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MÉTODOS PRÁTICOS DE TRATAMENTO DE MADEIRA

1. SUBSTITUIÇÃO DE SEIVA

1.1. O tratamento deve ser feito em um galpão aberto e ventilado, para não pegar chuva.
1.2. Prepare, primeiro, a solução preservadora em um tambor aberto de 200 litros, que pode ter uma
torneira de boca larga ou registro na parte inferior (pintar com neutrol os tambores metálicos a
serem utilizados para evitar oxidação ou ferrugem). A solução deve ter a concentração de 5% (5
kg de produto Wolmanit CCB por 95 litros de água). O produto Wolmanit CCB é
comercializado pela PREMA: Horto Florestal Navarro de Andrade, s/n. CEP 13506-820 - Rio
Claro - SP, Fone: (019) 534-7211, Fax : (019) 534-7996. O produto deve ser manuseado com
luvas e não pode ser colocado na boca ou em contato com os olhos. Se o produto entrar em
contato com o resto do corpo, lavar com sabão e água corrente, após o término dos serviços.
1.3. Corte e transporte e preparo dos mourões (descascamento, entalhes, furos, etc.) devem ser
realizados no mesmo dia que inicia o tratamento. O mourão deve ter 2,20 m e o esticador 2,50
m. Após o corte, os mourões são transportados com casca e no local do tratamento é feito o
preparo da ponta com o uso de motosserra. Todo furo, entalhe, corte e descascamento deve ser
feito antes do tratamento. A última operação de preparo dos mourões é o descascamento, pois o
mourão descascado é muito liso, de difícil manuseio.
1.4. Em seguida, num outro tambor de 100 litros (Tambor de 200 litros cortado ao meio), também
pintado por dentro de neutrol, coloque os mourões em pé, na mesma posição em que estava na
árvore, na quantidade que couber. Geralmente eles são amarrados com uma corda em um dos
pilares internos do galpão, para evitar queda.
1.5. Ponha, então, uma quantidade da solução que atinja o nível de 40 a 60 centímetros de altura do
tambor.
1.6. Ao ser colocada no tambor, a solução começa a subir pelos canais da parte viva da madeira,
por onde passa a seiva bruta. A seiva evapora pela parte superior do mourão e toda a parte viva
da madeira é preenchida pela solução. A parte morta do caule, que fica na sua parte central, já
possui compostos naturais que evitam o apodrecimento, e por ser mais dura e mais
impermeável não é preenchida pela solução preservadora.
1.7. À medida que a solução vai penetrando no mourão, seu nível vai baixando. é preciso, então,
acrescentar mais solução ao tambor, refazendo sempre o nível de 40 a 60 centímetros, todos os
dias.
1.8. Deixe os mourões na solução durante quatro ou cinco dias, até que toda a madeira fique bem
esverdeada. A solução não pode ser diluída com a água da chuva. A sobra da solução deve ser
utilizada no próximo tratamento e não deve ser jogada fora para evitar poluição do ambiente.
1.9. Deixe os mourões na posição invertida (ponta cabeça) por mais 24 horas, para maior
impregnação do produto na ponta.
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1.10. Retire, então, os mourões do tambor. Empilhe-os deitados no chão, formando


engaiolamento, que permita ventilação, à sombra e ao abrigo da chuva.
1.11. Neste engaiolamento, os mourões secam em 30 a 40 dias. É neste período que ocorrem as
reações químicas dos componentes da solução com os componentes da madeira,
promovendo a fixação do produto de tratamento.

2. TRATAMENTO DE MADEIRA POR IMERSÃO (Madeiras secas ou verdes)

2.1. Imersão a Frio

Este processo pode ser empregado no tratamento preventivo de madeira seca ou verde, a
qual é totalmente imersa na solução preservativa, colocada dentro de um tanque de metal ou de
concreto.
O tanque pode ser construído a partir de um tambor de 200 litros vazio, o qual é cortado ao
meio no sentido longitudinal. Estas metades são soldadas pelas extremidades para fazer um cocho
no qual caiba a madeira deitada em todo o seu comprimento (Figura 01). Se a madeira for de maior
comprimento, o cocho deve ser aumentado com a metade de um outro tambor.

FIGURA 01. Construção do cocho a partir de um tambor vazio de 200 litros.

Quando se utiliza madeira seca, pode-se empregar sais hidrossolúveis ou produtos


oleossolúveis de 5% a 10% de concentração. O tratamento consiste em deixar as peças
completamente submersas na solução por um período de aproximadamente 7 dias, ocorrendo a
penetração do preservativo por absorção.
Deixar a madeira seca em um tanque com solução do produto Wolmanit CCB a 10% (90
litros de água e 10 kg de Wolmanit CCB), durante alguns dias, até que a madeira fique saturada. O
tanque deve estar ao abrigo da chuva para evitar diluição. Secar a madeira durante 30 dias em local
ventilado e ao abrigo da chuva, como no método de substituição de seiva (ítens 1.10 e 1. 11).

Quando se utiliza madeira verde, apenas os sais hidrossolúveis podem ser empregados e a
concentração pode variar de 5 a 10% (5 a 10 kg de sal para 100 litros de água). A madeira deve
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apresentar umidade superior a 50%, sendo preferível efetuar o tratamento em árvores recém-
abatidas.
As peças são totalmente submersas na solução durante o período mínimo de 5 dias,
ocorrendo a penetração do preservativo por difusão. Durante o difusão, os íons da solução se
deslocarão para o interior da madeira, através de sua umidade natural, até que se estabeleça o
equilíbrio das concentrações, dentro e fora da madeira.

2.2. Banho Quente-frio

Este processo é mais eficiente que os anteriores, sendo recomendado para o tratamento
preventivo de madeira seca com a utilização de preservativos oleossolúveis.
São utilizados dois recipientes, um com o preservativo quente e outro com o
preservativo frio, a temperatura ambiente. A madeira deve permanecer durante 2 a 4 horas no banho
quente e a seguir ser transferida rapidamente para o banho frio, onde permanecerá por mais 2 a 4
horas.
Durante o banho quente, a madeira poderá ficar totalmente imersa na solução
preservativa, colocada em um tanque ou em um cocho. Poderá também ser colocada na posição
vertical dentro de tambores de 200 litros, com a base das peças imersa na solução. Durante o banho
frio, geralmente costuma-se colocar as peças verticalmente dentro dos tambores, com a base imersa
na solução fria (Figuras 02 e 03).

FIGURA 02. Processo de banho quente-frio, no qual a madeira fica totalmente imersa na solução
quente.
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NÍVEL SOLUÇÃO FRIA

SOLUÇÃO
QUENTE

(70oC)

NOS DOIS TAMBORES COLOCAR


UM FUNDO FALSO COM PREGOS,
CHAPA PREGOS
A FIM DE QUE A MADEIRA NÃO
DE
FLUTUE.
FERRO

FIGURA 03. Processo de banho quente-frio, no qual apenas a base das peças de madeira
fica imersa na solução quente.

A madeira seca geralmente se apresenta com 70% de ar em suas cavidades celulares.


Durante o banho quente, a temperatura elevada diminui a viscosidade do óleo e causa a expansão do
ar contido na madeira, que é parcialmente expulso. Durante o banho frio, o ar aquecido
remanescente na madeira se contrai rapidamente, provocando um vácuo que força uma profunda
penetração do preservativo na madeira, por absorção.
Quando o tratamento é feito com creosoto (ou mistura de creosoto e alcatrão em partes
iguais), o banho quente deve ter a duração de 2 horas e a temperatura deverá ser mantida entre 90 e
100oC. O período de banho frio deve ser de 4 horas.
Como a madeira vai absorvendo aos poucos a solução preservativa, é preciso acrescentar
sempre um pouco mais de solução, para que o seu nível seja mantido sempre ¾ da altura o tambor.
Após o banho frio, as peças poderão ficar no tambor por mais 20 minutos em posição invertida, ou
seja, com a sua base para cima.
Durante o banho quente, deve-se tomar o cuidado de não deixar a solução ferver e de evitar
chamas altas embaixo do recipiente, pois as soluções são inflamáveis.
Cada metro cúbico de madeira deverá absorver em torno de 100 kg de creosoto. Assim, um
moirão de cerca absorverá cerca de 2 kg de creosoto.
Após o tratamento efetuado pelos processo de imersão a frio, substituição de seiva e banho
quente-frio, as peças de madeira deverão permanecer empilhadas à sombra durante 20 a 40 dias,
protegidas da chuva. O período deverá ser maior quando o tratamento for feito com a madeira verde.
Neste período, ocorrerá a complementação das reações químicas que se processarão no
interior da madeira e a secagem lenta das peças, sem grande problemas de rachadura.
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Quando convenientemente executados, os processos de imersão a frio e substituição de seiva


podem proporcionar às peças tratadas uma durabilidade média superior a 10 anos e o de banho
quente-frio superior a 20 anos. Neste caso, praticamente todo o alburno da madeira fica impregnado
com a solução preservativa.

3. VANTAGENS DO TRATAMENTO DE MADEIRA

Vantagens do mourão de madeira em relação ao de concreto:


- leve
- facilidade de fixação de grampos, pregos, entalhes
- custo mais baixo

Madeiras de lei utilizadas para mourão: Aroeira, Itaúba, Ipê, Braúna ( Aroeira e braúna
proibidas de serem cortadas por lei).
Aroeira: 100 anos para dar um bom mourão
Eucalipto: 6 anos já produz mourões
Madeiras de espécies de crescimento rápido necessitam de tratamento

Os mourões podem ser tratados em autoclave pelo método industrial, mais recomendado
pela Associação Brasileira de Preservadores de Madeira, por ser mais eficiente dando uma
durabilidade acima de 25 anos, porém o custo é elevado. Devido suas dimensões e peso, os mourões
são facilmente tratados através de métodos práticos de preservação, entre eles se destaca o método
de substituição de seiva. Depois do método industrial, o método da substituição de seiva tem sido
um dos mais recomendados, pela sua eficiência, praticabilidade, utiliza produtos menos tóxicos de
fácil manuseio.
Legislação sobre tratamento de madeira: obrigatório tratamento (Lei 4.797/65 e decreto
58.016/66 que a regula; Portaria Interministerial 292/89 do Ministério do Interior):
- escoras de minas
- pontes, torres cruzetas vigas, postes,
- mourões de cerca,
- taludes

DURABILIDADE DA MADEIRA TRATADA EM FUNÇÃO DO MÉTODO:


- Pincelamento, utilizando madeira seca: 5 a 6 anos
- Substituição de Seiva: 15 anos
- Autoclave: 25 anos

CUSTO DO MOURÃO:
Tipo do Mourão Preço Unitário (R$/peça)
Eucalipto não tratado
Eucalipto tratado por substituição de seiva
Eucalipto tratado em autoclave
Madeiras duras: braúna, aroeira (apesar de proibidas de corte)
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4. USINAS DE TRATAMENTO DE MADEIRA

ICOTEMA – INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE TRATAMENTO DE MADEIRAS LTDA.


Av. Hum, 191
Caixa Postal 165 – Fone (011) 7824-2611, Fax (011) 78 23 0269
Parque Industrial – CEP 13300-000 Itú - SP

MATRA Madeiras Tratadas Ltda.


Rod. Washington Luiz, km 220
Caixa Postal 577 - Fone: (016) 279 5228, Fax (016) 2727103
CEP 13565-800 – São Carlos - SP

POSTES IRPA LTDA.


Rua Alois Partel, 200
Caixa Postal, 290 – Fone (016) 271-8222, Fax: (016) 2723497
CEP 13564-600 - São Carlos - SP

PREMA Tecnologia e Comércio Ltda


Vende o Produto Wolmanit CCB, R$ 148,00/barrica de 25 kg, suficientes para tratar cerca de 160
mourões de 2,20 m de comprimento (Preço de 30/07/97)
Horto Florestal Navarro de Andrade s/n
Caixa Postal 47 - Fone: (019) 534 7211, Fax: (019) 534 7996
CEP 13506-820 - Rio Claro - SP

USIPREMA – USINA DE PRESERVAÇÃO DE MADEIRA COM. E SERV. LTDA.


Rodovia SP 215. São Carlos – Ribeirão Bonito, km 157,5
Caixa Postal 2029 – CEP 13574-971 São Carlos – SP

PRESERVATIVO CASEIRO: 190 g de bicromato de potássio, 180 g de sulfato de cobre e 130 g


de ácido bórico (CARVALHO, C.M., FCA/UNESP, Câmpus de Botucatu – comunicação pessoal).
Esta mistura deverá ser diluída em 10 litros de água (solução a 5%), devendo-se adicionar 2,5 ml de
ácido glacial a fim de acertar o pH da solução preservativa.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMEIDA, N.L.; LEITE, O.L.V.; LAGO, L. Madeira tratada, melhores lucros. Belo Horizonte:
IEF, 1980. 23p.
CAVALCANTE, M.S. Deterioração biológico e preservação de madeiras. São Paulo: IPT, 1982.
40p. (Pesquisa & Desenvolvimento, 8).
FRANCO, F.C.; BICUDO, L.P. Tratamento de eucalipto para mourões de cerca. Campinas: CATI,
1970. 14p. (Instruções Práticas SCR, 76).
FREITAS, A.R.; GERALDO, F.C. Preservação de madeiras no Brasil 1978-1979. São Paulo: IPT,
1982. 53p. (Pesquisa & Desenvolvimento, 5).
GALVÃO, A.P.M. Processos práticos para preservar a madeira. Piracicaba, ESALQ/USP, 1975.
29p.
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GHILARDI, E.; MAINIERI, C. Tratamento de moirões roliços de Eucalyptus saligna pelo processo
do banho quente-frio. São Paulo: IPT, 1964. 16p. (Publicação, 606).
LEPAGE, E.S. Preservação de madeiras. São Paulo, IPT, 1974. 36p.

Prof. Dr. Sérgio Valiengo Valeri


FCAV/UNESP
Departamento de Produção Vegetal
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, km 5
14884-900 Jaboticabal - SP
Fone: (016) 3209-7391 ou 3209-7394, E- mail: sergio.valeri1@gmail.com

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