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RISCOS - Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança

“PERIGOS” DAS “CARTAS DE RISCO”.


Comentários ao modelo proposto no Guia Técnico para Elaboração do PMDFCI

Luciano Lourenço

Por mero acaso, há dias tivemos acesso ao “Guia deriscodeincêndioflorestal,tendoproduzidodiversos


122 Técnico para Elaboração do Plano Municipal de mapas seguindo uma metodologia (IGP, s/d) algo
Defesa da Floresta contra Incêndios”, elaborado, em diferente da proposta no Guia em apreço.
Agosto de 2007, pelo Gabinete de Apoio aos GTF
(Gabinetes Técnicos Florestais), da Direcção-Geral Não vamos, pois, pronunciar-nos sobre todo o extenso
dos Recursos Florestais (DGRF, 2007). documento, que, de modo geral, é um bom instrumento
orientador, mas apenas nos vamos centrar em certos
Louvamos, naturalmente, a preocupação da DGRF em conceitos em que assenta o modelo, constante do
dotar os GTF com normativos específicos, que lhes apêndice 3, o qual versa sobre a “metodologia para
transmitam orientações precisas, com vista a criar a elaboração de cartografia de risco (mapa de
alguma uniformidade na sua tão árdua quão difícil perigosidade de incêndio florestal e mapa de risco de
missão de defender a floresta contra os incêndios incêndioflorestal)”.
florestaise,destemodo,voltaratornaranossafloresta
atractiva, nas suas diferentes componentes de Desde logo, tendo como base a “teoria do risco”,
protecção, de uso múltiplo e, sobretudo, de produção, pela primeira vez apresentada em Saint-Valéry-sur-
ou seja, de a tornar rentável e, por conseguinte, Somme, pelo Prof. Lucien FAUGÈRES (1990), durante o
geradora de riqueza, para, assim, poder voltar a Encontro sobre “Riscos naturais, riscos tecnológicos.
merecer a atenção da nossa sociedade, cada vez mais Gestão dos riscos, gestão das crises”, que foi
urbana e economicista, por isso, cada vez menos organizado sob o auspício da UNESCO e da
preocupada com o mundo rural e com a sua Universidade da Picardia, e que, depois, foi difundida
importância para essa mesma sociedade. entre nós, sobretudo através de diversos trabalhos do
Prof. Fernando REBELO (1994, 1995, … 2003), a
Mas, se felicitamos a DGRF por mais esta iniciativa, sequência destes dois mapas — perigosidade e risco
não devemos deixar de nos interrogar sobre algumas — parecem estar hierarquicamente invertidos.
considerações constantes no documento em análise,
envolvendo-se desnecessariamente em questões de Ora, se é certo que a ciência vai evoluindo, estes
natureza científica, como as constantes no apêndice 3, critériospodem,entretanto,ter-sealterado,mas,numa
que não nos parece necessário abordar num documento ciência tão jovem como é a cindínica (G.-Y. KERVERN,
denaturezaessencialmentetécnica,comoseintitula,e 1995), fazer tábua rasa da pouca produção científica
que,aexistirem,careceriamnãosódeumajustificação que lhe dá enquadramento teórico, não nos parece o
bem mais fundamentada, que nem sequer é apresentada, procedimento mais adequado, pelo menos sem correr
mas também de sustentação em bibliografia muito mais riscos desnecessários, mesmo quando não
vasta do que aquela que é considerada. representem grande perigo para o autor!
Por isso, não conseguimos resistir à redacção desta
simples nota que mais não visa do que contribuir para a Ora, depois daquele título, são descritos os conceitos
clarificaçãodealgunsdasafirmaçõesfeitasnesseGuia. do modelo que se preconiza, procurando definir as
suas componentes, resumidas na fig. 1.1, da página
Com efeito, a definição de alguns dos conceitos 16, referindo especificamente que “A avaliação da
apresentados não mereceu ainda concordância da cartografia de risco de incêndio florestal revista até
generalidade da comunidade científica nacional, pelo ao momento [mas, não se indica em que é que se
que não nos parece que seja competência da baseou essa revisão, como também não se refere nem
Direcção-Geral dos Recursos Florestais a definição onde, nem como, nem quando, nem por quem é que
desses conceitos, apesar de, obviamente, ter toda a foi feita a mencionada revisão!] reforça a necessidade
legitimidade para dar as orientações técnicas e de clarificar os conceitos que determinam o modelo
expressar o entendimento que tem dos diferentes de risco adoptado pela Direcção-Geral dos Recursos
conceitos. Acresce ainda que, algumas dessas Florestais, pretendendo estabelecer uma base comum
interpretações até colidem com as defendidas por outro de trabalho para produção desta cartografia, bem
organismo do Estado, o Instituto Geográfico como adiantar alguns valores de referência e fontes
Português,que,porsinal,atédetevearesponsabilidade de informação comuns, que permitam obter a maior
de elaborar a nova série (2006-2008) da cartografia homogeneidade possível de resultados, não obstante
territorium 15

os naturais e expectáveis efeitos de escala. Esta não existe um termo correspondente, com a mesma
cartografia destina-se a um zonamento municipal não raiz, que possa ser traduzido por perigosidade?
permitindo comparações intermunicipais nem Com efeito, hazard não é perigo e perigosidade
generalizações para unidades regionais.” muito menos!

Mas, afinal, não será essa comparação intermunicipal Mais adiante, na p. 18, continua a insistir-se nesta
uma das vantagens da elaboração deste tipo de tese, sem apresentar demonstração clara e inequívoca, 123
cartografia, do mesmo modo que a sua generalização referindo apenas que “Dos conceitos acima
para unidades de índole supramunicipal, porventura clarificados [Será que, efectivamente, ficaram
de carácter subregional, distrital, ou, até, mesmo clarificados? Não nos parece, uma vez que não foram
regional, não permitirá um melhor enquadramento aduzidos quaisquer argumentos que permitam rebater
da defesa da floresta contra incêndios para cada uma as opiniões anteriormente defendidas por autores e
dessasdiferentesescalasterritoriais? cientistas de craveira internacional] resulta que não
se pode falar de Risco sem a integração de todas as
E prossegue “Alertam-se os técnicos para o imperativo componentes expressas na figura 1.1. Sem
de respeitar o modelo de risco, do qual resultam dois probabilidade, susceptibilidade, vulnerabilidade e
mapas diferentes que devem ser apresentados: mapa valor económico não existe risco.”
de perigosidade (vulgar e incorrectamente conhecido
por mapa de risco) e mapa de risco.” Até podemos estar de acordo. No entanto, não deixa
de nos parecer uma conclusão demasiado
Admitindo que o “mapa de perigosidade” é “vulgar e precipitada, sobretudo quando os argumentos
incorrectamenteconhecidopormapaderisco”,nãoseria apresentados não só não nos parecem merecer a
necessáriodemonstrá-lo,fundamentandoestaafirmação? concordância da maioria dos autores que têm
estudado o risco numa perspectiva lata e, não
Com efeito, não nos parece que o uso dos termos apenas, na do incêndio florestal, mas também porque
perigosidade, como tradução de hazard, e risco, alguns deles parecem-nos de difícil e objectiva
para a tradução de risk, seja consensual no meio quantificação, de modo a poderem ser directamente
científico. De facto, nem todos os autores entendem integráveis em modelos.
que hazard deva ser traduzido por perigosidade,
tanto mais que, mesmo na língua inglesa, alguns Comefeito,serápossívelatribuir,objectivamente,valor
cientistas não fazem a distinção entre os dois termos, económico a todas as componentes do risco? Qual
como reconhece Keith SMITH (1996, p. 5) quando será, então, por exemplo, o valor atribuível à vida
afirma, “risk é por vezes tomado como sinónimo de humana? E, neste caso, todas elas assumem o mesmo
hazard”. Por sua vez, Fernando REBELO (2005, p. 69), valor ou diferem em função das circunstâncias
não tem quaisquer dúvidas sobre a forma de traduzir: intrínsecas à condição de cada ser humano?
“em bom português, […] não há lugar para distinção
entre essas duas noções; hazard tem sido traduzido E conclui, ainda na p. 18, “Resulta, como corolário,
por perigosidade, o que não se nos afigura correcto” que a generalidade dos mapas actualmente intitulados
como frequentemente tem defendido (F. REBELO, 1999, de “risco” são apenas e só mapas de perigosidade,
2003), “até pensando na própria definição de K. na maioria dos casos.”
SMITH - ‘processo ou acontecimento ocorrendo
naturalmente ou induzido pelo homem com potencial Com efeito, na nossa modesta opinião, não existe
de criar perdas, isto é, uma fonte geral de futuro corolário nenhum, uma vez que esta afirmação não se
perigo’. Perigosidade é uma qualidade (a pode deduzir de uma verdade já demonstrada
qualidade de ser perigoso), não é um processo, anteriormente. Quando muito, trata-se da opinião do
nem um acontecimento.” E prossegue com a autor, que, obviamente, não tem de corresponder à
explicação, que vale a pena conhecer quanto mais verdade, tanto mais que não houve a preocupação de
não seja para se saber que a tradução proposta a demonstrar cabalmente.
não só não é consensual, mas também nem sequer
é a mais correcta. Não fosse esta pretensa inovação científica,
relativamente ao enquadramento metodológico
Se, em inglês, existem as palavras danger e apresentado no anterior normativo técnico, constante
dangerous e, em francês, as correspondentes danger do apêndice 2 do Guia metodológico para
e dangereux, que, respectivamente traduzimos por elaboração do PMIDFCI (DGRF, 2006, p. 6-8), e esta
perigo e perigoso, por que será que nestes idiomas notanãosejustificaria.
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Contudo, a facilidade e, sobretudo, o modo algo longo de mais de uma dúzia de anos (L. LOURENÇO,
leviano, como foram redigidas algumas afirmações, 2004), a maioria das quais anteriores ao
que parecem denotar certa imaturidade, podem levar- aparecimento dos SIG e, algumas delas, até anteriores
nos a pensar estarmos perante uma crise de modelos, ao advento da cartografia automática — que, ao
não apenas e especificamente deste, mas sobretudo tempo, foi considerada uma grande inovação —
de outros que tendem a dominar na nossa sociedade, continuam a ser, quanto a nós, cartas de risco.
124 cada vez mais carecida de referências e valores, de
modelos sólidos e sustentáveis. Porventura, o problema estará no entendimento dos
conceitos, que, embora não sendo pacífico,
Será, por acaso, possível reduzir toda a complexa paulatinamente, tem vindo a orientar-se e a alinhar
realidade geográfica, inerente ao risco de incêndio pelo rumo traçado por Lucien FAUGÈRES, em 1990, que
florestal, à simplicidade apresentada pelo modelo se organiza em torno de três conceitos fundamentais,
proposto? Temos as nossas dúvidas, pois existem devidamente hierarquizados, em função da respectiva
várias componentes deste risco que não foram gravidade:risco,perigoecrise.
incluídas. Vejamos, apenas a título de exemplo, a
existência (ou não!) de meios, equipamentos e Assim, o risco é entendido como uma ameaça
recursos, humanos e materiais, de defesa da floresta potencial, com probabilidade de ocorrência algo
contra incêndios. E, em caso afirmativo, as suas remota, uma vez que estando presentes as diferentes
respectivas características. Será que tanto uns como componentes que constituem cada risco específico,
outros não contribuem para aumentar ou reduzir o será necessária uma intervenção exterior ou, então, a
risco, e não apenas o de incêndio florestal, de um entrada em desequilíbrio de alguma delas, para que
dado território? Ora, se sim, porque é que não foram determinado risco seja susceptível de se manifestar e,
integrados no modelo? então, transite para o escalão seguinte, passando a
existirperigo.
Inovar é preciso, e este é, sem dúvida, um aspecto
importante a ter em consideração, mas tenhamos Deste modo, sem risco perde-se a noção do perigo,
consciência de que a actual crise de tudo reduzir a que, neste caso, é entendido como uma ameaça real,
modelosteóricos,muitosdosquaisnuncaforamtestados, com uma probabilidade de ocorrência muito próxima,
poderá apresentar resultados que, do ponto de vista pois algo de grave está na iminência de acontecer,
operacional, nem sempre serão os mais adequados, uma vez que já há indícios, sinais, muito claros da
sobretudo quando não há estudos credíveis para manifestação do risco, ou seja, o tal desequilíbrio
sustentarmuitasdasopçõesusadas,querparadefiniro anteriormente referido já se manifestou, de que são
número de classes de algumas das variáveis exemplo os abalos premonitórios, no caso dos sismos,
apresentadas, quer, muito menos, para fundamentar o ou a libertação para a atmosfera de fumarolas/nuvens
estabelecimentodoslimiaresdessasclasses. de vapor, anteriormente à entrada em erupção dos
vulcões, ou o fumo, enquanto sinal de fogo (combustão)
Como já se percebeu e se referiu, estas notas não na floresta, do mesmo modo que a ruptura de uma
pretendem constituir uma recensão bibliográfica ao conduta ou a abertura de uma fissura num tanque que
Guia mencionado, mas apenas alertar para a armazena ou transporta matérias perigosas, etc., são
redacção de alguns parágrafos que, do nosso ponto claramente sinais de perigo.
de vista, nos pareceu desajustada, face ao objectivo
técnico a que aquele se propõe. A crise ocorrerá quando não for possível controlar o
perigo(extinguiroincêndionascente,controlarafuga
Entendemos que não poderíamos deixar de o fazer, não da matéria perigosa, …) e, por consequência, quando
só pelas razões já indicadas, de colisão com não for possível evitar a plena manifestação do risco,
conceituadas opiniões de autores nacionais e quer seja acidente grave, quer se trate de catástrofe
estrangeiros, mas também por outras, nomeadamente (L. LOURENÇO, 2003).
pelo facto de estarem em contradição com algumas das
definições que, em sintonia com os autores antes Com o recente aparecimento dos sistemas de
mencionados, foram apresentadas aos Técnicos dos GTF, informação geográfica (SIG), passaram a produzir-
presentes tanto nas I Jornadas de DFCI (APIF, 2005a), se, com toda a facilidade, grande variedade e
como nas I Jornadas Técnicas de DFCI (APIF, 2005b). quantidadedecartas:susceptibilidade,perigosidade,
riscodeincêndioflorestal(estáticoedinâmico,também
Acresce, ainda, o facto de continuarmos a pensar que, conhecidos, respectivamente, por estrutural e
muitas das cartas de risco que fomos publicando, ao conjuntural), numa perspectiva que, sendo inovadora,
territorium 15

enferma de alguns dos males antes apontados a muitos florestalDisponívelem:


destes modelos, por vezes elaborados por entes a http://www.cotecportugal.pt/
que falta uma sólida formação generalista, pois, caso index.php?option=com_content&task=view&id=121
elaexistisse,certamentenãolhespermitiriareduzira • RIF – Risco de Incêndio Florestal (2006), proposta
complexa realidade geográfica apenas a uma meia de modelação do riscos de incêndio florestal,
dúzia das suas vastas componentes. apresentada pelo Prof. A. BENTO GONÇALVES, na sua
dissertação de doutoramento, Universidade do 125
Sem que todas as seguintes sejam disso exemplo Minho (2006, p. 382 e seguintes), disponível em:
e, por conseguinte, sem qualquer preocupação de https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/
sistematização, referimos algumas das “cartas de 1822/6508
risco de incêndio florestal “, meramente a título de • SIF – Susceptibilidade aos Incêndios Florestais
exemplo comparativo, de entre as mais conhecidas (2007) – J. VERDE e J. L. ZÊZERE, apresentada ao VI
ou as mais recentes da vasta produção a que se Congresso da Geografia Portuguesa, Lisboa, 17 a
tem assistido nos últimos anos e que ilustram a 20 de Outubro de 2007, e transformada em MPIF –
grande variedade existente, com indicação dos Mapa de Perigosidade de Incêndio Florestal pela
respectivos autores ou entidades responsáveis pela DGRF/DFCI, ambos disponíveis em: http://
sua produção: www.afn.min-agricultura.pt/portal/dudf/
informacoes/cartografia/AFN-Perigosidade.zip
• CRIF – Carta de Risco de Incêndio Florestal (2006- • ASIF - Análise da Susceptibilidade aos Incêndios
2008), produzida pelo Instituto Geográfico Florestais(2008),porventuraamaisrecentedetodas
Português, com o objectivo de apoiar o e que resulta da aplicação de uma metodologia
planeamento de medidas de prevenção aos desenvolvida por L. DIMUCCIO, R. FERREIRA, L. CUNHA e
incêndios florestais, assim como a optimização dos A. C. de AlMEIDA, da Universidade de Coimbra,
recursoseinfra-estruturasdisponíveisparaadefesa através da utilização de um Modelo de Redes
e combate aos incêndios florestais. Disponíveis em: Neuronais combinando com dados de Detecção
http://scrif.igeo.pt/cartografiacrif/2007/crif07.htm Remota e ferramentas SIG, apresentada durante o
• CRISPO - Cartas de Risco de Incêndio, Situação VI Colóquio de Geografia de Coimbra, que decorreu
Prevista e Observada, disponibilizadas diariamente nos dias 12 e 13 de Dezembro de 2008.
pelo Instituto de Meteorologia, baseadas no índice
canadiano FWI (Fire Weather Index) e que, do ponto Ora, como é sabido, alguns dos suportes tidos em
de vista legal, determinam as acções de prevenção consideração não são facilmente quantificáveis, quer
a desencadear diariamente. Disponíveis em: enquanto causas directas de incêndios florestais, um
http://web.meteo.pt/pt/previsao/riscoincendio/ importante factor de desequilíbrio que não é tido em
prev_risc_class_conc.jsp consideração em nenhum destes modelos (!), por estar
• CREIF – Carta de Risco Estrutural de Incêndio associado quase exclusivamente ao ser humano, quer,
Florestal (2004), desenvolvida pela equipa liderada também, em termos das próprias causas indirectas
pelo Prof. José Miguel CARDOSO PEREIRA, do Instituto nelesconsideradas,tantonoqueconcerneaoscritérios
Superior de Agronomia, produzida no âmbito da para o estabelecimento do número e dos limiares de
iniciativa COTEC. Disponível em: transição entre as diferentes classes existentes para
http://www.cotecportugal.pt/ determinada variável, como no que respeita aos
index.php?option=com_content&task=view&id=121 diferentescritériosdeponderaçãousadosparaatribuir
• CRCIF – Carta de Risco Conjuntural de Incêndio a respectiva importância de cada uma delas.
Florestal(2005)),actualizadapelaequipaliderada
pelo Prof. José Miguel CARDOSO PEREIRA, do Instituto Neste caso veja-se a diversidade das classes usadas
Superior de Agronomia, e produzida no âmbito da para representar a exposição das vertentes ou dos
iniciativa COTEC. Disponível em: declives, bem como os respectivos critérios de
http://www.cotecportugal.pt/ ponderação e, pior do que isso, a inexistência de
index.php?option=com_content&task=view&id=121 qualquerjustificaçãoparataisfactos,cientificamente
• IFFR – Integrated Forest Fire Risk ou Carta de Risco comprovada, em função de critérios objectivos e
Integrado de Incêndio Florestal, (2005), produzida rigorosos, devidamente fundamentados, como sejam,
também no âmbito da iniciativa COTEC e por exemplo, a análise do risco efectuada numa
desenvolvidapelaCriticalSoftwareepeloInstituto perspectiva das suas manifestações e respectivas
Geográfico Portugês, com o objectivo de colocarem consequências, com base na história das ocorrências
em operação o sistema PREMFIRE para produção (frequência e magnitude).
de uma carta diária de risco dinâmico de incêndio
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Posto isto, à luz da “teoria do risco”, custa-nos mais da Cabreira. Dissertação de doutoramento em
que a DGRF tenha transformado um mapa de Geografia,InstitutodeCiênciasSociais,Universidade
susceptibilidade num mapa de perigo (ou de do Minho, 438 p. + 150 de Anexos;
perigosidade), como se fossem uma e a mesma coisa,
o que, aliás, contraria a metodologia proposta no KERVERN, Georges-Yves (1995) – Éléments fondamentaux
Guia em análise, do que aceitar como mapas de risco desCindyniques,EditionsEconomica,Paris.Trad.port.
126 muita da cartografia antes desenvolvida e que, quanto de Fernanda Oliveira, Elementos Fundamentais das
a nós, não pode nem deve ser excluída desta categoria. CiênciasCindínicas.CompreenderePreverosAcidentes,
CatástrofesePerigos.Col.EpistemologiaeSociedade,
Em conclusão, saudamos o trabalho desenvolvido pela n.º38InstitutoPiaget,171p.;
DGRF, no sentido de habilitar os técnicos dos GTF
com orientações precisas para a elaboração dos LOURENÇO, Luciano (2003) – “Análise de riscos e gestão
respectivos PMDFCI, mas não podemos deixar de das crises. O exemplo dos incêndios florestais”,
considerar que o deverá fazer, essencialmente, numa Territorium, Minerva, Coimbra, 10, p. 89-100;
perspectiva técnica, de modo a prevenir outros riscos
que,naturalmente,sãodeevitar. LOURENÇO, Luciano (2004) – Risco Dendrocaustológico
emMapas.ColectâneasCindínicasIII,ColecçãoEstudos
n.º 48, Núcleo de Investigação Científica de Incêndios
Referências bibliográficas Florestais e Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, Coimbra, 202 p. Disponível em:http://
APIF – Agência para a Prevenção de Incêndios www.nicif.pt/estudos%20cindinicos%203.htm;
Florestais (2005a) – “Documentação”. I Jornadas de
Defesa da Floresta Contra Incêndios. Coimbra, CD REBELO, Fernando (1994) – “Risco e crise. Grandes
com 11 ficheiros e 409,6 MB; incêndiosflorestais”.ActasdoIIEncontroPedagógico
sobre Risco de Incêndio Florestal. Coimbra, p. 19-32;
APIF–AgênciaparaaPrevençãodeIncêndiosFlorestais
(2005b) – “Documentação”. I Jornadas Técnicas de REBELO, Fernando (1995) – “Os conceitos de risco,
DFCI. Lousã, CD com 9 ficheiros e 75,4 MB; perigo e crise e a sua aplicação ao estudo dos grandes
incêndiosflorestais”.Biblos.Coimbra,71,p.511-527;
DGRF – Direcção-Geral dos Recursos Florestais (2006)
– Guia metodológico para elaboração do Plano REBELO, Fernando (1999) – “A teoria do risco analisada
Municipal/Intermunicipal de Defesa da Floresta contra sob uma perspectiva geográfica”. Cadernos de
Incêndios, 4 ficheiros disponíveis em: http:// Geografia, Coimbra, 18, p. 3-13;
www.afn.min-agricultura.pt/portal/dudf/gtfs/
planeamento-dfci-municipal/guia-metodologico-para- REBELO, Fernando (2003) – Riscos Naturais e Acção
a-elaboracao-do-pmdfci; Antrópica. Estudos e Reflexões. Coimbra, Imprensa
da Universidade, 286 p. (2ª edição);
DGRF – Direcção-Geral dos Recursos Florestais (2007)
– Guia técnico para elaboração do Plano Municipal REBELO, Fernando (2005) – Uma Experiência Europeia
de Defesa da Floresta contra Incêndios, 4 ficheiros em Riscos Naturais. Coimbra, MinervaCoimbra, 123 p.
disponíveis em: http://www.afn.min-agricultura.pt/
portal/dudf/Resource/pdf/pmdfci/DGRF- SMITH, Keith (1996) – Environmental Hazards.
GUIATECNICO-PMDFCI-2007.zip Assessoring risk and reducing disaster. London and
New York, Routledge, 389 p. (2.ª edição).
IGP – Instituto Geográfico Português (s/d) –
Cartografia de Risco de Incêndio Florestal. Nova série
2006-2008. Ficheiros disponíveis em: http://
scrif.igeo.pt/cartografiacrif/2007/crif07.htm

FAUGÈRES, Lucien (1990) – “La dimension des faits et la


théorie du risque”. Le Risque et la Crise. Malta,
FoundationforInternationalStudies,218p.,p.31-60;

GONÇALVES, A. J. Bento (2006) – Geografia dos Incêndios


em Espaços Silvestres de Montanha – O Caso da Serra

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