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assim, dificuldades para se detectar a raiz das filogenéticas. Nesses casos, a probabilidade de
angiospermas estimularam a elaboração de uma similaridades por convergência em ramos longos é
análise com 17 regiões do cloroplasto (plastídeos; maior do que a probabilidade de similaridades por
Graham 2000). Estudos moleculares estão sendo ancestralidade em ramos curtos.
também altamente relevantes na datação de Ceratophyllum à parte, as angiospermas
eventos evolutivos e no desenvolvimento se dividiriam em dois grupos reconhecidos pelo
ontogenético de características evolutivamente pólen monossulcado e trissulcado, exceção feita a
relevantes como as estruturas florais. Illiciaceae e Schisandraceae que possuem pólen
tricolpado, mas que teria evoluído
independentemente das eudicotledôneas. As
Magnoliidae aparecem divididas em cinco clados:
Magnoliales, Laurales, Piperales (incluindo
Aristolochiaceae e Lactodoriaceae), Nymphaeales
(excluindo Nelumbonaceae, mas incluindo
Amborelaceae, Austrobaileyaceae,
Chloranthaceae e Illiciaceae) e Ranunculales. Esta
última em eudicotilêdoneas, como grupo irmão do
restante. As Piperales apareceram como grupo
irmão dos demais clados do grupo com pólen
monossulcado, que incluem as monocotiledôneas
como grupo monofilético bem sustentado.
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entre táxons com pólen mono e tricolpados Utilizando dados de RNAr, eles
(padrão detectado nas demais análises de rbcL). encontraram uma árvores que também sugere as
Foram encontradas duas ilhas, grupos de árvores paleoervas na raiz das angiospermas (como em
com mesmo número de passos, mas encontradas a Hamby & Zimmer 1992), sendo a hipótese das
partir de inícios de buscas independentes. A paleoárvores 13 passos mais longas. A
posição de Ceratophyllum ficou então sustentação para os clados é melhor, mas ainda
controversa, aparecendo como grupo-irmão das baixa para maiores inferências. A análise
demais angiospermas na maior ilha (89 árvores) e combinada entre dados moleculares e
inserido em Magnoliales na menor ilha (3 morfológicos não ofereceu grandes mudanças.
árvores). Uma árvore com Nymphaeales na raiz
das angiospermas seria apenas 11 passos mais
longa que a mais parcimoniosa, com 3414 passos.
O Annals of Missouri Botanical Garden
continuaram publicando uma série de artigos
relacionados à filogenia das angiospermas nos
anos subsequentes. Doyle et al. (1994) fizeram um
exercício para verificar a origem das
angiospermas. Eles incluíram grupos fósseis e
utilizaram apenas um representante de
angiosperma por análise. A posição das
angiospermas se mostrou instável, variando
conforme o grupo de angiosperma utilizado, o que
influencia a interpretação para a evolução dos
caracteres. Isso poderia sugerir que as
angiospermas teriam se originado mais de uma Cladograma resultante da análise combinada de dados
moleculares e morfológicos (Doyle et al. 2004). A sustentação
vez a partir de grupos fósseis distintos. Quando dos ramos é indicada através de boostrap e índice de
utilizado apenas táxons vivos, incluindo nove decaimento (d, ou índice de Bremer). Note que, com exceção
táxons de angiospermas, as Gnetales apareceram de Piperales (seta vermelha), os clados internos de
como grupo-irmão das plantas com flores. Os angiospermas são pouco sustentados (>75%).
únicos clados bem sustentados são as antófitas, as
Gnetales e as angiospermas. Apesar das Nixon et al. (1994), incluindo ou não
paleoervas aparecerem na raiz das angiospermas, fósseis, exploraram dados morfológicos e
apenas um passo a mais poderia modificar a moleculares. A análise completa incluiu 46 táxons
topologia do cladograma de modo que as e 103 caracteres. Na análise II, não foram
paleoárvores estivessem na raiz das angiospermas. incluídos os fósseis, diminuindo os táxons para 31
e os caracteres para 97. Na análise III, as
angiospermas foram condensadas em um único
terminal, na IV, as angiospermas foram
consideradas em um terminal e os fósseis não
foram incluídos e na V, também sem fósseis, as
angiospermas e as coníferas foram condensadas
como um único terminal cada.
A análise completa (recentes e fósseis)
foi feita também combinada com rbcL. Nesse
caso, os dados moleculares dos fósseis foram
codificados como informação perdida. O resultado
foi um grande número de politomias. As Gnetales
aparecem como grupo parafilético, incluindo as
angiospermas, em todas as análises. A análise sem
fósseis, no entanto, foi mais informativa,
revelando Chloranthaceae como grupo que
primeiro divergiu entre as angiospermas.
Os dados de Nixon et al. (1994) foram
Cladogramas obtidos com a seleção de diferentes
representantes de angiospermas (Piperaceae, acima;
reanalisados por Doyle (1996) que voltou a
Mangnoliaceae, abaixo à esquerda; Nymphaeales, abaixo à defender uma origem exclusiva para as Gnetales,
direita). Note que a posição das angiospermas varia entre os
grupos fósseis conforme seu representante.
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cloroplasto, o 18S é uma região do genoma
nuclear. Os ribossomos são formados por pedaços
de RNAr associados a proteínas. Esses pedaços,
18S, 5.8S e 26S, estão separados no DNA por
espaçadores, formando uma unidade. Várias
repetições dessas unidades estão organizadas em
seqüência no genoma nuclear. Antes de 1990, era
comum seqüenciar o RNAr, mas com o advento
do PCR, passaram a seqüenciar o DNA
diretamente.
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eudicotiledôneas. Na análise com 194 terminais, tanto em angiospermas como em Gnetum e
Amborellaceae aparece como grupo irmão das Welwitschia; 4) dupla fecundação e; 5) ausência
outras angiospermas, seguidas por um clado de fase cenocítica no desenvolvimento do embrião
composto de Illiciaceae, Austrobaileyaceae e de Gnetum, Welwitschia e angiospermas.
Schisandraceae, e Nymphaeaceae. Apesar de
Leitura:
resultados espúrios no restante da árvore, os Carlquist, S. 1996. Wood, bark, and seed anatomy of Gnetales:
grupos mais próximos a raiz das angiospermas a sumary. Int. J. Plant Sci. 157(6 Suppl.): S58-S76. Ler
foram confirmados em estudos posteriores, apesar apenas phylogenetic conclusions S67-S74!
da ordem dos clados ter variado de acordo com a Friedman, W.E. & Carmichel, J.S. 1996. Double fertilization
in Gnetales: implications for understand reproductive
análise. diversification among seed plants. Int. J. Plant Sci. 157(6
Suppl.): S77-S94.
Textos complementares:
Friedman, W.E. 1990. Sexual reproduction in Ephedra
nevadensis (Ephedraceae): further evidence of double
fertilization in a non flowering seed plant. Am. J. Bot. 77:
1582-1598.
Endress, P.K. 1994. Floral structures and evolution of
primitive angiosperms: recent advances. Pl. Syst. Evol.
192: 79-97.
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