celebra a festa de Corpus Christi, Solenidade que teve início no século XIII, na pequena cidade italiana de Bolsena. A celebração do Corpo de Cristo acontece na primeira quinta- feira após a Festa da Santíssima Trindade.
No ano de 1263 um padre da Boemia,
Alemanha, que tinha dúvidas sobre a presença real de Jesus na Eucaristia, presenciou um milagre durante uma viagem que fazia à Itália, quando celebrou a Missa no túmulo de Santa Cristina na cidade de Bolsena. No momento da consagração ele viu escorrer sangue da Hóstia Consagrada banhando o corporal. O sacerdote impressionado, correu até a cidade de Orvieto, onde morava o Papa Urbano IV, que enviou a Bolsena um bispo para ter a certeza do ocorrido e levar até ele o tecido ensanguentado. Porém, não suportando a espera, o Pontífice foi ao encontro do Bispo para ver o corporal e eles se encontraram na ponte do sol.
Em 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV
proclamou a bula “Transiturus”, que instituía para todo o cristianismo a Festa de Corpus Christi. Algumas semanas antes de pronunciar este importante ato, no dia 19 de julho, o Papa junto com alguns cardeais e uma multidão de fiéis, fizeram uma solene procissão pelas ruas da cidade levando o corporal manchado de Sangue. Esta foi a primeira procissão de Corpus Christi. A Festa, porém, ganhou projeção somente 50 anos mais tarde com o Decreto do Papa Clemente V, mas ainda nesta época as procissões realizadas com o Santíssimo Sacramento como fazemos hoje, não existiam, elas vieram com o tempo, e nasceram da piedade popular.
Mais do que a origem histórica, a Igreja alerta
para o grande significado teológico desta festa, ressaltado a partir do Concilio Vaticano II. A partir da Festa de Corpus Christi a Adoração Eucarística, bem como a Procissão passaram a fazer parte da vida dos féis. A Adoração Eucarística, bem como a procissão do Santíssimo Sacramento nasceram há oito séculos e são realizadas somente na Igreja Católica de Rito Latino. Esta devoção só é plena quando vivida sob a luz do mistério Pascal e no verdadeiro sentido de Ação de Graças, pois é justamente o que significa a palavra Eucaristia.
O termo grego Eucharistein refere-se as
bênçãos judaicas proclamadas durante as refeições que recordam as obras de Deus: criação, a redenção e a santificação. Na última ceia, antes de ser crucificado, Jesus instituiu o sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue, no desejo de perpetuar sua entrega na cruz até que ele volte. Através dos séculos este sacrificio tem sido celebrado nos altares de todo o mundo, nas espécies do pão e do vinho.
Mas, por que Jesus escolheu o pão e o vinho
para seu Corpo e Sangue?
Parte da resposta está na tradição judaica, a
qual Jesus deu novo significado. Segundo o doutor em teologia sistemática, padre Marcial Maçaneiro, “o pão lembra a colheita, a oferta das primeiras coisas, que eram colhidas nos ramos de trigo, para Deus, e Jesus assume esse sentido bonito de pão, de colheita. Jesus é a primícia da Nova Aliança, o primeiro fruto, Jesus é também o pão da vida. Já o vinho remete a uma outra tradição, das videiras, da fabricação dessa bebida que lembra também o sangue dos cordeiros. Então há um simbolismo muito bonito”.
O teólogo e pregador do Papa, Frei Raniero
Cantalamessa, explica que o mistério Eucarístico pode reunir também outros significados devido a profundidade do Sacramento. “O pão é fruto do trabalho do homem, alimento que reúne as pessoas ao redor da mesa, portanto é sinal de comunhão, não serve somente para matar a fome, mas é um sinal evidente de unidade. O vinho é símbolo de alegria, é usado para festejar. A Bíblia mesmo diz: o pão sustenta o vigor do homem e o vinho dá alegria ao seu coração. Jesus instituiu a Eucaristia em forma de banquete, um banquete nupcial”, ressaltou.
Outra pergunta surge: Por que então ao invés
do Pão, se usa a hóstia, nas celebrações?
O especialista em liturgia, padre Kleber
Rodrigues da Silva, explica que a utilização do pão àzimo pode ser feita normalmente e que o uso da hóstia só é feito pela Igreja Católica de Rito Latino. “É um sinal, justamente, pastoral, pela prática pastoral, que diante da dificuldade ou do tempo que se gasta para partir o pão. Então hoje se utiliza a hóstia, a partícula”, disse. Mais do que compreensão, a Igreja chama a fé neste grande mistério, pois nele Cristo cumpre a promessa: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20).
O pão para celebrar a Eucaristia deve ser só de
trigo, confeccionado recentemente e, segundo a antiga tradição da Igreja latina, sem fermento. O vinho para celebrar a Eucaristia deve ser de uvas, fruto da videira, natural e puro, sem qualquer mistura de outra substâncias.