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A carta é uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente. É um meio de
comunicação antigo que tem sido, no mundo moderno, substituído por meios mais
rápidos. Inicialmente pelo telefone, a rádio e o fax, mas nos dias de hoje, o telemóvel e
a Internet pouco espaço deixam para a carta.
Local e data
Saudação ao destinatário
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
Fórmula de despedida
Assinatura do Remetente
Estrutura da carta formal:
Nome e morada
Dados do remetente no canto superior
do remetente
Local e data esquerdo.
Nome e morada
Saudação ao destinatáriodo destinatário Dados do destinatário do lado direito.
Local e data
Introdução Local e data, separados por vírgulas e
com o nome do mês por extenso (poderá
ser escrito do lado esquerdo ou direito).
Desenvolvimento
Destinatário
O destinatário corresponde à fórmula de
Introdução tratamento.
Conclusão
O parágrafo inicial deve apresentar o
Desenvolvimento objectivo da carta de forma resumida.
Fórmula de despedida O desenvolvimento ou Corpo da Carta
Conclusão corresponde a um ou mais parágrafos
Assinatura do Remetente onde se desenvolve, em pormenor, o
assunto da carta, culminando na
conclusão.
Fórmula de despedida
Carta 1:
Maria Martinho
Rua dos Degraus, 208
3300-999 Portinho
“Roupa”
A/C do Gerente de Loja
Avenida das Escadas, 1 – Loja A
3300-988 Portinho
Exmo. Sr.,
Maria Martinho, cliente habitual da vossa loja com sede em Portinho, vem por este meio
apresentar uma reclamação relativa a uma compra efectuada no passado dia 13.
Nesse dia, adquiri uma saia e duas camisolas que, no momento, me pareceram encontrar-
se em bom estado. Mal cheguei a casa, para onde me dirigi directamente depois de sair da
loja, retirei a roupa do saco e verifiquei que a saia estava manchada. Voltei imediatamente à
loja, tendo solicitado que me trocassem a saia. A funcionária da loja recusou-se a aceder ao
meu pedido, invocando o facto de a loja não efectuar trocas de roupa de saldo. Para além
deste motivo, insinuou que a saia estaria em bom estado quando deixou a loja e que,
consequentemente, a responsável pela mancha era eu.
Face ao exposto, pretendo não só a devolução da quantia que paguei pela saia, mas
também um pedido de desculpas da vossa funcionária, cujo comportamento não considero
correcto.
Grata pela atenção dispensada,
Maria Martinho
Carta 2:
Lisboa, 5 de Outubro de 2009
Querida Marta,
Há muito tempo que não escrevo, porque tenho andado ocupadíssima com as coisas da
escola: aulas, teatro, associação de estudantes, e ainda o basquete. Por falar em basquete, ontem,
no treino, caí e torci um pé. Doía que se fartava, de maneira que, como nestas coisas só confio
no meu pai, fui ao consultório. Quando entrei, a Teresa, sempre simpática, gostou muito de me
ver e disse-me que o meu pai não devia demorar. Qual quê! Esperei três quartos de hora. Estava
quase a ir-me embora quando ele apareceu na recepção e me olhou como se eu fosse a mulher-
aranha ou coisa parecida. Perguntou-me o que fazia eu ali àquela hora e, depois de lhe contar o
sucedido, lá me mandou entrar para o gabinete. Viu-me o pé, pôs-me uma pomada, ligou-o e
disse que eu estava fina. No entanto, achou que eu não podia ir aos treinos durante uma semana.
Que seca!
Em cima da secretária, lá estava a moldura que eu lhe ofereci nos anos, com uma
fotografia da minha mãe, do tempo em que ele tinha o cabelo só de uma cor… Uma autêntica
relíquia que eu nem conhecia. Subitamente, arrependi-me de não lhe ter dado a minha fotografia
tirada na praia, mas não lhe disse nada. Como me viu a olhar para a moldura, sorriu e disse:
“Foi uma bela ideia, filha. A outra que eu cá tinha partiu-se.” Fiz também um sorriso que agora
não sei definir e perguntei-lhe se ia jantar. Disse-me que sim, mas tarde, lá para as dez. Já era de
esperar. Despedi-me e, quando ia a sair, chamou-me: “Espera aí. Que cara é essa? Sabes
perfeitamente que eu tenho muito que fazer, Joana. Por mim, claro que ia para casa mais cedo,
filha. Tomara eu ter tempo para jantar com a família!” Não acreditei, mas voltei a sorrir, porque
não tinha nada para dizer. E percebi que os sorrisos servem para uma data de coisas, como por
exemplo para tapar buracos que aparecem quando o mar das palavras se transforma em deserto.
(…)
Porque é que não estás aqui comigo, Marta?!
Acho que vou hibernar para o Havai, este Inverno.
Um beijo da
Joana
(Maria Teresa Maia Gonzalez, A Lua de Joana, Verbo Editora)