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Darley Menendes1
Resumo
Trataremos neste estudo sobre a importância da igreja na esfera pública, suas
demandas, suas responsabilidades e nocividades, na cooperação da construção da
sociedade e estado. Refletiremos acerca dos radicalismos nos embates dos religiosos e
outros grupos sociais, principalmente os LGBT. Influências de seus valores nos projetos
de lei, nas mídias e no cenário político.
Sua ação cidadã no compartilhamento da responsabilidade social, no terceiro setor
e na formação educacional, entendidas como ferramentas eficazes no desenvolvimento
humano e social que enaltecem a sua participação neste processo. É importante refletir
depois de todos esses movimentos, na forma e na responsabilidade da igreja na
sociedade e no Estado. A política de reconhecimento deve ser sempre plural, uma vez
que faça parte de um Estado laico e democrático. Por fim, faremos uma análise aplicada
dessa relação, tendo em vista os parâmetros legais e o discurso eclesiástico. É
necessário considerar a importância da religião na formação da sociedade e do estado,
no que diz respeito à busca de melhores condições de vida e às lutas sociais na
ampliação do campo do direito.
1
Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, matrícula
193699. Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de Bacharel em Teologia, sob a
orientação do Prof. Me. Hugo Fonseca
2
Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, matrícula
192825. Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de Bacharel em Teologia, sob a
orientação do Prof. Me. Hugo Fonseca
INTRODUÇÃO
3
Habermas cita a posição de Hegel diante das concepções kantianas em relação fé e saber, como também
da sociedade da época do mesmo, a saber: a sociedade burguesa do século XIX. Habermas,1929 – O
discurso Filosófico da modernidade págs.44 a 46
4
Hegel atravessou as duas frentes que consistiam na ortodoxia e o partido iluminista, traçando a ideia da
razão de um com a fé de outro. Habermas,1929 – O discurso Filosófico da modernidade págs.37 e 38.
costumes do povo, presente nas instituições estatais e na práxis da sociedade,
conclamando a razão pratica com algo contundente para integração dos temas.
Segundo Hegel a moral mediada pela religião só seria capaz de entrelaçar-se com
o agir do Estado, uma vez que a relação racional explicitasse publicamente associando-
se a mitos e dirigindo-se ao coração. A razão não passaria de ferramenta para afetiva
liberdade política, e a religião popular para atender os designíos que compreendem a
necessidade de esperança e liberdade5.
Desfazendo, portanto, a ideia Kantiana de moral e de religião, Hegel suscita a
dominação cega destes moldes em face à racionalidade moderna. Assim a construção da
sociedade moderna e a religião popular vezes se tornam alinhadas a fé e a luta pelo
agregamento de melhores condições, entretanto confrontavam-se pela forma tradicional
de dominação da sociedade.
Em meio a este despertar e remodelação de sociedade, conforme várias facetas,
imbuídos do animus de cisão entre religião e estado, mesmo por vezes sendo inviável
dissolúvel e indissolúvel, na essência e na interdependência, e ainda com o surgimento
do espetáculo de uma sociedade moderna através de dialéticas, declinou-se
negativamente na construção e superação da sociedade civil burguesa daquele Estado.
A tradição aristotélica de um conceito de política como uma esfera que abrange
Estado e sociedade, teve de ser repensada não na estrutura mais sim na pratica e
contextualidade. Habermas diz ainda que o espaço público ou esfera publica deve ser
analisado filosoficamente, de forma que atenda as peculiaridades sociológica e
históricas, buscando nesta contextualidade correlacionar-se as necessidades da formação
moral e ética, aparelhando com a liberdade de Estado e religião do âmbito popular, mais
ao mesmo tempo igual para crença social.
O que Habermas ressalta são simplesmente na realidade da sociedade burguesa as
pessoas privadas se juntam enquanto publicas como se estivesse acima das autoridades
públicas6. Com isso, Habermas não exemplifica apenas a uma pessoa (individuo), mais
a grupos de dominação que exerce e confere suas intenções em benefícios deles
mesmos, manobrando o restante da sociedade através de Estado Religioso.
5
Trabalhando a ideia da religião racional e popular Hegel discorre acerca de seus atributos de
contextualidade de uma em detrimento a outra. Habermas,1929 – O discurso Filosófico da modernidade
págs.39.
6
Habermas trata da questão da influência da burguesia na coisa pública e as trocas de bens de trabalho
privatizadas.(Habermas 1962:27) - SILVA, Filipe Carreira. Habermas e a esfera pública: reconstruindo a
história de uma ideia. Sociologia, Problemas e Práticas 2001, n. 35, pag.118.
Hegel constata que se por um lado o Estado não pode ser restabelecido por uma
sociedade moderna despolitizada, a ideia da totalidade ética fora tomado como atributo
inteiramente ligado à religião popular. Trazendo a religião pela primeira vez para
atuação pratica da construção social com autonomia não tão somente cultural ou teórico,
mais sim como parte integrante da mesma.
Levado ainda a mesma sociedade burguesa, uma vez que a exclusão da esfera
publica plebeia e sua subordinação à mesma, trouxe a tona os movimentos de tradições
anarquistas e do movimento operário. Porem tanto uma quanto a outra, Estado burguês
como a esfera publica, são meros artifício ideológicos, ambas as ideias, principalmente
o da esfera publica não prevalecera enquanto houver superação entre a sociedade civil e
o Estado.
Contudo, ao entender este processo como a refeudalização da esfera publica
segundo a argumentação habermasiana, ou seja, o caráter critico-racional e a dominação
pela lógica manipulativa das relações públicas corromperam, ou melhor, destituíram a
linguagem social.
Não há, portanto, como exercer direitos e buscar igualdade em meio à sociedade,
uma vez que o Estado está corrompido e impelido das vertentes tendenciosas de caráter
absolutistas, no tocante de que a representação dos interesses públicos, a sociedade não
se compunha de várias correntes e tinha o mesmo como mediador imparcial. Com isso
as ideias difundidas em meio à época destas formas, fizeram aflorar o modelo pós-
moderno que mais a afrente também encontrou suas oposições e divergências entre
Estado e Igreja, como também em alguns casos a convergência entre elas. Enquanto na
esfera publica burguesa a monopolização de ambos era latente, o enfrentamento no
modelo posterior é plausível com a discussão dos interesses nos moldes pós-moderno
Alguns anos depois a teoria da discussão habermasiana de que as redes de
processos comunicativos, tanto dentro como fora do complexo parlamentar e seus
corpos deliberativos, sustentam palcos discursivos em que ocorre a formação da vontade
e da opinião democrática7. O sistema habermasiano de política se configura aberto a
influências de outros sistemas, reagindo às pressões oriundas de problemáticas sociais e
estimulam líderes de opiniões8.
7
O entendimento de Habermas aborda o fluxo de comunicação numa linguística que legitime as práticas
democráticas. SILVA, Filipe Carreira. Habermas e a esfera pública: reconstruindo a história de uma ideia.
Sociologia, Problemas e Práticas, 2001 n. 35, pag.131.
8
O sistema político na concepção habermasiana é entendido como um subsistema especializado na
tomada de decisões, sem reagir em consequência unicamente das problemáticas sociais.
As opiniões, bem como as comunicações e linguagens sociais estimulam as
discussões acerca de valores e pensamentos que demonstram não somente os conflitos,
mais também os pontos de ligação dos subgrupos sociais a fim de estabelecer uma via
de duas mãos nos interesses isolados e promover a manutenção do Estado, sendo o
ponto em que a Igreja faz sua participação como àquela que incuti seus princípios, mais
em contrapartida compartilham responsabilidades.
Não podemos deixar de ressaltar que Habermas ao analisar a religião entendeu
que a mesma se tornou puramente privada e com pouco ou nenhuma capacidade de
orientar a conduta, se resumiu ao individuo e por isso não poderia desempenhar
qualquer papel na esfera publica secularizada9. Estados Laicos, por exemplo, se tornam
imunes a influencia da religião, fazendo que a religião para ser e exercer força em meio
ao discurso transforme a linguagem própria ou privada numa que seja racionalizado a
partir do secular.
No Brasil, o conceito de laicidade prenotou-se com o surgimento da efetiva
republica. Onde houve a separação entre Estado e Igreja, rompendo o laço com a Igreja
Católica, declarando o ensino como leigo, ou seja, sem influência religiosa. Os registros
civis deixaram a esfera eclesiástica, assim como o casamento civil com a criação e
reconhecimento inclusivo para tais, através do colégio Notarial, os cemitérios
decentralizados da igreja para domínios públicos e socializados, incorporando e dando
em forma da lei a liberdade de religião e da igualdade, legitimando o pluralismo
espiritual. Porem deixando claro o descontentamento e contrariedade por parte da igreja
católica com total separação, numa queda de braço que parte de algum reconhecimento
por parte do Estado, até ao apoio dos movimentos frente às ditaduras, complementando
o sua ação de resistência ate os dias atuais por ocasião de representações políticas e
forte detenção de veículos de comunicação.
É importante refletir depois de todos esses movimentos, na forma e na
responsabilidade da igreja na sociedade e no Estado. A política de reconhecimento deve
ser sempre plural, uma vez que faça parte de um Estado laico e democrático, pois ao
atender somente um grupo, não há conservação da democracia e manutenção do poder
(Habermas,1992:300) SILVA, Filipe Carreira. Habermas e a esfera pública: reconstruindo a história de
uma ideia. Sociologia, Problemas e Práticas,2001 n. 35, pag.132.
9
A ideia de que a religião tratava de questões privadas por isso estava obsoleta face às demandas da
esfera pública analisada por ele a luz de clássico da sociologia. ZABATIERO, J. P. T. A religião e a
esfera pública. Caderno de Ética e Filosofia Política, v. 12, n. 1, p. 139 e 140, 2008.
do estado em neutralidade, doravante, fechar-se para as demandas atuais na discussão
para a formação do Estado é voltar-se para tais atributos necessários, mais considerando
os campos da moral e ética emanada da esfera pública através das mesmas, na
contribuição, nas ações solidárias e de formação educacional que estas instituições têm
proporcionado ao longo dos anos em que não só lideram a qualidade, como a
capacidade no que diz respeito às áreas culturais, econômicas e de ordem
constitucionais que tanto somam na edificação do estado e sociedade.
O exemplo a tomarmos percorre desde as fundações e desbravações de novas
terras e povos a o novo contexto de missiologia dotado das variadas linhas que se
apropriam aos evangélicos e ecumênicos, no movimento pelo despertar popular, ao
simples pastoreio e tutelagem dos mais humildes, culminando na ideia de missão
integral e participação pública e política da igreja. Cumpre a sua responsabilidade
enquanto espirituais, instituição e subgrupo da sociedade, compartilhando deveres com
o Estado no que diz respeito a sua constituição, regulação, ampliação e deveres. Assim
ao mesmo tempo em que faculta a elas coparticipação, como essencial, seus valores se
tornam moedas de troca a serem aceitos, que quase sempre são geradores de problemas
para esse Estado Democrático e Laico.
Em todo tempo da história a episteme liberal, fundada num dualismo entre espaço
público e vida privada, político e religioso, profano e sagrado, objetivo e subjetivo 10.
Mesmo diante deste dualismo a religião estava delimitada a subordinação da
configuração da sociedade pós-moderna. Podemos entender esta sociedade apontando
três pontos normativos: assuntos e convicções religiosas retidas a esfera privada; a
neutralidade do Estado; e a separação entre Igreja e Estado.
A divisão de uma lógica pluralista, que por sua vez abriu espaços para o debate
entre as instituições a fim de observar a forma que estas se relacionam entre si no
10
A subordinação e delimitação das atribuições da igreja voltadas à esfera privada em relação à sociedade
após os anos 70. BURITY, Joanildo A. Religião e política na fronteira: desinstitucionalização e
deslocamento numa relação historicamente polêmica. Revista de Estudos da Religião, n. 4, p. 27 e 28,
2001.
espaço publico e na política. Despolarizando os campos de conceitos, que exercem
influência na sociedade, criando certa oscilação ou variável para a criação do ético-
político e também moral, deixando os antigos preceitos fechados de divindade, ciência
ou história e abrindo as perspectivas atuais, bem como suas consequências as
problemáticas sociais.
O exemplo de contribuição básica destas dialéticas e o novo posicionamento de
Estado e religião podem ser notados com a crescente atividade reguladora do Estado no
que diz respeito às áreas privadas tentando por fim a impasses ideológicos e sociais.
Resultado disso gera fatores concernentes ao processo de modernização e ampliação da
oferta religiosa, uma vez que o processo de pluralismo espiritual e secularização da
sociedade e neutralidade estatal acirrou à competição entre as religiões no afã dos
reconhecimentos, reserva de espaços e representatividade em meio à sociedade, bem
como a edificação de grandes instituições e avanço no processo eleitoral quanto ao
número de cargos eletivos alcançados nas disputas eleitorais, na educação e na
filantropia. Com isso, os embates de busca pelo espaço e participação política das
religiões, forçaram o Estado a assumir as mediações dos conflitos a fim de suprir as
eminentes necessidades sociais.
O reconhecimento da justiça e participação tomou forma como movimentos
culturais, temas e questões outrora obstantes do Estado, considerados de ordem
particular, mais agora assumidamente demandas coletivas a serem respondidas e
discutidas.
No espaço público contemporâneo, as igrejas vão a público, discutem temas
sociais, mobilizam-se acerca de determinados assuntos, assumem posições partidárias,
lançam candidatos, tudo para resguardar suas convicções, espaço e poder representativo
em meio à sociedade. Com a transferência subsidiada pelo Estado no que diz respeito ao
terceiro setor, a ligação política entre Estado e igreja (religião) reforça-se a ponto destes
mesmos comporem o governo por conta da manipulação popular em favor do Estado e
dele próprio, cada vez mais distante dos projetos relevantes à causa publica sem
nomenclatura, principalmente as dos mais necessitados.
Podemos notar que como ponto positivo a presença da igreja na sociedade pós-
moderna através destas ferramentas e posições políticas levaram a discussão vários
assuntos que contribuíram para o avanço da sociedade, a construção de leis que
conservam a ordem e a justiça e ainda na grande onda do setor da assistência social a
luta pela desigualdade e crescimento social, bem como a culturação dos indivíduos, na
formação da moral e ética que resguardam ela própria.
Esses fatores observados, bem como os limites extrapolados do estado em
detrimento a essa força política, atestam cada vez mais a insuficiência do neutralismo e
relação sadia da igreja e estado. Por outro lado, vemos a igreja perdendo suas bases e
forjando-se cada vez mais organização, querendo aos poucos ser Estado.
As ideias de discussão das demandas advindas dos grupos com tendência de ser
progressivamente mais plurais levam a tanger acordos que envolvem uma delimitação
de que é justo razoável aceitável nas diferenças de tais formas de vida que expressam
posições, valores crenças e práticas, por sua vez ecoam na esfera publica.
Manffe diz “na medida em que atuem nos limites constitucionais, não há nenhuma
razão por que os grupos religiosos não podem intervir na arena política para debaterem
a favor ou contra certas causas” (IDEM 37). E ainda “certamente, em países onde a
religião é central, indiferentes as identidades pessoais, seria antidemocráticos proibir
certas questões que são importantes pras os crentes, de entrarem na agenda
democrática” (MANFFE, IDEM 37, IDEM 38).
O pluralismo então simplesmente facilita o acesso político e a esfera política das
religiões e esta no cotidiano e na sociedade, o único empasse são as intransigências e
imposições do movimento e pensar religioso.
Segundo Rosenfeld11, os esforços religiosos para criminalizar o aborto e a
homossexualidade, coibir excessos da economia de mercado, lançando mão das
concepções religiosas, serve sim para referenciar preocupações morais, mais deve
entender as perspectivas religiosas e não religiosas, promovendo assim, um pluralismo
compreensivo para um bom desfecho social.
O que se vê hoje nada mais é do que um ativismo religioso, mobilizado contra o
secularismo, as injustiças e desigualdades, transformando a religião em ferramenta
política e a política em ferramenta da religião.
A construção e ampliação dos direitos, bem como a busca pela presença em meio
à disputa pelo poder, reservam a estes movimentos lugar cativo nas bancadas de
discussões que quase sempre estão munidas por conta de seu crescimento agressivo no
que se refere à massa e a organização como um todo, já que são muitas vezes detentoras
11
Tratando da repolitização das esferas religiosas e moral privadas, bem como a renormativização das
esferas econômicas e políticas públicas. (Rosenfeld,1999:41) BURITY, Joanildo A. Religião e política na
fronteira: desinstitucionalização e deslocamento numa relação historicamente polêmica. Revista de
Estudos da Religião, n. 4, pag.39, 2001.
de grandes fortunas, patrimônio e veículos de comunicação em massa. Seus
representantes alçam voos longos para receber votações expressivas e variadas no que
diz respeito ao denominacionalismo, mixigenando a origem do voto, mais considerando
a ideia e propósito pelo qual estes estarão nestes cargos eletivos.
Na visão de Locke (1973), por exemplo, os grupos religiosos são formações
voluntárias, que reúnem os que concordam com as mesmas proposições de fé 12. É claro
que essa concepção traduz um entendimento bastante particular do que seja uma
“Igreja”, também particular é a etnicização da religião.13
É valoroso ressaltar também as frentes de apoio supra-denominacionais e com elas
suas lutas não somente no sentido de imprimir seus valores particulares, mais em rever a
responsabilidade social, a adequação das leis e a ampliação de projetos de ordem
popular, alcançando os mais carentes, vezes por relacionar-se com o público dos
mesmos, haja vista que sua maioria “a massa religiosa” compreende também as classes
econômicas mais baixas da sociedade. Sendo isso, ou não, nas últimas décadas
assistimos o seu crescimento em meio à abertura da voz religiosa na política e na esfera
pública.
Não podemos, porém, conceber aos radicalismos que levam estes movimentos a
travarem verdadeiras guerras, mais sim provocar discussões e relevar as posições das
variadas demandas sociais, promovendo um avanço na efetivação e formação de um
Estado Democrático de Direito.
12
Abordando o tema da liberdade religiosa Locke não pensa nos grupos etnicamente, mais sim dando
ênfase a junção de pessoas com a mesma ideologia.(Locke,1973) GIUMBELI, Emerson. A presença do
religioso no espaço público: modalidades no Brasil. Religião e Sociedade, v. 28, n. 2, pag.96, 2008
13
A ideia de Igreja de forma particular é referida a formações voluntárias e relação com formas históricas
e concretas segundo Locke. (Locke,1973) GIUMBELI, Emerson. A presença do religioso no espaço
público: modalidades no Brasil. Religião e Sociedade, v. 28, n. 2, pag.96, 2008
atuais, grandes embates que tomaram mídia, congresso e as ruas do Brasil, a saber: a
PLC 122 (PL n° 5003, de 2001da Câmara dos Deputados/ da Deputada Iara Bernardi),
conhecida por “Lei da Homofobia” e a PDC 234 da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados do Deputado Marcos Feliciano, intitulada por “Cura Gay”.
A PLC 122 foi alvo de polêmicas que tomou conta do congresso, da mídia e a
esfera pública como um todo. Olhando melhor para seu texto de 2006 que fora
submetido à apreciação e discussão da Comissão de Direitos Humanos e Legislação do
Senado Federal, retificado e relatado pela Exma. Senadora Sra. Fátima Cleide, onde na
mesma através desta propõe a alteração das Leis (Lei n° 7716, de 5 de Janeiro de 1989)
que define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor,(Decreto de Lei n° 2.848,
de 7 de Dezembro de 1940) redefinindo o gênero e o (Decreto de Lei 5.452, de 1° de
Maio de 1943). A fim de coibir a discriminação de gênero, sexo, orientação sexual e
identidade de gênero.
Na análise da relatora, que propõe tais alterações na PLC, justifica tais dizendo
que o tema esta intimamente ligado aos direitos da liberdade e a igualdade, preceitos
estes constitucionais. Prenota-se preconceito e discriminação como violência que
permeia os dias atuais na vida de milhões de brasileiros, portanto, constrói seu texto
preocupando-se com os direitos básicos dos seres humanos como: ir e vir, ao trabalho, a
saúde, a educação, ao direito primeiro, o da vida.
Até esses pontos aparentemente existe concordância entre os grupos sociais, mais
o projeto abrange um pouco mais do que a trivialidade deste discurso. Quando a relatora
refere-se primeiramente que o termo como projeto da homofobia fosse equivocado,
talvez até ai sim, porem ressalta que contem em seu teor artigos que explicitam o
combate à discriminação as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e ainda
diz que fora inserido através de um substitutivo com a inserção da discriminação do
gênero, gênero este que se ampliou de conceito por igualar este novo grupo aos de
mulheres, deficientes e negros.
Isto bastou para levantar a bancada religiosa com unhas e dentes contra a Lei,
porém ao tanger sua justificativa a relatora embasa seu pedido para votação na liberdade
e pluralismo político, reforça a igualdade dos méritos em questão para alcançarem as
pessoas jurídicas, o que foi a gota d água, pois alcançaria as organizações religiosas
conforme trecho da Lei abaixo:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem,
condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação
sexual ou identidade de gênero. (NR)
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes,
bares ou locais semelhantes abertos ao público. Pena: reclusão de um
a três anos. Parágrafo único: Incide nas mesmas penas aquele que
impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em
locais públicos ou privados abertos ao público de pessoas com as
características previstas no art. 1º desta Lei, sendo estas expressões e
manifestações permitida às demais pessoas. (NR)
Igualmente, configuram-se meritórios os dispositivos prescritos no
PLC nº 122, de 2006, que alcançam a pessoa jurídica, na justa medida
de sua responsabilidade na multiplicação de condutas lesivas à
sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA