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GESSOS ODONTOLÓGICOS (Roteiro de aula prática)

Os materiais derivados do gesso são amplamente conhecidos a servir à prática


odontológica, atualmente utilizados em procedimentos laboratoriais. De forma que, na
prática odontológica, produtos constituídos por gesso permitem adequar-se a diversas
utilizações odontológicas por apresentarem o mesmo componente químico e suas
propriedades são facilmente modificadas por meios físicos e químicos.

1. FABRICAÇÃO

O sulfato de cálcio hemi hidratado (Ca SO4 .1/2H2O)- é esse o principal


componente dos gessos odontológicos, componente o qual pode ser obtido da
matéria-prima mineral gipsita - sulfato de cálcio diidratado insolúvel( Ca SO4.2H2O)-
que, ao passar por um processo de aquecimento de um material sólido para eliminar
componentes quimicamente combinados voláteis (ex:.água e dióxido de carbono), é
convertida em cálcio hemi-hidratado. Este processo se chama calcinação. De acordo
com o processo e à medida que a temperatura de calcinação aumenta, diferentes tipos de
partículas são obtidas. Existe ainda o gesso sintético, gerado pelo subproduto de um
processo químico de reações de purificação do ácido fosfórico.

Assim, apesar de basicamente apresentarem mesma fórmula química, características


como densidade, tamanho e área total de superfície diferenciam tipos de gesso,
determinando distintas proporções de água/pó e resultando em gessos com propriedades
únicas e indicações particulares. Em sua composição podem ser adicionadas substâncias
para modificar suas propriedades, as quais variam de fabricante para fabricante.
Também são apresentados em diferentes cores e embalagens que podem até ser
pré-dosadas para garantir mais que seja evitada a contaminação com umidade.

2. UTILIZAÇÃO

Dentre estas diversificadas aplicações do gesso odontológico, destacam-se:


>Moldagens- em desuso

>Modelos de estudo das estruturas oral e maxilofacial

>Auxílio em procedimentos laboratoriais em confecção de próteses dentárias (modelo


de trabalho, troqueis)

>Aglutinante para a sílica em revestimentos odontológicos


3. CLASSIFICAÇÃO

Quanto aos diferenciados produtos da variação do processo de fabricação do gesso,os


gessos são classificados em:

1) Tipo I – para moldagem(Paris) - em desuso

2) Tipo II - gesso comum(Plaster):

Para a produção deste, a calcinação é feita em recipiente aberto em temperatura


aproximada de 110 a 130ºC, obtendo-se partículas tipo beta-hemidrato(partículas largas,
esponjosos, irregulares e porosas).

Demanda maior proporção água/pó: 0,5% (50ml/100g)

3) Tipo III- gesso pedra(Hidrocal):

Calcinação que gera este tipo ocorre em autoclave aproximadamente a 125ºC gerando
partículas tipo alfa-hemidrato (partículas cristalinas de forma prismática mais definida,
pequenas, regulares, densas, menos porosas)

Menor proporção água/pó que no gesso comum: 0,3% (30ml/100g)

4) Tipo IV- gesso pedra especial (Densite):

Calcinação que o gera envolve fervura da gipsita na presença de cloreto de cálcio, emm
seguida o cloro é enxaguado com água quente e as partículas produzidas são partículas tipo
alfahemidratos modificadas ( ainda mais densas, regulares e lisas que as do gesso tipo III)

Menor proporção água/pó que o gesso tipo III: :0,2% (20ml/100g)

5) Tipo V- gesso pedra especial de alta expansão

6) Sintético (Resinoso)

4. MANIPULAÇÃO DO GESSO

> Relação água/pó indicada particularmente ao gesso utilizado

>Manipulação manual (em cubeta de borracha e com a espátula de aço semi-flexível para gesso)
para incorporação da água ao pó, utilizando de espatulação vigorosa durante 45 segundos.

>Formação de massa cremosa e homogênea

>Utilizar de vibração para auxiliar a uma menor incorporação de bolhas


Obs.: Manipulação Mecânica, utilizando um espatulador a vácuo impede a incorporação de
bolhas.

4. REAÇÃO DE PRESA DO GESSO


O tempo necessário para a reação se completar é chamado de tempo de presa. Se
esse tempo é muito rápido ou o material tem um pequeno tempo de presa, a mistura
pode endurecer antes do operador manipulá-lo apropriadamente. Por outro lado, se a
reação ocorre muito vagarosamente, um tempo excessivamente longo é necessário para
completar a operação. Assim, um tempo de presa apropriado é muito importante para os
gessos odontológicos.
>Hemiidrato + Água formando suspensão flúida e manipulável
>Hemiidrato se dissolve até formar uma solução(suspensão) saturada
>Hemiidrato dissolvido(suspensão) reage com a água e forma o sulfato de cálcio
di-hidratado
>Formação de uma solução supersaturada que começa a precipitar, com a presença
do dihidrato que é menos solúvel que o he-mi-hidrato
>Diidrato se precipita na forma de cristais (tipo agulhas) estáveis, devido a solução
supersaturada ser instável
>Conforme os cristais estáveis se precipitam formando pequenos núcleos de cristais,
diminui a saturação da solução e mais hei-hidrato é dissolvido, continuamente
depositando novas partículas de diidrato a partir dos núcleos até que processo se
complete, mas o novo produto nunca é 100% diidratado

6. VAZAMENTO DE GESSO EM MOLDE


- Molde limpo
- Sob vibração controlada
- Deposição do gesso odontológico preparado aos poucos a escoar lentamente sobre
o molde a partir do ponto extremo desta
- Após preenchimento com gesso, o molde deve ser armazenado em ambiente de
umidade 100%
- Remoção do molde após 50 minutos a partir do primeiro vazamento
- Após o gesso atingir a resistência final para obtençãodo modelo de gesso, realizar
o recorte do modelo de gesso
7. TEMPOS DE
>Manipulação ou Espatulação(T.E.)
>Trabalho(T.T.)
>Perda de Brilho(T.P.B.)
>Presa(T.P.)
Inicial(T.P.I.)
Final(T.P.F.)
>Temperatura máxima (T.T.H.)
Com estes esclarecimentos prévios sobre o gesso, esta prática terá objetivo de
conhecer aspectos relacionados à fabricação e composição dos gessos, para distinguir os
diferentes tipos de gessos e suas aplicações odontológicas ao entender a reação de presa
do gesso, discutindo os aspectos relacionados à manipulação dos gessos odontológicos
ao conhecer as propriedades dos diferentes tipos de gesso e o que pode alterá-las.

PRÁTICA DE GESSO PARA VERIFICAÇÃO DO TEMPO DE PRESA,


FATORES MODIFICADORES E EXOTERMIA DA REAÇÃO

I. MATERIAIS PARA A PRÁTICA

- Agulhas de Gilmonere;
- Cubeta de borracha;
- Copos descartáveis;
- Espátula para gesso;
- Gesso pedra;
- Mini balança plástica;
- Água;
- Solução de NaCl a 5%;
- Solução de NaCl a 20%;
- Plástico para bancada;
- Proveta milimetrada ou Seringa milimetrada (50ml);
- Relógio ou cronômetro.
II. MANIPULAÇÃO PARA A PRÁTICA

Teremos a manipulação de 5 misturas seguindo a semelhança à manipulação padrão do


gesso:

1- Com a utilização da balança separar 5 medidas de 100g de gesso pedra

2- Para a mistura D separar em um recipiente raspas de gesso pronto


3- Selecionar os ingredientes líquidos das misturas utilizando seringa e proveta
milimetrada para medir as quantidades dos líquidos que serão utilizados nas
misturas, separando as medidas necessária de cada um em recipientes. Já com a
balança
4- Obedecendo aos ingredientes designados na tabela acima para cada mistura,
colocar os líquidos de cada uma das misturas em cubetas e adicionar lentamente
sobre os líquidos em cada cubeta os 100 g de gesso pedra, sendo na mistura D
adicionado (à medida de pó de gesso pedra) raspas de gesso pedra pronto.
5- Espatular a mistura por 1min, de forma vigorosa, com movimentos circulares
contra as paredes da cubeta, Ao final da mistura, deve se observar uma mistura
homogênea sem a percepção de presença de pó não hidratado.

6- Gradualmente em pequenas porções, o vazamento do gesso deve ser feito nos


copos descartáveis, mantendo-se uma vibração paradiminuir a incorporção de
bolhas.
7- Após o preenchimento do copo com o gesso, alise a superfície do gesso com a
espátula.
OBS: Após a mistura e a utilização do material, a sobra deve ser removida da cuba com
a espátula e descartada no lixo. O material residual pode então ser limpa da cubeta e da
espátula com uma toalha de papel antes de submetê-los à lavagem com água. O diidrato
é insolúvel e se ficar nos canos da pia se acumularáe e como tem na composição o
enxofre, poderá levar à liberação de gases.
III. VERIFICAÇÃO DO TEMPO DE PRESA, FATORES
MODIFICADORES E EXOTERMIA DA REAÇÃO
O tempo de presa inicial e final pode ser medido através de um teste de penetração:
- Verifique o momento em que o gesso perder o brilho, para anotar o T.P.B.
- A partir de então a cada 1min perceba a temperatura tocando o material
superficialmente
- E também a cada 1 minuto verifique, com a agulha de Gilmore de 1/4lb, a ocorrência
do da presa inicial para anotar o tempo de presa inicial(T.P.I.):
A agulha de Gilmore de 1/4 de libra é solta sobre a mistura em intervalos de tempo
crescentes. No momento em que a sua ponta ativa apoiada sobre o gesso, e sob a ação
única de seu próprio peso, não mais penetre a superfície da mistura pó/água, não deixe
mais impressão na superfície do material, considera-se como presa inicial. A partir
desse tempo, haverá um aumento definitivo na resistência.

- Em seguida, sempre observe a temperatura e verifique o tempo de presa final (T.P.F.)


com a agulha de Gilmore de 1lb. Utilizando a agulha de Gillmore maior e mais pesada,
considera-se como o tempo de presa final aquele em que esta agulha deixa somente
marcas ligeiramente perceptíveis na superfície do gesso.

- O monitoramento da temperatura a cada 1min deverá continuar até o T.H. (Tempo


decorrido desde o início da mistura pó/água até que seja atingida a temperatura máxima
de exotermia).
ANOTE OS RESUTADOS NAS TABELAS DE CADA UMA DAS 5 MISTURAS
DO EXPERIMENTO
Mistura A.: 100g de Gesso pedra + 30ml de Água

Mistura B.: 100g de Gesso pedra + 30ml de Solução de NaCl a 20%


Mistura C.: 100g de Gesso pedra + 30ml de solução de NaCl a 5%

Mistura D.: 100g de Gesso pedra + Raspas de gesso + 30ml de Água


Mistura E.: 100g de Gesso pedra + 35ml de Água
- T.P.B. - Tempo decorrido desde o início da mistura pó/água até que a mistura tenha
perdido o brilho.
- T.P.I. - Tempo decorrido desde o início da mistura pó/água, até que a agulha de
Gilmore de 1/4 de libra apoiada sobre o gesso, e sob a ação única de seu próprio peso,
não mais penetre a superfície da mistura pó/água.
- T.P.F. - Tempo decorrido desde o início da mistura pó/água, até que a agulha de
Gilmore de 1 libra apoiada sobre o gesso, e sob a ação única de seu próprio peso, não
mais penetre a superfície da mistura.
- T.H. - Tempo decorrido desde o início da mistura pó/água até que seja atingida a
temperatura máxima de exotérmia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANUSAVICE, J.Phillips. Materiais dentários. 10. ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000.

CHAIN, M.C.; BARATIERI, L.N. Restaurações estéticas com resina composta em dentes
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Paulo. Editora Artes médicas, 2013.

CRAIG, R. G.; POWERS, J. M.; WATAHA, J. C. Materiais dentários: propriedades e manipulação.


Santos, 2002.

DE GOES, M.F. Materiais e Técnicas restauradoras: Como escolher e aplicar em Materiais


Dentários. São Paulo: Artes Médicas, 2002.

NOORT, R.V. Introdução aos materiais dentários. Trad. Sob a direção de Débora Rodrigues
Fonseca. 3. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010.

PHILLIPS, R. W. Skinner Materiais dentários. 9. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1993.

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