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Autoridades desistem de resgatar

homem que caiu em buraco nos


EUA
02/03/2013
Jeff Bush dormia quando cratera se abriu em sua casa na quinta (28).
Polícia considera impossível o resgate e acredita que ele esteja morto.

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Polícia se reúne em frente à casa de Jeff Bush após ele ser engolido por um buraco, na Flórida (Foto: Edward
Linsmier/Getty Images/AFP)

As autoridades da Flórida , nos Estados Unidos, desistiram neste sábado (2) de


encontrar um homem que desapareceu no interior de uma enorme cratera aberta na
noite de quinta-feira no quarto de sua casa e acreditam que ele está morto.
Após horas analisando como tirar o indivíduo do buraco, de cerca de nove metros de
profundidade, as equipes de resgate de Brandon, nos arredores de Tampa, consideraram
impossível retirar o homem diante da instabilidade do terreno e da expansão da cratera. O
buraco foi considerado muito profundo, amplo e instável e os esforços das autoridades agora
é saber se existem mais casas ameaçadas.
A vítima, Jeff Bush, estava dormindo em sua cama no momento do acidente. Seu
irmão, Jérémy, que também se encontrava na residência, contou que ouviu um forte golpe e
em seguida escutou gritos de Bush pedindo ajuda.
Quando chegou ao quarto, acendeu a luz e viu apenas um enorme buraco no chão e
parte do colchão de seu irmão. Jérémy ainda tentou escavar os escombros, mas a polícia
chegou e o retirou do local, alegando que o solo da residência estava instável e existia o risco
do buraco aumentar.
"Dentro de mim sei que está morto, mas quero estar aqui com ele. Era meu irmão",
disse Jeremy Bush na sexta-feira, acrescentando que no momento do incidente havia cinco
pessoas na casa, incluído uma criança de dois anos.
Engenheiro em frente à casa onde buraco surgiu nesta sexta-feira (1º) na Flórida (Foto: AFP)

As autoridades locais não conseguiram sequer entrar na residência, por considerar


que a estrutura do imóvel poderia cair a qualquer momento.
O buraco tem entre seis e nove metros de diâmetro e as autoridades fizeram uma
zona de segurança de 30 metros ao redor da cratera, segundo Bill Bracken, responsável da
companhia de engenharia que está realizando o resgate. As casas nos arredores da cratera
tiveram que ser evacuadas.
Este tipo de buraco é relativamente comum na Flórida, devido ao terreno de pedra
calcária e outras rochas de carbono local, que sofre erosão facilmente em função da água do
subsolo, o que cria escoadouros que muitas vezes provocam o surgimento das crateras.
No futuro, plantações
estarão dentro das
grandes cidades
Em 2050, nosso planeta terá 9 bilhões de pessoas para alimentar. O que fazer até lá?

RAFAEL TONON
29 ABR 2016

Em uma das áreas mais valorizadas de Greenpoint, na região


do Brooklyn, em Nova York, uma antiga fábrica abriga uma fazenda
urbana que se apresenta como possível salvação para a escassez
de comida que, segundo a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), deverá afetar o mundo todo
em menos de 15 anos. De fora, nada indica uma propriedade tão
inovadora assim: só dá para ver as estruturas antigas do prédio,
um letreiro de divulgação de uma empresa que não existe mais e
alguns metais já enferrujados. Mas basta entrar na construção
para entender a revolução que o jovem empresário Viraj Puri,
fundador da startup Gotham Greens e dono da tal fazenda, vem
tentando empreender.
O pavilhão parece saído de um filme de ficção científica: as
mudas, cultivadas em uma espécie de estufa, são todas
verdíssimas e estão cercadas de computadores. Com
aproximadamente 1,5 mil m², essa plantação foi a precursora de
um movimento iniciado ainda em 2011, quando Puri resolveu
cultivar hortaliças, ervas e alguns vegetais hidropônicos no
telhado da antiga fábrica — depois, vieram mais três unidades,
totalizando hoje quatro fazendas nesses moldes, instaladas em
Nova York e em Chicago, com produção anual de mais de 20
milhões de mudas. “Conseguimos produzir o ano inteiro,
independentemente do sistema de estações e safras que permeia
a agricultura convencional. Isso possibilita uma produção até 50%
maior do que a de uma fazenda comum, com economia de energia
de 25% por quilo de muda produzida”, afirma Puri.

A área foi projetada para ser totalmente sustentável. Ela tem,


por exemplo, várias placas fotovoltaicas que alimentam as luzes
de LED responsáveis por garantir a fotossíntese das plantas
mesmo quando há pouco sol. Fora isso, uma estrutura coberta de
vidros, um sistema de ventilação passiva e cortinas térmicas
permitem controlar qualquer décimo de grau centígrado da
temperatura ali dentro, independentemente do frio ou do calor que
faça fora.
A irrigação é feita por um sistema inteligente, que analisa a
quantidade de água que as plantas requerem em cada horário do
dia. Esse mesmo sistema também emprega a recirculação e
reutilização da água. Para completar, toda a produção é livre de
pesticidas e não há qualquer tipo de escoamento de fertilizantes
nas águas subterrâneas (uma das principais causas de poluição
da água potável atualmente). “Nosso método requer dez vezes
menos água do que os sistemas convencionais e não contribui
para a poluição dos lençóis freáticos”, afirma Puri.
A fazenda de Puri foi a primeira plantação desse tipo criada
nos Estados Unidos em escala comercial, mas hoje já existem
dezenas de outras como ela, estruturadas dentro de edifícios ou
no topo de construções de grandes cidades. Em comum, todas
permitem plantar — sem um grama de terra sequer — alimentos
com o máximo de eficiência possível, utilizando altíssima
tecnologia computacional para controlar a incidência de raios
solares, a absorção de nutrientes e até a circulação de ar.
MAIS COM MENOS
O mundo deve aumentar em 70% a produção de alimentos
até 2050 para atender à crescente demanda global. “Precisamos
buscar sistemas alimentares que sejam independentes do clima”,
diz Allison Kopf, CEO da Agrilyst, startup norte-americana
especializada em processamento de dados para fazendas. “Por
‘independentes do clima’ quero dizer um modelo indoor, em áreas
internas com todas as variáveis controladas”, complementa.
Kopf ajuda os agricultores entusiastas da tecnologia a
coletar e avaliar dados referentes às suas plantações para um
controle completo do cultivo. Por meio de sensores instalados nas
plantações, eles calculam a necessidade de maior ou menor
irrigação e acompanham a absorção de raios solares e nutrientes
quase em tempo real. Além disso, conseguem controlar a
circulação de ar e, assim, estabilizar a temperatura.
[...]
Hoje, mais de 800 milhões de hectares de terras — quase
40% da superfície terrestre do planeta — são usados para a
agricultura. Esse tipo de cultivo é mantido há mais de 10 mil anos,
o que tem gerado um desgaste muito grande dos solos em função
da monocultura e da contaminação por pesticidas. [...]
Para o professor, o modelo tradicional de cultivo tende a ficar
ainda mais difícil à medida que o aquecimento global se
intensificar. Dados do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas
indicam que o Brasil poderá perder cerca de 11 milhões de
hectares de terras agriculturáveis em virtude das mudanças
climáticas até 2030.

COMIDA INTERATIVA
Em Cingapura, um novo modelo de fazenda vertical está sendo
construído com o intuito de aumentar a interação entre as pessoas
e a comida (veja acima). Desenvolvido pelo escritório de
arquitetura e design urbano Spark, trata-se de um condomínio
voltado para a terceira idade que envolve telhados verdes e
sacadas com cultivo de alimentos. No térreo, há uma fazenda
urbana em que os próprios moradores podem trabalhar, além de
áreas privativas para que eles cultivem hortaliças, ervas e até
vegetais em suas próprias sacadas. Por meio de um tanque de
peixes instalado na cobertura do prédio, a água rica em matéria
orgânica circula por dutos por todos os apartamentos levando
nutrientes para as plantas cultivadas ali. A água já utilizada, bem
como aquela que é captada da chuva, é conduzida a um centro de
tratamento que alimenta o tanque, recomeçando o ciclo. “Assim,
garantimos alimentos frescos, crocantes e nutritivos para todos os
moradores”, afirma o CEO da Spark, Chris Quin.
[...]
O caminho, acreditam os especialistas, é trazer as fazendas
para as cidades, onde está a maior concentração de pessoas. Só
no Brasil, mais de 80% da população vive em áreas urbanas,
segundo o IBGE. A expectativa é de que esse número ultrapasse
os 93% em 2050. E as novas tecnologias de cultivo permitem trazer
a comida para perto de toda essa gente. Espaço não falta, por
incrível que pareça. Basta usar a criatividade. [...]

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