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EDUCAÇÃO
Ensino remoto: contrastes sociais e fadiga mental
EaD coloca docentes e discentes em situação de vulnerabilidade social e mental
A pandemia de Covid-19 atingiu diferentes setores da sociedade, sendo a
educação uma das áreas duramente castigada pelo avanço do vírus ao redor do mundo,
precisando lidar com mudanças repentinas. Alunos e professores foram obrigados a
saírem das salas de aulas e se confinarem em casa. A situação ocasionou um processo
de precarização do ensino. Como solução, implementou-se, em diferentes instâncias, a
educação à distância.
No Brasil, o ensino remoto evidenciou a desigualdade social. De acordo com
pesquisa da UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), 78%
dos estudantes tiveram dificuldades com o acesso à internet. De forma geral, todas as
classes foram atingidas pela transformação do jeito de educar/estudar ao longo desses 2
anos de pandemia, embora os efeitos tenham sido diferentes para cada grupo em
questão.
FALTA DE ACESSO
O ensino à distância não é exatamente atual. Nas últimas décadas, ele se
desenvolveu e abriu espaço para que a educação fosse ampliada a diferentes camadas e
lugares da sociedade. A democratização do ensino pode, muitas vezes, ser atribuída ao
EaD, uma vez que existem vários conteúdos gratuitos. Entretanto, é preciso entender a
assimetria entre o contexto tecnológico anterior à Covid-19, e o que surgiu depois dele.
A princípio, o modo remoto era proporcionado, em especial, por empresas
educacionais. Estas, portadoras da tecnologia necessária para funcionarem, levavam a
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Informação e Comunicação
Curso de Jornalismo
DEFASAGEM EDUCACIONAL
Docentes e estudantes de todas as esferas, acostumados com a sala de aula e o
contato humano presencial, tiveram que realizar isolamento em casa devido a Covid-19.
A partir desse cenário e a rápida introdução do ensino online, o corpo acadêmico
começou a vivenciar um contexto novo na educação. Tal mudança ainda se alia à
ameaça inerente ao vírus letal em circulação.
Para os educadores, a pandemia e o EaD pediram esforço profissional imenso. A
professora da rede pública Ludmilla Aranha relata que o ensino remoto fez com que
docentes se reinventassem. “O EaD veio para amenizar um pouco o problema
educacional, mas a pressão psicológica era muito grande por parte da escola, da família
dos alunos, pois abrimos as portas das nossas vidas e perdemos nossa privacidade.”
Além disso, ao longo de mais de 2 anos de ensino remoto, o cenário social se
torna propenso à evasão escolar. De acordo com o INEP (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), mais de 600 mil crianças abandonaram a
escola devido a pandemia. O número cresce quando se adicionam nesses dados
adolescentes e universitários. As causas para esse abandono vão desde o desgaste
educacional causado pela pandemia, a falta de motivação com o futuro e a entrada no
mercado de trabalho.
ESGOTAMENTO MENTAL
Sobre as complicações psicológicas, a OMS (Organização Mundial da Saúde)
divulgou que o isolamento e imposição ao ensino ou trabalho remoto proporcionaram
ascensão do sofrimento mental. O acadêmico Erick ainda relata sobre o aumento de
estresse e ansiedade que o EaD lhe trouxe. Em consonância com os dados da OMS, o
estudante diz: “Definitivamente a minha saúde mental foi comprometida.”
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O estresse mental que pode ser causado pelo ensino remoto. Imagem: Antonio Guillem