias bastante quer verificar) e caracteres (propriedades dos
distintas, a antostrobilar (relacionando as táxons, que podem ser morfológicas ou
angiospermas com as Bennettitales e moleculares). A matriz é analizada, então,
pteridospermas) ou do pseudanto (relacionando as segundo alguns critérios. Em morfologia, o
angiospermas com as Gnetales) (Aula 3). principal critério é a parcimônia, princípio
O conflito entre os caracteres para uma baseado na simplicidade de hipóteses. A árvore
classificação taxonômica ou para hipóteses de mais parcimoniosa é aquela que contém menos
relação entre os grupos era, portanto, resolvido de passos, ou seja, que possui o menor número de
maneira freqüentemente subjetiva, baseada na transformações de estados de caracteres. A base
autoridade e na experiência do seu autor. Na do princípio está em encontrar uma alternativa
década de 50, entretanto, Hennig estruturou de que assuma o menor número de hipóteses
modo consistente os princípios da sistemática independentes, aumentando seu poder de
filogenética. Ele deixou clara a diferença entre explanação e minimizando a probabilidade de
similaridades e similaridades compartilhadas por erros. Uma hipótese mais parcimoniosa é mais
causa de um ancestral comum exclusivo, ou seja, facilmente refutável, critério adotado por Popper e
as sinapomorfias. Um sistema de classificação seguido pelos seguidores de sua lógica dedutiva.
filogenético é, portanto, aquele baseado em Diferente de morfologia, dados
ancestralidade. Estabeleceu-se, então, um critério moleculares permitem que assumamos algumas
universal para classificação dos organismos. premissas evolutivas. Por exemplo, se sabe que

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algumas regiões são ricas em citosina e timina e, diversos podem levar a crença de que sua
portanto, as chances de uma substituição por esses sinapomorfia é uma condição chave para a
nucleotídeos é maior; pela forma das moléculas diversificação do clado mais recente. Na
sabemos que as taxas de transversão e transição realidade, no entanto, essa diversificação pode ter
são diferentes por causa da morfologia estrutural sido muito mais intensa internamente, num
entre as moléculas. Dessa maneira, é possível subgrupo específico. Outros conceitos importantes
utilizarmos conhecimentos evolutivos prévios na são o de clado com base no ramo e o de clado com
análise de hipóteses filogenéticas. Assim, surgiu a base no grupo atual. O clado que inclui os grupos
idéia de se avaliar hipóteses filogenéticas através atuais pode ter surgido há 100 m.a., mas a
da máxima verossimilhança. Ela estima a divergência do ramo (linhagem) que levou àquele
probabilidade dos nossos dados frente uma clado pode ter surgido muito antes, há 200 m.a.,
determinada hipótese. Nossa hipótese é a árvore e quando também teria surgido seu grupo irmão. O
o conjunto de premissas evolutivas que clado do ramo representa aqueles grupos extintos
assumimos. Assim, essa avaliação deve estimar a que não possuem todas as sinapomorfias do grupo
probabilidade de todas as árvores possíveis de vivo (Doyle & Donoughue 1993).
acordo com nossas premissas. A árvore que
indicar a maior probabilidade para os nossos A 10 B 3 C 2 D 5 E1 A BCDE
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dados é a mais provável. Como é necessária uma 1 1 4 3

busca exaustiva, esse procedimento é


computacionalmente inviável mesmo para um
número pequeno de táxons. Alguns atalhos foram
então utilizados, o mais comum é estimar a Clados
distância molecular entre os terminais, incluindo Note nos cladogramas acima que a idéia de clado basal é
correções. ilusória. O clado A, aparentemente basal (à direita), na
realidade, é grupo irmão do clado BCDE; eles compartilham
um ancestral exclusivo e possuem a mesma idade (à esquerda).

Zacea
Aceae Baceea Caceae Daceae Eaceae

A sistemática filogenética foi estabelecida por Hennig (à


esquerda) e o princípio de parcimônia, até hoje o critério mais
usado para as evidências morfológica, foi defendido a partir da
lógica científica de Popper (à direita).
Famílias basais
Em um cladograma, conceitos básicos
Note no cladograma acima que podemos nos referir a táxons
são importantes, como sinapomorfia ou basais, no entanto. Observe também que os táxons nem sempre
plesiomorfia, grupo irmão, raiz, etc. A idéia de são equivalentes filogeneticamente, nesse caso, a família
clados basais, por exemplo, é equivocada. Um Aceae, mais basal, é muito mais antiga que a Eaceae, por
clado com cinco terminais é basal em relação a exemplo.
um com 500? Não, eles são grupos irmãos, tendo
surgido na mesma época. Uma classificação, no
entanto, nem sempre reflete a filogenia de modo
que uma família não necessariamente é grupo Novidade
irmão de outra família. Diante de uma filogenia, Novidade Evolutiva
existem inúmeras possibilidades de arranjos, e Evolutiva
táxons de mesmo nível taxonômico não podem ser
confundidos com grupos evolutivamente
Note nos cladogramas acima que o clado X (500 spp.) é muito
equivalentes. mais diverso que seu grupo irmão (5 spp.) (à esquerda).
Clados também possuem suas Entretanto, essa diversidade não está igualmente distribuída;
propriedades particulares internas. Dois clados ela é bem maior em um grupo mais derivado (à direita). Assim,
aparentemente desiguais, com 5 e 500 terminais a novidade evolutiva responsável pela diversificação desigual
do grupo surgiu posteriormente e não é uma sinapomorfia
podem esconder algumas peculiaridades. Clados daquele clado, mas de um de seus grupos mais recentes.

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Por se tratar de uma matriz morfológica
Clado Baseado no Ramo com grupos muito divergentes evolutivamente,
Grupo Clado baseado no nó inúmeros caracteres não puderam ser aplicados
em todos os terminais e, por incluir grupos
Irmão
fósseis, muitas foram as incertezas (incluídas
como estado ancestral), principalmente em relação
a estados de caracteres reprodutivos fundamentais,
como dupla fecundação ou número de núcleos no
Fóssil gametófito feminino. Uma questão crucial, por
exemplo, é a homologia entre as cúpulas das
pteridospermas e os óvulos de Bennettitales e
angiospermas. Para discutir esse caracter mais
Ramos
ou linhagem
especificamente ele construiu duas árvores, uma
considerando essas estruturas homólogas e outra
não homólogas, alterando para isso o estado de
Todas as apomorfias
do grupo moderno três caracteres relacionados.
Ele concluiu que as espermatófitas são
Algumas apomorfias
do grupo atual definidas pela presença de um tegumento
Note nesse cladograma que existe uma diferença entre clado
envolvendo o megasporângio com uma micrópila
do nó, aquele que inclui todas as sinapomorfias do grupo atual diferenciada e uma única célula-mãe do
e o ancestral comum mais recente de todos os grupos vivos do megásporo funcional, além da embriogênese com
clado (B) e o clado do ramo, aquele que inclui apenas algumas fase nuclear livre (revertida secundariamente em
apomorfias do grupo atual e surge a partir de um ancestral
compartilhado com seu grupo irmão (A), abrangendo assim a
Welwitschia e angiospermas). Em ambos os
linhagem inicial daquele clado, incluindo grupos que se cladogramas, as pteridospermas, um grupo
extinguiram antes do nó B. bastante variável, aparecem relacionadas com
grupos distintos, não formando um clado. As
Crane 1985 Cycadales divergiram na base, representando o
Os primeiros trabalhos morfológicos grupo irmão vivo das demais espermatófitas
tentando reconstruir a filogenia das espermatófitas atuais. As coníferas estão mais relacionadas com
foram realizados no início dos anos 1980. Um dos as Cordaitales e aparecem num clado que também
estudos pioneiros abordando espermatófitas foi inclui as Ginkgo. As Gnetales formam um clado
feito por Hill & Crane (1982) e refeito por Crane com as angiospermas, mas suportado
(1985), que incluiu fósseis e corrigiu vários exclusivamente pela sifonogamia, que também
problemas na análise dos caracteres. existe nas coníferas e não pode ser codificada para
Os grupos de angiospermas, em vez de os grupos fósseis. Nesse caso, as gimnospermas
ramos de uma única árvore filogenética, pareciam atuais formam um grupo parafilético.
eles mesmos árvores enraizadas em um lugar As Bennettitales apresentam-se
desconhecido. A inclusão dos óvulos em carpelos relacionadas com o clado que engloba as Gnetales
é a característica-chave na definição das e as angiospermas. As Caytoniales, por outro lado,
angiospermas; entretanto, a origem do ovário das aparecem em um outro clado quando a cúpula não
angiospermas ainda é um mistério. Ele pode ter é considerada homóloga aos óvulos
derivado da bráctea de um esporofilo ou da bitegumentados ou como grupo irmão (incluindo
expansão do ramo ovulífero. Não se sabe nem se a no clado também as coritospermas) quando a
origem do carpelo é plicada (involuta) ou homologia é considerada. No primeiro caso, a
ascidiada (convoluta). Detectar o estado cúpula das pteridospermas não seria homóloga ao
plesiomórfico dessa estrutura em grupos extintos segundo tegumento do óvulo das Bennettitales e
ou atuais, portanto, é fundamental na investigação das angiospermas; no segundo, entretanto, o
da origem das angiospermas. megasporofilo com muitas cúpulas de Caytoniales
Em 1985, Peter Crane, caracterizou os teria reduzido o número de cúpulas para poucas e
grupos de espermatófitas atuais e os fósseis de óvulos para um, como nas coritospermas. Uma
melhor conhecidos, elaborando uma matriz inversão da cúpula para o óvulo ortótropo
morfológica de modo a estabelecer o grupo que associada a uma extrema redução do número de
possivelmente estaria mais relacionado com as cúpulas para uma por megasporofilo poderia ter
angiospermas. A matriz contou com 39 caracteres derivado em Pentoxylon, e a degeneração de
e 19 terminais e a polarização dos caracteres foi alguns óvulos pode ter resultado na cabeça fértil
estabelecida através de sua suposta evolução. de Bennettitales, onde o óvulo representaria um

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megasporofilo reduzido. A redução do tegumento segundo um modelo evolutivo seguida de análise
externo em Gnetales e a manutenção de óvulos de agrupamento (WPGMA e UPGMA), método
anátropos nas angiospermas explicariam essas fenético e, portanto, não considerado na maioria
condições nos dois grupos. O carpelo das das discussões filogenéticas.
angiospermas seria, então, uma folha
conduplicada (ou derivada da expansão e
soldadura da raque do megasporofilo bastante
reduzido das coritospermas) incluindo, no estado
primitivo, numerosas cúpulas uniovuladas
(entretanto, alguns grupos antigos possuem apenas
um óvulo, como Chloranthaceae). Dentre os
problemas nessa suposta evolução, Crane
considerou a inversão do óvulo no clado
Bennettitales-Pentoxylon. Entretanto, essa
hipótese evolutiva pressupoe uma nova inversão
para óvulos ortótropos em Gnetales e uma
reversão para óvulos ortótropos dentro das
angiospermas. Sifonogamia

Esse cladograma de Crane (1985) foi produzido a partir de


Espermatófitas
uma matriz que considerou a cúpula das pteridospermas
homóloga à de Bennettittales

Coritosperma

Esse cladograma de Crane (1985) foi produzido a partir de


uma matriz que não considerou a cúpula das pteridospermas Angiospermas Pentoxylon Bennettitales
homóloga à de Bennettittales.
Caytonia
Hori et al. 1985 Esquema mostrando a relação entre as estruturas que levaram a
formação do carpelo em angiospermas e de grupos
No mesmo ano, Hori et al. (1985) relacionados.
publicaram um cladograma com dados
moleculares, incluindo 28 seqüências de 5S RNAr 1) As pteridófitas e as espermatófitas são plantas
para investigar a relação das plantas clorofiladas. vasculares. A idéia mais tradicional é de que
Eles incluíram seis algas verdes (Chlorophytas) e elas teriam derivado das briófitas. Nesse
uma Charophyta, quatro briófitas, quatro cladograma, no entanto, as espermatófitas
pteridófitas, três gymnospermas e dez divergiram antes da origem das briófitas, que
angiospermas. O cladograma é produzido através aparecem mais relacionadas com as
das distâncias entre as seqüências corrigidas

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pteridófitas, favorecendo a idéia de uma Nesse caso, a origem das angiospermas
evolução por degeneração. teria que ser empurrada para a mesma época das
2) As gimnospermas formam um grupo Bennettitales, ou seja, Triássico superior e
monofilético; não foram incluídos evidências seguras de angiospermas só são
representantes de Gnetales, no entanto. conhecidas a partir do Cretáceo Inferior. A árvore,
no entanto, possui um grande número de
homoplasias, tornando os resultados muito
sensíveis a qualquer alteração, permitindo
inúmeras alternativas. Por exemplo, apenas quatro
passos a mais colocariam Gnetales como grupo
irmão de coníferas.

Cladograma obtido a partir de seqüências de 5s rRNA e - = reversão


WPGMA (Hori et al. 1985). Note que as gimnospermas
(verde) aparecem como grupo irmão das angiospermas (rosa) e
as briófitas (cinza) como grupo irmão das pteridófitas
(amarelo).

Doyle & Donoghue 1987


Um ano depois, Doyle & Donoghue
(1986) apresentaram estudos morfológicos
investigando a relação das angiospermas, um
deles revisado posteriormente (Doyle & Angiospermas

Donoghue 1987). Seguros que as angiospermas e


as coníferas são grupos monofiléticos, elas foram
incluídas como terminais. Eles usaram 20
Gnetales
terminais e 62 caracteres e em vez de polarização
por suposta evolução de caracteres, eles utilizaram Bennettitales

Aneurophyton (progimnosperma) como grupo


externo.
Dentre os grupos atuais, as Gnetales são Ancestral comum

o grupo mais relacionado com as angiospermas, Esquema mostrando a relação entre as estruturas que levaram a
formando o clado das antófitas. Os resultados, formação da flor e das estruturas supostamente homólogas.
entretanto, diferem dos obtidos por Crane (1985).
As Bennettitales formam um grupo com Gnetales, Troistky et al. 1991
e juntas formam o grupo irmão das angiospermas. Um estudo molecular usando cinco
Assim, apesar da relação de proximidade com regiões de RNAs, 5.8S e 5S RNAs (nuclear), o
Gnetales, em vez de sustentar a teoria do 4.5S e 5S RNAs (plastídeo), a seqüência parcial
pseudanto, o cladograma sustenta a teoria do 18S RNA (nuclear), totalizando 760 caracteres,
antostrobilar, segundo a qual as angiospermas foi realizado no início da década de 1990. Ele
teriam derivado de um ancestral comum com utilizou compatibildade (a partir da probabilidade
flores bissexuais e megasporofilos e de subárvores com quatro terminais) e
microsporofilos pinados. As flores de Gnetales parcimônia. Os cladogramas obtidos a partir de
teriam surgido a partir de uma redução secundária terminais e regiões distintas apresentaram
e agregação associadas à polinização pelo vento. topologias distintas, entretanto, alguns padrões
Enquanto o carpelo seria uma estrutura foliar puderam ser observados.
primitiva, os estames teriam derivado a partir da
redução dos sinângios de Caytonia. As 1) As gimnospermas aparecem em todos os
Bennettitales teriam mantido os microsporofilos cladogramas como grupo monofilétio. Como
pinados, mas o ancestral comum de Bennettitales alguns grupos de gimnospermas já apareciam
e Gnetales teria sofrido redução do megasporofilo distintos no Carbonífero, essa topologia implicou
para um óvulo, simplificação do microsporofilo uma divergência entre gimno e angiospermas
teria ocorrido também em Gnetales. ainda mais antiga, talvez no Devoniano (ca. 360

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Ma.). Dois fatores explicariam a ausência de Anaspermae ser sustentado por algumas
angiospermas anteriores ao Cretáceo: elas não sinapomorfias, são inúmeros os casos de
teriam adquirido as características de homoplasias entre angiospermas e Gnetales. As
angiospermas e estariam sendo confundidas com gimnospermas aparecem mais uma vez como
gimnospermas, ou elas estariam restritas a grupo parafilético; um cladograma que forçasse as
ambientes onde a preservação de fósseis seria gimnospermas formarem um grupo monofilético,
rara. seria seis passos mais longo.

2) As monocotiledôneas aparecem em alguns


cladogramas como grupo parafilético, onde
estariam incluídas as dicotiledôneas. Isso poderia
ser corroborado pela presença antiga das
11 sinapomorfias
monocotiledôneas no registro fóssil e por algumas
hipóteses de evolução morfológicas.

Loconte & Stevenson 1990


Nos cladogramas baseados em
morfologia de Parenti (1980), Hill & Crane
(1982), Crane (1985) e Doyle & Donoghue Unica árvore mais parcimoniosa obtida através de um estudo
filogenético com dados morfológicos utilizando apenas grupos
(1986), as angiospermas aparecem atuais (Loconte & Stevenson 1990).
invariavelmente inseridas nas atuais
gimnospermas rendedo àquelas a condição de Leitura:
parafiléticas. As Gnetales aparecem geralmente Doyle, J.A. & Donoghue, M.J. 1992. Fossil and
como grupo irmão das angiospermas, mas o seed plant phylogeny reanalyzed. Brittonia
arranjo dos componentes de espermatófitas vária 44(2): 89-106.
de acordo com o estudo. Então, Loconte & Hasebe, M., Kofuji, R., Ito, M., Kato, M.,
Stevenson (1990) realizaram uma nova análise, Iwatsuki, K & Ueda, K. 1992. Phylogeny of
utilizando 11 terminais e 39 caracteres reavaliados Gymnosperms inferred from rbcL gene
a partir principalmente de Crane (1985) e Doyle e sequence. Bot. Mag. Tokyo 105: 673-679.
Donoghue (1986). Eles usaram as versões novas
do PAUP e do MacClade, o que entre outras Texto complementar:
coisas permitiu a inclusão de caracteres Hennig, W. 1965. Phylogenetic Systematics. Ann.
polimórficos. Rev. Entom. 10: 97-116.
Loconte, H. & Stevenson, D.W. 1990. Cladistic of
the Spermatophyta. Brittonia 42(3): 197-211.

Caldogramas obtidos em estudos filogenéticos com dados


morfológicos realizados na década de 1980.

A árvore mais parcimoniosa (uma única)


indicou 11 autapomorfias para as angiospermas e
confirmou Gnetales como seu grupo-irmão vivo.
Algumas supostas homologias entre angiospermas
e Gnetales foram discutidas e apesar do clado

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