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A’P OLITÉCNICA Engenharia Civil

3.2.2 AGLUTINANTES BETUMINOSOS


Os aglutinantes ou ligantes betuminosos mais comumente usados nos pavimentos das rodovias são
misturas de hidrocarbonetos que derivam ou da destilação da hulha (alcatrão) ou da destilação do
petróleo (betume asfáltico). O betume asfáltico, com o aumento do grau de fluidez, pode se transformar
em betumes fluidificados (cut-backs) ou ainda emulsão betuminosa.

i) Asfalto
É um material betuminoso que se encontra na natureza formado através de processos naturais de
evaporação e destilação de óleos voláteis. Podem encontrar-se sob forma semi-sólida ou líquida em
lagos asfálticos ou em forma de rocha asfáltica (grés ou calcários asfálticos) que são rochas impregnadas
de betume que deriva da transformação do petróleo anteriormente embebido.

ii) Betume (asfáltico)


É o aglutinante betuminoso mais usado em estradas que é constituido por uma mistura de
hidrocarbonetos naturais que são totalmente solúveis em sulfato de carbono S2C.

O betume é um produto negro ou muito escuro, com boas qualidades adesivas e cuja consistência varia
gradualmente com a temperatura. Quando quente é mole e duro quando frio.

É definido por várias características para se aquilatar o seu comportamento sendo que a mais usada para
caracterizar é a penetração.

A penetração de um betume, expressa em mm, é uma medida de viscosidade ou da sua dureza, que
corresponde a profundidade que penetra no betume uma agulha com dimensões especificadas sob um
determinado peso (100g), durante um certo período (5s) e a uma determinada temperatura (25º C).

Um betume “40 – 50” é um betume que nas condições normais de temperatura a agulha penetra uma
profundidade entre 4 a 5 mm. Quanto mais baixa for a penetração mais duro é o betume.

Os diferentes tipos de betumes são usados de acordo com as condições ambientais e o fim a que se
destina.

Com o tempo têm aparecido “betumes unificados” que são betumes que com a adição de determinados
produtos mudam as suas características que têm como objectivo:

- Diminuir o efeito que pode ser causado ao betume pela variação da temperatura no tempo
quente e frio;
- Diminuir o efeito nocivo no pavimento devido a aplicação de carga;
- Aumentar resistência à deformação permanente e a rotura devido a temperatura, tensão e
tempos de carga;
- Melhorar a adesividade dos agregados.

Vias de Comunicação II Engº. Célio Rapieque


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iii) Betume fluidificado (cut-back)

Sendo o betume asfaltico de muito alta viscosidade é necessário que sejam aquecidos à temperatura de
cerca de 160ºC a 170ºC para diminuir a viscosidade e assim torna-lo trabalhável. São materiais que
arrefecem rapidamente, subindo a viscosidade e dificultando consequentemente trabalha-lo.

Para colmatar este problema foram criados os betumes fluidificados que são misturas de betume
asfáltico com certos dissolventes que se mantêm fluidos por muito tempo à temperatura ambiente,
servindo para fazer impregnação de camadas, regas de colagem entre camadas, etc. Assim, os betumes
dissolvidos com gasóleo têm um tempo de cura lento, os dissolvidos em petróleo curam em tempo
médio (razoável) e com gasolina uma cura rápida.

Os betumes fluidificados são caracterizados pela sua fluidez, dado que por causa da sua fluidez a agulha
penetra sem resistência. A viscosidade é medida através do tempo necessário para que um determinado
volume de betume fluidificado passe através de um orifício e a uma determinada temperatura.

Quanto mais viscoso for o betume, maior será o tempo de escoamento pelo orifício. Sendo difícil
encontrar um aparelho (viscosímetro) que sirva para todos tipos de betumes, define-se para cada grama
de produtos muita temperatura de ensaio. O teor de betume varia normalmente entre 50 a 80%.

iv) Emulsões betuminosas


A outra forma de fluidificar o betume que não seja o aquecimento é sob forma de emulsão. Estas (as
emulsões) são formadas por betume, água e um emulsionante que se mistura agitando fortemente. Pode-
se ainda juntar aditivos que servem para incrementar a estabilidade ou melhorar a adesividade aos
agregados.

O betume separa-se da água por agitação, por mistura com outros materiais, aquecimento, etc. Ao
misturar-se a emulsão com um agragado e remexé-lo ou agitá-lo, a emulsão rompe, o betume envolve o
agregado e a água separa-se e evapora-se, deixando o betume a envolver a pedra.

Como acontece com os betumes fluidificados, também existem emulsões de rotura lenta (SS - Slow
Setting), de rotura média (MS – Medium Setting) e da rotura rápida (RS – Rapid Setting).

Quanto a carga eléctrica as emulsões podem ser ANIÓNICAS e CATIÓNICAS.

São Aniónicas quando a carga das partículas são negativas e são atraídas por um electrão positivo e se
as cargas forem positivas serão Catiónicas.

Para se manter a suspensão estável adiciona-se o emulsionante que se distribui à volta dos globulos e
estabelece uma camada de cargas eléctricas que repelem a dos outros globulos mantendo assim o
sistema em equilibrio.

As emulsões aniónicas apresentam boa adesividade aos agregados de calcário e pouca adesividade aos
agregados silicosos.

Vias de Comunicação II Engº. Célio Rapieque


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As emulsões catiónicas são de rotura mais rápida que as aniónicas porque dá-se principalmente por
reacções químicas com as partículas do agregado enquanto as aniónicas a rotura dá-se por evaporação da
água.

A escolha do tipo de emulsão a utilizar depende principalmente da natureza do agregado e das condições
climáticas. As aniónicas são mais utilizadas em tempo seco e com inértes calcários, enquanto que as
catiónicas poderão ser usadas com inértes de todo tipo e com qualquer tempo (seco e húmido).

As emulsões de rotura rápida são mais indicadas para revestimentos superficiais, tapagem de covas e
regas de colagem, enquanto que as médias e lentas para trabalhos que impliquem uma estabilidade mais
longa, nomeadamente: misturas betuminosas (médias) e impregnações (lentas).

A maior ou menor facilidade de rotura é função do produto betuminoso, do emulsionante e das


proporções de mistura. O teor de betume anda pelos 55 a 65%. A outra característica importante para
caracterizar a emulsão é a viscosidade, que é expressa em segundos de escoamento num viscosímetro de
Saybolt-Furol.

O emprego de emulsões com mais inscidência para as catiódicas tem estado a aumentar especialmente
em regas e misturas a frio destinadas principalmente a trabalhos de conservação. No caso de aplicação
de mistura com betumes modificados a preparação sobre a superfície é feita com emulsões de betumes
também modificados.

Vias de Comunicação II Engº. Célio Rapieque

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