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inspiração vernacular
Nice: the processof creatinga “vernacular”typography-inspired
Resumo
O presente artigo tem como objetivo descrever o processo de criação de uma tipografia
vernacular baseada em um letreiramento específico. A idéia deste trabalho foi proposta
pela disciplina Memória Gráfica Pernambucana, do curso de Graduação em Design da
Universidade Federal de Pernambuco. Os alunos se dividiram em grupos e se dedicaram
a um bairro da cidade de Recife, com o intuito de registrar fotograficamente os
letreiramentos populares encontrados na área visitada. Posteriormente, as fotos foram
catalogadas e foi selecionada uma imagem como referência para a criação de uma
tipografia.
Abstract
As fontes inspiradas por artefatos populares podem ter como referência a estética
vernacular em geral ou se basear em algum letreiramento específico. No primeiro caso o
designer de tipos desenvolve fontes baseadas em diversas manifestações tipográficas com
estética similar. Podem ser encontradas diversas fontes representativas do conceito, entre
elas a Folk (2008) e a Cabulosa (2009).
Folk (2008) – Marcelo Magalhães e Cabulosa (2009) – Frederico Antunes (Chiba Chiba)
Seu Juca (2001) – Priscila Farias e Ghentileza Original (2001) – Luciano Cardinalli
Figura 2. Foto original tirada pelo grupo da placa que originou a tipografia Nice.
Quando foi pensado num método para construir uma tipografia que caracterizasse
a autora, alguns elementos chave entraram em questão e foram tomadas algumas decisões
para que pudesse se adaptar a uma tipografia digital. Comparando as placas, observa-se
que existem diferentes caracteres para as mesmas letras. Em apenas uma placa, existem 4
versões da letra “e” e os “g”s da palavra “geral” de cada uma das placas são diferentes
entre si. Foi escolhido trabalhar apenas com os caracteres da primeira placa registrada,
pois de acordo com a autora, esta foi a primeira a ser confeccionada, além de conter os
caracteres mais diferenciados.
A placa original de Nice apresenta uma grande inconsistência de caracteres sendo
alguns em caixa alta e outros em caixa baixa, alternando entre letras. Devido a esse
aspecto espontâneo da autora decidimos produzir um alfabeto de 26 letras mais formal
para tomar o lugar das caixas altas e outro alfabeto mais livre e orgânico para as caixas
baixas, este último incluindo os caracteres-chave como o 'e', 'g', 'v', etc. É esperado que o
usuário da fonte alterne entre os alfabetos numa mesma frase assim como Nice alterna
essas letras em suas placas.
Antes do processo de desenho das letras, sentiu-se necessidade de estudar e
definir as partes anatômicas das letras pintadas com pincel pela autora, pois mesmo sendo
projetada a partir de uma placa improvisada o desenvolvimento de um projeto tipográfico
ainda precisa de uma mínima consistência entre caracteres. Vimos que a maioria dos
terminais ascendentes apresentam forma oblíqua (geralmente declinando para a direita)
enquanto os descendentes com um acúmulo de tinta semelhante a um palito de fósforo. A
maioria das junções resulta em um excesso de tinta aumentando consideravelmente sua
espessura, fato normalmente evitado na produção tipográfica formal. Já a espessura geral
dos traços é bastante variada, devido à quantidade de tinta presente no pincel. Esse é um
dos critérios que define o contraste de espessuras nas letras de Nice, outro conceito que
vai de encontro aos preceitos clássicos da tipografia e caligrafia, porém totalmente
comum entre peças amadoras.
Uma vez definidas as formas básicas da fonte deu-se início o desenho dos
primeiros caracteres baseados na placa escolhida. A placa escolhida como referência
contém 37 letras e 3 números ao total. Dentre os caracteres expostos foram selecionados
20 para utilização na fonte:
Figura 5. Caracteres selecionados para vetorização direta.
A princípio, foi tentado copiar o traço fielmente, para dar um tom mais
espontâneo aos caracteres. Porém, somado ao contraste aleatório da modulação,
resultaram-se caracteres exagerados. Posteriormente, foram suavizados os contornos e
percebemos que era o bastante para refletir o caráter espontâneo do desenho.
Com as primeiras letras desenhadas deu-se início ao processo de derivação de
caracteres. Para projetar os caracteres de Nice foi utilizado um sistema mais livre de
aproveitamento e montagem de formas desenhadas na placa original. Após o desenho dos
caracteres básicos, conseguiu-se compor uma fonte tipográfica digital usando a
tecnologia TrueType via o software específico Fontlab Studio. Nesta etapa do processo
foram criados outros caracteres de apoio, como acentos gráficos, para deixar o set
tipográfico mais completo. A construção desses caracteres foi efetuada diretamente no
software FontLab Studio.
Considerações Finais
Referências
ESTEVES, R. O Design Brasileiro dos Tipos Digitais. São Paulo: Edgard Blücher,
2010.