Você está na página 1de 5

Cultura, Língua e Comunicação

(CLC 7) Fundamentos de cultura, língua e comunicação – 50 horas

Ficha de trabalho nº 3 1

Objetivo: Formular opiniões críticas, mobilizando saberes vários e competências culturais, linguísticas e comunica-
cionais.

Saber Argumentar

A partir do momento em que temos contato com as pessoas, todos nós precisamos de manter
conversas com pessoas para que possamos obter relações favoráveis com as mesmas. Daí, a importância da
argumentação, saber argumentar, gerenciando as nossas relações com as pessoas que nos rodeiam.

Saber argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se no universo do outro. É também obter aquilo
que queremos, mas de modo cooperativo e construtivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade do
outro.

Segundo Antônio Suárez Abreu, autor do livro “A arte de argumentar”, “as informações são tijolos e o
conhecimento é o edifício que construímos com eles”. O nosso conhecimento é uma integração de
informações a qual nos levará ao entendimento.

 Assim, argumentar significa:


 Aduzir argumentos;
 Objetar;
 Alegar;
 Responder;
 Opor
…

O TEXTO ARGUMENTATIVO
Um texto argumentativo tem como objetivo convencer alguém das nossas ideias. Deve ser claro e ter
riqueza lexical, podendo tratar qualquer tema ou assunto.
É constituído por um primeiro parágrafo curto, que deixe a ideia no ar, depois o desenvolvimento deve
referir a opinião da pessoa que o escreve, com argumentos convincentes e verdadeiros, e com exemplos cla-
ros. Deve também conter contra-argumentos, de forma a não permitir a meio da leitura que o leitor os faça.
Por fim, deve ser concluído com um parágrafo que responda ao primeiro parágrafo, ou simplesmente com a
ideia chave da opinião.
Geralmente apresenta uma estrutura organizada em três partes: a introdução, na qual é apresentada a
ideia principal ou tese; o desenvolvimento, que fundamenta ou desenvolve a ideia principal; e a conclusão. Os
argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser de diferentes tipos: exemplos, comparação, dados
históricos, dados estatísticos, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentos - enfim tudo o que
possa demonstrar o ponto de vista defendido pelo autor tem consistência.
A conclusão pode apresentar uma possível solução/proposta ou uma síntese. Deve utilizar título que
chame a atenção do leitor e utilizar variedade padrão de língua.
A linguagem utilizada normalmente é impessoal e objetiva.
Como redigir um texto argumentativo?
1. Preparação da argumentação:
 procura de argumentos (seleção, número, precisão)
 disposição dos argumentos (plano, encadeamento) 2
 procura de figuras de estilo

1.1 encontrar respostas para as seguintes perguntas:


 que quero eu provar?
 estes argumentos são realmente válidos?
 de que factos disponho? serão sólidos? quais vou utilizar? quais devo manter em reserva?
 haverá pontos fracos na minha argumentação?
 em que ponto posso ou devo ceder?

2. Etapas do texto argumentativo:


 encontrar o problema
 analisar os dados
 dispor adequadamente os argumentos e contra-argumentos
 reformular
 enunciar soluções e propostas
 usar figuras de estilo adequadas
 formular juízos de valor (concordância ou discordância final)

3. Qualidades do texto argumentativo:


 rigor, clareza, objetividade, coerência, sequencialização, riqueza lexical

4. Estrutura do texto argumentativo:


 Introdução: um parágrafo único; afirmação polémica
 Desenvolvimento: dois ou mais parágrafos; argumentos e contra-argumentos, exemplos (cada parágrafo
do desenvolvimento deve decompor-se em três elementos: ponto de partida, argumento e exemplo; os
parágrafos devem ser encadeados uns nos outros pelos conectores lógicos)
 Conclusão: um parágrafo único; retoma da afirmação inicial confirmada ou contrariada

5. Conetores lógicos:
 copulativas: e; nem; também; não só... mas também; tanto... como
 adversativas (oposição): mas; porém; todavia; contudo; apesar disso; ainda assim; não obstante; no
entanto
 conclusivas (efeito): logo; pois; portanto; por conseguinte; por consequência; por isso
 explicativa: pois
 causais: porque; como; visto que; pois que; já que
 comparativas: como; conforme; segundo; assim como... assim também; mais... do que; menos... do
que; ao passo que
 temporais: quando; enquanto; apenas; mal; logo que; antes que; depois que; assim que; à medida que
 concessivas (hipótese): embora; conquanto; ainda que; mesmo que; se bem que; apesar de que
 consecutivas (consequência): tal que; de tal modo que; tanto que; de maneira que
 finais: para que; a fim de que
Exemplo de um pequeno texto argumentativo:

O Papel da Televisão na Vida dos Jovens

3
A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens. Funcio-
na como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente.
A televisão difunde programas educativos edificantes, tais como o ZigZag, os documentários sobre His-
toria, Ciências, informação sobre a atualidade, divulgação de novos produtos…
Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos, cujas características
são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são amplificadas, os defeitos esba-
tidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção produz sentimentos de insatisfação
do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro.
A violência é outro aspeto negativo da televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os com-
portamentos violentos dos heróis, o que pode colocar em risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o
visionamento de cenas de sexo. As crianças formam uma imagem destorcida da sua sexualidade, potenciando
a prática precoce de sexo e suscitando distúrbios afetivos.
Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações de televisão uma restrição de exibição
de material violento ou desajustado à faixa etária nas suas grelhas de programação, dado que a exposição a
este tipo de conteúdos é extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças e dos jovens, pois, tal
como diz o povo, “violência só gera violência”

Tarefa 1
1.1. Resuma a ideia veiculada pelo texto.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
1.2. Quais os aspetos negativos apontados à televisão pelo autor do texto?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
 Leia o texto que a seguir se apresenta:

A Clonagem Humana: Cenários de sonho e de pesadelo…

Em 1991, o doutor Klein, do Instituto de Genética Médica de 4


Genebra, declarou que por volta de 2020 seria possível fabricar
cópias exatas de seres humanos. Em inícios de Outubro de 1993,
cientistas americanos, utilizando embriões humanos defeituosos que
não poderiam sobreviver muito tempo, realizaram uma experiência
de clonagem pioneira, até aí limitada a outras espécies animais e
sobretudo aos bovinos.
A 23 de Fevereiro de 1997, uma equipa de cientistas escoce-
ses consegue reproduzir uma ovelha (a célebre Dolly) sem fecundação. O impacto da notícia é bem maior do
que em 1993. Porquê? Porque a ovelha Dolly foi clonada, não a partir de células embrionárias, mas sim de
uma célula adulta retirada do úbere de uma ovelha. O resultado foi um animal idêntico ao que "doou" a célula,
uma ovelha da espécie Finn Dorset, com o mesmo aspeto e o mesmo código genético.
Julga-se possível fazer o mesmo com os seres humanos, mas, no caso de isso ser verdade, imaginam-
se vários cenários, uns sedutores e outros preocupantes.
José Vítor Malheiros publicou no jornal Público um artigo em que, depois de uma breve introdução,
traça alguns desses potenciais cenários. Acerca de cada um deles levantam-se questões que convidamos o
aluno a formular.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, as leis sobre os direitos dos cidadãos de todos os paí-
ses, os textos doutrinários de todas as religiões, estão cheios de afirmações sobre o carácter único e irrepetível
do ser humano, sobre a liberdade do seu destino, sobre a originalidade intrínseca e o direito à individualidade
de cada um de nós.
A consagração do direito à diferença é algo que consideramos uma das principais vitórias das socieda-
des democráticas e a ciência veio mesmo provar que a diferença no interior de uma espécie é a melhor tática
para sobreviver. Se fôssemos todos iguais - por muito saudáveis que fôssemos - poderíamos sucumbir a uma
mesma infeção. Sendo diferentes, alguém poderá sempre salvar-se. A diferença, para mais, baseia-se num dos
truques mais astutos da natureza - o sexo. Uma maneira de criar um novo ser, completamente diferente, a
partir de dois outros seres cujos patrimónios genéticos são baralhados ao acaso. O processo aumenta a biodi-
versidade dentro da espécie... é tão agradável que há quem diga que condiciona totalmente a estratégia da
nossa vida.
Foi contra este corpo de ideias, de convicções e de paixões que veio chocar a possibilidade de se vir
um dia a clonar seres humanos. Não é surpreendente que ela tenha ferido de tal forma a nossa sensibilidade.
Uma cópia é algo que tem, em princípio, menos valor do que o original e a clonagem parecia vir abrir essa pos-
sibilidade, pela primeira vez, em relação aos seres humanos. A de criar seres humanos de segunda classe.
Depois, o facto de se saber à partida o que vai sair de uma clonagem priva os seres daí resultantes de
algo a que pensamos que todos os humanos têm direito: a lotaria da natureza. Não terão os futuros seres
direito à sua lotaria? A predestinação física a que os forçamos - por muito boa que seja – não os estará a privar
de uma taluda genética? Não será tudo brincar a Deus? E não sabemos bem demais os riscos desse orgulho?
O choque causado pela possível clonagem de seres humanos foi de tal forma violento que muitas pes-
soas preferiram enterrar a cabeça na areia e suspirar pelo tempo em que o acaso dominava o mundo e em que
não era preciso fazer escolhas conscientes. O progresso, porém, não é mais que um combate contra o acaso e
não existe outro remédio, uma vez aberta a caixa de Pandora, do que olhar para o que de lá saiu.
Ninguém sabe se alguma vez se fez uma clonagem de um embrião humano, tornando a implantar as
duas metades no útero de uma mulher e dando origem, artificialmente, a dois gémeos. O processo é fácil e
5
talvez tenha sido feito mas não se sabe.
Quanto à clonagem de seres humanos adultos, que se saiba, nunca foi feita. Mas, depois da clonagem
de uma ovelha adulta, a proeza parece possível. Será admissível? Nos últimos dias, a reação à possível clona-
gem de seres humanos traduziu-se num gigantesco uníssono horrorizado. Decidimos traçar alguns cenários -
que parecem tecnicamente possíveis a curto prazo - para mostrar o que poderá ser a clonagem de seres
humanos.

Tarefa 2

2.1. Debata com os seus colegas as possibilidades seguintes:

Temas de discussão
 Clonagem de indivíduos famosos já desaparecidos, para fins comerciais ou políticos.
 Clonagem de indivíduos ainda vivos com capacidades particulares (desportistas, prémios Nobel)
 Elixir da juventude - Clonagem para obtenção de embriões que possam ser usados como forne- cedo-
res de órgãos para os seres clonados.
 Clone para salvar uma vida - Clonagem de uma pessoa doente para produzir um órgão que lhe pode
salvar a vida.
 Clone do além: a reencarnação - Clonagem, por razões afetivas, de indivíduos mortos.
 Ter um "filho" geneticamente igual a si próprio/a, sem a contribuição genética do outro sexo.
 Um monarca estéril decide clonar-se para garantir o domínio da sua descendência.

Tarefa 3

3.1. Redija um texto argumentativo sobre a clonagem humana, tendo em conta as regras estudadas
anteriormente.

__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

Você também pode gostar