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Origem da Festa de Corpus Christi

No dia 23 de junho deste ano de 2011, a Igreja


celebra a festa de Corpus Christi, Solenidade
que teve início no século XIII, na pequena
cidade italiana de Bolsena. A celebração do
Corpo de Cristo acontece na primeira quinta-
feira após a Festa da Santíssima Trindade.

No ano de 1263 um padre da Boemia,


Alemanha, que tinha dúvidas sobre a presença
real de Jesus na Eucaristia, presenciou um
milagre durante uma viagem que fazia à Itália,
quando celebrou a Missa no túmulo de Santa
Cristina na cidade de Bolsena. No momento da
consagração ele viu escorrer sangue da Hóstia
Consagrada banhando o corporal. O sacerdote
impressionado, correu até a cidade de Orvieto,
onde morava o Papa Urbano IV, que enviou a
Bolsena um bispo para ter a certeza do
ocorrido e levar até ele o tecido
ensanguentado. Porém, não suportando a
espera, o Pontífice foi ao encontro do Bispo
para ver o corporal e eles se encontraram na
ponte do sol.

Em 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV


proclamou a bula “Transiturus”, que instituía
para todo o cristianismo a Festa de Corpus
Christi. Algumas semanas antes de pronunciar
este importante ato, no dia 19 de julho, o Papa
junto com alguns cardeais e uma multidão de
fiéis, fizeram uma solene procissão pelas ruas
da cidade levando o corporal manchado de
Sangue. Esta foi a primeira procissão de Corpus
Christi. A Festa, porém, ganhou projeção
somente 50 anos mais tarde com o Decreto do
Papa Clemente V, mas ainda nesta época as
procissões realizadas com o Santíssimo
Sacramento como fazemos hoje, não existiam,
elas vieram com o tempo, e nasceram da
piedade popular.

Mais do que a origem histórica, a Igreja alerta


para o grande significado teológico desta festa,
ressaltado a partir do Concilio Vaticano II. A
partir da Festa de Corpus Christi a Adoração
Eucarística, bem como a Procissão passaram a
fazer parte da vida dos féis. A Adoração
Eucarística, bem como a procissão do
Santíssimo Sacramento nasceram há oito
séculos e são realizadas somente na Igreja
Católica de Rito Latino. Esta devoção só é plena
quando vivida sob a luz do mistério Pascal e no
verdadeiro sentido de Ação de Graças, pois é
justamente o que significa a palavra Eucaristia.

O termo grego Eucharistein refere-se as


bênçãos judaicas proclamadas durante as
refeições que recordam as obras de Deus:
criação, a redenção e a santificação. Na última
ceia, antes de ser crucificado, Jesus instituiu o
sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue, no
desejo de perpetuar sua entrega na cruz até
que ele volte. Através dos séculos este sacrificio
tem sido celebrado nos altares de todo o
mundo, nas espécies do pão e do vinho.

Mas, por que Jesus escolheu o pão e o vinho


para seu Corpo e Sangue?

Parte da resposta está na tradição judaica, a


qual Jesus deu novo significado. Segundo o
doutor em teologia sistemática, padre Marcial
Maçaneiro, “o pão lembra a colheita, a oferta
das primeiras coisas, que eram colhidas nos
ramos de trigo, para Deus, e Jesus assume esse
sentido bonito de pão, de colheita. Jesus é a
primícia da Nova Aliança, o primeiro fruto, Jesus
é também o pão da vida. Já o vinho remete a
uma outra tradição, das videiras, da fabricação
dessa bebida que lembra também o sangue
dos cordeiros. Então há um simbolismo muito
bonito”.

O teólogo e pregador do Papa, Frei Raniero


Cantalamessa, explica que o mistério
Eucarístico pode reunir também outros
significados devido a profundidade do
Sacramento. “O pão é fruto do trabalho do
homem, alimento que reúne as pessoas ao
redor da mesa, portanto é sinal de comunhão,
não serve somente para matar a fome, mas é
um sinal evidente de unidade. O vinho é
símbolo de alegria, é usado para festejar. A
Bíblia mesmo diz: o pão sustenta o vigor do
homem e o vinho dá alegria ao seu coração.
Jesus instituiu a Eucaristia em forma de
banquete, um banquete nupcial”, ressaltou.

Outra pergunta surge: Por que então ao invés


do Pão, se usa a hóstia, nas celebrações?

O especialista em liturgia, padre Kleber


Rodrigues da Silva, explica que a utilização do
pão àzimo pode ser feita normalmente e que o
uso da hóstia só é feito pela Igreja Católica de
Rito Latino. “É um sinal, justamente, pastoral,
pela prática pastoral, que diante da dificuldade
ou do tempo que se gasta para partir o pão.
Então hoje se utiliza a hóstia, a partícula”, disse.
Mais do que compreensão, a Igreja chama a fé
neste grande mistério, pois nele Cristo cumpre
a promessa: “Eu estarei sempre convosco, até
ao fim do mundo” (Mt 28, 20).

O pão para celebrar a Eucaristia deve ser só de


trigo, confeccionado recentemente e, segundo
a antiga tradição da Igreja latina, sem fermento.
O vinho para celebrar a Eucaristia deve ser de
uvas, fruto da videira, natural e puro, sem
qualquer mistura de outra substâncias.

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