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Agrupamento de Escolas de Gouveia

Ficha Informativa
Biologia e Geologia
11º Ano de Escolaridade
Curso: Ensino Secundário – Curso Científico e Tecnológico

Sistemática dos Seres Vivos


1. Evolução dos Sistemas de Classificação

a) Sistemas de Classificação Práticos

Classificação segundo a utilidade, de modo a satisfazer necessidades


básicas, criada de forma inconsciente:
- comestível / não comestível
- útil / inútil

b) Sistemas de Classificação Racionais

O 1º verdadeiro Sistema de Classificação teve em conta as características


morfológicas e fisiológicas dos seres vivos e foi proposto por
Aristóteles (Grécia Antiga):
Posteriormente, foram feitos diversos trabalhos nesta Área sem ter havido
articulação entre eles.

c) Sistemas de Classificação Horizontais ou Estáticos


Como predominavam as Teorias Fixistas, o tempo não era considerado,
não era possível considerar uma abordagem evolucionista.

c.1) Sistemas de Classificação Artificiais

Trabalho de Lineu (Fixista, 1707 – 1778):


Apesar da proposta de Lineu (tal como de Aristóteles) se basear em
caracteres dos seres vivos - Sistemas de Classificação Racionais –
também se baseia num pequeno nº de caracteres, geralmente devido à
sua evidência, o que implica que exista um pequeno nº de grupos que
englobam organismos muito diferentes uns dos outros.
A partir deste trabalho originaram-se:
c.2) Sistemas de Classificação Naturais
ou Sistemas de Classificação Pós-Lineano / Pré-Darwiniano,
que têm por base o maior nº de caracteres possível, permitindo uma
maior afinidade entre os seres vivos dos grupos constituídos.

d) Sistemas de Classificação Verticais ou Dinâmicos


ou Sistemas de Classificação Pós-Darwiniano.

Com o desenvolvimento da Teorias Evolucionista de Darwin,

i) o tempo passa a ser importante, tudo é visto numa perspetiva


dinâmica;
ii) as semelhanças entre os organismos surgem como consequência da
existência de um ancestral comum, a partir do qual os vários
grupos foram divergindo ao longo do tempo;
iii) o grau de semelhança entre os grupos está relacionado com o
tempo em que a divergência ocorreu.

Por esse facto, também são designados

Sistemas de Classificação Evolutivos, Filéticos ou


Filogenéticos

que permitem construir


Árvores de Evolução
ou
Árvores Filogenéticas
que mostram as relações de parentesco entre as espécies.
Atualmente existem dois tipos principais de classificação biológica: a
fenética e a filética (filogenética, evolutiva ou cladística).

Sistema de Classificação
Fenético Filético
➢ Integração de grande quantidade de ➢ Tendem a refletir a evolução dos
dados de muitas fontes. diferentes grupos e a sua maior ou menor
➢ Processamento informático das proximidade evolutiva.
caraterísticas dos organismos, tornando ➢ O seu caráter vertical permite
eficiente o tratamento dos dados. compreender a história evolutiva de
➢ Os dados resultantes podem ser usados diferentes grupos de seres vivos ao longo do
para a criação de chaves dicotómicas ou de tempo (considera o fator tempo).
Vantagens

fenogramas. ➢ A análise de um reduzido número de


➢ Identificação de maiores afinidades caraterísticas ancestrais torna mais clara a
entre os grupos taxonómicos, abrindo determinação da relação filogenética entre
caminho para a sua interpretação evolutiva. grupos.
➢ Apoiada em argumentos paleontológicos,
genéticos, citológicos, etc.
➢ Normalmente representado por um
cladograma onde estão assinalados os pontos
de divergência entre as espécies, sendo o
comprimento dos traços proporcional ao
tempo decorrido entre cada divergência.
➢ Todas as caraterísticas consideradas na ➢ As relações de parentesco evolutivo entre
classificação possuem o mesmo peso na os grupos são, por vezes, difíceis de
determinação do grau de afinidade, estabelecer.
independentemente do seu significado ➢ A inexistência de um registo fóssil
evolutivo. suficientemente detalhado não possibilita a
➢ Pode ser representado por uma chave comprovação da existência de ancestrais
dicotómica, em que o comprimento dos comuns a grupos atuais afastados.
traços não simboliza o tempo decorrido ➢ A utilização de sequências de ácidos
após a divergência nem o local de nucleicos e outros dados moleculares, muito
Limitações

bifurcação no momento da divergência. frequente em análise filogenética, só muito


➢ Não distinguem caraterísticas herdadas raramente pode ser feita em espécies
de um ancestral de caraterísticas extintas.
derivadas que evoluíram numa ou em várias
direções.
➢ Podem ser desvirtuadas por processos
de evolução convergente, que dão origem a
carateres que parecem semelhantes. Estas
caraterísticas podem fazer com que dois
grupos pareçam apresentar maior afinidade
do que na realidade possuem.
➢ Não considera as relações evolutivas ao
longo do tempo (classificações horizontais).
Exemplo 1:

Se um lobo, um leão e um tigre são classificados pelo sistema fenético ou pelo


sistema filético revela-se o mesmo padrão, isto porque o leão e o tigre estão mais
relacionados entre si.

CLASSIFICAÇÕES FENÉTICA E FILÉTICA

Exemplo 2:

Quando uma lapa, uma craca e um caranguejo são classificados pelos sistemas
fenético e filético obtêm-se resultados diferentes. Em termos evolutivos, as
cracas e os caranguejos (ambos crustáceos) estão mais relacionados um com o
outro do que qualquer deles com a lapa, que é um molusco. Mas as lapas e as
cracas desenvolveram conchas cónicas semelhantes através de uma evolução
convergente, o que as liga em termos fenéticos.

CLASSIFICAÇÃO FENÉTICA

CLASSIFICAÇÃO FILOGENÉTICA
Exemplo 3:

Tendo em conta as duas classificações, o conjunto formado pelos crocodilos,


lagartos, cobras, tartarugas, aves e mamíferos pode ser agrupado pela
seguinte forma:

i) Sistema de classificação fenético

Os crocodilos são agrupados com as cobras, lagartos e tartarugas, sendo as


aves colocadas em separado. Esta classificação baseia-se no facto dos
crocodilos apresentarem mais caraterísticas fenotípicas semelhantes às
cobras, lagartos e tartarugas do que às aves.

ii) Sistema de classificação filético

Os estudos paleontológicos e de anatomia evidenciam que aves e crocodilos partilham


um ancestral comum mais recente do que os crocodilos partilham com as cobras, os
lagartos e as tartarugas.

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