Você está na página 1de 9

Congresso do Laboratório

de Estudos Republicanos

Caderno de Resumos

De 04 a 05 de julho de 2022
entre 10h e 12h30

Evento Online
Transmissão via Google Meet

Organização
Dr. Luís Alves Falcão
Me. Ian Klein da Silveira
Realização: Lic. Lucas Barbosa Gomes
Dra. Fabrina Magalhães Pinto
@estudosrepublicanos

ler.moderna@gmail.com

Link do Meet [Link Permanente]


https://meet.google.com/dyt-fquv-awb?authuser=1&pli=
Programação das
Exposições de Pesquisas

[04/07] Segunda-feira (entre 10h e 12h30)

Maquiavel e o domínio temporal: religião, política e a crueldade


piedosa
Bruno Alexandre Cadete da Silva (UERJ/UFF)

Pensar a representação política: um diálogo com Jean-Jacques


Rousseau
Rayane Batista de Araújo (UFRJ)

Teoria Política e escravidão no Império do Brasil: uma análise do


Terceiro Conselho de Estado (1865-1867)
Caio de Castro Souza Oliveira (UFF)

Humanismo Cívico e Retórica


Carlos Wagner Leal Barbosa Júnior (UFF)

[05/07] Terça-feira (entre 10h e 12h30)


A cidade diante do tempo: notas de pesquisa em torno da
experiência do tempo na História do Povo Florentino
Matheus Teixeira Moretti (UFRJ)

De Republica de Lauro Quirini e a defesa do republicanismo


aristocrático de Veneza
Sérgio Manoel Miranda de Oliveira (UFF)

"Uma vez o povo florentino derrotado, não haveria mais


liberdade": notas sobre o pensamento republicano na chancelaria
de Coluccio Salutati
Lucas Barbosa Gomes (UFF)
Humanismo Cívico e Retórica

Carlos Wagner Leal Barbosa Júnior


Mestrando em Ciência Política (PPGCP-UFF)

Resumo: A construção do pensamento político moderno tem em suas origens o papel decisivo daquilo que a
historiografia especializada conceituou como humanismo cívico. Um dos aspectos fundamentais para a compreensão
deste movimento intelectual é a profunda e imbricada relação entre política e retórica. A retomada dos antigos
possibilita a estes intelectuais e homens públicos uma nova percepção do papel da oratória no contexto político. Com a
releitura de textos como os de Cícero, a retórica passa a ser posta como instrumento indispensável para a enunciação
de uma teoria política que atenda às demandas de seu tempo. Compreendendo o papel de grande importância de
humanistas como Coluccio Salutati e Leonardo Bruni, este trabalho tem por objetivo identificar a relação entre política
e retórica na formação de uma teoria política republicana no Quattrocento italiano.

Maquiavel e o domínio temporal: religião, política e crueldade piedosa


Bruno Alexandre Cadete da Silva


Doutorando em Ciência Política e Filosofia (PPGCP-UFF/UERJ)

Resumo: A tese versa sobre a religião como o principal instrumento de domínio da obra política de Maquiavel. A
nossa premissa é a de que a religião eleva-se como o mais importante mecanismo de poder devido a sua capacidade de
atuação em diferentes esferas, seja de forma isolada, isto é, apenas a religião e as suas armas tidas como espirituais,
como também, no quadro material no momento em que é associada, por exemplo, a outro elemento basilar da época de
Maquiavel: a violência. Quando a religião age no interior do quadro político contribui de forma direta para a formação
ética dos indivíduos e, até mesmo, das instituições através da inspiração para as leis, condução dos exércitos, entre
outros, demonstrando a sua imensa capacidade secular. Com isso, a religião produz elementos, sobretudo, retóricos,
que direcionam a população para uma condição de obediência civil, transformando cidadãos em súditos educados em
patriotismo. Na relação entre violência política e a religião, podemos observar como essas esferas são, de certa
maneira, complementares. No que se refere a manutenção de estruturas de domínio como o Estado, no momento onde
o uso da religião não for suficiente para manter os súditos em comunhão e, por conseguinte, a estabilidade de formas
de governo como o principado ou a república, dispor da violência como técnica política transforma-se em uma
condição limite e vital. Desse modo, em um aspecto mais específico, a religião possibilita, a partir do uso de
sacrifícios considerados “sagrados”, uma espécie de justificativa plausível e ascende a uma condição prática e superior
aos demais instrumentos da política, tornando-se, dessa maneira, uma Crueldade Piedosa. Isto posto, veremos, em
especial, através da figura dos profetas armados, personagens histórico-conceituais reconhecidos por essa prática, a
Crueldade Piedosa, como a justaposição da religião a outros elementos, como é o caso da violência, configura a
ascensão dos conceitos políticos presentes na teoria de Maquiavel, onde essa força reconhecida como transcendental
promove, de forma singular, o domínio temporal.

A cidade diante do tempo: notas de pesquisa em


torno da experiência do tempo na História do
Povo Florentino

Matheus Teixeira Moretti


Mestrando em História (PPGHIS-UFRJ)

Resumo: Em sua História do Povo Florentino, Leonardo


Bruni narra a situação de um orador que discursando diante
do papa Gregório X diz que o “tempo traz muitas
mudanças e os assuntos humanos se enrolam como uma
cobra” (Livro III, 38, p. 275). A imagem do tempo e da sua
ação sobre as questões humanas é inescapável. Em Bruni,
as mudanças – no trecho acima uma categoria enunciada
por um outro, também um orador - são elas mesmas
resultado da atuação de diferentes forças como a natureza,
a ação (ou inação) humana e a fortuna que circunscrevem
determinadas condições das cidades e povos no tempo, ao
que Bruni atribui a noção de estado das coisas (conditio
rerum). Assim, pois, nossa comunicação se concentrará em
torno do vocabulário mobilizado pelo letrado florentino
para designar estes estados da cidade. De modo geral, o
ponto que buscaremos abordar é que ao narrar as condições
que levaram a república à desubstancialização, ou à
ascensão e declínio povos e cidades, Bruni articula a
transformação das formas de governo e instituições ao
modo pelo qual os florentinos (e cidadãos de outras
cidades) situam-se diante do tempo. Há, ao longo dos doze
livros que compõem as histórias, e na medida em que o
(des)enrolar dos eventos é ordenado na (e no tempo da)
narrativa, uma ênfase constante em torno da experiência
comum (e cívica) do tempo. Bruni representa ora como
causa, ora como efeito de determinados acontecimentos um
estado de discórdia; de turbulência; de agitação; de crise e
desordem que acomete a cidade; ou, ainda, um estado de
medo, alarme e ansiedade com relação ao que pode ser o
futuro próximo e longínquo – por exemplo, quando os
cidadãos estão diante de confrontos bélicos iminentes e/ou
de reveses contingenciais. Por tudo isso, parece-nos
interessante seguir este fio como uma forma de melhor
compreender a tensão situada por Bruni em sua historia
entre a expectativa nutrida em torno da estabilidade (e da
concórdia) e os efeitos da inexorabilidade do tempo.
Pensar a Representação Política: um diálogo com Jean-Jacques Rousseau

Rayane Batista de Araújo


Doutoranda em Filosofia (PPGLM/UFRJ)

Resumo: O objetivo da tese é refletir sobre o fenômeno da representação política a partir de um ponto de vista
político-filosófico. Para tanto, a principal pergunta que orienta a pesquisa é: o que é o fenômeno da representação
política? Em outras palavras, o que significa dizer que um representante formal qualquer representa um indivíduo,
um grupo de indivíduos ou um povo? E, por outro lado, o que significa dizer que um representante formalmente
eleito não representa um indivíduo, um grupo de indivíduos ou um povo? Nós fazemos essas perguntas nos
colocando na perspectiva do direito, isto é, o objetivo não é definir em que consiste a representação política de fato,
em um sentido descritivo, próprio da ciência política, mas indagar a sua essência e valor. Neste sentido, nós
buscamos o que é o direito de representar e o que é o direito de ser representado, e não como a representação se dá de
fato nas sociedades contemporâneas. E o valor da pergunta pelos fundamentos é que a resposta nos serve de
parâmetro para julgar os fatos. Para pensar a questão da representação política, nós elegemos o filósofo Jean-Jacques
Rousseau como nosso principal interlocutor. A nossa escolha de interlocutor precisa ser justificada porque não se
trata de uma escolha óbvia. Em primeiro lugar porque Rousseau é um autor moderno que antecede o surgimento das
democracias representativas. Em segundo lugar porque Rousseau é reconhecidamente um grande crítico da
representação. O nosso argumento é o de que, apesar de anteceder o surgimento das democracias representativas e
apesar de ser um crítico da representação (especialmente no âmbito da soberania), Rousseau é um autor que fabrica
ferramentas conceituais que nos permitem medir o grau de legitimidade do exercício do poder dentro de uma
comunidade política, em especial em Do contrato social ou princípios do direito político (1762). Nós acreditamos que
essas ferramentas conceituais podem nos ajudar a julgar quando uma representação é legítima. A nossa proposta na
tese é: i) não desprezar a crítica de Rousseau à representação na esfera da soberania. Acreditamos que não é porque
Rousseau critica a representação que a sua crítica não é interessante para pensarmos a representação, ainda mais em
um contexto de crise; ii) argumentar que há uma defesa da representação em Rousseau – no caso, na esfera do
governo – e nos posicionar contrário às leituras que reduzem esta representação à uma espécie de mandato imperativo
e iii) defender que, em linhas gerais, o mérito da concepção de representação de Rousseau é limitar a representação à
sua função e neste caso nos ajudar a pensar a representação substantiva. O representante só representa quando as suas
ações atualizam os princípios que fundaram o pacto de associação cuja regra geral é a vontade geral. Quando o
representante não segue a vontade geral ou, em outras palavras, quando ele não visa o interesse comum ou, ainda,
quando o representante enxerga na representação não uma função, mas uma condição privilegiada para fazer valer a
sua vontade individual e ou de corpo, ele corrompe os princípios de fundação do corpo político e assim corrói o
Estado por dentro.

De Republica de Lauro Quirini e a defesa do republicanismo


aristocrático veneziano

Sérgio Manoel Miranda de Oliveira


Graduando em História (UFF)

O presente projeto de pesquisa tem como seu objetivo, analisar como se estabelece a
formação do conceito de um republicanismo aristocrático na República Veneziana,
investigando eventos que marcam a consolidação do patriciado veneziano através
dos poderes políticos da república lagunar. Igualmente, analisando os contextos dos
Trecento e Quattrocento venezianos, com o objetivo de elucidar como a aristocracia
veneziana objetiva construir uma imagética, de seu próprio sistema político,
formulando e reforçando aspectos que corroboram para a legitimação republicana
da cidade lagunar; a fundação da cidade sendo uma atribuição romana ou a busca de
autores antigos que com suas linhas argumentativas, corroborassem para a validação
do republicanismo veneziano perante as demais nações da península itálica no
contexto. A fonte que será utilizada nesse projeto é a obra Da República (De
Republica). Assim, nosso objetivo com essa fonte, é investigar como a linguagem
política utilizada por Quirini, reflete exatamente os objetivos de uma construção
imagética a respeito do cenário político veneziano, como que por meio de sua obra,
se faz a defesa de um sistema republicano único em Veneza, buscando enfatizar sua
argumentação com a Política de Aristóteles, o humanista traz ao cenário político da
cidade lagunar, uma discussão que ao mesmo tempo corrobora com a visão do
patriciado veneziano a respeito de seu sistema político, como evidência,
principalmente às demais repúblicas da península itálica, uma proeminência
republicana de Veneza no contexto do século XV, quando foi escrito. A relação
entre o De Republica e o uso de uma base teórica voltada aos autores clássicos,
principalmente com a adaptação de conceitos aristotélicos à realidade do mundo
discursivo latino é direcionada à exaltação dos valores políticos que a república
lagunar buscava apresentar. O fato de Veneza ter resistido desde sua fundação a
tentativas de dominação por seus vizinhos, principalmente em relação ao Sacro
Império Romano-Germânico, às vitórias militares e econômicas contra a rival
Gênova e somado a ausência de um regime tirânico de governo na cidade de São
Marcos, assim como as aparentes noções de estabilidade entre os poderes políticos e
a ausência de conflitos internos, supostamente suprimindo as discórdias civis,
corroboram para a formação de um regime republicano ideal que vai se construindo
desde o século XIII até o século XV, regime este que mesmo não indo de acordo
com os fatos, interessava ao patriciado em evidenciar-lo com o uso de
argumentação política como este sendo harmônico e equilibrado. Assim, Quirini
constrói a imagem do modelo de um nobre, um patrício que deveria compor o
governo republicano, destacando e relacionando, baseado em Aristóteles, a
importância da vida ativa do homem na sociedade, a preocupação com a felicidade
das cidades e o emprego da virtude. O autor veneziano enfatiza sua argumentação
na crítica a demais sistemas governamentais como o reino e principalmente a
democracia; nesta última apresentando argumentos em relação a natureza da
multidão ou natureza da plebe, considerada inapta pelo autor a ter propósitos firmes
ou nas próprias ocupações laborais da plebe, as quais Quirini, classifica como um
dos fatores que não há tornam digna de ocupar as funções administrativas de um
sistema governamental republicano. Por fim, Quirini deixa claro que o melhor modo
de governo é a república, mas um modelo republicano em que os nobres e os mais
capacitados dos cidadãos poderiam exercer os cargos magistrados e deliberar sobre
o Estado, sendo a escolha destes confirmada pelo povo como prova e garantia da
liberdade. Esse modelo de republicanismo é o modelo ideal que a aristocracia
veneziana buscava construir.
❝Uma vez o povo florentino derrotado, não haveria mais liberdade”: notas sobre o
pensamento republicano na chancelaria de Coluccio Salutati

Lucas Barbosa Gomes


Graduando em História (UFF)

Resumo: A pesquisa subsequente tem como objetivo à compreensão da emergência do republicanismo em sua matriz
italiana entre os séculos XIV e XVI. De maneira mais pontual, a investigação tem como escopo de análise o recorte
documental nos textos de Coluccio Salutati (1331-1406), relevante humanista e chanceler no contexto florentino, o
qual expressa em sua epistolaria uma evidente apologia aos preceitos e ideias republicanos que se voltam para as
questões da liberdade da república e, em paralelo, a relevância do vivere civile dos indivíduos imersos nessa lógica
republicana de governo. A análise de dois documentos se configura como fundamental para a compreensão deste
contexto: a Invectiva In Florentinos (1397), do Chanceler milanês A. Loschi e a réplica de C. Salutati, a Contra
Invectiva (1402), e a percepção de sua relevância enquanto motor e disseminador dos ideias republicanos pela
península itálica. Desde meados do século XX, com o campo historiográfico dos debates acerca da cultura política
humanista e o republicanismo compreendido a partir de análises discursivas proposto pelo contextualismo linguístico
se alargando, as divergências historiográficas em relação a essas temáticas se expressam, com isso, em duas
perspectivas. A primeira via interpretativa tem como fundamento sustentar a tese de que nos textos de Coluccio
Salutati, e em outros humanistas florentinos do Quattrocento, não é possível afirmar a emergência sui generis de uma
matriz do republicanismo neste contexto. Autores como Kristeller (1956), Seigel (1968), Skinner (1996) ou Hankins
(2000) apontam uma inclinação mais acentuada para a noção de continuidade com a filosofia política tardo medieval
em Salutati e, também, interpretam que o humanista-chanceler se enquadrava enquanto um oficial do governo
florentino, com a sua apologia à república sendo meramente discursiva para justificar a permanência da autoridade e
legitimidade de Florença no cenário diplomático regional. Em outros termos, nos escritos políticos do chanceler não
há expressões de uma defesa genuinamente cívica. Em outra perspectiva, assim como sustentando na pesquisa
vigente, a percepção da emergência do republicanismo enquanto fenômeno político está, segundo autores como H.
Baron (1955), E. Garin (1965) ou N. Bignotto (1991/2001), atrelado ao conceito de humanismo cívico, sobretudo no
âmbito da preocupação dos chanceleres em delinear uma linguagem política indissociavelmente vinculada com a
participação e manutenção das instituições citadinas com a revalorização da retórica em comunhão com a ética. Será,
assim, nessa comunhão, que a política se configurará enquanto uma dimensão dissemelhante do Medievo na medida
que a ação do homem, enquanto sujeito capaz de interferir nas questões públicas, se tornará a peça central para o
vivere civile – sendo na ética e na retórica as bases dessa relação para a administração citadina. Dessa maneira, nossa
investigação se alicerça em torno da seguinte questão: acreditamos que a epistolaria de C. Salutati é uma das primeiras
tentativas, a exemplo de sua Contra Invectiva, no âmbito da preservação do governo de perfil republicano, de formular
uma defesa diplomática pautada no pensamento filosófico-político de autores greco-romanos (sobretudo Cícero e
Quintiliano) em repensar a retórica como sustentáculo para a manutenção da res publica. Nesses termos, Salutati forja
a ideia da Florença republicana enquanto herdeira da Roma em seu período republicano e, com isso, a base da
legitimidade da autoridade florentina enquanto parte de uma estrutura de continuidade das virtudes e ideias romanos
em seu período de maior apogeu, propriamente na República. Tal modelo republicano (com a retomada de pautas
firmadas na sustentação de liberdades cívicas, isonomia e preservação das leis/instituições) emerge, no pensamento
salutatiano, como uma possibilidade objetiva a ser defendida contra as ofensivas expansionistas de Milão, conduzidas
pelo duque Gian Galeazzo Visconti e associadas à tirania.
Teoria Política e Escravidão no Império do Brasil: uma
análise do Terceiro Conselho de Estado (1865-1867)

Caio de Castro Souza Oliveira


Mestrando em Ciência Política (PPGCP-UFF)

Resumo: Talvez aquele que esteja lendo o presente resumo


estranhe a relação estabelecida entre dois elementos presentes no
título acima. E aqui cabe uma pergunta: será que, enquanto
sociedade brasileira, conhecemos a íntima relação entre política
e escravidão na história do nosso país? Ou tomamos a
escravidão no Brasil apenas como um fato histórico? As
respostas, claramente, podem ser diversas. Do ponto de vista
historiográfico, entretanto, tornou-se possível apontar uma
resposta consensual nas últimas décadas. A presente pesquisa
utiliza um dos percurso possíveis para se chegar a este consenso.
O objetivo aqui, portanto, é mencionar as principais abordagens
historiográficas, sobretudo aquelas que identificaram a íntima
relação entre a política imperial brasileira e a escravidão, para
alcançar o coração do presente trabalho, a saber, uma análise
teórica dos discursos políticos envolvendo a escravidão no
Terceiro Conselho de Estado (1865-1867). O documento
mostrou-se importante para nós visto que representa uma fonte
privilegiada para análise do entendimento dos principais atores
políticos do Império brasileiro sobre a escravidão, em sua maior
instância política. Um número expressivo de importantes
trabalhos historiográficos sobre a escravidão mencionou o
documento em questão, mas, a maioria que o fez, sendo ele tão
importante para a compreensão da íntima relação entre política e
escravidão no Brasil, não debruçou-se sobre as teorias políticas
presentes nos discursos ali proferidos. É importante salientar, a
partir disto, que aqui não há qualquer crítica ou juízo de valor na
afirmativa anterior e à historiografia brasileira, apenas uma
constatação e o apontamento de uma possível lacuna nos estudos
sobre a escravidão no Brasil. Tratando-se de um trabalho de
Ciência Política e, especificamente, de Teoria Política, a
identificação da mencionada lacuna nos orienta apenas para
aquilo que ainda não foi feito e que, por isso, visa contribuir
com a imensa produção de conhecimento acerca de um elemento
constitutivo da formação social e política brasileira - a
escravidão.

Você também pode gostar