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1997
trar nesse grande país ou que num passado não muito dos intervenientes.
longínquo se manifestaram no território da ex- URSS ; Sob a designação de "os riscos e a sociedade"
desde sismos a alcoolismo, passando porTchernobyl, aparecem comunicações muito variadas. Destaquemos
os exemplos são abundantes e diversificados. os resumos das de HAROUN T AZIEFF, "Les risques
Os Capítulos 7 e 8, respectivamente, "Vers I' explo- naturels" (p. 17-18), e de J.-Y. COUSTEAU, "La
sion de lasphere financiere" (CHRISTIAN PIERRET) nature a horreur du risque" (p. 34). Na secção seguinte,
e "Le risque nucléaire" (JACQUES ATTALI) , cada "os riscos e a cidade", intervieram, entre outros,
um na sua especialidade, apresentam um interesse J.-L. DESCHANELS, "La maí'trise des risques dans
global, embora não se refiram às nossas preocupações la ville" (p. 52-56), C. COLLIN, "Les risques et la
imediatas. citéretour d' expériences" (p. 58-71 ), LUCIENFAUGE-
Por fim, o Capítulo 9, da autoria de ANTOINE RES, "Cindynique urbaine" (p. 74-88), e IAN
S. BAILLY, "Des sociétés qui se croyaient à !'abri" DOUGLAS, "Geophysical risks in the cities ofSouth-
é a conclusão que se impunha para este livro sobre East Asia" (p. 100-124). Nesta última comunicação
riscos que salienta acima de tudo os riscos naturais. há numerosos exemplos de manifestação de riscos
E porquê? Porque, diz o Autor, "o risco natural é o naturais em áreas urbanas, tais como sismos, tsunamis,
menos dominado, como o ilustra esta obra: secas, erupções vulcânicas, ciclones tropicais e inundações
inundações, tremores de terra, deslizamentos de terras, com eles relacionadas, mas também movimentações
ciclones, erupções vulcânicas são ameaças conhecidas" de terras, erosões e sedimentações, subsidências e
(p. 89) e, acrescentamos nós, tantas vezes vividas problemas cársicos.
nas sua manifestações catastróficas. Na secção "os riscos e a empresa" foram apresenta-
dos muitos casos concretos de riscos tecnológicos e
3. Sem serem promovidas por geógrafos, muitas outros que se colocam às empresas, mas também se
outras reuniões internacionais sobre riscos se têm teorizou um pouco recorrendo a trabalhos de
reali zado pelo mundo . Na sua publicação periódica GEORGES-YVES KERVERN. Aliás, logo na primeira
de carácter informativo, Risk Management, a página do livro se fala de dois deles -L 'Archipel du
Association de Geneve vai-nos dando uma ideia Danger (feito com PATRICK RUBISE - Paris,
disso. Entre elas, parece-nos importante destacar a Economica, 1991,444 p.) eLatestAdvances in Cindynics
que se realizou de 16 a 18 de Novembro de I 994, no (Colloque du Management Centre Europe, Berlin,
Grande Anfiteatro da Sorbonne, e que foi patrocinada 1993).
pelo Jornal Le Monde e pela Universidade de Paris I Na secção "os riscos e o homem" houve, natural-
(Panthéon-Sorbonne). Intitulou-se C!NDYNICS 94, mente, comunicações de cariz teorizante e comunica-
2e Co !loque International sur les Sciences du Danger. ções de cariz prático, falando-se dos riscos inerentes
Nas Actas deste Colóquio (Risque et Société. à vida das crianças, como dos riscos de acidentes de
Paris, Presses du Louvre, I 994, 399 p.) salientam-se, automóvel.
antes de mais, os nomes, alguns bem conhecidos, de Finalmente, no respeitante à secção "os riscos e
muitos investigadores de todas as áreas em que se a cultura" falou-se na formação inicial e na formação
pode falar de riscos. Alguns deles deixaram pequenos permanente no domínio dos riscos, no modo como
resumos das intervenções que fizeram, outros fazê-la nos diferentes níveis, nas categorias profissionais
publicaram-nas. a que deve primordialmente dirigir-se e na informação
Na "Editorial" (p. 2-3), PHILIPPE VESSERON, geral do público em matéria de riscos e de prevenção.
Presidente do Instituto Europeu de Cindínicas (IEC), Risque et Société é, como vimos, um livro de
dá um breve resumo do que foi o Colóquio em cada Actas. No entanto, dado o tipo de matérias em causa
uma das suas cinco secções- os riscos e a sociedade, e a maneira como algumas delas são tratadas, por
os riscos e a cidade, os riscos e a empresa, os riscos vezes, parece um manual sobre riscos que pode
e o homem e os riscos e a cultura. Segue-se a apre- ajudar uma vasta gama de profissionais.
sentação do programa, já com a indicação dos nomes
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agradecimento da Autora, foi importante "a gerais são apresentados os capítulos de pormenor,
disponibilidade manifestada" pelo SNPC "nacedência muito aprofundados e onde só temos pena de não
de elementos para este livro, que se destina a contribuir vermos claramente escrita a palavra "geografia",
para a difusão da mensagem da Protecção Civil na pelo menos quando se refere, no quadro da "análise
Comunidade Escolar e, através desta, na população de riscos", a "análise científica" . ..
em geral" (p. 5). O grande Capítulo deste livro é o IV, "Principais
O Capítulo I, "A Protecção Civil - Espaço de Riscos em Portugal e Medidas de Autoprotecção"
Diálogo e Solidariedade" (p. 7-14), e o Capítulo II, (p. 29-121 ). Fala-se de vulcões, de sismos, de
"A Protecção Civil - uma Tarefa de Todos para tempestades, de inundações, de seca, de deslizamentos,
Todos" (p. 15-21 ), têm um nítido carácter introdutório de floresta e incêndios florestais, de acidentes industriais
recorrendo frequentemente a citações da Lei de Bases graves, de incêndios urbanos, de transporte de
da Protecção Civil. Mais curto ainda do que os mercadorias perigosas e de poluição; há, para cada
anteriores, o Capítulo III, "Acidentes graves, caso, uma introdução teórica, onde, quase sempre, se
Catástrofes, Calamidades" (p . 23-28) define aquilo a citam exemplos estrangeiros bem elucidativos , tal
que em regra chamamos "crises" ou "manifestações como indicações sobre o que se deve ou não deve
de riscos" dando, desde logo, como exemplos de fazer nesta ou naquela circunstância.
catástrofes naturais "as erupções vulcânicas, os sismos, O Capítulo V, "Como Proceder em Caso de
as tempestades (ciclones, tufões, tornados ... ), as Emergência" (p. 123-133), dá algumas noções de
inundações, as secas, os incêndios devidos à queda socorrismo, enquanto o último Capítulo, o VI,
de raios . .. " (p. 24). Destaquemos neste capítulo a "A Educação para a Protecção Civil e Autoprotecção
reprodução, a cores, de uma figura a que a Autora como Componente da Educação Cívica" (p. 135-
chama "Organograma referente ao Universo da -155) é um verdadeiro guia para os Professores que
Catástrofe e respectivo ciclo, fornecido pelo SNPC" tenham a seu cargo o ensino destas matérias.
(p. 27)- embora a representação circular não pareça Curiosamente, todo o livro é ilustrado com figuras
a ideal para se falar de um ciclo, a verdade é que lá muito simples, acessíveis aos leitores mais jovens,
está, a começar, a "análise de riscos", seguida da que certamente não terão conhecimentos suficientes
"análise de vulnerabilidades", da "minimização e para entender muito do que está escrito. Grande parte
prevenção", do "planeamento e preparação" (subenten- do texto foi, sem dúvida, feito a pensar nos seus
dendo-se este planeamento como um planeamento professores; por isso, se lamenta que as "referências
operacional e não como planeamento regional e bibliográficas" sejam tão poucas e tão gerais, quando
urbano que deveria vir antes enquadrado na sobre riscos, mesmo em Portugal, já vai havendo
"minimização"), da "previsão e aviso", da "resposta" alguma coisa publicada.
e, finalmente, da "recuperação". Dentro destas linhas
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