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Com relação ao termo Contra-Reforma, Palomo afirma que ele é utilizado sem o
seu caráter ideológico que tem sido utilizado corriqueiramente pela historiografia. A
escolha se deu em razão do recorte temporal de análise, os séculos XVI e XVII e por ter
se centrado no reino, e não o Império. Por outro lado, os conceitos de
confessionalização e disciplinamento social respondem à análise sobre a atuação das
diferentes confissões na Europa ocidental no período. Os termos surgiram pelo esforço
de superar as análises que escanteavam os aspectos culturais da análise histórica. Foi o
historiador alemão Gerhard Oistreich que cunhou a ideia de uma ação disciplinar que
norteou processos dos mais variados tipos, políticos, religiosos, sociais, culturais.
Depois dele, foram outros dois historiadores alemães, Wolfgang Reinhard e heinz
Schilling, que acentuaram o papel do disciplinamento nas configurações políticas do
Dezesseis e Dezessete através do conceito de confessionalização.2
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Os instrumentos do poder régio
O poder episcopal
A Inquisição
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Foi através de D. João III em 1536 que o Tribunal instalou-se em Portugal com a
aprovação de Clemente VII. Porém, foi através da figura do cardeal D. Henrique, que se
tornaria Inquisidor Geral, que o tribunal ganhou seus traços mais distintivos. Este tópico
parte, segundo Palomo, dos estudos feitos por Francisco Bethencourt sobre a instituição
portuguesa. Com relação à Inquisição espanhola, a figura do Inquisidor Geral português
possuía uma maior proeminência na escolha de seus deputados, uma vez que diferente
de lá o monarca era apenas consultado sobre a pertinência ou não dos deputados
escolhidos por ele. O Santo Oficio encarnou uma força centrípeta relativa aos tribunais
de distrito. Neles, as heresias eram perseguidas e combatidas, e alargou-se o âmbito de
atuação de tribunais, a exemplo do que se achava em Lisboa, para outras partes do
império, a exemplo do Brasil. 10 Os inquisidores responsáveis por atuar nestes tribunais,
geralmente graduados em Direito canônico, eram nomeados pelo inquisidor geral, o que
garantia esse aspecto centralizado. Tinham a ajuda de comissários e dos chamados
familiares, que se tratavam de leigos que eram responsáveis, por exemplo, pela prisão
de suspeitos de crimes contra a fé. As heresias constituem um objeto interessante de
análise, pois o alargamento da semântica por trás deles conferiu um poder de atuação
cada vez maior ao Santo Ofício. A Inquisição, assim como o episcopado, valeu-se de
visitações e das denúncias feitas durante elas para a expansão do controle sobre os
comportamentos.11
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